Buscar

Resumo Estatuto do Desarmamento

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
ESTATUTO DO DESARMAMENTO (10.826/03) 
 
 
 
 - Bem Jurídico Tutelado 
 
Em regra, a segurança/incolumidade pública. 
 
Sujeito passivo - o Estado ou a coletividade. 
 
 - Competência 
 
O controle de armas no Brasil é feito pelo SINARM, que é uma entidade da União. 
 Logo que entrou em vigor o estatuto do desarmamento afirmava-se que todo crime 
do estatuto atingia interesse da união e por isso a competência deveria ser da Justiça 
Federal. 
 Ao analisar a situação, o STJ firmou entendimento de que a regra é que a 
competência é da justiça estadual, salvo se o delito atingir interesse direto da União. 
Segundo o STJ, o que fixa a competência é o bem jurídico tutelado, que neste caso é a 
incolumidade pública pertencente à coletividade e não à união. Por isso, a competência é da 
justiça estadual. A EXCEÇÃO é o caso de tráfico internacional de armas, que é de 
competência genuína da justiça federal. 
 
PERGUNTA-SE: Porte ilegal de arma praticado por militar em área militar é de competência 
de quem? Da justiça comum, estadual ou federal, já que o porte ilegal de arma não é crime 
militar. STJ, CC 112.314. 
 
Obs.: Competência para estabelecer em qual unidade do exército a arma apreendida em 
processo será entregue. -> O STJ decidiu, em vários conflitos de atribuições, que cabe ao 
comando do exército definir quais unidades recebem as armas, mas cabe ao juiz do 
processo decidir para qual destas unidades a arma será encaminhada. CAt 195/BA 
 
 
 - Objeto jurídico 
 
Entendimento do STJ e do STF: 
 Objeto jurídico imediato/principal -> incolumidade pública. 
 Objeto jurídico mediato/secundário -> segurança individual; patrimônio, vida, 
liberdade e etc. 
 
 
STF, HC 96.072 e STJ, HC 156.736. 
 
 • Artigo 12 
 
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido 
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, 
acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, no interior de sua 
residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de 
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do 
estabelecimento ou empresa: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
2 
 
 
 Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. 
 Sujeito passivo: coletividade. É um crime vago – não existe vítima determinada. 
 
 Conduta: possuir e manter sobre a guarda. Significa ter a pronta disponibilidade da 
arma, ainda que ela não esteja junto ao corpo (ela pode estar guardada na gaveta, por 
exemplo). 
 Objeto material: arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido. 
Obs.: Acessório de arma: “artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do 
desempenho do atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do 
aspecto visual da arma”. Conceito presente no artigo 3º, II do DEC 3665 de 2000. Ex.: 
Silenciador, mira a laser. Mas o coldre não é acessório de arma de fogo no sentido técnico 
da palavra. Partes da arma também não podem ser considerados como acessórios da arma. 
 
 Elemento normativo do tipo: está na expressão “em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar”. Então, a posse legal é fato atípico. 
 
Posse Legal Posse Ilegal 
É a posse com registro expedido pela polícia 
federal, após autorização do SINARM (artigo 
5º). 
Obviamente é fato atípico. 
É crime. 
De 23 de dezembro de 2003 até 31 de 
dezembro de 2009, sucessivas normas 
concederam prazo para a regularização da 
posse de arma de fogo no Brasil. Neste 
período a posse ilegal não configurou crime. 
Ocorreu neste período o que é denominado 
pelo STJ e STF de Abolitio criminis 
temporalis ou atipicidade momentânea ou 
vacatio legis temporária. 
O STJ pacificou entendimento de que este 
período deve ser dividido em dois 
subperíodos: do dia 23/12/03 ao dia 
23/10/05 a abolitio valeu tanto para armas 
permitidas quanto para armas proibidas. 
Do dia 24/10/05 ao dia 31/12/09 a abolitio 
somente valeu para arma permitida. Isto 
porque a norma que prorrogou o prazo no 
dia 24/10/05 somente se referiu às armas 
permitidas. 
 
À partir de 1º de janeiro de 2010 a posse 
ilegal de arma de fogo de uso permitido e de 
uso proibido configura crime, MAS a entrega 
espontânea é causa extintiva de 
punibilidade. Artigo 32 da 10.826. 
 
PERGUNTA-SE: Esta abolitio criminis 
temporária aplica-se à arma raspada? 
Para o STJ a arma raspara equipara-se à 
arma proibida porque não pode ser 
levada a registro. Sendo assim, aplica-se 
a ela o mesmo raciocínio da arma 
proibido – quer dizer, no primeiro 
subperíodo, abolitio criminis; no segundo 
não. 
 
3 
 
Obs.: A abolitio criminis não se aplica ao 
porte, mas tão somente à posse. 
 
 Elemento espacial do tipo penal: está na expressão “no interior de sua residência 
ou dependência...”. Por este elemento espacial se consegue distinguir a posse do porte. 
 
Posse Porte 
Ocorre na residência do infrator ou 
dependência desta, ou ainda no local de 
trabalho do infrator, desde que ele seja o 
proprietário ou responsável legal pelo local. 
Em qualquer outro local. 
 
Ex.: O dono e o garçom de um restaurante possuem uma arma escondida na gaveta -> o 
dono pratica posse e o garçom porte. 
 
 
 • Artigo 13 
 
Omissão de cautela 
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para 
impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora 
de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja 
sob sua posse ou que seja de sua propriedade: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. 
 
 Sujeito ativo: somente pode ser o possuidor ou proprietário da arma. Trata-se de 
um crime próprio, já que exige condição especial do sujeito ativo. 
 Sujeito passivo: além da coletividade, o menor de 18 anos e o doente mental. 
 
Obs.: Há o crime mesmo que o menor tenha adquirido a capacidade civil plena. O que 
importa para o tipo é a idade biológica. 
Obs.: Não é necessária nenhuma relação de parentesco entre o sujeito ativo e o sujeito 
passivo. 
Obs.: O tipo penal somente tutela o doente mental e não tutela o deficiente físico. Ora, o que 
o tipo penal quer é impedir que a arma fique perto de pessoa que não tenha capacidade 
mental de manuseá-la. 
 
 Tipo objetivo: “deixar de observar as cautelas necessárias” -> é quebra do dever de 
cuidado objetivo. Trata-se de crime culposo. Crime omissivo puro/próprio, já que o verbo do 
tipo penal é uma omissão. 
 
 Objeto material: arma de fogo de uso permitido ou de uso proibido, já que o tipo 
penal não especifica o tipo de arma. 
 
 O tipo penal não prevê como objeto material acessórios e munição. 
 
 Consumação e tentativa: Diz a doutrina que a consumação se dá com o 
apoderamento da arma pelo menor ou pelo doente mental. 
Para Capez este delito é material, já que o resultado naturalístico é o próprio 
apoderamento da arma pela vítima. 
 Nucci, por seu turno, afirma que trata-se de crime formal (ou de consumação 
antecipada), vez que o apoderamento não seria o resultado naturalístico, mas sim a morte 
ou a ofensa a integridade física da vítima, resultados estes que não precisam acontecer 
para o crime estar consumado. 
 
4 
 
 A tentativa NÃO é possível, considerando que se trata de delito culposo e omisso 
puro/próprio. 
 
 
 Parágrafo único do artigo 13 
 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou 
diretor responsável de empresa de segurança e transporte de 
valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de 
comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras 
formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que 
estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas 
depois de ocorrido o fato. 
 
 Sujeito ativo: é o proprietário ou direto responsável de empresa de segurança e 
transporte de valores. 
Atenção! Se o segurançadeixa de comunicar o extravio ele não comete o crime. 
 Trata-se de crime próprio que exige condição especial do agente. 
 
 Sujeito passivo: a coletividade e o estado, que fica prejudicado no controle de 
armas. 
 
 Conduta: o tipo penal prevê duas condutas: 
a. Deixar de registrar ocorrência policial, e; 
b. Deixar de comunicar à PF sobre furto roubo ou qualquer forma de 
extravio. 
 
PERGUNTA-SE: Se o diretor da empresa fizer o BO, mas não comunicar à PF, ou vice-
versa, ele comete o crime? 
 1ª corrente: Sim. Isto porque o tipo penal impõe duplo dever de comunicação. 
O que significa dizer que a falta de uma das comunicações já é suficiente para configurar o 
crime. 
ESTA PRIMEIRA CORRENTE É ADOTADA PELA DOUTRINA MAJORITÁRIA. 
 2ª corrente: Não. Já que o Estatuto do Desarmamento prevê que é dever do 
estado manter um cadastro único de armas no Brasil. Portanto, a comunicação a um só dos 
órgãos já seria suficiente para afastar o crime. 
ESTA CORRENTE PODE ATÉ SER AVENTADA EM PROVAS DE DEFENSORIAS 
 
 
 Elemento subjetivo: trata-se de crime doloso. Ou seja, se a omissão for culposa o 
fato será atípico. 
 Para a doutrina, o caput é culposo, mas o parágrafo único é doloso. 
 
 Consumação e tentativa: a consumação se dá somente após 24horas do fato. 
Trata-se de um crime à prazo. Leia-se, conforme explicado pela doutrina, 24horas depois da 
ciência, pelo responsável, do fato, sob pena de responsabilidade penal objetiva. 
 
 A tentativa não é possível. Vez que se trata de crime omissivo puro/próprio. A 
consumação não admite fracionamento. 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 Artigo 14 
 
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido 
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em 
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, 
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar 
arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem 
autorização e em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, 
salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do 
agente. (Vide Adin 3.112-1) 
 
 Trata-se de crime de conduta múltipla ou variada. Tipo misto alternativo. A prática de 
várias condutas no mesmo contexto fático é crime único, por aplicação do PRINCÍPIO DA 
ALTERNATIVIDADE. 
 
 No mais, aplica-se o que já se disse quando ao crime de posse, com a diferença de 
que o tipo agora se refere à conduta de portar. 
 
 
 Questões controvertidas (que envolvem tanto a posse quanto o porte) 
 
 
1ª. Exame pericial: ele é ou não necessário para a configuração dos delitos? Se a arma foi 
apreendida, o exame pericial é imprescindível para a comprovação do crime. Contudo, se a 
arma não foi apreendida a falta do exame pericial pode ser suprida por outras provas. Este é 
o entendimento já pacífico no STJ e no STF. 
STF, HC 100.008; HC 175.778 (envolve roubo com emprego de arma). 
 
Obs.: A 5ª turma do STJ entende que o exame pericial é sempre desnecessário, mesmo que 
a arma tenha sido apreendida, já que se trata de crime de perigo abstrato. 
 
2ª. Arma desmuniciada: o que prevalece no STJ e no STF é de que é crime, já que se trata 
de infração de perigo abstrato ou presumido. Se a arma está desmuniciada ela não está 
gerando um perigo real naquele momento. Mas ela não precisa gerar este perigo já que ela 
é crime de perigo abstrato. STJ, HC 178.320 28/02/12. 
 Existe entendimento minoritário no STJ de que, se a arma está desmuniciada 
e sem condições de pronto municiamento, não é crime. Entendimento da 6ª Turma. 
 
3ª. Munição desarmada: é crime? É crime pelo mesmo raciocínio. É delito de perigo 
abstrato. STJ, HC 222.758 - 20/03/12. 
 No STF está se discutindo se somente munição, desarmada, é crime. STF, 
HC 90.075. Ler informativo 583 – voto do Min. Peluso – para entendermos o posicionamento 
de que não é crime. 
 
4ª. Arma quebrada é crime? A doutrina diz que, se a arma é absolutamente inapta para 
efetuar disparos, trata-se de crime impossível, por absoluta impropriedade do objeto. 
 Mas se a arma é relativamente inapta, aí há o crime. 
 
5ª. Princípio da insignificância na posse ou porte de munição. STJ e STF não admitem 
princípio da insignificância. STF, HC 97.777. STJ, HC 45.099. 
 Não admitem sob o argumento de que o bem jurídico tutelado é a segurança 
pública, que não é passível de mensuração. 
6 
 
 
Obs.: recentemente a 6ª Turma aplicou o princípio da insignificância no caso de uma 
munição. É a primeira decisão em que o STJ reconheceu o princípio da insignificância no 
caso de porte de munição. 
 
6ª. Porte ilegal e homicídio. O homicídio absorve o porte ilegal de arma? DEPENDE. Se o 
porte ocorreu exclusivamente para a prática do homicídio, fica então absorvido. Ex.: O 
sujeito, que tem uma arma em casa com posse permitida, após brigar em um bar, retorna 
em sua residência, pega a arma e mata o desafeto: neste caso há absorção. 
 Contudo, se o porte existe independentemente do homicídio, haverá concurso 
material de crimes. Há concurso material, pois o homicídio e o poder têm objetos jurídicos 
distintos. 
 Saber se o porte foi ou não absorvido pelo homicídio é matéria de fato e por isso não 
pode ser discutido na sede de HC. 
7ª. Porte ou posse simultânea de duas ou mais armas. Prevalece que a posse ou o porte 
simultâneo de duas ou mais armas configura crime único, vez que gera uma só situação de 
perigo. O número de armas será considerado na dosimetria da pena. 
 Há uma decisão do STJ em que se decidiu que se uma arma é permitida e outra é 
proibida, trata-se de concurso de crimes – artigo 14 e artigo 16. HC, 161.876. Esta decisão 
gera o seguinte absurdo: se o sujeito tem um 38 e uma metralhadora, ele pratica dois 
crimes. Mas se ele tem 3 metralhadoras, aí ele pratica um crime só. 
 
 
 Artigo 15 
 
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar 
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em 
direção a ela, desde que essa conduta não tenha como 
finalidade a prática de outro crime: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. 
(Vide Adin 3.112-1) 
 
 São duas condutas: disparar arma de fogo ou acionar munição. 
 
 Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
 Sujeito passivo: a coletividade. 
 
 Condutas: o tipo pune o disparo e o acionamento de munição sem o disparo (o 
sujeito saca a arma, dá três disparos, mas a munição falha – a arma “picotou”). 
 
 O número de disparos será considerado na pena, não alterando o tipo penal. 
 
 “Em lugar habitado ou em suas adjacências...” é o elemento espacial do crime. O 
disparo em local ermo não configura crime. 
 
 Trata-se, segundo a doutrina, de crime de perigo abstrato. A conduta precisa ocorrer 
em local habitado ou em via pública, porém não precisa gerar uma situação de perigo real 
para ninguém. Ex.: ainda que o sujeito atire em uma casa vazia, às 4h da madrugada, ele 
cometeu o crime, mesmo que não tenha gerado perigo para ninguém. 
 
 STF, HC 96072, HC 104.206 – Para o Supremo trata-se de crime de perigo abstrato. 
 
 Elemento Subjetivo: Dolo. Significa dizer que o disparo acidental é fato atípico. 
 
7 
 
 Consumação e tentativa: a consumação se dá com o mero disparo ou 
acionamento. A tentativa é plenamente possível. 
 
 Este crime do artigo 15 é subsidiário e que somente será aplicado se o disparo não 
tiver a finalidade de outro crime. 
 Temos que diferenciar o que o Estatuto diz e o que a doutrina diz. Para o Estatuto do 
Desarmamento o artigo 15 não se aplica se o disparo teve a finalidade de outro crime (mais 
grave ou menos grave (tanto faz)). Já a doutrina afirma que o artigo 15 não se aplica se o 
disparo teve a finalidade de outro crime mais grave. Pelo princípio da consunção o crimemenos grave não pode absorver o crime mais grave. Conclusão da doutrina: se o disparo 
teve finalidade a prática de um crime menos grave ou de igual gravidade, prevalece o 
disparo ou há concurso de crime no caso de igual gravidade. O homicídio, a lesão grave, 
gravíssima e seguida de morte absorvem o disparo. Já se a intenção foi a prática de lesão 
leve, neste caso prevalece o delito de disparo. A lesão leve não pode absorver o disparo, já 
que é crime menos grave. 
 
 
 Artigo 132 do CP e artigo 15 do ED- Se a finalidade do disparo foi expor a perigo a 
vida de alguém, prevalece o disparo, já que é crime mais grave. Ambos os crimes são 
subsidiários, mas prevalece o de disparo que é crime mais grave. 
 
 Artigo 16 
 
Art. 16, Lei n° 10.826/03. “Possuir, deter, portar, adquirir, 
fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda 
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob 
sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de 
uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.” 
 
 Aplica-se tudo que foi dito nos crimes de posse e de porte de arma de uso 
permitido (arts. 12 e 14), somente com diferença quanto ao objeto material: arma de fogo, 
acessório ou munição de uso proibido ou restrito. 
 Segundo a doutrina: 
Arma proibida - é aquela que em nenhuma hipótese pode ser objeto de porte. Ex.: canhão. 
Arma restrita - é aquela cujo porte é limitado a algumas pessoas e/ou instituições. Ex.: 
pistola calibre .45. 
 Apesar dessa diferença, o art. 3°, LXX do Dec. 3665/00 define arma proibida da 
seguinte forma: arma proibida é a antiga designação que hoje é denominada arma de uso 
de restrito. Para o decreto, não existe mais arma de uso proibido. O art. 16 é norma penal 
em branco, heterogênea ou heteróloga, completada pelo decreto supracitado. 
 
 
 
 
 
ATENÇÃO: 
 
8 
 
 
 Existe doutrina minoritária afirmando que há inconstitucionalidade nessa 
equivalência de punição entre posse e porte no art. 16, pois são condutas diferentes punidas 
com a mesma pena (violação à proporcionalidade). 
- Art. 16, Parágrafo único, Lei n° 10.826/03. 
Art. 16, caput, ED Art. 16, parágrafo único, ED 
Objeto material: arma de fogo de uso 
proibido ou restrito. 
Objeto material: arma de fogo de uso 
proibido ou restrito, ou arma de fogo de uso 
permitido – o art. 16, parágrafo único é tipo 
penal autônomo e independente do caput. 
v. STJ, REsp 918.867. 
 
Art. 16, parágrafo único, Lei n° 10.826/03. “Nas mesmas penas incorre quem: 
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo 
ou artefato; 
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná‑la equivalente a arma de 
fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro 
autoridade policial, perito ou juiz; 
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização 
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; 
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca 
ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; 
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, 
munição ou explosivo a criança ou adolescente; e 
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, 
munição ou explosivo.” 
 
Inciso I: pune quem faz adulteração (de arma ou artefato). 
Inciso IV: pune quem porta, possui, adquire, transporta ou fornece a arma já adulterada 
(somente arma). 
Inciso II: modificar as características de arma de fogo, para: 
- torná‑la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito. 
Ex.: modifica o cano da arma para aumentar o calibre. É uma arma de uso permitido que 
está sendo transformada em arma de uso proibido ou restrito (mais um argumento para 
dizer que o parágrafo único é tipo penal autônomo e independente que se aplica às armas 
de uso permitido). 
- dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz. 
 Prevalece sobre o crime de fraude processual previsto no CP. Há o crime 
mesmo que não logre êxito em induzir a autoridade a erro (basta a finalidade). O tipo penal 
não menciona o MP, e se a finalidade é induzir em erro o MP, não há o crime. 
Inciso III: “possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.” 
Objeto material: não é arma, munição nem acessório. É artefato explosivo ou incendiário. 
Ex.: granada, bomba caseira. 
Inciso V: “vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, 
munição ou explosivo a criança ou adolescente.” 
Art. 242, ECA. “Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a 
criança ou adolescente arma, munição ou explosivo: 
Pena – reclusão, de três a seis anos.” 
 
 
 
 
 
9 
 
 Trata-se de conflito aparente de normas: 
 
Art. 242, ECA Art. 16, parágrafo único, V, Lei n° 
10.826/03 
Somente se aplica no caso de arma branca. No mais, se aplica o Estatuto do 
Desarmamento: arma de fogo, acessório, 
munição e explosivo. 
Foi parcialmente revogado pelo Estatuto do 
Desarmamento. 
 
 
3.7) Comércio ilegal de arma de fogo: 
Art. 17, Lei n° 10.826/03. “Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em 
depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer 
forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou 
industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
Parágrafo único. Equipara‑se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, 
qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, 
inclusive o exercido em residência.”  cláusula de equiparação. 
 
- Sujeito ativo: somente o comerciante ou industrial, legal ou ilegal (crime próprio, pois 
exige condição especial do sujeito ativo). 
- Objeto material: arma de fogo, acessório ou munição. Porém, o tipo não especifica se 
abrange os objetos de uso permitido ou proibido, ou ambos. Entende-se que abrange 
ambos, mas sendo de uso proibido, há aumento de pena: 
Art. 19, Lei n° 10.826/03. “Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da 
metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.” 
 O crime do art. 17 da Lei n° 10.826/03 não é crime habitual, mas sim instantâneo 
(uma única conduta já configura o crime). 
Ex.: dono de restaurante que comercializa arma de fogo comete o crime do art. 14 ou do art. 
16, a depender se a arma é permitida ou restrita. Para configurar o crime do art. 17, é 
preciso ser comerciante de armas. 
 
3.7) Tráfico internacional de armas de fogo: 
Art. 18, Lei n° 10.826/03. “Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território 
nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da 
autoridade competente: 
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.” 
 
 O tipo penal pune quatro condutas: 
- Importar/exportar = crime material  se consuma com a efetiva entrada ou saída do objeto 
do território brasileiro (prevalece sobre o crime de contrabando do art. 334, CP – princípio da 
especialidade). É crime comum. 
- Facilitar a entrada/saída = crime formal ou de consumação antecipada  se consuma com 
a simples facilitação, ainda que o facilitado não consiga entrar ou sair com o objeto do país. 
A tentativa só é possível na forma escrita. Prevalece sobre o crime funcional de facilitação 
de contrabando do art. 318, CP. O crimedo art. 18, Lei n° 10.826/03 não é crime funcional, 
mas sim crime comum. 
Ex.: policial federal que trabalha na alfândega facilita a entrada ou saída de armas não 
responde por facilitação de contrabando, mas sim por tráfico internacional de armas. 
- Objeto material: idem art. 17. 
 É crime de competência genuína na Justiça Federal. 
 STF e STJ já decidiram que não se aplica princípio da insignificância no tráfico 
internacional de munições (STF, HC 97.777/MS). 
10 
 
 A venda de armas configura qual crime? 
 Depende. 
- Se for uma venda praticada por não comerciante de arma = crime do art. 14 (se for arma 
permitida) ou do art. 16 (se for arma restrita). 
- Se for uma venda praticada por comerciante de armas, legal ou clandestino = art. 17, seja 
a arma permitida ou proibida. 
- Se for uma venda internacional = art. 18, seja comerciante ou não de armas, seja a arma 
permitida ou proibida. 
 
 
4) FIANÇA E LIBERDADE PROVISÓRIA: 
 
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido: 
Art. 14, parágrafo único, Lei n° 10.826/03. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo 
quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente.” 
*O STF, por maioria de votos, julgou parcialmente procedente a ADIN n° 3.112-1, para 
declarar a inconstitucionalidade deste parágrafo único (DOU de 10-5-2007). 
 
Disparo de arma de fogo: 
Art. 15, Lei n° 10.826/03. “Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou 
em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não 
tenha como finalidade a prática de outro crime: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. 
*O STF, por maioria de votos, julgou parcialmente procedente a ADIN n° 3.112-1, para 
declarar a inconstitucionalidade deste parágrafo único (DOU de 10-5-2007). 
 
Art. 21, Lei n° 10.826/03. “Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de 
liberdade provisória.” 
*O STF, por maioria de votos, julgou parcialmente procedente a ADIN n° 3.112-1, para 
declarar a inconstitucionalidade deste artigo (DOU de 10-5-2007). 
 
Conclusão: cabe fiança e liberdade provisória em qualquer crime do Estatuto do 
Desarmamento. 
 
 Os crimes dos arts. 17 e 18 (comércio ilegal e tráfico internacional) são passíveis 
de fiança, pois a partir da Lei n° 12.403/11, a pena mínima não é mais considerada para 
analisar a possibilidade de fiança.

Continue navegando