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Sociologia - Módulo 2 A unidade do homem e as diferenças entre os homens Condicionamento sociocultural da personalidade “Uma das mais importantes conquistas dos tempos modernos é o reconhecimento da cultura. Tem-se dito que a última coisa que um habitante das profundezas do mar descobriria seria, justamente, a água. Ele só se tornaria consciente da existência desta, se algum acidente o trouxesse à superfície e o introduzisse na atmosfera. O homem, através da maior parte de sua história, tem sido apenas vagamente consciente da existência da cultura e, ainda, adquiriu essa consciência pelos contrastes entre os costumes da sua própria sociedade e os de alguma outra com a qual sucedeu entrar em contato. A capacidade para ver a cultura de sua própria sociedade como uma totalidade, avaliar seus padrões e apreciar suas implicações, exige um grau de objetividade que raramente ou nunca é alcançado. Não é acidentalmente que a compreensão da cultura pelos cientistas modernos derivou grandemente do estudo de culturas não europeias, cuja observação pôde ser facilitada pelo contraste. Aqueles que não conhecem outra cultura, senão a sua própria, não podem conhecer nem mesmo esta. Até muito recentemente, mesmo os psicólogos foram incapazes de compreender que todos os seres humanos, eles próprios, inclusive, se desenvolvem e agem num ambiente que é, em sua maior parte, culturalmente determinado. Na medida em que restringiram suas investigações a indivíduos criados dentro dos limites de uma única cultura, não poderiam deixar de chegar a conceitos da natureza humana que estavam muito distantes da verdade. Mesmo um mestre como Freud frequentemente recorreu a instintos para explicar reações que — sabemos agora — são diretamente atribuíveis ao condicionamento cultural. Com o conjunto de conhecimentos sobre outras sociedades e culturas, atualmente disponíveis, torna-se possível empreender o estudo da personalidade com um menor número de preconceitos e aproximarmo-nos estritamente da verdade [...]” (LINTON apud PEREIRA; FORACCHI, 1977, p. 49-50, grifo nosso).
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