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PREMISSAS E PERSPECTIVAS DA AVALIAÇÃO DE PASTAGENS

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PREMISSAS E PERSPECTIVAS DA AVALIAÇÃO DE PASTAGENS 
Gerzy Ernesto Maraschin - Ph.D. 
Fac. Agronomia - UFRGS, Cx. P. 776 - 91501970 PORTO ALEGRE, RS jorge@netmarket.com.br 
 
INTRODUÇÃO 
As metodologias de avaliação da produção de forragem são relativamente 
recentes. Como a bibliografia disponível é renovada nos países mais desenvolvidos na 
área, a difusão de tecnologias para aqueles ambientes são logo transferidas para cá, e 
incorporadas à nossa formação cultural. E os procedimentos usados para avaliação de 
cultivares com maior rendimento por corte estabeleceram as bases para um conceito 
confuso sobre estimativas da produção e da qualidade da matéria seca produzida. 
No Brasil sempre se olhou para experimentos de pastejo como ortodoxos, e 
mereceriam crédito se expressassem os resultados em termos de rendimento animal. 
No entanto, esta indumentária que vestia estas avaliações de pastagens com animais 
era desprovida das chamadas "sofisticações" da avaliação das respostas das 
pastagens, e que auxiliariam na interpretação dos resultados alcançados pelos 
diferentes tratamentos (LUCAS, 1962). Quando estudante na University of Florida, de 
1971 - 1975, nas discussões sobre avaliação de pastagens para pastejo direto, vinha a 
tona a falta de publicações sobre o assunto. E principalmente para as espécies 
tropicais e subtropicais. Lá perguntávamos o que é pastagem pastejada e hoje, se 
pergunta o que é pastejo ? O advento do Bulletin 51 CAB, Tropical Pasture Research, 
trouxe importantes contribuições para os trópicos, e para a avaliação de espécies 
forrageiras para pastagens, mas ainda deixou muitas lacunas em termos de pastagens 
tropicais para um ambiente como o que se dispõe. 
Com a evolução e entendimento de experimentos de pastejo dentro da relação 
solo - planta - animal, foi inserido na Europa, a avaliação de respostas da pastagem 
como informações auxiliares na interpretação dos resultados obtidos em diferentes 
sistemas de pastejo (FRAME, 1994). Algumas práticas de cortes freqüentes e intensos 
querem simular pastejo e representar o que seriam desfolhações pelo animal. Se 
viáveis lá, ainda permanecem distante da verdadeira avaliação sob pastejo, onde a 
desfolha sem pisoteio é realizada pelo animal, bem como pastejo com e sem o retorno 
das dejeções podem ser avaliadas sob pastejo direto, sem a preocupação com o 
rendimento animal ( CURRL e WILKINS, 1983). A idéia é aceita no pais, mas até agora 
pouco se permitiu para a adoção da técnica de maior alcance que é a utilização de 
animais como simples e insubstituíveis agentes de desfolha (LACA. et al, 1992.) E em 
toda a escala experimental de avaliação de forrageiras, os simples métodos de cortes 
continuarão sendo usados, mas aquelas para pastagens deverão ser conduzidas sob 
pastejo. 
Nossa formação cultural em pastagens foi influenciada por muito tempo, e com 
muita intensidade, por uma filosofia de produção distante das nossas condições 
ambientais e dos nossos desconhecidos recursos genéticos, sem os desafios/estímulos 
das demandas de mercado, mas que visava principalmente aumentos de rendimento 
por área. Esta cômoda situação propiciava o emprego de técnicas experimentais e 
conhecimentos agronômicos simples, uma vez que o rendimento final era considerado 
um tanto insensível aos substratos existentes. Como o produto por animal era pouco 
entendido, e variável, e os esforçados pesquisadores da época sentiam dificuldades na 
avaliação da qualidade da forragem, além de serem mal informados pelo emprego das 
técnicas de amostragem então conhecidas, sentiam mais consistência na avaliação do 
rendimento por hectare, pois este lhes transmitia a imagem de uma melhor colheita da 
forragem produzida. Além disso a áurea da globalidade encampava os ganhos por 
animal e as expressões inócuas de lotação. E a ânsia por melhores resultados, junto 
com as primazías, ajudaram a desenvolver uma filosofia que tenta procurar espaço 
dentro da relação solo - planta - animal, mas sem sustentação. 
Por ocasião da XXXI Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 1994, 
foi realizado um Simpósio sobre avaliação de forrageiras e pastagens, mas parece que 
até o momento não sensibilizou os pesquisadores nacionais. Em 1997, na 
Universidade de Maringá, um novo Simpósio foi realizado, onde ficou evidenciado a 
necessidade de avaliação do consumo por animal em condições de pastejo. Também 
as condições de mercado para produtos da pecuária está demandando qualificação de 
produto comercializável dependente do rendimento por animal, e da condição de 
acabamento, no caso dos animais de corte. Olhando criticamente para a aplicação dos 
conhecimentos em nutrição animal, chega-se a conclusão de que tudo é aplicável se 
considerarmos o desempenho do animal, independente do seu numero ou da 
tonelagem de forragem disponível. Até parece que se precisa olhar e pensar 
seriamente no que se tem de substrato e conhecimentos atualizados e o que se deve 
fazer em pesquisa dirigida para uma produção animal consistente neste país. 
 
O ECONÔMICO DAS PASTAGENS 
Os sistemas de produção animal baseados em pastagens oferecem produção de 
carne a baixo custo. A produção de matéria seca (MS) depende de nitrogênio, que 
também é o responsável pelo teor de proteína bruta da forragem. Os sistemas 
baseados em leguminosas como fonte de nitrogênio, com suas relativas menores 
exigências em nutrientes e energia, permite que os animais possam converter aquela 
forragem barata em carne ou leite, pois eles se movem, pastejam, e se reproduzem, 
sem acrescentar maiores custos. Isto permite a venda de carnes e animais a preços 
competitivos em relação aos produzidos com outros alimentos, e encoraja a população 
a consumir um desejável produto natural, em vez de substitutos derivados da soja e de 
outros materiais. 
Os produtores e exportadores de carnes como Austrália, Nova Zelândia, 
Argentina e Uruguai sabem que a força do mercado de carnes reside na habilidade do 
bovino em converter forragens num produto delicioso e rico em proteínas. E este poder 
de produzir riqueza lhes permite continuar dependendo das pastagens nativas e das 
pesquisas em pastagens cultivadas baseadas em leguminosas ou dependendo de 
adubos nitrogenados. Parece terem assimilado a demanda por um produto com pouca 
gordura e reduzido consumo de grãos. Isto sugere a caracterização de sistemas de 
produção animal baseado em pastagens que incluam estes fatores e sejam capazes de 
produzir carnes de qualidade organoléptica aceitável, uma vez que a terminação em 
pastagens não reduz a maciez da carne (GRIEBENOW et al, 1997). Esta situação é 
crítica aqui no Brasil, onde a adubação nitrogenada em pastagens é pouco conhecida e 
ainda menos recomendada. Associado a isto, o animal em pastejo parece representar, 
culturalmente, um retorno à antigüidade e bem distante da tecnologia moderna. O 
ruminante parece que já deveria ter deixado de ser ruminante, e estar evoluindo para 
um monogástrico!. Mas parece que está difícil de chegar lá! Apesar de tudo, a extensão 
territorial e tropical brasileira poderá contribuir muito para nossa auto-suficiência em 
carne bovina, e também para que num dia se vençam as barreiras não alfandegárias e 
se possa pensar em produção para exportação. 
 
O PONTO CRÍTICO NA AVALIAÇÃO DE PASTAGENS 
O produto das áreas de pastagens pode ser comercializado e remunerar a 
atividade se for transformado em produto animal qualificado e com demanda de 
mercado. Isto se aplica tanto para as áreas de pastagens nativas como para as áreas 
de pastagens melhoradas e as cultivadas. Ambas tem potencialidades inerentes e cabe 
ao corpo técnico identificar e caracterizar suas adequações. Avaliar pastagens numótimo para todos os tratamentos era difícil porque os animais não consumiam por igual 
e as repetições produziam diferente ( MOTT e LUCAS, 1952). E a inadequação da 
lotação fixa só permitia colocar números em algo já existente entre os produtores. O 
constrangedor em tudo isto estava na falta de preparo técnico para as amostragens 
corretas em áreas de pastagens. No país, ainda hoje se tem pouca informação sobre 
quando e o quanto cresce nas pastagens, e o quanto se pode fazer com esta forragem. 
O problema de amostragem em pastagens é sério e semelhante a se avaliar a 
diferença em altura entre dois pontos, tendo como referência uma mesma base. O 
difícil é partir da mesma base. Como não aprenderam a cortar amostras junto à 
superfície do solo, também não aprenderam o que é MS da parte aérea, e se 
confundem com os limites da base da planta e hábito de pastejo do animal. Assim, 
pouco foi ensinado aos estudantes para obterem estimativas confiáveis da MS 
disponível, da MS verde, da taxa de acúmulo de MS, da taxa de consumo e da 
condição do resíduo após pastejo. Sem este conhecimento é difícil conduzir avaliações 
sob lotação contínua. Como conseqüência, busca-se abrigo no pastejo rotativo, pois 
com esta prática conseguem visualizar o desaparecimento da forragem do potreiro, e o 
grau de resíduo dá uma idéia errônea da intensidade de colheita e manejo da 
pastagem. As lotações usadas e o tempo de pastejo não tem nada a ver com o 
necessário consumo por animal, e nem com o produto animal envolvido. Mas avalia-se 
o ganho por hectare, que é o único possível! Como não se permite resposta por animal, 
não se consegue distinguir qualidade de forragem de espécies diferentes, e fica difícil 
avaliar manejo sem o auxilio incontestável da resposta por animal. 
Quando MOTT e MOORE (1969) apresentaram o esquema para avaliação de 
plantas forrageiras e pastagens( Figura 1), a resposta foi pequena, mesmo nos USA. 
No entanto, as pesquisas ao longo dos anos provaram que o mesmo era verdadeiro, 
aplicável e contribuinte (MERTENS, 1994; MISLEVI et al, 1983). O bacana nesse 
esquema de avaliação é que em todas as fases a digestibilidade in vitro da matéria 
orgânica (DIVMO) faz parte das respostas do material em estudo. Particularmente, 
estivemos envolvidos nas fases II e III deste esquema, e o aprendizado foi intenso. A 
amplitude de visualização que se adquire no processo e a profundidade de 
conhecimentos que exige, bem como o entendimento que propicia do processo de 
avaliação, coloca o técnico em condições de atuar com "finesse" e segurança na 
geração de novas informações consistentes. Dentro deste esquema, e na descrição da 
relação solo - planta - animal viveu-se com intensidade a fase III, avaliando a resposta 
da pastagem a sistemas de pastejo, e ainda hoje, desfruta-se daqueles novos 
conhecimentos propiciados pelos procedimentos postos em prática. O importante neste 
esquema de avaliação é que se aprende desfolha pelo animal em pastejo, e que 
ajudou a formar uma escola aqui no Brasil. 
Como conseqüência da aplicação deste esquema de avaliação, e das 
mensagens de MOTT (1983) para elevar rendimentos de pastagens; das respostas da 
desfolhação de pastagens ( LEAFE e PARSONS , 1983); das pesquisas de MISLEVI et 
al (1983); MARASCHIN et al (1983): QUADROS e MARASCHIN (1987); MARASCHIN 
e MOTT (1989); permitiram a MARASCHIN et al ( 1997); GOMES, et al (1998) 
SETELICH et al, (1998); BOGGIANO (1999, com. pessoal) produziram informações 
consistentes e mensuráveis, contribuindo para uma maior compreensão do sistema 
solo - planta - animal. 
 
QUALIDADE DE FORRAGEM 
Na situação de pastejo a matéria seca ingerida é denominada de forragem. O 
consumo de forragem só pode ser avaliado numa condição ad libitum. Neste contexto é 
que ela tem valor para o animal e representa algo potencialmente comercializável. E 
em pastagens isto implica que deve-se trabalhar com o animal em pastejo numa 
situação não limitante de oferta ou disponibilidade de forragem para a avaliação 
consistente de consumo (MERTENS, 1994). A construtiva informação sobre qualidade 
de forragem apresentada por CONRAD et al (1964), estabelecendo os níveis de 
qualidade de dieta que limitavam a ingestão devido à distenção física do rúmen, 
continua válida nos dias atuais. E uma dimensão de maior relevância a este fato é 
apresentado por MERTENS (1994) quando coloca o apetite do animal como uma 
função da sua demanda em energia, a qual é determinada pelo seu potencial genético 
e estado fisiológico. Com forragens de alta qualidade o animal consome para satisfazer 
sua demanda energética, e a ingestão é limitada pelo potencial do animal em utilizar a 
energia absorvida. Com forragens de baixa qualidade, o animal consome até o nível da 
sua capacidade gastrointestinal em digerir aquela ingesta. Pelo exposto, parece correto 
oferecer forragem de qualidade ao animal em níveis que permitam um consumo à 
capacidade de ingestão, determinada pela distensão física do rúmem. Desta maneira, 
na situação de pastejo, temos certeza de não interferir e nem limitar a oportunidade de 
consumo. Na condição de oferta não limitante pode-se avaliar pastagens e identificar 
espécies forrageiras de qualidade DUBLE et al (1971). 
Dando atenção às informações de BLASER (1982) sobre métodos de pastejo e 
nos ajustes nas ofertas de forragem apresentados por ALMEIDA et al, (1997) e 
MARASCHIN (1996), descortina-se um horizonte para uma adequada utilização da 
qualidade das pastagens. Acrescentando-se a sugestão de GIBB e TREACHER (1976) 
para animais de alto potencial genético para ganho de peso, aos quais se deve 
oferecer, no mínimo, três vezes mais forragem do que os animais podem ingerir para 
não limitar consumo, atende-se o salientado por MERTENS (1994), de que é mais 
apropriado avaliar o consumo potencial de uma forragem com animais que apresentam 
alta demanda em energia para assegurar que a retenção no rúmen está limitando o 
consumo. Com esta premissa é que se obtém produto por animal em pastagens. 
Quando se fala de ofertas de forragem, pastejo seletivo e resíduo após pastejo, 
está se falando sério sobre um assunto importante, e que precisa ser entendido junto 
com a participação do animal em pastejo (ARIAS et al 1990; DOUGHERTY et al, 1987). 
Isto significa oferecer ao animal em pastejo uma disponibilidade de forragem que lhe 
permita a máxima ingestão para oportunizar uma otimização de resposta pelo animal 
(MORAES e MARASCHIN,1993); MARASCHIN, 1996). Esta condição de pastejo 
seletivo pode permitir maior consumo de forragem e oportunizar a expressão de sua 
capacidade de performance com a forragem daquela pastagem. Como o animal 
seleciona frações menos fibrosas e mais digestivas da forragem da pastagem, é de se 
esperar que o animal possa consumir à sua capacidade de ingestão com forragens de 
pastagens de qualidade. E é para esta posição da relação planta-animal que se deve 
conduzir a avaliação de pastagens para a otimização da transformação da forragem em 
produto animal comercializável. Nesta situação tem-se condições de caracterizar e 
desafiar o potencial genético dos animais em uso nos sistemas de produção ( 
BERANGER, 1989). E agora torna-se conveniente entender que o consumo máximo 
obtido em pastagens é aquela ingestão de forragem que o animal realiza e que lhe 
permite a otimização do seu desempenho expresso na forma de produto animal 
comercializável. Salientamos que já fazem parte do quotidiano das pastagens de 
inverno (QUADROS e MARASCHIN, 1987), bem como das pastagens perenes de 
capim elefante anão durante o verão (ALMEIDA et al, 1997), ganhos médios diários 
(GMD) de 1,00 kg por animal sob condições de pastejo com lotação contínua e oferta 
de forragem não limitante ao desempenho por animal. Estas oportunidades reais 
constituem um verdadeiro desafio para técnicos e sistemas de produção. Pois agora 
pode-se mostraros "quantos" kg de peso vivo por dia que se produz com a forragem 
que cresce naquela pastagem. 
 
DISPONIBILIDADE DE GERMOPLASMA 
O Brasil é detentor da maior e mais ampla coleção de germoplasma forrageiro 
do mundo. Deu tanta importância aos materiais de outros países que chegou a 
esquecer o material nativo do nosso território. No entanto, espécies da nossa flora 
enriquecem economias e a cultura de outros países concorrentes, quer através do 
comercio de sementes ou mudas, e material genético, e que colocam o seu nome no 
produto comercial ( ex. semente australiana, que nada mais é do que germoplasma 
brasileiro multiplicado por eles). Por acaso estamos enganados ? 
As tentativas colocadas nos simpósios das reuniões anuais da Sociedade 
Brasileira de Zootecnia em 1994 e 1995, onde foi dado conhecimento do que existia na 
pesquisa à comunidade científica brasileira, parece que ainda dorme em berço 
esplendido. Será por problemas climáticos, ou por falta de adequação deste 
germoplasma, serão problemas de avaliação, de resposta animal, de custos do pastejo, 
por falta de mercado, ou é conhecimento técnico insuficiente e mal adquirido ? Pelo 
que se tem observado, parece que as lacunas são verdadeiras. 
Um aspecto é verdadeiro e a literatura aponta com segurança: espécies para 
formar pastagens devem ser avaliadas sob pastejo. Não basta o fato de que elas serão 
pastejadas depois, nos sistemas de produção. Elas precisam ser pastejadas nos testes 
de avaliação, dentro de uma gama de intensidades de pastejo, em fases distintas, com 
acompanhamento de indicadores de qualidade ao alcance do extensionista e do 
produtor. Para os materiais aprovados, é importante que a dinâmica da morfogênese e 
a prioridade de alocação dos fotossintatos para a fabricação de MS e desenvolvimento 
de órgãos e estruturas apropriadas a produção de folhas seja conhecido (NABINGER, 
1996). 
Alguns aspectos chamam a atenção com espécies forrageiras. A alfafa é 
cultivada no mundo todo, e há um conhecimento consistente para o manejo sob cortes. 
De 1990 para cá começou-se a encontrar publicações referentes a alfafa sob pastejo. 
Ao mesmo tempo foi liberada a cultivar "Alfagraze", selecionada e adaptada ao pastejo 
intenso com lotação continua, graças às estruturas do sistema radicular que 
desenvolveu (BRUMMER. e BOUTON, 1991) . Sem dúvida trata-se de uma conquista 
técnica, e também um alerta sobre as facilitadas oportunidades de uso de material de 
qualidade para pastejo com lotação contínua. De qualquer forma trata-se de uma 
grande contribuição para o desenvolvimento de sistemas de produção animal baseado 
em pastagens com leguminosas. Este fato não ocorreu por acaso e nem foi uma 
descoberta. Mas sugere que a identificação dos problemas, e o estabelecimento dos 
objetivos e metas dentro de prazos determinados conduzem a resultados superiores. E 
também ao reconhecimento científico. Procedimentos semelhantes vem sendo 
recomendados há longo tempo (LUCAS, 1962; SHAW e BRYAN, 1976; HODGSON 
1990), mas que precisam ser bem interpretados e postos em prática. Grupos de 
pesquisa e equipes de trabalho precisam se formar para resolver problemas e 
encontrar soluções. A nível nacional chama atenção o manejo da Caatinga (Araujo Fº, 
1980); o programa de melhoramento e avaliação do capim elefante para pastejo ( 
CNPGL/EMBRAPA); e os estudos com oferta de forragem, resgatando a importância 
do Campo Nativo no RS e com o capim elefante anão e algumas espécies cultivadas 
nos estados do sul do Brasil, citados como exemplo. 
 
O DINAMISMO DO SISTEMA PLANTA - ANIMAL 
As técnicas de avaliação de pastagens para serem relevantes ao sistema planta 
- animal devem estar relacionadas de alguma forma à produção por animal ou à 
produção de produtos de origem animal por unidade de área (MOTT e MOORE, 1969). 
A unificação de técnicas de avaliação de pastagens é impossível num país de 
dimensões continentais, mas tentativas devem ser feitas no sentido de se organizar o 
programa de pesquisa com apoio e participação multidisciplinar. O objetivo maior no 
manejo de pastagens é a definição da relação planta - animal e como ela afeta o 
desempenho por animal e o rendimento da pastagem. Pois o valor potencial de uma 
pastagem é determinado ou pelo potencial do animal ou o potencial da pastagem, isto 
é, o fator limitante no sistema planta - animal (IVINS et al, 1958). Após anos de 
pesquisa no estudo da relação planta - animal podemos afirmar com convicção para as 
condições brasileiras, que o fator limitante no nosso sistema planta-animal é a 
determinação do potencial animal das pastagens. Enquanto não se entender os efeitos 
de níveis de ofertas de forragem, ou de pressões de pastejo, sobre as taxas de 
crescimento e de acúmulo de forragem nas pastagens, nenhum aumento de produção 
será consistente e informativo. A preocupação reside na condução de avaliações 
corretas e que permitam caracterizar aquelas condições de pastagem que também 
propiciem a máxima ingestão de forragem pelo animal. 
O esquema proposto por MOTT e MOORE (1969) envolve a 
multidisciplinaridade e onde há trabalho para todos. Mas independente da região para a 
qual se pretenda desenvolver um programa de pesquisa para produção animal 
baseado em pastagens, duas categorias de estudos especiais (LUCAS, 1962) 
merecem atenção: 
1)-.Experimentos dirigidos para a resposta da pastagem. São os experimentos 
agronômicos de avaliação de pastagens, orientados e delineados para estudar os 
fatores que afetam o desempenho da pastagem. Neste tipo de experimento o animal é, 
e deverá ser cada vez mais utilizado, simplesmente porque não se tem habilidade 
suficiente para simular sua ação sobre as plantas na pastagem. Ele é uma ferramenta 
experimental, e vai atuar sobre a condição da pastagem, desde o início do pastejo, 
removendo forragem dentro de uma gama pré-estabelecida (MISLEVI et al, 1983). Se 
forem feitas observações adequadas da condição inicial da pastagem e da forragem 
produzida e consumida (LUCAS, 1962), os dados permitirão estabelecer duas relações 
importantes: a) quantidade e composição botânica atual em relação à condição inicial 
da pastagem, e b) a maneira como o animal trata a pastagem em relação à quantidade 
e composição botânica da forragem disponível. Este é um dos pontos verdadeiramente 
críticos nos experimentos de pastejo, pois sempre dever-se-á fornecer ao animal uma 
variedade de condições da pastagem a fim de se controlar a quantidade consumida, e 
tomar um numero suficiente de observações relevantes para o entendimento da 
pastagem (ALMEIDA et al, 1997; MARASCHIN et al, 1997;MARASCHIN e MOTT, 
1989). 
2)-Experimentos dirigidos para a resposta animal. São os experimentos 
delineados para estudar o desempenho animal em função da pastagem, e como os 
tratamentos impostos ao animal condicionam a sua reação. Aqui o desempenho do 
animal é o importante em resposta à condição da pastagem, ao período de tempo que 
o animal pasteja ou o quanto será permitido que ele remova da pastagem. Com ofertas 
conhecidas pode-se relacionar o tipo e quantidade de forragem consumida com a 
disponível, e também conhecer a maneira como o animal reage às flutuações da 
pastagem a às suas modificações no tempo. Com potreiros relativamente pequenos 
pode-se esclarecer muitos aspectos do manejo de pastagem e da resposta animal, 
simultaneamente (ALMEIDA et al, 1997; Burns et al, 1989). 
 
A DINÂMICA DOS EXPERIMENTOS DE PASTEJO 
Na avaliação de pastagens com animais em pastejo há necessidade de 
planejamento e estabelecimento de objetivos claros e definidos. As respostas 
referentes ao animal são de fácil obtenção, mas freqüentemente não ocorre a 
caracterização da pastagem, e conseqüentemente nega-se a força explicativa potencial 
das variáveis que influenciam a resposta animal, e que tem utilidade para o produtor. 
Em experimentos de pastejo nãose trabalha com uma MS estática, mas sim com a 
necessária descrição de uma situação dinâmica. As observações incluem 
características da pastagem relacionadas com o que o animal pasteja, e não só com o 
que existe na pastagem. Sabe-se que a ingestão da MS verde da planta procurada 
pelo animal é o principal determinante da produção animal em pastejo. A MS ao nível 
do solo (MOTT, 1973; HODGSON, 1990) é tida como sinônimo de forragem disponível 
( BLASER et al, 1986), mas é mais adequada a matéria seca da forragem verde 
(MARASCHIN, 1993) sendo uma medida associada com a facilidade de apreensão das 
lâminas foliares verdes pelo animal (ALMEIDA et al, 1997). Independentemente da 
dimensão do experimento de pastejo, a forragem pastejada (em relação à MS 
oferecida), é uma medida essencial para a interpretação adequada da resposta animal 
em todos os experimentos de pastejo ( BURNS et al, 1989). À medida que se progride 
no entendimento do pastejo, assimila-se a noção de que uma simples medida fornece 
uma estimativa momentânea da forragem, enquanto múltiplas avaliações permitem 
caracterizar a curva de produção para um dado período ou estação do ano. E medidas 
freqüentes sobre o perfil da pastagem, permitem entendimento sobre morfogênese e 
fabricação de MS (MAZZANTI e LEMAIRE 1994) além de fornecer informações 
fundamentais sobre o pastejo e desfolha seletiva do perfil das pastagens (ARIAS et al, 
1990; DOUGHERTY et al, 1987). 
Os esforços e custos envolvidos na obtenção da massa de forragem são 
meritórios pelas suas múltiplas contribuições. Já se inicia com a definição do nível de 
pastejo das pastagens. Na situação de lotação fixa e sob lotação contínua, a forragem 
disponível pode variar desde um excesso até uma deficiência intermitente. Mas na 
lotação variável e sob lotação contínua, a disponibilidade de forragem geralmente é 
mantida dentro de níveis pré-determinados pelos ajustes de lotação ( WHEELER et al, 
1973 ; MARASCHIN, 1986). Uma avaliação muito importante é que com o 
conhecimento da massa de foragem pode-se interpretar os efeitos das lotações e se 
estimar as ofertas reais de forragem. Também se consegue manter uma condição de 
pastagem pastejada ao longo da estação de crescimento e caracterizar uma condição 
de perfil da pastagem que propicie melhor compreensão da resposta animal obtida. 
Além disto pode-se estimar taxa de crescimento, utilização e senescência. 
A metodologia de avaliação demanda tempo, trabalho e cortes rente ao solo. 
Para estimativas de crescimento deve-se proteger áreas para evitar interferência dos 
animais no caso do pastejo com lotação contínua. Dupla-amostragem é aconselhável e 
tem auxiliado muito nas estimativas de crescimento e disponibilidade na seqüência de 
amostragens. Atualmente, a avaliação da morfogênese tem contribuído para 
conhecimentos que asseguram maior entendimento da produção da pastagem e 
segurança nos níveis de oferta de forragem da matéria seca de lâminas foliares verdes 
(ALMEIDA et al, 1997; SETELICH et al, 1998) relacionadas à condição da pastagem e 
ao rendimento animal. 
 
AVALIAÇÕES RELACIONADAS ÀS PASTAGENS E AOS ANIMAIS NOS 
EXPERIMENTOS DE PASTEJO 
Os experimentos de pastejo incluem comparações entre pastagens e os ganhos 
por animal e por hectare. Embora o ganho médio diário (GMD) seja freqüentemente 
atribuído à qualidade da forragem da pastagem e o ganho por hectare (G/há) à sua 
produtividade, elas são respostas complexas que não podem ser separadas e 
consideradas simplesmente como qualidade vs produtividade, pois ambos são 
influenciados por um numero de fatores ligados à pastagem e ao animal. Por exemplo, 
o GMD pode estar pouco associado à qualidade da pastagem, enquanto o G/há pode 
não estimar a produtividade total. Esta exige estimativas para mantença e ganho para 
um dado tipo e condição de animal, peso inicial e taxa de ganho (PETERSON e 
LUCAS, 1968). Mesmo quando há a determinação de NDT ou energia colhida das 
pastagens, a produtividade pode ser "viciada" pelo nível de utilização da forragem. 
Dentre as avaliações que caracterizam a pastagem, a MS/há é imprescindível, 
junto com a composição botânica. A MS verde está mais próximo da forragem e o teor 
de lâminas foliares verdes, mais perto da dieta ( ALMEIDA, et al, 1997; MARASCHIN, 
1993). A taxa de crescimento ou taxa de acúmulo de MSV/há/dia é que indica o que 
realmente se dispõe a campo para pastejo. Daí a importância da amostragem e cortes 
corretos. A altura do perfil da pastagem, junto com a MS/há dá uma idéia de densidade 
do perfil e da sua estrutura, e tem a ver com o tamanho do bocado. O índice de área 
foliar vem recebendo importância na medida que se relaciona a morfogênese com as 
fartas condições ambientais de luz, temperatura, radiação e umidade. A atenção a 
estes fatores permitiu o pastejo com lotação contínua do capim elefante anão 
(ALMEIDA et al, 1997), e que ainda continua nos dias atuais. Aqui desmistificou-se um 
mito (TOLEDO e FORMOSO, 1993), e mais um tabú sobre manejo de pastagens foi 
aniquilado (MARASCHIN, 1997). 
Na avaliação da dinâmica da relação planta - animal BURNS et al, (1989) 
apresentam uma classificação priorizada das variáveis que permitem compreensão das 
respostas obtidas. Dentre as recomendadas para todos os experimentos citam a massa 
de forragem (MS), a massa de lâminas verdes, a qualidade da dieta, a densidade da 
forragem e a composição botânica, e que as consideramos essenciais, às quais 
incluímos também a taxa de acúmulo de MS/há/dia como um contribuinte fundamental 
para um melhor domínio do que está acontecendo no campo, principalmente para o 
pastejo com lotação contínua. Aqui cabe a pergunta: o que fazer com uma pastagem 
que produz 150 kg de MS verde por hectare por dia? De que modo se trabalha com 
uma pastagem destas? As variáveis adicionais desejáveis como tempo de pastejo, 
consumo por animal e taxa de consumo, receberam acréscimos técnicos, precisam ser 
práticadas e continuam sendo necessárias para nossa formação cultural. Dentre 
aquelas complementares para uma máxima descrição da relação planta-animal, citam 
o índice de área foliar, o tamanho do bocado, o numero de bocados, o enchimento do 
rúmen e o tempo de retenção da ingesta ruminal. Os primeiros foram usadas por 
RIBEIRO FILHO (1997), e as últimas por Thiago (1994), citados por EUCLIDES (1996), 
com relativo sucesso. Mas todas precisam ser mais conhecidas e praticadas para as 
pastagens importantes aos sistemas de produção das nossas regiões. BURNS et al 
(1989) são categóricos na sua afirmação: se as avaliações recomendadas para todos 
os experimentos não forem obtidas, o valor dos resultados experimentais é 
enfraquecido substancialmente, e o experimento pode não fornecer informação 
suficiente para justificar o custo da obtenção das medidas relativas ao animal. As 
avaliações recomendadas para todos os experimentos são orientadas para a 
pastagem, e as desejáveis são orientadas para o animal. Há uma perfeita sincronia 
com a afirmação de LUCAS (1962) de que a pastagem deve ser considerada como o 
eixo do sistema planta - animal. Pois bem agora temos que olhar para o que estamos 
fazendo e nos perguntarmos: Estamos agindo corretamente ? 
 
LOTAÇÃO 
Lotação é definida como o numero de animais por hectare, e não tem conexão 
alguma com a quantidade de forragem (MOTT, 1960). Vem sendo dito que aumentos 
de lotação provocam redução linear no ganho por animal, mas aumentam o rendimento 
por hectare. Isto é verdadeiro até o ponto em que a taxa de consumo pelos animais é 
igual à taxa de acúmulo de forragem da pastagem (MARASCHIN, 1986). Segundo 
querem (JONES e SANDLAND, 1974) para pastagens tropicais sob o efeito de 
lotações, o ganho por animal diminui linearmente com o aumento da lotação, e o 
aumento por área aumenta curvilinearmente. Suas conclusões baseiam-se no fato de 
não propiciarem ao animaluma condição de oferta de forragem acima da capacidade 
de ingestão do animal e nem abaixo dos níveis comerciais. Assim não dispõem de 
pontos além dos considerados de interesse econômico, e não conseguem avaliar a 
necessária resposta biológica, pois a falta destes pontos experimentais não permite a 
detecção do componente quadrático da resposta animal. Segundo BRANSBI (1989) e 
CONNOLLY (1976), há repercussão estatística no uso de mais de três níveis de carga 
ou de ofertas de forragem para se acrescentar mais sensitividade ao experimento e 
poder melhor detectar os desvios da linearidade na resposta por animal. Como só se 
preocupam com a maior produção por área, e sem levar em conta flutuações 
estacionais da pastagem, trabalham para este ponto com o rebanho de cria, e a 
qualidade da forragem da pastagem não pode ser avaliada. Atribuem um valor, 
dividindo o ganho por hectare pelo numero de animais, e daí tiram conclusões 
enganosas, que não permitem compreender qualidade da pastagem e oportunidades 
de ganho por animal na recria. 
Em avaliações de pastagens conduzidas em centros de pesquisa no país, e 
também em função dos resultados seqüenciais obtidos por ESCOSTEGUY (1990); 
MOOJEN (1991); MORAES e MARASCHIN (1993) com as avaliações de nossas 
pastagens, sentimos que há algo de errado nas mensagens oriundas dos que nos tem 
por concorrentes em potencial no mercado internacional de carnes. Há algo sendo dito 
e escrito para países subdesenvolvidos, para que ponham em prática, e não saiam do 
subdesenvolvimento, embora sigam recomendações de um país desenvolvido. Neste 
dinamismo há interesse na determinação da sensitividade do rendimento por área com 
mudanças nas taxas de lotação ou de carga. LOEWER (1989) sente pouca confiança 
no modelo que prevê aumentos crescentes na produção por área com os aumentos de 
carga. Ele coloca mais confiança num modelo que prevê um aumento inicial na 
produção total, seguido por uma taxa de declínio, de modo que o modelo reflita o que 
foi observado realmente a campo. 
A falta de coerência é grande dentro das mensagens dirigidas aos países 
tropicais, e atualmente (JONES, 1987, Com. Pessoal) diz que as lotações 
conservativas reduzem a necessidade de ajustes freqüentes, aumentam os 
rendimentos por animal e permitem flexibilidade de manejo para chegar a um bom 
rendimento por área. As vigorosas imagens reproduzíveis a campo, onde se permite 
pastejo seletivo para melhoria qualitativa da dieta dos animais em pastejo (BLASER, 
1982); aumentos de consumo por vaca com ofertas de forragem 50 % acima do que os 
animais consomem ( GREENHALGH, 1966); e as constatações de GIBB e TREACHER 
(1976) que verificaram redução no consumo de cordeiros quando a disponibilidade de 
forragem ao nível do solo, era menor do que três vezes a taxa de consumo dos 
animais, corroboram com o fato já comprovado por MARASCHIN (1996) de que no 
manejo do sistema planta - animal, com o pastejo no ponto crítico, mantendo o perfil da 
pastagem condizente com altos ganhos por animal, incorpora-se o crescimento da 
pastagem e se propicia condições de ingestão de forragem que asseguram o máximo 
rendimento por animal naquela pastagem. Desta forma reduz-se a variação nos 
rendimentos por área, e mantém-se mais estabilidade de produção, estabelece-se 
níveis de produtividade, e se inicia o desenvolver da sustentabilidade da produção 
animal baseada em pastagens. 
 
PASTEJO COM LOTAÇÃO CONTÍNUA VS PASTEJO ROTATIVO 
A discussão sobre estes métodos representam uma demonstração do pouco 
conhecimento aplicado na avaliação de pastagens. A pequena vantagem em produção 
animal ( < 10 % ) atribuída ao pastejo rotativo não é consistente. E a vantagem se deve 
à oportunidade de praticar alguma conservação de forragem, o que permite transferir 
alimento para outra estação do ano (McMEEKAN e WALSHE, 1963). E a cada revisão 
que se lê sobre métodos de pastejo para espécies tropicais, verifica-se que o pastejo 
com lotação continua é o mais indicado e de menor custo para ser implementado ( 
MANNETJE et al, 1976). 
O pastejo com lotação contínua é um sistema definido, enquanto no rotativo há 
inúmeras variações nos dias de ocupação e de descanso. A grande vantagem de se 
pensar e agir em favor do rotativo, é quando o pesquisador consegue avaliar o pastejo 
rotativo com zero dias de descanso. A partir daí ele começa a entender o que é pastejo 
e a compreender melhor a relação solo - planta - animal. 
 
LOTAÇÃO FIXA VS LOTAÇÃO VARIÁVEL 
O uso de lotação fixa ou variável em experimentos de pastejo é um assunto 
muito importante, que precisa ser tratado com seriedade e entendimento, pois é o 
instrumento de intensificação de uso das pastagens, e pelo qual se impõe, ou se 
consegue, o nível de colheita de forragem. Níveis de lotação fixa foram muito utilizados 
no passado, e ainda são, principalmente onde se tenha dificuldades em ajustes 
periódicos das taxas de lotação. Onde a lotação fixa é empregada, dá-se pouca ou 
nenhuma consideração ao ganho por animal, e a preocupação maior é com o ganho 
por área. A lotação fixa tem sido o grande inibidor da identificação de espécies de 
maior qualidade porque não se consegue ajustar carga animal com a disponibilidade de 
forragem. E como a zootecnia do passado não considerava tipos de pastagens (todas 
eram verdes), e desconhecia taxa de crescimento e de acúmulo de MS, era muito mais 
fácil utilizar lotação fixa no manejo das pastagens, e assim produzir um produto animal 
para qualquer mercado, sem força para pleitear preços ou discutir valores. 
A polêmica entre lotação fixa e lotação variável, é decorrente do entendimento 
técnico do que é a curva de produção de forragem e o valor do produto animal 
envolvido, associado à condições locais do sistema de produção. Onde o produto 
animal sustentar valor comercial, merece atenção a lotação variável, pois a flexibilidade 
deve estar presente para atingir metas. Nas situações em que o produto animal final é 
de valor reduzido, e não se conhecer a flutuação da taxa de crescimento das 
pastagens, lotações fixas podem ser usadas, já que o objetivo é colher a forragem 
produzida e disponível. 
 
CAPACIDADE DE SUPORTE 
Foi definida por MOTT (1960) como a lotação na pressão de pastejo ótima, ou 
seja, a lotação em que se obtém o maior rendimento por área. Ela representa uma 
conciliação entre o máximo consumo de forragem por animal, otimizando a expressão 
do potencial animal da pastagem, e associado ao máximo rendimento animal por área. 
O manejo da pastagem na capacidade de suporte implica em otimizar o GMD, usando 
uma lotação que assegure o rendimento do produto animal envolvido, e promova a 
otimização da colheita da forragem produzida. Com esta materialização pode-se 
compreender a afirmação de MOORE (1980) sobre rendimento final das áreas de 
pastagens: o ganho por hectare é o produto do ótimo rendimento por animal 
multiplicado pela área de pastagem necessária para produzir a forragem que assegura 
aquele rendimento por animal. Isto significa oferta de forragem constante e não 
limitante ao alto consumo por animal. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A grande expectativa sobre espécies forrageiras tropicais a campo, foi atendida 
pelo Bulletin 51 - CAB, editado por SHAW e BRYAN (1976), divulgando uma 
mensagem australiana, até então não contaminada pelos confinamentos. Outras 
publicações surgiram com mais propriedade para as regiões de clima temperado, 
embora CIAT tenha elaborado manuais para situações tropicais. Os conhecimentos 
sobre qualidade de forragem foram enriquecidos pela edição da National Conference 
on Forage Quality, Evaluation, and Utilization por FAHEY, Jr. (1994), onde é 
apresentado um somatório de conhecimentos atualizados, trazendo à tona alguns fatos 
antigos verdadeiros no seu tempo, e que continuarão a contribuir para o futuro na 
produção animal baseada em pastagens.Isto, simplesmente porque os ruminantes são 
herbívoros, e estes continuarão dependendo da forragem de pastagens que o ambiente 
brasileiro produz com abundância. 
Com o animal em pastejo houve progressos e grande evolução técnica. Há uma 
conscientização de que a parte aérea da planta é MS, mas toda ela não é forragem 
como ainda querem alguns mal informados. O pastejo seletivo é verdadeiro, ocorre, e 
deve ser tratado com seriedade, sem preconceitos e nem receios. Com este 
posicionamento, o sistema planta - animal está sendo melhor compreendido e 
reconceituado. As avaliações conduzidas sob pastejo baseado na porção verde, e até 
só das laminas foliares verdes, trouxeram uma magnitude de respostas concebidas 
com base na agronomia de pastagens, alicerçada desde o inicio em MOTT e MOORE 
(1969); robustecida fisiologicamente por LEAFE e PARSONS (1983); e enaltecida por 
MOTT (1983) e HODGSON (1990); tendo os respaldos da morfogênese bem 
evidenciados por NABINGER (1996). A segurança das respostas do animal em pastejo 
aos níveis de oferta de forragem verde sob pastejo com lotação contínua (MARASCHIN 
et al, 1997), derrubaram mitos e rolaram tabús em manejo de pastagens, e o conseguir 
GMD de 1,0 kg por animal por dia, ao longo da estação de crescimento, e a campo, é 
questão de entender CONRAD et al (1964), materializando as sugestões de 
MAZZANTI e LEMAIRE (1994). Neste momento, podemos afirmar com tranqüilidade, 
junto com o grupo: que "aprendemos a ler no livro da natureza os seus processos 
expontâneos e os estamos adaptando ao meio objetivo", sem receios. 
O conhecimento atual permite que o sistema solo - planta - animal compita por 
áreas de terra com os produtos agrícolas de escala e contribua efetivamente para o 
todo. No momento que se incorporar as demandas de carcaças caracterizadas para 
mercados remuneradores, o sistema solo - planta - animal apresentará os contornos da 
imagem a ser moldada, quantificada e modelada. Há pastagens de qualidade 
crescendo num ambiente físico favorável, conhecimentos em manejo de pastagens 
para obter rendimentos do material genético que permite desfrutar as oportunidades 
seguras para alto rendimento animal em pastagens e desenvolver relacionamentos 
com mercados paras os produtos das pastagens. O nosso compromisso é transformar 
estas ofertas da natureza em produto animal comercializável. 
 
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