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945V - PROTECAO PENAL AO INDIVIDUO 2020

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ART. 121 – HOMICÍDIO
a) Conceito: destruição da vida humana alheia por outrem.
b) Objeto Jurídico: vida humana, independente de sexo, idade, raça ou condição social do indivíduo.
- Direito subjetivo fundamental, garantido pelo artigo 5o, caput, da C.F.
Obs.: O consentimento é irrelevante.
c) Sujeito Ativo: qualquer pessoa (crime comum).
d) Sujeito passivo: ser humano com vida.
Obs.:                                                                                                                                   
1ª.) Destruição de vida intra-uterina configura aborto (art. 124 do C.P.)
2ª.) Limite mínimo do homicídio: começo do nascimento, com contrações expulsivas ou pela intervenção cirúrgica.
3ª.) Limite máximo do homicídio: possível até a morte da pessoa.
e) Conduta típica: matar alguém, por qualquer meio. 
- Meios:
1)                 Diretos: de que se vale o agente para atingir diretamente a vítima (ex. disparo de arma de fogo; esganadura; etc.)
2)                 Indiretos: conduzem à morte de forma mediata (Ex. ataque com animal bravio).
3)                 Materiais: mecânico; químico; patológico.
4)                 Morais: susto; violenta emoção; medo; etc. (com pessoas portadoras de distúrbios cardíacos).
f) Elemento subjetivo: dolo, vontade livre e consciente de realizar conduta dirigida à morte da vítima. 
g) Objeto material: o próprio ser humano com vida.
h) Consumação: consuma-se com a morte (crime material).
Obs.:
1ª.) Delito instantâneo de efeitos permanentes – necessário exame de corpo de delito – art. 158 do C.P.P.
2ª.) Homicídio por omissão: possível (crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão) – conhecimento de situação típica, não realização de ação dirigida de modo a evitar o resultado, sendo o autor garantidor do bem jurídico (Ex. mãe que deixa de alimentar recém nascido; salva-vidas que deixa de socorrer o banhista que se afoga). 
i) Tentativa: admissível. Quando iniciada a execução o resultado morte não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente (art. 14, II, do C.P.).
j) § 1º: Homicídio privilegiado.
- Causa especial de diminuição de pena.
- Espécies:
1. agente impelido por relevante valor social ou valor moral: Exposição de motivos – aquele que em si mesmo é aprovado pela moral prática, como a compaixão pelo sofrimento da vítima (eutanásia) ou a indignação contra um traidor da pátria.
* Valor social: interesses coletivos ou da sociedade;
* Valor moral: orientado por princípios éticos; nobres; altruístas.
2. violenta emoção, após injusta provocação da vítima:
- emoção: sentimento intenso e passageiro que altera o estado psicológico, provocando alterações fisiológicas (Ex. medo; angústia; tristeza);
- paixão: emoção-sentimento – idéia permanente ou crônica por algo (ex. amor, ódio, ciúme).
- Emoção (paixão) violenta: resultante de severo desequilíbrio psíquico, capaz de eliminar capacidade de reflexão e autocontrole.
- Provocação: atitude desafiadora; com ofensas diretas ou indiretas, insinuações, expressões de desprezo, etc.
* Necessidade da imediatidade da reação, impedindo reflexão.
* Redução de pena obrigatória, se prevalecem estas circunstâncias como reconhecidas pelo Júri, competente para seu julgamento, cabendo ao juízo apenas o arbitramento do quantum da redução.
* Circunstância que beneficia apenas o “caput” do art. 121, não podendo ser aplicada ao homicídio qualificado (§ 2o.) – Divergência da jurisprudência: STF – RT 541/466 : Incompatível com as qualificadoras subjetivas (motivo fútil ou torpe, etc.), mas compatível com as qualificadoras objetivas (fogo, veneno, meio cruel, etc.)
 
l) § 2o. Homicídio Qualificado
1. Conceituação: impulsionado por certos motivos ou praticado com o recurso a meios cruéis ou insidiosos ou perigo comum; ou de forma a tornar impossível a defesa da vítima; ou, ainda, se realizado com o fim de atingir objetivos reprováveis (execução, ocultação, impunidade ou vantagem em outro crime).
2. Qualificação por motivos determinantes: - Incisos I e II – Motivo fútil ou torpe
. Fútil: insignificante, desproporcional ou inadequado.
. Torpe: indigno, desprezível, repugnante, ausência de sensibilidade moral.
* Mediante paga ou promessa de recompensa: motivo torpe.
- Jurisprudência determina que deve prevalecer conteúdo econômico na promessa ou no pagamento.
- Não se exige que o agente receba o pagamento
- Qualificadora aplicável apenas ao autor (executor) e não ao partícipe (quem oferece recompensa), visto que pode faze-lo, inclusive, por motivo justo ou nobre.
3 – Qualificação por meios e modos de execução – incisos III e IV do § 2o., do art. 121, do C.P.
* Inciso III: meios de execução.
- Meio insidioso: dissimulado em sua eficiência maléfica;
- Meio cruel: aumenta inutilmente o sofrimento da vítima, ou revela brutalidade fora do comum, sem piedade.
- Perigo comum: capaz de afetar número indeterminado de pessoas (fogo, desabamento, explosivo, etc.).
- Meios que podem ser empregados:
. Veneno: substância mineral, vegetal ou animal que, ingerida, inoculada ou introduzida no organismo, provoque lesão ou perigo de lesão à saúde ou à vida.
- Para configurar seu uso, necessária a ausência de conhecimento da vítima; seu emprego com violência pode configurar meio cruel.
. Asfixia: mecânica, enforcamento ou estrangulamento, ou tóxica, consistente em bloquear a função respiratória.
. Tortura: como meio de prática de homicídio, com utilização de mal desnecessário, com o intuito de provocar dor, angústia e grave sofrimento físico à vítima (não deve ser visto aqui como delito autônomo – art. 1o., da Lei nº 9455/97).
* Inciso IV: modos de execução que garantem o delito e afastam eventual defesa da vítima.
. Traição: deslealdade.
. Emboscada: correspondente ao ocultamento do agente, como intuito de surpreender a vitima.
. Dissimulação: encobrir os próprios objetivos.
4 – Qualificação pela conexão – assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime – Inciso V, do § 2o., do art. 121, do C.P.
- Pressupõe a existência de dois crimes, entre os quais ocorra conexão.
5 – Duas ou mais qualificadoras:
 - Homicídio mediante emboscada e uso de explosivo:
. Emboscada: homicídio qualificado – (art. 121, § 2o., IV, do C.P.)
. Explosivo: agravante genérica (art. 61, II, d, do C.P.).
 
m) § 3o. Homicídio Culposo
- O agente não observou o cuidado objetivamente devido, ou as diligências indispensáveis que exigirem as circunstâncias do caso em concreto, por conseqüência, produzindo o resultado morte, não querido pelo autor.
- Causado por imprudência, negligência ou imperícia – art. 18, II, do C.P.
 
n) § 4o. Aumento de pena em Homicídio Culposo
- Causas especiais:
1 - Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: deliberadamente desatende às regras técnicas (não se confunde com a imperícia, onde o agente não tem capacidade ou conhecimento técnico necessário ao caso).
2 – Omissão de socorro imediato à vítima: (crime autônomo – art. 135 do C.P.) – conduta culposa antecedente, sem ocorrência de morte instantânea, tornando viável o socorro.
3 – Abster-se de comportamento que diminua as conseqüências dos atos do agente: abarcada pela omissão de socorro.
4 – Fuga do agente para evitar a prisão em flagrante: evasão à aplicação da lei penal.
 
o) § 4o. – Segunda parte: Acrescentada pela Lei nº 8.069/90 – ECA – aumento de 1/3 na pena de homicídio doloso, praticado contra menor de 14 anos.
 
p) § 5o. – Perdão Judicial: arts. 107, IX e 120 do C.P.- Extinção de punibilidade
- Homicídio Culposo
- Morte de pessoas estreitamente ligadas ao agente (parentesco ou afinidade) ou incapacidade do agente para o trabalho.
* Posição divergente na doutrina a respeito do perdão judicial:
1. Não se aplica ao homicídio culposo em acidente de trânsito – art. 302, da Lei 9.503/97 – pois o art. 291 da Lei indica que não cabe aplicação analógica de normas penais não incriminadoras, tendo em vista que as disposições a respeito do perdão judicial para homicídio e lesão corporal culposa, estão na parte especial do Código Penal, e o artigo 291, do CTB, só permitea aplicação de normas da parte geral do Código Penal e, apesar da previsão no artigo 107, IX, do C.P., este se refere aos casos previstos em lei e, como o Código de Trânsito revogou esta previsão, anteriormente contida no artigo 300 (revogado), é certo que não mais existe previsão legal específica, bem como o legislador não desejou a interpretação favorável ao réu.  (Rui Stoco).
2. Cabe a aplicação do perdão judicial, como interpretação benéfica ao réu, visto que apesar da disposição do artigo 291, do CTB, é o artigo 107, inciso IX, do Código Penal, constante da parte geral, que prevê a aplicação do perdão judicial, nos casos previstos na lei.
 
q) Ação Penal: Pública Incondicionada.
 
r) Crimes hediondos
- São considerados na forma consumada ou tentada, de acordo com o art. 1o., I, da Lei 8.072/90:
. Homicídio Simples: mesmo que praticado por um único agente, mas em atividade típica de grupo de extermínio.
. Homicídio Qualificado: art. 121, § 2o.
Exercício 1:
O enfermeiro que intencionalmente deixa de ministrar o remédio necessário ao doente, que vem a morrer,
A)
incorre em homicídio, neste caso comissivo por omissão, já que o enfermeiro tinha o dever de agir, uma vez que assumiu a responsabilidade de impedir o resultado.
B)
pratica o delito de omissão de socorro.
C)
incorre em homicídio, neste caso comissivo por omissão, já que o enfermeiro tinha o dever de agir, pois, com seu comportamento anterior criou o risco da ocorrência do resultado.
D)
não praticou crime algum, pois falta nexo de causalidade entre a sua conduta e o resultado morte.
E)
incorre em homicídio culposo.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) Homicídio por omissão: possível (crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão) – conhecimento de situação típica, não realização de ação dirigida de modo a evitar o resultado, sendo o autor garantidor do bem jurídico (Ex. mãe que deixa de alimentar recém nascido; salva-vidas que deixa de socorrer o banhista que se afoga). O crime omissivo impróprio também chamado de comissivo por omissão, traduz no seu cerne a não execução de uma atividade predeterminada juridicamente exigida do agente. https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1677/Os-crimes-omissivos-improprios
Exercício 2:
Observe as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta em relação ao homicídio.
I) Quando iniciada a execução e o resultado morte não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente, o crime é tentado.
II) O dolo representa a vontade livre e consciente de realizar conduta dirigida à morte da vítima.
III) O objeto material é o próprio ser humano, com vida ou não.
A)
Todas estão corretas.
B)
Todas estão erradas.
C)
Somente a III está correta.
D)
Somente a I e a II estão corretas.
E)
Somente a I está correta.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
A) Homicídio tentado e lesão corporal consumada:Não ocorrendo o resultado morte, por circunstâncias alheias à vontade do agente, o iter criminis é cindido na fase dos atos de execução, o que implica em tentativa. O crime de lesão corporal tutela a integridade física e a saúde de outrem. A conduta do agente é revestida do laedendi animus, a vontade livre e consciente de ofender a integridade física ou a saúde de outrem. Objetivamente considerados, os resultados são idênticos, vale dizer, um corpo lesionado e com vida. A diferença entre os dois tipos penais resulta da análise do tipo subjetivo, no dolo do agente. A intenção do agente Ra eliminar a vida do semelhante ou apenas lesionar sua integridade física? Ou seja, pelo animus necandi responderá pela tentativa de homicídio, pelo laedendi animus, por lesões corporais consumadas. Admite-se tanto a forma dolosa quando a culposa. O dolo, animus necandi ou animus occidendi (VONTADE + CONSCIENCIA), pode ser direito ou indireto, eventual ou alternativo. Homicídio que do Latim homicium (morte violenta), entende que é toda a ação que possa causar a morte de um homem por outro homem, provocada por um ato voluntario (ação ou omissão). Assim dispõe sobre o assunto o doutrinador Rogério Greco que “de todas as infrações penais, o homicídio é aquele que, efetivamente, desperta mais interesse”, e o mestre Nelson Hungria, “o homicídio é a mais chocante violação do senso moral médio da humanidade, sendo ocisão violenta de um homem injustamente praticada por outro homem”, com isso essa grande importância dada ao assunto, o nosso entendimento acompanha o Doutrinador neste ponto, pois esta conduta afeta diretamente o bem jurídico mais importante da doutrina brasileira que é a “VIDA”, conduta esta feita por seu semelhante
D) Homicídio tentado e lesão corporal consumada:Não ocorrendo o resultado morte, por circunstâncias alheias à vontade do agente, o iter criminis é cindido na fase dos atos de execução, o que implica em tentativa. O crime de lesão corporal tutela a integridade física e a saúde de outrem. A conduta do agente é revestida do laedendi animus, a vontade livre e consciente de ofender a integridade física ou a saúde de outrem. Objetivamente considerados, os resultados são idênticos, vale dizer, um corpo lesionado e com vida. A diferença entre os dois tipos penais resulta da análise do tipo subjetivo, no dolo do agente. A intenção do agente Ra eliminar a vida do semelhante ou apenas lesionar sua integridade física? Ou seja, pelo animus necandi responderá pela tentativa de homicídio, pelo laedendi animus, por lesões corporais consumadas. Admite-se tanto a forma dolosa quando a culposa. O dolo, animus necandi ou animus occidendi (VONTADE + CONSCIENCIA), pode ser direito ou indireto, eventual ou alternativo. Homicídio que do Latim homicium (morte violenta), entende que é toda a ação que possa causar a morte de um homem por outro homem, provocada por um ato voluntario (ação ou omissão). Assim dispõe sobre o assunto o doutrinador Rogério Greco que “de todas as infrações penais, o homicídio é aquele que, efetivamente, desperta mais interesse”, e o mestre Nelson Hungria, “o homicídio é a mais chocante violação do senso moral médio da humanidade, sendo ocisão violenta de um homem injustamente praticada por outro homem”, com isso essa grande importância dada ao assunto, o nosso entendimento acompanha o Doutrinador neste ponto, pois esta conduta afeta diretamente o bem jurídico mais importante da doutrina brasileira que é a “VIDA”, conduta esta feita por seu semelhante
Exercício 3:
Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral,
A)
caracterizar-se-á homicídio privilegiado, devendo o juiz deixar de aplicar pena.
B)
haverá legítima defesa social ou moral, causa excludente da ilicitude, acarretando a absolvição sumária.
C)
caracterizar-se-á homicídio privilegiado, podendo o juiz reduzir a pena de um sexto a um terço.
D)
o homicídio é qualificado, pois cometido por motivo fútil.
E)
a absolvição é medida que se impõe, pois o homicídio foi praticado sob o manto do estado de necessidade, para tutela dos bons costumes.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C) Homicídio simples Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos. Caso de diminuição de pena § 1º. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço
Exercício 4:
Quanto ao homicídio qualificado, é incorreto afirmar:
A)
Os motivos determinantes, os meios empregados ou os recursos empregados demonstram maior periculosidade do agente e menor possibilidade de defesa da vítima, tornando o fato mais grave do que o homicídio simples.
B)
Responde pelo crime qualificado não só quem recebe, mas também o mandante, o que paga ou promete a recompensa.
C)
A traição consubstancia-se essencialmente na quebra de confiança depositada pela vítima do agente, que dela se aproveita para matá-la.
D)
Em virtude de circunstâncias especiais que se ajuntam ao fato típico fundamental, o fato se torna menosgrave do que o homicídio simples.
E)
Também qualifica o homicídio o emprego de meio cruel, que sujeite a vítima a graves e inúteis vexames ou sofrimentos físicos ou morais.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
E) Homicídio qualificado § 2º. Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo fútil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
C) Homicídio qualificado § 2º. Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo fútil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
D) Art. 121. Matar alguem: § 2º Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo futil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Exercício 5:
Leia as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta.
I) O autor do homicídio praticado com intuito de livrar um doente, irremediavelmente perdido, dos sofrimentos que o atormentam goza de privilégio de atenuação da pena.
II) Não se configura, no homicídio, a qualificadora motivo fútil quando o crime é precedido de acalorada discussão.
III) O Supremo Tribunal Federal não admitia a continuação nos crimes contra a vida, por ser este um bem personalíssimo (Súmula 605), embora tribunais estaduais e mesmo o STJ reconhecessem essa possibilidade. Conduto, diante da redação do art. 71, parágrafo único, do CP, o Supremo Tribunal Federal vem admitindo a continuidade delitiva nessa hipótese.
A)
Todas estão erradas.
B)
Todas estão corretas.
C)
Somente a I está errada.
D)
Somente a II está correta.
E)
Somente a III está errada.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B)
Comentários:
E) Com a reforma do Código Penal de 1984, ficou suplantada a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal predominante até então, segundo a qual "não se admite continuidade delitiva nos crimes contra a vida" - Verbete 605 da Súmula. A regra normativa do § 2º do artigo 58 do Código Penal veio a ser aditada por referência expressa aos crimes dolosos, alterando-se a numeração do artigo e inserindo-se parágrafo - artigo 71 e parágrafo único do citado Código. [HC 77.786, rel. min. Marco Aurélio, 2ª T, j. 27-10-1998, DJ de 2-2-2001.] http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=1622
B) Com a reforma do Código Penal de 1984, ficou suplantada a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal predominante até então, segundo a qual "não se admite continuidade delitiva nos crimes contra a vida" - Verbete 605 da Súmula. A regra normativa do § 2º do artigo 58 do Código Penal veio a ser aditada por referência expressa aos crimes dolosos, alterando-se a numeração do artigo e inserindo-se parágrafo - artigo 71 e parágrafo único do citado Código. [HC 77.786, rel. min. Marco Aurélio, 2ª T, j. 27-10-1998, DJ de 2-2-2001.] http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=1622
Exercício 6:
O perdão judicial, no homicídio, pode ser concedido
A)
ao agente que comete o crime com culpa inconsciente, somente.
B)
se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social.
C)
se o agente comete o crime sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima.
D)
ao agente que comete o crime com culpa consciente, somente.
E)
se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária, desde que o crime seja culposo.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
E) A- crime de homicio culposo qualificando em negligencia do autor B- somente se da a redução da pena de um sexto a um terço C- somente se da a redução da pena de um sexto a um terço D- qualificadora de aumento de pena E -§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
ART. 122. - INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO
a) Conceito:
            Suicídio: "é a deliberada destruição da própria vida" Euclides Custódio da Silveira.
            Obs.: por razões que se prendem à impossibilidade de punição do suicídio e à política criminal (impossibilidade da dissuasão) não se incrimina a prática do suicídio. Mas é ilícito, pois atinge um bem indisponível.
            Então a lei pune quem age induzindo, instigando ou auxiliando outrem a suicidar-se.
 b) Objeto jurídico: a vida humana (art. 5o., caput, da CF).
 c) Sujeitos:
 1) ativo: qualquer pessoa (crime comum);
            2) passivo: qualquer pessoa, não obstante dever se tratar de pessoa determinada, não perfazendo o delito o induzimento genérico. A pessoa deverá ter discernimento, senão o crime poderá ser homicídio - o sujeito passivo deve agir voluntaria e conscientemente.
d) Tipo objetivo:
            Conduta típica: Induzir ou instigar (concurso moral) alguém ao suicídio ou prestar-lhe auxílio (concurso físico).
            Induzir: significa inspirar, incutir, sugerir, persuadir. Fazer brotar no espírito de outrem a idéia suicida. Ex. A é doente terminal. B o induz a se matar. A idéia primeira é de A, que induz.
            Instigar: é estimular, incitar, acoroçoar alguém ao suicídio. A idéia suicida preexiste. Ex. A está doente e indeciso entre a luta contra a doença e a morte. B o instiga a se matar.
            Prestar auxílio: o agente colabora fornecendo os meios necessários para que a vítima alcance o propósito de matar-se. Ex. empréstimo de arma, de veneno, de corda, etc. Ou Conselhos de como se matar. Ex. dose de veneno.
            Omissão: é discutida a possibilidade da prática deste crime por omissão.
            Parte da doutrina entende possível, por aquele que conscientemente omite ação a que estava obrigado em razão da posição de garante (art. 13, § 2º., CP).
 e) Tipo subjetivo: dolo - consciência e vontade de induzir, instigar ou auxiliar outrem ao suicídio, podendo fazer de forma espontânea ou a pedido da vítima. Pode ser direto, querer, ou eventual, assumir conscientemente o risco do evento danoso.
            Para alguns há o dolo específico - elemento subjetivo do tipo ou do injusto = desejo de que a vítima morra. José Frederico Marques e Euclides Custódio da Silveira. Contra: Júlio Fabbrini Mirabete, Damásio de Jesus, Luis Regis Prado.
 f) Consumação: duas correntes:
            1) consuma-se com a instigação, o induzimento ou o auxílio (delito instantâneo e de mera conduta). A aplicação da pena, todavia, está sujeita à superveniência do evento morte ou lesão corporal grave. Condição objetiva de punibilidade. Aníbal Bruno, Nelson Hungria, Galdino Siqueira.
            2) consuma-se com o resultado natural (morte ou lesão corporal da natureza grave). O resultado não é condição objetiva de punibilidade, mas elemento do tipo. Júlio Fabbrini Mirabete, Magalhães Noronha, José Frederico Marques,Damásio de Jesus, Heleno Fragoso, Euclides Custódio da Silveira.
 
g) Tentativa: inadmissível - não havendo o resultado morte ou lesão corporal de natureza grave o fato é atípico. Ocorrendo qualquer dos dois o delito consumou-se.
 h) Formas qualificadas - PARÁGRAFO ÚNICO
            I - se o crime é cometido por motivo egoístico, que desvela desprezo pela vida alheia. Exs.: instiga ou ajuda, para recebimento der herança ou de seguro ou visa eliminar um rival.
            II - se a vítima for menor ou tem diminuída, por qualquer causa a capacidade de resistência.
 i) Suicídio conjunto:
            1) pacto de morte: duas pessoas combinam se matar - caso ambos colaborem para o evento morte (abrindo a torneira de gás, vedando o ambiente) e sobrevivem = homicídio tentado; se apenas uma delas sobrevive = homicídio consumado. Se apenas uma colabora para o evento morte - se a que colaborou sobrevive = homicídio consumado (ex.: um atira no outro e depois tenta se matar, mas não morre); se a outra sobrevive = instigação (ex.: um atira no outro, que não morre, e depois, acreditando na morte do primeiro, se mata).
            b) roleta russa: arma com um só projétil, rolando o tambor. O sobrevivente comete o crime do art. 122.
            c) duelo americano: uma arma carregada, outra não. O sobrevivente comete o crime do art. 122.
            d) fraude: homicídio. Ex.: afirmar falsamente que a arma está descarregada.
            e) falta de discernimento da vítima: homicídio (induzir um louco a se matar).
 j) Pena
            1) tipo simples (art. 122, caput) - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se a vítima morre;
            2) reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, se a vítima sofre lesão corporal de natureza grave.
            3) Tipo qualificado (parágrafo único) - a pena do caput aplicada em dobro.
           
l) Ação penal: pública incondicionada.
 
 
ART. 123. - INFANTICÍDIO
 a) Conceito: é a morte dada pela mãe ao próprio filho, durante o parto ou logo após, sob a influência do estado puerperal.
            Três sistemas:
            a) sistema psicológico: fundado no motivo honra, que é o temor à vergonha da maternidade ilegítima;
            b) sistema fisiopsicológico ou fisiopsíquico: apoiado no estado puerperal. O Código Penal atual adota esse sistema.
            c) misto (ou composto): agrega os dois sistemas - Anteprojeto Hungria 1963.
 b) Objeto jurídico: a vida humana (art. 5o., caput, da CF).
 c) Sujeitos:
            1) ativo: crime próprio - a mãe, que mata o próprio filho durante o parto ou logo após, sob a influência do estado puerperal.
            Puerpério: "(de puer e parere) é o período que vai da dequitação (isto é, do deslocamento e expulsão da placenta) à volta do organismo às condições pré-gravídicas" (R. Briquet) - A. Almeida Jr. e J. B. O. Costa Jr.. Sua duração é, pois, de seis a oito semanas (Lee), "conquanto alguns limitem o uso da expressão puerpério ao prazo de seis a oito dias". Obs.: o estado puerperal gera uma simples influência psíquica. Além disso = doença mental (art. 26, "caput) ou perturbação da saúde mental (art. 26, p. ú.).
            A melhor solução é deixar a conceituação da elementar "logo após" para análise do caso concreto, entendendo-se que há delito de infanticídio enquanto perdurar a influência do estado puerperal.
            - Concurso de pessoas: discutível
            I - não há: porque o estado puerperal é circunstância pessoal, insuscetível de extensão aos co-autores ou partícipes - o terceiro responderia por homicídio.
            II - há: regra do art. 30 do CP. O estado puerperal é elementar do tipo infanticídio, essencial a sua configuração.
            III - posição mista: punição por homicídio se o terceiro pratica ato executório consumativo, e por infanticídio se apenas é partícipe do ato da mãe.
            2) passivo: é o ser humano nascente - na etapa de transição da vida uterina para a extra-uterina - ou recém-nascido (elemento normativo do tipo).
 d) Tipo objetivo:
            Matar: de qualquer maneira - delito de forma livre. A conduta típica pode ser cometida por ação (sufocação, estrangulamento) ou omissão (mãe que deixa de fazer a ligadura do cordão umbilical).
            Durante o parto ou logo após são elementos normativos do tipo, que exigem um juízo cognotivo para sua exata compreensão.
            Parto - é o conjunto de processos fisiológicos, mecânicos e psicológicos através dos quais o feto separa-se do organismo materno. Seu início é marcado pelo período de dilatação do colo do útero e seu término pela completa separação da criança do organismo materno, com a expulsão da placenta e o corte do cordão umbilical.
            Logo após - Bento de Faria se refere ao prazo de oito dias, em que ocorre a queda do cordão umbilical. Flamínio Fávero se inclina para a orientação de deixar ao julgador a apreciação do conceito do termo. Damásio de Jesus estende o prazo até enquanto perdurar a influência do estado puerperal. O prazo se estende durante o estado transitório de desnormalização psíquica (RT 442/409).
            Obs.: não basta que a conduta tenha lugar durante o parto ou logo após: é preciso, demais disso, a existência de um vínculo causal entre a morte da criança dada naquele lapso temporal e o estado puerperal.
            Cabe à perícia determinar se a conduta delituosa foi realmente impulsionada pelas perturbações físicas e psíquicas decorrentes do parto.
 e) Tipo subjetivo: Dolo - vontade livre e consciente de matar o nascente ou recém-nascido durante o parto ou logo após (dolo direito), como assumir conscientemente o risco do êxito letal (eventual).
            Não existe a modalidade culposa.           
 f) Consumação: delito material - consuma-se com a morte do nascente ou recém-nascido.
 g) Tentativa: crime plurissubsistente - admite a tentativa.
 h) Pena: detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
 i) Ação penal: pública incondicionada, competindo ao Júri o seu julgamento.
 
 
ARTS. 124-8. – ABORTO
 
a) Conceito: é a interrupção do processo de gravidez, com a morte do feto.
            Há seis figuras:
1ª.) aborto provocado pela própria gestante ou auto-aborto (art. 124, 1a. parte);
2ª.) consentimento da gestante a que outrem lhe provoque o abortamento (art. 124, 2a. parte);
3ª.) aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante (art. 125);
4ª.) idem, mas com o consentimento da gestante, ou aborto consensual (art. 126);
5ª.) aborto qualificado (art. 127);
6ª.) aborto legal (art. 128).
 b) Objeto jurídico:
            A vida humana (art. 5o., caput, da CF). A vida do ser humano em formação = vida intra-uterina.
            No aborto provocado por terceiro tutela-se também a vida e a incolumidade física e psíquica da mulher grávida.
            O objeto material do delito é o embrião ou o feto humano vivo, implantado no útero materno.
 c) Sujeitos:
            a) ativo:
I - no auto-aborto é a própria mãe (crime próprio);
II - nos demais casos (consentido ou não), qualquer pessoa (crime comum).
 
            b) passivo: é o ser humano em formação (óvulo = até 3 semanas; embrião = de 3 semanas a 3 meses; feto = após 3 meses).
            Obs.: caso sejam vários os fetos, a morte dada a eles conduz ao concurso de delitos.
 d) Tipo objetivo
            Provocar (dar causa a, originar, promover, ocasionar) aborto (é a morte dada ao nascituro intra uterum ou pela provocação de sua expulsão) - elemento normativo do tipo, de valoração extra-jurídica.
            - O ato de provocar pode ser praticado por qualquer meio (delito de forma livre) - por ação (ministrar remédio abortivo - citotec), ou por omissão (médico que, dolosamente, não toma medidas para evitar o aborto espontâneo ou acidental uma vez que tem o dever jurídico de impedir esse resultado).
            - O delito pressupõe gravidez em curso, sendo indispensável a prova de que o ser em gestação se encontrava vivo quando da intervenção abortiva e de que sua morte foi decorrência precisa da mesma.
            - O estágio da evolução do ser humanoem formação não importa a caracterização do delito de aborto. O termo inicial para a prática do delito é o começo da gravidez: duas correntes:
I - do ponto de vista biológico - é marcada pela fecundação;
II - do ponto de vista jurídico - com a implantação do óvulo fecundado no endométrio, ou seja, com sua fixação no útero materno (nidação). Assim, o aborto tem como limite mínimo para sua existência a nidação, que ocorre cerca de catorze dias após a concepção. O termo final é o início do parto.
            Obs.: a gravidez interrompida deve ser a normal, e não a patológica - como a extra-uterina (quando a gravidez se desenvolve fora do útero, como na parede uterina (intersticial), na trompa (tubária), no ovário (ovárica) ou entre o ovário e a trompa (tubo-ovárica). Ou molar, que consiste em uma formação neoplasmática - produto conceptivo degenerado, inapto a produzir uma vida nova.
            - O momento da morte do feto não importa para a caracterização do crime de aborto: pode o feto morrer no útero materno, ou ser expulso ainda vivo e morrer em decorrência das manobras abortivas ou porque o estágio de sua evolução não tenha possibilitado a continuidade dos processos vitais.
            - Os processos abortivos podem ser químicos, físicos ou psíquicos: químicos - provocam a intoxicação do organismo (fósforo, chumbo, mercúrio, arsênico, quinina, estricnina, ópio, etc.); físicos - são mecânicos (traumatismo do ovo por punção, dilatação do colo do útero, curetagem, bolsas de água quente, escalda-pés, choque elétricos por máquina estática, etc.); psíquicos ou morais(sugestão, susto, terror, choque moral, etc.).
e) Tipo subjetivo: dolo - vontade livre e consciente de produzir a morte do feto. Admite-se o dolo direito (traumatismo do ovo por punção), como o eventual (agredir mulher sabendo do estado de gravidez).
            Não há a figura culposa. Porém, o terceiro que, culposamente, causa o aborto, responde por lesão corporal culposa.
 f) Consumação: com a morte do ovo, do embrião ou do feto (crime material e instantâneo).
 g) Tentativa: é admitida. P. ex.: se das manobras abortivas sobrevem a aceleração do parto, mas o feto sobrevive, ou não interrompem a gravidez.
            Se expulso o feto com vida e sua morte é provocada por nova conduta, haverá concurso material de delitos (aborto tentado e homicídio ou infanticídio, consumados).
 h) Espécies de aborto:
 
I - Auto-aborto e aborto consentido
- auto-aborto: art. 124, 1a. parte - "provocar aborto em si mesma". Crime próprio: é sujeito ativo apenas a mulher grávida.
- aborto consentido: art. 124, 2a. parte - ocorre quando a gestante consente que outrem lhe provoque o aborto. A gestante não provoca o aborto em si mesma, mas consente que outro o faça. Este incorrerá no delito do art. 126, CP.
            Assim, o art. 124 não admite co-autoria. O terceiro que realiza o aborto consentido pela gestante é autor de delito autônomo, o do art. 126. Porém admite-se a participação (Luiz Regis Prado, Damásio, Mirabete). Conforme Damásio explica: "De ver-se que ela (gestante) consente na provocação; o terceiro provoca. Os verbos do tipo são consentir (art. 124, 2a. parte) e provocar (art. 126). se o sujeito intervém na conduta de a gestante consentir, aconselhando, v. g., deve responder como partícipe do crime do art. 124. Agora, se, de qualquer modo, concorrer no fato do terceiro provocador, responderá como partícipe do crime do artigo 126 do CP.
 
II - Aborto provocado por terceiro
1) sem o consentimento da gestante (art. 125): o agente emprega força física, a ameaça ou a fraude para a realização das manobras abortivas. Ex, o agente ministra à mulher grávida substância abortiva ou nela realiza intervenção cirúrgica para a extração do feto sem o seu conhecimento.
            O não consentimento ocorre também quando: a gestante ase mostra contrária; desconhece a gravidez ou o processo abortivo.
2) com o consentimento da gestante (art. 126). Porém, aplica-se a pena do art. 125 (par. único do art. 126) se:
2.1) a gestante não for maior de catorze anos:
2.2) a gestante for alienada ou débil mental; ou
2.3) o consentimento for obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
            Nas duas primeiras hipóteses presume-se a ausência do consentimento. Na última, a não-concordância é real. Exs. fraude: induz-se a gestante a acreditar que sua vida corre risco grave em razão da gravidez. A violência, neste caso, refere-se àquela empregada para a obtenção do consentimento.
            - É indispensável, para a ocorrência do aborto consensual, o consentimento da gestante do início ao fim da conduta. Se a gestante desiste e o terceiro continua, caracteriza-se o crime do art. 125.
 
III - Aborto qualificado pelo resultado
            - as penas dos arts. 125 e 126 são aumentadas de 1/3 se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevem a morte.
            O resultado mais grave é imputado a título de culpa (art. 19, CP). Havendo dolo (direto ou eventual) ocorrerá concurso formal.
            - Não ocorrendo a morte do feto, mas a lesão corporal grave ou a morte da gestante, o agente responde pela tentativa de aborto qualificado.
            - Não ocorre a qualificadora quando houver lesão grave necessária p/ o aborto (lesão do útero, p. ex.). Nesses casos é ela conseqüência normal do fato.
IV) Aborto necessário
            Havendo conflitos de interesses da mãe e do feto, em alguns casos, devem prevalecer os da mãe. São casos excludentes de criminalidade, as quais tornam lícita a prática do aborto.
            Art. 128:
            i) se não há outro meio de salvar a vida da gestante.
            - tem natureza terapêutica - o aborto necessário (ou terapêutico) consiste na intervenção cirúrgica realizada com o propósito de salvar a vida da gestante. Baseia-se no estado de necessidade, excludente da ilicitude da conduta, quando não houver outro meio apto a afastar o risco de morte. Ex. riscos advindos de anemias profundas, diabete grave, leucemia, cardiopatias, etc.
            ii) se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
            - aborto sentimental (ético ou humanitário) - "significa o reconhecimento claro do direito da mulher a uma maternidade consciente". Jimenez de Asúa.
            - Para a realização do aborto pelo médico não é preciso sentença condenatória e tampouco autorização judicial, bastando que a intervenção se encontre calcada em elementos sérios de convicção. Exs.: BO, declarações, etc.
            - Se a gravidez resulta de atentado violento ao pudor, aplica-se o dispositivo, isentando o agente, pela aplicação da analogia in bonan partem. Assim, Mirabete e Damásio. Luiz Regis Prado entende que não, porque a norma em questão é não-incriminadora excepcional.
 
i) Penas:
1) para o auto-aborto e aborto consentido: detenção, de 1 a 3 (art. 124).
2) para o aborto sem o consentimento: reclusão, de 3 a 10 (art. 125).
3) para o aborto com o consentimento: reclusão, de 1 a 4 (art. 126).
4) para o aborto qualificado - com ou sem o consentimento: penas dos arts. 125 e 125, aumentadas de 1/3, se a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e duplicadas, se sobrevém a morte (art. 127).
 
j) Ação penal: pública incondicionada. Tribunal do Júri.
Exercício 1:
Aponte a alternativa correta, tendo em vista as afirmações abaixo
1ª.) Embora o induzimento e a instigação sejam situações semelhantes, pode-se distinguir o ato de induzir, que traduz a iniciativa do agente, criando na mente da vítima o desejo do suicídio quando esta ainda não pensava nele, do ato de instigar, que se refere à conduta de reforçar, acoroçoar, estimular a idéia preexistente de suicídio.
2ª.) Haverá auxílio no ministrar instruções sobre o modo de empregar os meios para matar-se, no criar as condições de viabilidade do suicídio, no frustrar a vigilância de outrem,no impedir ou dificultar o imediato socorro.
3ª.) Caso o agente pratique duas condutas (induzir e auxiliar), será responsabilizado pela prática de dois crimes, revelando sua conduta um dolo mais intenso, inclusive.
A)
somente a primeira está correta.
B)
somente a segunda está correta.
C)
somente a terceira está errada.
D)
todas estão corretas.
E)
todas estão erradas.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C) Então a lei pune quem age induzindo, instigando ou auxiliando outrem a suicidar-se.
Exercício 2:
Faça a correspondência das colunas abaixo, assinalando a alternativa correta.
 
	A – Aborto
	I – É sujeito passivo aquele que tenha alguma capacidade de resistência à conduta do sujeito ativo.
	B – Homicídio
	II – Consuma-se com a morte do nascente ou recém-nascido.
	C – Infanticídio
	III – Admite perfeitamente o dolo eventual, como, por exemplo, no caso de roleta-russa; motorista que efetua manobras violentas, fazendo com que caísse o ciclista que atropelara e que fora projetado sobre o capô do automóvel.
	D – Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio
	IV – É a interrupção da gravidez com a destruição do produto da concepção.
A)
A:IV; B:III, C:II e D:I
B)
B:I; C:II; A:III e D:IV
C)
B:II; A:I: D:IV e C:III
D)
C:III; B:I; A:II e D:IV
E)
D:I; A:IV; B:II e C:III
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) a-Conceito: é a interrupção do processo de gravidez, com a morte do feto. b-roleta russa: arma com um só projétil, rolando o tambor. O sobrevivente comete o crime do art. 122. c-é a morte dada pela mãe ao próprio filho, durante o parto ou logo após, sob a influência do estado puerperal. d-passivo: qualquer pessoa, não obstante dever se tratar de pessoa determinada, não perfazendo o delito o induzimento genérico. A pessoa deverá ter discernimento, senão o crime poderá ser homicídio - o sujeito passivo deve agir voluntaria e conscientemente.
Exercício 3:
Não se pune o aborto praticado por médico, se não há outro meio de salvar a vida da gestante ou se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
A)
O texto acima se refere ao aborto legal, chamado o primeiro caso de aborto necessário e o segundo de aborto sentimental.
B)
O texto acima trata de situações apenas desejadas pela doutrina, não cuidando a lei delas.
C)
O texto acima se refere ao aborto legal, sendo o primeiro caso tratado pela doutrina como aborto ético ou humanitário e o segundo de aborto terapêutico.
D)
Somente a parte final da afirmação está equivocada, pois no aborto sentimental é desnecessário o consentimento da gestante.
E)
Além das situações relatadas no texto acima, também não se pune o aborto praticado por médico, realizado para impedir que se agrave a situação de penúria ou miséria da gestante.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) Art. 128: i) se não há outro meio de salvar a vida da gestante. - tem natureza terapêutica - o aborto necessário (ou terapêutico) consiste na intervenção cirúrgica realizada com o propósito de salvar a vida da gestante. Baseia-se no estado de necessidade, excludente da ilicitude da conduta, quando não houver outro meio apto a afastar o risco de morte. Ex. riscos advindos de anemias profundas, diabete grave, leucemia, cardiopatias, etc. ii) se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. - aborto sentimental (ético ou humanitário) - "significa o reconhecimento claro do direito da mulher a uma maternidade consciente". Jimenez de Asúa.
Exercício 4:
Em relação ao infanticídio, é incorreto dizer:
A)
O infanticídio é um crime próprio.
B)
Aquele que colabora na prática do infanticídio, responde por infanticídio.
C)
A conduta típica é matar.
D)
Não é necessário, para configuração do crime, que o fato tenha ocorrido durante o parto ou logo após, bastando que a mãe tenha agido sob influência do estado puerperal.
E)
Consuma-se o delito com a morte do nascente ou recém-nascido.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
B) O infanticídio é constituído pelo fato de a mulher matar o próprio filho, no curso do processo do parto ou imediatamente depois, estando a mulher sob a influência do estado puerperal, que é uma condição particular para o ato ilícito deste crime.
D) ART. 123. - INFANTICÍDIO a) Conceito: é a morte dada pela mãe ao próprio filho, durante o parto ou logo após, sob a influência do estado puerperal.
ART. 129 – LESÃO CORPORAL
 
1 - Conceito: ofensa à integridade corporal ou à saúde.
 2 - Objetividade Jurídica: a integridade física ou psíquica do ser humano.
Obs.: O consentimento é irrelevante. Bem indisponível.
 3 - Sujeitos
a) Ativo: qualquer pessoa (crime comum).
b) Sujeito passivo: qualquer ser humano vivo, a partir do momento em que se tem por iniciado o parto.
 4 - Tipo Objetivo:
 - Conduta típica: ofender a integridade corporal ou a saúde física ou mental de outrem.
 5 - Tipo subjetivo: dolo = vontade livre e consciente de ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem (animus vulnerandi oulaedendi). Pode ser direito ou eventual.
 6 - Consumação/Tentativa:
            a) Consumação: crime material - quando resulta uma lesão à integridade física ou psíquica da vítima.
            b) Tentativa: quando o agente pretendendo causar um ferimento ou dano à saúde, não consegue por circunstâncias alheias a sua vontade.
 7 - Lesão corporal leve:
            O conceito de lesão leve é dado por exclusão. O art. 129, §1o. = lesões graves; o §2o. = lesões gravíssimas; e o §3o. = lesões seguidas de morte. Então no caput do art. 129 está descrita as lesões corporais leves.
 8 - Lesão corporal grave - §1o.
            - É tipo penal derivado (qualificado), nos quais é conferido maior relevo ao desvalor do resultado (lesão corporal ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico protegido). Se resultam:
a) Inciso I - incapacidade para ocupações habituais, por mais de trinta dias.
b) Inciso II - perigo de vida.
c) Inciso III - debilidade permanente de
Exercício 1:
Não caracteriza lesão corporal de natureza grave, se da ofensa à integridade corporal resultar
A)
debilidade permanente de membro ou sentido.
B)
perigo a vida.
C)
aceleração de parto.
D)
debilidade permanente de função.
E)
incapacidade para as ocupações habituais, por trinta dias.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
D) § 2º Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incuravel; III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
D) II - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
A) II - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
B) II - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
C) II - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
D) II - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
E) II - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
Exercício 2:
Em relação ao crime de lesão corporal, verifique as assertivas abaixo e aponte a alternativa correta.
I – Consuma-se o delito quando resulta uma lesão à integridade física ou psíquica da vítima.
II – É crime comum, podendo qualquer pessoa praticá-lo.
III – O Código Penal, no artigo 129, § 1º., estabelece as situações que caracterizam a lesão corporal de natureza leve.
IV – Caso da conduta resulte perda ou inutilização de membro, sentido ou função, o delito é denominado, pela doutrina, lesão corporal gravíssima.
A)
somente a assertiva I está errada.
B)
somente a assertiva II está errada.
C)
somente a assertiva III está errada.
D)
somente a assertiva IV está errada.
E)
todas estão corretas.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C) Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. Lesão corporal de natureza grave § 2º Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incuravel; III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Exercício 3:
Homem que ao visitar os filhos na residência da ex-mulher, agride-a, causando-lhe a perda da vista de seu olho esquerdo, pratica o crime de lesão corporal de natureza
A)
gravíssima.
B)
grave.
C)
grave, com aumento especial de pena pela violência doméstica.
D)
gravíssima, com aumento especial de pena pela violência doméstica.
E)
leve.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C) Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. Aumento de pena § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Exercício 4:
Em relação ao crime de perigo de contágio venéreo, aponte a alternativa errada.
A)
O fato de a vítima saber ou supor que o agente está acometido de doença venérea, não exime aquele de responsabilidade.
B)
A conduta típica resume-se na prática de relações sexuais ou de qualquer ato libidinoso, seja ele ou não sucedâneo da cópula carnal, com a vítima.
C)
O dolo consubstancia-se na vontade de praticar ato libidinoso, expondo a vítima a perigo, sabendo o agente que está contaminado.
D)
A consumação somente se dará havendo a contaminação da vítima.
E)
A ação penal depende de representação.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
D) A consumação do crime, se dará não só pelo contágio, visto que independe do “sucesso” da tentativa, e sim pela exposição da vítima, o que torna admissível a tentativa. Porém como explica o doutrinador, a transmissão da moléstia venérea exaure o delito, o que acarretará em um crime mais grave (lesão corporal grave ou até homicídio) https://dalilandrademorais.jusbrasil.com.br/artigos/383319600/estudo-dos-artigos-130-131-e-132-do-codigo-penal-brasileiro
ART. 133 – ABANDONO DE INCAPAZ
 
1 - Conceito:
"Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono".
 
2 - Objetividade Jurídica: a saúde da pessoa humana.
3 - Sujeitos
a) Ativo: é aquele que possua uma especial relação de assistência para com a vítima, que se encontra sob seu cuidado, guarda, vigilância, ou imediata autoridade. Crime Próprio.
Posição de garantidor, que deve ser anterior à conduta e pode advir de:
a.1. lei: Código Civil; Estatuto da Criança e do Adolescente; Estatuo do Idoso, etc;
a.2. contrato ou convenção: enfermeiros, médicos, amas, babás, diretores de colégios, etc.
a.3. qualquer fato lícito ou ilícito: recolhimento de pessoa abandonada, condução de incapaz em viagem, caçada, etc.) .
b) Sujeito passivo: é o incapaz, sob a guarda ou assistência do agente.
 4 - Tipo Objetivo:
 - Conduta típica: abandonar = deixar sem assistência, desamparar.
- Indispensável é que a vítima fique em situação de perigo concreto, não se podendo presumir a ocorrência do risco. É necessária uma separação física entre os sujeitos.
5 - Tipo subjetivo:
            Dolo: vontade livre e consciente de expor a perigo concreto a vida ou a saúde do sujeito passivo através do abandono. Necessária a ciência do agente de que é responsável e do perigo que pode ocorrer. Pode o dolo ser direto ou eventual.
 6 - Consumação/Tentativa:
            a) Consumação: crime de perigo concreto - consuma-se com o efetivo risco corrido pelo ofendido.
            b) Tentativa: admissível.
 7 - Figuras qualificadas - §§ 1o. e 2o.
"§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave" e
"§ 2º - Se resulta a morte". Figuras preterdolosas ou preterintencionais.
 
8 - Caso de aumento da pena - § 3o.
"§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.".
 9 - Pena e ação penal
- Penas:
a) art. 133, caput = detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos.
b) se resulta lesão corporal de natureza grave (§ 1o.) - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
c) se resulta morte (§ 2o.) - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
d) casos de aumento - aumenta-se a pena em 1/3.
            A ação penal é pública incondicionada.
 
 
ART. 134 – EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO
 
1 - Conceito:
Em íntima afinidade com o delito de abandono de incapaz, do qual é uma espécie privilegiada autônoma, em razão do motivo que impulsiona o sujeito ativo à prática do crime: a ocultação da desonra própria. O crime de exposição ou abandono de recém-nascido é definido no art. 134:
"Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria".
 2 - Objetividade Jurídica: a vida e a saúde do recém-nascido.
 3 - Sujeitos
a) Ativo: Crime próprio, podendo ser praticado não só pela mãe na gravidez extra matrimonium, como pelo pai, em caso de filho adulterino ou incestuoso.
b) Sujeito passivo: é o recém-nascido.
 
4 - Tipo Objetivo:
 - Conduta típica: expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria (tipo misto alternativo).
- É indispensável para a caracterização do delito em tela a existência  - ainda que momentânea - de perigo concreto. Deve ser este efetivamente demonstrado.
 5 - Tipo subjetivo:
            Dolo: vontade livre e consciente de abandonar o recém-nascido, ciente o sujeito de que está ocasionando o perigo. Exige-se, porém, o elemento subjetivo do injusto que é o fim de ocultar a própria desonra (dolo específico).
 6 - Consumação/Tentativa:
            a) Consumação: com a efetiva exposição ou abandono, condicionados, porém, à superveniência de perigo concreto à vida ou à saúde do neonato. É delito instantâneo.
            b) Tentativa: é admissível.
 7 - Figuras qualificadas - §§ 1o. e 2o.
- Se do ato resulta lesão corporal de natureza grave ou morte.
 8 - Pena e ação penal
- Penas:
a) art. 134, caput = detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.;
b) se resulta lesão corporal (§ 1o.) - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos;
c) se resulta morte (§2o.) - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
            A ação penal é pública incondicionada.
 
ART. 135 – OMISSÃO DE SOCORRO
 1 - Conceito:
"Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública".
 2 - Objetividade Jurídica: a vida e a saúde da pessoa humana.
 3 - Sujeitos
a) Ativo: Crime Comum - qualquer pessoa. O dever de agir é imposto pelo próprio ordenamento jurídico, diante de certo caso concreto por ele mesmo previsto, não decorrendo de uma particular relação entre o agente e a vítima, ou entre o agente e a fonte geradora do perigo. Existindo essa relação, que impõe um dever jurídico de proteção, poderá ocorrer crime mais grave.
 b) Sujeito passivo: a criança abandonada ou extraviada, a pessoa inválida ou ferida, ao desamparo, ou qualquer pessoa em grave e iminente perigo.
 4 - Tipo Objetivo:
Trata-se de crime omissivo próprio ou puro. Pune-se a não-realização de uma ação que o autor podia realizar na situação concreta em que se encontrava. O agente infringe uma norma mandamental, isto é, transgride um imperativo, uma ordem ou comando de atuar. Ou seja, é preciso a existência de uma situação típica (criança abandonada ou extraviada, pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perito), a não-realização de uma ação cumpridora do mandado (o agente deixa de prestar assistência ou não pede socorro da autoridade pública) e a capacidade concreta da ação (conhecimento da situação típica e do meios ou formas de realização da conduta devida).
 - Condutas típicas: a) não prestar assistência (todaforma de auxílio ou socorro adequado) à vítima (criança abandonada ou extraviada, pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou pessoa em grave e iminente perigo). O dever de assistência é limitado pela possibilidade e capacidade individual determinando-se estas diante das circunstâncias do caso concreto.; b) não pedir o socorro da autoridade pública: o socorro é supletivo ou subsidiário, ou seja, é cabível quando se revelar capaz de arrostar tempestivamente o perigo ou quando a assistência direta oferecer riscos à incolumidade do agente. A autoridade pública a que faz referência o dispositivo é aquela apta a prestar assistência à vítima.
            No caso de omissão a prestar auxílio à criança extraviada ou abandonada, ou a pessoa inválida ou ferida, ao desamparo, o perigo é abstrato. Já no caso da pessoa em grave e iminente perigo, é indispensável sua efetiva demonstração (perigo concreto)
 5 - Tipo subjetivo:
            Dolo (direto ou eventual): vontade livre e consciente de não prestar assistência, podendo fazê-lo sem risco pessoal, ou, na impossibilidade, de não pedir auxílio.
6 - Consumação/Tentativa:
            a) Consumação: crime instantâneo - consuma-se o delito quando o sujeito ativo não presta o socorro, ainda que outro o tenha feito posteriormente e, de conseqüência, impedido a efetiva lesão da vida ou da saúde da vítima.
            b) Tentativa: crime omissivo puro - a tentativa é inadmissível. Se o agente se omite, o crime consumou-se; se não se omite, realiza o que lhe foi mandado.
 7- Figura qualificada - § único
"Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte."
            Na verdade, a lesão grave ou a morte não resultam da omissão, mas para que se configure o crime qualificado é preciso que se comprove que o sujeito ativo, se atuasse, poderia evitar esses resultados.
 8 - Qualificação doutrinária: delito omissivo próprio; crime de perigo; crime subsidiário; e crime instantâneo.
9 - Pena e ação penal
- Penas:
a) art. 135, caput = detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
b) forma qualificada (§ único): b.1) se resulta lesão corporal de natureza grave - a pena é aumentada da metade; b.2) se resulta a morte - a pena é triplicada.
- A ação penal é pública incondicionada.
 
ART. 136 – MAUS-TRATOS
 1 - Conceito:
"Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina".
 2 - Objetividade Jurídica: a incolumidade da pessoa humana, reprimindo-se com o dispositivo os abusos correcionais e disciplinares que a expõem a perigo.
3 - Sujeitos
a) Ativo: Crime próprio. Apenas a pessoa que tenha a vítima sob sua guarda, vigilância ou autoridade, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia.
b) Sujeito passivo: é aquele que estiver sob a autoridade, guarda ou vigilância do sujeito ativo, para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia (filhos, pupilos, curatelados, discípulos, aprendizes, enfermos, presos, etc.).
 4 - Tipo Objetivo:
 - Conduta típica: expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, por:
a) privação da vítima dos alimentos necessários. Modalidade de conteúdo omissivo. É suficiente a privação parcial - com redução da qualidade ou quantidade;
b) privação dos cuidados indispensáveis. Esses cuidados significam o mínimo imprescindível para a garantia da incolumidade física ou psíquica da vítima. Modalidade de conteúdo omissivo;
c) sujeitar a vítima a trabalhos excessivos ou inadequados: trabalho excessivo: é o que produz fadiga extraordinária ou não pode ser suportado sem grande esforço; trabalho inadequado: é o impróprio ou inconveniente ao trabalhador;
d) abuso dos meios de correção ou disciplina. O poder disciplinar pode ser exercido por quem tem o encargo legal ou convencional de educar, tratar, custodiar, etc., mas é vedado o abuso que pode causar dano à vida ou saúde.
 5 - Tipo subjetivo:
            Dolo (direto ou eventual): vontade livre e consciente de expor a perigo concreto a vida ou a saúde da vítima.
 6 - Consumação/Tentativa:
            a) Consumação: consuma-se o delito com a criação do perigo.
            b) Tentativa: é admissível nas condutas comissivas.
 7 - Figuras qualificadas - §§ 1o. e 2o.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave;
§ 2º - Se resulta a morte.
 
8 - Causa especial de aumento da pena - § 3o.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
- § Acrescentado pela Lei nº 8.069, de 13.07.1990 - ECA.
 9 - Pena e ação penal
- Penas:
a) art. 136, caput = Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou multa.
b) se resulta lesão corporal de natureza grave (§ 1o.) - Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos;
c) se resulta morte (§ 2o.) - Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos;
d) se o crime é praticado contra > de 14 anos (§ 3o.) - Aumenta-se a pena de um terço
- A ação penal é pública incondicionada.
 ART. 137 – RIXA
 1 - Conceito: "Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:".
 2 - Objetividade Jurídica: a incolumidade da pessoa humana, e de modo secundário a preservação da tranqüilidade pública, perturbada pelo ambiente de algazarra e confusão gerado pela rixa.
 3 - Sujeitos
a)        Ativo: Pode ser qualquer pessoa, sem qualquer restrição (crime comum).
- É delito plurissubjetivo ou coletivo, que somente se configura com o concurso de três ou mais pessoas. A conduta plural é tipicamente obrigatória: + de 3 pessoas. Sendo que são, ao mesmo tempo, sujeitos ativos e passivos, uns em relação aos outros.
b)        Sujeito passivo: é o próprio rixoso, em relação a conduta dos demais, e estes em relação a conduta dos outros.
 4 - Tipo Objetivo:
 - Conduta típica: participar de rixa.
Participar = concorrer, tomar parte, contribuir para o desencadeamento ou empenhar-se par a continuidade da rixa.
Rixa = é o embate violento travado entre três ou mais pessoas. É indispensável a violência física, constituída por, no mínimo, vias de fato.
 5 - Tipo subjetivo:
            Dolo: vontade livre e consciente de participar da rixa (animus rixandi). Não existe a forma culposa.
 6 - Consumação/Tentativa:
            a) Consumação: consuma-se o delito com a prática de vias de fato ou violências recíprocas, instante em que há a produção do resultado, que é o perigo abstrato de dano.
            b) Tentativa: duas posições:
            b.1) admitem a tentativa aqueles que entendem ser possível a rixa preordenada (ex proposito);            b.2) para aqueles que o reconhecem o imprevisto como elemento da rixa, a tentativa é impossível, porque a conduta e o evento se exaurem simultaneamente.
 7 - Rixa qualificada - § ún.: "Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos."
8 - Pena e ação penal
- Pena: detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
- A ação penal é pública incondicionada.
Exercício 1:
Quanto ao crime de abandono de incapaz, e incorreto dizer:
A)
é delito próprio.
B)
são sujeitos passivos aqueles que, por qualquer motivo, não têm condições de cuidar de si próprios, de se defenderem dos riscos resultantes do abandono.
C)
a conduta típica significa deixar sem assistência, desamparar, largar.
D)
é crime de perigo abstrato.
E)
é crime exclusivamente doloso.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
D) Crime próprio é a ação ou omissão de determinadas pessoas especificadas legalmente, e em decorrência disso,é gerado um resultado danoso a algum bem jurídico, já previsto pela legislação penal. https://pt.wikipedia.org/wiki/Crime_pr%C3%B3prio
Exercício 2:
Aponte a alternativa correta, tendo em vista as afirmações abaixo;
I – Exposição ou abandono de recém-nascido é um crime próprio, podendo ser praticado não só pela mãe na gravidez extra matrimonium, como pelo pai, em caso de filho adulterino ou incestuoso.
II – O crime de exposição ou abandono de recém-nascido somente se configura se presente o elemento subjetivo do injusto, que é o fim de ocultar desonra própria.
III – No caso de exposição oi abandono de recém-nascido a circunstância de ser pai ou mãe da vítima, elementar do crime, comunica-se ao partícipe ou co-autor.
A)
Todas estão corretas.
B)
Todas estão incorretas.
C)
Somente a I está incorreta.
D)
Somente a II está incorreta.
E)
Somente a III está incorreta.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Exercício 3:
Em relação ao crime de omissão de socorro, é incorreto afirmar:
A)
qualquer pessoa pode praticar o delito, não havendo obrigatoriedade de qualquer vinculação anterior entre os sujeitos do delito.
B)
o delito exige, como um dos elementos formadores da omissão de socorro, que o autor da situação de perigo não seja o próprio causador (doloso ou culposo) das lesões.
C)
Trata-se de um crime omissivo puro.
D)
Quando duas ou mais pessoas omitem o socorro, todas respondem pelo crime, e, mesmo que uma delas o preste, as outras não se desobrigam, respondendo pela omissão.
E)
consuma-se o delito quando o sujeito deixou de agir, não se podendo falar em tentativa.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
D) Segundo a maioria dos doutrinadores é inadmissível o concurso de pessoas, pois o dever de agir é individual, pessoal e, portanto, não comporta divisão. Cada um que transgredir no seu particular dever responderá pelo crime individualmente. Assim, se duas ou mais pessoas se negam a prestar auxílio cada um responderá pelo delito. https://pt.wikipedia.org/wiki/Omiss%C3%A3o_de_socorro
Exercício 4:
São condutas que não caracterizam o crime de maus-tratos:
A)
privar a vítima de alimentos indispensáveis.
B)
deixar de prestar assistência à criança abandonada ou extraviada.
C)
sujeitar a vítima a trabalho excessivo.
D)
sujeitar a vítima a trabalho inadequado.
E)
abusar dos meios de correção e disciplina.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B)
Comentários:
B) Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
CAPÍTULO V - Dos Crimes Contra a Honra
 
            São Crimes que atingem a integridade ou a incolumidade moral da pessoa humana.
            Honra = o conjunto de atributos morais, intelectuais e físicos referentes a uma pessoa - valor próprio da pessoa, então conceituada sob vários aspectos:
1) Distingue-se a honra dignidade da honra decoro:
a) honra dignidade: é o sentimento da pessoa a respeito de seus atributos morais, de honestidade e bons costumes. Atingir-se-á quando se afirma que alguém é estelionatário ou praticou determinado furto;
b) honra decoro: é o sentimento pessoal relacionado ao dotes ou qualidade do homem (físicos, intelectuais e sociais). Atingir-se-á quando se afirma que a vítima é um aleijão, ignorante, sovina, etc.
2) Distingue-se a honra subjetiva da honra objetiva:
a) honra subjetiva: é o apreço próprio, na estima de si mesmo, o juízo que cada um faz de si, que pensa de si - o auto-respeito;
b) honra objetiva: é a consideração para com o sujeito no meio social, o juízo que fazem dele na comunidade.
3) Fala-se em:
a) honra comum: é a peculiar a todos os homens;
b) honra especial ou profissional: é aquela referente a determinado grupo social ou profissional, cuja sensibilidade, às vezes, se reveste de contornos diversos da média. Ex.: chamar um militar de "covarde"; um advogado de "coveiro de causas"; um médico de "açougueiro", etc.
 
 
ART. 138 – CALÚNIA
1 - Conceito:
"Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:”
2 - Objetividade Jurídica: a honra, no caso a honra objetiva.
3 – Sujeitos
a)         Ativo: Pode ser qualquer pessoa, sem qualquer restrição (crime comum). b)        Sujeito passivo: é tão-somente a pessoa física. Pois o ordenamento jurídico-penal pátrio é fundado no direito penal da conduta, da culpabilidade e da personalidade da pena, vedando a responsabilização dos entes morais. Dessa maneira, a imputação caluniosa dirigida a uma pessoa jurídica se resolve em calúnia contra as pessoas que a dirigem, tratando-se de crime comum. Exceção: Lei de proteção ambiental (Lei n. 9.605/98), em seus artigos 3o, e 21 a 24, prevê a responsabilidade da pessoa jurídica em relação a delitos contra o meio ambiente. Logo, ela pode ser caluniada quanto esses delitos.
            - § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. Porém a vítima não é o morto, pois o morto não é titular de direitos, mas sim serão seus parentes, interessados na preservação do bom nome do morto por reflexo, os sujeitos passivos.
4 - Tipo Objetivo:
 - Conduta típica: imputar, ou seja, atribuir a alguém a pratica do ilícito. O tipo é composto de três elementos:
a) a imputação da prática de determinado fato;
b) a característica de ser esse fato um crime (fato típico); e
c) a falsidade da imputação.
 5 - Tipo subjetivo:
            Dolo: vontade livre e consciente de imputar falsamente a alguém fato definido como crime (dolo direito). E também se exige uma determinada tendência subjetiva de realização da conduta típica, qual seja, a FINALIDADE DE DESACREDITAR, MENOSPREZAR, O ÂNIMO DE CALUNIAR (animus caluniandi) – elemento subjetivo do injusto.
6 - Consumação/Tentativa:
            a) Consumação: consuma-se o delito quando qualquer pessoa, que não a vítima, toma conhecimento da imputação falsa. Se o fato é diretamente imputado à vítima, sem que seja ouvido lido ou percebido por terceiro, não haverá calúnia.
            b) Tentativa: é possível quando a calúnia não é oral.
7 – Propalação e divulgação - § 1º
"§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga."
            Incorre nas mesma penas da calúnia que "sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga."
            Propalar e propagar, espalhar.
            Divulgar é tornar público.
            Se o caput descreve a conduta daquele que cria a imputação falsa, o § 1º ocupa-se daquele que, ouvindo-a, leva-a adiante, incrementando o risco da lesão ou efetiva ofensa à reputação da vítima. E é indispensável que o agente saiba da falsidade da imputação (dolo direto), ou seja, não admite o dolo eventual.
8 – Exceção da verdade, e exceções da exceção - § 3º
                "§ 3º - Admite-se a prova da verdade..."
            A falsidade da imputação é elemento normativo do tipo. Em razão da gravidade do fato imputado, a calúnia admite a exceção da verdade, que consiste na defesa apresentada pelo acusado com o fim de demonstrar a verdade da imputação. A exceção da verdade há de ser submetida ao contraditório (RT 621/328), mas pode ser alegada e comprovada em qualquer fase processual, inclusive ao ensejo das razões de apelação (RT 607/306).
            Contudo, apesar da exceção apresentar-se como regra geral, em virtude do inequívoco interesse social no esclarecimentodas condutas delituosas, evitando a impunidade de seus autores, o Código Penal proíbe a prova da verdade em três hipóteses:
"§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;" In casu, a impossibilidade de argüição da exceção da verdade é justificada pelo princípio da disponibilidade da ação penal privada, a qual vis resguardar os interesses da vítima.
"II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no número I do art. 141;" Estão protegidos o Presidente da República e o chefe de Governo estrangeiro (soberano, presidente, primeiro-ministro) quer pela dignificante função que exercem, quer pelas repercussões internas ou externas do fato.
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível." Pois se o sujeito passivo já foi absolvido do crime imputado, por decisão irrecorrível, presume-se juris et de jure a falsidade da acusação.
            Assim, nas hipóteses apontadas, ainda que verdadeiros os fatos imputados, o delito de calúnia se encontra configurado, ante a impossibilidade de oposição da exceção da verdade. Prescinde-se, então, para a caracterização da calúnia, da falsidade do fato imputado.
 9 - Pena e ação penal
- Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa
- A ação penal é privada. Salvo se praticado o crime contra o presidente da República, chefe de governo estrangeiro ou funcionário público (art. 141, I e II), hipóteses em que a ação penal é pública condicionada à requisição do ministro da Justiça ou à representação do ofendido, respectivamente (art. 145, par. ún., CP).
 
ART. 139 – DIFAMAÇÃO
1 - Conceito:
" Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:"
2 - Objetividade Jurídica: a honra, no caso a honra objetiva: externa (a reputação, o conceito do sujeito passivo no contexto social).
3 – Sujeitos
a)         Ativo: Pode ser qualquer pessoa, sem qualquer restrição (crime comum). b)        Sujeito passivo: o ser humano, inclusive os menores e os doentes mentais.
4 - Tipo Objetivo:
 - Conduta típica: imputar (atribuir) a alguém fato ofensivo à sua reputação.
            Diversamente da calúnia, a difamação não está condicionada à falsidade da imputação. A prova da veracidade de seu conteúdo (exceptio veritatis) é regra geral, afastada.
            Como a calúnia, também na difamação o fato imputado deve ser determinado. Não há, porém, a exigência de descrição detalhada, isto é, não é preciso que o agente o narre em todos pormenores.
5 - Tipo subjetivo:
            Dolo (direto ou eventual): vontade livre e consciente de imputar falsamente a alguém fato ofensivo à sua reputação. E também se exige uma determinada tendência subjetiva de realização da conduta típica, qual seja, a FINALIDADE DE MACULAR A REPUTAÇÃO ALHEIA, O ÂNIMO DE DIFAMAR (animus diffamandi) – elemento subjetivo do injusto.
6 - Consumação/Tentativa:
            a) Consumação: consuma-se o delito quando qualquer pessoa, que não a vítima, toma conhecimento da imputação. Se o fato é diretamente imputado à vítima, sem que seja ouvido lido ou percebido por terceiro, não haverá difamação.
            b) Tentativa: é possível quando não praticada oralmente.
7 – Exceção da verdade
                "Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções."
8 - Pena e ação penal
- Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
- A ação penal é privada. Salvo se praticado o crime contra o presidente da República, chefe de governo estrangeiro ou funcionário público (art. 141, I e II), hipóteses em que a ação penal é pública condicionada à requisição do ministro da Justiça ou à representação do ofendido, respectivamente (art. 145, par. ún., CP).
 
ART. 140 – INJÚRIA
1 - Conceito:
"Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:"
2 - Objetividade Jurídica: a honra, no caso a honra subjetiva.
 - dignidade: é o sentimento que o próprio indivíduo possui acerca de seu valor social e moral;
- decoro: é o sentimento que o próprio indivíduo possui acerca de sua respeitabilidade (sua qualidades físicas e intelectuais).
3 - Sujeitos
a)         Ativo: Pode ser qualquer pessoa, sem qualquer restrição (crime comum). b)        Sujeito passivo: é tão-somente a pessoa física.
4 - Tipo Objetivo:
 - Conduta típica: injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro. Traduz a injúria a opinião pessoal do agente, manifestada em qualquer conduta capaz de exprimir o menosprezo que sente pela vítima.
5 - Tipo subjetivo:
            Dolo: vontade livre e consciente de ofender a dignidade ou o decoro de outrem. E também se exige uma determinada tendência subjetiva de realização da conduta típica, qual seja, a FINALIDADE DE MENOSPREZAR, O ÂNIMO DE INJURIAR (animus injuriandi) – elemento subjetivo do injusto.
6 - Consumação/Tentativa:
            a) Consumação: consuma-se o delito quando a vítima toma conhecimento da qualidade negativa que lhe é imputada pelo sujeito ativo. Não é preciso, porém, que o sujeito passivo sinta realmente a ofensa. A injúria é crime formal, em que se prescinde do resultado danoso para a sua configuração.
            b) Tentativa: é possível, especialmente quando feita por escrito.
7 – Provocação e retorsão - § 1º
"§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria."
São casos de perdão judicial:
- no primeiro caso (inc. I) a razão do benefício legal reside justa causa irae, ou seja, o legislador reconhece que a palavra ou gesto ultrajante decorreu de irrefutável impulso defensivo, por ocasião de justificável irritação. Indispensável, porém, que a provocação seja direta - feita na presença do agente - e reprovável - digna de censura. A provocação pode constituir-se me um ilícito (lesão, dano, etc.) ou não (gracejo à esposa do agente, etc.).
- no segundo caso (inc. II), o ofendido rebate com outra injúria a injúria que lhe foi endereçada: deve ser imediata (sine intervallo), motivada pela primeira injúria e na presença dos dois agentes, caso contrário estaremos falando de reciprocidade de injúrias, não se admitindo o perdão judicial para elas.
            Nas duas hipóteses não há compensação das injúrias, mas isenção da pena àquele que, por irritação ou ira justificada, ofende o provocador da injúria.
8 – Injúria real - § 2º
                "§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:"
            Refere-se a lei à injúria em que há prática de violência (chicotadas, marcação a faca ou a ferro em brasa etc.) ou vias de fato.
9 - Injúria preconceituosa ou discriminatória - § 3o.
"§ 3º - Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem:" Com redação dada pela Lei nº 9.459, de 13.05.1997
 Trata-se de injúria qualificada, na qual o agente busca ofender a dignidade ou decoro da vítima utilizando-se de referências à raça, cor, etnia, religião ou origem desta.
10 - Pena e ação penal
- Pena:
caput: detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa;
§ 2o. - injúria real: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além da pena correspondente à violência;
§ 3o. - injúria preconceituosa: reclusão de um a três anos e multa.
- A ação penal é privada. Salvo se praticado o crime contra o presidente da República, chefe de governo estrangeiro ou funcionário público (art. 141, I e II), hipóteses em que a ação penal é pública condicionada à requisição do ministro da Justiça ou à representação do ofendido, respectivamente (art. 145, par. ún., CP). Na injúria real, resultante de lesão corporal de natureza grave (art. 129, §§ 1o. e 2o., CP), a ação penal é pública incondicionada (art. 101, CP); se produzidas lesões leves, a ação penal é pública condicionada à

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