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Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Minas Departamento de Engenharia Civil Resistência dos Materiais Ι Jaime Florencio Martins Professor Titular – DECIV Ouro Preto, setembro/ 2017 ALFABETO GREGO Nome moderno Nome clássico Minúsculas Maiúsculas Alfa Alfa α Α Vita Beta β Β Gama Gama γ Γ Delta Delta δ ∆ Epsilo Èpsilón ε Ε Zeta Dzeta ζ Ζ Ita Eta η Η Tita Theta θ Θ Iota Iota ι Ι Capa Capa κ Κ Landa Lambda λ Λ Mi Mü µ Μ Ni Nü ν Ν Xi (csi) Xi (csi) ξ Ξ Ômicron Òmicrón ο Ο Pi Pi pi Π Rô Ró ρ Ρ Sigma Sigma σ Σ Tau Tau τ Τ Ípsilon Üpsilón υ Υ Fi Fi φ Φ Khi Khi χ Χ Psi Psi ψ Ψ Ômega Omega ω Ω 1 Capítulo 1 – Generalidades 1.1 – Objetivos da Resistência dos Materiais: É a ciência que estuda as tensões e deformações que ocorrem nos sólidos, provenientes de forças externas a eles aplicadas. A Resistência dos Materiais também é conhecida como Mecânica dos Materiais ou Mecânica dos Sólidos. Sólido: é um estado da matéria que tem volume e forma definidos. Fluido: Substância liquida ou gasosa que não tem resistência ao cisalhamento. Os fluidos tomam a forma do recipiente em que está colocado. 1.2- Histórico da Resistência dos Materiais Madeira: Pela sua disponibilidade e propriedades foi um dos primeiros materiais utilizados pelo homem para construir. As primeiras pontes surgiram de forma natural pela queda de árvores sobre os rios ou vales. Ferro fundido: A fabricação do ferro fundido teve início na Ásia por volta de 1.500 a. C. O ferro fundido oxida com facilidade. Aço: Liga de ferro e carbono sendo o teor de carbono variando de 0,008% a 2,11%. Se o teor de carbono da liga for maior do que 2,11% e menor do que 6,67% a liga é chamada ferro fundido. Os gregos Aristóteles e Arquimedes estabeleceram os princípios da estática. Os romanos foram grandes construtores de templos, estradas e pontes. Usavam, freqüentemente, arcos nas construções. Os egípcios tinham algumas regras empíricas (baseadas na experiência) para construir templos e pirâmides. Muito do conhecimento dos gregos, romanos e egípcios para análise de estruturas foi perdido durante a idade média. Leonardo da Vinci estudou a resistência de colunas experimentalmente. Galileu Galilei foi o primeiro cientista a estudar a flexão de vigas. É considerado o pai do método experimental e da Resistência dos Materiais. 1.3 – Definições: a) Material dúctil: É um material que apresenta grandes deformações antes de se romper e a resistência à tração é considerada igual à compressão. Ex.: aço doce (aço de construção), alumínio. 2 b) Material frágil: É um material que rompe bruscamente, sem aviso prévio, com pequena deformação. A resistência à tração é diferente da resistência à compressão. Ex.: aço para ferramentas, vidro, concreto, giz. c) Corpo rígido: corpo que não se deforma quando solicitado por forças ou momentos. d) Deslocamento de corpo rígido: deslocamento sem deformação. e) Barra - placa – bloco Barra: quando as duas dimensões da seção transversal são pequenas quando comparadas com o comprimento longitudinal (L>> h ; L>> b). Exemplo: vigas. Placa: quando uma dimensão (a espessura) é muito menor do que as outras duas dimensões (L ≅ b ; L>> h). Exemplos: lajes e cascas. Bloco: quando: L ≅ h ≅ b f) Eixo da barra: uma barra pode ser representada pelo seu eixo que é o conjunto de pontos dos centróides das seções transversais. g) Barra prismática: barra de eixo reto e seção transversal constante. 1.4 - Estrutura: É a parte mais resistente de uma construção e tem a função de resistir às cargas aplicadas. Em um edifício a estrutura é constituída pelas vigas, pilares, lajes e fundação. Para o dimensionamento da estrutura deve-se levar em consideração a economia e a segurança. 1.5 – Hipótese fundamental: a estrutura está em equilíbrio estático. • Condições necessárias e suficientes para o equilíbrio de um ponto material no espaço: ∑ = 0Fx ∑ = 0Fy ∑ = 0Fz 3 • Condições necessárias e suficientes para o equilíbrio de um corpo rígido no espaço: ∑ = 0Fx ; ∑ = 0M x ∑ = 0Fy ; ∑ = 0M y ∑ = 0Fz ; ∑ = 0M z 1.6 - Apoios Uma estrutura no espaço possui seis graus de liberdade, sendo três translações e três rotações. A função dos apoios é retirar graus de liberdade, surgindo reações nas direções dos movimentos impedidos. • Apoios do primeiro gênero • Apoios do segundo gênero (ou articulação ou rótula): Retiram dois graus de liberdade, impedem o deslocamento em todas as direções e permitem a rotação. • Apoios do terceiro gênero (ou engaste): Retiram três graus de liberdade, impedem o deslocamento em todas as direções e impedem a rotação. 4 1.7 – Estaticidade e estabilidade de estruturas planas carregadas no próprio plano Para estruturas planas carregadas no próprio plano (plano xOy) as condições necessárias e suficientes para o equilíbrio são três: ∑ = 0Fx ; ∑ = 0Fy ; ∑ = 0MO onde “o”, na expressão do somatório de momentos, é qualquer ponto do plano da estrutura. Para as estruturas planas carregadas no próprio plano três casos podem ocorrer com relação à estabilidade e estacidade: 1o caso: O número de reações de apoio é menor que o número de equações de equilíbrio da estática (3). A estrutura é chamada hipostática e o equilíbrio é instável. 2o caso: O número de reações de apoio é igual ao número de equações de equilíbrio da estática (3). A estrutura é chamada isostática e o equilíbrio é estável. 3o caso: O número de reações de apoio é maior que o número de equações de equilíbrio da estática (3). A estrutura é chamada hiperestática e o equilíbrio é estável. São três as equações de equilíbrio e a viga acima possui cinco reações de apoio, então, a viga é duas vezes hiperestática. 5 As três equações de equilíbrio da estática não são suficientes para calcularem-se as reações de apoio das estruturas hiperestáticas. Além das três equações de equilíbrio são necessárias outras equações que são obtidas conhecendo-se como a estrutura se deforma (para impor condições de deslocamento e/ou de rotação). Observação: Casos particulares: A viga acima possui três reações, mas o equilíbrio é instável; a viga abaixo possui quatro reações e o equilíbrio também é instável. 1.8 – Sistema de Unidades Unidades básicas do Sistema Internacional m (metro): para comprimento quilograma (kg): para massa segundo (s): para tempo Unidades de força no SI (unidade derivada) 1 N = 1 kg.m/s2 Sistema inglês 1 polegada = 1 in = ||1 = 2,54 cm 1 pé (foot) = 1 ft = |1 = 12 in = 30,48 cm 1 libra = 453,59 gramas 6 1.9 – Esforços externos: São os esforços aplicados nas estruturas e podem ser: a) Concentrados b) Distribuídos Observação: a carga distribuída uniforme q (N/m) é calculada multiplicando-se o peso específico (γ) pela área da seção transversal (A). c) Estático: quando aplicado lentamente (sem impacto) e o seu valor não varia com o tempo. Ex.: peso próprio de vigas. d) Dinâmico: quando aplicado com impacto e o seu valor varia com o tempo. Ex.: efeito do vento em edifícios altos, efeito das ondas do mar em uma plataforma, pontes. 7 1.10- Esforços internos: Os esforços externos produzem esforços internos que são em número de quatro. • Força normal(N) • Força cortante (V) • Momento fletor (M) • Momento de torção ou torque (T) • Força normal (N) → é a força normal (perpendicular) a uma área. A força normal pode ser de tração ou compressão. Fazendo-se um corte imaginário na barra tracionada, tem-se: Por considerações de equilíbrio das partes recortadas: N = N| N = esfoço externo e N| = esforço interno • Força cortante (V) → é a força que está contida em uma seção transversal. 8 • Momento fletor (M) → é o momento de uma força que produz flexão em uma barra. Fazendo-se um corte imaginário na barra solicitada por um momento fletor positivo: Por considerações de equilíbrio das partes recortadas: M = M| M = esfoço externo e M| = esforço interno Observação: Força vertical com o sentido para cima produz momento fletor positivo (traciona em baixo). Força vertical com o sentido para baixo produz momento fletor negativo (traciona em cima). • Momento de torção ou torque (T) → é o momento de uma força que produz torção em uma barra. 9 Não existe convenção de sinais para o momento de torção. 1.11 – Exemplos de estruturas a) Treliças: As treliças ideais são formadas por barras, as extremidades são rotuladas e o carregamento atua nas rótulas (chamadas nós). As barras das treliças ideais estão solicitadas apenas por forças normais (tração ou compressão). OBS.: O contraventamento permite que a treliça resista aos esforços horizontais como, por exemplo, a ação do vento. Tirante: elemento estrutural que trabalha à tração. Escora: elemento estrutural que trabalha à compressão. 10 b) Vigas: As vigas estão solicitadas, geralmente, por momento fletor e força cortante. Qualquer parte ou ponto de uma estrutura em equilíbrio também está em equilíbrio. Fazendo-se um corte imaginário na viga acima, os esforços que eram internos tornam- se externos e devem equilibrar a parte recortada. c) Pórticos (ou quadros) planos carregados no próprio plano: Estas estruturas estão solicitadas por força normal, força cortante e momento fletor (torção é igual a zero). 11 No pórtico (a) têm-se cinco (5) reações de apoio, portanto, este pórtico é duas vezes hiperestático. O pórtico (b) também tem cinco reações de apoio, mas possui uma rótula a mais. Impondo-se que o momento fletor nesta rótula é nulo, obtém-se mais uma equação. Desta forma, o pórtico (b) é uma vez hiperestático. As rótulas transmitem força, mas não transmitem momento fletor. c) Grelhas: O carregamento nas grelhas é perpendicular ao seu plano. As grelhas estão solicitadas por momento fletor, força cortante e torção (força normal é igual a zero). 1.12 – Exemplos de vigas isostáticas 12 1.13 – Relação entre momento fletor e força cortante de onde: V dx dM0VdxdM =→=+− q dx dV0)dVV(qdxV0FY −=→=+−−→=⊕↑ ∑ Derivando-se a relação entre M e V em relação a x, tem-se: q dx Md dx dV dx Md 2 2 2 2 −=→= 13 Capítulo 2 – Tensão e deformação 2.1 – Tensão normal (σ): Por definição: σ A F = (2.1) onde: σ : tensão normal dada em N/m2 (no Sistema Internacional) F : Força normal axial A : área da seção transversal da barra Por convenção: σ de tração é positiva e σ de compressão é negativa. Fazendo ensaios de tração Galileu demonstrou que a resistência à tração de uma barra é proporcional à área da seção transversal e independe do comprimento longitudinal. A tensão normal no Sistema Internacional é dada em Pascais. Por definição 1 Pa = 1 N/m2. Então: 1 MegaPascal = 106 N/m2. Uma vez que 1 m = 1.000 mm ⇒ (1 m)2 = (1.000 mm)2 ⇒ 1 m2 = 106 mm2. Portanto: 226 mm/N1m/N10MPa1 == • Tensão admissível ( __ adm ou σσ ): É a tensão que está dentro dos limites de segurança. SF R adm σ =σ onde: Rσ = Tensão de ruptura SF = Fator de segurança ( SF > 1,0) 14 • Definição matemática de tensão normal: A definição de tensão normal dada pela equação (2.1) somente pode ser usada se ocorre distribuição uniforme das tensões normais na seção transversal. Uma vez que esta condição nem sempre é satisfeita deve- se usar a definição matemática de tensão normal: A F 0A ∆ ∆ =σ →∆ dA dF =σ→ (2.2) 2.2 – Deformação linear específica (ε): Por definição: L L∆ =ε (2.3) ε é adimensional e também conhecida como deformação específica normal, deformação específica ou deformação normal. • Fluência: deformação lenta de um corpo submetido a uma tensão constante. 2.3 – Coeficiente de Poisson (ν): Quando uma barra é tracionada o alongamento longitudinal é acompanhado de contrações laterais, isto é, o comprimento da barra aumenta e a seção transversal diminui. A relação entre a deformação lateral e a deformação longitudinal é chamada coeficiente de Poisson (ν): allongitudindeformação lateraldeformação =ν x y ε ε −=ν O coeficiente de Poisson é adimensional e sempre positivo. O sinal negativo na expressão acima é necessário porque se a deformação εx for positiva εy será negativa, e vice- versa. 15 Material isotrópico: é um material que apresenta as mesmas propriedades físicas em todas as direções. Em um material isotrópico: x 'z x z x y ε ε −= ε ε −= ε ε −=ν 2.4 – Diagrama tensão - deformação 2.4.1 – Aço doce (aço usado na construção civil com baixo teor de carbono) Em um ensaio de tração sendo a força aplicada gradualmente (sem impacto) os diversos pares F - ∆L são anotados e podem ser colocados em um gráfico. O diagrama tensão – deformação permite obter dados sobre o material sem considerar as suas dimensões (área da seção transversal (A) e comprimento longitudinal (L)). Pσ → Tensão de proporcionalidade (ou limite de proporcionalidade): É a maior tensão que pode ser aplicada à barra sem que haja perda da proporcionalidade entre a tensão e a deformação (ponto a). Yσ → Tensão de escoamento (limite de escoamento): Neste ponto, a deformação aumenta sem que haja acréscimo de tensão (ponto c). Encruamento: endurecimento, enrijecimento (ponto d). Uσ → Tensão última: É a maior tensão que a barra suporta. Esta tensão também é conhecida como resistência do material (ponto e). Rσ → Tensão de ruptura: (ponto f). Fase elástica: Nesta fase a deformação desaparece com a retirada da tensão, não há deformação permanente. Esta fase vai do início do carregamento até o ponto b. Fase plástica: Descarregando-se a barra ela não retorna às suas dimensões iniciais, isto é, surgem deformações permanentes (ou deformações plásticas). Esta fase vai do ponto b até à proximidade da ruptura. 16 Resiliência: É a energia armazenada por unidade de volume quando uma barra se deforma até atingir o limite de proporcionalidade ( Pσ ) . A resiliência faz com que a barra retorne às suas dimensões iniciais quando descarregada. O aço usado na fabricação de molas é um material com alta resiliência. Estricção: Durante o alongamento ocorre contração lateral (estricção), portanto, a área da seção transversal diminui. A estricção somente ocorre nos materiais dúcteis. Obs.: O diagrama tensão × deformação convencional nãoleva em consideração que a área da seção transversal diminui durante o alongamento da barra. 2.4.2 - Alumínio No diagrama tensão × deformação do alumínio, não existe o ponto de escoamento definido como no diagrama do aço doce. Neste caso, a tensão de escoamento σY é obtida tomando-se no eixo das deformações o valor ε = 0,2% e por este ponto traça-se uma reta paralela ao trecho linear do diagrama. Onde esta reta cortar a curva σ x ε tem-se a tensão de escoamento σY. 2.4.3 - Material frágil: Rompe-se com uma deformação relativamente pequena. 17 2.4.4 – Material elástico-plástico idealizado 2.5 - Lei de Hooke Em 1678, Robert Hooke enunciou a lei “Ut tensio sic vis” (o estiramento é proporcional à força ou F = Kx). Hooke aplicou esta lei na invenção da balança de mola e do relógio sem pêndulo. Thomas Young, em 1807, sugeriu que a aplicação da Lei de Hooke nos sólidos deve estabelecer a dependência linear entre tensão e deformação: “A tensão é proporcional à deformação”, ou seja: εΕ=σ . onde: σ → tensão normal ε → deformação linear específica Ε → constante de proporcionalidade e é chamado de módulo de elasticidade ou módulo de Young e tem a mesma dimensão de tensão: N/m2 No SI o módulo de elasticidade é dado em GigaPascal: 2329 mm/N10m/N10GPa1 == Exemplos: Εaço = 200 GPa; Εliga de titânio = 120 GPa; Εliga de alumínio = 70 GPa. Nota: A Lei de Hooke é válida até a tensão de proporcionalidade. tg α = ε σ → σ = tgα × ε ; então: Ε = tgα 18 Capítulo 3 - Tração e Compressão 3.1 – Alongamento de barras carregadas axialmente A variação do comprimento (∆L) de uma barra prismática solicitada por uma força axial constante pode ser calculada usando-se a lei de Hooke: σ = Ε × ε Lembrando que: A F =σ e que: L L∆ =ε , tem-se: L LE A F ∆ ⋅= de onde: EA FLL=∆ A expressão acima somente pode ser aplicada no regime de validade da Lei de Hooke, ou seja, para tensões menores ou iguais que σP. Para se calcular o alongamento de barras não prismáticas e/ou solicitadas por força axial variável tem-se que usar o conceito de integral: )x(EA dx)x(Fdx =∆ → ∫∫ =∆ L 0 )x(EA dx)x(Fdx → ∫=∆ L 0 )x(EA dx)x(FL 19 Considere-se, agora, uma barra prismática, suspensa por uma extremidade. Deseja-se determinar a expressão do alongamento (∆L) da barra produzido pela ação de seu peso próprio. ∫=∆→=∆ L 0 )x(AE dx)x(FL)x(AE dx)x(Fdx Considerando-se o equilíbrio de forças verticais da parte recortada, tem-se: x.A.)x(F γ= Então: ∫∫ ⋅ γ =⋅ γ = ⋅ ⋅⋅⋅γ =∆ L 0 L 0 2L 0 2 x E dxx EAE dxxAL Portanto: E2 LL 2γ =∆ 20 3.2- Princípio da superposição dos efeitos Se em uma estrutura estão aplicadas várias forças podem-se calcular os deslocamentos referentes a cada força, como se atuasse separadamente, e somar os resultados correspondentes obtendo-se, assim, o resultado da ação de todas as forças. ∑ = =∆ n 1i ii ii AE LFL 3.3 – Sistemas estaticamente indeterminados Para as estruturas hiperestáticas as três equações de equilíbrio não são suficientes para calcularem-se as reações de apoio. Além das três equações de equilíbrio são necessárias outras equações obtidas com as condições de deslocamentos da estrutura. 3.4 – Efeitos da variação da temperatura A variação da temperatura pode provocar tensão normal nas estruturas. A tensão normal somente ocorrerá se o deslocamento (movimentação) devido à variação da temperatura estiver impedido. tLL t ∆α=∆ (fórmula empírica) onde tL∆ : variação do comprimento da barra devida à variação da temperatura (m) α : coeficiente de dilatação térmica (1/ 0C) L : comprimento inicial (m) t∆ : variação da temperatura ( 0C) Observação: nos problemas envolvendo variação da temperatura usam-se as fórmulas: tLL t ∆α=∆ ; EA FLL=∆ ; A F =σ 21 Capítulo 4 – Cisalhamento Puro 4.1 – Força cortante (V) A força cortante está contida no plano da área e provoca deslizamento. A força cortante produz tensão cisalhante, representada pela letra grega τ (tau), que tem o mesmo sentido da força. 4.2 – Cisalhamento Puro Se em uma área atua apenas força cortante, ela fica solicitada por cisalhamento puro. 4.3 – Teorema de Cauchy Em um ponto, as tensões de cisalhamento são iguais nos planos perpendiculares entre si. 22 AF A F ×τ=→=τ 0dydx1dxdy10M xy0 =×××τ−×××τ→=∑ Portanto: yx τ=τ 4.4 – Lei de Hooke no cisalhamento Solicitando-se um material ao cisalhamento puro, pode-se estabelecer a relação entre a tensão e a deformação de cisalhamento. γ τ =αtg → ( ) γ×α=τ tg Chamando de α= tgG , tem-se a lei de Hooke no cisalhamento: τ = γ⋅G onde: τ → tensão de cisalhamento em N/m2 G→ é conhecido como módulo de elasticidade transversal ou módulo de elasticidade ao cisalhamento ou módulo de cisalhamento (em N/m2). γ → distorção (deformação por cisalhamento) em radianos Relação entre E , G e ν Na Resistência dos Materiais 2 demonstra-se que: ( )ν+= 12 EG + 23 4.5 – Ligações parafusadas Por hipótese, a tensão de cisalhamento é uniformemente distribuída na seção transversal do parafuso. Na ligação acima tem-se um parafuso que transmite a força de uma chapa para a outra. A tensão de cisalhamento média no parafuso é dada por: A F méd =τ onde A é a área da seção transversal do parafuso. Para uma ligação com "n" parafusos deve-se dividir a força F por n e pelo número de áreas de corte (nA). Geralmente, nA é igual a 1 (uma área de corte) ou igual a 2 (duas áreas de corte). É interessante observar que a força F produz tensão normal (σ) nas chapas e tensão cisalhante (τ) no parafuso. 4.6 – Ligações parafusadas solicitadas por força excêntrica Nestas ligações os parafusos devem resistir à força vertical P e ao momento fletor M = P.e. A força vertical produz força cortante (F1) nos parafusos dada por F1 = P/n, onde n é o número de parafusos. O momento fletor provoca em cada parafuso a força cortante F2 que é perpendicular à reta que une o centro geométrico dos parafusos (ponto c) ao centro do parafuso e varia linearmente com a distância ao ponto c. 24 Exercícios: 1) Calcule a tensão de cisalhamento máxima que ocorre nos parafusos da ligação abaixo. Todos os parafusos têm diâmetro igual a 18 mm. 1875015,0F221,0F40M *22C =⋅+⋅→=∑ As forças F2 são diretamente proporcionais à distância ao ponto c, então tem-se a relação: * 22 2 * 2 F4,1F 21,0 F 15,0 F =→= N3,12703F1875015,0F221,0)F4,1(4 *2*2*2 =→=⋅+⋅ Então: N6,17784F4,1F *22 == A força cortante resultante é dada pela expressão: α++= cosFF2FFR 21 2 2 2 1 Nos dois parafusos extremos do lado direito F1 = 2500 N, F2 = 17784,6 N e α = 45º, então a força cortante resultante é: N1,19632R45cos6,17784250026,177842500R o22 =→⋅⋅⋅++= No parafuso central do ladodireito da ligação as forças F1 e F2* têm o mesmo sentido, a força cortante resultante neste parafuso é dada por: R = 2500 + 12703,3 = 15203,3 N. Portanto, a maior força cortante na ligação ocorre nos dois parafusos extremos do lado direito e a tensão de cisalhamento máxima é dada por: 2 2máx mm/N15,77mm47,254 N1,19632 ==τ 25 2) Calcule a tensão de cisalhamento máxima que ocorre nos parafusos da ligação abaixo. Todos os parafusos têm diâmetro igual a 25,4 mm. N6250 4 25000 4 PF1 === 4500014,0F40M 2C =⋅→=∑ de onde: N1,80357F2 = Nos dois parafusos do lado direito a força cortante resultante é dada por: N6,84891R45cos1,80357625021,803576250R o22 =→⋅⋅⋅++= A tensão de cisalhamento máxima na ligação é: 2 2máx mm/N53,167mm71,506 N6,84891 ==τ ou: MPa53,167máx =τ 5 - Torção 5.1. Introdução - A torção ocorre: • Na ação do vento em edifícios altos • Nos eixos de transmissão • Nos chassis de ônibus, caminhão, avião. 5.2 - Momento de inércia à torção ( J ) para barras com seção circular vazada α dα r dr di de Por definição: dA r J A 2∫= onde: dr d rdA α= ∫∫ pi α= 2 0 r r 3 d dr r J e i piα= 20 r r 4 . 4 rJ e i ( )0 - 2 . rr 4 1 J 4 i 4 e pi −= ( )4i4e rr 2 J − pi = Ou em função dos diâmetros externo e interno: ( )4i4e dd 32 J − pi = Particularizando para seções cheias: ( )0di = : ( )4d 32 J pi = 5.3 – Hipóteses: • As deformações são pequenas; • É válida a Lei de Hooke no cisalhamento ( γ=τ G ); • O momento de torção provoca apenas tensão de cisalhamento ( τ ); • As tensões de cisalhamento são perpendiculares e variam linearmente com o raio (esta hipótese é válida somente para eixos de seção transversal circular). Observações: 1) A tensão cisalhante tem o mesmo sentido do momento de torção 2) A tensão cisalhante máxima ocorre na superfície do eixo. 5.4 - Tensão e deformação nos eixos de seção circular solicitados por momento de torção T T γ θ R B B’ L T B B’ R θ Onde: θ : ângulo de torção (giro relativo entre duas seções transversais) γ : distorção (deformação por cisalhamento) na superfície do eixo Da figura acima, têm-se as expressões: L BB tg ′ =γ≅γ e R BB tg ′ =θ≅θ Portanto: γ = L Rθ dAdF ⋅τ= e rdA dT ⋅τ= ∫ τ= A dA r T ou: ∫ τ= A 2 dA r rT Onde r τ é uma constante (por hipótese a tensão cisalhante varia linearmente com o raio), então: dA r r T A 2 ∫ τ = Por definição: dA rJ A 2 ∫= , então: J r T τ = De onde se tem a tensão de cisalhamento produzida por momento de torção em barras de seção transversal circular: J r T =τ A maior tensão de cisalhamento ocorre na superfície do eixo: J TR máx =τ Aplicando-se a Lei de Hooke no cisalhamento ( γ=τ G ) na superfície do eixo, tem-se: L RG J TR θ = de onde tem-se o giro relativo ( )θ entre duas seções transversais: GJ TL =θ 5.5 – Eixos hiperestáticos solicitados por momento de torção 5.6 – Torção de barras com seção vazada de parede fina com espessura t constante Linha do esqueleto: linha média da espessura da seção transversal t: espessura Sendo a espessura t constante (não varia ao longo da linha do esqueleto e também invariável ao longo do comprimento longitudinal), pode-se demonstrar que a tensão de cisalhamento média médτ é dada por: At2 T méd =τ e o ângulo de torção (θ) é dado por: tGA4 TLP 2=θ onde: A: área limitada pela linha do esqueleto P: perímetro da linha do esqueleto L: comprimento longitudinal 5.7 - Torção de barras com seção retangular vazada de parede fina com espessura t variável Para o caso particular de uma barra, com seção transversal mostrada na figura acima solicitada por um momento de torção Τ têm-se as expressões de máxτ e do ângulo de torção: bamin min máx tetentrevalormenoroétonde,At2 T =τ ba 22 t t t b t a ba2J:onde, JG TL + ==θ 5.8 – Torção de barras com seção transversal retangular onde: a é o maior lado da seção transversal e b é o menor lado da seção transversal L: comprimento longitudinal Usando a “analogia da membrana” Timoshenko & Goodier (1980) demonstram que a tensão cisalhante máxima ocorre na linha central da face maior e seu valor é dado por: 2 1 máx abc T =τ e o ângulo de torção θ é dado por: Gabc LT 3 2 =θ Os valores de c1 e c2 são obtidos na tabela abaixo. a/b c1 c2 a/b c1 c2 1,0 0,208 0,141 5,0 0,291 0,291 2,0 0,246 0,229 10,0 0,312 0,312 3,0 0,267 0,263 ∞ 0,333 0,333 4,0 0,282 0,281 5.9 – Torção de barras com seção transversal aberta de parede fina com t constante Os casos acima, com espessura t constante, podem ser entendidos da seguinte forma: ∞== t a b a → 2máx ta333,0 T =τ e Gta333,0 LT 3=θ 5.10 – Torção de barras com seção transversal aberta composta por retângulos de paredes finas Para estes casos máxτ e θ são dados pelas equações: ( )∑ ⋅ =τ 3 ii máx máx ta333,0 tT e ( )∑=θ 3ii taG333,0 LT 5.11 – Torção de barras com seção transversal em forma de triângulo eqüilátero de lado "d" 5.12 – Torção de barras com seção elíptica solicitadas por um torque T Para a = b as expressões acima coincidem com as fórmulas para seção circular. 31 6 – FLEXÃO 6.1 - Introdução Flexão é o ato de dobrar, curvar. Quando uma estrutura fica solicitada por momento fletor ela fica curvada. Neste caso, dizemos que a estrutura está flexionada. O objetivo deste capítulo é obter as tensões e deformações que surgem nas estruturas quando estão solicitadas por momento fletor. A flexão de uma estrutura pode ser pura, simples, oblíqua ou composta. 6.2 - Flexão pura A flexão pura ocorre quando uma estrutura ou parte de uma estrutura fica solicitada apenas por momento fletor. Este é o caso do trecho CD da viga abaixo. Neste trecho, a força cortante é nula e o momento fletor é constante, como mostram os diagramas de esforços internos. É interessante observar que para não ocorrer força cortante no trecho CD, as forças P são simétricas e desprezamos o peso próprio da estrutura na presença das forças P. Todas as estruturas que vamos abordar neste item e no próximo (flexão simples), possuem, pelo menos, um plano de simetria longitudinal. (a) Viga e carregamento (b) Diagrama de momento fletor (c) Diagrama de esforço cortante Figura 6.1 - Viga sobre dois apoios e diagramas de esforços internos (M e V) 32 y z x P P Figura 6.2 – Viga em perspectiva Hipóteses: 1- O carregamento atua em um plano de simetria longitudinal. Uma vez que queremos obter as tensões que surgem na flexão pura, deve atuar apenas momento fletor, e se o carregamento atuar forado plano de simetria, a viga ficará solicitada também por momento de torção. 2- O carregamento é perpendicular ao eixo da viga. Se as forças P forem inclinadas teremos componentes horizontais que são forças normais. 3- Seções planas permanecem planas depois de aplicado o carregamento. Esta hipótese, formulada pelo cientista francês Navier em 1826, é chamada fundamental e deve-se ao fato que no trecho CD: .0VT == Estes dois esforços provocam a deformação distorção (γ). Uma vez que no trecho CD estes dois esforços são nulos, as seções transversais permanecem planas e perpendiculares à superfície neutra depois de aplicado o carregamento. 4- A maior tensão que surge na viga é a tensão de proporcionalidade. Portanto, podemos usar a lei de Hooke. 5- O material da viga é homogêneo e os módulos de elasticidade à tração e à compressão são iguais. 6- O carregamento é aplicado sem impacto. Vamos analisar o trecho L - 2a, onde atua apenas momento fletor. A ação do momento fletor faz com que este trecho da viga se curve (Figura 6.4). O momento fletor é constante neste trecho, sendo assim, a curvatura é também constante. A Figura 6.4 mostra que a parte inferior da viga aumentou de comprimento, enquanto a parte superior diminuiu. Havendo variação de comprimento ∆L, tem-se deformação linear específica ε. Portanto, pode-se afirmar que o momento fletor produz tensão normal σ. Esta tensão provoca variação de comprimento. Uma vez que uma parte aumentou e outra diminuiu de comprimento existe uma superfície que separa as duas regiões e não tem o seu comprimento alterado. Esta superfície é chamada superfície neutra e está indicada na Figura 6.4 pelo arco CD. O arco CD é dado por: CD r= .θ 33 a a L - 2a P P y x y C E D F Figura 6.3 y r E C F D θ O M M Figura 6.4 O arco EF, que está y abaixo do arco CD, é dado por: ( )EF r y= + ⋅ θ É interessante observar que esta variação linear de EF só é possível se a seção transversal permanecer plana. Por definição: L L∆=ε Então, a deformação linear específica ε de EF é: ε EF EF CD CD = − Ou ( ) ε θ θ θEF r y r r = + ⋅ − ⋅ ⋅ Simplificando-se a expressão anterior, tem-se: r yEF =ε O → centro da curvatura da superfície neutra. r → raio de curvatura da superfície neutra. 34 Utilizando-se a lei de Hooke, σ ε= ⋅E , pode-se obter a tensão normal que provocou o alongamento de EF: r yEEF ⋅=σ (6.1) A Figura 6.5 mostra um corte imaginário na viga da Figura 6.2. A linha neutra divide, na seção transversal, as regiões tracionada e comprimida. y z P NL Figura 6.5 Vamos impor a condição que: σ ⋅ =∫ dAA 0 Esta condição deve-se ao fato de não existir força normal atuando na seção transversal. Uma vez que σ ⋅ =dA dF , a soma de todas as forças elementares dF é igual a zero. Colocando-se a equação (6.1) na equação acima, tem-se: E y r dA A ⋅ ⋅ =∫ 0 Por hipótese, o módulo de elasticidade E é o mesmo à tração e à compressão, portanto, não varia na área. Sendo assim, a expressão acima pode ser colocada da seguinte forma: E r y dA A ⋅ ⋅ =∫ 0 Como o módulo de elasticidade E não pode ser igual a zero e o raio r não pode ser infinito (neste caso não haveria flexão), tem-se que: y dA A ⋅ =∫ 0 A integral acima é, por definição, o momento estático da área da seção transversal em relação à linha neutra. O momento estático de uma área em relação a qualquer eixo que passa pelo centróide é igual a zero. Portanto, a linha neutra passa pelo centróide da área da seção transversal. A outra condição a ser imposta é que: σ ⋅ ⋅ =∫ y dA MA Linha neutra → Intersecção da superfície neutra com a seção transversal 35 Esta condição deve-se ao fato que σ ⋅ ⋅ =y dA dM e somando-se o momento de todas as forças elementares tem-se o momento fletor aplicado. Ou, em outras palavras, a toda ação corresponde uma reação em sentido contrário. A reação ao momento fletor aplicado é produzida pela soma de todos os momentos das forças elementares. Colocando-se a equação (6.1) na equação acima, tem-se: E y r y dA M A ⋅ ⋅ ⋅ =∫ Ou E r y dA M A ⋅ ⋅ =∫ 2 (6.2) Por definição: y dA I zA 2 ⋅ =∫ O eixo y tem origem na linha neutra da área da seção transversal, sendo assim, o momento de inércia I z , calculado pela expressão acima, é o momento de inércia da área da seção transversal em relação ao eixo horizontal do centróide. Colocando-se a expressão acima em (6.2), o momento fletor assume a forma: M E r I z= ⋅ Isolando-se o raio da curvatura r, tem-se: r E I M z = ⋅ Substituindo-se a expressão de r na expressão (6.1), tem-se: σ = ⋅ ⋅ E y E I M z Ou: zI yM ⋅ =σ (6.3) Portanto, a tensão normal referente ao momento fletor varia linearmente em uma seção transversal. 6.3 – Flexão simples A flexão simples ocorre quando uma estrutura ou parte de uma estrutura fica solicitada por momento fletor e força cortante. Este é o caso dos trechos AC e DB da estrutura da apresentada na Figura 6.1. Vamos admitir, a priori, que a tensão normal nos trechos AC e DB, da mesma forma que no trecho CD, varie linearmente. 36 Figura 6.6 O momento fletor varia ao longo do comprimento dx. A tensão normal nas seções transversais f-f e g-g são, respectivamente, dadas pelas expressões: σ = ⋅M y I z e ( ) σ = + ⋅M dM y I z A força normal resultante na seção transversal é nula, conforme já visto. Entretanto, tem- se força resultante em uma área genérica |A . A força resultante F (Figura 6.7) é dada pela expressão: ∫ ∫ ⋅ =⋅σ= | |A A z dA I yMdAF e a força resultante dFF + dada por: ( ) ∫ ⋅+ =+ |A Z dA I ydMMdFF NL dx |A dx |A . F F + dF (a) (b) Figura 6.7 Nas três faces externas do elemento da Figura 6.7(b) não ocorre nenhuma ação. Portanto, no plano de corte e no sentido da força F existem tensões cisalhantes τ que mantêm o equilíbrio de forças (Figura 6.8). 37 dx F F + dF τ dx F + dFF Figura 6.8 O equilíbrio de forças na direção da força F fornece a expressão: ( ) 0dFFdxbF =+−⋅⋅τ+ onde b representa a largura da seção transversal. Colocando-se as expressões de F e de dFF+ na equação acima, tem-se: ( ) 0dA I y dMMdx b dA I y M || A z A z = + −τ+ ∫∫ Simplificando a expressão anterior, tem-se: 0dA I y dMdx b |A z =−τ ∫ O momento fletor e o momento de inércia não variam na área, isto é, dependem apenas da coordenada x. Sendo assim, a expressão acima pode ser colocada da seguinte forma: ∫ ⋅⋅⋅ ⋅ =τ |A z dAy dx dM Ib 1 A integral acima é, por definição, o momento estático da área |A em relação ao eixo z. A derivada do momento fletor em relação à coordenada x fornece a força cortante, então: τ = ⋅ ⋅ V Q b I z z (6.4) Uma vez que as tensões cisalhantes são iguais nos planos perpendiculares entre si (Teorema de Cauchy), a seção transversal também está solicitada por τ (Figura 6.9). Estas tensões τ produzem a deformação distorção (γ) fazendo com que as seções transversais inicialmente planas não permaneçam planas depois de aplicado o carregamento.dx b Figura 6.9 Entretanto, em alguns casos, a força cortante desempenha um papel secundário. Sejam, por exemplo, as duas vigas da Figura 6.10. As duas vigas têm a mesma altura h e estão solicitadas pela mesma força cortante (P). Na viga da Fig. 6.10(a), onde L >> h, o momento fletor é predominante, desta forma as seções planas permanecem praticamente planas depois de aplicado o carregamento. 38 (a) (b) Figura 6.10 Ensaios em laboratórios mostram que as expressões (6.3) e (6.4) podem ser usadas nas estruturas em que: L h ≥ 5 Nas estruturas em que a relação acima é verificada são chamadas vigas. OBS.: No cisalhamento puro (Fig. 6.10(b)), conforme já visto, a tensão de cisalhamento é dada por: τ = F/A. Na flexão simples (M+V) a tensão cisalhante é dada pela equação (6.4). 6.4 – Distribuição das tensões de cisalhamento A força cortante V, o momento de inércia I z e a largura b, no caso geral variam segundo a coordenada x. Sendo assim, em uma seção transversal qualquer a tensão de cisalhamento varia apenas em função do momento estático. 6.4.1- Seção transversal retangular Figura 6.11 O momento estático da área hachurada é dado por: Q A y= ⋅| _ Onde: ( ) y 2 y2hy _ + − = Ou: ( ) ( )4 h2 yy_ += A área A | é dada por: 39 by2 hA| ⋅ −= Então: Q h y b y h= − ⋅ ⋅ + 2 2 4 Resultando em: Q b h y= ⋅ − 2 4 2 2 Portanto, a tensão cisalhante varia segundo uma equação do segundo grau. Nos pontos com coordenadas y = h/2 e y = −h/2 a tensão cisalhante é nula. O valor máximo da tensão cisalhante é obtido nos pontos com coordenada y = 0, isto é, a tensão cisalhante é máxima na linha neutra e seu valor é calculado da seguinte forma: A2 V3 4 h 2 b 12 bhb V0 4 h 2 b bI V máx 2 3 2 2 z máx =τ→ ⋅ ⋅ = −⋅=τ Figura 6.12 – Gráfico referente à distribuição das tensões σ e τ 6.4.2 – Seção transversal em forma de "I"e"T" c τmáx τ σ c τ τmáx σ Figura 6.13 – Gráfico referente à distribuição das tensões σ e τ 6.5 - Deformações 6.5.1 - Momento Fletor 40 Figura - 6.14 - Deformação referente ao momento fletor dxL L δ =ε→ ∆ =ε Lei de Hooke: ε=σ .E , onde: I y.M =σ Então: dx ydE I M.y dx E I y.M θ =→ δ = de onde: I dx.Md Ε =θ 6.5.2 - Força cortante Figura 6.15 - Deformação referente a força cortante Lei de Hooke no cisalhamento: τ = G . γ , onde τ na flexão simples (M + V) é dado por: Ib Q.V =τ A tensão cisalhante τ pode ser colocada na forma: A Vf=τ , onde f , chamado fator de forma, resulta da distribuição não uniforme das tensões de cisalhamento e seu valor depende da forma da seção transversal. Então: dx GA Vfdhdx G dh =→τ= 41 6.6 – Módulo elástico de resistência à flexão ( W ) Em uma viga solicitada por momento fletor a maior tensão normal é dada por: d I M I dM máxmáx máx = ⋅ =σ onde I é o momento de inércia da seção transversal e d é a distância da linha neutra até um ponto localizado na superfície da viga. Por definição: d IW = Então: W Mmáx máx =σ Se a seção transversal não tiver eixo de simetria horizontal é evidente que: is WW ≠ . Dimensão do módulo elástico de resistência à flexão ( W ): [ ]3L Para vigas com seção transversal retangular, tem-se: 2 h 12 bh WW 3 is == → 6 bhWW 2 is == Para vigas com seção transversal circular, tem-se: 2 D 64 D WW 4 is pi == → 32 DWW 3 is pi == Para uma viga com seção transversal em forma de “ T ”, com as dimensões mostradas na figura abaixo, o momento de inércia em relação ao eixo z é igual a 6,15 x 10 − 3 m4. Então: 217,0 10x15,6W 3 s − = 32 s m10x83,2W − =→ 383,0 10x15,6W 3 i − = 32 i m10x61,1W −=→ 42 6.7 – Flexão oblíqua (flexão assimétrica) Na flexão oblíqua a linha neutra não é perpendicular (portanto, é oblíqua) ao plano que contém o carregamento e o centróide. Nos estudos precedentes demonstrou-se a expressão da tensão normal (σ) produzida por momento fletor atuando em vigas que possuem, pelo menos, um plano de simetria. Impôs- se também que o carregamento atuava no plano de simetria. Considerem-se, agora, vigas nas quais os carregamentos que provocam flexão atuam em planos que não são planos de simetria e vigas que não possuem planos de simetria (vigas assimétricas). Para analisar estas situações impõe-se que a linha neutra coincida com o vetor momento e determina-se em quais situações isto é possível. ∫ =σ→=σ A zxzx MdA.y.dMy.dA. onde: z z x I y.M =σ ∫ =σ→=σ A xyx 0dA.z.dMz.dA. ∫ ∫ ∫ =→=→=A A Az z z z 0yzdA0yzdA I M0dA.z I y.M (1) A integral (1) é, por definição, o produto de inércia (ΙZY) da área A em relação aos eixos Y e Z, e será igual a zero se estes eixos forem os eixos principais de inércia. Portanto, a linha neutra vai coincidir com o vetor momento se, e somente se, o vetor momento for dirigido segundo um dos eixos principais de inércia da área. Se os eixos y e z são eixos principais de inércia, tem-se a expressão para calcular a tensão normal nas estruturas solicitadas por Mz e My: =σx z z I y.M y y I z.M + 43 6.8 – Flexão de vigas constituídas de dois materiais Impondo-se que os dois materiais estão unidos as seções transversais, inicialmente planas, permanecerão planas depois de aplicado o carregamento. Para esta demonstração supõe-se que: Ε2 > Ε1. Uma vez que seções planas permanecem planas o diagrama de deformação é linear, como mostra o diagrama das deformações. O gráfico das tensões tem a variação brusca na interface entre os dois materiais (ponto d) porque, para se ter a mesma deformação neste ponto, a tensão normal no material 2 é maior do que a tensão normal no material 1 (lembrando que Ε2 > Ε1). Usando-se a lei de Hooke pode-se determinar as tensões nos pontos a, d e f: a1a . εΕ=σ d1 1 d . εΕ=σ d2 2 d .εΕ=σ f2f . εΕ=σ A Equação (6.1) pode ser usada para vigas feitas de dois materiais: r yE1 1 =σ e r yE 2 2 =σ Onde r é o raio de curvatura da superfície neutra. No estudo da flexão pura foi imposta a condição que: 0dA. A =σ∫ . Para vigas constituídas por dois materiais a condição a ser imposta é que: +σ∫ 1A 1 dA. 0dA.2A 2 =σ∫ Colocando-se as expressão de σ1 e σ2, tem-se: + Ε ∫ 1A 1 dA. r y 0dA. r y 2A 2 = Ε ∫ 44 Uma vez que os módulos de elasticidades e o raio de curvatura não variam na área, pode-se fazer: + Ε ∫ 1A 1 dA.y r 0dA.y r 2A 2 = Ε ∫ (a) Ou simplificando-se a raio de curvatura r e dividindo-se por Ε1: +∫ 1A dA.y 0dA.y2A 1 2 = Ε Ε ∫ Chamando de 1 2n Ε Ε = , tem-se: +∫ 1A dA.y 0dA.yn 2A =∫ Então, cada elemento de área dA da área A2 é multiplicado por n conservando-se a distância y destes elementos. A seção homogeneizada acima é constituída apenas pelomaterial da área 1, com módulo de elasticidade Ε1 (método da seção equivalente). A seção homogeneizada pode ter como referência o material 2. Neste caso, a expressão (a) deve ser dividida pelo módulo de elasticidade do material 2 (Ε2): + Ε ∫ 1A 2 1 dA.y E 0dA.y 2A =∫ → +∫ 1A dA.yn 1 0dA.y 2A =∫ Os elementos de área dA da área A1 são divididos por n conservando-se a distância y destes elementos. Então, a base b do material 1 deve ser dividida por n , como mostra a figura abaixo. 45 6.9 – Flexão de vigas de concreto armado Nas vigas de concreto armado despreza-se a resistência à tração do concreto. Assim sendo, na seção homogeneizada aparece apenas a parte de concreto acima da linha neutra (quando a viga está solicitada por momento fletor positivo). Por definição: c s E E n = onde: sE é o módulo de elasticidade do aço e cE é o módulo de elasticidade do concreto. • Cálculo da posição da linha neutra (colocando-se o sistema de referência na face superior): dnA 2 ybynAyb nAyb dnA 2 yyb y s 2__ __ s 2__ s _ s _ _ _ +=+→ + + = de onde se tem a equação do segundo grau que fornece a posição da linha neutra: 0dnAynA 2 yb s __ s 2__ =−+ A raiz positiva da equação acima é dada por: −+= 1 nA bd21 b nAy s s _ • Cálculo do momento de inércia em relação à linha neutra: 2 __ sB 4 2 __ __ 3__ )yd(nAnn 64 D 2 yyb 12 ybI −+pi+ += O termo nn 64 D B 4pi , onde Bn é o número de barras de aço, pode ser desprezado por ser muito menor que os outros dois termos. Então, o momento de inércia em relação à linha neutra é dado por: 2 __ s 3__ )yd(nA 12 yb4I −+= 46 7 – Solicitações compostas 7.1 – Introdução: Nos estudos precedentes foram obtidas as expressões das tensões (σ e τ) provocadas pelos quatro esforços internos :MeT,V,N Força normal ( N ): A N =σ Força cortante ( V ): A V =τ (cisalhamento puro) ou bI VQ =τ (flexão simples: M + V) Momento de torção ( T ): J Tr =τ onde ( )4i4e DD32J − pi = (Observação: fórmula válida para barras que têm seção transversal circular) Momento fletor ( M ) : I yM =σ • Flexão pura: quando uma estrutura fica solicitada somente por momento fletor (M) • Flexão simples: quando uma estrutura fica solicitada por M + V • Flexão composta: quando uma estrutura fica solicitada por momento fletor + força normal ou momento fletor + momento de torção Flexo-tração: momento fletor + força normal de tração Flexo-compressão: momento fletor + força normal de compressão Flexo-torção: momento fletor + torção A flexão composta pode ser normal ou oblíqua: • Flexão composta normal: quando a linha neutra é perpendicular ao plano que contém o carregamento e o centróide. A flexão composta normal ocorre quando o carregamento atua em um dos eixos principais de inércia. • Flexão composta oblíqua: quando a linha neutra é oblíqua ao plano que contém o carregamento e o centróide. A flexão composta oblíqua ocorre quando o carregamento atua em um eixo que não é eixo principal de inércia. • Equação geral da flexão composta para vigas solicitadas por momento fletor e força normal: +=σ A N x z z I y.M y y I z.M + 47 7.2 – Núcleo central Núcleo central é a região de uma seção transversal onde ao aplicar-se uma força normal de compressão (tração) a seção transversal ficará solicitada apenas por tensão normal de compressão (tração). • Núcleo central de uma seção transversal retangular Seja um pilar solicitado por uma força de compressão P com excentricidade d em relação ao eixo y e excentricidade a em relação ao eixo z. A tensão normal é dada por: −−=σ A P 12 bh y.aP 3 12 hb z.dP 3− Para determinar o núcleo central impõe-se que não existe tensão normal de tração, então a linha neutra tangencia a seção transversal no ponto de coordenadas y = − h/2 e z = − b/2: −−= bh P0 12 bh )2/h.(aP 3 − 12 hb )2/b.(dP 3 − − ou: =1 h a.6 b d.6 + 48 • Núcleo central de uma seção transversal circular Seja uma área com seção transversal circular solicitada por uma força de compressão com excentricidade a em relação ao eixo z. A tensão normal é dada por: − pi −=σ 4 D P 2 64 D y.aP 4pi Impondo-se que a linha neutra tangencia a seção transversal no ponto de coordenada y = − D/2, tem-se: − pi −= 2D 4P0 4D 64)2/D.(aP pi − Ou: =a 8 D 49 8 - Deformações na flexão 8.1 - Linha elástica: Por definição, linha elástica é a curva na qual se transforma o eixo da viga depois de aplicado o carregamento. P x v vd d d’ o linha elástica Onde: dv : deflexão (flecha) do ponto d (componente vertical do deslocamento do ponto d). A deflexão é uma função da coordenada x. 8.2 - Métodos de cálculo: Método da integração direta Método da energia Métodos numéricos Outros. 8.3 - Hipóteses • Despreza-se a contribuição da força cortante no cálculo das deflexões; • As deflexões são pequenas quando comparadas com as dimensões da viga (base, altura e comprimento); • É válida a Lei de Hooke. 8.4 - Método da integração direta Em coordenadas cartesianas a expressão da curvatura de uma curva em um ponto Q(x, y) é dada por: 2 3 2 2 2 dx dy1 dx yd r 1 + = 50 A inclinação da tangente à linha elástica é muito menor que 1,0. Então, para uma curva no plano xOv, pode-se fazer: 2 2 dx )x(v d r 1 = Da flexão pura, tem-se o raio de curvatura da superfície neutra: )x(M EI r = → EI )x(M r 1 = Igualando-se as duas últimas expressões, tem-se: EI )x(M dx )x(vd 2 2 = Para ΕΙ constante e analisando-se o sinal da segunda derivada (considerando- se o sentido do eixo das deflexões ( v ) positivo para baixo), tem-se: )x(M)x(vIE || −= Condições de contorno (ou condições de extremidades): Nos apoios do 1o e do 2o gênero: 0v = Nos engastes: 0vv | == Observação: )x(V)x(vIE ||| −= )x(q)x(vIE VI = 8.5 – Consideração do esforço cortante no cálculo de deflexões 51 O deslizamento relativo dh, provocado pela força cortante, entre duas seções transversais distantes dx está demonstrado no item 6.5.2: dx GA )x(Vfdh = Somando-se todos os deslocamentos relativos dh tem-se a contribuição da força cortante ( Sv ) para a deflexão: ∫∫ =→= dxGA )x(Vf vdhv SS Exercício: Determine a deflexão no meio da viga considerando-se a contribuição do momento fletor e da força cortante. A viga tem seção transversal retangular ( f = 1,2) e ΕΙ = constante. A deflexão total (vT) é dada pela contribuição do momento fletor (vB) e pela contribuição da força cortante (vS) : sBT vvv += ∫= dhv S dx)qx2 qL( GA f v 2/L 0 S −=→ ∫ −=→ −= 8 L 4 L GA qf v 2 x x 2 L GA qf v 22 S 2/L 0 2 S de onde:8 L GA qf v 2 S ⋅= Considerando-se a contribuição do momento fletor e da força cortante a deflexão no meio da viga é dada por: GA8 Lqf EI384 Lq5 v 24 T += 52 8.6 – Vigas hiperestáticas: Método da superposição dos efeitos As três equações de equilíbrio da estática não são suficientes para calcularem- se as reações de apoio de vigas hiperestáticas, ou seja, são vigas estaticamente indeterminadas. Além das três equações de equilíbrio são necessárias outras equações que são obtidas impondo-se condições de deslocamentos da estrutura. Neste item, o método da superposição dos efeitos é empregado para calcularem-se as reações de vigas hiperestáticas. A deflexão de uma estrutura solicitada por várias cargas pode ser calculada somando-se a contribuição de cada carga como se atuasse separadamente. Esta constatação permite calcularem-se as reações de apoio de vigas hiperestáticas com o seguinte procedimento: 1. Retira-se um vínculo da estrutura deixando-a isostática; 2. Calcula-se o deslocamento (ou a rotação) que o vinculo retirando estava impedindo; 3. Coloca-se a ação (força ou momento) do vínculo retirado sobre a estrutura. Determina-se o deslocamento (ou a rotação) do ponto de aplicação desta ação como se fosse o único carregamento que atua na estrutura; 4. Impõe-se uma condição de deslocamento (geralmente, deslocamento nulo) obtendo-se a reação de apoio do vínculo retirado. As outras reações serão obtidas com as equações de equilíbrio da estática. 8.7 – Contra-flecha Durante a construção de uma viga recomenda-se provocar deslocamentos em sentido contrário aos deslocamentos que ocorrerão quando for aplicado o carregamento. Este procedimento é chamado de contra-flecha. 53 9 - FLAMBAGEM 9.1 - Introdução Barras esbeltas solicitadas à compressão rompem por flexão quando a força atinge um valor crítico (Pcr) . Barra esbelta: quando o comprimento longitudinal é muito maior que as dimensões da seção transversal. Para estudar-se o fenômeno da flambagem tem-se que usar a “teoria de 2a ordem”. Teoria de 1a ordem: para calcularem-se os esforços internos esta teoria permite confundir a forma inicial da estrutura com sua forma deslocada pelas cargas. Teoria de 2a ordem: tem-se que levar em consideração a posição deslocada da estrutura para calcularem-se os esforços internos. 9.2 – Carga crítica de barras bi-articuladas solicitadas por força axial (caso fundamental) v (x) v x P P L Então: )x(v.P)x(EIv || −= ou: 0)x(v.P)x(EIv || =+ Dividido-se a expressão acima por IE tem-se: 0)x(v EI P)x(v || =+ Chamando-se de EI P c2 = tem-se: 0)x(vc)x(v 2|| =+ → Equação diferencial de segunda ordem homogênea Solução: xe.)x(v βα= onde α é uma constante e ci=β ou: cx cos B cx sen A (x)v += E I v | | (x) = − M (x) M (x) = P . v(x) 54 A equação da linha elástica cx cos B cx sen A (x)v += tem que satisfazer as condições de extremidade: 1ª) para x = 0 → v (0) = 0 = A sen c.0 + B cos c.0; 0 = A.0 + B.1 → B = 0 2ª) para x = L → v (L) = 0 = A sen c.L; Se A = 0 → solução trivial → não existe elástica → não existe flambagem. Então: sen c.L = 0 A solução é: n = 1, 2, 3 ,4... Lembrando que: →= EI P c2 →= pi EI P L n 2 22 2 22 L IEnP pi= A figura abaixo mostra os três primeiros modos de flambagem, que podem ser verificados colocando-se n = 1, 2 e 3 na expressão de v(x): x L n senA cx sen A v(x) pi== cL = npi n = {...,-4,-3,-2,-1,0, 1, 2, 3 ,4,...} 55 Utilizamos o menor valor de P, isto é, n = 1: 2 2 cr L IEP pi= crP → é conhecido como carga crítica de Euler. A flambagem é um problema de equilíbrio. Formas de equilíbrio: estável, instável, indiferente. 9.3 – Tensão crítica (σcr) AL EI A P 2 2 cr pi = AL EI 2 2 cr pi =σ Por definição, o raio de giração i é dado por: AIi2 = [i = m, cm, mm] Então: 2 22 cr L Eipi =σ Chamando de: i L =λ , onde λ é conhecido como índice de esbeltez e é adimensional, tem-se: 2 2 cr E λ pi =σ Obs.: No cálculo do raio de giração usa-se o menor momento de inércia. Se ocorrer flambagem, ela acontecerá na direção perpendicular ao eixo de menor momento de inércia (condição mais desfavorável): AIi minmin = 9.4 – Fórmula de Euler para outros casos de vinculação A fórmula de Euler torna-se geral se considerarmos o comprimento de flambagem LKL fl = : 2 fl min 2 rc L EIP pi= e 2 2 rc E λ pi =σ onde min fl i L =λ 56 K = 1,0 L K = 2,0 K = 0,7 K = 0,5 9.5 – Validade da fórmula de Euler O maior valor que a tensão crítica pode assumir é a tensão de proporcionalidade: pcr σ≤σ Por exemplo: Aço CA - 25 com pσ = 210 x 106 N/m2 e AçoΕ = 200 x 109 N/m2 2 2 cr E λ pi =σ → 2 92 6 10.200.10.210 λ pi = → 6 92 10.210 10.200.pi =λ 95,96=λ→ 57 ANEXO ΙΙΙΙ – Propriedades de áreas planas ΙΙΙΙ.1 – Momento estático (Q): Seja a área A situada no plano YOZ. Sendo y e z as coordenadas de um elemento de área dA, o momento estático da área A, por definição, é dado por: • Dimensão de Q: [ L ] 3 • O momento estático de uma área, dependendo da posição do sistema de referência, pode ser positivo, negativo ou nulo. ΙΙΙΙ.2 – Centróide: Por definição as coordenadas do centróide ( __ y;z ) de uma área são dadas por: • Observação: o momento estático de uma área finita em relação a um eixo que passa pelo centróide é nulo. ΙΙΙΙ.3 – Momento de inércia (ΙΙΙΙ): Por definição: 58 • O momento de inércia de uma área é sempre positivo. Dimensão de Ι : [ L ]4 Teorema dos eixos paralelos (ou teorema de Steiner): O momento de inércia de uma área em relação a um eixo de seu plano é igual ao momento de inércia em relação a um eixo paralelo que passa pelo seu centróide acrescido ao produto da área pelo quadrado da distância entre os dois eixos. ΙΙΙΙ.4 – Produto de inércia (ΙΙΙΙZY): Por definição: O produto de inércia de uma área em relação a um par de eixos ortogonais é nulo quando um dos eixos é um eixo de simetria. 59 • Teorema dos eixos paralelos para produtos de inércia ΙΙΙΙ.5 – Rotação de eixos ∫= A 2 Z dAyI ∫= A 2 Y dAzI ∫= AZY ydAzI Por analogia: ∫= A 2| Z dAyI | ⇒ ∫ θ+θ= A 2 Z dA )ycoszsen (I | θθ+θ+θ= cossenI2senIcosII ZY2Y2ZZ| (1) ∫= A || YZ dAyzI || ⇒ ∫ θ+θθ−θ= AYZ dA )ycoszsen )(senycosz(I || )sen(cosIcossen)II(I 22ZYZYYZ || θ−θ+θθ−= (2) 60 ΙΙΙΙ.6 – Circunferência de Mohr para momentos de inércia e produtos de inércia As equações (1) e (2) formam uma equação paramétrica da circunferência, ou seja, o lugar geométrico dos pares )I;I( ||| YZZ forma uma circunferência. Para demonstrar esta propriedade deve-se eliminar o parâmetro θ das equações (1) e (2). Da trigonometria têm-se as seguintes relações:θ=θθ 2sencossen2 )2cos1( 2 1 cos2 θ+=θ )2cos1( 2 1 sen 2 θ−=θ Substituindo-se as relações trigonométricas acima nas equações (1) e (2), elevando ao quadrado e somando-as, tem-se a seguinte equação de uma circunferência: ( ) 2ZY 2 ZY2 YZ 2 YZ Z I2 III 2 III ||| + − =+ + − Sem perder a generalidade, para esta demonstração, supõe-se que ZY II > . Circunferência de Mohr para momentos e produtos de inércia Ι1 e Ι2 são chamados momentos de inércia principais. Ι1 é o maior momento de inércia e Ι2 o menor. 2 ZY 2 ZYYZ 1 I2 II 2 III + − + + = 2 ZY 2 ZYYZ 2 I2 II 2 III + − − + = θ1 e θ2 são chamados direções principais, são marcados a partir do eixo OZ e positivo quando o giro é realizado no sentido anti-horário. θ1 é a direção do plano onde encontra-se o maior momento de inércia (Ι1) e θ2 é a direção do plano onde encontra-se o menor momento de inércia (Ι2). Y1 ZY 1 II I tg − =θ − −=θ 2Y ZY 2 II I tg • 0 21 90=θ+θ • Da circunferência de Mohr conclui-se que nas direções principais o produto de inércia ΙZY = 0. 61 Resumo das equações de M(x) e V(x) dos carregamentos mais usados na Engenharia Carregamento )x(M )x(V M− 0 xP− P− 2 xq 2 − xq− L6 xq 3 − L2 xq 2 − L6 xq 2 xq 32 +− L2 xq xq 2 +− BIBLIOGRAFIA BEER, F. P. & JOHNSTON JR, E. R. Resistência dos Materiais – McGraw-Hill.1982. HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais 7a ed. – Prentice Hall. 2009. PFEIL, W. & PFEIL M. Estruturas de Aço – Dimensionamento Prático – LTC Editora. 1995. POPOV, E. P. Resistência dos Materiais – Prentice Hall. 1984. SÜSSEKIND, J. C. Curso de Análise Estrutural – v. 1. Editora Globo. 1973. TIMOSHENKO, S. P. & GERE, J. E. Mecânica dos Sólidos – LTC Editora. 1982.
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