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Responsabilidade Civil Unidade 5

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RESPONSABILIDADE CIVIL
UNIDADE 5: DA RESPONSABILIDADE NA 
GUARDA DA COISA INANIMADA
O mais correto seria falar em Responsabilidade pela guarda das coisas inanimadas. Nestes 
casos, o evento deve ter ocorrido sem a participação direta do dono da coisa. Exemplos: carro mal 
estacionado em via pública sem o freio de mão, jarro que cai da sacada de um prédio, escada rolante que 
prende o pé de uma criança, cerâmica que descola da fachada de um prédio atingindo um transeunte.
Assim como ocorre na Responsabilidade pelo fato de terceiro, a responsabilidade pelo fato da 
coisa é, na verdade, uma omissão humana no seu dever de cuidado e vigilância.
Importante
A primeira vista, o dono da coisa deveria ser o responsável. Ele é o guarda 
presumido da coisa. No entanto, muitas vezes, o dono não está na posse da coisa 
no momento do dano. Assim, o guardião, aquele que tem a guarda, deve ser o 
responsável pelo fato da coisa. Mas não basta considerar quem detinha a coisa 
no momento do dano, “cumpre apurar quem tinha efetivo poder de comando ou 
direção sobre ela”. (CAVALIEIRI, 2014).
Embora a doutrina não seja uniforme neste sentido, a responsabilidade pelo fato da coisa é OBJETIVA.
Parece-nos correto concluir que, pelo Código Civil de 2002, não há mais dúvida de que a 
responsabilidade pelo fato das coisas é objetiva (...). Reforça essa conclusão a indiscutível 
opção objetivista do Código (...). Responsável é o guardião da coisa, aquele que tem o poder de 
comando ou de direção sobre ela; responsabilidade, essa, que presuntivamente cabe ao dono da 
coisa, e que só pode ser afastada mediante prova de que, no momento do fato, não mais detinha 
seu comando ou direção, quer porque a transferiu juridicamente e validamente, quer por motivo 
de força maior. (CAVALIEIRI, 2014, p. 264).
Várias situações corriqueiras devem ser analisadas, sendo importante conhecê-las:
•	 Veículo roubado ou furtado;
•	 Veículo emprestado;
•	 Veículo arrendado;
•	 Veículo vendido, mas não transferido no DETRAN;
•	 Venda simulada;
•	 Acidente em escada rolante;
•	 Acidente em elevador;
•	 Acidente imobiliário.
A Responsabilidade pela ruína de edifício é um dos casos de “fato da coisa” previsto no Código 
Civil, no Art. 937: “O dono do edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, 
se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta”.
Neste caso, o dono do edifício ou construção é o único que tem legitimidade passiva na ação de 
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reparação de danos que resultar da ruína do edifício ou construção, se esta provier de falta de reparos, 
cuja necessidade seja manifesta. No caso de condomínio, este é o responsável.
Quanto à questão da ruína, esta ocorre com o simples desprendimento de qualquer parte da 
construção ou do prédio. Contudo, a necessidade de reparo deve ser manifesta. Esta é uma lacuna que 
foi deixada pelo legislador na qual o responsável pode encontrar defesa. Assim, se o mesmo arguir que 
não existia manifestamente uma necessidade de reparo, pode se eximir da responsabilidade. Entretanto, 
esta situação é muito controversa, pois essa necessidade seria manifesta para quem? Para o leigo ou para 
o perito? Além disso, o fato de ter havido prejuízo decorrente de ruína já mostra que havia necessidade 
de reparos. Entretanto, de qualquer forma, há possibilidade de defesa.
A Responsabilidade por coisas caídas ou lançadas de prédios também tem previsão legal, no 
Art. 938: “Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele 
caírem ou forem lançadas em lugar indevido”.
Tal responsabilidade caracteriza-se por ser objetiva, visto que do mencionado artigo não emerge a 
necessidade de culpa. Quanto à palavra “prédio”, esta tanto serve para designar casa, como para designar 
edifício, ou seja, refere-se à construção de modo geral. Entretanto, quando se trata da hipótese da casa, 
é muito mais fácil determinar de onde as coisas foram lançadas. Quando se trata de edifício fica muito 
mais complicado. Nesta situação, o legislador coloca que o morador do apartamento de onde caíram as 
coisas é o responsável pelos danos causados pelas mesmas.
Na hipótese de não ser possível identificar a unidade de onde surgiu a coisa causadora do dano, 
todos os moradores, ou o condomínio, respondem.
Todavia, seria fonte de muita injustiça se se permitisse que pessoas efetivamente inocentes 
pagassem pelo prejuízo. Por isso, quando, por ausência de identificação do real responsável, todos os 
moradores tiverem que pagar pelos prejuízos de coisas que caem do prédio, admite-se que aqueles que não 
poderiam, de nenhuma forma, ter contribuído para aquele dano, possam se eximir da responsabilidade, 
posto que nunca a tiveram. Tal situação pode ser evidenciada se um dos moradores provar que não havia 
ninguém em casa no dia do evento danoso ou que, pelo local onde caiu a coisa, esta jamais poderia ter 
sido jogada de seu apartamento.
Outro tópico importante desta temática é a Responsabilidade dos depositários e encarregados 
de guarda e vigilância de carros.
O contrato de depósito é aquele em que uma pessoa recebe um objeto móvel alheio, com o dever 
de guardá-lo e restituí-lo a seu proprietário no momento acordado. Nesta modalidade de contrato exige-
se a tradição do bem, por isto tem caráter real. O depositário, ao adquirir a guarda do bem, traz para si 
um dever de vigilância e segurança, que o torna presumidamente responsável caso não devolva o objeto 
incólume e no momento designado. 
Sobre esta espécie de contrato e algumas de suas peculiaridades, Carlos Roberto Gonçalves afirma:
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Sendo um contrato de natureza real, somente se aperfeiçoa com a entrega do veículo à guarda e 
custódia do depositário. Pode, no entanto, existir obrigação de vigilância do veículo em outras 
modalidades de contrato, que poderiam ser chamados de contratos de guarda ou de vigilância ou 
simplesmente de contratos inominados, onerosos ou gratuitos, em que não ocorre a tradição e as 
chaves do veículo permanecem com o proprietário, assumindo o outro contratante a obrigação 
de vigiá-lo e de garantir sua incolumidade, contra furtos e contra colisões e danos provocados 
por terceiros. (GONÇALVES, 2003, p. 424).
É dentro desta visão ampla de contrato de depósito e, principalmente, dentro da ideia da 
expectativa de segurança e dever de cuidado, que várias situações devem ser analisadas:
•	 A responsabilidade dos donos de estacionamentos;
•	 A responsabilidade dos donos de postos de gasolina;
•	 A responsabilidade das oficinas mecânicas;
•	 A responsabilidade do condomínio;
•	 A responsabilidade dos donos de hotéis;
•	 A responsabilidade dos donos de restaurantes, supermercados e shoppings;
•	 A responsabilidade dos hospitais e das universidades;
•	 A responsabilidade na zona azul.
Em todos os casos acima citados vale considerar que se tratam de prestações de serviços 
disciplinadas pelo Código de Defesa do Consumidor – CDC, o que garante a condição de responsabilidade 
objetiva nos exatos termos do art. 14 do citado dispositivo legal. 
Nestes casos também vale lembrar que a responsabilidade dos fornecedores de serviços é fixada 
por lei, não podendo ser afastada por cláusula de não indenizar unilateralmente estabelecida. O Art. 51, 
I, do CDC considera abusiva a cláusula, que é nula de pleno direito. As excludentes de responsabilidades 
clássicas são as únicas que poderão ser alegadas.
A Responsabilidade do locador de automóvel é objetiva e tem fundamento no risco da atividade. 
Esta previsão é da Súmula 492, do STF: “A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente 
com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado”, reforçada pelos Arts. 
927 do CódigoCivil e pelo já citado Art. 14 do Código de Defesa do Consumidor.
Estude os temas aqui tratados, aprofundando-os nos livros indicados 
na Bibliografia Básica e Complementar do seu Plano de Aula e nas 
obras disponíveis na Biblioteca da UNIFOR. Lembre-se de tirar suas 
dúvidas no ambiente virtual e nas aulas presenciais. Bons estudos!

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