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LIVRO CINESIOTERAPIA

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autora
SANDRA HELENA MAYWORMSANDRA HELENA MAYWORM
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
CINESIOTERAPIA
 
Conselho editorialConselho editorial sergio augusto cabral, roberto paes e paola gil de almeida
Autora do srcinalAutora do srcinal sandra helena mayworm
Projeto editorialProjeto editorial roberto paes
Coordenação de produçãoCoordenação de produção paola gil de almeida, paula r. de a. machado e aline
karina rabello
Projeto gráficoProjeto gráfico paulo vitor bastos
DiagramaçãoDiagramação bfs media
Revisão linguísticaRevisão linguística bfs media
Revisão de conteúdoRevisão de conteúdo fátima figueiredo da conceição
Imagem de capaImagem de capa kieferpix | shutterstock.com
todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyrightseses, 2016.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
M474c Mayworm, Sandra Helena
 Cinesioterapia / Sandra Helena Mayworm.
Rio de Janeiro : SESES, 2016.
 114 p. : il.
 isbn: 978-85-5548-307-3
 1. Fisioterapia. 2. Cinesioterapia. 3. Exercícios terapêuticos. 4. Biomecânica.
 I. SESES. II. Estácio.
cdd 613.7
Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento
Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
 
Sumário
Prefácio 5
1. Introdução à Cinesioterapia 7
1.1 Conceito, objetivos e consideração sobre cinesioterapia como
intervenção e CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde) 9
1.2 Conceito, efeitos fisiológicos da mobilização e do exercício
e metas 14
1.2.1 Classificação quanto ao tipo de contração: 18
1.2.2 Classificação quanto à cadeia cinética 21
1.3 Síndrome da Imobilidade 22
2. Exercícios terapêuticos de ADM passiva 27
2.1 Conceitos básicos do movimento articular 29
2.1.1 Osteocinemática e Artrocinemática 30
2.2 Exercícios de ADM passiva, efeitos fisiológicos, indicação e
contraindicação 34
2.3 Princípios e procedimentos para aplicação das técnicas de
exercícios de ADM 36
2.4 Técnicas de aplicação 37
2.4.1 Membros superiores 37
2.4.2 Membros inferiores 38
2.4.3 Região cervical da coluna vertebral 39
2.4.4 Região lombar da coluna vertebral 39
2.5 Exercícios de ADM auto assistidos 40
2.6 Mobilização passiva contínua 43
2.7 Mobilização e manipulação articular 43
 
3. Exercícios terapêuticos ativo-livres e resistidos 47
3.1 Definição: Princípio de sobrecarga 49
3.2 Efeitos fisiológicos. Indicação e contraindicação 51
3.3 Precauções para os exercícios resistidos 57
3.4 Contraindicações para o exercício resistido: 58
3.5 Tipos de exercícios resistidos: Exercícios terapêuticos
ativo-resistidos de forma manual. 58
4. Exercícios terapêuticos de alongamento 71
4.1 Mobilidade e alongamento 72
4.2 Indicações e contraindicações dos exercícios de alongamento 77
4.3 Tipos de alongamento 80
5. Exercícios para diversas áreas do corpo 91
5.1 Exercícios para coluna vertebral 92
5.1.1 Exercícios de Willians e McKenzie 94
5.1.2 Escola de Postura 97
5.1.3 Exercícios de estabilização da coluna vertebral 98
5.1.4 Exercícios de Pilates 101
5.1.5 Método Mézieres e a Reeducação Postural Global 102
5.2 Exercícios para membros inferiores e superiores 103
5.3 Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) 109
5.4 Abordagem neuroevolutiva no tratamento de doenças
neuromusculares 111
 
5
Prefácio
Prezados (as) alunos (as),
 A prescrição do tratamento fisioterapêutico utilizando os recursos do movi-
mento é necessária para a recuperação funcional.
Um comprometimento da capacidade funcional a ponto de impedir o exer-
cício da atividade dentro dos limites considerados “normais” para o ser huma-
no, essenciais para a vida cotidiana, pode ser temporário ou permanente. E a in-
capacidade reflete as consequências da deficiência em termos de desempenho
e atividade funcional do indivíduo, sua adaptação e interação na sociedade.
 A cinesioterapia é um recurso utilizado pelo fisioterapeuta na prevenção e
no tratamento das doenças neuromusculares por meio de movimentos passi-
 vos e/ou ativos, visando a manutenção e/ou recuperação das articulações e gru-
pos musculares. Considero esse recurso o “carro chefe” da fisioterapia, pois a
cinética e a função são os objetos de estudo de um fisioterapeuta.
Neste livro abordamos, de forma resumida, os exercícios passivos, ativos e
de fortalecimento muscular, como educação, prescrição e programa de trata-
mento na recuperação da função; o alongamento e suas variedades como recur-
so para atingir uma meta e objetivo específico predeterminado; os exercícios
proprioceptivos e de equilíbrio, além de conceitos, protocolos e métodos es-
pecíficos para áreas específicas do sistema axial e apendicular e suas disfun-
ções neuromusculares.
O tratamento é a parte mais nobre de nossa atividade profissional, como
fisioterapeuta. A essência da recuperação funcional está na restauração dos
movimentos e na independência do ser humano.
Espero contribuir para seu conhecimento e aguçar sua curiosidade para
aprofundamento na cinesiologia, biomecânica e cinesioterapia; essa ciência
tão ampla.
Bons estudos!Bons estudos!
 
Introdução àIntrodução à
CinesioterapiaCinesioterapia
11
 
8 • capítulo 1
1. Introdução à Cinesioterapia
 A cinesioterapia é definida etimologicamente como a arte de curar, utilizando
todas as técnicas do movimento. Em 1847, Auguste Georgii, ao utilizar o termo
cinesioterapia, propunha esta definição: “O tratamento das doenças através do
movimento”. Em 1965, Licht (1965) definiu exercício terapêutico como “movi-
mento do corpo ou das partes corporais para alívio de sintomas ou melhorar a
função”. É o que há muito tempo se chamou de ginástica médica em oposição
à ginástica geral, cujos propósitos são essencialmente higiênicos ou estéticos.
Entretanto essa noção de movimento é muito restritiva.
 Atualmente, a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade
e Saúde (CIF) pode contribuir para a orientação e sistematização da prática clí-
nica do fisioterapeuta, mas ainda com seu uso limitado, principalmente, devi-
do à complexidade de sua aplicação.
Estudos sobre a aplicação da CIF realizados no Brasil demonstram haver
uma relação direta entre uma determinada patologia e as alterações de ativida-
de e participação resultantes do meio ambiente. E a cinesioterapia possibilita
intervir com sua prática no uso de metodologias que englobem os componen-
tes da CIF, operacionalizando com o enfoque biopsicossocial para a aten-
ção fisioterapêutica
OBJETIVOSOBJETIVOS
• Apresentar conceito de cinesioterapia e exercícios terapêuticos utilizados pelo fisiotera-
peuta como recursos de tratamento;
• Trazer reflexões sobre a CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade
e Saúde), relacionando a intervenção fisioterapêutica;
• Apresentar a Síndrome da Imobilidade e reflexões sobre a intervenção fisioterapêutica
 junto à equipe multidisciplinar.
 
capítulo 1 • 9
1.1 Conceito, objetivos e consideração sobre cinesioterapia como
intervenção e CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde)
 A Cinesioterapia sempre foi definida pelo uso do movimento ou exercício como
forma de terapia (exercício terapêutico), mas podemos também afirmar que é o
tratamento do movimento. Os primeiros estudos sobre a utilização dos exercí-
cios terapêuticos datam da Grécia e Roma antiga, porém foi a partir da I Guerra
Mundial que houve um aumento acentuado da utilização deste recurso para a
reabilitação de pacientes. Isso devido ao grande número de incapacitados. Sua
principal finalidade é a manutenção ou desenvolvimento do movimento livre
para a sua função, e tem como efeitos principais a melhora da força,resistência
à fadiga, coordenação motora, mobilidade e flexibilidade.
Cinesioterapia ou exercício terapêutico é o treinamento planejado e siste-
mático de movimentos corporais, posturas ou atividades físicas com objetivos
de proporcionar ao indivíduo meios de:
• Tratar ou prevenir comprometimentos;
• Melhorar, restaurar ou potencializar a função física;
• Prevenir ou reduzir fatores de risco ligados à saúde;
• Otimizar o estado de saúde geral, seu preparo físico ou sensação de
bem-estar.
Muitas pessoas já ouviram falar da CID-10, que é uma classificação interna-
cional de doenças. Nos atestados médicos, por exemplo, o CID normalmente
é inserido.
Menos conhecida é a CIF, Classificação Internacional de Incapacidade,
Funcionalidade e Saúde elaborada pela Organização Mundial de Saúde para ser
usada de forma transversal em diferentes áreas como saúde, educação, econo-
mia e desenvolvimento de políticas. Enquanto a CID-10 está focada na doença, a
CIF se volta para o indivíduo e o exercício de suas funcionalidades na interação
entre a pessoa e o ambiente social ao redor. Ela é hoje o modelo da Organização
Mundial da Saúde (OMS) para saúde e incapacidade, constituindo a base concei-
tual para definição, mensuração e formulação de políticas nesta área.
É baseada num modelo de incapacidade que poderia ser chamado de mo-
delo biopsicossocial. Este modelo sintetiza o que é verdadeiro nos modelos mé-
dico e social, ou seja, não comete o erro de reduzir a noção de incapacidade a
 
10 • capítulo 1
apenas um dos seus aspectos. A CIF fornece, por esta síntese, uma visão coeren-
te de diferentes perspectivas da saúde: biológica, individual e social. Sempre
enxergando o ser biopsicossocial (OPAS, 2000).
Com essa visão, Mário César Battisti cobra da sociedade uma visão das pes-
soas com limitações como problema, para reconhecer que os ambientes em
que vivemos são o problema:
Precisamos confrontar o quanto somos capazes de gera r barreiras e gerar infelicidade
para os outros e como não somos freados nessa capacidade de tornar o outro infeliz.
(Câmara dos Deputados, 2015)
Os componentes da CIF se interligam e compõem um modelo multidi-
mensional, multidirecional e dinâmico. Com este modelo, pode-se inverter
a compreensão da incapacidade a partir da doença ou da condição de saúde,
entendendo, ao contrário, o ambiente, levando à incapacidade e à doença. O
respeito às múltiplas dimensões envolvidas no processo de saúde e funcionali-
dade/incapacidade (biológica, individual, social), além do reconhecimento do
importante papel do ambiente (não só físico, mas social e de atitudes), traz uma
nova luz sobre "saúde" e "incapacidade", em especial sobre questões de Saúde
do Trabalhador (DI NUBILA, 2010).
 A CIF reconhece que todo ser humano pode experimentar uma perda ou
diminuição na sua saúde e, portanto, experimentar alguma incapacidade.
Isso não é algo que acontece somente a uma minoria da humanidade, mas é
uma experiência humana universal. Mudando o foco da causa para o impac-
to, todas as condições de saúde são colocadas em pé de igualdade, permitindo
que sejam comparadas, usando uma medida comum, uma escala de saúde e
de incapacidade.
O "diagnóstico" sozinho não prevê a necessidade de serviços, tempo de
hospitalização, nível de cuidados ou resultados funcionais. Isso significa que,
se usarmos uma classificação médica de diagnósticos sozinha, não teremos
a informação necessária para propósitos de gerenciamento e planejamento
de saúde.
 A CIF permite coletar dados vitais sobre tipos e níveis de funcionalidade e
incapacidade de modo consistente e comparável internacionalmente, forne-
cendo a base para compor dados em nível nacional, ajudando a guiar o desen-
 volvimento de políticas nesta área (tabela 1.1). O fisioterapeuta deve estar pre-
sente de forma abrangente nessas discussões.
 
capítulo 1 • 11
COMPONENTESCOMPONENTES FUNÇÕES E ESTRU-FUNÇÕES E ESTRU-TURAS CORPORAISTURAS CORPORAIS
ATIVIDADE EATIVIDADE E
PARTICIPAÇÃOPARTICIPAÇÃO
FATORESFATORES
AMBIENTAISAMBIENTAIS FATORES SOCIAISFATORES SOCIAIS
DomíniosDomínios
Funções
corporais
Estruturas
corporais
Áreas da vida
(tarefas, ações)
Influências
externas na fun-
cionalidade e na
incapacidade
Influências
internas na fun-
cionalidade e na
incapacidade
ConstructosConstructos
Mudanças nas
funções corpo-rais (fisiológicas)
Mudanças nas
estruturas corpo-
rais (anatômicas)
Capacidade:
execução
de tarefas
em ambien-
te padronizado.
Desempenho:
execução de
tarefas no am-
biente atual.
Impacto facilita-
dor ou dificulta-dor de aspectos
do mundo
físico, social e de
mentalidade.
Impacto das ati-
tudes da pessoa
AspectoAspecto
positivopositivo
Integridade
funcional e
estrutural
Atividades
Participação Facilitadores Não aplicável
AspectoAspecto
negativonegativo Deficiência
Limitação
das atividades
Restrições à
participação
Barreiras
Impedimentos Não aplicável
Tabela 1.1 – CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde).
Sabemos que, progressivamente, a CIF vem sendo conhecida e que cada
 vez mais os profissionais de saúde, em especial das áreas de reabilitação e, em
particular, da área de reabilitação profissional, vêm se apropriando do enten-
dimento deste modelo. Isso possibilita a ampliação do pensamento de novas
intervenções, bem como em políticas mais voltadas à realidade das complexas
relações dentro do tema "saúde e incapacidade/funcionalidade no trabalho"
(DI NUBILA, 2010).
Tradicionalmente, a fisioterapia, como profissão, tem sido definida por
um corpo de conhecimento e aplicações clínicas que estão direcionadas para
a eliminação ou remediação da incapacidade. Contudo, conforme a profissão
foi se desenvolvendo, o escopo da prática ultrapassou o simples tratamento da
incapacidade e agora inclui a promoção do bem-estar de pessoas saudáveis e
a prevenção ou redução de fatores de risco que possam levar à incapacidade.
 Vários fatores de risco podem estar envolvidos junto à incapacidade fun-
cional. Alguns fatores que aumentam o risco da incapacidade têm caracte-
rísticas biológicas, comportamentos ligados ao estilo de vida, características
 
12 • capítulo 1
psicológicas e o impacto dos ambientes físico e social. Os fatores de risco rela-
cionados com a incapacitação são influências ou características que predispõe
o indivíduo ao processo de incapacitação. Sendo assim eles surgem antes da
patologia, comprometimentos, limitações funcionais ou incapacidades.
Há os riscos modificáveis (comportamentais, ambientais) e os não modifi-
cáveis (fatores biológicos e genéticos). Modificar os fatores de risco por meio de
uma intervenção de educação na saúde associada ao exercício terapêutico é um
instrumento importante que o fisioterapeuta deve se apoderar para reduzir ou
prevenir a incapacitação.
Fatores de risco para incapacidade:Fatores de risco para incapacidade:
Fatores biológicos:Fatores biológicos:
• Idade, sexo, raça;
• Relação peso/altura;
• Anormalidades ou distúrbios congênitos;
• História familiar de doença – predisposição genética.
Fatores comportamentais, psicológicos e de estilo de vida:Fatores comportamentais, psicológicos e de estilo de vida:
• Vida sedentária;
• Uso de cigarro, álcool, outras drogas;
• Má nutrição;
• Baixo nível de motivação;
• Inadequação para lidar com adversidades;
• Dificuldade para lidar com mudanças;
• Sentimentos negativos.
Características ambientais físicas:Características ambientais físicas:
• Barreiras arquitetônicas em casa, na comunidade e local de trabalho;
• Características ergonômicas do ambiente de casa, trabalho ou escola.
Fatores socioeconômicos:Fatores socioeconômicos:
• Situação econômica inferior;
• Baixo nível educacional;
• Acesso inadequado aos serviços de saúde;
• Suporte familiar ou social limitado.
 
capítulo 1 • 13
 A compreensãobásica do processo e dos vários modelos e sistemas de clas-
sificação fornece o conceito para prática e pesquisa e estabelece um fundamen-
to para a tomada de decisão, possibilitando atendimentos fisioterapêuticos
efetivos, eficientes e significativos para o paciente.
O fornecimento de um tratamento de qualidade envolve a habilidade de
fazer julgamentos clínicos adequados, solucionar problemas que aflijam o
paciente e aplicar o conhecimento das inter-relações entre patologia, compro-
metimento, limitação e incapacidade ao longo de cada fase do tratamento. A
tomada de decisão clínica envolve a escolha, implementação e modificação
de intervenções que usam exercícios terapêuticos com base nas necessidades
únicas de cada paciente. Isso só é possível após uma avaliação abrangente, um
diagnóstico cinesiológico funcional claro e preciso e um pensamento crítico e
criativo.
Depois de terminar o exame inicial, analisar os dados e estabelecer um diag-
nóstico baseado no comprometimento, é preciso determinar o prognóstico, in-
cluindo um plano de atendimento, antes de iniciar qualquer intervenção.
 A determinação de um prognóstico preciso é desafiador até mesmo para fi-
sioterapeutas experientes, e o plano de atendimento é um componente integral
do prognóstico. Está relacionado às metas estabelecidas resultados funcionais
esperados – úteis, sustentáveis e mensuráveis, extensão e tempo necessário
para atingir a melhora estabelecida, frequência e duração da intervenção e esti-
mativa de plano de alta fisioterapêutica.
O estabelecimento de metas relevantes e significativas requer o engajamen-
to do paciente e/ou família na tomada de decisão desde nosso primeiro conta-
to. Os pacientes procuram a fisioterapia não para se tornarem mais fortes ou
flexíveis, mas para serem capazes de desempenhar com facilidade e conforto as
atividades físicas que gostaria ou precisam fazer.
 A chave para justificar os serviços de fisioterapia no sistema de saúde atual,
com contenção de custos, é a identificação e documentação dos resultados fun-
cionais de sucesso que podem estar relacionados às intervenções com base em
evidências. Os resultados funcionais necessitam ser significativos, práticos e
sustentáveis. Tem de ter impacto na habilidade do paciente, melhorar a função
de forma eficiente e efetiva com baixo custo e se manter ao longo do tempo
após a alta fisioterapêutica.
 
14 • capítulo 1
Comprometimentos físicos comuns tratados com exercícios terapêuticos:Comprometimentos físicos comuns tratados com exercícios terapêuticos:
MusculoesqueléticosMusculoesqueléticos: Dor; fraqueza muscular; diminuição da resistência
muscular à fadiga; amplitude de movimento limitada (restrição na cápsula ar-
ticular, no tecido conjuntivo e no comprimento muscular); hipermobilidade
articular; má postura e desequilíbrios entre comprimento e força muscular.
NeuromuscularesNeuromusculares: Dor; comprometimentos de equilíbrio, estabilidade pos-
tural ou controle; incoordenação; desenvolvimento motor tardio ou compro-
metido; tônus anormal (hipotonia, hipertonia, distonia); estratégias de movi-
mento funcional não efetivas ou insuficientes.
Cardiovasculares/pulmonaresCardiovasculares/pulmonares: Capacidade aeróbica diminuída; circula-
ção comprometida (linfática, venosa, arterial); dor durante a atividade físi-
ca sustentada.
TegumentaresTegumentares: hipomobilidade da pele.
1.2 Conceito, efeitos fisiológicos da mobilização e do exercício e metas
O uso apropriado do exercício pode acelerar o processo de cicatrização, e a falta
de exercício durante os estágios iniciais da recuperação da função pode resultar
em incapacidade permanente. As condições ideais para a cicatrização depen-
dem de um equilíbrio entre a proteção contra o estresse e o retorno a função
normal no período mais precoce possível.
 A remobilização pode restaurar as propriedades mecânicas e estruturais
dos tecidos ligamentares. As forças de cisalhamento e compressivas que ocor-
rem na superfície articular provocada pelo movimento faz com que aumente a
síntese de colágeno e proteoglicanos (HALL e BRODY, 2001).
O exercício passivo pode ser definido como exercício realizado por uma for-
ça externa, em que os músculos motores do movimento em questão não este-
 jam atuando. E isso é difícil, pois o paciente, quando tem o movimento ativo
presente, sempre auxilia ou resiste ao movimento passivo.
Esta força externa pode ser realizada pelo terapeuta, por aparelhos, ou até
mesmo pelo próprio paciente. É utilizado em casos onde a pessoa é incapaz de
produzir o movimento ativo por paralisia muscular (força grau 0), por fraqueza
muscular grave (força grau 1) ou quando o movimento ativo é doloroso.
Para uma boa mobilização passiva, devemos levar em consideração:
• Posicionamento do paciente.
• Posicionamento do terapeuta.
 
capítulo 1 • 15
• Respeito à dor.
• Aquisição da confiança do paciente.
• Formas de mobilização.
Os objetivos a serem alcançados pela mobilização passiva:
• Manter a integridade da articulação e tecidos moles.
• Evitar formação de contraturas.
• Manter a elasticidade dos músculos.
• Assistir a circulação sanguínea, evitando a formação de trombos.
• Melhorar o movimento sinovial para nutrir as cartilagens articulares.
• Diminuir ou inibir dor.
• Auxiliar o processo de cicatrização após cirurgia e evitar aderências.
• Ganhar e/ou manter a ADM (amplitude do movimento) da articulação.
• Manter os padrões cinestésicos do movimento.
 A mobilidade ativa pode ser limitada pelos mesmos tecidos não contráteis e
contráteis que limitam também a mobilidade passiva. Encurtamento, rigidez,
espasmo ou contraturas limitam a capacidade da articulação movimentar-se
através de sua amplitude total de movimento. O movimento ativo é definido
como atividade de mobilidade realizada por contração muscular efetiva. Essas
atividades podem ser realizadas contra a gravidade ou em uma posição com
a gravidade minimizada, dependendo da força do indivíduo e dos objetivos
da Fisioterapia. Os objetivos ou resultados dos movimentos ativos incluem
aqueles associados aos movimentos passivos mais os benefícios da contra-
ção muscular.
 Já o exercício resistido pode ser definido como contrações musculares reali-
zadas contra resistências graduáveis e progressivas. A resistência mais comum
são os pesos, mas também é possível utilizar resistência manual, hidráulica,
eletromagnética, molas, elásticos e outras. Seu objetivo é de estimular a integri-
dade e as funções do aparelho locomotor, além dos seus efeitos promotores de
saúde cardiovascular e alto grau de segurança geral.
De maneira geral, uma carga pode ser aplicada a um músculo em contração
de duas maneiras: manual ou mecânica. Os exercícios com resistência manual
é um tipo de exercício executado contra uma resistência imposta pelo fisiotera-
peuta. A grande vantagem da utilização desse método se dá no fato de não haver
necessidade de equipamentos para execução dos exercícios resistidos, além da
 
16 • capítulo 1
possibilidade de graduação de força para um músculo muito fraco, e que pode
 vencer apenas uma resistência mínima a moderada. Também é útil quando
necessitamos controlar cuidadosamente a amplitude articular. Eles podem ser
aplicados nos planos anatômicos e em padrões diagonais, que discutiremos
mais a frente.
O exercício com resistência mecânica é uma forma de exercício ativo-resis-
tido, na qual a resistência é aplicada por meio de equipamentos ou aparelhos
mecânicos. É útil quando a quantidade de resistência necessária é superior ao
que o fisioterapeuta pode aplicar manualmente. Há a possibilidade de medição
de forma quantitativa e progressiva ao longo do tempo (KISNER e COLBY, 2016).
Os estudos com pessoas idosas têm documentado a importância dos efeitos
dos exercícios resistidos para melhorar a qualidade de vida por meio do alívio
de dores articulares, maior independênciafuncional e melhora da autoestima.
 A segurança musculoesquelética e segurança cardiovascular dos exercícios re-
sistidos também têm sido demonstradas, mesmo diante de co-morbidades.
 Atualmente um significativo corpo de evidências justifica a utilização dos exer-
cícios resistidos para promoção de saúde, terapêutica e reabilitação (CÂMARA;
BASTOS; VOLPE, 2012).
Saúde musculoesquelética pode ser conceituada como a boa capacidade
funcional do aparelho locomotor e a integridade estrutural dos seus compo-
nentes como ossos, cartilagens, ligamentos, músculos e tendões.
 A saúde musculoesquelética é estimulada por todo tipo de atividade física
em que as contrações musculares são realizadas contra alguma forma de re-
sistência. O trabalho braçal e as atividades esportivas mais intensas utilizam
contrações resistidas e são eficientes para estimular a integridade e a função
do aparelho locomotor.
Por meio do estímulo à saúde musculoesquelética é possível reduzir a ocor-
rência de dores articulares, limitações de aptidão para a vida diária e para o
trabalho, osteoporose, fraturas, sarcopenia, distúrbios neuroendócrinos, des-
regulação do sistema imune e fragilidade (CÂMARA; BASTOS; VOLPE, 2012).
Saúde cardiovascular é a situação de integridade dos tecidos e adequada
condição funcional do sistema cardiocirculatório. A atividade física tem sido
identificada como o mais importante fator ambiental favorável à saúde car-
diovascular. O mecanismo pelo qual a atividade física estimula a saúde car-
diovascular parece ser a profilaxia ou o melhor controle de doenças sistêmicas
 
capítulo 1 • 17
crônicas (obesidade, diabetes, hipertensão arterial e dislipidemias) que evo-
luem para a degeneração dos vasos sanguíneos, cuja manifestação mais fre-
quente é a aterosclerose (KISNER e COLBY, 2016).
É bom atentar para os princípios básicos para as aplicações terapêuticas dos
exercícios resistidos. Eles devem ser observados em todas as situações. Uma se-
leção adequada dos exercícios deve ocorrer na prescrição e planejamento dos
programas de tratamento, evitando-se movimentos que possam ser inadequados
para cada situação. Com os exercícios selecionados, as cargas e amplitudes serão
adaptadas para as limitações individuais, com evolução gradativa, sempre res-
peitando os limites do conforto articular. O grau de esforço deve ser submáximo
e os volumes de treinamento baixos (CÂMARA; BASTOS; VOLPE, 2012).
Os tipos de exercícios escolhidos para um programa de treinamento depen-
dem de muitos fatores, incluindo a causa e a extensão dos comprometimentos
primários e secundários. É preciso considerar os déficits no desempenho mus-
cular, o estágio da cicatrização dos tecidos, a condição das articulações e sua to-
lerância a compressão e movimento, as habilidades gerais (físicas e cognitivas)
do paciente, a disponibilidade dos equipamentos e obviamente, as metas do
paciente e os resultados funcionais desejados com o programa. O fisioterapeu-
ta tem uma infinidade de exercícios para escolher ao elaborar um programa
de exercícios que supra as necessidades de cada paciente. Não há uma forma
ou tipo de treinamento resistido que seja melhor. Antes de escolher tipos es-
pecíficos de exercícios para o programa de reabilitação do paciente, devemos
considerar algumas questões:
• Qual o tipo e extensão de déficit no desempenho muscular?
• É a patologia de base? Ou o estágio de cicatrização que levarei em conside-
ração para a escolha do treinamento?
• Quais a metas e resultados funcionais previstos?
• Quais exercícios são mais compatíveis com essas metas?
• Qual tipo de fortalecimento seria mais efetivo?
• Há alguma limitação em relação ao paciente? O apoio de peso é contrain-
dicado? Há hipomobilidade na articulação? Há restrição em algum grau de mo-
bilidade articular?
• Há comprometimentos cardiorrespiratórios?
• Espera-se independência nesses exercícios?
• Quais tipos de equipamentos tenho disponíveis?
 
18 • capítulo 1
Sempre que um músculo recebe um estímulo nervoso gera uma contração
que pode ser de dois tipos: isotônica ou isométrica.
1.2.1 Classificação quanto ao tipo de contração:
• Exercício isotônico.Exercício isotônico.
Na contração isotônica, a força gerada pelo músculo é superior à propor-
cionada pela força de gravidade e à resistência dos segmentos esqueléticos nos
músculos aos quais está unido, o que provoca a contração do músculo e a sua
consequente aproximação ao segmento esquelético que movimenta. Ocorre
quando há, associada a uma contração muscular, uma alteração em seu com-
primento. Ele pode ser:
ConcêntricoConcêntrico: quando há durante a contração uma diminuição no compri-
mento muscular com aproximação das peças ósseas por ele unidas.
ExcêntricoExcêntrico: quando há durante a contração um aumento no comprimento
muscular com afastamento das peças ósseas por ele unidas.
O exercício excêntrico proporciona em relação ao concêntrico:
• Aumento da capacidade produtora de força
• Aumento da eficiência
• Aumento da P.A
• Maior risco de microtraumas.
Figura 1.1 – Exercício concêntrico e exercício excêntrico.
 
capítulo 1 • 19
• Exercício isométrico:Exercício isométrico:
É uma forma de exercício em que um músculo se contrai e produz força sem
uma mudança apreciável no seu comprimento e sem movimento articular visí-
 vel (Figura 2). As fontes de resistência para o exercício isométrico incluem sus-
tentar-se contra uma força aplicada manualmente, segurar um peso em uma
posição específica, manter uma posição contra uma posição específica, manter
uma posição contra a resistência do peso corporal ou empurrar ou puxar um
objeto imóvel. O treinamento isométrico é um meio viável de melhorar a força
muscular.
Figura 1.2 – Exercício Isométrico (músculo reto abdominal) .
Base teórica para o uso do exercício isométrico:Base teórica para o uso do exercício isométrico:
• Tem sido sugerido que a resistência muscular à fadiga tem um papel mais
importante do que a força muscular para manter a estabilidade postural su-
ficiente e prevenir lesões durante tarefas diárias. A estabilidade dinâmica das
articulações é obtida pela ativação e manutenção de uma co-contração de baixo
nível, ou seja, contrações isométricas simultâneas dos músculos antagonistas
que cercam as articulações.
Tipos de exercícios isométricos: todos os tipos, com exceção dos isométri-
cos leves, incorporam alguma forma de resistência significativa e, portanto,
são usados para melhorar a força estática ou desenvolver o controle muscular
sustentado.
• Exercícios isométricos leves: envolvem contrações isométricas de baixa
intensidade feitas contra pouca ou nenhuma resistência. São usados para di-
minuir a dor muscular e o espasmo e para promover o relaxamento e a circula-
ção depois de lesões de tecidos moles durante o estágio agudo da cicatrização.
 
20 • capítulo 1
Os isométricos leves podem retardar a atrofia muscular e manter a mobilidade
entre as fibras musculares quando a imobilização de um músculo é necessária
para proteger os tecidos em cicatrização.
• Exercícios de estabilização: usada para desenvolver um nível submáximo,
porém, sustentado, de co-contração, visando melhorar a estabilidade postural
ou a estabilidade dinâmica de uma articulação por meio de contrações isomé-
tricas resistidas no meio da amplitude. O peso do corpo ou a resistência ma-
nual geralmente são as fontes de resistência.
• Isométricos em múltiplos ângulos: refere-se a um sistema de exercícios
isométricos em que a resistência é aplicada, manual ou mecanicamente, em
múltiplas posições articulares dentro da amplitude articular disponível.
 Apesar de os dois tipos de exercícios serem benéficos para a musculatura es-
quelética, os isotônicos contribuem para o desenvolvimento do volume, força,
potência e resistência do músculo, enquanto o benefício dos isométricos passa
pelo aumento do tônus e daforça muscular.
Os exercícios isométricos são muito fáceis de realizar, pois não necessitam
de qualquer material ou acessório especial, já que apenas consistem na con-
tração de músculos de ação oposta ou antagônica em simultâneo, como, por
exemplo, ao juntar as duas mãos e tentar estender um antebraço, enquanto se
tenta contrair o outro.
Os exercícios isométricos costumam ser indicados para prevenir a atrofia
muscular, em caso de imobilização de um segmento corporal ou em caso de
indicação de repouso absoluto. Para, além disso, são muito úteis como comple-
mento de praticamente qualquer tipo de treino. Todavia, é preciso ter em conta
que, como podem provocar uma subida transitória significativa da pressão ar-
terial, são contraindicados para as pessoas hipertensas.
• Exercício isocinético:Exercício isocinético:
Os exercícios isocinéticos são conseguidos quando o músculo encurta con-
tra uma resistência cooperante igualada com a força produzida pelo músculo e
requerem uma velocidade constante durante toda a amplitude do movimento
(Figura 3). Quanto mais lenta for a velocidade do movimento isocinético, maior
será o ganho em força e endurance (resistência). Estes exercícios devem ser ini-
ciados com um mínimo de resistência ao movimento (sem permitir que este
ocorra), que é aumentada gradativamente. Contribuem para a coordenação
motora, flexibilidade e força (KISNER e COLBY, 2016).
 
capítulo 1 • 21
Figura 1.3 – Exercício isocinético.
1.2.2 Classificação quanto à cadeia cinética
O termo cadeia foi srcinalmente utilizado para analisar sistemas articulados
em engenharia, no entanto em 1955 tal termo foi empregado para o corpo hu-
mano, considerando que nosso organismo nada mais é que uma série de seg-
mentos rígidos conectados por articulações.
Durante o final da década de 1980, os clínicos e pesquisadores em reabi-
litação, que estavam se familiarizando com a abordagem de cadeias cinéticas
(ou cinemáticas) abertas e fechadas para classificar os movimentos humanos,
começaram a descrever os exercícios com base nesses conceitos (Figura 4).
Uma fonte de discordância é se o apoio de peso é um componente inerente
dos movimentos em cadeia cinética fechada. Outro ponto de ambiguidade é
se o segmento distal precisa estar absolutamente fixo em uma superfície para
ser classificado como movimento em cadeia fechada (KISNER e COLBY, 2016).
Enquanto isso:
• Cadeia cinética abertaCadeia cinética aberta
Refere-se ao exercício no qual a extremidade distal esteja movendo-se livre-
mente no espaço. O segmento distal move-se em torno do proximal.
 
22 • capítulo 1
• Cadeia cinética fechadaCadeia cinética fechada
Refere-se ao exercício no qual a extremidade distal esteja fixa. Neste caso, o
segmento proximal move-se em relação à extremidade fixa. Atualmente acredi-
ta-se que os exercícios em cadeia cinética fechada sejam mais funcionais, pois:
• promovem a descarga de peso nas diferentes estruturas;
• estimulam os mecanoceptores;
• estimulam a co-contração;
• melhora na proteção articular;
• alterando-se a cadeia cinética de um movimento podemos estar alterando
a dinâmica articular e o recrutamento muscular.
Figura 1.4 – Exercícios de cadeia cinética aberta e fechada.
1.3 Síndrome da Imobilidade
 A imobilidade é definida como a perda da capacidade de realizar movimentos
autônomos empregados no desempenho atividades de vida diária (AVDs) em
decorrência da diminuição das funções motoras. Este fato compromete a inde-
pendência do indivíduo e, por fim, leva ao estado de incapacidade ou fragilida-
de. Podemos aplicar esse conceito num caso de indivíduo acamado por mais de
15 dias ou em segmento imobilizado por período elevado.
 
capítulo 1 • 23
Entendemos melhor a síndrome de imobilidade ou imobilismo no leito
se conhecer a biomecânica de nosso organismo. Sabemos que o ser humano
é desenhado para ser móvel, principalmente porque 40% do nosso organismo
é composto de músculos esqueléticos. Além do mais somos dependentes da
atividade física para que haja a manutenção deste sistema musculoesquelético
e para a melhor função de nossos órgãos internos.
Sabemos, por exemplo, que a reabsorção óssea é feita através dos estímulos
de pressão e tração que este segmento recebe ao longo do dia onde nos loco-
movemos e pressionamos as estruturas. Outros exemplos da falta de atividade
física são insuficiência cardíaca, deterioração articular, condições tromboem-
bólicas, estase gastrointestinal e estase urinária.
 A patofisiologia das alterações que acontecem devido ao longo decúbito come-
ça cedo e evolui rapidamente. Muitas das desordens são reversíveis, mas quanto
maior o período de imobilização mais difícil será a sua recuperação e reabilitação.
O sistema musculoesquelético mostra as manifestações mais evidentes da
imobilização com a fraqueza e a atrofia por desuso. Com a imobilização ocorre
1 a 2% perda da força muscular por dia, podendo atingir 40% nos longos perío-
dos. Os grupos musculares que se atrofiam mais rapidamente são: quadríceps,
flexores plantares e extensores da coluna. Observam-se também alterações bio-
químicas, ocasionando o aumento de ácido lático nos músculos. A formação de
contratura é uma das consequências mais comum na imobilização.
Figura 1.5 – Síndrome da Imobilidade.
 
24 • capítulo 1
 A seguir listaremos os efeitos adversos que ocorrem devido ao lon-
go decúbito:
No sistema músculo-esquelético:No sistema músculo-esquelético:
• Hipotrofia, atrofia e descondicionamento muscular;
• Contraturas;
• Osteoporose e osteopenia;
• Deterioração articular;
• Ossificação heterotrópica;
• Osteomielite;
• Deformidades.
Para estes pacientes preconizamos um trabalho de cinesioterapia motora
inicialmente utilizando, se possível a cinesioterapia livre ou assistida e isome-
tria e, quando em estados onde o paciente não é muito colaborativo usa-se a
cinesioterapia passiva. Além disto, deve-se fazer um programa de alongamento
mantido visando trabalhar tanto o tecido conectivo quanto o alongamento da
fibra muscular. Também deve estar presente o ortostatismo precoce (pode ser
necessário o uso de tábua ortostática). A massoterapia é de fundamental im-
portância para a liberação de aderências e "trigger points ".
Na função visceral:Na função visceral:
 Alteração no sistema respiratório: Alteração no sistema respiratório:
• Diminuição do trabalho respiratório com consequente perda de força da
musculatura da ventilação;
• Diminuição de volumes e capacidades pulmonares;
• Estase de muco em áreas mal ventiladas levando a infecções pulmonares;
• Atelectasias;
• Dificuldade para tossir;
• Broncoaspiração.
 Alteração do sistema cardiovascular: Alteração do sistema cardiovascular:
• Diminuição da função cardiovascular;
• Diminuição do volume cardíaco (miocárdio);
• Alteração no volume de distribuição dos fluídos corporais;
• Descondicionamento cardíaco;
• Hipotensão ortostática;
 
capítulo 1 • 25
• Trombose venosa profunda;
• Tromboembolismo pulmonar.
 Alterações no sistema urinário: Alterações no sistema urinário:
• Estase da urina;
• Cálculo renal;
• Infecções;
• Bexiga neurogênica;
• Incontinência.
Sistema gastrointestinal:Sistema gastrointestinal:
• Perda de apetite;
• Incontinência fecal;
• Fecaloma;
• Constipação e obstrução.
Mobilização precoce diminui a incidência de tromboembolismo e de trom-
bose venosa profunda além de permitir a melhor oxigenação e nutrição dos ór-
gãos internos. A movimentação ativa quando possível, a mobilização passiva, a
massoterapia, padrões ventilatórios e uso de incentivadores inspiratórios são
as principais formas de prevenir as alterações nos sistemas viscerais.
Do ponto de vista psicológico, a imobilidade prolongada pode provocar an-
siedade, depressão, insônia, agitação, irritabilidade, desorientação no tempo e
no espaço, diminuição da concentração e diminuição datolerância à dor.
Devemos ter, junto a equipe multiprofissional e a família, alguns cuidados
fundamentais com o indivíduo acamado:
• Estimulação da mobilidade;
• Evitar restrição ao leito;
• Cuidado com o toque (firmeza mas sem agressão);
• Diminuir a dor e o desconforto;
• Realizar trocas posturais constantes;
• Posicionar corretamente com o uso de coxins;
• Não alimentar o indivíduo acamado deitado e nem com extensão ou rota-
ção do pescoço;
• Caso o indivíduo esteja engasgando, sente-o, e evite alimentos mais líqui-
dos. Prefira os pastosos;
 
26 • capítulo 1
• Evite a posição em flexão das articulações;
• Faça mobilizações articulares constantes;
• Trocas constantes de fraldas;
• Manter a pele sempre seca e hidratada;
• Deixar os lençóis sempre esticados e sem restos alimentares;
• Não fazer fricção durante as transferências;
• Hidratação sempre.
ATIVIDADEATIVIDADE
Aprofunde seu conhecimento sobre a CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde).
Acesse: http://www.inr.pt/uploads/docs/cif/CIF_port_%202004.pdf
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CÂMARA, Lucas Caseri; BASTOS, Carina Corrêa; VOLPE, Esther Fernandes Tinoco. Exercício resistido
em idosos frágeis: uma revisão da literatura. Fisioter. Mov.Fisioter. Mov., Curitiba, v. 25, n. 2, p. 435-443, abr./jun.
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DI NUBILA, Heloisa B. V. Uma introdução à CIF: classificação internacional de funcionalidade,
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DUTTON, Mark. Fisioterapia Ortopédica - Exame, avaliação e Fisioterapia Ortopédica - Exame, avaliação e intervenção.intervenção. 2 ed. Porto Alegre: Ed.
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HALLl, M., BRODY, T.Exercício TerExercício Terapêutico na Busca apêutico na Busca da Função.da Função. Rio de Janeiro, Editora
Guanabara Koogan. 2001.
KISNER, Carolin e COLBY, Lynn Allen.Exercícios Terapêuticos – Fundamentos e Técnicas.Exercícios Terapêuticos – Fundamentos e Técnicas. 6 ed.
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OPAS, OMS. Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados àClassificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à
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ExercíciosExercícios
terapêuticos deterapêuticos de
ADM passivaADM passiva
22
 
28 • capítulo 2
2. Exercícios terapêuticos de ADM passiva
Nós dispomos de várias intervenções que permitem tratar uma diminuição da
mobilidade. Dentre as modalidades, podemos citar a mobilização articular,
que pode ser indicada para aumentar a amplitude de movimento (ADM).
O movimento ao redor de uma articulação, seja ele passivo, ativo assistido
ou ativo, produz uma carga que irá atuar nos tecidos moles. Essa carga pode
manter a integridade do tendão, ligamento e das fixações ósseas, e da cartila-
gem articular e do músculo.
Os movimentos passivos são usados quando o movimento ativo pode rom-
per o processo de cicatrização, quando o paciente é física ou cognitivamente in-
capaz de se movimentar ativamente, ou quando o movimento ativo é doloroso.
Os objetivos relacionados à prescrição da ADM passiva dependem do paciente
e das circunstâncias. Em um ambiente terapêutico, a ADM passiva é usada fre-
quentemente para evitar os efeitos deletérios da imobilização após uma lesão
ou cirurgia. A prevenção das contraturas articulares e da rigidez dos tecidos mo-
les ou encurtamento adaptativo, a manutenção das relações móveis normais
entre as camadas de tecidos moles, a redução da dor e o aprimoramento da
dinâmica vascular e da difusão sinovial são objetivos da ADM passiva.
OBJETIVOSOBJETIVOS
• Apresentar os exercícios terapêuticos de ADM passivos utilizados pelo fisioterapeuta
como recursos de tratamento;
• Trazer reflexões sobre as diversas formas de se fazer uso dos os exercícios terapêuticos
de ADM passivo;
• Trazer reflexões sobre os conceitos básicos do movimento articular – osteocinemática e
artrocinemática – e relacionar as técnicas e conceitos utilizados como tratamento fisiotera-
pêutico para ganho de ADM.
Os exercícios terapêuticos de ADM passiva são usados para determinar a quanti-
dade de amplitude de movimento (AM) realmente existente em uma articulação,
assim como a “sensação” ao final da AM articular (sensação final). Durante os
movimentos passivos, você deverá comparar os dois lados e estar atento a(o):
 
capítulo 2 • 29
• Quando e onde a dor ocorre durante cada movimento;
• Se o movimento altera a intensidade e a qualidade da dor;
• Padrão de limitação do movimento;
• Sensação final do movimento;
• Movimento de articulações associadas;
• ADM disponível:
• Qual é a ADM normal para aquela articulação e para aquele indivíduo?
• A articulação se mostra normal, com pouco movimento ou mui-
to movimento?
• As articulações adjacentes estão compensando?
• Qual articulação (ou articulações) é dolorida?
Como proposta de tratamento, os exercícios terapêuticos de ADM passiva,
como dito no primeiro capítulo deste livro, podem ser definidos como exercício
realizado por uma força externa, em que os músculos motores do movimento
em questão não estejam atuando. E isso é difícil controlar, quando o paciente
tem força muscular presente.
Esta força externa pode ser realizada pelo terapeuta, por aparelhos, ou até
mesmo pelo próprio paciente. É utilizado em casos onde a pessoa é incapaz de
produzir o movimento ativo por paralisia muscular (força grau 0), por fraqueza
muscular grave (força grau 1) ou quando o movimento ativo é doloroso.
2.1 Conceitos básicos do movimento articular
 A questão é simples, mas vamos elucidar aqui uma dúvida que, por vezes, con-
funde: Osteocinemática? Artrocinemática?
“Osteo” e “cinemática” já dizem tudo, são os movimentos dos ossos, os mo-
 vimentos que aparentam realizar, como flexão e extensão. São os movimentos
angulares grosseiros do corpo dos ossos descritos nos três planos do corpo: fle-
xão e extensão no plano sagital, abdução e adução no plano frontal e rotação
medial e lateral no plano transverso. São os movimentos fisiológicos ou clássi-
cos da diáfise óssea.
 Já “artro” e “cinemática” fazem referência aos movimentos articulares
propriamente ditos, como rotação, rolamento, giro, compressão e tração, que
ocorrem dentro da articulação. São os movimentos acessórios que ocorrem en-
tre superfícies articulares durante movimentos fisiológicos.
 
30 • capítulo 2
Na figura 2.1, podemos ver a seta com a direção do movimento osteocinemá-
tico, enquanto os movimentos artrocinemáticos ocorrem simultaneamente.
Compressão
Movimento osteocinemático
TraçãoRolamentoDeslizamento
Fixo
Figura 2.1 – Movimentos osteocinemáticos e artrocinemáticos.
2.1.1 Osteocinemática e Artrocinemática
2.1.1.1 2.1.1.1 Movimentos Movimentos osteocinemáticososteocinemáticos
O plano sagital divide o corpo em lados direito e esquerdo. Os movimentos que
ocorrem neste plano são os movimentos de flexão e extensão. Quando dois seg-
mentos se aproximam um do outro é realizado o movimento de flexão e quando
eles se afastam é realizado o movimento de extensão.
O plano horizontal divide o corpo em partes superior e inferior. Os movi-
mentos que ocorrem neste plano são os movimentos de rotação. O movimento
de rotação interna ocorre quando a superfície articular roda anteriorizando-se
em relação ao corpo, ou seja, uma rotação para dentro ou medial. Já o movi-
mento de rotação externa a superfície articular roda em direção a parte poste-
rior do corpo, ou seja, uma rotação para fora ou lateral. No antebraço, a rotação
interna é chamada de pronação e a rotação externa, de supinação.
O plano frontal divide o corpo em partes da frente e de trás. Os movimentos
realizados neste plano são o de abdução e o de adução. Quando um segmento
se afasta da linha mediana do corpo é realizado o movimentode abdução. E
quando um segmento se aproxima da linha mediana é realizado o movimento
de adução. No punho o movimento de abdução é definido como desvio radial e
o movimento de adução é definido como desvio ulnar.
 
capítulo 2 • 31
Os planos secundários são destinados à articulações onde os planos frontal,
horizontal e sagital passam em outros pontos que não o centro de gravidade do
corpo, definindo, assim, o centro de uma articulação como a dos dedos, mão e
pé. Um exemplo são os movimentos de flexão dorsal e flexão plantar que ocor-
rem no tornozelo.
2.1.1.2 2.1.1.2 Movimentos Movimentos artrocinemáticosartrocinemáticos
Os movimentos artrocinemáticos são os movimentos que ocorrem no interior
da articulação e, eles descrevem a distensibilidade na cápsula articular permi-
tindo que os movimentos fisiológicos ocorram ao longo da amplitude de mo-
 vimento sem lesar as estruturas articulares. Estes movimentos não podem ser
realizados ativamente pelo paciente, geralmente são muito utilizados para res-
taurar a biomecânica articular normal diminuindo a dor, alongando ou libe-
rando com menos trauma determinadas estruturas.
NOTANOTA: Os movimentos artrocinemáticos são influenciados pela forma das superfícies
articulares, as quais determinam as articulações em ovóide ou selar.
1. OvóideOvóide – neste tipo de articulação encontram-se uma superfície convexa e
outra côncava.
2. SelarSelar – esta articulação é formada por uma superfície côncava em uma
determinada direção e convexa em outra direção, com uma superfície oposta
semelhante côncava e convexa ao mesmo tempo.
São cinco os movimentos artrocinemáticos: giro, rolamento, tração, com-
pressão e deslizamento.
RolamentoRolamento: durante o rolamento um osso rola sobre o outro, e temos as se-
guintes características:
• As superfícies são incongruentes.
• Novos pontos de uma superfície encontram novos pontos na superfí-
cie oposta.
• Nas articulações com a biomecânica normal o rolamento só ocorre em
combinação com os movimentos de deslizamentos e giro, porém quando o ro-
lamento ocorre sozinho causa compressão nas superfícies do lado que o osso
esta se movendo, o que pode provocar uma lesão articular, e uma separação no
outro lado.
 
32 • capítulo 2
• A superfície que se move seja ela convexa ou côncava não influencia a di-
reção do movimento ósseo.
DeslizamentoDeslizamento: durante o deslizamento um osso desliza sobre o outro com
as seguintes características:
• As superfícies articulares são congruentes.
• O mesmo ponto em uma superfície faz contato com novos pontos na su-
perfície oposta.
• O deslizamento não ocorre sozinho devido as superfícies articulares não
ser totalmente planas, ou seja, completamente congruente.
• Diferentemente do rolamento, a superfície articular que se move influen-
cia a direção do deslizamento, o que é chamado como regra convexo-côncava.
• Quando a superfície articular que se move é convexa o deslizamento ocor-
re na direção aposta à do movimento angular do osso.
• Quando a superfície que se move é côncava o deslizamento ocorre na mes-
ma direção do movimento angular do osso.
• A regra do côncavo – convexo é importante para o terapeuta determinar a
direção da força mobilizadora em técnicas de manipulação articular.
GiroGiro: durante o giro um osso gira sobre o outro com as seguin-
tes características:
• O osso faz uma rotação sobre um eixo mecânico estacionário.
• O ponto na superfície que se move faz um círculo na medida em que o
osso gira.
• O giro dificilmente ocorre sozinho, mas geralmente em combinação com
o deslizamento.
CompressãoCompressão: durante a compressão uma superfície articular se aproxima
uma da outra com as seguintes características:
• A compressão causa diminuição no espaço articular entre as partes ósseas.
• Ocorre normalmente nos membros inferiores e na coluna durante a sus-
tentação do corpo.
• Ocorre compressão com a contração muscular gerando estabilidade arti-
cular, impedindo lesões articulares.
• Com a compressão o líquido sinovial move-se para as estruturas articula-
res avasculares nutrindo-as e lubrificando-as.
 
capítulo 2 • 33
• Cargas excessivas de compressão causam lesões articulares, principal-
mente na cartilagem articular.
TraçãoTração: durante o movimento de tração as superfícies articulares afastam-
se uma da outra com as seguintes características:
• Ocorre separação das superfícies articulares quando são puxadas distal-
mente uma da outra.
• Pode ocorrer tração no eixo longo do osso resultando em deslizamen-
to caudal.
• Pode ocorrer tração em ângulo reto onde resulta na separação articular
propriamente dita.
2.1.1.3 2.1.1.3 Regra Regra do do Côncavo-convexo:Côncavo-convexo:
O movimento articular é uma combinação variável de movimentos acessórios
(rolamento, deslizamento ou giro), como relatado anteriormente.
E a variação dessa combinação depende da direção em que ocorre o movi-
mento, da área de superfície do osso estacionário ou em movimento.
"Se um osso da convexidade move-se sobre o osso que apresenta a concavi-
dade, a superfície convexa move-se em sentido oposto ao do segmento ósseo."
(LEHMKUHL, 1997)
Explicação:Explicação: Quando um osso convexo move-se sobre um côncavo, ele deve
primeiro realizar um movimento de rolamento anterior e deslizamento poste-
rior. Portanto, as direções são opostas (figura 2.2).
Movimento
angular
Rolamento
Deslizamento
Figura 2.2 – Osso convexo sobre superfície côncava.
 
34 • capítulo 2
"Se o osso com a concavidade for movido sobre o osso com a convexidade, a
estrutura côncava se moverá no mesmo sentido do segmento ósseo."
ExplicaçãoExplicação : Quando um osso côncavo for movido sobre um osso convexo, a
estrutura côncava deve primeiro rolar anterior e deslizar anterior. Portanto, as
direções dos dois movimentos são para o mesmo sentido.
Deslizamento
Rolamento
Movimento
angular
Figura 2.3 – Osso côncavo sobre superfície convexa.
2.2 Exercícios de ADM passiva, efeitos fisiológicos, indicação e
contraindicação
 A principal meta da ADM passiva é diminuir as complicações que poderiam ocor-
rer em virtude da imobilização, como degeneração da cartilagem, formação de
aderências e contraturas e má circulação. Especificamente as metas são:
• Manter a mobilidade da articulação e do tecido conjuntivo;
• Minimizar os efeitos da formação de contraturas;
• Manter e elasticidade mecânica do músculo;
• Auxiliar a circulação e a dinâmica vascular;
• Favorecer o movimento sinovial para nutrição da cartilagem e difusão de
materiais dentro da articulação;
• Diminuir ou inibir a dor;
• Auxiliar o processo de cicatrização após lesão ou cirurgia;
• Ajudar a manter no paciente a percepção dos movimentos.
 
capítulo 2 • 35
Outros usos da ADM passiva:
• Quando um fisioterapeuta examina estruturas inertes, faz-se uso da ADM
passiva para determinar limitações de movimento, estabilidade articular e elas-
ticidade dos músculos e outros tecidos moles.
• Quando um fisioterapeuta ensina um programa de exercícios ativos, faz-
se uso da ADM passiva para demonstrar o movimento desejado.
• Quando um fisioterapeuta prepara um paciente para o alongamento, faz
uso da ADM passiva para preparo dos tecidos para receber técnicas de alonga-
mento passivo (KISNER e COLBY, 2016).
Indicações para o uso de exercícios de ADM passiva:Indicações para o uso de exercícios de ADM passiva:
• Locais com processos inflamatórios sem edema articular (efusão) devido
a trauma ou doença.
• Quando o paciente não é capaz ou não está autorizado a exercer o movi-
mento ativo (comatoso, paralisado ou em repouso absoluto).
Os movimentos artrocinemáticos são muitos utilizados pelos fisioterapeu-
tas no tratamento das disfunções articulares. Além de restaurar a biomecânica
articular proporcionam efeitos fisiológicos benéficos notecido articular e nas
estruturas periarticulares e indicações, como já citados anteriormente.
Podemos acrescentar:
• Hipomobilidade articular causada por processos degenerativos como
traumas, microtaumas de repetição, imobilização, maus hábitos posturais, de-
suso, idade avançada.
• Dor e espasmo muscular.
• Patologias que causam uma hipomobilidade articular progressiva, como
artrite reumatoide.
Limitações. A ADM passiva não serve para:Limitações. A ADM passiva não serve para:
• Prevenir atrofia muscular;
• Ganhar força ou resistência à fadiga;
• Não auxilia a circulação na mesma extensão de ativação que a contração
muscular voluntária.
Contraindicações relativas e cuidados:Contraindicações relativas e cuidados:
• Hipermobilidade;
• Dor articular ou muscular severa;
 
36 • capítulo 2
• Imediatamente após rupturas agudas, fraturas e cirurgias;
• Quando prejudicar o processo de cicatrização;
• Efusão articular: Devido ao acumulo de líquido no interior da cápsula arti-
cular (líquido sinovial, sangue, exsudado etc.) que já está distendida, provocan-
do dor devido ao estimulo dos nociceptores, um alongamento ou mobilização
articular irá provocar uma maior distensibilidade causando mais dor. Porém
movimentos delicados oscilatórios podem em alguns casos ajudar a diminuir a
dor e o edema articular por melhorar o fluxo de líquido e manter a mobilidade
 já existente da articulação lesionada.
• Devemos ter precauções com doenças ósseas detectadas no RX, fraturas
não consolidadas, tecido conectivo recém-formado (processos cirúrgicos), ar-
trite reumatoide e idosos (devido ao enfraquecimento do tecido mole).
2.3 Princípios e procedimentos para aplicação das técnicas de
exercícios de ADM
1.1. Examinar e avaliar os comprometimentos e o grau de função do pacien-
te, determinar as precauções e o prognóstico e planejar a intervenção.
2.2. Determinar as habilidades do paciente para participar da atividade de
 ADM e se os exercícios de ADM podem suprir as metas imediatas – escolha dos
exercícios passivos, ativos ou ativo-assistidos.
3.3. Determinar a quantidade de movimento que pode ser aplicada com se-
gurança para condição dos tecidos e saúde da pessoa.
4.4. Decidir quais padrões podem alcançar as metas de forma mais adequa-
da. As técnicas de exercícios de ADM podem ser feitas:
• Com utilização dos movimentos artrocinemáticos para ganho de arco
de movimento.
• Nos planos anatômicos de movimentos osteocinemáticos: frontal, sagital
e transverso.
• Na amplitude de alongamento do músculo.
• Em padrões combinados: movimentos diagonais ou que incorporem vá-
rios planos de movimento.
• Em padrões funcionais usados nas atividades de vida diária (AVDs).
 
capítulo 2 • 37
2.4 Técnicas de aplicação
2.4.1 Membros superiores
EscápulaEscápula:
• Elevação/depressão;
• Prostração/ retração;
• Rotação para cima/para baixo.
OmbroOmbro:
• Flexão/extensão;
• Abdução e adução;
• Rotação medial e lateral (figura 2.4);
• Abdução horizontal e adução horizontal.
Cotovelo:Cotovelo:
• Flexão e extensão.
 Antebraço: Antebraço:
• Pronação/Supinação.
Punho:Punho:
• Flexão e extensão;
• Desvio radial (abdução) e desvio ulnar (adução).
Figura 2.4 – Exercício passivo de ADM de ombro – rotação medial e lateral.
 
38 • capítulo 2
2.4.2 Membros inferiores
Quadril:Quadril:
• Flexão/extensão;
• Adução/abdução;
• Rotação medial e Lateral (figura 2.6);
• Flexão e Extensão – quadril e joelho combinados.
 Joelho: Joelho:
• Flexão/extensão (figura 2.5).
Tornozelo e pé:Tornozelo e pé:
• Flexão dorsal e flexão plantar;
• Inversão e eversão da articulação subtalar;
• Flexão e extensão de dedos;
• Adução e abdução de dedos.
Figura 2.5 – Exercício passivo de ADM em joelho – flexão
Figura 2.6 – Rotação de quadril com joelho flexionado em 90º (KISNER e COLBY, 2016)
 
capítulo 2 • 39
2.4.3 Região cervical da coluna vertebral
• Flexão – inclinação anterior
• Extensão – inclinação para trás ou hiperextensão
• Flexão lateral – inclinação lateral
• Rotação (figura 2.7)
Figura 2.7 – Rotação de coluna cervical.
2.4.4 Região lombar da coluna vertebral
• Flexão
• Extensão
• Rotação (figura 2.8)
Figura 2.8 – Flexão da região lombar.
 
40 • capítulo 2
2.5 Exercícios de ADM auto assistidos
O envolvimento do paciente nos cuidados pessoais deve começar assim que a
pessoa for capaz de compreender e aprender o que fazer. Mesmo com fraqueza
ou paralisia, o paciente pode aprender como mover a parte comprometida e ser
instruído sobre a importância do movimento dentro de parâmetros seguros.
 Após uma cirurgia ou lesão traumática, a técnica de ADM autoassistida é usada
para proteger os tecidos em cicatrização. Uma variedade de dispositivos, assim
como o uso do membro não comprometido, pode ser usada para alcançar as
metas de ADM passiva ou auto assistida.
Formas de exercícios de ADM auto assistidos:Formas de exercícios de ADM auto assistidos:
• Manual;
• Com equipamentos: bastão, escada de dedos. Polias, prancha com rodas,
dispositivos para exercícios recíprocos.
Diretrizes para ensino de exercícios de ADM auto assistidos:Diretrizes para ensino de exercícios de ADM auto assistidos:
• Oriente o paciente sobre a importância do movimento;
• Ensine o paciente o alinhamento e a estabilização corporais corretos;
• Observe o desempenho do paciente e corrija movimentos compensató-
rios ou perigosos;
• Se for usado equipamento, certifique-se de ter eliminado todos os riscos
para que a aplicação seja segura;
• Forneça ilustrações e diretrizes claras sobre o número de repetições
e frequência.
OBS.: Faça uma revisão dos exercícios em uma sessão de acompanhamento.
Modifique ou progrida o programa de exercícios com base na resposta do pa-
ciente e no plano de tratamento para alcançar as metas desejadas.
Exercícios com bastãoExercícios com bastão
Quando um paciente tem controle muscular voluntário em um membro su-
perior, mas precisa de condução ou motivação para completar a ADM de ombro
ou cotovelo, um bastão (vara de cortina, cano de PVC, bengala) pode ser usado
para assistência (figura 2.9).
 
capítulo 2 • 41
Figura 2.9 – Exercícios com bastão.
Escada de dedosEscada de dedos
O exercício de escalar a parede (ou usar um dispositivo como a escada de
dedos) pode dar ao paciente um reforço objetivo, e desse modo, motivação para
realizar exercícios de ADM de ombro. O braço pode ser usado em flexão ou ab-
dução (figura 2.10).
Figura 2.10 – Escadas de dedos.
Polias elevadasPolias elevadas
Se os exercícios forem ensinados de forma correta, sistemas de polias (fi-
gura 2.11) podem ser usados efetivamente para assistir os movimentos de um
membro comprometido funcionalmente na realização de exercícios de ADM.
Tem sido comprovado que a polia utiliza uma atividade muscular significa-
tivamente maior que a ADM assistida pelo fisioterapeuta e por aparelhos de
 
42 • capítulo 2
mobilização passiva contínua. É uma forma de assistência que deve ser usada
apenas quando a atividade muscular for desejada.
Figura 2.11 – Uso de polias elevadas para exercícios autoassistidos.
Pranchas deslizantes (skates)Pranchas deslizantes (skates)
O uso de uma superfície lisa pode encorajar o movimento sem a resistência
da gravidade ou atrito. Se for possível poderá ser usada uma prancha com rodas
para estimular e assessorar o movimento. Outros métodos incluem colocar talco
ou óleo em uma superfície para que o movimento se processe por deslizamento.
Equipamentos para exercícios recíprocosEquipamentos para exercícios recíprocos
 Vários dispositivos como bi-
cicleta, ergômetros de membro
superior e inferior podem ser usa-
dos para fornecer alguma flexão
ou extensão ao membro, além de
encorajar o movimento e aumen-
tar a ADM (figura 2.12).
Existem dispositivos móveis
que pode ser fixados no leito dopaciente, cadeira de rodas ou ca-
deira comum. Figura 2.12 – Exercícios de ADM com uso de
ciclo ergômetro.
 
capítulo 2 • 43
2.6 Mobilização passiva contínua
Mobilização passiva contínua (MPC) refere-se ao movimento passivo feito por
um dispositivo mecânico que move uma articulação de forma lenta e continua-
da ao longe de uma ADM controlada.
 A MPC (figura 2.13) é empregada em diversas articulações, tanto dos mem-
bros superiores quanto dos inferiores. No que se refere à articulação do joelho,
seus benefícios já foram evidenciados no pós-operatório de artroplastia total
do joelho, fraturas de patela, fraturas de platô tibial e nas reconstruções liga-
mentares do joelho.
Tem-se relatado que a MPC é eficaz para amenizar os efeitos negativos da
imobilização articular em condições como artrite, contraturas e fraturas intra-
-articulares, bem como para a melhorar a velocidade de recuperação e manuten-
ção da ADM após uma variedade de procedimentos cirúrgicos (STEFANUTTO
et all, 2011).
Figura 2.13 – Mobilização Passiva Contínua.
2.7 Mobilização e manipulação articular
Mobilização articular e manipulação articular são técnicas da terapia manual
usadas para modular a dor e tratar as disfunções articulares que limitam a
 ADM, abordando especificamente alterações na mecânica articular. A mecâni-
ca articular pode ser alterada em razão de dor, mecanismos de defesa muscu-
lar, derrame articular, contraturas ou aderências nas cápsulas articulares ou
ligamento de suporte, ou desalinhamento das superfícies ósseas (KISNER e
COLBY, 2016).
 
44 • capítulo 2
Dotados de um cérebro capaz de pensar fora do contexto e com “insights”
srcinais, pessoas como Kaltenborn, Maitland, McKenzie, Stanley Paris, Bob
Elvey e Brian Mulligan desenvolveram enfoques terapêuticos, que ajudam mui-
tos pacientes e terapeutas na solução de seus problemas musculo esqueléticos.
Para o estudo dos movimentos dos componentes ósseos e articulares,
Kaltenborn baseou-se nos princípios da osteocinemática e na artrocinemática.
Kaltenborn distingue três principais movimentos do jogo articular:
• TraçãoTração - é um procedimento passivo translatório com o qual através de
um estiramento se produz a separação dos ossos. A direção deste movimento é
perpendicular ao plano de tratamento.
• CompressãoCompressão - é o procedimento oposto ao anterior. Se realiza de maneira
perpendicular ao plano de tratamento e através dele se comprime as superfí-
cies articulares. A presença de dor ao realizar este procedimento indica a lesão
articular
• DeslizamentoDeslizamento - é um movimento passivo translatório retilíneo de um osso
e em consequência se produz um deslizamento retilíneo entre as faces articu-
lares. A direção do movimento é paralela ao plano de tratamento (e não à su-
perfície articular). Esta prova se realiza para um teste de mobilidade passiva da
articulação e também como técnica de mobilização.
O tratamento é toda uma filosofia de aplicações, recomendações e precau-
ções. De igual maneira, utiliza-se uma série de artefatos, como, por exemplo,
camas especiais, cinturões, cintas, pesos, bolsas com areia, que são muito úteis
para uma correta aplicação das técnicas. Estes artefatos muito comuns, hoje
em dia, no uso de cada terapeuta manual em particular e o fisioterapeuta gene-
ricamente, permitem assegurar uma correta aplicação, mas também permitem
ao terapeuta adaptar as posições eficientes e seguras ao realizar os tratamen-
tos. Kaltenborn foi um dos pioneiros no desenho e elaboração destes.
No tratamento de uma articulação hipomóvel, aplicam-se as técnicas
de deslizamento. O movimento deve ser aplicado na direção de restrição do
deslizamento. É básico determinar qual é esta direção. Com esta finalidade,
Kaltenborn aplica duas provas:
1. 1. Teste Teste de de deslizamento deslizamento (método (método direto):direto): realizam-se os movimentos
translatórios passivos em todas as direções do movimento articular para deter-
minar diretamente qual destes está restrito. Cada articulação tem seu procedi-
mento específico.
 
capítulo 2 • 45
2. 2. Regra Regra Convexo-côncava Convexo-côncava (método (método indireto):indireto): a determinação da direção
do deslizamento restrito pode se obter ao aplicar a regra convexo-côncava.
 A regra geral a seguir deve ser: * mobilizar o osso com a superfície articular
convexa na direção oposta a direção de restrição * mobilizar o osso com a super-
fície articular côncava na mesma direção da direção de restrição (PILAT, 2016).
 Já o Método Maitland foi desenvolvido pelo fisioterapeuta australiano
Geoffrey D. Maitland. É assim definido por seu tratamento não ser embasado
apenas numa técnica de mobilização articular em si, mas sobre uma filosofia
que engloba a avaliação e o tratamento, que defende o raciocínio clínico basea-
do principalmente nos achados clínicos.
Esse método é utilizado para aliviar dores e liberar com segurança deter-
minadas estruturas, apresentando o objetivo de restaurar os movimentos e a
amplitude de movimento normal, melhorando, assim, a função do indivíduo.
O tratamento está indicado para pacientes com disfunções neuromuscu-
loesqueléticas (podendo estar envolvidas as articulações periféricas e/ou da
coluna vertebral, além da articulação temporomandibular – ATM). Porém, es-
sas técnicas são preferencialmente usadas para tratamento de disfunções da
coluna vertebral.
 A anamnese no Maitland deve ser sempre minuciosa, através de um exame
físico detalhado, com avaliação dos sinais e sintomas. Ao utilizar a filosofia do
Conceito Maitland, os fisioterapeutas são encorajados a formular e testar várias
hipóteses a fim de encontrar o melhor método de tratamento para o paciente.
O exame físico compreende a aplicação de movimentos vertebrais oscilató-
rios passivos e acessórios (artrocinemáticos) nas articulações para tratar a dor
e a rigidez de natureza mecânica. As técnicas procuram a restauração dos mo-
 vimentos articulares e são classificados de acordo com a sua amplitude. Assim,
as mobilizações podem ser classificadas em 5 graus, sendo 1 a de menor deslize
e 5 a de maior grau de deslizamento.
O grande impacto do conceito Maitland não reside nas técnicas, mas sim no
processo de avaliação clínica meticulosa que permite, inclusive, que quaisquer
outras modalidades de mobilização ou manipulação possam ser agregadas,
aplicadas e reavaliadas sem comprometer em absolutamente nada o processo
de raciocínio clínico (TERAPIA MANUAL, 2016).
O Conceito Mulligan® surgiu tem como um de seus “princípios” o de que
“falhas posicionais” limitam movimentos fisiológicos e causam dor.
 As técnicas do Conceito Mulligan® foram desenvolvidas para reparar es-
sas pequenas falhas, fazendo uso de técnicas que envolvem a combinação de
 
46 • capítulo 2
mobilização articular acessória associada ao movimento fisiológico ativo de
forma indolor. O resultado esperado é o alivio imediato da dor e o aumento do
arco de movimento (MULLIGAN, 2016).
Para que as técnicas e os conceitos de mobilização e manipulação sejam
usadas efetivamente como tratamento, o profissional precisa conhecer e ser
capaz de examinar a anatomia, a artrocinemática e a patologia dos sistemas
neurológico e musculoesquelético, e identificar quando essas técnicas são
indicadas ou quando outras técnicas seriam mais efetivas para recuperação
da mobilidade perdida. O uso indiscriminado de técnicas de mobilização ar-
ticular, quando não indicadas, pode causar dano às articulações do paciente.
Quando indicadas, as técnicas de mobilização articular são um meio seguro e
efetivo de restaurar ou manter a mobilidade intra-articular e podem também
ser usadas para tratar dor (KISNER e COLBY, 2016).
ATIVIDADEATIVIDADE
Faça pesquisas sobre os diversos conceitos e técnicas existentes para manutenção ou au-
mento da ADM e retorne aos conhecimentos de anatomia e biomecânica, relacionando-os.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KISNER, Carolin e COLBY, Lynn Allen.Exercícios Terapêuticos – Fundamentos e TécnicasExercícios Terapêuticos – Fundamentos e Técnicas. 6 ed.
Rio de Janeiro: Ed. Manole. 2016.
Método Maitland.Terapia ManualTerapia Manual. Disponível em: <http://fisioterapiamanual.com.br/blog/areas-da-
fisioterapia/metodo-maitland/>. 2016
MULLIGAN, Brian. Conceito MulliganConceito Mulligan. Disponível em: <https://www.institutomulligan.com.br/>.
2016.
PILAT, Andrezj. Técnica de Kaltenborn.Movimentos conscientesMovimentos conscientes. Disponível em: <http://www.
colunasemdor.com.br/fisioterapia/tecnica_de_kaltenborn.html>. 2016.
STEFANUTTO, Anderson dos Santos; LOURENÇO, Raquel Espírito Santo; OLIVEIRA, Regiane de
Sá Sousa; OLIVEIRA William de; RAMPAZO, Mariana Kátia; DIAS, Luciara Irene de Nadai. O uso da
mobilização passiva contínua na reabilitação de pacientes com fraturas do complexo articular do joelho.
Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da SaúdeEnsaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde , vol. 15, núm. 1, 2011, p. 19-32.
 
ExercíciosExercícios
terapêuticosterapêuticos
ativo-livres eativo-livres e
resistidosresistidos
33
 
48 • capítulo 3
3. Exercícios terapêuticos ativo-livres e
resistidos
Qualidades de aptidão como força, resistência, coordenação e flexibilidade são
importantes para a realização confortável e segura das atividades de vida diária,
mesmo em situações de atividades com solicitação acentuada, como é o caso
de muitas atividades profissionais.
Músculos fortes funcionam como amortecedores de forças externas, ali-
 viando as articulações e os exercícios resistidos, geralmente realizados de for-
ma manual ou mecânica, e proporcionam grande benefício nas disfunções evi-
denciadas nas doenças reumatológicas, ortopédicas e neurológicas.
Os exercícios resistidos podem ser elaborados e praticados de muitas for-
mas. Desde um sistema sofisticado em uma clínica, como o exercício dinâmi-
co, com uso de um dinamômetro isocinético, até mesmo em domicílio sem ne-
nhum aparato mais elaborado: com os exercícios resistidos manualmente e/ou
os exercícios em cadeia fechada com uso do próprio corpo.
O fisioterapeuta deverá estar apto a, após uma avaliação minuciosa, elabo-
rar uma proposta de exercícios resistidos como elemento essencial dos pro-
gramas de reabilitação para pessoas com função comprometida, além de um
componente integral dos programas de condicionamento para aqueles que de-
sejam promover ou manter a saúde.
OBJETIVOSOBJETIVOS
• Apresentar conceito, efeitos fisiológicos, indicações e contraindicações dos exercícios re-
sistidos, assim como os tipos desses exercícios;
• Capacitar a prescrição de exercícios resistidos, assim como fazer uso da resistência (ma-
nual e mecânica), em uma organização de programas de treinamento de força;
• Promover reflexões sobre o uso dos programas de treinamento de força no processo rea-
bilitacional e de preparação física funcional do indivíduo.
 
capítulo 3 • 49
3.1 Definição: Princípio de sobrecarga
Exercício resistido é qualquer forma de exercício ativo no qual uma contração
muscular dinâmica ou estática é resistida por uma força externa aplicada de
modo manual ou mecânico (VAISBERG e MELLO, 2010). O exercício resistido
pode ser chamado de treino resistido e é um elemento essencial dos programas
de reabilitação para pessoas com função comprometida, além de um compo-
nente integral dos programas de condicionamento para aqueles que desejam
promover ou manter a saúde e o bem-estar físico, potencializar o desempenho
de habilidades motoras e reduzir o risco de lesões, disfunções e doenças. Além
disso, por ter um impacto positivo no desempenho muscular, o treinamento
resistido pode produzir muitos outros benefícios potenciais:
• Otimização do desempenho muscular: restauração, melhora ou manu-
tenção de força, potencia e resistência à fadiga;
• Aumento da força dos tecidos conjuntivos: tendões, ligamentos, tecido
conjuntivo intramuscular;
• Maior densidade mineral óssea;
• Diminuição da sobrecarga nas articulações;
• Redução do risco de lesões;
• Melhora no equilíbrio;
• Aumento da massa magra e diminuição da gordura corporal;
• Sensação de bem-estar;
• Possível melhora na percepção da incapacidade e qualidade de vida.
Força muscular pode ser definida como a força ou tensão que um músculo
ou, mais corretamente, um grupo muscular consegue exercer contra uma resis-
tência, em um esforço máximo.
Potência muscular, outro aspecto do desempenho muscular, relaciona-se
com a força e velocidade do movimento e é definida como trabalho (força x dis-
tância). Quando um músculo se encurta ao levantar uma carga constante, a ten-
são desenvolvida em uma determinada amplitude de movimento depende do
comprimento do músculo, do ângulo de tração do músculo sobre o esqueleto
e da velocidade do encurtamento. Em outras palavras é a rapidez com que o
trabalho é realizado (KISNER e COLBY, 2016).
Endurance (resistência muscular a fadiga) é a habilidade de um músculo
de contrair-se repetidamente contra uma carga (resistência), gerar e sustentar
 
50 • capítulo 3
a tensão e resistir à fadiga durante um período extenso. O termo potência aeró-
bia é, às vezes, usado como sinônimo de resistência muscular. A manutenção
do equilíbrio e do alinhamento apropriados dos segmentos corporais requer a
manutenção do controle (resistência à fadiga) pelos músculos posturais.
Força muscular, potência e endurance (resistência) podem ser muito apri-
moradas com programas de exercícios corretamente planejados e cuja resis-
tência é representada por pesos.
Um exame e uma avaliação minuciosa do paciente são a base do fisioterapeu-
ta para determinar se um programa de exercícios resistidos é indicado para me-
lhorar o nível atual de função ou prevenir disfunções potenciais. É preciso levar
em consideração fatores como a patologia de base; a extensão e a gravidade dos
acometimentos no desempenho muscular; a presença de outros déficits; o está-
gio de cicatrização dos tecidos após uma lesão ou cirurgia; a idade do paciente,
seu nível geral de preparação física e sua habilidade de cooperar e aprender.
 Assim que um programa de exercícios resistidos é desenvolvido e prescrito,
para alcançar as metas funcionais e os resultados específicos, torna-se necessá-
rio a intervenção direta do fisioterapeuta para implementar inicialmente o pro-
grama e ensinar e supervisionar os exercícios prescritos, fazendo uma transição
suave para um programa domiciliar independente (VAISBERG e MELLO, 2010).
Um dos princípios que orientam a prescrição de exercícios é o princípio da
sobrecarga, que resulta de uma relação entre estímulo, adaptação e aumento
da sobrecarga. Isso se deve ao fato de que, depois de um tempo realizando exer-
cícios com uma determinada carga, devemos aumentá-la para continuarmos a
ter os benefícios que o exercício proporciona, elevando o limite de adaptação.
Se permanecêssemos com a mesma carga, manteríamos apenas o mesmo nível
de condicionamento já alcançado.
• Em um programa de treinamento de força, a quantidade de resistência
aplicada ao músculo é aumentada aos poucos e de forma progressiva.
• Para o treinamento de resistência à fadiga, enfatiza-se mais o aumento
do tempo durante o qual uma contração muscular é mantida ou o número de
repetições realizadas, em vez de aumentar a resistência.
Para que esse aumento seja progressivo, adequado às possibilidades do pa-
ciente, o fisioterapeuta deve estar atento à execução do movimento, pois o au-
mento da carga não deve acontecer à custa da perda de qualidade de execução
dos movimentos.
 
capítulo 3 • 51
Tem-se observado que um programa de exercícios elaborados para desen-
 volver força muscular também melhora a resistência muscular à fadiga, pelo
menos de forma moderada. Por outro lado, o treinamento

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