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12.5 Dos processos em espécie parte II

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Aula 04
Direito Processual Penal p/ TJ-SP (Escrevente Técnico Judiciário) - Com videoaulas
Professor: Renan Araujo
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AULA 04: DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE (PARTE II): DO 
PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DOS 
CRIMES DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI. 
SUMÁRIO 
!
1. PROCESSO DOS CRIMES DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI ............ 2 
1.1. Judicium accusationis .............................................................................. 3 
1.1.1. Oferecimento da denúncia ou queixa-crime subsidiária e resposta do réu ......... 3 
1.1.2. Da Audiência de Instrução e Julgamento ...................................................... 5 
1.1.3. Da decisão de PRONÚNCIA ........................................................................ 7 
1.1.4. Da decisão de IMPRONÚNCIA ................................................................... 10 
1.1.5. Desclassificação ..................................................................................... 11 
1.1.6. Absolvição sumária ................................................................................. 12 
1.2. Judicium causae ..................................................................................... 13 
1.2.1. Desaforamento ...................................................................................... 14 
1.2.2. A sessão de julgamento .......................................................................... 16 
1.2.3. Quesitação ............................................................................................ 17 
1.2.4. Roteiro dos atos que compõem a sessão de julgamento ............................... 19 
1.3. Tópicos jurisprudenciais relevantes ....................................................... 22 
2. RESUMO .................................................................................................... 25 
3. EXERCÍCIOS DA AULA ............................................................................... 30 
4. EXERCÍCIOS COMENTADOS ....................................................................... 43 
5. GABARITO ................................................................................................. 67 
 
 
Olá, pessoal! 
 
Vamos estudar hoje o procedimento dos processos da 
competência do Tribunal do Júri. 
O procedimento dos crimes da competência do Tribunal do Júri se 
divide em duas partes: judicium accusationis e judicium causae. 
Temos muitos pontos relevantes na aula de hoje! Muita atenção às 
decisões de pronúncia, impronúncia e absolvição sumária. 
 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
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1.! PROCESSO DOS CRIMES DA COMPETÊNCIA DO 
TRIBUNAL DO JÚRI 
 
Os processos de competência do Tribunal do Júri são aqueles cujos 
fatos imputados ao infrator são crimes dolosos contra a vida, ou crimes 
comuns, desde que conexos com algum crime doloso contra a vida. 
A previsão se encontra, primeiramente, na própria Constituição da 
República, em seu art. 5°, XXXVIII.1 
A Doutrina entende que se trata de cláusula pétrea, ou seja, não 
pode ser modificada por Emenda Constitucional. Assim, o Júri é, e 
continuará sendo, por um bom tempo, a Instituição responsável pelo 
processo e julgamento dos crimes dolosos contra a vida. 
Com a vigência da Lei 11.689/08, o procedimento dos crimes da 
competência do Tribunal do Júri foi COMPLETAMENTE ALTERADO. 
Atualmente o rito do Tribunal do Júri possui disciplina 
completamente autônoma da do rito ordinário, o que não ocorria na 
sistemática anterior, na qual o rito do Júri era idêntico ao rito ordinário na 
fase instrutória. 
A única discussão que há, atualmente, é acerca da aplicabilidade, ou 
não, dos arts. 395 a 397 aos crimes da competência do Tribunal do Júri, 
pois o §4° do art. 394 determina a aplicação destes arts. A todos os 
procedimentos penais de 1° grau. Vejamos: 
§ 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os 
procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. 
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
Embora o §4° se refira ao art. 398 também, ele se encontra revogado, 
motivo pelo qual deve ser desconsiderada a menção a ele. 
A Doutrina vem se posicionado no sentido de que estes artigos não 
são aplicáveis ao rito do Júri, pois o rito do Júri possui um 
regramento todo específico2, e que contempla esta etapa do 
procedimento o que, pelo princípio da especialidade, afastaria a 
aplicabilidade do rito comum ordinário. 
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1 Art. 5º (...) XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, 
assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
2 TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 10º edição. Ed. 
Juspodivm. Salvador, 2015, p. 169. 
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A primeira fase do procedimento do Júri é chamada de judicium 
acusationis, ou etapa da “formação de culpa”3, na qual o Juiz analisa 
se é o caso, ou não, de submeter o acusado a julgamento pelo plenário. 
Abrange os atos praticados do recebimento da denúncia até a pronúncia do 
réu. Após este momento, temos o judicium causae, que compreende os 
atos praticados entre a pronúncia e o julgamento pelo Tribunal do Júri. 
 
1.1.! Judicium accusationis 
Esta fase está regulamentada nos arts. 406 a 421 do CPP.4 
Compreende as seguintes fases: 
 
1.1.1.! Oferecimento da denúncia ou queixa-crime subsidiária e 
resposta do réu 
A inicial deve conter a exposição do fato imputado ao acusado, com 
todas as suas circunstâncias, qualificação do acusado e todas as demais 
especificações contidas no art. 41 do CPP: 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas 
as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos 
quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o 
rol das testemunhas. 
 
O art. 406, §2° do CPP determina que não poderão ser arroladas mais 
de OITO TESTEMUNHAS: 
§ 2o A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na 
denúncia ou na queixa. 
 
Duas observações quanto a este artigo: 
•! Embora o CPP seja omisso, a Doutrina entende que, por analogia, se 
aplica a ressalva do art. 208, ou seja, não entram neste cômputo 
do número máximo de testemunhas, as testemunhas NÃO-
COMPROMISSADAS E AS REFERIDAS; 
•! A Doutrina é pacífica ao entender que o número máximo de 
testemunhas se dá, para a acusação, POR FATO IMPUTADO, 
ou seja, sendo dois ou mais fatos delituosos imputados ao acusado 
(ou acusados, pois pode haver concurso de agentes), o número de 
testemunhas será multiplicado (Ex.: Sendo três homicídios em 
concurso material, serão oito testemunhas para cada fato – 
Homicídio, o que levaria ao limite de 24 testemunhas naquela inicial 
acusatória do MP). 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!3 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 12.º edição. Ed. Forense. 
Rio de Janeiro, 2015, p. 682 
4 Não se esqueçam de ler a “Lei Seca”, ou seja, o próprio CPP. << 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm>> 
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Recebida a inicial acusatória, o Juiz deverá recebê-la ou rejeitá-la 
liminarmente. O Juiz rejeitará liminarmente a inicial acusatória se 
presentes uma das hipóteses do art. 395 do CPP: 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei 
nº 11.719, de 2008). 
I - for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; 
ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
 
Não sendo este o caso, o Juiz procederá à citação do acusado, que 
poderá ser realizada por qualquer dos métodos previstos em Lei (na ordem 
de preferência estabelecida). Será, em regra, citado pessoalmente. 
Caso não seja encontrado, será citado por edital (art. 361 e 363, §1° do 
CPP). Se o oficial de justiça verificar que o réu se oculta para não ser citado, 
procederá à sua citação por hora certa. 
Após citado, o acusado terá o prazo de 10 dias para oferecer sua 
RESPOSTA À ACUSAÇÃO. É o que diz o art. 406 do CPP: 
Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do 
acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 1o O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do efetivo 
cumprimento do mandado ou do comparecimento, em juízo, do acusado ou de 
defensor constituído, no caso de citação inválida ou por edital. (Redação dada 
pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
Se, escoado o prazo o acusado não apresentar resposta, o Juiz 
nomeará defensor dativo (ou encaminhará os autos à Defensoria 
Pública, onde houver), devolvendo o prazo para oferecimento da resposta, 
conforme art. 408 do CPP: 
Art. 408. Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor 
para oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos. ∗+)(∋,−.!
(∋(∋!/)0∋!1)%!&2!3345678!()!9::6; 
CUIDADO! Isso só ocorrerá se o réu tiver sido citado PESSOALMENTE. 
Se a citação tiver se dado por edital, o processo ficará suspenso, bem 
como o curso do prazo prescricional, nos termos do art. 366 do CPP: 
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir 
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, 
podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas 
urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do 
disposto no art. 312. ∗+)(∋,−.!(∋(∋!/)0∋!1)%!&2!749<38!()!3<4=43775; 
 
Em sua defesa escrita o réu poderá alegar TODAS AS MATÉRIAS 
QUE SEJAM PERTINENTES À SUA DEFESA, juntando os documentos que 
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reputar necessários, além de especificar as provas que pretende produzir e 
ARROLAR TESTEMUNHAS, também até o máximo de OITO, 
requerendo a intimação destas, SE NECESSÁRIO (§3° do art. 406 do 
CPP). 
Após a defesa do réu, o Juiz notifica o MP ou o querelante (se for ação 
penal privada subsidiária da pública) para se manifestarem acerca da 
resposta do acusado5 (uma espécie de RÉPLICA), no prazo de CINCO 
DIAS, conforme preconiza o art. 409 do CPP.6 
Após esse momento, o Juiz, em dez dias7, designará DATA PARA A 
AUDIÊNCIA, oportunidade na qual serão inquiridas as testemunhas e 
ouvido o réu. Nos termos do art. 410 do CPP: 
Art. 410. O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realização das 
diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias. 
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
1.1.2.! Da Audiência de Instrução e Julgamento 
Aberta a audiência, será ouvido o ofendido, se for o caso. Após, serão 
ouvidas as testemunhas (primeiro as da acusação, depois as da defesa8), 
seguido dos esclarecimentos dos peritos (se for o caso) e do 
interrogatório do ACUSADO, nos termos do art. 411 do CPP: 
Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações 
do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação 
e pela defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às 
acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em 
seguida, o acusado e procedendo-se o debate. ∗+)(∋,−.!(∋(∋!/)0∋!1)%!&2!3345678!()!
9::6; 
 
A colocação do interrogatório do réu ao final da instrução é proposital, 
de forma a permitir o exercício do contraditório e da ampla defesa. 
Após a instrução, pode ser que seja necessário proceder à redefinição 
jurídica dos fatos narrados na inicial. É a chamada MUTATIO LIBELLI, 
prevista no art. 384 do CPP, que deverá ocorrer neste momento processual, 
por força do art. 411, §3° do CPP: 
§ 3o Encerrada a instrução probatória, observar-se-á, se for o caso, o disposto 
no art. 384 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
(...) 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
5 TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1125 
6 Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre preliminares 
e documentos, em 5 (cinco) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
7 Esse prazo de 10 dias é fixado para o Juiz, não para a realização da audiência, mas para que ele 
profira decisão agendando dia e hora para a audiência. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 
684. PACELLI sustenta que para a realização da audiência o Juiz deve apenas respeitar o prazo 
global de 90 dias para o encerramento da instrução. PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 
16º edição. Ed. Atlas. São Paulo, 2012, p. 714. 
8 TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1125. 
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Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição 
jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento 
ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público 
deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude 
desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-
se a termo o aditamento, quando feito oralmente. (Redação dada pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
 
Não sendo o caso de MUTATIO LIBELLI, passaremos à fase dos 
DEBATES ORAIS, nos termos dos §§ 4° a 6° do art. 411 do CPP: 
Art. 411 (...) 
§ 4o As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à 
acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 
10 (dez). (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 5o Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo previsto para a acusação e a 
defesa de cada um deles será individual. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 6o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão 
concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se porigual período o tempo de 
manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
 
CUIDADO! Aqui não há previsão de possibilidade de SUBSTITUIÇÃO 
DAS ALEGAÇÕES ORAIS por alegações ESCRITAS, como há previsão 
no procedimento pelo rito comum ordinário. Essa possibilidade não existe 
nem mesmo se o fato for complexo ou o número de acusados 
recomendar. Entretanto, a Doutrina vem entendendo que, em hipóteses 
EXCEPCIONAIS, se aplique a regra do art. 403, §3° e 404, § único do 
CPP, permitindo, assim, a substituição das alegações orais pelas 
alegações escritas. 
 
Ao fim dos debates orais, o Juiz proferirá sua decisão quanto à 
admissibilidade da acusação, na própria audiência, ou no PRAZO DE 
10 DIAS9. Nesta fase, o Juiz pode: 
•! Pronunciar o acusado 
•! Impronunciar o acusado 
•! Absolver sumariamente o acusado 
•! Desclassificar a infração penal 
 
 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
9 PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 714 e TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 
1126/1127 
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Ressalto a vocês que esta fase do procedimento (judicium acusationis) 
deve terminar no prazo máximo de NOVENTA DIAS, conforme prevê o 
art. 412 do CPP: 
Art. 412. O procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (noventa) 
dias. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
1.1.3.! Da decisão de PRONÚNCIA 
Dentre as quatro decisões possíveis nessa fase do processo, a única 
que possibilita o prosseguimento da ação penal é a decisão de 
PRONÚNCIA. 
A decisão de pronúncia é a decisão pela qual o Juiz verifica que há 
elementos que permitam a conclusão de indícios de autoria e prova 
da materialidade do delito10, de forma que a acusação deve ser recebida 
e o processo remetido a Júri. Se estes elementos não estiverem presentes, 
teremos uma decisão de impronúncia. 
A pronúncia está prevista no art. 413 do CPP: 
Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido 
da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou 
de participação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 1o A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade 
do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, 
devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e 
especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena. 
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
Percebam que o §1° determina que o Juiz especifique as qualificadoras 
e causas de aumento de pena. Entretanto, o Juiz não deve especificar 
circunstâncias privilegiadoras (como o §1° do art. 121 do CP, que trata do 
homicídio privilegiado), nem causa de DIMINUIÇÃO DE PENA.11 
CUIDADO! A inexistência de provas quanto à materialidade do fato ou 
indícios de autoria, conduz à impronúncia. No entanto, a existência de 
provas CABAIS acerca da INEXISTÊNCIA DO FATO OU DA 
PARTICIPAÇÃO DO ACUSADO, gera a ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. 
Veremos isso com mais detalhes à frente. 
 
A decisão de pronúncia possui natureza meramente declaratória (O 
Juiz não condena nem absolve), pois o Juiz se limita a dizer que a acusação 
é admissível, podendo o processo ser levado à Júri. 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
10 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 686 
11 Ao analisar, para fins de pronúncia, as qualificadoras e causas de aumento de pena o Juiz não 
deve “pré-julgar” a demanda, pois o julgamento cabe ao Conselho de Sentença (jurados). Assim, o 
Juiz, nesta fase, deve se limitar a expurgar apenas aquelas qualificadoras que sejam 
MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTES (REsp 1.241.987-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis 
Moura, julgado em 6/2/2014.). 
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Processualmente, é classificada como DECISÃO INTERLOCUTÓRIA 
MISTA NÃO-TERMINATIVA, pois é uma decisão no curso do processo, 
que não define o mérito (interlocutória), mas que põe termo a uma fase do 
processo (mista), embora o processo siga (não-terminativa).12 
Esta decisão faz coisa julgada apenas formal, pois, preclusa a via 
recursal, se tornará imodificável. No entanto, ocorrendo situação 
superveniente que altere a classificação do delito13, poderá ser modificada, 
nos termos do art. 421 do CPP: 
Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao 
juiz presidente do Tribunal do Júri. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 1o Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havendo circunstância 
superveniente que altere a classificação do crime, o juiz ordenará a remessa 
dos autos ao Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 2o Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz para decisão. (Incluído pela 
Lei nº 11.689, de 2008) 
 
Assim, lembrem-se: 
A DECISÃO DE PRONÚNCIA FAZ COISA JULGADA FORMAL, MAS 
NÃO MATERIAL. 
 
O art. 418 possibilita ao Juiz dar ao fato definição jurídica diversa 
daquela que fora dada na denúncia (emendatio libelli). Nesse caso, não é 
necessário adotar o procedimento do art. 384 do CPP (remessa dos autos 
ao MP para aditar a denúncia em 05 dias).14 
Art. 418. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da 
acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave. ∗+)(∋,−.!(∋(∋!/)0∋!
1)%!&2!3345678!()!9::6; 
(...) 
 
Essa hipótese (emendatio libelli) não se confunde com a hipótese do 
art. 411, §3º do CPP. 
Esta última hipótese (art. 411, §3º) se refere à MUTATIO LIBELLI. 
Nesse caso, o Juiz reconhece que, durante o processo, ficaram provadas 
algumas circunstâncias que não constavam na acusação (fatos). Nesse 
caso, não é possível prosseguir no processo sem que se renove a 
instrução, pois o acusado se defendeu de um ou alguns fatos, e estará 
sendo pronunciado por outros além destes. 
Caso o Juiz apenas dê nova definição jurídica ao fato, não por verificar 
que surgiram provas de outros fatos, mas por que o membro do MP se 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
12 TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1128. PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 
725 
13 Como, por exemplo, a ocorrência de morte da vítima (o crime passará de homicídio tentado para 
homicídio consumado). TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1131 
14 PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 724 
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equivocou na definição jurídica dada ao fato narrado, não há que se 
falar em renovação da instrução criminal, pois os fatos permanecem os 
mesmos, tendo o réu exercido validamente o contraditório e a ampla 
defesa. 
Lembrando, ainda, que se da nova definição jurídica do fato restar que 
o crime NÃO É UM CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA, deverá ser 
procedida à desclassificação do crime, nos termos do art. 419 do CPP: 
Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da 
existência de crime diverso dos referidos no § 1o do art. 74 deste Código e não 
for competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja. 
(Redação dada pela Lei nº 11.689,de 2008) 
 
Neste caso, remetem-se os autos ao Juízo competente. 
A decisão de pronúncia possui alguns efeitos. São eles: 
!! Submete o acusado a Júri popular 
!! Limita as teses da acusação a serem apresentadas a Júri – Se 
o acusado, por exemplo, foi denunciado por homicídio 
qualificado, mas pronunciado por homicídio simples, só poderá 
ser condenado pelo conselho de sentença por homicídio simples 
!! Interrompe a prescrição – Nos termos do art. 117, II do Código 
Penal, a decisão de pronúncia interrompe a prescrição, não 
importando que, posteriormente, o Tribunal do Júri desclassifique a 
infração (súmula 191 do STJ) 
 
O réu será intimado PESSOALMENTE da decisão de pronúncia. Não 
sendo encontrado, será intimado por EDITAL15 (isso mesmo, intimação 
POR EDITAL), nos termos dos arts. 420, II e § único do CPP.16 
Atualmente não há mais a chamada PRISÃO DA PRONÚNCIA, que 
era uma modalidade de prisão decorrente da simples decisão de pronúncia. 
Atualmente, qualquer prisão antes do trânsito em julgado da 
sentença penal condenatória é uma modalidade de PRISÃO 
CAUTELAR, só podendo ser determinada se presentes os requisitos que 
autorizam a decretação da prisão preventiva (arts. 312 e 313 do CPP). 
Vejamos o que dispõe o art. 413, §3° do CPP: 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
15 PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 726 
16 Art. 420. A intimação da decisão de pronúncia será feita: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 
2008) 
I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao Ministério Público; (Incluído pela Lei nº 
11.689, de 2008) 
II – ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente do Ministério Público, na forma do disposto 
no § 1o do art. 370 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
Parágrafo único. Será intimado por edital o acusado solto que não for encontrado. (Incluído pela Lei 
nº 11.689, de 2008) 
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§ 3o O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção, revogação ou 
substituição da prisão ou medida restritiva de liberdade anteriormente 
decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da decretação 
da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas no Título IX do 
Livro I deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
Assim, a decisão de pronúncia, POR SI SÓ, não acarreta a prisão 
do acusado, como efeito automático.17 
Da decisão de pronúncia cabe RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, 
nos termos do art. 581, IV do CPP: 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
(...) 
IV – que pronunciar o réu; ∗+)(∋,−.!(∋(∋!/)0∋!1)%!&2!3345678!()!9::6; 
 
Reformando o Tribunal a decisão de pronúncia, ocorre o que se chama 
de DESPRONÚNCIA.18 
 
1.1.4.! Da decisão de IMPRONÚNCIA 
A impronúncia é outra das quatro decisões possíveis do Juiz singular 
ao final da instrução nos processos de competência do Tribunal do Júri. 
Está prevista no art. 414 do CPP: 
Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de 
indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, 
impronunciará o acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
A decisão de impronúncia não faz coisa julgada material, pois é 
uma decisão que apenas declara que não há elementos de prova 
suficientes para levar o réu à Júri popular. Desta forma, se 
posteriormente surgirem novas provas, nada impede que seja intentada 
NOVA AÇÃO PENAL, enquanto não estiver extinta a punibilidade. 
Vejamos: 
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser 
formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova. (Incluído pela Lei 
nº 11.689, de 2008) 
 
A decisão de impronúncia é uma decisão interlocutória mista19 
terminativa, pois põe fim não só a uma fase do procedimento, mas extingue 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
17 PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 723/724. TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., 
p. 1131/1132 
18 A despronúncia poderá ocorrer, ainda, quando o Juiz, ao apreciar a admissibilidade do 
recurso em sentido estrito interposto, se retratar da decisão de pronúncia. TÁVORA, Nestor. 
ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1133 
 
19 PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 720 
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o processo. Da decisão de impronúncia caberá APELAÇÃO, nos termos 
do art. 416 do CPP: 
Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá 
apelação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
Considerando a opção legislativa, de prever que caberá apelação em 
face da decisão de impronúncia, bem como por expressamente denomina-
la de SENTENÇA, boa parte da Doutrina a considera como sentença, 
embora não analise o mérito da causa.20 
 
1.1.5.! Desclassificação 
A desclassificação é a decisão através da qual o Juiz singular 
desclassifica o delito para outro que NÃO SEJA DOLOSO CONTRA A 
VIDA. É uma decisão interlocutória simples, que resulta no 
encaminhamento dos autos ao Juízo competente. Vejamos: 
Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da 
existência de crime diverso dos referidos no § 1o do art. 74 deste Código e não 
for competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja. 
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a outro juiz, à disposição 
deste ficará o acusado preso. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
CUIDADO! A desclassificação de um crime doloso contra a vida nem 
sempre gera a remessa dos autos a outro Juízo (Juízo Criminal Comum), 
pois pode haver de estarem sendo julgados pelo procedimento dos crimes 
da competência do Júri, no mesmo processo, vários crimes dolosos contra 
a vida, conexos, e a desclassificação de um deles não importa em 
remessa dos autos ao Juízo Criminal comum, pois os demais 
permanecerão sendo da competência do Júri, e por conexão, todos 
devem ser julgados pelo mesmo Juízo, que será o do Júri, pela vis 
atractiva que este exerce.21 
 
Essa é a chamada desclassificação PRÓPRIA. Há, ainda, a chamada 
desclassificação IMPRÓPRIA, que ocorre quando o Juiz desclassifica o 
fato para outro crime doloso contra a vida (de homicídio para infanticídio, 
por exemplo, e vice-versa).22 
Embora não haja previsão expressa de cabimento de algum recurso 
para esta decisão, Doutrina e jurisprudência entendem ser cabível 
neste caso, o RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, por gerar o 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
20 PACCELI, a contragosto, a inclui dentre as sentenças apenas em razão da opção legislativa 
(PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 720). NESTOR TÁVORA sustenta que, por natureza, trata-se de 
SENTENÇA (TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1132). NUCCI, por sua vez, 
simplesmente a considera como decisão interlocutória mista terminativa (NUCCI, Guilherme de 
Souza. Op. Cit., p. 693). 
21 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 695 
22 PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 718/720 
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hipóteses excepcionais, o Juiz continue competente, por conexão). 
Vejamos o art. 581, II do CPP: 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
(...) 
II - que concluir pela incompetência do juízo; 
 
1.1.6.! Absolvição sumária 
A primeira coisa que se deve ter em mente aqui, é que esta absolvição 
sumária se dá em momento diferente da absolvição sumária no rito 
ordinário. 
Naquele rito, o Juiz, ao receber a resposta à acusação, poderá absolver 
sumariamente o acusado, em determinadas hipóteses. 
Aqui, no rito do Júri, o Juiz somente pode absolver o acusado, 
sumariamente, neste momento, ou seja, após toda a instrução 
criminal preliminar. 
A absolvição sumária está prevista no art. 415 do CPP, vejamos: 
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, 
quando: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
I – provada a inexistência do fato; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; (Redação dada pela Lei nº 
11.689, de 2008) 
III – o fato não constituir infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.689, 
de 2008) 
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. (Redação 
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao 
caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, 
de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese 
defensiva. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
Assim, a absolvição sumária ocorrerá quando: 
! Ficar PROVADA a inexistência do fato 
! Ficar PROVADO que o réu não participou do crime 
! Ficar PROVADO que o fato não constitui nenhuma infração penal 
(Fato atípico) 
! Ficar PROVADO que o réu praticou o fato amparado por alguma 
CAUSA DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE (legítima defesa, estado de 
necessidade, etc.) 
! Ficar PROVADO que está presente alguma causa de isenção de pena 
(causa excludente da culpabilidade, por exemplo), salvo a 
INIMPUTABILIDADE POR DOENÇA MENTAL OU 
DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO OU RETARDADO, 
quando esta NÃO FOR A ÚNICA TESE DEFENSIVA – Isso se dá 
porque se inimputabilidade for a única tese de defesa, nada mais 
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poderá conseguir o acusado, no julgamento pelos jurados, que uma 
absolvição por inimputabilidade. No entanto, se o réu possuir 
alguma outra tese, poderá conseguir, no Conselho de 
Sentença, decisão mais interessante para ele do que a 
absolvição por inimputabilidade23. Digo que a decisão de 
absolvição por inimputabilidade é menos interessante que absolvição 
por outro motivo, pois a absolvição por inimputabilidade acarreta a 
imposição de MEDIDA DE SEGURANÇA, sendo, por isso mesmo, 
chamada de ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA. 
 
Da decisão de absolvição sumária cabe apelação, nos termos do 
art. 416 do CPP: 
Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá 
apelação. ∗+)(∋,−.!(∋(∋!/)0∋!1)%!&2!3345678!()!9::6; 
 
O art. 574, II do CPP prevê a necessidade de remessa necessária 
(“recurso de ofício”) no caso de absolvição sumária no procedimento do 
Júri. Nos termos do art. 574, II do CPP: 
Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em 
que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz: 
(...) 
II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de 
circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, nos termos do art. 
411. 
 
Contudo, a Doutrina e a Jurisprudência majoritárias entendem 
que esse artigo foi TACITAMENTE REVOGADO24 pela nova 
regulamentação da absolvição sumária, pois o art. 411, revogado, previa a 
necessidade de recurso de ofício. Já o novo art. 415 nada dispõe. 
Assim, atualmente se entende que não há remessa necessária 
neste caso. 
 
1.2.! Judicium causae 
Esta é a segunda fase deste procedimento especial, e tem início 
quando se torna preclusa (irrecorrível) a decisão de pronúncia25, ou 
quando esta decisão, embora recorrida, tenha sido mantida pelo Tribunal. 
Nos termos do art. 421 do CPP: 
Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao 
juiz presidente do Tribunal do Júri. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
23 PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 1134 
24 Nesse sentido, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 699 e PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 717. 
Em sentido contrário, TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1135 
25 TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1138 
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§ 1o Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havendo circunstância 
superveniente que altere a classificação do crime, o juiz ordenará a remessa 
dos autos ao Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 2o Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz para decisão. (Incluído pela 
Lei nº 11.689, de 2008) 
 
A partir daí o Juiz intima o MP e o Defensor, para que no prazo de 
CINCO DIAS apresentem o ROL DE TESTEMUNHAS, até o máximo de 
CINCO. Nessa oportunidade, eles podem juntar documentos e requerer a 
realização de diligências. Vejamos o art. 422 do CPP: 
Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a 
intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, 
e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de 
testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), 
oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência. 
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
!
O Juiz verifica os pedidos de diligência e produção de provas, tomando 
as providências necessárias para sanar eventual nulidade existente no 
processo ou esclarecer algum ponto ainda controvertido (art. 423). Após, 
faz relatório RESUMIDO do processo, designando data para julgamento. 
Quanto aos documentos que podem ser utilizados em plenário, o art. 
479 do CPP determina que eles devam ser juntados com 
antecedência mínima de TRÊS DIAS ÚTEIS, vejamos: 
Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou 
a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência 
mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. (Redação dada 
pela Lei nº 11.689, de 2008) 
Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais 
ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, 
fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo 
conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento 
dos jurados. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
1.2.1.! Desaforamento 
O desaforamento é o DESLOCAMENTO DO JULGAMENTO PELO 
JÚRI PARA COMARCA DISTINTA DAQUELA ONDE TRAMITOU O 
PROCESSO,26 e pode ser determinado pelo Tribunal, a requerimento de 
qualquer das partes, nos termos do art. 427 do CPP: 
Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre 
a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a 
requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado 
ou mediante representaçãodo juiz competente, poderá determinar o 
desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não 
existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas. (Redação dada pela 
Lei nº 11.689, de 2008) 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
26 TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1142 
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O Desaforamento também poderá ser realizado na hipótese do art. 
428 do CPP: 
Art. 428. O desaforamento também poderá ser determinado, em razão do 
comprovado excesso de serviço, ouvidos o juiz presidente e a parte contrária, 
se o julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado 
do trânsito em julgado da decisão de pronúncia. (Redação dada pela Lei nº 
11.689, de 2008) 
 
Assim, temos que o DESAFORAMENTO poderá ocorrer: 
!! Interesse de ordem pública – Quando o crime tiver gerado 
intranquilidade social no local, ou essa intranquilidade tenha sido 
gerada em razão da atuação da imprensa ou qualquer outra 
circunstância, de forma que se entenda que a realização do Júri possa 
restar prejudicada; 
!! Dúvida sobre a imparcialidade dos jurados – Aqui é a hipótese 
na qual a comoção da comunidade em que ocorreu o crime possa 
gerar a imparcialidade dos jurados, de forma que seria mais prudente 
deslocar a competência para outra localidade; 
!! Segurança pessoal do réu – Quando a realização da sessão de 
julgamento no local possa ser uma ameaça à integridade física do 
próprio réu; 
!! Não tiver sido aprazada data para a sessão de julgamento após 
SEIS MESES contados do TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO 
DE PRONÚNCIA, quando houver comprovado EXCESSO DE 
SERVIÇO – Esta é a hipótese do art. 428 do CPP, que ocorre quando 
o excesso de serviço na comarca esteja atrasando sobremaneira a 
realização da sessão de julgamento, de forma que é mais conveniente 
transferi-la para outro local. Se a demora estiver ocorrendo por 
desídia do Juízo, e não por excesso de serviço, não há razão para o 
desaforamento.27 
 
O pedido de desaforamento tem preferência de julgamento na 
Câmara ou Turma do Tribunal, ao qual fora distribuído (§1° do art. 427). 
Entretanto, como, mesmo assim, o julgamento do pedido pode demorar, o 
Relator poderá conceder EFEITO SUSPENSIVO AO PEDIDO DE 
DESAFORAMENTO, nos termos do art. 427, §2° do CPP: 
§ 2o Sendo relevantes os motivos alegados, o relator poderá determinar, 
fundamentadamente, a suspensão do julgamento pelo júri. (Incluído pela Lei 
nº 11.689, de 2008) 
O pedido deve ser realizado entre o trânsito em julgado da decisão de 
pronúncia e a realização do julgamento. 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
27 O pedido de desaforamento formulado por este motivo não pode ser realizado pelo magistrado, 
apenas pelas partes. TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1142 
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NUNCA PODERÁ SER EFETIVADO O DESAFORAMENTO ANTES DO 
TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO DE PRONÚNCIA. 
 
Entretanto, é possível que o desaforamento seja efetivado APÓS 
REALIZADO O JULGAMENTO. Isso somente poderá ocorrer quando o fato 
que dá fundamento ao pedido tiver ocorrido durante ou após a sessão de 
julgamento ANULADA. Nos termos do §4° do art. 427 do CPP: 
§ 4o Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia ou quando 
efetivado o julgamento, não se admitirá o pedido de desaforamento, salvo, 
nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido durante ou após a realização de 
julgamento anulado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
Além disso, é IMPRESCINDÍVEL A OITIVA DA DEFESA no pedido 
de desaforamento, sendo completamente nula a decisão que violar esse 
preceito. Trata-se de entendimento sumulado pelo STF: 
Súmula n° 712 do STF: 
É NULA A DECISÃO QUE DETERMINA O DESAFORAMENTO DE PROCESSO DA 
COMPETÊNCIA DO JÚRI SEM AUDIÊNCIA DA DEFESA. 
 
1.2.2.! A sessão de julgamento 
A Lei 11.689/08 trouxe várias inovações no que se refere ao 
julgamento pelo Tribunal do Júri. Vamos analisar os principais pontos 
relativos à sessão de julgamento: 
!! Possibilidade de julgamento sem a presença do réu – Isto está 
previsto no art. 457 do CPP. O julgamento não será mais adiado pelo 
não comparecimento do acusado SOLTO. Vejamos o art. 457: 
Art. 457. O julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado solto, 
do assistente ou do advogado do querelante, que tiver sido regularmente intimado. 
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
Anteriormente, caso o réu solto não comparecesse para a sessão de 
julgamento, nem fosse encontrado, ocorria o que se chamava de 
CRISE DE INSTÂNCIA, na qual o processo ficava suspenso, mas 
corria a prescrição, o que beneficiava a má-fé do réu. 
!! Testemunhas faltosas – O não comparecimento da testemunha 
que tiver sido regularmente intimada IMPORTA EM CRIME DE 
DESOBEDIÊNCIA E MULTA. Entretanto, o julgamento não será 
adiado, SALVO SE UMA DAS PARTES TIVER REQUERIDO SUA 
INTIMAÇÃO POR MANDADO (art. 422 do CPP). Se a testemunha 
for imprescindível e tiver sido intimada por mandado, o Juiz 
suspenderá os trabalhos e mandará conduzi-la à força. 
!! Recusa de jurado sorteado pelas partes e cisão de julgamento 
– Esta previsão está contida nos arts. 467 a 469 do CPP. Quando dois 
ou mais réus estão sendo julgados perante o Tribunal do Júri, por 
terem cometido o crime em concurso de agentes, pode ocorrer de um 
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deles aceitar um jurado e o outro recusá-lo. Anteriormente, havendo 
isto, o processo era cindido e cada um dos acusados seria julgado em 
processo próprio. Atualmente essa cisão (divisão) do processo 
só ocorrerá se, em razão das recusas dos réus (cada um tem 
direito a três), não se alcançar o número mínimo de SETE 
JURADOS PARA COMPOREM O CONSELHO DE SENTENÇA. Em 
razão da alteração legislativa ocorrida, a menção que o art. 79, §2° 
do CPP faz ao art. 461 deve ser entendida, agora, como menção ao 
art. 469 do CPP; 
!! Instrução em plenário – Estas regras estão definidas nos arts. 473 
a 475 do CPP. Na instrução em plenário, devem ser observadas 
algumas regras: a) As testemunhas, em plenário, poderão ser 
inquiridas diretamente pelo MP e pela Defesa. Entretanto, as 
perguntas dos jurados serão feitas por intermédio do Juiz; b) 
As partes e os JURADOS podem requerer ao Juiz acareações, 
reconhecimento de pessoas e coisas e esclarecimentos de peritos; c) 
Não há mais previsão de que as partes, previamente aos debates, 
leiam irrestritamente peças do processo. Atualmente, somente serão 
lidas, POR UM SERVIDOR, peças do processo relativas a provas 
colhidas por carta precatória e aquelas provas cautelares, 
antecipadas ou não repetíveis (provas realizadas antes do momento 
oportuno), art. 473, §3° do CPP; d) Não se permite o uso de 
algemas no réu, salvo se isso for ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIO 
à ordem dos trabalhos ou à integridade física dos presentes. 
!! Debates – Os debates estão previstos nos arts. 476 a 479 do CPP. 
Após a instrução o Juiz concede a palavra ao MP, que exporá a 
acusação, nos limites da decisãode PRONÚNCIA. Se houver 
assistente de acusação, falará após o MP. Após passará a palavra à 
defesa. Cada um terá UMA HORA E MEIA para falar, mais UMA 
HORA DE RÉPLICA e outra UMA HORA no caso de TRÉPLICA. Se 
houver mais de um acusado, o tempo da acusação será acrescido de 
uma hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica. 
!! Diligências em plenário – Se houver necessidade de realização de 
alguma diligência, imprescindível à verdade dos fatos, que não puder 
ser realizada imediatamente, o Juiz-Presidente DISSOLVERÁ O 
CONSELHO DE SENTENÇA e ordenará a realização da diligência. 
Realizada a diligência, será designada nova data para realização de 
NOVA SESSÃO DE JULGAMENTO, REPETINDO-SE TODOS OS 
ATOS ATÉ ENTÃO PRATICADOS. 
 
1.2.3.! Quesitação 
A quesitação está regulamentada nos arts. 482 a 491 do CPP, e foi 
totalmente alterada pela Lei 11.689/08. 
A quesitação nada mais é que a indagação aos jurados acerca 
dos pontos que devam ser julgados. Entretanto, ela deve ser formulada 
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de forma atenta pelo Juiz-Presidente, para se evitar eventual anulação do 
julgamento. 
A ordem das perguntas a serem realizadas aos jurados será a 
seguinte: 
a) Materialidade do fato – Questiona-se aos jurados se o FATO 
ocorreu. Ex.: Se o crime for de homicídio, pergunta-se aos jurados: “No 
dia tal, em tal hora, em tal lugar, alguém desferiu disparos de arma de fogo 
contra a vítima fulano de tal, causando-lhe a morte?”. É apenas isso. A 
Doutrina diverge um pouco acerca da divisão deste quesito em dois. Como 
assim? Parte da Doutrina (Guilherme Nucci) entende que deve ser 
perguntado aos jurados primeiro se houve a materialidade STRICTO 
SENSU (se a vítima sofreu lesões de alguém) e a LETALIDADE (se estas 
lesões foram o motivo da morte – NEXO DE CAUSALIDADE).28 
b) Autoria ou participação no fato – Ultrapassado o primeiro 
quesito com um sonoro “SIM”, pergunta-se aos jurados se o acusado 
concorreu para o fato (como autor ou partícipe). 
c) Pergunta-se se o Jurado absolve o acusado – Tendo sido 
respondido “SIM” ao quesito anterior, pergunta-se ao jurado se ele absolve 
o acusado. Se “SIM”, estará absolvido. Se “NÃO”, prossegue-se na 
quesitação. 
d) Se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa 
– Os jurados são perguntados acerca da existência de causa de diminuição 
de pena eventualmente alegada pela defesa. Se “SIM”, deverá ser 
considerada na dosimetria da pena. Se “NÃO”, em nada influenciará. 
e) Se reconhecem a existência de qualificadora ou causa de 
aumento de pena objeto da acusação – Assim como na indagação 
acerca da existência de causa de diminuição de pena, não pode o Juiz-
Presidente fazer indagação genérica, devendo perguntar especificamente 
cada uma das teses levantadas pela acusação e reconhecidas na pronúncia. 
 
QUESTÕES IMPORTANTES 
!! Se for levantada a tese da DESCLASSIFICAÇÃO DA INFRAÇÃO 
para uma infração de competência do Juiz singular, deve o Juiz-
Presidente formular um quesito autônomo, após o 
reconhecimento da materialidade e autoria do delito. 
!! Se for sustentada a tese de crime tentado ou houver divergência 
acerca da tipificação do delito, deverá haver quesito autônomo 
acerca destes fatos, após o quesito relativo à autoria. 
 
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28 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 744 
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1.2.4.! Roteiro dos atos que compõem a sessão de julgamento 
1) Verificação das cédulas – O Juiz verifica se na urna estão 
contidas as cédulas com os nomes dos vinte e cinco jurados (art. 433 e 462 
do CPP). 
2) Instalação da sessão – Comparecendo AO MENOS 15 
JURADOS, serão iniciados os trabalhos, independentemente de, dentro 
destes 15, haver jurados impedidos ou suspeitos (art. 463, §2° e art. 466 
do CPP). Não havendo o número mínimo (15), o Juiz sorteará suplentes e 
designará nova data para sessão. A ausência injustificada do jurado pode 
acarretar a imposição de multa (art. 442 do CPP); 
3) Esclarecimentos do Juiz – O Juiz esclarecerá aos Jurados acerca 
das hipóteses de suspeição, impedimento e incompatibilidades, bem como 
advertirá quanto à INCOMUNICABILIDADE ENTRE ELES (arts. 448, 449 
e 466); 
4) Formação do Conselho de Sentença - Sorteiam-se SETE 
JURADOS para comporem o Conselho de Sentença, podendo o MP E A 
DEFESA RECUSAREM, CADA UM, ATÉ TRÊS JURADOS (sem que haja 
necessidade de explicar o motivo). Isto está previsto nos arts. 467 e 468 
do CPP. 
5) Exortação e compromisso – O Juiz faz aos jurados a exortação 
literal do que está escrito no art. 472 do CPP.29 
6) Instrução em plenário – Será tomado primeiro o depoimento do 
ofendido. Após, serão inquiridas as testemunhas da acusação e da defesa. 
Ao final, procede-se ao interrogatório do réu (art. 474 do CPP). 
7) Debates – Superada a fase anterior, começam os debates, já 
falados nesta aula. Nos debates a acusação e a defesa procurarão 
convencer os jurados acerca de suas teses. A parte que não estiver falando 
poderá realizar o que se chama de APARTE, que é uma interferência na fala 
do outro. O Juiz-Presidente concederá ou não o aparte, que não excederá 
TRÊS MINUTOS E SERÃO ACRESCIDOS OS MINUTOS PERDIDOS À 
PARTE QUES SOFREU A INTERVENÇÃO. 
8) Consulta aos jurados – O Juiz indaga aos jurados se eles estão 
aptos a julgar (art. 480, §1° do CPP); 
9) Dissolução do Conselho de Sentença – Havendo necessidade 
de realização de diligência que não possa ser realizada imediatamente, o 
Juiz dissolve o Conselho de Sentença, determinando a realização da 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
29 Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando-se, e, com ele, todos os 
presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão 
de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça. 
Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, responderão: 
Assim o prometo. 
Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões 
posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo. (Incluído pela Lei nº 
11.689, de 2008) 
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diligência e, posteriormente, realização de nova sessão de julgamento, nos 
termos do art. 481 do CPP. 
10) Leitura e explicação dos quesitos – Não havendo diligência a 
ser realizada, o Juiz-Presidente, NO PLENÁRIO, procederá à leitura e 
explicação dos quesitos aos jurados, perguntando às partes se há alguma 
dúvida ou reclamação. 
11) Votação – O Juiz-Presidente, os jurados, o MP, o assistente (se 
houver), o querelante (se for ação privada subsidiária da pública), o 
defensor do acusado, o escrivão e o oficial de justiça se dirigem à sala 
reservada, onde se procede à votação dos quesitos, sendo tomadas as 
decisões POR MAIORIA DE VOTOS.30 
12) Sentença – Com base nos quesitos dos jurados o Juiz-Presidente 
condena ou absolve o acusado, procedendoà fixação da pena, no caso de 
condenação (art. 492 do CPP). 
 
CUIDADO! Se houver desclassificação da infração penal de crime doloso 
contra a vida para infração penal que permita os benefícios da Lei 
9.099/95, o Juiz-Presidente tomará as providências necessárias para o 
processo e julgamento da “nova infração penal”, ou seja, mesmo com a 
desclassificação o crime continuará a ser julgado pela Vara do Júri (mas 
não pelo Conselho de Sentença, e sim pelo Juiz-Presidente31). 
EXEMPLO: Imagine que o Conselho de Sentença reconheça que não 
houve homicídio tentado (crime doloso contra a vida), mas apenas lesões 
corporais leves. Nesse caso, saímos de um crime doloso contra a vida 
para uma IMPO (Infração de Menor Potencial Ofensivo). Nesse caso 
deverá o Juiz designar audiência preliminar para a verificação da 
possibilidade de composição civil dos danos, e demais procedimentos 
necessários para a eventual aplicação dos institutos despenalizadores da 
Lei 9.099/95 (conforme determina o rito sumaríssimo dos Juizados 
Criminais).32 
 
Se houver CRIMES CONEXOS, havendo desclassificação do crime 
doloso contra a vida, os demais (não dolosos contra a vida) também 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
30 Em havendo contradição nas respostas aos quesitos, cabe ao Juiz-Presidente submeter à nova 
votação TODOS os quesitos que apresentaram contradição nas respostas (REsp 1.320.713-SP, 
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/5/2014.). 
31 Alguns doutrinadores, como ANTONIO SCARANCE FERNANDES, LUIZ FLAVIO GOMES e 
GUILHERME NUCCI sustentam que tal previsão é inconstitucional, por retirar o fato da competência 
do JECRIM, o que não poderia ocorrer por lei ordinária (já que prevista na Constituição). NUCCI, 
Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 759/760 
32 TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1159 
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passarão para a competência do Juiz singular (não mais do Júri)33. Vejamos 
o art. 492, §2° do CPP: 
Art. 492 (...) § 2o Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja 
doloso contra a vida será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, 
aplicando-se, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada 
pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
Das decisões proferidas pelo Júri caberá apelação, nos termos do 
art. 593, III do CPP, nas estritas hipóteses ali previstas. Ou seja, temos 
aqui um recurso de fundamentação vinculada: 
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: (Redação dada pela Lei 
nº 263, de 23.2.1948) 
(...) 
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada pela Lei nº 263, 
de 23.2.1948) 
 a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 263, 
de 23.2.1948) 
 b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão 
dos jurados; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
 c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida 
de segurança; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
 d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. 
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
 
Em sendo provida a apelação, o Tribunal, em regra, não poderá 
REFORMAR a decisão dos jurados, pois isso seria violação à 
soberania dos veredictos34. Contudo, se a apelação atacar a decisão do 
Juiz-Presidente, o Tribunal poderá proceder à alteração: 
Art. 593 (...) 
§ 1o Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir 
das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida 
retificação. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
 § 2o Interposta a apelação com fundamento no no III, c, deste artigo, o 
tribunal ad quem, se Ihe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da 
medida de segurança. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
 § 3o Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad 
quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária 
à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; 
não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação. (Incluído pela 
Lei nº 263, de 23.2.1948)!
 
Assim: 
POSTURA DO TRIBUNAL NO JULGAMENTO DA APELAÇÃO 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
33 PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 740 
34 TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1250/1251 
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IMPUGNAÇÃO à DECISÃO DOS 
JURADOS 
IMPUGNAÇÃO à DECISÃO DO 
JUIZ-PRESIDENTE (erro na 
aplicação da pena ou medida de 
segurança ou violação à lei 
expressa ou às respostas aos 
quesitos) 
Tribunal não pode reformar a 
sentença. Deve anular o 
julgamento e submeter o 
acusado a novo julgamento. 
Tribunal pode proceder à 
reforma da decisão (não há 
violação à soberania dos 
veredictos). 
 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
 
1.3.! Tópicos jurisprudenciais relevantes 
⇒! ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA NO RITO DO JÚRI – 
INIMPUTABILIDADE – EXISTÊNCIA DE OUTRAS TESES 
DEFENSIVAS MERAMENTE GENÉRICAS – POSSIBILIDADE DE 
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA IMPRÓPRIA: “(...) 1. Nos termos do artigo 415, 
parágrafo único, do Código de Processo Penal, o juiz poderá absolver desde logo 
o acusado pela prática de crime doloso contra a vida se restar demonstrada a 
sua inimputabilidade, salvo se esta não for a única tese defensiva. 
2. A simples menção genérica de que não haveria nos autos comprovação da 
culpabilidade e do dolo do réu, sem qualquer exposição dos fundamentos que 
sustentariam a tese defensiva, não é apta a caracterizar ofensa à referida 
inovação legislativa. 
(...) 
(RHC 39.920/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 
06/02/2014, DJe 12/02/2014) 
⇒! LEITURA DA DECISÃO DE PRONÚNCIA DURANTE OS DEBATES – 
NULIDADE APENAS EM CASO DE UTILIZAÇÃO DA DECISÃO COMO 
ARGUMENTO “DE AUTORIDADE”: “(...) 5. Esta Corte Superior, em 
inúmeros julgados, já reconheceu que mera menção ou mesmo leitura da 
pronúncia não implica, obrigatoriamente, a nulidade do julgamento, até mesmo 
pelo fato de os jurados possuírem amplo acesso aos autos. Assim, somente fica 
configurada a ofensa ao art. 478, I, do Código de Processo Penal se as referências 
forem feitas como argumento de autoridade que beneficie ou prejudique o 
acusado. Precedentes. 
(...) 
(AgRg no AREsp 300.837/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA 
TURMA, julgado em 14/10/2014, DJe 31/10/2014) 
⇒! JURADO QUE INTEGROU OUTRO CONSELHO DE SENTENÇA NOS 12 
MESES ANTERIORES – NULIDADE ABSOLUTA: “(...) Por mais que a 
impugnação de vício ocorrido na sessão de julgamento do júri não tenha 
constado da ata de julgamento, corporificando nulidade absoluta, é de ser 
declarada a eiva de ofício. Na espécie, certa jurada integrou o Conselho de 
Sentença em dezembro de 2008, vindo a participar do colegiado leigo, em outro 
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feito, em dezembro de 2009. Desta forma, tendo composto o Conselho de 
Sentença nos doze meses que antecederam à publicação da lista geral,tem-se o impedimento, a tornar írrita a sessão de julgamento do 
Tribunal do Júri. 
(...) 
(HC 177.358/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA 
TURMA, julgado em 05/02/2013, DJe 15/02/2013) 
⇒! ANULAÇÃO PARCIAL DA SENTENÇA POR CONTRARIEDADE À 
PROVA DOS AUTOS – IMPOSSIBILIDADE – NECESSIDADE DE 
ANULAÇÃO TOTAL E SUBMISSÃO A NOVO JULGAMENTO 
INTEGRAL: “(...) Conforme a jurisprudência desta Corte, é inviável a 
anulação parcial da sentença proferida pelo Tribunal Popular quanto às 
qualificadoras ou circunstâncias atenuantes e demais crimes conexos, 
determinando submissão do réu a novo julgamento somente em relação 
a essas questões, quando a decisão dos jurados for manifestamente 
contrária à prova dos autos. 
2. O novo julgamento significa um novo corpo de jurados, a quem caberá a 
apreciação de toda a acusação, pois o reconhecimento, por exemplo, de qualquer 
qualificadora, sendo elementar do tipo penal, implica, necessariamente, em 
revolvimento do fato em sua integralidade. 
(HC 96.414/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 
16/12/2010, DJe 01/02/2011) 
⇒! SUSTENTAÇÃO ORAL NO PLENÁRIO DO JÚRI – UTILIZAÇÃO DE 
PRAZO EXÍGUO PELO DEFENSOR NOMEADO – VERIFICAÇÃO DA 
IMPOSSIBILIDADE DE DESENVOLVIMENTO DE TESE DEFENSIVA – 
RECONHECIMENTO DA AUSÊNCIA DE DEFESA: (...) A lei processual 
penal não estipula um tempo mínimo que deve ser utilizado pela defesa quando 
do julgamento do júri. Contudo não se consegue ver razoabilidade no prazo 
utilizado no caso concreto, por mais sintética que tenha sido a linha de raciocínio 
utilizado. 
5. Hipótese concreta em que o defensor dativo utilizou apenas quatro 
minutos para fazer a defesa do paciente, perante o plenário do Tribunal do 
Júri. 
6. A exiguidade do tempo utilizado, no caso, aponta no sentido de que 
não houve o desenvolvimento válido de nenhuma tese, levando à 
conclusão de que a defesa do paciente teve caráter meramente formal, 
o que determina a aplicação da primeira parte da Súmula 523/STF. 
7. Deveria, portanto, ter havido a intervenção do Juiz presidente, com a 
nomeação de novo defensor ou a dissolução do Conselho e a marcação de novo 
dia de julgamento, a fim de garantir o cumprimento da norma constitucional que 
garante aos acusados a plenitude de defesa. 
(...) 
(HC 234.758/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado 
em 19/06/2012, DJe 01/08/2012) 
⇒! INTIMAÇÃO DA DECISÃO DE PRONÚNCIA - ACUSADO SOLTO QUE 
NÃO É ENCONTRADO – DELITO PRATICADO ANTES DA LEI 
11.689/08 – POSSIBILIDADE DE INTIMAÇÃO POR EDITAL – 
APLICAÇÃO IMEDIATA DA LEI – TEMPUS REGIT ACTUM: “(...) Não 
obstante o fato datar de 1992, imperiosa se mostra a pronta aplicação da 
possibilidade de intimação por edital do réu pronunciado, que se encontra 
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ausente, a teor do art. 420 c.c. o art. 2.º do Código de Processo Penal, com a 
redação prevista pela Lei n.º 11.689/08. 
(...) 
(HC 252.429/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA 
TURMA, julgado em 13/05/2014, DJe 21/05/2014) 
⇒! SENTENÇA DE PRONÚNCIA – Possibilidade de utilização de provas 
obtidas fortuitamente em outro processo para formação da 
convicção do Juiz - (...) A sentença de pronúncia pode ser 
fundamentada em indícios de autoria surgidos, de forma fortuita, 
durante a investigação de outros crimes no decorrer de interceptação 
telefônica determinada por juiz diverso daquele competente para o 
julgamento da ação principal. (...) Precedente citado: RHC 32.525-AP, Sexta 
Turma, DJe 4/9/2013. REsp 1.355.432-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Rel. para 
acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/8/2014. 
⇒! QUESITAÇÃO – ABSOLVIÇÃO PELOS JURADOS – INCABÍVEL 
ANÁLISE DE EVENTUAL TESE DE “EXCESSO” NA LEGÍTIMA DEFESA 
– O STJ entendeu que, uma vez que tenha havido a absolvição do réu 
pelos jurados, ao responderem afirmativamente ao quesito “o jurado 
absolve o acusado?”, não poderá o Juiz-presidente submeter ao conselho 
de sentença eventual quesito da acusação sobre a existência de excesso 
na legítima defesa (ou outra excludente de ilicitude), em razão da nova 
sistemática adotada depois do advento da Lei 11.689/08. Vejamos: 
(...) Suscitada a legítima defesa como única tese defensiva perante o 
Conselho de Sentença, caso mais de três jurados respondam 
afirmativamente ao terceiro quesito – “O jurado absolve o acusado?” –, 
o Juiz Presidente do Tribunal do Júri deve encerrar o julgamento e 
concluir pela absolvição do réu, não podendo submeter à votação 
quesito sobre eventual excesso doloso alegado pela acusação. Na atual 
sistemática do Tribunal do Júri, o CPP não prevê quesito específico sobre a 
legítima defesa. Após a Lei 11.689/2008, foram unificadas teses defensivas em 
um único quesito obrigatório (art. 483, inciso III, do CPP). Ao concentrar diversas 
teses absolutórias nesta questão – “O jurado absolve o acusado?” –, o legislador 
buscou impedir que os jurados fossem indagados sobre aspectos técnicos. Nessa 
perspectiva, declarada a absolvição pelo Conselho de Sentença, prosseguir no 
julgamento para verificar se houve excesso doloso constituiu constrangimento 
manifestamente ilegal ao direito ambulatorial do acusado. Caracteriza, ademais, 
ofensa à garantia da plenitude de defesa, pois o novo sistema permite 
justamente que o jurado possa absolver o réu baseado unicamente em sua livre 
convicção e de forma independente das teses defensivas. HC 190.264-PB, Rel. 
Min. Laurita Vaz, julgado em 26/8/2014. 
⇒! LEITURA DE DOCUMENTO EM PLENÁRIO – INOBSERVÂNCIA DO 
PRAZO LEGAL DE TRÊS DIAS – NULIDADE – O STJ reconheceu a 
NULIDADE de julgamento no Tribunal do Júri quando a acusação leu, em 
plenário, documento que indicaria que uma das testemunhas havia sido 
ameaçada pelo réu, sem ter juntado o documento aos autos com a 
antecedência mínima exigida pelo CPP. Vejamos: 
(...) É nulo o julgamento no Tribunal do Júri que tenha ensejado 
condenação quando a acusação tiver apresentado, durante os 
debates na sessão plenária, documento estranho aos autos que 
indicaria que uma testemunha havia sido ameaçada pelo réu, e a 
defesa tiver se insurgido contra essa atitude fazendo consignar o 
fato em ata. (...) Com efeito, o legislador ordinário estabeleceu, ao 
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regulamentar o referido procedimento, uma peculiar forma de 
julgamento, já que os jurados que compõem o Conselho de Sentença são 
chamados a responderem de forma afirmativa ou negativa a 
questionamentos elaborados pelo juiz presidente, razão pela qual os seus 
veredictos são desprovidos da fundamentação que ordinariamente se 
exige das decisões judiciais. Assim, toda a ritualística que envolve o 
julgamento dos delitos dolosos contra a vida tem por finalidade garantir 
que os jurados formem o seu convencimento apenas com base nos fatos 
postos em julgamento e nas provas que validamente forem apresentadas 
em plenário. No caso de ser constatada quebra dessa isonomia 
probatória, como na hipótese em análise, não há como assegurar que o 
veredicto exarado pelo Conselho de Sentença tenha sido validamente 
formado, diante da absoluta impossibilidade de se aferir o grau de 
influência da indevida leitura de documento não juntado aos autos 
oportunamente, justamente porque aos jurados não se impõe o dever de 
fundamentar. Ademais, ainda que se empreste a essa nulidade a naturezarelativa, na hipótese em que a defesa do acusado tenha consignado a sua 
irresignação em ata, logo após o acusador ter utilizado documento não 
acostado aos autos oportunamente, não há falar em preclusão do tema. 
Sobrevindo, então, um juízo condenatório, configurado também se 
encontra o prejuízo para quem suportou a utilização indevida do 
documento, já que não se vislumbra qualquer outra forma de 
comprovação do referido requisito das nulidades relativas. HC 225.478-
AP, Rel. Min. Laurita Vaz e Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi, 
julgado em 20/2/2014. 
 
2.! RESUMO 
 
PROCESSO DOS CRIMES DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI 
Cabimento – Processo e julgamento dos crimes DOLOSOS contra a vida. 
OBS.: Latrocínio (roubo com resultado morte) não é crime contra a vida. 
 
Judicium accusationis 
Conceito – Primeira etapa do rito do Júri. É a etapa da chamada “formação 
de culpa”. Juiz analisa se é o caso, ou não, de submeter o acusado a 
julgamento pelo plenário. 
Rito 
"! MP (ou querelante, na ação penal privada subsidiária da pública) 
oferece a inicial acusatória (arrolando as testemunhas de acusação – 
máximo de 08 por fato criminoso) 
"! Juiz decide se recebe ou se rejeita a inicial acusatória 
"! Recebendo, manda citar o acusado, para apresentar resposta à 
acusação em 10 dias 
"! Réu não apresenta resposta à acusação nem constitui 
advogado – Juiz nomeia defensor para apresentar a defesa. 
EXCEÇÃO: Se o réu tiver sido citado por edital, o Juiz deve 
SUSPENDER o processo, ficando suspenso também o curso do prazo 
prescricional. 
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"! Apresentada a defesa, o Juiz abre prazo ao acusador (MP ou 
querelante) para falar em réplica – Prazo de cinco dias 
"! Após isso, Juiz designa data para audiência de instrução e julgamento 
 
Audiência de instrução e julgamento 
Na audiência o Juiz deve, NESTA ORDEM: 
"! Tomar as declarações do ofendido 
"! Inquirir as testemunhas arroladas pela acusação 
"! Inquirir as testemunhas arroladas pela defesa 
"! Tomar os esclarecimentos dos peritos 
"! Proceder às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas 
"! Realizar o interrogatório do réu 
"! Conceder tempo às partes para os debates orais (alegações finais) 
 
OBS.: No caso de expedição de carta precatória ou rogatória, para a 
oitiva de testemunhas, é possível a inversão da ordem, ou seja, é possível 
que a oitiva de testemunha de acusação (por exemplo), realizada carta 
precatória, seja realizada depois da oitiva das testemunhas de defesa. 
Inclusive, pode ser realizada após o interrogatório do réu – Casos 
excepcionais admitidos pelo STJ. 
 
Alegações finais 
Regra geral - Alegações finais orais. Regramento: 
"! 20 minutos para acusação e 20 minutos para a defesa, 
prorrogáveis por mais 10 minutos. 
"! Se houver mais de um acusado, o prazo será individual para cada um 
"! Havendo assistente da acusação, será concedido a este prazo de 10 
minutos para falar, após o MP. Nesse caso, serão acrescidos 10 
minutos ao tempo da defesa. 
 
⇒! Há previsão de alegações finais escritas (memoriais)? Não, 
mas a Doutrina entende que é possível, em hipóteses excepcionais. 
 
Decisões do Juiz após a instrução preliminar 
Ao final da instrução preliminar o Juiz pode: 
Pronunciar o acusado 
"! Quando convencido de que há PROVA da materialidade e indícios de 
autoria. 
"! Submete o acusado a julgamento pelo Júri. 
"! Recurso cabível contra a decisão – RESE. 
"! Se a decisão for reformada pelo Tribunal ou pelo próprio Juiz (Juízo 
de retratação no RESE) ocorrerá a despronúncia 
"! Interrompe a prescrição 
Impronunciar o acusado 
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"! Quando NÃO está convencido de que há PROVA da materialidade 
e indícios de autoria. 
"! NÃO submete o acusado a julgamento pelo Júri, extinguindo o 
processo. 
"! NÃO FAZ COISA JULGADA MATERIAL. 
"! Recurso cabível contra a decisão – APELAÇÃO. 
"! 
Absolver sumariamente o acusado 
"! Quando o Juiz está convencido de que o réu deve ser absolvido desde 
logo. Ocorre nas hipóteses de: 
! Ficar PROVADA a inexistência do fato 
! Ficar PROVADO que o réu não participou do crime 
! Ficar PROVADO que o fato não constitui nenhuma 
infração penal (Fato atípico) 
! Ficar PROVADO que o réu praticou o fato amparado por 
alguma CAUSA DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE (legítima 
defesa, estado de necessidade, etc.) 
! Ficar PROVADO que está presente alguma causa de 
isenção de pena (causa excludente da culpabilidade, por 
exemplo). EXCEÇÃO: Não pode haver absolvição sumária 
por inimputabilidade decorrente de doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado (gera 
aplicação de medida de segurança). EXCEÇÃO DA 
EXCEÇÃO: Poderá haver absolvição sumária neste caso 
quando a inimputabilidade for a única tese de defesa. 
"! Recurso cabível contra a decisão - APELAÇÃO 
 
Desclassificar a infração penal 
"! Juiz desclassifica o delito para outro que NÃO SEJA DOLOSO 
CONTRA A VIDA (desclassificação própria) 
"! É uma decisão interlocutória simples 
"! Resulta no encaminhamento dos autos ao Juízo competente (a menos 
que haja conexão com outra infração que continue sendo da 
competência do Júri). 
"! Desclassificação imprópria – Ocorre quando o Juiz desclassifica o 
delito para outro que também é doloso contra a vida (Ex.: 
Desclassifica de homicídio para infanticídio). 
"! Recurso cabível – Não há previsão expressa, mas a Doutrina 
entende ser cabível o RESE. 
 
Judicium causae 
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Conceito - Esta é a segunda fase deste procedimento especial, e tem início 
quando se torna preclusa (irrecorrível) a decisão de pronúncia, ou quando 
esta decisão tenha sido mantida pelo Tribunal. 
Rito 
"! Juiz intima o MP e o Defensor, para que no prazo de CINCO DIAS 
apresentem o ROL DE TESTEMUNHAS (máximo de CINCO) 
"! Partes podem juntar documentos e requerer a realização de 
diligências 
"! O Juiz verifica os pedidos de diligência e produção de provas, 
tomando as providências necessárias para sanar eventual nulidade 
existente no processo ou esclarecer algum ponto ainda controvertido 
"! Juiz faz relatório resumido do processo 
"! Juiz designa data para julgamento 
Desaforamento 
Conceito - Deslocamento do julgamento para outra Comarca, diversa 
daquela em que tramita o processo. 
Razões 
"! Interesse de ordem pública 
"! Dúvida sobre a imparcialidade dos jurados 
"! Segurança pessoal do réu 
"! Quando houver comprovado EXCESSO DE SERVIÇO (Não puder ser 
aprazada data para a sessão de julgamento dentro de seis meses 
contados do TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO DE 
PRONÚNCIA) 
OBS.: é IMPRESCINDÍVEL A OITIVA DA DEFESA no pedido de 
desaforamento, sendo completamente nula a decisão que violar esse 
preceito (súmula 712 do STF). 
 
Roteiro da sessão de julgamento 
"! Verificação das cédulas – A urna deve conter cédulas com os nomes 
dos vinte e cinco jurados. 
"! Instalação da sessão – Devem estar presentes AO MENOS 15 
JURADOS. Não havendo o número mínimo (15), o Juiz

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