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DIREITO PENAL III - RESUMO I UNIDADE

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DIREITO PENAL III 
										 I Unidade
Introdução
O que é crime? 
Definições as mais diversas são possíveis, desde aquelas que privilegiam o caráter político da atividade de criminalização até as que focam no princípio da lesividade do bem jurídico. 
Formalmente ele entendido como um fato típico, antijurídico e culpável, segundo a teoria tripartite que predomina hoje na dogmática penal.
Os tipos penais, muitos dos quais objeto da disciplina, descrevem abstratamente uma conduta proibida. Neste tipo temos elementos de caráter objetivo e de caráter subjetivo. 
São elementos objetivos: a conduta, o resultado, o nexo causal, o sujeito ativo, o sujeito passivo, o objeto material e o objeto jurídico. São, enfim, elementos que se atualizam no mundo concreto. 
São de ordem subjetiva os elementos: dolo, culpa e uma especial intenção ou motivação que mova o sujeito.
Classificação dos delitos.
Quanto ao resultado: material, formal e crimes de mera conduta.
Quanto ao sujeito ativo: comum, próprio e de mão própria (não admite coautoria, somente participação).
Quanto ao elemento subjetivo: doloso e culposo.
Quanto ao número de agentes: de concurso necessário ou plurissubjetivo e unissubjetivo.
Quanto ao fracionamento das condutas: plurissubsistente e unissubsistente. 
Dos crimes contra a pessoa.
Dos crimes contra a vida
Das lesões corporais
Periclitação da vida e da saúde
Dos crimes contra a honra
Da rixa
Crimes contra a liberdade individual
Dos Crimes Contra a Pessoa
Crimes Contra a Vida (Doloso)
Homicídio - Art. 121 
O primeiro dentre os crimes dolosos contra a vida previstos do CP. Não custa lembrar que todos eles são de competência do Tribunal do Júri, em suas modalidade consumadas ou tentadas, não indo a júri, entretanto, os crimes culposos contra a vida. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa. Lembrar que o crime de genocídio, embora se concretize com a morte de várias pessoas, não é entendido como crime contra a vida, mas como um tipo cujo bem jurídico protegido é a existência de um grupo tradicional ou étnico específico. 
Objeto material: necessariamente uma pessoa.
Objeto jurídico: vida
Elementos subjetivos: dolo. Existe também a possibilidade de homicídio culposo. 
Consumação: quando a ocorrência do resultado morte (crime material). 
Espécies de homicídio
Simples (caput) – não é hediondo, ao menos que seja praticado com atividade típica de grupo de extermínio.
Privilegiado (§1°)
É, em verdade, um homicídio sobre o qual recaem causas de diminuição de pena. Hipóteses:
- relevante valor social
- relevante valor moral
- domínio de violenta emoção (difere da atenuante geral do artigo 65, III) + injusta provocação da vítima 
Obs: para se adequar a essa última hipótese, é necessário que o ação do agente se desenrole imediatamente após à injusta provocação da vítima e, ainda, que o agente esteja efetivamente dominado por essa violenta emoção. 
Qualificado (§2°) – hediondo
Cometido sob circunstâncias que integram tipo incriminador. 
É delito hediondo (art. 1°, inciso I da lei 8.072 de 1990)
Motivo: 
“I – mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe”
A recompensa pode ser econômica ou de outra natureza, consoante parte da doutrina (BITENCOURT, 2012; SANCHEZ, 2012, NUCCI, 2010). Há quem defenda que apenas a recompensa econômica qualifica o tipo. 
“II – por motivo fútil” – o motivo fútil é desproporcional, mas não é a mesma coisa que falta de motivo. O homicídio cometido sem motivo não pode ser qualificado por motivo fútil. 
 
Meio: 
“III- com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum”
Modo:
“IV – à traição,de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido”
Fins: 
“V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime”
 
Conexões teleológicas ou causas/consequencial
Culposo (§3°)
Quando resulta da inobservância de dever de cuidado, atuando o agente com imprudência, negligência ou imperícia.
No caso do homicídio culposo ocorrido no trânsito, a tipificação é específica e está prevista no art. 306 do CTB. 
Culposo majorado (§ 4°, primeira parte)
São aqueles que se aplicam a quaisquer das hipóteses previstas no art. 121, §4°, primeira parte. São elas:
Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício – nesta hipótese, o agente conhece a regra técnica, mas não a observa por negligência ou imprudência. Ex: caso de uma técnica de enfermagem que ministra um remédio na veia do paciente ao invés de ministrar soro (existe uma regra que consiste em verificar a substância, mas ela não a observa, por negligência).
Omissão de socorro à vítima
Não procura diminuir as consequências de sua ação
Foge para se furtar ao flagrante. No CTB, há hipótese de vedação ao flagrante, em caso de o agente prestar socorro à vítima. 
Doloso majorado (§4°, segunda parte)
Vítima menor de 14 anos.
Vítima maior de 60. 
Perdão judicial
Hipótese de exclusão de punibilidade em que o juiz perdoa o agente em função de os males do delito praticado culposamente o afetarem de modo tão substancial que torna inútil a punição.
A decisão pelo perdão é extintiva de punibilidade, não sobrevindo quaisquer dos efeitos da condenação. Súm. 18 do STJ: “ A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”. 
Classificação do homicídio
Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa
Material (exige resultado naturalístico – morte – sob pena de se configurar apenas a forma tentada)
Comissivo ou omissivo
Crime de dano: exige uma lesão ao bem jurídico
Instantâneo de efeito permanente (lembrar que não significa aquele praticado rapidamente, mas aquele em que, realizados os elementos, nada pode ser feito para impedir a consumação)
Plurissubsistente 
Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio - Art. 122 
 (conhecido como “participação no suicídio”)
O suicídio é fato atípico, consistindo em crime apenas a conduta de terceiro que participa de alguma forma em suicídio. 
A conduta consiste em:
- induzir: criar uma ideia da cabeça da vítima, que ainda não a cogitava. 
- Instigar: reforçar uma ideia que já existia na cabeça da vítima
- Auxiliar: ajudar materialmente, sem, conduto, chegar a praticar os atos executórios, sob pena de responder pelo delito de homicídio. (Ex: fornecer uma arma a alguém que deseja se matar - art. 122; acionar o gatilho contra a cabeça de quem pretende se matar – art. 121)
Elementos do tipo
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa, desde que tenha capacidade de autodeterminação. Se não tiver essa capacidade a vítima, o delito será o de homicídio. 
Objeto material: necessariamente uma pessoa.
Objeto jurídico: vida
Elementos subjetivos: dolo. Não existe forma culposa. 
Consumação: quando a ocorrência do resultado morte e a tentativa (apesar das discussões doutrinárias), quando resulte lesão corporal grave. Se resultar lesão leve ou se não resultar dano, o fato é atípico
A questão da tentativa
Tradicionalmente, havia um entendimento de que a morte ou a lesão corporal consistiam em condições objetivas de punibilidade e não em elemento do crime. 
Hoje, prevalece a ideia de que a morte e a lesão corporal grave são elementos do tipo, não havendo possibilidade de tentativa, pois, mesmo a lesão corporal grave seria caso de delito consumado. (Neste sentido: MAGALHÃES NORONHA, CAPEZ)
Há ainda o posicionamento isolado de Bitencourt, para quem há a tentativa no caso de o resultado ser a lesão corporal grave, consumando o tipo apenas quando ocorre a morte da vítima. 
Forma omissiva (excepcionalmente)
Admite-se a forma omissiva excepcionalmente no caso da conduta “auxiliar” e no caso
do garante (que possui o dever de evitar oresultado) que deixa de agir para evitar o resultado; 
Causas de aumento de pena
Motivos egoísticos
Vítima “menor”: de um modo geral, a doutrina entende que aquela que possui 14 anos ou mais e menos de 18. (NUCCI e BITENCOURT)
RESUMO:
-> menos de 14: homicídio
-> 14 anos ou mais e menos de 18: participação em suicídio com causa de aumento de pena
-> a partir de 18 anos: participação em suicídio.
Questões especiais
Greve de fome;
Roleta russa ou pacto de suicídio: responde por homicídio quem praticar o ato executivo contra terceiro. Ex: Manuela e Manuel “divertem-se” com a prática de roleta russa. Vejamos as hipóteses de resultado:
Cada um atira em direção à própria cabeça: havendo sobrevivente, responde pelo delito do art. 122.
Apenas um deles é responsável por acionar o gatilho (ato executório): o sobrevivente responde por homicídio (121) se for quem aciona o gatilho ou responde pelo 122, se não for o que aciona o gatilho. 
As testemunhas de Jeová. 
Classificação da “participação em suicídio”
Comum
Material (Nelson Hungria entendia que era crime formal, mas esse entendimento não mais predomina)
Comissivo e, excepcionalmente, omissivo.
Delito de dano
Instantâneo
Doloso
Plurissubsistente
De conteúdo variado (tipo misto, alternativo)
Infanticídio - Art. 123 
Trata-se da conduta da mãe que, sob a influência do estado puerperal, mata o nescente ou recém-nascido.
O que é o estado puerperal? É o estado que envolve a parturiente durante a expulsão da criança do ventre materno, que pode levá-la a sofrer um colapso moral, uma liberação de impulsos. Não é alienação completa, pois, neste caso, a conduta não seria culpável por ausência de culpabilidade.
Elementos do tipo
Sujeito ativo: somente a mãe – crime próprio.
Sujeito passivo: somente o nascente ou recém nascido. 
Objeto material: necessariamente uma pessoa.
Objeto jurídico: vida
Elementos subjetivos: dolo. Não existe forma culposa.
Elemento normativo de tempo: durante o parto ou logo após.
Elemento normativo psicológico: influência do estado puerperal. 
Consumação: Com a morte do nascente ou recém-nascido. Admissível a tentativa.
Concurso de agentes no delito de infanticídio
A maior parte da doutrina entende que o estado puerperal é uma condição pessoal que, por força do disposto no art. 30 do CP, comunica-se, permitindo, assim, a coautoria. 
Classificação do infanticídio
Próprio
Material
Comissivo e omissivo.
Delito de dano
Instantâneo
Doloso
Plurissubsistente
Aborto - Art. 124 ao Art. 128.
Questão de grande relevância atual que vem, inclusive, com disposições no projeto do novo Código Penal, onde o abortamento passa a ser conduta não criminosa, desde que praticado até a 12ª semana de gravidez.
Modalidades de abortamento
Aborto natural: ocorre de forma espontânea e não é crime.
Aborto acidental: decorre de acidentes, quedas etc. Não é crime.
Aborto criminoso 		
- Praticado pela gestante
 - Praticado por terceiro com consentimento da gestante
	- Praticado por terceiro sem consentimento da gestante (mais grave)
Art. 124: aborto praticado pela gestante ou com seu consentimento
Abortar é inviabilizar, de qualquer modo, a vida intrauterina (tomando medicamentos, agredindo o ventre etc)
Provocar aborto em si mesma (autoaborto) ou permitir que outrem lho provoque (com consentimento).
Observem que as condutas aqui são:
 AUTOABORTAR
CONSENTIR QUE OUTREM FAÇA O ABORTO
São ações personalíssimas, que só podem ser praticadas pela gestante. Desse modo o crime é de mão próprio, admitindo, tão-somente, a participação. 
Elementos do tipo do art. 124
Sujeito ativo: somente a gestante – crime de mão própria.
Sujeito passivo: feto ou o Estado, para quem não admite que o feto seja titular de direitos. 
Objeto material: necessariamente uma pessoa.
Objeto jurídico: vida.
Elementos subjetivos: dolo. Não existe forma culposa. 
Consumação: morte do feto. Admite-se tentativa
OBS: porque é crime de mão própria, o terceiro que efetua o ato executório do abortamento responde pelo artigo 126 (aborto com consentimento da gestante). 
Art. 126: Provocar aborto com consentimento da gestante
É justamente o caso do terceiro que pratica o aborto. Assim, a gestante responde pelo artigo 124 (consentir) e o autor responde pelo artigo 126 (provocar). 
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: o feto ou o Estado (para quem não admite que o feto seja titular de direitos).
Elementos subjetivos: dolo. Não existe forma culposa. 
Objeto material: o feto.
Objeto jurídico: vida
Consumação: com a morte do feto. Admite-se tentativa.
Art. 125: Provocar aborto sem o consentimento do agente.
É a forma mais gravosa, porque aqui se atinge dois sujeitos passivos: o feto e a gestante. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: o feto e a gestante
Elemento subjetivo: dolo. Não se admite a forma culposa. 
Objeto material: o feto e a gestante
Objeto jurídico: vida e a integridade física da mulher. 
Consumação: com a morte do feto. Admite-se a tentativa. 
Causas de aumento de pena (para os artigos 125 e 126)
1/3 – se houver lesão corporal grave na gestante.
Duplicadas – se houver morte da gestante
 - NOS DOIS CASOS HÁ A FIGURA DO PRETERDOLOSO.
Atenção: as causas de aumento de pena incidem se o agente não tem dolo sobre o resultado. Porém, se o agente quer (dolo direito) ou ao menos assume o risco de (dolo eventual) produzir as lesões ou a morte, o caso é de concurso formal. 
Questão discutível:
O que ocorre se, ao final da conduta, morrer a gestante, mas não morrer o feto? 
DOLO NO ABORTO + CULPA NO RESULTADO MORTE
 		 (tentado) (consumado)
Capez: responde pelo aborto majorado consumado, assim como no latrocínio.
Mirabete, Hungria: responde pelo aborto majorado tentado.
Das Lesões Corporais - Art. 129. 
Todo dano à integridade física ou à saúde (alterações fisiológicas ou perturbações psíquicas) de produzido por alguém sem que haja animus necandi (ânimo de ceifar a vida, de matar). 
Elementos do Tipo
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: qualquer pessoa (com exceção das figuras qualificadas, em que se exige uma qualidade especial da vítima: ser ascendente, descendente etc e nas lesões graves e gravíssimas que antecipam o parto ou provocam o abroto)
Objeto material: corpo
Objeto jurídico: integridade física e mental
OBS: Hoje são admitidas diversas formas de disponibilidade desse bem (piercings, tatuagens, transplante em pessoas vivas etc) – A lesão leve e culposa são de ação pública condicionada. 
Tipos de lesões corporais
Lesões leves (art. 129, caput)
Lesões graves (art. 129, § 1°)
Lesões gravíssimas (art. 129, § 2°)
Lesões seguidas de morte (art. 129, § 3°)
Lesões privilegiadas (art. 129, §§ 4° e 5°)
Lesões culposas (art. 129, §6°)
Lesões majoradas (art. 129, § 7°)
Lesões domésticas (modalidade especial de lesão leve, § 9°)
Lesões graves e gravíssimas majoradas pelo contexto doméstico (§ 10°) 
Lesões leves
É aquela definida por exclusão. Se não sobrevierem os resultados qualificadores dos parágrafos 1° , 2° e 3°, a lesão é leve. 
Não se confunde com a contravenção de ‘vias de fato’. Artigo 21 do Decreto Lei 3688 de 1941: “Praticar vias de fato contra alguém: Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, se o fato não constitui crime. Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um terço até a metade se a vítima é maior de 60(sessenta) anos”. 
Os simples eritemas e a dor não são considerados lesões leves.
Tentativa: seria possível do ponto de vista teórico, mas fica difícil de observar na prática.
Lesões graves (§1°)
I- Incapacidade para ocupações habituais por mais de 30 dias:
-> ocupações habituais: não são apenas as laborais, podendo ser tudo aquilo que fazia parte do hábito diário da vítima; é preciso que as atividades sejam lícitas. 
-> Necessidade do exame de corpo de delito complementarapós os trinta dias da data da lesão. Natureza do prazo: material, contando-se conforme o artigo 10 do CP. 
II- Perigo de vida: a vida da vítima deve ter passado por efetivo perigo. A probabilidade de morte é real. (obs: claro que se o desejo do agente era matar, mas não conseguiu, responde por homicídio tentado). 
III- Debilidade permanente de membro, sentido ou função: debilidade é a redução da capacidade funcional. Permanente é a que não desaparece com o decorrer do tempo. 
ATENÇÃO: o fato de haver tratamento reabilitador não descaracteriza a lesão grave. 
Membros: apêndices de corpo
Sentidos: funções perceptivas do mundo exterior
Função: atividade desempenhada por vários órgãos: respiratória, digestiva, circulatória, secretora, locomotora, reprodutora
Órgão: parte do corpo humano que tem determinada função
IV – Aceleração de parto:
Antecipação do nascimento. É necessário que o feto nasça com vida, pois, do contrário, responde o agente por aborto. 
É necessário ter conhecimento da gravidez. 
Lesões gravíssimas (§2°)
I- Incapacidade permanente para o trabalho
Refere-se a qualquer trabalho e não ao trabalho específico da vítima
Trabalho: atividade laboral lucrativa
É irrelevante que a vítima se apresente clinicamente curada: se a incapacidade restou comprovada, a lesão é gravíssima 
II- Enfermidade incurável: 
Doença que advém das lesões e que são consideradas no momento atual da ciência como não passíveis de cura. 
III – Perda ou inutilização de membro, sentido ou função
Perda: mutilação (violência)/amputação(cirurgia)
Inutilização: perda da capacidade funcional
Questões difíceis:
Órgãos duplos: olhos, rins, orelhas: a perda de um deles é caracterizada como debilidade permanente (lesão grave)
Perda de um dedo da mão: Damásio de Jesus também considera como debilidade permanente (lesão grave), mas a perda da mão ou do braço é considerada perda de membro.
IV- Deformidade permanente:
Precisa ser visível e expor necessariamente a vítima a uma humilhação, vexame. 
V- Aborto: o resultado aborto é culposo e a pessoa não pode ter desejado ou assumido o risco de produzi-lo. Se isso ocorre, ela responde pelo concurso entre lesão corporal e aborto. 
O agente precisa saber da gravidez. 
OBS: Jurisprudência aplicada
Perda de dentes: não é considerado como deformidade permanente (lesão gravíssima), mas pode ser o caso de debilidade permanente, desde que fiquei comprovada a perda da capacidade da função mastigatória. 
	 LESÕES GRAVES
	 LESÕES GRAVÍSSIMAS
	Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias
	Incapacidade permanente para o trabalho
	Perigo de vida
	Enfermidade incurável
	Debilidade permanente de membro, sentido ou função. (50%)
	Perda ou inutilização de membro sentido ou função
	-
	Deformidade permanente
	Aceleração do parto
	Aborto
Resumo
Lesão corporal seguida de morte (homicídio preterdoloso)
Crime preterdoloso ou preterintencional é aquele no qual há duplicidade de elemento subjetivo: dolo no resultado antecedente e culpa no resultado consequente (BRADÃO, C. Curso de direito penal. 2010, p. 132)
-> No caso, há dolo na produção da lesão corporal e culpa na produção da morte. Se houver dolo (direito ou eventual) em relação ao resultado morte, responde o agente por homicídio. 
Lesões corporais culposas
O código não traz graduação das lesões quando provocadas culposamente. Porém, é incontestável que alguns resultados culposos são mais graves que outros. Dessa forma, essa questão pode ser analisada pelo juiz quando da aplicação da pena. 
Art. 129, § 8°: hipótese de perdão judicial, assim como se dá no homicídio culposo. 
Lesões majoradas
§ 7° do CP: Aumenta-se a pena de um 1/3, se ocorrer quaisquer das hipóteses do artigo 121, § 4°. 
-> Para as lesões culposas a pena é aumentada se: 
Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício – nesta hipótese, o agente conhece a regra técnica, mas não a observa por negligência ou imprudência. Ex: caso de uma técnica de enfermagem que ministra um remédio na veia do paciente ao invés de ministrar soro (existe uma regra que consiste em verificar a substância, mas ela não a observa, por negligência).
Omissão de socorro à vítima
Não procura diminuir as consequências de sua ação
Foge para se furtar ao flagrante. 
 -> Para as lesões dolosas, a pena é aumentada:
Se a vítima é menor de 14 anos ou maior de 60. 
Lesões corporais privilegiadas
É, em verdade, uma lesão corporal sobre o qual recaem causas de diminuição de pena. Hipóteses:
- relevante valor social
- relevante valor moral
- domínio de violenta emoção (difere da atenuante geral do artigo 65, III) + injusta provocação da vítima
 
OBS: para se adequar a essa última hipótese, é necessário que o ação do agente se desenrole imediatamente após à injusta provocação da vítima e, ainda, que o agente esteja efetivamente dominado por essa violenta emoção. 
Aplicação das causas de diminuição de pena
Discussão doutrinária: essas privilegiadoras se aplicam a todos os tipos de lesões?
-> aplica-se apenas às graves/gravíssimas e seguidas de morte (Bitencourt); Mirabete/Capez (inclui as leves)
Por que há essa discussão?
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Substituição de pena no caso das lesões leves
No caso das lesões leves, o juiz pode substituir e pena de detenção pela de multa:
Se ocorrer quaisquer das causas de diminuição de pena previstas no § 4° (relevante valor social ou moral do motivo e reação imediata a injusta provocação da vítima)
Se as lesões são recíprocas 
Violência doméstica
Apesar de referir a violência, o tipo se restringe à lesão corporal.
“§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.”
LESÃO LEVE: aplica-se o § 9º
LESÃO GRAVE OU GRAVÍSSIMA: aplica-se o § 10º
Sujeito ativo e passivo: possuem relação de parentesco e/ou de coabitação. 
Sujeito passivo: no caso da primeira parte do § 9: cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão. No caso da segunda parte, qualquer pessoa, desde que haja relação de coabitação ou hospitalidade. 
LESÃO LEVE PRATICADA CONTRA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO ÂMBITO DOMÉSTICO - § 9º 
LESÃO GRAVE OU GRAVÍSSIMA CONTRA DEFICIENTE NO CONTEXTO DOMÉSTICO? 
“§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.”
Sujeito ativo e passivo: possuem relação de parentesco e/ou de coabitação. 
Sujeito passivo: no caso da primeira parte do § 9: cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão. No caso da segunda parte, qualquer pessoa, desde que haja relação de coabitação ou hospitalidade. No caso do § 11, o sujeito passivo é pessoa com deficiência. 
Decisão do STF na ADI 4424
O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente a ação diretapara, dando interpretação conforme aos artigos 12, inciso I, e 16, ambos da Lei nº 11.340/2006, assentar a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão, pouco importando a extensão desta, praticado contra a mulher no ambiente doméstico, contra o voto do Senhor Ministro Cezar Peluso (Presidente) (...).
Dos Crimes Contra a Honra - Art. 138, 139 e 140. 
Noções introdutórias
Honra subjetiva versus honra objetiva
Diferença entre calúnia, difamação e injúria:
	 Calúnia (Art.138)
	 Difamação (Art.139)
	 Injúria (Art.140)
	Imputar a alguém a prática de um fato criminoso específico que a pessoa não cometeu.
(fere-se a honra objetiva)
	Imputar a alguém a prática de um fato (não criminoso) ofensivo a sua reputação.
(fere-se a honra objetiva)
	Ofender a dignidade, o decoro de alguém com a atribuição a ela de conceitos negativos.
(fere-se a honra subjetiva)
Calúnia	
“Art. 138: Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime”.
Responde pela mesma pena aquele que propala ou divulga a calúnia. 
A conduta criminosa consiste em imputar falsamente a alguém a prática de um crime. 
 - A imputação deve ser falsa;
 - Deve ser imputação de um crime (não podendo ser de uma contravenção)
Aquele que propala ou divulga – leva ao conhecimento de outras pessoas.
Elementos do tipo de calúnia
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: qualquer pessoa que possa praticar “fato definido como crime”
A questão dos inimputáveis: 
Entende que podem ser sujeito passivo: Bitencourt, Mirabete e boa parte da doutrina contemporânea. 
A questão da pessoa jurídica: 
Hoje se admite a capacidade penal de pessoas jurídicas (CF, art. 225, § 3° e art. 173, § 5°), de modo que ela poderia figurar como sujeito passivo. Decisões em vários sentidos nos tribunais. 
OBS: Pune-se a calúnia contra os mortos (mas o suj. passivo é a família)
Objeto jurídico: a honra 
Elemento normativo: “falsamente” -> o acusado pode querer provar que o fato é verdadeiro, informando que ele ocorreu e que a pessoa imputada efetivamente é a responsável
Elemento subjetivo: dolo (intenção de caluniar)
Consumação: quando terceiro que não a vítima tomar conhecimento do fato, porque o que se protege é a honra objetiva! 
A exceção de verdade
Vimos que o acusado pode provar que o que imputa a pessoa é verdadeiro. Como faz isso? 
Um dos meios é a exceção, uma “forma de defesa indireta, pois não atacam o núcleo do caso penal” (LOPES Jr, 2012, p. 512). 
Através da exceção de verdade, o sujeito que caluniou pode provar que a pessoa realmente praticou o crime.
O elemento subjetivo do injusto: O Animus Caluniandi
Para se configurar o crime contra a honra, é necessário que haja o animus de ofender, não se punindo, conforme a doutrina, Animus jocandi, animus narrandi, animus defendendi etc.
O advogado e os crime contra a honra
ESTATUTO DA OAB: 
Art. 7° - 
§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. (Vide ADIN 1.127-8)
CF:
Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.
Não se admite a exceção de verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
(em outros termos: o ofendido foi absolvido por sentença recorrível)
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; (presidente da república e chefe de estado estrangeiro) 
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Pergunta:
Isso quer dizer que a pessoa que caluniou não pode tentar provar por outro meio que as imputações são verdadeiras?
Difamação
“Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo a sua reputação”
A conduta incriminada consiste em atribuir a alguém um fato que denigre a sua honra objetiva. O fato não é criminoso, embora possa ser uma contravenção. 
Elementos do tipo de difamação
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: qualquer pessoa. 
A questão da pessoa jurídica: 
Discussão jurisprudencial! 
“Pela lei em vigor, pessoa jurídica não pode ser sujeito passivo dos crimes contra a honra previstos no C. Penal. A própria difamação, ex vi legis (art. 139 do C. Penal), só permite como sujeito passivo a criatura humana. Inexistindo qualquer norma que permita a extensão da incriminação, nos crimes contra a pessoa (Título I do C. Penal) não se inclui a pessoa jurídica no pólo passivo e, assim, especificamente, (Cap. IV do Título I) só se protege a honra das pessoas físicas. (Precedentes). Agravo desprovido. (STJ, AgRg no Ag 672522 / PR, Des. Rel. Felix FISCHER, d. j. 04.10.05)”
OBS: A pessoa jurídica pode ser vítima de difamação, mas não de injúria e calúnia.
Objeto jurídico: honra
Elemento subjetivo: dolo (intenção de difamar)
Consumação: quando uma terceira pessoa, que não a vítima, toma conhecimento do fato, pois o delito contra a honra objetiva. 
A exceção de verdade
Na medida em que não se exige que o fato difamante seja falso ou verdadeiro, não se fala em exceção de verdade. Admite-se, entretanto, que o acusado prove a veracidade das alegações quando a vítima é um funcionário público, pois interessa à administração não apenas que o funcionário não pratique crimes, mas que atue de forma proba. 
“Art. 139. Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.”
A exceção de notoriedade na calúnia e na difamação (art. 523, CPP)
A exceção de notoriedade é a possibilidade que tem o acusado de demonstrar que o fato por ele afirmado (na calúnia ou na difamação) já era de domínio público, de modo que não haveria possibilidade de se atentar contra a honra objetiva. 
Injúria
“Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro”
Injuriar significa ofender ou insultar. É quando a pessoa é ofendida em sua honra subjetiva, maculando o seu amor-próprio. 
Elementos do tipo de injúria
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: qualquer pessoa, não se admitindo a injúria contra pessoa jurídica, afinal, esta não possui autoestima, autoapreço. 
- Inimputáveis: é preciso, no caso concreto, averiguar se a vítima possui capacidade de ter essa estima por si, de ter noção de decoro, de dignidade. 
Objeto jurídico: honra subjetiva
Elemento subjetivo: dolo (intenção de injuriar)
Consumação: quando a pessoa é atingida em sua honra subjetiva, não se exigindo que um terceiro tome conhecimento do ocorrido.
Hipóteses de perdão judicial
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
-> esse segundo caso parece uma legítima defesa, mas não é, pois a excludente se aplica somente ao caso em que a agressão ainda persiste. 
Injúria qualificada (injúria real)
§ 2° - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes.
Injúria preconceituosa (também é qualificada)
§ 3° - § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: 
Pena - reclusão de um a três anos e multa. 
Há uma diferença em relação ao delito tipificado na lei 7.716 (1989), que é o de racismo. 
OBS: Injúria racial x Racismo: 
A injúria racial está tipificada no artigo 140, § 3º do Código Penal Brasileiro e consiste em ofender a honra de alguémcom a utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. Recentemente, a ação penal aplicável a esse crime tornou-se pública condicionada à representação do ofendido, sendo o Ministério Público o detentor de sua titularidade.
Nas palavras de Celso Delmanto, “comete o crime do artigo 140, § 3º do CP, e não o delito do artigo 20 da Lei nº 7.716/89, o agente que utiliza palavras depreciativas referentes a raça, cor, religião ou origem, com o intuito de ofender a honra subjetiva da vítima”
Já o crime de racismo, previsto na Lei 7.716/89, implica em conduta discriminatória dirigida a um determinado grupo ou coletividade. Considerado mais grave pelo legislador, o crime de racismo é imprescritível e inafiançável, que se procede mediante ação penal pública incondicionada, cabendo também ao Ministério Público a legitimidade para processar o ofensor. 
Disposições gerais sobre os crime contra a honra
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Não há crime de difamação ou injúria:
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
Retratação e pedidos de explicação (Arts. 143 e 144)
É possível o acusado se retratar em juízo no casos dos delitos de difamação e calúnia. 
A retratação é um ato unilateral. 
Ação penal
Regra: os crimes contra a honra são de ação privada, procedendo-se mediante queixa-crime apresentada pelo ofendido. 
Exceção:
Quando da injúria real resulta lesão corporal: pública condicionada ou pública incondicionada, a depender da lesão.
 
Quando a ofensa é contra o presidente da república: pública condicionada a requisição do Ministro da Justiça. 
Quando a ofensa é contra funcionário público: pública condicionada ou privada. Súmula 714, STF: “É concorrente a legitimidade do ofendido mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções”. 
No caso da injúria racial: pública condicionada
Classificação dos delitos
	 CALÚNIA
	 DIFAMAÇÃO
	 INJÚRIA
	Comum 
Formal
Instantâneo
De conteúdo variado
Comissivo
Doloso
De forma livre
	Comum
Formal
Instantâneo
-
Comissivo
Doloso
De forma livre
	Comum 
Formal
Instantâneo
-
Comissivo
Doloso
De forma livre
 
Crimes contra a liberdade pessoal - Art. 146 à Art. 149.
CF, Art. 5°: ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei. 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
Constrangimento ilegal
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Constranger: coação ilegal
Meios: violência, ameaça ou outro que retire a capacidade de resistência da vítima. 
Se se constrange a não praticar algo imoral, é crime. 
Análise do tipo
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: qualquer pessoa (que tenha condições de ser coagida)
Objeto material: pessoa
Objeto jurídico: liberdade
Elemento subjetivo: dolo. Não há forma culposa.
Causas de aumento de pena
Concurso de mais de 3 pessoas (pelo menos 4): aplica-se a pena em dobro.
Arma: somente aqueles objetos fabricados com finalidade bélica ou qualquer instrumento com potencialidade lesiva?
Aplica-se a pena em dobro.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência. -> entende-se que somam as penas.
Hipóteses de constrangimento permitido
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
- Exclui a tipicidade (Bitencourt) ou a antijuridiciade (Mirabete)?
Ameaça (não está na ementa)
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave.
Ameaçar: promessa de causar um mal. (Não existe ameaça de fazer algo bom);
A pessoa ameaçada deve entender o caráter da ameaça; 
Procede-se apenas mediante representação: é crime, pois, de ação pública condicionada. 
Sequestro e cárcere privado
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado:
O crime consiste na privação da liberdade de locomoção de alguém. 
Sequestro x cárcere privado:
Sequestro seria a privação de locomoção sem confinamento. O cárcere privado exigiria o confinamento. 
Análise do tipo
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: qualquer pessoa
Objeto jurídico: liberdade de locomoção
Elemento subjetivo: dolo
Crime permanente: só cessa com a devolução da liberdade à vítima. 
É possível a tentativa
Tempo de privação
Um pequeno tempo de privação configura a forma consumada ou tentada?
Há divergências jurisprudenciais. 
Formas qualificadas
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias.
IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; 
V - se o crime é praticado com fins libidinosos
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral.
Redução à condição análoga a de escravo
O delito é o de escravizar, manter sob domínio. 
O crime consiste em: (art 149, caput e § 1°)
Submeter a trabalhos forçados,
Jornada exaustiva
Condições degradantes de trabalho
Restrição da locomoção por dívida contraída no trabalho
Cercear o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador para mantê-lo no local de trabalho.
Manter vigilância ostensiva ou se apoderar de documentos para manter o trabalhador
Análise do tipo
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: qualquer pessoa
Objeto jurídico: liberdade individual
Crime permanente
Causa de aumento de pena
I - contra criança ou adolescente; 
II - por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

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