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Lev Semenovitch Vygotsky

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Lev Semenovitch Vygotsky
Profª Arali Helena Stort
Pedagogia
2015
Nascimento: 17 de novembro de 1896, Orsha, Bielorrússia
Falecimento: 11 de junho de 1934, Moscou, Rússia
A parte mais conhecida da extensa obra produzida por Vygotsky em seu curto tempo de vida converge para o tema da criação da cultura. 
Aos educadores interessa em particular os estudos sobre desenvolvimento intelectual. 
Vygotsky atribuía um papel preponderante às relações sociais nesse processo, tanto que a corrente pedagógica que se originou de seu pensamento é chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo.
Estudou sobre literatura, Medicina e Direito.
Sua teoria tem grande influência em Karl Marx – investigando os processos psicológicos humanos, com relevo em sua dimensão histórica e não cultural.
Extrai a ideia de que o ser humano é uma realidade concreta e sua essência é construída nas relações sociais.
O ser humano transformando a natureza modificou a si, ou seja, construindo cultura, civilizações, agindo no mundo em meio aos desafios lançados pela realidade, evoluiu como espécie.
É por meio das palavras que o ser humano pensa. 
A generalização e a abstração só se dão pela linguagem e com base nelas melhor compreendemos e organizamos o mundo à nossa volta. 
Um dos maiores estudiosos sobre essa habilidade humana foi Vygotsky (1896-1934), ele criou o conceito de pensamento verbal.
Vygotsky dedicou anos de estudo para compreender as relações entre o pensamento e a linguagem - e esse foi um dos maiores acertos de seu trabalho. 
Até então, os estudos sobre o tema buscavam dissecar os dois conceitos isoladamente. 
De acordo com João Batista Martins, professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), entender o desenvolvimento humano desmontando as partes que o constituem é errado. 
"Vygotsky reconhecia a independência dos elementos, mas afirmava que o caminho era compreender como um se comporta em relação ao outro, como eles interagem em suas fases iniciais", explica. 
Para compreender essas relações, Vygotsky buscou analisar o desenvolvimento da criança. 
De acordo com ele, mesmo antes de dominar a linguagem, ela demonstra capacidade de resolver problemas práticos, de utilizar instrumentos e meios para atingir objetivos. 
É o que Vygotsky chamou de fase pré-verbal do pensamento.
Ela é capaz, por exemplo, de dar a volta no sofá para pegar um brinquedo que caiu atrás dele e que não está à vista. 
Esse conhecimento prático independe da linguagem e é considerado uma inteligência primária, também encontrada em primatas como o macaco-prego, que usa varetas para cutucar árvores à procura de mel e larvas de insetos. 
Embora não domine a linguagem como um sistema simbólico, os pequenos também utilizam manifestações verbais. 
O choro e o riso têm a função de alívio emocional, mas também servem como meio de contato social e de comunicação. 
É o que Vygotsky chamou de fase pré-intelectual da linguagem. 
Essas fases podem ser associadas ao período sensório-motor descrito pelo psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), no qual a ação da criança no mundo é feita por meio de sensações e movimentos, sem a mediação de representações simbólicas.
 "É a fase na qual a criança depende de sentidos como a visão para atuar no mundo e se manifesta exclusivamente por meio de sons e gestos, ligados à inteligência prática", diz Martins. 
Por volta dos 2 anos de idade, o percurso do pensamento encontra-se com o da linguagem e o cérebro começa a funcionar de uma nova forma. 
A fala torna-se intelectual, com função simbólica, generalizante, e o pensamento torna-se verbal, mediado por conceitos relacionados à linguagem.
No livro Vygotsky - Aprendizado e Desenvolvimento, um Processo Sócio-Histórico, Marta Kohl, professora da Universidade de São Paulo (USP), afirma que o significado das palavras tem papel central: é nele que pensamento e linguagem se unem. 
Para Vygotsky, os significados apresentam dois componentes: o primeiro diz respeito à acepção propriamente dita, capaz de fornecer os conceitos e as formas de organização básicas.
 Por exemplo, a palavra cachorro: ela denomina um tipo específico de animal do mundo real. 
Mesmo que as experiências e a compreensão das pessoas sobre determinado elemento sejam distintos, de imediato o conceito de cachorro será adequadamente entendido por qualquer pessoa de um grupo que fale o mesmo idioma. 
O segundo componente é o sentido.
 Mais complexo, é o que a palavra representa para cada pessoa e é composto da vivência individual. 
Vygotsky pretendeu ir além da dimensão cognitiva e inscreve a criança em seu universo social, relacionando afetividade ao processo de construção dos significados. 
Concluiu que uma pessoa traumatizada com algum episódio em que foi atacada por um cachorro, por exemplo, dará à palavra uma acepção diferente e absolutamente particular - agressão, medo, dor, raiva ou violência, por exemplo. 
O sentido também está relacionado ao intercâmbio social . 
Quando vários membros de um mesmo grupo se relacionam, eles atribuem, com base nessas relações, interpretações diferentes às palavras. 
É isso o que ocorre na escola. 
Ao começar a frequentá-la, a criança recebe a intervenção do educador, o que fará com que a transformação do significado se dê não mais apenas pela experiência vivida, mas por definições, ordenações e referências já consolidadas em sua cultura. 
Assim, ela não vai só aprender que a Lua é diferente de uma lâmpada - em algum momento da vivência com qualquer indivíduo mais velho -, como também acrescerá outros sentidos às palavras, entendendo que a Lua é um satélite, que gira em torno da Terra, que é diferente das estrelas e daí em diante. 
"Esse é um processo que nunca acaba, que continua ocorrendo até deixarmos de existir“.
O início do desenvolvimento do pensamento e da palavra, período pré-histórico na existência do pensamento e da linguagem, não revela nenhuma relação e dependência definidas entre as raízes genética do pensamento e da palavra. 
Desse modo, verifica-se que essas relações, incógnitas para nós, não são uma grandeza primordial e dada antecipadamente, premissa, fundamento ou ponto de partida de todo um ulterior desenvolvimento, mas surgem e se constituem unicamente no processo do desenvolvimento histórico da consciência humana, sendo, elas próprias, um produto e não uma premissa da formação do homem.
A linguagem origina-se em primeiro lugar como meio de comunicação entre a criança e as pessoas que a rodeiam. 
Só depois, convertido em linguagem interna, transforma-se em função mental interna que fornece os meios fundamentais ao pensamento da criança. 
As pesquisas de Bolduina, Rignano e Piaget demonstraram que a necessidade de verificar o pensamento nasce pela primeira vez quando há uma discussão entre crianças, e só depois disso o pensamento apresenta-se na criança como atividade interna, cuja característica é o fato de a criança começar a conhecer e a verificar os fundamentos do seu próprio pensamento. 
Cremos facilmente na palavra – diz Piaget – mas só no processo de comunicação surge a possibilidade de verificar e confirmar o pensamento.
Revista escola.
A Construção da linguagem e do pensamento.

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