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1 LEI DE DROGAS (11.343/06) 1. Noções Gerais A Lei de Drogas não trata apenas da parte penal e parte processual. A lei 11.343/06 também cuida da parte administrativa e de questões de segurança pública (questões de políticas públicas de prevenção ao uso e comércio de drogas). A lei trata do Fundo Nacional antidrogas, Secretarias Especial de Combate às Drogas, vale dizer, trata de organização administrativa e políticas públicas prevencionistas. A parte que nos interessa é a penal e a processual penal. 2. Do crime de porte de drogas para uso pessoal (artigo 28 da lei 11.343/06) A lei antiga de drogas era a Lei 6368/76 – perdurou por 30 anos. Foi revogada em 2006. A lei 11.343/06 abrandou o tratamento penal ao usuário e recrudesceu o tratamento penal para o traficante. O usuário pela lei anterior podia ser preso, com uma pena que variava de 1 a 3 anos. Agora, com a nova redação da lei 11.343/06 não se permite mais pena privativa de liberdade (prisão-pena). A prisão-pena é aquela que decorre do trânsito em julgado de sentença penal condenatória. As prisões que antecedem o trânsito em julgadas são prisões cautelares, processuais ou provisórias, que são: a) prisão preventiva; b) prisão temporário; c) prisão em flagrante (embora para alguns a prisão em flagrante seja conhecida como prisão precautelar). Para o usuário de drogas existem apenas 3 penas: 2 i) Pena de advertência (é uma novidade de pena trazida pela lei); ii) Prestação de serviços à comunidade – Obs.: No Código Penal a prestação de serviços é à comunidade ou à entidade pública, ao passo que na lei 11.343/06 a prestação de serviços é exclusivamente à comunidade. Obs.: a Lei de drogas direcionou a prestação de serviços à comunidade, dizendo no § 5º do artigo 28 que “será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas”. Isso é para que o condenado perceba os efeitos maléficos das drogas. iii) Comparecimento a cursos e programas educativos relacionados aos efeitos das drogas. O prazo máximo das penas de prestação de serviços à comunidade e comparecimento a cursos e programas educativos relacionados aos efeitos das drogas se não for reincidente é de 5 meses. O fato de ser o usuário reincidente não irá gerar a prisão jamais, contudo elevará a pena máxima para 10 meses. Se qualquer das 3 penas for descumprida injustificadamente, o juiz poderá (dever-poder) substituir as penas por medidas sancionatórias, que são: i) admoestação verbal (uma espécie de advertência proferida verbalmente); ii) multa. 3 Luiz Flávio Gomes defende a ideia, a partir destas penas trazidas aos usuários, de que o artigo 28 da Lei de Drogas promoveu a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal (entendimento minoritário). Descriminalizar = é dizer que deixou de ser crime, não significando que a conduta é lícita. Legalizar = é dizer que a conduta é lícita. Exemplo: adultério deixou de ser crime. Contudo, não deixou de ser um ilícito cível, pois o Código Civil coloca como um dos deveres do casamento: a fidelidade. No Uruguai o porte de drogas passou a ser legalizado, ou seja, é uma conduta lícita. Para Luiz Flávio Gomes o porte ilegal de drogas continua sendo um ilícito, mas deixou de ser crime. Para chegar a esta conclusão ele traz o artigo 1º da Lei de Introdução ao Código Penal (LICP) diz que crime é a infração penal a qual se comine em abstrato a pena de reclusão ou detenção e alternativa, cumulativa ou isoladamente a pena de multa. Ademais, acrescenta o mesmo artigo, que contravenção penal é a infração penal a qual se comine em abstrato prisão simples e alternativa, cumulativa ou isoladamente a pena de multa. Assim, parte da doutrina diz que este é o conceito legal de crime. Contudo, a maioria da doutrina rechaça esta ideia, pois neste conceito não se consegue dizer o que é o crime, só sendo possível identificar as consequências do crime. A lei adotou o critério dicotômico de infração penal, vale dizer, esta pode dividir-se em crime ou contravenção. Luiz Flávio Gomes, então, diz que já que no artigo 28 da Lei de Drogas não há pena de reclusão, de detenção e nem de prisão simples (e nem de multa como pena em sentido estrito) não seria, portanto, o porte de drogas para uso pessoal um crime, tendo havido a sua descriminalização. Pela existência de sanções no artigo 28 da referida lei, continua sendo uma conduta ilícita. Assim, Luiz Flávio Gomes entende tratar-se de uma infração penal sui generis (infração penal que não se amolda às consequências previstas no artigo 1º da Lei de Introdução ao Código Penal). O que entendeu o Supremo Tribunal Federal? Para o STF não houve descriminalização, mas sim a despenalização. A Lei de Introdução ao Código Penal é 4 materialmente uma lei ordinária (muito embora seja formalmente um Decreto-lei), e traz critérios para identificação de um crime. Na lei de drogas atual há uma lei ordinária posterior (de 2006) que traz outro critério para identificar um crime, não precisando submeter-se ao critério de outra lei ordinária (afinal tem mesma hierarquia). Aliás, o próprio crime de porte de drogas para uso pessoa encontra-se no capítulo dos “crimes e das penas”. Então, não houve descriminalização (continua sendo crime). O que houve foi a despenalização. A expressão empregada pelo STF (“despenalização”) é criticada pela doutrina, pois despenalizar é não existir mais pena, e penas existem (prestação de serviços à comunidade e comparecimento a programas educativos). O que houve na realidade foi a descarcerização (ou desprisionalização), pois não há mais o cárcere ou prisão para esta conduta criminosa. CONDUTA CRIMINOSA- Art. 28. “Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas [...]”. Trata-se de um tipo pena plurinuclear, vale dizer, existem vários verbos: “adquirir”, “guardar”, “tiver em depósito”, “transportar” e “trouxer consigo”. Sujeito ativo: crime comum (não demanda qualquer qualidade especial do agente). Sujeitos passivos: a) Direto (imediato ou eventual) é o titular do bem jurídico a que se lesiona, que neste caso é a coletividade (crime vago – quando for a coletividade); b) Indireto (mediato ou constante): Estado. Objetos:a) Objeto Jurídico (é o bem jurídico a que se pretende tutelar): saúde pública (todo crime possui bem jurídico, afinal os tipos penais são criados para proteção de bens jurídicos) ;b) Objeto material: é a droga (e a coisa sobre a qual recai a conduta criminosa). Quanto ao resultado jurídico, o crime pode ser de: i) dano (crime que se consuma quando o bem jurídico é lesionado. Ex.: homicídio, lesão corporal etc.); ii) crime de perigo (o 5 crime consuma-se sem que o bem jurídico seja lesionado; o crime consuma-se com a mera exposição do bem jurídico a perigo). O crime de perigo pode ser de perigo concreto (há exposição real do bem a perigo) ou de perigo abstrato (há uma presunção de perigo). O porte de drogas para uso pessoal é um crime de perigo abstrato. Há quem questione o crime de perigo abstrato por violar o princípio da lesividade ou ofensividade, pois só haveria crime se o bem jurídico fosse lesionado e se houvesse exposição real a perigo. Ademais,para esta corrente, o crime de perito abstrato viola o princípio da presunção de inocência. Núcleos: trata-se de crime plurinuclear (5 verbos). Ademais, trata-se de tipo penal misto alternativo, que ocorre quando há mais de uma conduta que se praticadas dentro de um mesmo contexto fático darão ensejo a apenas um crime (se praticados vários verbos em relação a mesma droga e em um mesmo contexto fático não há concurso de crimes – obs.: se houvesse a prova de que foram várias as drogas, há que se falar em continuidade delitiva). Análise do tipo do artigo 28 da lei 11.343/06 Núcleos do tipo “adquirir”, “guardar”, “tiver em depósito”, “transportar” e “trouxer consigo” (tipo penal misto alternativo) Sujeito ativo Crime comum Sujeito passivo a) Direto (imediato ou eventual) é o titular do bem jurídico a que se lesiona, que neste caso é a coletividade (crime vago – quando for a coletividade); b) Indireto (mediato ou constante): Estado. Objeto jurídico Saúde pública Objeto material Droga (coisa sobre a qual recai a conduta criminosa) O “uso” da droga em si não é crime. O problema é que o sujeito não tem como usar a droga sem praticar um dos verbos previstos no artigo 28 da lei 11.343/06. O elemento subjetivo específico (= dolo específico) exige que a droga seja para consumo pessoal (objetivando este dolo específico de consumo pessoal). É isso que diferencia o artigo 28 da lei em comento do artigo 33 da mesma lei (que é o tráfico de drogas). No tráfico de drogas também há os verbos do crime do porte de drogas para uso pessoal, só que não há o dolo específico “para consumo pessoal”. 6 Elemento subjetivo específico (ou dolo específico) = é quando há uma finalidade especial no agir do agente (a conduta visa determinada finalidade). Obs.: o homicídio não tem essa finalidade especial de agir, pois a finalidade do homicídio não importa para a sua consumação, podendo servir para agravante, atenuante etc. Obs. II: o furto de uso não é crime, pois não tem o dolo específico de subtrair para si ou para outrem. Como saber se o sujeito é usuário? É pela quantidade da droga? Exemplo: no final de 2013 pegaram um sujeito em um helicóptero de uma empresa ligada a alguns políticos, e lá tinha aproximadamente 400 kg de cocaína. Não teria como alegar consumo pessoal. Neste caso a quantidade de drogas é decisiva. Exemplo 2: Pessoa indiciada como traficante com 3,9 gramas de crack é usuário ou traficante? Depende do caso concreto. Tudo que havia no processo contra o cidadão era o flagrante e a apreensão da droga. E ele afirmava ser usuário. Os policiais não afirmavam que ele era traficante, mas que estava em uma área em que era comércio de drogas (e este fato não quer dizer nada, pois usuários também frequentam esta área). Não havia grande quantidade de dinheiro, não havia campana de policiais, não havia testemunhas, não havia anotações de usuários, não teve interceptações telefônicas, não havia balança de precisão. O conjunto probatório pode demonstrar que um sujeito com uma pequeníssima quantidade de drogas era traficante. Quando o material probatório for insuficiente, deve-se resolver da seguinte forma: na dúvida a favor do réu (in dubio pro reo), vale dizer, deve responder somente como usuário, e não como traficante. A quantidade de drogas é a apenas um dos indicativos para se apurar se a pessoa é usuária ou traficante. Se a lei dissesse que com menos de 10 gramas não poderia ser tráfico, isso fomentaria o “micro tráfico”, pois os traficantes só andariam com no máximo 10 gramas em mãos. Por isso a lei não colocou a quantidade como critério absoluto. Art. 28. , § 2o , Lei 11.343/06: Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. ATENÇÃO: não se pode levar em conta só as circunstâncias sociais e só os antecedentes do agente, pois ai se estaria adotando o direito penal do autor, e não o direito penal do fato. Estar-se-ia punindo pelo que se é se fossem considerados só os antecedentes do agente e a conduta social. Art. 28, § 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colheplantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substânciaou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. 7 A lei 11.343/06 não definiu o que é droga. Norma penal em branco é uma norma penal incriminadora, pois define a conduta criminosa e comina a respectiva sanção penal. Obs.: uma norma pode ser não incriminadora, que são as normas permissivas, a exemplo das excludentes da ilicitude. Existem dois preceitos: i) preceito primário: define-se a conduta; ii) preceito secundário: comina a sanção penal. Norma penal em branco é aquela cujo preceito primário é incompleto, vale dizer, a definição da conduta criminosa depende de um complemento. Por isso Biding utiliza a expressão: “norma penal em branco é um corpo errante em busca de uma alma”. Existe também a norma penal em branco inversa ou às avessas, que é aquela em que a sanção penal (preceito secundário) é incompleta. Exemplo: lei de genocídio. A norma penal em branco pode ser: i) Homogênea: é aquela cujo preceito é complementado por uma lei. Esta pode dividir-se em: a) homovitelina: se for a mesma lei – exemplo: funcionário público tem previsão no próprio Código Penal, artigo 327 do CP; b) heteróloga (ou heterovitelina) – exemplo: artigo 236 do CP – ocultação dolosa de impedimento ao casamento. O complemento é dado por outra lei: Código Civil. ii) Heterogênea: O complemento é dado por ato infralegal. Quem define drogas é a Portaria da ANVISA. Há quem questione a constitucionalidade da norma penal em branco heterogênea, pois a conduta é definida pelo ato infralegal, violando o princípio da legalidade. Contudo, a doutrina majoritária entende que não viola o princípio da legalidade, pois esta exige a descrição das condutas criminosas, e a lei já traz as condutas criminosas, e o que na verdade a portaria traz é um complemento para a definição da conduta. A prescrição ocorre em 2 anos. Para o usuário a multa não é pena, mas sim uma sanção para o descumprimento das penas. Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o inciso II do § 6o do art. 28, o juiz, atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o valor de um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo. Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição da multa a que se refere o § 6o do art. 28 serão creditados à conta do Fundo Nacional Antidrogas. 3. Artigo 33, § 3º da lei 11.343/06 – Usuário para consumo em conjunto O usuário para consumo em conjunto pode ser preso (pela lei antiga ele era um traficante convencional). Artigo 33, § 3°. Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 8 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. Essa norma foi mais favorável, pois pela lei antiga era responsabilizado como traficante. Não é elemento deste tipo penal o intuito lucrativo. Aquele que fornece a droga gratuitamente é traficante convencional (artigo 33, caput da lei 11.343/06). Exemplo: pessoa que não quer mais usardrogas, mas ao invés de jogar fora, ele entrega a um amigo, fornecendo a droga gratuitamente. Neste caso não se enquadra a figura do Artigo 33, § 3°, pois ele não consome em conjunto. Na realidade ele incide no crime de tráfico de drogas. É uma infração de menor potencial ofensivo. Muito provavelmente caberá transação penal (crimes com pena até 2 anos), suspensão condicional do processo (crimes com pena mínima até 1 ano, que é o caso), substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (artigo 44 do CP diz que cabe pena restritiva de direitos nos crimes dolosos quando a pena não ultrapassa 4 anos). Assim, a probabilidade de ele ser preso é mínima. Ao contrário do que muita gente imagina, não existe no tráfico tradicionalo intuito lucrativo, muito embora o fornecer gratuitamente possa ter intuito lucrativo (por exemplo: fornecer para ver se o usuário gosta). Então, fornecer gratuitamente (ainda que não tenha intuito lucrativo) é tráfico convencional – aplicando-se a ele o artigo 33, caput e não o artigo 33, § 3°. Lembrem que para o usuário do artigo 28 há uma prescrição de 2 anos. Para os demais crimes aplica-se o artigo 109 do CP. Assim, no caso do artigo 33, § 3°, como a pena máxima é de 1 ano, a prescrição em abstrato ocorre em 4 anos. As multas na lei de drogas são bem pesadas, a exemplo da multa do artigo 33, § 3°, que tem uma pena de multa de 700 a 1.500 dias-multa. Só para entendermos o como é exasperada essa pena de multa, no Código Penal o limite de dia-multa é de 360. Primeiro o juiz fixa a quantidade de dias multa de acordo com a reprovabilidade da conduta, daí o juiz vai dizer o quanto vale cada dia-multa, que entra a questão da capacidade econômica do criminoso. Pelo Código Penal o valor do dia-multa varia de 1/30 do salário mínimo a 5 salários mínimos. ATENÇÃO Lei 6.368/76 Lei 10.409/02 Lei 11.343/06 Esta lei tratava dos crimes e do procedimento especial. Crimes – (FHC vetou este capítulo) Procedimento especial * Crimes e procedimento especial. Com a vigência desta lei, ambas as leis anteriores foram revogadas. *Os aplicadores tinha que utilizar ambas as leis. A 6368 era usada quanto ao direito material (crimes e penas) e a lei 10409 era usada em relação ao procedimento. 9 Principais características da lei 11.343: Lei 6.368 Lei 11.343 Faz uso da expressão “Substância entorpecente”. Faz uso da expressão “Droga” (Seguindo orientação da OMS) Permanece com a presença de normas penais em branco. A expressão droga tem a sua definição na portaria 344/98. Trata-se de uma norma penal em branco heterogênea ou em sentido estrito. O que ocorre se uma substância que era considerada pela portaria como droga deixa de constar como tal? Atenção!!! Excluindo-se da lista determinada substância, configurar-se-á a abolitio criminis, extinguindo-se a punibilidade do agente, ainda que o processo esteja em fase de execução. A lei 11.343 também incrementou a pena de multa. Quando ainda na vigência da lei 6363, prevalecia que os delitos eram de crimes de perigo abstrato. Com a lei 11343, entende a maioria que os delitos continuam sendo de perigo abstrato (o perigo advindo da conduta é absolutamente presumido por lei). • Crimes de perigo abstrato e os Tribunais Superiores Até 2005, os Tribunais Superiores admitiam delitos de perigo abstrato. Depois de 2005, o STF inaugurou entendimento de que crime de perigo abstrato viola o princípio da ofensividade. Assim decidiu ao julgar o delito de porte de arma desmuniciada. No ano de 2007, o STF admitiu crime de perigo abstrato em casos excepcionais como, por exemplo, a lei de drogas. Recentemente, no ano de 2011, o STF admitiu crime de perigo abstrato no caso de embriaguez ao volante. No ano de 2012, o STF, no HC 96759 (julgado no dia 28 de fevereiro de 2012), julgou que o porte ilegal de arma é de perigo abstrato. Vemos que o posicionamento do STF esta resgatando entendimentos que já haviam sido rechaçados pela corte. Isso se dá em razão da renovação de sua composição. 2. Artigo 28 da Lei antidrogas – Porte de droga para uso próprio Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. § 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. 10 § 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. § 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. § 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. § 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. § 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê- lo, sucessivamente a: I - admoestação verbal; II - multa. § 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. 2.1 Natureza jurídica do artigo 28 1ª corrente: é crime. Um dos fundamentos é o de que o artigo 28 está inserido no capítulo III intitulado “dos crimes e das penas”. Logo, só pode ser crime. Não só isso, argumenta-se também que tanto é crime que o §4º do artigo 28 faz referência à reincidência, que é um instituto próprio de crime. Ademais, fala o artigo 30 em prescrição, que também seria um instituto próprio de crime. E, por fim, afirmam que se trata de crime com astreintes. ESTA É A POSIÇÃO ADOTADA PELO STF. 2ª corrente: entende que se trata de infração penal sui generis. Não se trata nem de crime e nem de contravenção penal. O crime é punido com reclusão e com detenção. A contravenção é punida com prisão simples. E o artigo 28 não é punido nem com um e nem com outro. Assim diz a lei de introdução ao CP. Um outro fundamento é o de que o fato de estar inserido no capítulo “dos crimes e das penas” não significa que é crime, pois outras hipóteses indicam que o capítulo nem sempre espelha seu verdadeiro conteúdo (Exemplo: DL 201/67 – fala em crimes, mas na verdade trata-se de infração político-administrativa). Falam também que a expressão reincidência foi utilizada no sentido popular, com o significado de repetição do ato. Outrossim, a prescrição não é instituto exclusivo de crime, vez que temos prescrição de falta disciplinar, ilícito civil, contravenção penal. Por fim, o artigo 48, §2º da lei determina que o usuário seja levado ao juiz, e não à delegacia. Ou seja, não se trata de criminoso. ESTA SEGUNDA CORRENTE É ADOTADA POR LFG. 3ª corrente: entende que é fato atípico. Trata-se de infração não penal. Isto porque a lei, ao invés de punir,prefere falar em medidas educativas. Ademais, o não cumprimento das medidas não gera consequência penal. Outro argumento está calcado no princípio da intervenção mínima. E, por último, a saúdo individual é um bem jurídico disponível. 2.2 Bem jurídico tutelado pelo artigo 28 11 É a saúde pública colocada em perigo pelo comportamento do agente. Não se pune o porte da droga, para uso próprio, em função da proteção à saúde do agente (a autolesão não é punida), mas em razão do mal potencial que pode gerar à coletividade. 2.3 Sujeito ativo Crime comum que pode ser praticado por qualquer pessoa. 2.4 Sujeito Passivo Coletividade. Sociedade em geral. 2.5 Conduta Atenção!!! Não se pune o agente se for surpreendido usando drogas, sem possibilidade de se encontrar a droga em seu poder. É imprescindível que o agente aja sem autorização ou em descordo com determinação legal ou regulamentar. 2.6 Tipo subjetivo Pune-se o dolo + finalidade especial (fim de consumo próprio). 2.7 Consumação O delito se consuma com a prática dos núcleos previstos no tipo. A tentativa, apesar de admitida pela doutrina, é muito difícil de ocorrer na prática (pode ocorrer no tentar adquirir). Atenção!!! É imprescindível o exame pericial da substância. 2.8 Consequências para o usuário Este delito jamais gerará a possibilidade de imposição de pena privativa de liberdade. Nucci rotula o artigo 28 como sendo um crime “de ínfimo potencial ofensivo”, pois, mesmo sendo inviável, no caso concreto, a transação penal, ainda que reincidente o agente e com maus antecedentes, jamais será aplicada pena privativa de liberdade. (Seguiu-se a recomendação da Convenção de Viena para o tratamento e prevenção ao tráfico) 2.9 Prescrição Lei 12.234/10 Antes Depois Artigo 28 da lei de drogas falava que a prescrição se dava em 2 anos, já que o CP tratava como 2 anos o menor prazo possível, na forma do então artigo 109, VI. O código penal, no seu artigo 109, viu alterado o seu prazo mínimo prescricional de 2 para 3 anos. Como fica então a prescrição do artigo 28 da lei de drogas? Será que foi também alterado? A prescrição CONTINUA em 2 anos. Aplicação do princípio da especialidade. A lei 12234 alterou o CP e não a lei de drogas. 12 O princípio da insignificância pode ser aplicado? Encontraremos julgados admitindo a aplicação, mas não é o que prevalece. 3. Artigo 33 – Tráfico de Drogas Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem: I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas; III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. § 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. § 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. § 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012) 3.1 Bem jurídico tutelado. Tutela-se a saúde pública (tutela imediata ou principal). E tutela-se a saúde das pessoas que integram a sociedade (tutela mediata). 3.2 Sujeito ativo 13 Trata-se de crime comum que pode ser praticado por qualquer pessoa. Cuidado!!! O núcleo ‘prescrever’ somente pode ser praticado por médico ou dentista. 3.3 Sujeito passivo É a sociedade, podendo com ela concorrer criança, adolescente ou incapaz. PERGUNTA-SE: Qual o crime pratica o agente que fornece drogas para crianças e adolescentes? Atenção – conflito aparente entre o artigo 33 da lei de drogas e o artigo 243 do ECA. Artigo 33 da lei de drogas. Artigo 243 do ECA Objeto material: Drogas. Objeto Material: produtos causadores de dependência (não relacionados na portaria 344/98). Ex.: Cola de sapateiro. 3.4 Conduta Pune-se 18 núcleos. Estamos diante de um delito plurinuclear ou de ação múltipla. Mesmo que o agente pratique, no mesmo contexto fático e sucessivamente mais de uma ação típica, por força do princípio da alternatividade, responderá por crime único. O juiz considerará a quantidade de núcleos quando da fixação da pena base. Atenção! Faltando proximidade comportamental entre as várias condutas haverá concurso de crimes. Ex.: Eu estou vendendo maconha e tenho em depósito em casa cocaína. Fornecer droga, gratuitamente, para consumo compartilhado. Lei 6368 Lei 11343 1ª corrente: é tráfico (antigo artigo 12) 2ª corrente: é tráfico, porém deixa de ser equiparado a hediondo (o agente não visa lucro). 3ª corrente: caso é de porte para uso (antigo artigo 16). Ou é o artigo 33 caput ou é o artigo 33, §3º. a. Tem que oferecer droga eventualmente para ser o §3º. Se for habitualmente vai para o caput. b. O agente tem que agir sem o objetivo de lucro. É o elemento subjetivo negativo do tipo. Havendo finalidade de lucro (tanto direto, quanto indireto) vai para o 33 caput. c. A pessoa de seu relacionamento. Se não for pessoa de seu relacionamento cai no caput. d. Para juntos a consumirem. É o elemento subjetivo positivo. TEM QUE CONSTAR DA PEÇA ACUSATÓRIA A INDICAÇÃO DE QUE O AGENTE AGIU SEM AUTORIZAÇÃO OU EM DESACORDO COM DETERMINAÇÃO LEGAL OU REGULAMENTAR. De acordo com Vicente Grecco Filho, equivale à ausência de autorização o seu desvio, ainda que regularmente concedida. De acordo com posição pacífica dos Tribunais Superiores, a dificuldade de subsistência não justifica apelo a recurso ilícito, moralmente reprovável e socialmente perigoso, não se reconhecendo o estado de necessidade no crime de tráfico. 14 3.5 Tipo subjetivo Dolo. 3.6 Consumação e Tentativa. Consuma-se com a prática dos núcleos. Cuidado!!! Alguns núcleos indicam crime permanente. Ex.: Guardar, manter em depósito) Súmula 711 do STF – a lei penal mais grave se aplica ao crime ... PERGUNTA-SE: Admite-se tentativa? 1ª corrente: a multiplicidade de condutas incriminadas inviabiliza a tentativa. 2ª corrente: é possível a tentativa (tentar adquirir, tentar remeter). Esta foi a corrente considerada correta na prova da Polícia Federal.O laudo químico toxicológico é imprescindível. 3.7 Concurso de crimes É possível o concurso de tráfico de drogas e outros crimes. Ex.¹: Tráfico + Receptação. Traficante que na venda da droga recebe em pagamento coisa que sabe ser produto de crime. Ex.²: Tráfico + furto. PERGUNTA-SE: É possível o concurso de tráfico como sonegação fiscal? A 1ª T do STF, no HC 94240 / SP, por maioria de votos, decidiu pela possibilidade do princípio do non olet, isto é, a incidência de tributação sobre valores arrecadados em virtude de atividade ilícita. (artigo 118 do CTN). Obs.: O Min. Marco Aurélio defendeu a tese de que o recolhimento de tributo pressupõe atividade legítima. Questão prática: imaginemos que Caio e Tício traficam drogas. Caio traz consigo e vende. Tício vigia. João e Antônio, policiais, se passam por consumidores e prendem caio durante a venda. Caio delata Tício, também preso. - Está certo dizer que Caio e Tício vendiam droga? Não! A venda, como foi provocada pelos policiais, tornou-se crime impossível e por isso ninguém pode ser por ela denunciada. - Tício também não trazia droga consigo e assim não praticou o verbo nuclear “trazer consigo“. O certo é que Caio, agindo em conluio com Tício, trazia consigo. Tício concorreu de qualquer modo. 4. Artigo 33, §1º da lei 11.343/06 4.1 Inciso I Artigo 33, caput Artigo 33, §1º, I Tem como objeto material ‘drogas’. Tem como objeto material ‘matéria prima’, ‘insumo’ ou ‘produto destinado à preparação da droga’. Atenção! Compreende não só as substâncias destinadas exclusivamente à preparação da droga (éter sulfúrico e acetona, por exemplo). 15 De acordo com a maioria, este crime também depende de exame pericial. PERGUNTA-SE: Esta matéria prima já tem que possuir o efeito farmacológico? De acordo com Vicente Grecco Filho, não há necessidade de que as matérias primas tenham os efeitos farmacológicos das drogas a serem produzidas. Prevalece ser dispensável a vontade de querer empregar a matéria prima na produção de drogas, bastando conhecimento de sua capacidade para tanto. 4.2 Inciso II Artigo 33, §1º inciso I Artigo 33, §1º inciso II Tem como objeto material ‘matéria prima’, ‘insumo’ ou ‘produto destinado à preparação da droga’. Tem como objeto material ‘sementes ou plantas’ que se constituam matéria prima. A relação desde inciso com o inciso I é de especialidade. Ele tratou de forma separada uma matéria prima especial, ficando para o inciso I as outras matérias primas que não constituam sementes. É dispensável a planta apresentar o princípio ativo. PERGUNTA-SE: Qual o crime caracteriza o plantio para uso próprio? Lei 6.368/76 Lei 11.343/06 1ª corrente: responde por tráfico. A lei na época não diferenciava se o plantar era para uso próprio ou não. 2ª corrente: porte para uso. Analogia in bonam partem. 3ª corrente: não pode ser tráfico porque não tem finalidade de comércio. E não pode ser porte para uso. Então deve ser considerado com fato atípico. Hoje pode configurar o artigo 33, §1º, II ou o artigo 28, §1º (desde que seja pequena quantidade para uso próprio – se for média ou grande quantidade, ainda que para uso próprio, a hipótese é de tráfico – artigo 33, §1º II). Atenção para o artigo 32, §4º da Lei 11.343/06. Há a previsão da expropriação sanção – artigo 243 da CF. De acordo com o STF, a expropriação de gleba a que se refere o artigo 243 da CF há de abranger toda a propriedade e não apenas a área efetivamente cultivada. Atenção! Esta questão, hoje, é objeto de repercussão geral no Supremo. Mas e se se tratar de um bem de família? Expropriação sanção X bem de família De acordo com a maioria, é legítima a expropriação sanção de bem considerado de família pertencente ao traficante, punição compatível com as exceções previstas na lei 8.009/90 (ninguém pode se valer de garantias constitucionais para a prática de crimes). 4.3 Inciso III 16 Cuidado! Não caracteriza o artigo 33, §1º, III, consentir que outrem se utilize do imóvel para o uso de drogas. (nesse caso, responderá pelo artigo 33, §2º) Este inciso dispensa a finalidade de lucro. 5. Artigo 33, §2º da Lei 11.343/06 5.1 Sujeito ativo Qualquer pessoa. Trata-se de um crime comum. 5.2 Sujeito passivo A sociedade, bem como a pessoa induzida, instigada ou auxiliada. 5.3 Conduta criminosa Induzir – fazer nascer a ideia. Instigar – reforçar ideia já existente. Auxiliar - prestar assistência material. Atenção! O incentivo genérico, dirigido à pessoas incertas e indeterminadas não caracteriza o crime do artigo 33, §2º, da lei 11.343/06, mas pode, conforme o caso, configurar apologia ao crime. A marcha da maconha tem o objetivo de sensibilizar o legislador para descriminalizar o uso de drogas. Não se trata de uma apologia ao crime. Por isso a marcha da maconha não pode ser considerada como crime. 5.4 Consumação Momento consumativo: 1ª corrente: trata-se de crime material, consumando-se quando a pessoa incentivada faz uso efetivo da droga. Entendimento adotado por Vicente Grecco Filho. 2ª corrente: trata-se de crime forma, bastando o incentivo, dispensando efetivo uso. Corrente adotada por LFG. 7. Artigo 33, §4º da Lei 11.343/06 Traz uma hipótese de diminuição de pena e por isso já foi etiquetado pela doutrina de tráfico privilegiado. Este parágrafo somente incide na figura prevista no caput e na prevista no §1º. § 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012) 7.1 Requisitos: Agentes primários; de bons antecedentes; não se dedique às atividades criminosas; nem integre organização criminosa. TRATA-SE DE REQUISITOS CUMULATIVOS. Por isso, na falta de um, o privilégio não poderá ser aplicado. Assim, por exemplo, se o agente foi denunciado e 17 condenado também pela prática do delito de associação para o tráfico, ele já não mais fará jus à concessão do privilégio. Obs.: Prevalece que, se preenchidos os requisitos para a aplicação do parágrafo 4º, o juiz não poderá deixar de aplicá-lo. Trata-se de um poder dever. 7.2 Quantum da diminuição De 1/6 a 2/3. A doutrina sugere que a redução considere a quantidade e o tipo de droga. Quanto mais droga e mais potente o psicotrópico, menor deverá ser a redução. Obs.: A segunda Turma do STF, no HC 107.857 do DF (23 de agosto de 2011), reafirmou orientação no sentido de que a quantidade de substância ilegal apreendida deve ser sopesada na primeira fase da individualização da pena, nos termos do artigo 42 da lei de drogas, sendo impróprio invocá-la por ocasião do fato de redução previsto no artigo 33, §4º, sob pena de bis in idem. Seguindo este entendimento do Supremo, ao juiz somente será permitida a consideração da quantidade de droga. Obs.: A vedação da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos foi julgada inconstitucional pelo STF. HC 97.256. Lei 6.368/76 Lei 11.343/06 Traficante primário + bons antecedentes... Traficante primário + portador de bons antecedentes... Artigo 12 Pena de 3 a 15 anos Circunstâncias judiciais favoráveis Em regra o agente sofreria uma pena de 03 anos. Artigo 33 Pena de 05 a 15 anos Porém, o fato de ser primário e portador de bons antecedentes lhe dá direito a uma diminuição que pode variar de 1/6a 2/3. Ou seja, ela pode ficar até um 1 ano e 8 meses. Vemos então que a lei é mais favorável. Mas será que esta diminuição de pena é retroativa? Ela pode ser aplicada para fatos pretéritos? 1ª corrente: o privilégio deve retroagir para alcançar os fatos pretéritos, observando, contudo, pena mínima de 1 ano e 8 meses. STJ 2ª corrente: o privilégio deve retroagir para alcançar os fatos pretéritos, dispensado saldo mínimo. STJ 18 3ª corrente: o privilégio não pode retroagir para alcançar fatos pretéritos, pois esta operação significaria combinação de leis, vedada de acordo com a maioria. ESTA É A CORRENTE QUE PREVALECE NO STF. Obs.: O tráfico privilegiado continua equiparado à hediondo, devendo o magistrado fixar regime inicial fechado para o cumprimento da pena. 8. Artigo 34 da Lei 11.343/06 Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Elemento normativo Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa. O artigo 33 pune o tráfico de drogas ou de matéria prima. Já o artigo 34 pune o tráfico de maquinários/aparelhos/instrumentos/ou qualquer objeto destinado à fabricação da droga. Vemos que do artigo 33 para o artigo 34 muda-se o objeto material. O artigo 34 é considerado pela doutrina como subsidiário, ou seja, praticando o agente, no mesmo contexto fático, tráfico de drogas e de maquinário, deve responder somente pelo artigo 33, ficando o artigo 34 absorvido. Portanto, por exemplo, se o agente é pego com grande quantidade de maconha que era destinada à venda e também com maquinário para fabricação de cocaína, aí não há relação de antefacto impunível e o agente poderá responder por ambos os crimes. Não existem aparelhos de destinação exclusiva a essa finalidade. Qualquer instrumento ordinariamente usado em laboratório químico pode vir a ser utilizado na produção de drogas. Cuidado! Lâmina de barbear não se destina à fabricação de drogas, mas sim separar droga pronta para o uso, não configurando o artigo 34 da Lei. O crime estudado é punido a título de dolo. 8.1 Consumação Consuma-se com a prática de qualquer um dos núcleos do tipo, independente da efetiva produção da droga. Cuidado! Algumas modalidades são permanentes. Por ex.: Transportar, possuir, guardar. De acordo com a maioria, admite tentativa. 8.2 Agente primário e portador de bons antecedentes e etc. Artigo 33 Artigo 34 § 4º Redução de pena que variará de 1/6 a 2/3. Pena de 05 a 15 anos. Se a pena mínima for reduzida no seu máximo, poderá a pena ficar em 1 ano e 08 Não há previsão de redução de pena, logo: Pena: 03 a 10 anos 19 meses. O curioso é que a conduta de traficar, que é certamente mais grave do que a de ter maquinário para produção de droga, pode chegar a uma pena mais baixa do que a do delito do artigo 34. Sendo assim, há doutrina que entende ser possível a aplicação do §4º do artigo 33 ao artigo 34 numa verdadeira analogia in bonam partem. 9. Artigo 35 da Lei 11.343/06 Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei. Trata-se da associação criminosa, que no CP corresponde à quadrilha ou bando. A Lei nº 12.850/13 modificou o art. 288 do Código Penal em alguns aspectos. Inicialmente, o nomen iuris passou de quadrilha ou bando para associação criminosa. Além disso, alterou-se o número mínimo de agentes que devem se associar para caracterizar o crime, isso para diferenciá-lo da organização criminosa, agora definida e tipificada nos artigos 1º e 2º da Lei nº 12.850/13, e que exige o número mínimo de quatro agentes. Houve, também, mudança no parágrafo único, que antes dobrava a pena do crime quando sua prática envolvia agentes armados. Atualmente, a associação criminosa terá a pena aumentada até a metade se os agentes estiverem armados ou se houver a participação de criança ou adolescente. 20 O crime se configura pela associação de duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 da lei em comento. Nas mesmas penas incorre quem se associa para a prática reiterada do crime de financiamento ao tráfico. OBJETO JURÍDICO: A objetividade jurídica da associação criminosa é a saúde pública. SUJEITO ATIVO: Crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. SUJEITO PASSIVO: Coletividade. CONSUMAÇÃO: Trata-se de crime formal, hipótese em que momento consumativo dá-se com a formação da associação para o fim de cometer tráfico, independentemente da eventual prática dos crimes pretendidos pelo bando, exigindo-se, contudo, que a associação seja estável e permanente. CONCURSO DE CRIMES: Importante destacar que, se além da associação criminosa, vierem a ser praticados quaisquer desses crimes, haverá concurso material de delitos. ATENÇÃO: No que tange à associação para financiamento do tráfico, somente se admite a tipificação se a prática for reiterada, o que não se exige para os demais delitos previstos no art. 35 da L. 11.343/06. IMPORTANTE: O crime de associação para o tráfico não é equiparado a hediondo, uma vez que não está expressamente previsto no rol do artigo 2º da Lei 8.072/90” (STJ, HC 123.945/RJ,). Esta interpretação, aliás, sempre prevaleceu, inclusive no STF, mesmo antes da atual Lei de Drogas (STF, HC 79.998-1-RJ e HC 115724 RJ)”. Por fim, destaque-se que a doutrina afirma que inimputáveis podem ser computados para o fim de caracterizar o quantitativo exigido pela norma, desde que haja discernimento em relação às condutas desenvolvidas. Por exemplo, uma criança de 3 anos não entra no quantitativo. 10. Artigo 36 da lei 11.343/06 Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa. 10.1 Sujeito ativo: Crime comum – qualquer pessoa. Cuidado!!! Se associada de forma estável e permanente com outra, além do artigo 36, pratica o artigo 35, parágrafo único. 10.2 Sujeito passivo: Estado + Coletividade. 10.3 Conduta Pune: a. financiar: Sustentar os gastos. b. custear: prover as despesas. Importante: é imprescindível a relevância do sustento. 21 10.4 Tipo subjetivo: Este crime é punido somente a título de dolo. 10.5 Consumação: O delito se consuma com o abastecimento do tráfico. Ex.: entrega de dinheiro, de bens e etc. PERGUNTA-SE: Exige habitualidade? De acordo com a maioria, dispensa habitualidade. Guilherme de Souza Nucci. Para Rogério Sanches, que capitania corrente minoritária, o delito é sim habitual (a caracterização do delito depende de reiteração de atos). Seus fundamentos são: 1º) O sentido dos núcleos do tipo (você quando financia alguma coisa ou custeia alguma coisa, você não faz através de apenas um ato, mas sim por meio de uma reiteração). 2º) Artigo 40, inciso VII,da Lei 11.343/06. Artigo 36 Artigo 40, inciso VII Financiamento habitual Financiamento ocasional 3º) O terceiro argumento compara o artigo 35, caput, com o artigo 35, parágrafo único. Artigo 35, caput Artigo 35, parágrafo único “Reiteradamente ou não”. (artigo 33 e artigo 34) fala em reiteradamente ou não porque estes crimes dispensam a reiteração. “Reiterada” (Artigo 36) Exige reiteração. 11. Artigo 37 da Lei 11.343/06 Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. Este artigo está punindo o informante ocasional. 11.1 Sujeito Ativo Trata-se de um crime comum. Atenção! Se o colaborador for funcionário público, prevalecendo-se da sua função, incide o aumento do artigo 40, inciso II. 11.2 Sujeito Passivo É a coletividade. 11.3 Conduta 22 Colaborar como informante. Obs.¹: Se a colaboração for financeira, pode caracterizar o artigo 36 da Lei. Obs.²: Apesar de não expresso no dispositivo, a conduta do informante colaborador necessariamente precisa ser eventual. (Se sua missão é alertar associação, na verdade trata-se de mais um associado – que também responde pelo artigo 35). 11.4 Tipo subjetivo: Dolo. 11.5 Consumação: Consuma-se com a prática de qualquer ato indicativo da colaboração. A tentativa é admitida na forma escrita – carta interceptada. 12. Artigo 38 da Lei 11.343/06 Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa. Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o agente. Obs.¹: Trata-se do único delito culposo previsto na lei de drogas. Obs.²: É infração de menor potencial ofensivo – admite transação penal e suspensão condicional do processo. 12.1 Sujeito ativo Lei 6.368/76 Lei 11.343/06 Médico, dentista, farmacêutico ou profissional de enfermagem. Obs.: Não abrangia veterinário. Vez que, segundo Greco, veterinário não deve prescrever drogas para seres humanos. Não fala mais em médico, dentista... Conclusão: Somente profissionais autorizados à prescrever ou ministrar drogas. De acordo com Vicente Greco Filho, o atual texto ampliou o tipo, abrangendo, agora, veterinário ou nutricionista. Rogério Sanches continua entendendo que o veterinário não está incluído. 12.2 Sujeito Passivo: Coletividade é o sujeito passivo primário. Sujeito passivo secundário é a pessoa que eventualmente recebe a dose irregular. 12.3 Conduta: Negligência profissional seja na prescrição de drogas (receitar drogas), seja na aplicação da droga (ministrar droga). Formas de Negligência: 1ª) Prescrever ou ministrar drogas sem que delas necessite o paciente. 2ª) Fazê-lo em doses excessivas (a droga certa na dose errada). 3ª) Fazê-lo em desacordo com determinação legal ou regulamentar (ex.: Droga errada) 23 12.4 Tipo subjetivo: Culpa “É doloso o procedimento do médico que, conhecendo a qualidade da droga, a fornece, gratuitamente, a menor, que não era seu cliente e sem receituário”. 12.5 Consumação Prescrever Ministrar Consuma-se com a entrega da receita, dispensando o efetivo uso da droga prescrita. Estamos diante de um crime culposo excepcionalmente não material. Consuma-se no momento da aplicação. Obs.: Se o paciente sofre dano à vida ou saúde, há concurso formal de crimes. 13. Artigo 39 da Lei 11.343/06 Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa. Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. 13.1 Sujeito ativo Trata-se de crime comum – isto é, qualquer pessoa. 13.2 Sujeito passivo Temos um sujeito passivo imediato e um sujeito passivo mediato. - O sujeito passivo imediato é a coletividade. - O sujeito passivo mediato é o eventual indivíduo colocado em perigo. 13.3 Conduta Conduzir embarcação ou aeronave, sob influência de drogas. Obs.¹: Não abrange veículo automotor. Artigo 306 do CTB. Obs.²: É imprescindível que o agente esteja sob o efeito da droga. O uso pretérito é insuficiente. Obs.: De acordo com a maioria, é indispensável a diminuição do nível de segurança. Não havendo perigo, caracteriza mera infração administrativa. 13.4 Tipo subjetivo 24 Dolo de perigo. 13.5 Consumação Consuma-se no momento em que o agente dirige o veículo de forma anormal, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem. De acordo com a doutrina, não admite tentativa, já que se trata de crime unissubsistente – a execução não pode ser fracionada em vários atos. O parágrafo único traz uma qualificadora. Para que ela incida, pelo menos um passageiro tem que estar sofrendo risco de dano. É assim que pensa a maioria. 14. Artigo 40 da Lei 11.343/06 Majorantes de pena Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: Obs.: Não alcança os crimes definidos nos artigos 38 e 39 da lei. I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; Trata-se de hipótese de trafica transnacional. Além das nossas fronteiras. Importação e exportação de drogas. Obs.¹: Dispensa habitualidade ou finalidade de lucro. Obs.²: Basta a intenção de importar ou exportar a droga. Quer dizer, não precisa que o agente ultrapasse as fronteiras do território, bastando o fim de. É suficiente a prova de que a droga tem este destino. Obs.³: Competência da justiça federal. Sem delegação. II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública (ainda que não ligada à prevenção ou repressão do tráfico) ou no desempenho de missão de educação (professores vendendo drogas para alunos), poder familiar (ex.: pais com relação aos filhos), guarda ou vigilância das drogas (ex.: quem toma conta de depósitos em hospital etc.); III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos; O agente tem que saber que está nas dependências ou imediações destes locais, sob pena de responsabilidade objetiva. “Imediações”: Abrangem a área em que poderia facilmente o traficante atingir o ponto especialmente protegido, com alguns passos, em alguns segundos, ou em local de passagem obrigatória ou normal das pessoas que saem do estabelecimentoao a ele se dirigem. 25 Estes locais estão aqui elencados em rol taxativo. IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; Ex.:Toques de recolher nos morros fluminenses. V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal; Obs.¹: Traz o chamado tráfico interestadual. Obs.²: A posição atual do STJ (seguindo o STF) entende que para incidir esta causa de aumento não é necessária a efetiva transposição da fronteira interestadual. Basta a evidência de que a droga tinha como destino outro estado. Obs.³: Competência da justiça estadual, ainda que a investigação tenha sido presidida pela polícia federal. VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. 15. Artigo 44 da Lei 11.343/06 Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico. PERGUNTA-SE: Quais os crimes da lei 11.343/06 que são considerados como equiparados a hediondos? Insuscetíveis: anistia + graça + indulto / fiança / regime inicial fechado / progressão diferenciada. 1ª corrente: Para Vicente Greco Filho, todos os crimes referidos no artigo 44 da lei de drogas são equiparados a hediondo. Para ele o artigo 33, caput, §1º, 34 a 37 são equiparados a hediondos. 2ª corrente: Somente os crimes dos artigos 33, caput, §1º, 34 e 36 são equiparados a hediondos. O artigo 35 e o artigo 37 não são. ESTA É A CORRENTE QUE PREVALECE. Vejamos o seguinte quadro: Crimes equiparados a hediondos Crimes não equiparados a hediondos 33, caput, §1º, 34 e 36. 35 e 37 Insuscetíveis de: a) Fiança b) Sursis c) Anistia/graça/indulto d) Liberdade provisória e) Restritiva de direitos f) Regime inicial fechado previsão da g) Progressão diferenciada lei 8.072 Insuscetíveis de: a) Fiança b) Sursis c) Anistia/graça/indulto d) Liberdade provisória e) Restritiva de direitos 26 A maioria destes institutos já foi comentada quando do estudo da lei dos crimes hediondos. - Restritiva de direitos: O STF, no HC 97.256, decidiu que esta vedação é inconstitucional. O Supremo vislumbrou um abuso do poder de legislar por parte do congresso que, na verdade, culmina por substituir-se ao próprio magistrado no desempenho da atividade jurisdicional, conflitando materialmente com o texto da constituição. - Sursis: A 1ª Turma do STF, no HC 101.919 (06 de setembro de 2009), por maioria de votos, negou HC em que se pleiteava o sursis para condenado por crime de tráfico, fundamentando que o benefício está vedado expressamente em lei. Apesar de a lei dizer que o crime de tráfico é inafiançável, o Supremo, com base na Lei 12.403, admitiu liberdade provisória com medidas cautelares para uma traficante. ATENÇÃO – Destruição de Drogas Apreendidas (Lei 12.961/2014) – Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da data da apreensão, guardando- se amostra necessária à realização do laudo definitivo, aplicando-se, no que couber, o procedimento dos §§ 3o a 5o do art. 50. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação da prova. Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo. A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária. O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas referida no § 3o, sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia, certificando-se neste a destruição total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014).
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