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Anais do 4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

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Uberlândia 
UFU 
2015 
4º ENCONTRO DE PESQUISA SOBRE DIREITO E RELIGIÃO 
 
07 e 08 de Novembro de 2016 em Uberlândia, Minas Gerais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O RESPEITO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA EM 
SOCIEDADES RELIGIOSAMENTE PLURAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uberlândia 
UFU 
2015 
4º ENCONTRO DE PESQUISA SOBRE DIREITO E RELIGIÃO 
 
07 e 08 de Novembro de 2016 em Uberlândia, Minas Gerais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O RESPEITO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA EM 
SOCIEDADES RELIGIOSAMENTE PLURAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANAIS 
 
 
 
 
Coordenador Geral 
Rodrigo Vitorino Souza Alves
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
Realização: 
Centro Brasileiro de Estudos em Direito e Religião – CEDIRE 
Faculdade de Direito – UFU 
 
Apoio: 
Consorcio Latinoamericano de Libertad Religiosa – CLLR 
Fundação de Apoio Universitário – FAU 
Fundação para o Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG 
Ordem dos Advogados do Brasil Seção Minas Gerais – OAB-MG 13ª Subseção 
Escola da Advocacia Geral da União no Rio de Janeiro – EAGU-RJ 
 
Coordenação Geral: 
Rodrigo Vitorino Souza Alves 
 
Comissão Organizadora: 
Betênia B. Figueira 
Débora de Oliveira Coco 
Eduarda Gabriela Alves 
Euler Clement Garcia 
Gessyca Romilda Marques da Rocha 
Leucimar Nunes Júnior 
 
Luiza Beatriz Lopes Dantas e Sousa 
Maria Izaura S. Souza 
Mariana Ceolim Borges Polastine 
Paula Lopes da Silva 
Renata Rodrigues Maia 
 
 
Comissão Científica da Série Encontros de Pesquisa sobre Direito e Religião do CEDIRE: 
 
- Alexandre Walmott Borges - Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia 
 
- Aloisio Cristovam dos Santos Junior - Professor, Juiz Titular de Vara do Trabalho (TRT da 5ª Região) 
 
- Davide Argiolas - Investigador do CEDIS - Centro de Investigação e Desenvolvimento sobre Direito e Sociedade 
da Universidade Nova de Lisboa 
 
- Fábio Carvalho Leite - Professor do Departamento de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro 
 
- Filipe Almeida do Prado Mendonça - Professor do Curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de 
Uberlândia 
 
- Jayme Weingartner Neto - Professor vinculado ao Projeto de Mestrado em Direito e Sociedade do Unilasalle, 
Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul 
 
- José Magalhães de Campos Ambrósio - Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia 
 
- Rodrigo Vitorino Souza Alves – Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia 
 
- Thiago Alves Pinto – St. Peter’s College, University of Oxford e Secretário da Oxford Society for Law and Religion 
 
Dados do CEDIRE: 
 
Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Direito “Prof. Jacy de Assis” 
Centro Brasileiro de Estudos em Direito e Religião 
Endereço: Av. João Naves de Ávila, 2121, Bloco 3D, Sala 307 
CEP 38400-100 Uberlândia-Minas Gerais - Telefone: (34)3239-4227 
Home page: http://www.ufu.br; http://www.fadir.ufu.br; http://www.direitoereligiao.org 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os textos apresentados são de inteira responsabilidade de seus autores 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 
 
 
E56a Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião (4. : 2015 : Uberlândia, MG) 
Anais / IV Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião, 07 e 08 de 
Novembro de 2016, em Uberlândia, Minas Gerais ; coordenação geral: 
Rodrigo Vitorino Souza Alves. - Uberlândia : UFU, 2016. 
 
Tema: “O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades 
religiosamente plurais”. Inclui bibliografia. 
 
 
1. Direito - Congressos. 2. Religião e direito - Congressos. 
I. Alves, Rodrigo Vitorino Souza. II. Encontro de pesquisa sobre direito e 
religião (4 : 2016 : Uberlândia, MG). III. Universidade Federal de 
Uberlândia, Faculdade de Direito Prof. Jacy de Assis. VI. Título. 
 
 
 
 
CDU: 
340 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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APRESENTAÇÃO 
 
 
O 4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião foi realizado nos dias 07 e 08 de 
novembro de 2016 pelo Centro Brasileiro de Estudos em Direito e Religião – CEDIRE 
(anteriormente designado “Grupo de Pesquisa Direito e Religião”), vinculado à Faculdade de 
Direito da Universidade Federal de Uberlândia e cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa 
do Brasil do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – DGP/CNPq. 
 
O Encontro, de natureza internacional, foi organizado em cooperação com Consorcio 
Latinoamericano de Libertad Religiosa – CLLR, e recebeu o importante apoio da Fundação de 
Apoio Universitário da Universidade Federal de Uberlândia – FAU/UFU, da Fundação para o 
Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG, da 13ª Subseção da Ordem dos Advogados do 
Brasil em Minas Gerais e da Escola da Advocacia Geral da União no Rio de Janeiro – EAGU-RJ. 
 
A série de encontros tem como objetivos: Contribuir para o aprofundamento da pesquisa 
nas diversas formas e perspectivas sobre a relação entre Direito e Religião; Fomentar uma cultura 
de paz, em que sejam assegurados os direitos humanos e fundamentais, especialmente para a 
promoção do respeito à diversidade; Facilitar a capacitação para o enfrentamento de questões 
relacionadas ao exercício de práticas religiosas em espaços públicos; Promover a interação entre 
pesquisadores com diferentes bagagens teóricas para melhor compreensão do pluralismo religioso, 
da secularidade do Estado e da tolerância. 
 
Em sua quarta edição, o Encontro teve como tema “O respeito à dignidade da pessoa 
humana em sociedades religiosamente plurais”, e contou com a presença de dezenas de 
estudantes, pesquisadores, professores e outros profissionais, brasileiros e estrangeiros. 
 
 
 
Rodrigo Vitorino Souza Alves 
Professor Adjunto da Faculdade de Direito da UFU 
Líder do Centro Brasileiro de Estudos em Direito e Religião (UFU/CNPq) 
Membro do International Consortium on Law and Religion Studies, Law and 
Religion Scholars Network e Consorcio Latinoamericano de Libertad Religiosa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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SESSÃO 01 - 07/11/2016 
 
08h00 - 09h00 :: Credenciamento e Inscrições 
Local: Hall de Entrada do Auditório do Bloco 5S - UFU 
 
09h00 - 11h30 :: Sessão Plenária 
Local: Auditório do Bloco 5S - UFU 
 
Mesa de Abertura: 
- Gláucia Carvalho Gomes, Diretora de Extensão da UFU 
- Alexandre Walmott Borges, Diretor de Pós-Graduação da UFU 
- Fábio Ferreira Nascimento, Comitê de Diversidade Religiosa da Secretaria de Direitos Humanos 
da Presidência da República 
 
Considerações iniciais e Presidência da Mesa: 
- Rodrigo Vitorino Souza Alves, Professor da FADIR/UFU e Líder do CEDIRE 
 
Palestrante: 
- Alexandre Brasil Carvalho da Fonseca: "Intolerância e violência religiosa no Brasil: desafios 
para a promoção da dignidade humana em uma sociedade religiosamente plural" 
 
Debatedores: 
- Alexandre Walmott Borges 
- Gláucia Carvalho Gomes 
- Fábio Ferreira do Nascimento4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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SESSÃO 02 - 07/11/2016 
 
 
14h00 - 18h00 :: Sessão Paralela 1 
 
COLÓQUIO "Dignidade da Pessoa Humana, Direitos Humanos e Religião" 
Presidente da mesa: Rodrigo Vitorino Souza Alves 
Local: Auditório 5S 
 
A ATUAÇÃO DOS GRUPOS RELIGIOSOS NO CONGRESSO NACIONAL NOS 
DEBATES SOBRE A GARANTIA DO DIREITO À VIDA DESDE A CONCEPÇÃO 
Rulian Emmerick 
 
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO MUNDO: UMA AMEAÇA CRESCENTE 
Fábio Ferreira Nascimento 
 
VIOLÊNCIA - O PAPEL DA RELIGIÃO NA PACIFICAÇÃO DA SOCIEDADE 
Leonardo Vizeu Figueiredo 
 
DIREITOS FUNDAMENTAIS E CONTRATOS DE TRABALHO EM ORGANIZAÇÕES 
DE TENDÊNCIA 
Odacyr Prigol 
 
ADVOCACIA E A PROTEÇÃO DA LIBERDADE RELIGIOSA 
Denison Parreira 
 
 
Demais trabalhos nas páginas seguintes (acompanhados de resumo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO BRASIL E SUAS INTERFACES RACIAIS 
Ivanir dos Santos 
 
Historicamente, a intolerância religiosa, assim como o racismo, não é um fenômeno social que 
acontece exclusivamente no Brasil. Tanto uma como o outro, são produtos construídos dentro das 
tramas das formações das classes sociais mundo a fora, desconectadas dos conceitos de liberdade 
e alteridade. Um olhar mais atento sobre as formações religiosas brasileiras em meio as suas 
múltiplas tramas sincréticas da sua gênese da formação social – entre as religiões ameríndias, 
africanas e luso católicas – alicerçadas pelas análises de Frantz Fanon (2008), nos faz refletir que, 
a respeito sobre o que tange as questões sociais e as suposta ideologia da igualdade das raças - 
construída no Ocidente em oposição ao Oriente e principalmente em relação ao continente 
africano - importada para o continente Americano, e muito mais vorazes principalmente no 
Brasil, favorecendo a criação de suporte solido para que o racismo se mostrar-se de um jeito mais 
“velada”, principalmente nos ambientes religiosos. E, ser insensível à existência do racismo nas 
sociedades multirraciais americanas, como no Brasil, onde as relações sociais, econômica e 
religiosa, são marcadas principalmente pela assimetria entre os díspares grupos étnicos, significa 
fortificar um suporte para quem detém a hegemonia política e econômica dentro das sociedades 
brasileiras. De tal modo, a violência física, social e moral sobre as religiões recai, principalmente, 
sobre os grupos religiosos marginalizadas e sem ‘vozes’ politicamente e nas representativa nas 
instâncias do/de poder, seja elas as religiões importadas, durante os intensos movimentos de 
imigração para as Américas, mais especificamente o Brasil, ou as religiões que aqui nasceram, se 
forjaram e recombinaram durante os intensos históricos do país. O Brasil de todos os santos, de 
todos os credos e de todas as religiões, alicerçados sobre a intolerância e sobre o racismo elegeu, 
e ainda elege, a os preteridos e os exaltados dentro das franjas dos estados. Portanto, O objetivo 
deste trabalho é fazer uma pequena analise sobre as conexões sociais entre a intolerância religiosa 
e o racimo, ambos em solo brasileiro, tendo como fontes os casos de intolerância religiosas 
elencados no Relatório sobre Intolerância Religiosa 2015. Esperamos, com esse trabalho, poder 
contribuir para as acaloradas discussões políticas acadêmicas em torno do tema. 
 
Palavras-chave: Intolerância; Racismo; Religiões de Matriz Africana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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O ENSINO RELIGIOSO COMO INSTRUMENTO DE COMBATE À DESIGUALDADE 
E À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO AMBIENTE ESCOLAR: PERSPECTIVAS A 
PARTIR DO JULGAMENTO DA ADI 4439 
Sérgio Augusto Lima Marinho 
 
O presente trabalho tem por objetivo geral analisar a constitucionalidade do direito fundamental 
ao ensino religioso praticado nas escolas públicas e de que forma tal ensino pode ser útil ao 
combate à desigualdade e ao preconceito religioso. A pesquisa encontra-se pautada em consulta 
bibliográfica sendo, portanto, uma pesquisa dogmática vez que se analisa a 
(in)constitucionalidade do ensino religioso confessional nas escolas públicas em vista de outros 
direitos e bens jusfundamentais, sendo realizada com o auxílio do método dedutivo. Para tanto, 
encontra-se em três partes cada uma correspondente aos objetivos específicos. Primeiramente, 
aborda-se o direito ao ensino religioso enquanto direito fundamental tanto em uma perspectiva 
formal como e uma perspectiva material; em seguida apresenta-se a neutralidade religiosa como 
exigência do Estado Democrático, visto que está é fundamental à garantia da liberdade religiosa 
e dos direitos fundamentais, incluídos os das minorias; e, por fim, analisa-se o ensino religioso 
confessional e os argumentos aduzidos pela Procuradoria Geral da República pelos quais Suprema 
Corte deve declará-lo incompatível com a Constituição, verificando-se como o ensino religioso 
praticado de forma não-confessional tende a contribuir para o combate à desigualdade e 
intolerância religiosa. A conclusão mostra que o ensino religioso confessional é de 
constitucionalidade duvidosa, sobremaneira em virtude da possibilidade de ofensa aos direitos 
fundamentais dos discentes professantes de cultos minoritários, direitos estes que conforme o 
texto constitucional gozam de absoluta preferência (artigo 227). Assim, eventual declaração de 
inconstitucionalidade do ensino religioso confessional e imposição de uma forma não-
confessional de ensino religioso além de assegurar a liberdade religiosa dos estudantes 
professantes de credos minoritários, pode se revelar como um mecanismo eficaz de combate à 
desigualdade e à intolerância religiosa. 
 
Palavras-chave: Ensino religioso; laicidade; desigualdade e intolerância religiosa; ADI 4439. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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OS LIMITES SAGRADOS DA LIBERDADE: ANÁLISE SOBRE O DISCURSO DE ÓDIO 
CONTRARRELIGIOSO 
Priscilla Regina da Silva 
 
A Liberdade de Expressão é um direito essencial e amplamente reconhecido em uma sociedade 
democrática. Entretanto, o consenso sobre os limites da estimada liberdade está longe de ser 
alcançado, principalmente no que tange a ofensa religiosa, por envolver crenças e valores tidos 
como sagrados. A partir da constatação de que o estabelecimento de limites precisos para a ofensa 
religiosa é uma questão especialmente delicada em países de ampla pluralidade religiosa – como 
é o caso do Brasil –, ressalta-se a importância desta pesquisa. Com base em estudos doutrinários 
e análise jurisprudencial de Direito Comparado serão discutidas as opções mais eficazes para o 
combate ao ódio na sociedade atual, mas mantendo sempre o objetivo de preservar manifestações 
de opiniões plurais de uma democracia. 
 
Palavras-chave: Liberdade de Expressão, Hate Speech, discurso de ódio, ofensa religiosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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DEMOCRACIA E DESIGUALDADE SOCIAL: CONVERSAS SOBRE A 
REPRESENTAÇÃO JURÍDICA DAS COMUNIDADES DE TERRREIRO (notas, 
testemunhos e desafios) 
Melillo Dinis do Nascimento 
 
A participação das comunidades de terreiro nas lutas e nas políticas públicas para reduzir a 
desigualdade social no atual estágio da democracia brasileira passa por uma crise de identidade 
entre parte destas comunidades e os diversos atores sociais, especialmente o Estado e suas 
instituições. A hipótese do texto é que esta crise de identidade se baseia na desconfiança oriunda 
do duplo polo permanente que caracteriza esta tradição religiosa: pureza e sincretismo. 
 
Palavras-chave: religião; direito; democracia brasileira; comunidades de terreiro; confiança; 
pureza; sincretismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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13h30 - 14h30 :: Sessão Paralela 2 
 
GRUPO DE TRABALHO: Exposição de posters 
Coordenação: José Carlos Cunha Muniz Filho 
Local: 5S 103 
 
APRESENTAÇÃO DE POSTERS 
- O papel da alfabetização midiática e informacional no combate ao discurso de ódio (Douglas 
Eduardo Alves Pereira e Guilherme Costa Carrijo) 
- Objeção de consciência e direitos fundamentais (Ester Alliprandini Gomes e Samuel Guimarães 
Espíndola) 
- Limites da Liberdade de expressão (Letícia Preti Faccio e Marcela Nogueira Martins) 
- Charlie Hebdo: Liberdade de Expressão como instrumento de repressão cultural (Vinicius Olivo 
Pradela e Jordan Adão Coelho dos Santos) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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14h30 - 17h30 :: Sessão Paralela 3 
 
GRUPO DE TRABALHO "Temas diversos sobre Estado, Direito e Religião" 
Coordenação: José Carlos Cunha Muniz Filho 
Local: 5S 103 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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DISCURSO POLITICO COMO FORMA DE OFENSA E RACISMO REGLIOSO 
Itací Alves Marinho Júnior 
 
O objeto de estudo do presente artigo é voltado para as religiões de matriz africana, cujas quais, 
têm sua essência teológica e filosófica oriunda das religiões tradicionais africanas. As religiões 
de matriz africana se dividem em dois ramos: as religiões tradicionais africanas e as religiões afro-
americanas. É inegavel que as religiões de matriz africana são o principal alvo de intolerância 
religiosa no Brasil. Como exemplo disso, tem-se o candomblé como a mais celebrada e conhecida 
religião afro-brasileira, porém a mais descriminada, ofendida, e marginalizada, em virtude da sua 
cultura de origem africana. Diante de alguns dados divulgados pela Comissão de Combate à 
Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro (CCIR), pode-se perceber que mais de 70% de 1.014 
casos de ofensas, abusos e atos violentos registrados no Estado do Rio entre 2012 e 2015 são 
contra os religiosos de matrizes africanas. Desta forma, o obejtivo deste trabalho é identificar e 
analisar de forma especifica as propagandas eleitorais de determinados candidatos, que se 
apropiam de discursos racistas e ofensivos para inpusionar sua candidatura no periodo eleitoral. 
Esse tipo de conduta indecorosa preenchida de preconceito e revestida por uma falsa camada de 
discurso politico, passou a chamar atenção das autoridades, cuja promotora Mariana Bazzo, do 
Núcleo de Proteção Étnico-racial do Ministério Público, comentou que “Pelo princípio da 
laicidade, primeiro que não se utilize a propaganda eleitoral como forma de ofensa a religiões que 
não são muitas vezes respeitadas aqui no Brasil, sobre maneira as de matriz africana”. Ou seja, 
Não se pode tolerar que a propaganda eleitoral se utilize de racismo religioso. Além disso, o 
próprio Ministério Público ressalta que ás práticas consideradas como racismo religioso, pode 
resultar na cassação do registro e do diploma dos candidatos, principalmente ações penais por 
parte do próprio MP. Apesar desse reforço informativo do tipo de conduta que pode ser prática 
no processo eleitoral, é mais que sensato dizer que tal conduta já é tipificada pelo Código Eleitoral, 
afirmando que: “Art. 243. Não será tolerada propaganda: I - de guerra, de processos violentos 
para subverter o regime, a ordem política e social ou de preconceitos de raça ou de classe”. 
Sobretudo no § 1º do art. 243, onde “O ofendido por calúnia, difamação ou injúria, sem prejuízo 
e independentemente da ação penal competente, poderá demandar, no Juízo Civil a reparação do 
dano moral respondendo por este o ofensor e, solidariamente, o partido político deste, quando 
responsável por ação ou omissão a quem que favorecido pelo crime, haja de qualquer modo 
contribuído para ele”. Por fim, em face do exposto, tem-se como hipótese provisória de que tal 
sanção prevista em lei, não contribuiu para diminuição das propagandas eleitorais racistas e 
ofensivas no âmbito religioso. 
 
Palavras-Chave: Racismo - Religião - Propaganda - Eleitoral – Laicidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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ESTUDO DO CASO LAUTSI E OUTROS v. ITÁLIA 
Alice Alves 
 
O presente caso discute a questão do crucifixo nas salas de aula das escolas públicas da Itália. 
Soile Lautsi requereu frente à corte em 27 de julho de 2006 que fosse declarado a inflição da 
Convenção Europeia de Direitos Humanos após a decisão do Estado italiano em manter os 
crucifixos nas salas de aula. Ela fez o pedido em seu nome e em nome de seus filhos, que na época 
eram menores de idade, mas confirmaram o interesse após se tornarem maiores. A Corte entendeu 
que a obrigação do Estado de respeitar as convicções dos pais não se aplicam apenas ao conteúdo 
do ensino mas em relação a todas as funções em relação à educação e ao ensino, incluindo o 
ambiente físico das instituições. Afirma que no contexto do artigo 2º do protocolo nº 1 este 
conceito implica que esta disposição não pode ser interpretada no sentido de que os pais podem 
exigir que o Estado para fornecer uma forma particular de ensino, mas como o seu objetivo é 
salvaguardar a possibilidade de pluralismo na educação, deve tomar cuidado para que a 
informação ou conhecimento incluídas no currículo seja transmitida de forma objetiva, crítica e 
pluralista. Por último, a Corte observa que Lautsi não tendo perdido o direito de esclarecer e 
aconselhar os seus filhos de sua própria convictionsIt filosófica Resulta do exposto que, ao decidir 
manter crucifixos nas salas de aula as autoridades agiram dentro dos limites da margem de 
apreciação deixada para o Estado no âmbito da sua obrigação de respeitar, em relação à educação 
e ensino, o direito dos pais a assegurar a educação de acordo com as suas próprias convicções 
religiosas e filosóficas. Decidiu que não houve violação do artigo 2º do protocolo nº 1 em relação 
ao primeiro requerente. 
 
Palavras-chave: Caso Lautsi; Crucifixo; SímbolosReligiosos; Corte Europeia; Direitos Humanos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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DIREITO, RELIGIÃO E DEMOCRACIA: A INFLUÊNCIA DA OBJEÇÃO DE 
CONSCIÊNCIA NOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
Ester Alliprandini Gomes 
Samuel Guimarães Espíndola 
 
Objeção de consciência, direito fundamental previsto pela Constituição Federal Brasileira de 1988 
trata-se do direito que o cidadão tem de se recusar a praticar atos que vão de encontro às suas 
convicções filosóficas, éticas, morais, religiosas e afins. A recusa, no entanto, não pode configurar 
a violação dos direitos de outro cidadão. Ademais, a base é a liberdade de demonstrar e manifestar 
o pensamento inclusive na liberdade de palavra e de culto. A pesquisa, ainda em estágio inicial, 
pretende por meio de casos concretos, análise de artigos, leis e jurisprudências, identificar a 
relação existente entre o Direito, a Religião e a Democracia, atendendo ao assunto do evento sobre 
a dignidade da pessoa humana nas sociedades plurais como o Brasil. Por meio de uma pesquisa 
indutiva, ou seja, partindo de fatos para uma conclusão geral, iniciando em uma introdução 
contextualizando o tema, abordando os vários cenários da objeção de consciência dando enfoque 
maior para a questão do aborto legal em oposição a objeção de consciência dos médicos, tema 
específico do projeto. O aborto legal é previsto no artigo 128 do Código Penal Brasileiro e na 
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental número 54 julgada em 2012 pelo 
Supremo Tribunal Federal, ou seja, em situação de estupro, casos de anencefalia fetal, ou quando 
a gravidez oferece risco de vida da mãe. Possuindo como objetivo a colaboração na discussão 
sobre as dúvidas concernentes à objeção de consciência em relação à profissão. Nesta perspectiva 
surge o debate sobre a questão de que neste aspecto qual a melhor medida adotar ou não a objeção 
de consciência, todavia é necessário salientar que independente da profissão escolhida uma pessoa 
não deixa de ter personalidade, convicções e crenças. Desse modo, percebe-se a tendência de os 
fatos serem discutidos e melhorados respeitando a identidade religiosa, moral ou filosófica de 
cada um. 
 
Palavras-chave: objeção de consciência, aborto, Direitos Fundamentais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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LIBERDADE RELIGIOSA: RECEPÇÃO DO ARTIGO 12 DO PACTO DE SAN JOSÉ DA 
COSTA RICA PELO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO (1969-1988) 
Diego Nunes 
Gabriella Coelho Santos 
 
Pretende-se aprofundar na história constitucional notadamente quanto à recepção do artigo 12 
(liberdade de consciência e de religião) do Pacto de San José da Costa Rica (Convenção 
Americana sobre Direitos Humanos) no ordenamento jurídico brasileiro. Buscar-se-á, também, 
investigar e problematizar as interações desta com a Assembleia Nacional Constituinte de 1987. 
Desse modo, com intuito de alcançar estes objetivos, faz-se necessário: (a) delinear o contexto 
histórico do surgimento desta Convenção celebrada em São José da Costa Rica, em 22 de 
novembro de 1969; (b) analisar a liberdade religiosa quanto dispositivo da Convenção Americana; 
(c) abordar o contexto histórico da Constituinte de 1987; (d) investigar os preceitos acerca da 
liberdade religiosa apontados pela Convenção nas Comissões Temáticas da Assembleia 
Constituinte de 1987; e, por fim, (e) verificar a interação e as compatibilidades da Convenção na 
formação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no que concerne ao tema 
de liberdade religiosa. Nota-se, ademais, que na Conferência Especializada Interamericana sobre 
Direitos Humanos, por meio dos delegados representantes dos Estados membros da Organização 
dos Estados Americanos (OEA), elaborou-se a Convenção Americana sobre Direitos Humanos. 
As discussões da Convenção rementem ao pós Segunda Guerra Mundial em 1948, no qual foi 
discutida a Declaração Americana dos Direitos e Deveres da Pessoa. A adesão do Brasil à 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, configura-se como fator fundamental para a 
projeção definitiva da imagem do país como nação respeitadora e garantidora dos direitos 
humanos no plano internacional (TRINDADE, 1985). Pressupõe-se que este seja um dos motivos 
pelos quais a Assembleia Constituinte de 1987 inseriu no texto constitucional princípios e 
garantias fundamentais. Desse modo, justifica-se a busca do tema de liberdade religiosa na 
confluência entre o Pacto e a Constituinte. Aponta-se, por fim, que esta pesquisa se desenvolve 
em perspectiva histórica e, sendo assim, utiliza-se da investigação e análise de fontes 
documentais. Destaca-se, o Decreto nº 678 de seis de novembro de 1992, o qual promulga a 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos e as atas das comissões temáticas da Assembleia 
Nacional Constituinte. 
 
Palavras-chave: Liberdade Religiosa, Pacto de San José da Costa Rica, Assembleia Nacional 
Constituinte de 1987. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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DO CONSTITUCIONALISMO IRLANDÊS AO CONCILIO VATICANO II: 
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E AS INFLUÊNCIAS CATÓLICAS NA TEORIA 
DOS DIREITOS HUMANOS 
Natalia Brigagão F. A. Carvalho 
 
Este trabalho objetiva analisar, comparativamente, dois momentos cruciais da política e doutrina 
católica que influenciaram os contornos da dignidade da pessoa humana como fundamento do 
constitucionalismo contemporâneo e do Direito Internacional dos Direitos Humanos no século 
XX. Primeiramente, objetiva-se abordar, a partir de revisão bibliográfica e documental, como a 
Constituição Irlandesa de 1934 interrelacionou-se com o desenvolvimento da dignidade como 
pedra angular dos direitos humanos e de que forma as suas tendências confessionais católicas 
influenciaram os movimentos que culminaram na redação da Declaração Universal de 1948. 
Aborda-se, neste sentido, à contraposição dos corporativistas ao movimento católico da sociedade 
civil e os resultados sócio-políticos desta dinâmica, a ascensão do neotomismo, as influências de 
personalidades como Éamon De Valera, Joseph Vialatoux e Jacques Maritain, as relações 
políticas entres Irlanda e Vaticano e a relevância da Divini Redemptoris de Pio XI na legislação 
irlandesa. Por fim, estabelece-se as semelhanças e distinções entre o incipiente emprego da 
dignidade da pessoa humana na Constituição Irlandesa e o desenvolvimento do princípio que é 
apontado como o próprio fundamento do Direito Internacional dos Direitos Humanos. Em um 
segundo momento, aborda-se um novo contexto, já na segunda metade do século, abordando os 
conceitos de liberdade religiosa e dignidade humana na Dignitatis Humanae, declaração sobre a 
liberdade religiosa aprovada pelo Concílio Vaticano II e promulgada pelo Papa Paulo VI no ano 
de 1965. Visualiza-se, com base na observação destes aspectos, que a instituição católica 
fortemente influencia e é influenciada pelo contexto em que se insere, fomentando com substrato 
ético e paradigmático o desenvolvimento dos Direitos Humanos – principalmente pela via do 
conceito de dignidade humana – ao passo em que extrai do universo jurídico e da ética secular 
contribuições a sua própria doutrina – como se observa, por exemplo, pelas nuances expansivasineditamente conferidas à questão das liberdades. Ao se pronunciar sobre a liberdade religiosa, a 
Igreja continua a submetê-la a noções de obediência e responsabilidade e a dispor destas noções 
de forma jusnatural – como derivação da justiça e da bondade. Contudo, amplia-se a valorização 
deste direito ao exigir que seja efetivado na máxima medida possível, de forma conferir ao poder 
civil e suas disposições normativas a legitimação para regular esta liberdade, em uma clara 
mitigação de seus posicionamentos tradicionais. Quanto ao conceito de dignidade – utilizado 
estrategicamente para a fundamentação da liberdade religiosa –, não se pode afirmar com incisão 
que este se expande ou relativiza: a Dignitatis Humanae não adota nenhuma definição expressa e 
precisa. Contudo, dois aspectos se evidenciam. O primeiro, a força e a centralidade de que dispõe 
a noção de dignidade a construção da ética cristã católica. O segundo, a clareza das influências 
seculares (sobretudo jurídicas) que orientam este paradigma, de forma que a instituição católica 
parece incorporar, ainda que não de forma explícita, perspectivas a que se opunha secularmente. 
 
Palavras-chave: dignidade da pessoa humana, constitucionalismo, direitos humanos, Concílio 
Vaticano II, Constituição Irlandesa de 1937. 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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O DIREITO À CRENÇA CRISTÃ ANALISADA NO POSSÍVEL RECONHECIMENTO 
DA EXISTÊNCIA DE UM RELACIONAMENTO AMOROSO DE JESUS CRISTO 
Gilberto Veloso da Cunha Júnior 
Mariana Lemos de Campos 
 
O Evangelho de Filipe, que constitui um dos livros apócrifos descobertos em Nag Hammadi, na 
região do Alto Egito no ano de 1945, traz referências a um suposto relacionamento amoroso de 
Jesus Cristo com Maria Madalena. O texto ora aludido, não foi recepcionado no Novo 
Testamento, além de não ter sua veracidade reconhecida pela Igreja Católica, por ter conteúdo 
visto como gnóstico. Nesse contexto, torna-se questionável o celibato de Cristo, defendido pelo 
Cristianismo e expandido aos seus sacerdotes e freiras do catolicismo atualmente. A grande 
celeuma que surge quanto a esse possível fato seria o comportamento da Igreja e fieis, respeitando 
em ambas as partes o direito pátrio e internacional de liberdade religiosa e crença presentes na 
Constituição Federal, na Declaração Universal de Direitos Humanos e no Pacto de São José da 
Costa Rica. O objetivo deste estudo é discutir se haveria mudança na fé dos Cristãos caso um dia 
fosse reconhecida a autenticidade do Evangelho de Filipe bem como a existência de um 
relacionamento amoroso entre Jesus e Maria Madalena, considerando o direito à liberdade de 
crença. Diante do exposto, conclui-se que o fato do reconhecimento de um relacionamento 
contraído por Jesus Cristo não abalaria a fé do Cristão. O matrimônio e a entidade familiar foram 
pregados por Cristo e são defendidos pelo Cristianismo. Justamente pela previsão do direito 
fundamental da liberdade à crença religiosa e aos seus cultos, os fieis manifestariam suas opiniões 
acerca dessa nova realidade apresentada. 
 
Palavras-chave: Apócrifos. Jesus Cristo. Maria Madalena. Celibato. Direito à crença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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A PRESERVAÇÃO DO DIREITO DE LIBERDADE RELIGIOSA E DE PENSAMENTO 
FRENTE A DECISÕES MAJORITÁRIAS 
André Nunes Buzzatto 
 
“Pretendemos o privilégio de adorar a Deus Todo-Poderoso de acordo com os ditames de nossa 
própria consciência; e concedemos a todos os homens o mesmo privilégio, deixando-os adorar 
como, onde, ou o que desejarem.”(Smith,1842, 1:11,Regras de Fé). A adoração a Deus é um 
exercício pessoal e intransferível sendo que é facultado a cada um escolher como irá adorar, a 
quem ou que adorará. Mas assim como poderá adorar ou não, a todas as outras pessoas também é 
garantido esse direito. O presente trabalho visa através de pesquisa teórica e analise de casos expor 
a importância da preservação dos direitos de liberdade religiosa para as minorias e também para 
grupos que sofrem algum tipo de perseguição. Ainda que seja necessário o uso de instrumentos 
contra majoritários para que a vontade de uma maioria não se torne um dispositivo legal que vise 
ofender ou usurpar o direito dessas minorias. Será realizada uma analise dos instrumentos de 
democracia direta e as formas de manifestação popular como possível ferramenta para oprimir as 
minorias religiosas ou grupos defensores de causas contrarias ao pensamento da maioria. A 
vontade da maioria mesmo expressa através do exercício de um instrumento de democracia direta 
e assim representando a vontade do povo pode ser levada a efetividade ofendendo o direito de 
parte da população? Pode ser considerado democrático um governo que se acovarda frente ao 
preconceito e a segregação? A chacota e o desrespeito pela maioria da população para com um 
determinado credo religioso representa um retrocesso democrático? Ao analisar algumas questões 
surgem hipóteses de pesquisa. Após a decisão popular, as normas não poderão ser levadas a 
efetividade. Se ofender aos direitos fundamentais ou Para perseguir uma minoria ou não qualquer 
decisão tomada pelo povo somente poderá ser excluída com o respaldo do povo(Mesmo que 
aparentemente seja ofensiva a uma minoria). Ainda pode-se analisar o exemplo do que ocorre 
com o candomblé que é perseguido através de chacota por grande parte da população sendo até 
mesmo identificado somente como macumba. Os objetivos do trabalho são de analisar os 
instrumentos de democracia direta, referendo e plebiscitos e verificar a possibilidade de uma 
decisão que ofenda a liberdade religiosa ser aprovada ou não. Questionar se o governo mesmo 
sendo laico deve intervir nas relações religiosas e se em alguns momentos pode utilizar de medidas 
contra majoritárias para a defesa de parte da população. Verificar a visão de alguns autores sobre 
a liberdade religiosa e o exercício do poder do governo. A justificativa para tal obra é Contribuir 
para um maior Esclarecimento a respeito das decisões derivadas de Plebiscitos ou referendos no 
contexto de um cenário de uma decisão que afete a liberdade religiosa de um grupo, além de 
verificar a necessidade da intervenção do governo para a manutenção da liberdade religiosa. A 
metodologia será a analise de referencias bibliográficas referente a democracia direta. E estudo 
de casos concretos anteriores. As principais referências bibliográficas são a constituição de 1988 
e os sites da câmara dos deputados e do Supremo Tribunal Federal. A constituição brasileira de 
1988 em seu Artigo 5º descreve os direitos fundamentais, que são garantidos como cláusula pétrea 
devido ao artigo 60 no paragrafo 4 º inciso IV desta mesma constituição. Devido a essa garantia 
constitucional mesmo que seja votado em um plebiscito ou referendo uma norma que altere esses 
direitos fundamentais, ela não será valida. (...). 
 
Palavras-chave: Liberdade religiosa; Liberdade de pensamento; Liberdade de expressão. 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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14h30 - 17h30 :: Sessão Paralela 4 
 
GRUPO DE TRABALHO "Estado Laico e a Tutela Religiosa no Ordenamento Jurídico 
Brasileiro" 
Coordenação: Rozaine Ap. Fontes Tomaz e Loyana Christian de Lima Tomaz 
Local: 5S 1054º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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BRASIL, ESTADO LAICO OU EM SECULARIZAÇÃO? 
Bruno Honorato Benetti 
Rozaine Ap. Fontes Tomaz (Professora Orientadora) 
 
Desde a formação da sociedade Estado e Religião se confundiam em uma só entidade, na qual, 
vigorava uma teocracia, tal situação não fora diferente no passado do Brasil, como podemos 
visualizar na constituição de 1824 que em seu art. 5º firmara a fé Católica como religião oficial 
do Estado; tendo esse elo rompido, num aspecto global, no século XVIII com a Revolução 
Francesa, e, em nossa pátria com a Proclamação da República. Nossa Carta Magna em seu artigo 
19, I, mantem tal disposição e define nosso país como laico, ou seja, não possui religião oficial, 
entretanto, nota-se que a força religiosa se encontra presente em quase todas as esferas públicas 
levando ao seguinte questionamento, nossa pátria é de fato Laica, ou está em processo de 
Secularização? Para a obtenção dos resultados pretendidos utilizou-se como metodologia a 
abordagem qualitativa, através de pesquisa bibliográfica, documental e legislativa. Para a melhor 
compreensão de secularização é sabido que no século XIX que o termo passou a ser usado no 
campo filosófico-ideológico, significando a redução drástica de influência da religião ou das 
igrejas sobre a educação, a cultura e outros setores da vida social, movimento promovido por 
sociedades culturais e grupos intelectuais europeus (MARTELLI, 1995, p. 274), ou seja, uma 
efetiva separação entre Estado e Religião, fazendo valer a laicidade, entretanto, analisando a atual 
situação política da nação podemos perceber o real alcance da religião, tanto no viés de tomada 
de decisões políticas pela presença de uma Bancada Evangélica no Parlamento composta, por 84 
deputados/as federais e 3 senadores, num total de 87 parlamentares, tanto quanto pela influência 
nos debates sobre questões cívicas, como matrimonio homossexual, questões sobre biotecnologia, 
como aborto, pesquisas com células tronco e afins, e, alterando nosso horizonte de pesquisa, 
podemos elencar uma imposição de um modelo cristão em nosso meio social tendo a presença de 
tais elementos incorporados nos mais diversos meios, como: o preambulo da constituição de 1988 
que elenca a proteção de Deus, os dizeres “Deus seja louvado” impressos nas cédulas de dinheiro, 
a presença de crucifixos em tribunais e em câmaras legislativas, bem como os feriados de cunho 
cristão. Conclui-se assim que nosso Estado, embora declarado como laico, possui grande 
influência cristã ferindo assim sua autoproclamação, dessa forma, entende-se que vivemos em 
uma secularização, não em um Estado Democrático de Direito, que nas palavras de Túlio Lima 
(2004): “No Estado Democrático de Direito não há espaço para a imposição de crenças religiosas 
travestidas de leis ou sentenças, pois a base da democracia é a pluralidade e a tolerância ao 
diferente. Se as pesquisas com células-tronco e os abortos de anencéfalos são ou não pecado não 
cabe aos políticos e aos ministros do STF decidirem, mas aos clérigos, a partir da interpretação 
dos livros sagrados de sua fé. A licitude de tais pesquisas e a criminalização de tais abortos, por 
outro lado, são questões de natureza política e jurídica e, portanto, de natureza temporal, não 
havendo, pois, como serem impedidas por contrariarem qualquer religião. ” 
 
Palavras-chave: Secularização, Laicidade, Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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O CRIME DE INTOLERÂNCIA RELIGIOSA COMO FORMA DE GARANTIR A 
DIGNIDADE HUMANA 
Gabriela Pinoti 
Rogério Neves Castro Filho 
Loyana Christian de Lima Tomaz (Professora Orientadora) 
 
A lei 9.459/1997 estabelece que é crime discriminar uma pessoa por causa de raça, cor, etnia, 
religião ou procedência nacional, sendo crime inafiançável e imprescritível o que entra em 
consonância com o artigo 5º, XLI da Constituição Federal que estabelece em foro constitucional 
a prática deste tipo de crime com as mesmas características implantadas pela lei e no mais a Magna 
Carta também prevê liberdade religiosa entre os indivíduos como também assegura o Brasil como 
um Estado laico, porém mesmo com esses respaldos legais há inúmeros casos de crimes de 
intolerância religiosa no Brasil, o objetivo do legislador de tipificar os crimes de intolerância 
religiosa era para que o princípio da dignidade da pessoa humana fosse respeitado e que cada 
indivíduo pudesse escolher sua religião sem descriminação ou perseguição e que esta pessoa fosse 
respeitada perante a sociedade. Como exemplo, a islamofobia que é o sentimento de ódio e repulsa 
aos adeptos da religião mulçumana isso ocorre porque a maioria das pessoas ligam a religião 
mulçumana ao terrorismo, porém poucos sabem que aqui no Brasil há adeptos desta religião desde 
os tempos de colônia onde ocorreu uma revolução conhecida como revolução do Malês onde 
negros, escravos seguidores do islamismo buscaram defender a sua religião e não aceitavam a 
religião que era lhes imposta, o catolicismo. Sabe-se então que desde muito tempo é necessário a 
busca por seus direitos quanto à liberdade religiosa e para que todas as religiões sejam respeitadas 
de forma igualitária. Faz-se para realização da pesquisa o uso do método comparativo, 
fenomenológico e dedutivo priorizando a pesquisa doutrinária acerca do tema. Como objetivo do 
trabalho é a conscientização das pessoas que mesmo com diferença de crença o respeito deve 
prevalecer para que construa uma sociedade livre, igualitária e com respeito, sendo assim o 
princípio da dignidade da pessoa humana jamais seria ferido. 
 
Palavras-chave: intolerância religiosa; dignidade humana; respeito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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A LIBERDADE RELIGIOSA E DE CRENÇA FRENTE A INTOLERÂNCIA AS 
RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA 
Nayara de Paula Moraes 
Loyana Christian de Lima Tomaz (Professora Orientadora) 
 
O brasileiro é caracteristicamente religioso e isso se reflete em sua vida cotidiana de forma tão 
marcante, de modo que suas condutas e crenças religiosas constituem parte fundamental de sua 
cultura. Os portugueses quando aqui chegaram iniciaram o processo de tráfico de escravos, fato 
este que contribuiu para séries de religiões disseminadas pelo território. Ao adentrarem em 
território brasileiro, escravos, vindo de diversas regiões da África trouxeram diferentes crenças e 
difundiram distintas divindades. Entretanto, foram proibidos de praticar suas religiões nativas e 
com a instalação do sistema colonial português, e o seu projeto salvacionista, o catolicismo foi 
introduzido e ensinado aos colonos, escravos e a população nativa. Mediante isso a história das 
religiões de matriz africana no Brasil tem em seu contexto as relações sociais estabelecidas entres 
esses grupos. Sofreram a interferência indígena, dos que já habitavam o Brasil, como a do 
catolicismo catequético e colonizador e de outras etnias africanas, através do processo de 
escravidão. O objetivo do presente trabalho é o estudo da liberdade religiosa, da secularização 
frente ao preconceito e a intolerância sofrida pela população professante de religiões de matriz 
africana. De acordo com o último censo do IBGE apenas 3% de sua população são professantes 
de religiões de matriz Africana, sendo as manifestações mais forte a do Candomblé e Umbanda.Estima-se que estes números sejam ainda maiores. Os professantes do candomblé ao chegaram 
no Brasil, através dos escravos vindos da África ocidental, eram considerados pelos portugueses 
feiticeiros e tinham seus cultos proibidos. Na busca para evitar a repressão os escravos passaram 
a associar os orixás a santos católicos, o que acabou influenciando na característica da religião. Já 
a umbanda teve origem no Brasil, especificamente no Rio de Janeiro, com grande influência de 
crenças africanas, indígenas e europeias, séculos depois da chegada dos africanos ao Brasil, 
vivencia-se o crescente preconceito contra suas confissões e ataques aos professantes, e aos seus 
salões religiosos. Dados da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro 
(CCIR) mostram que mais de 70% de 1.014 casos de ofensas, abusos e atos violentos registrados 
no Estado entre 2012 e 2015 são contra praticantes de religiões de matrizes africanas. O que 
contradiz os direitos fundamentais, tal como direito à liberdade religiosa e o pluralismo religioso 
tutelados pela Carta Magna e pelos tratados internacionais que versam sobre direitos humanos. 
Concomitantemente ao pluralismo religioso e liberdade religiosa, surge outro fenômeno, o da 
secularização religiosa. A secularização caracteriza pelo término da influência social e cultura da 
religião com a imposição de somente uma crença. Considera relevante tal estudo por ser 
primordial o conhecimento do diferente para posteriormente respeitá-lo. A religião não deve ter 
como característica o poder de mercado, a relação do Estado e religião jamais deve ultrapassar a 
garantia dos direitos fundamentais. Busca-se, com o presente, a compreensão da diversidade 
religiosa e da relação Estado/religião com a tolerância religiosa, em que sejam assegurados os 
direitos humanos, contribuindo assim para uma transformação social, política e cultural. 
 
Palavras-chave: religião; afro-brasileiras; intolerância; pluralismo. 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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A LIDE ENTRE O DIREITO À VIDA E A LIBERDADE RELIGIOSA DAS 
TESTEMUNHAS DE JEOVÁ TUTELADA PELO ORDENAMENTO JURÍDICO 
BRASILEIRO 
Letícia Filgueira Bauab 
Rozaine Ap. Fontes Tomaz (Professora Orientadora) 
 
O objetivo deste trabalho é debater a polêmica entre uma das peculiaridades da religião 
Testemunha de Jeová e as garantias constitucionais de direito à vida, laicidade e tutela religiosa, 
a fim de responder a seguinte questão: A negação da transfusão de sangue pelos Testemunhas de 
Jeová fere o direito à vida, tão suscitado pela Constituição Federal ou é coerente pela tutela 
estabelecida à liberdade de culto? Deste modo, esta pesquisa é bibliográfica, com enfoque 
qualitativo, com estudo de casos divulgados pela mídia, opiniões doutrinárias, bem como 
jurisprudências acerca do assunto. O Estado laico (que não pode ser confundido com estado ateu) 
assume uma posição de imparcialidade e respeito frente a todas crenças e/ou a ausência delas, 
logo, as Testemunhas de Jeová possuem direitos garantidos pelo ordenamento jurídico brasileiro. 
Com base na tese do doutrinador João Rodholfo (RODHOLFO, 2008), ao considerar a 
inviolabilidade de crença religiosa, a Constituição não está dizendo somente que a pessoa está 
autorizada a acreditar em algo, antes de tudo inclui o direito de exercer os dogmas de sua fé. 
Consequentemente, ela também tutela a garantia de expressar sua fé em todos os aspectos de sua 
vida, como no comportamento, na música ou na decisão sobre tratamentos médicos, ainda que no 
Art. 135 do Código Penal esteja previsto que se o médico não prestar a devida assistência à pessoa, 
pode incorrer no delito de omissão de socorro. A questão da transfusão de sangue não é econômica 
como foi popularmente difundida, mas sim puramente religiosa, pois, para as Testemunhas de 
Jeová, o sangue representa a vida. Assim, segundo os adeptos desta religião, é errado tomar sangue 
por qualquer via, não só em obediência a Deus, mas também por respeito a Ele. É nítida a colisão 
entre dispositivos fundamentais em relação ao Direito à vida, ao que Gilmar Ferreira Mendes, 
Inocêncio Mártires Coelho e Paulo Gustavo Gonet Branco (MENDES; COELHO; BRANCO, 
2009, p. 398), sobre esta questão do direito à vida afirmam, “sendo um direito, e não se 
confundindo com uma mera liberdade, não se inclui no direito à vida a opção por não viver”. 
Assim, à medida em que os poderes públicos devem proteger este bem (a vida) há de ser 
preservada, ainda que em contrário à vontade do seu titular; desta forma, se estiver o médico 
diante de urgência ou perigo iminente, ou se o paciente for menor de idade, pois, fazendo uma 
ponderação de interesses, não pode o direito à vida ser suplantado diante da liberdade de crença, 
até porque, a Constituição não ampara ou incentiva atos contrários à vida, é o consenso do 
doutrinador Pedro Lenza (LENZA, 2009). Portanto, o presente trabalho visa fomentar a discussão 
construtiva acerca do assunto, debatendo se há ou não violação da Dignidade da Pessoa Humana 
e se houver em quais aspectos, como resultado espera-se a manutenção da harmonia social 
(incluindo a soberania constitucional) e respeito a pluralidade social e religiosa. 
 
Palavras-chave: Tutela; Transfusão de Sangue; Direito; Liberdade Religiosa. 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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A BUSCA PELA EFETIVAÇÃO DA LAICIDADE ESTATAL COMO RESULTADO DA 
LUTA PELA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO E DIGNIDADE FEMININA 
Marina Bonissato Frattari 
Rozaine Ap. Fontes Tomaz (Professora Orientadora) 
 
Este trabalho objetiva discutir o atual contexto da laicidade no Estado brasileiro, relacionado à 
questão da influência religiosa referente a políticas ligadas ao aborto, a fim de trazer respostas a 
seguinte indagação: a Constituição Federal de 1988 conseguiu efetivar a secularização estatal no 
que tange a formulação de políticas sociais para intervenção do aborto? Esta pesquisa é 
qualitativa, bibliográfica e analisa discursos da bancada cristã no Congresso Nacional perante o 
Projeto de Lei 5069/2013, de Eduardo Cunha, o qual torna crime o anúncio de métodos abortivos 
e a prestação de auxílio ao aborto. Interessa, ainda, analisar a eficácia de feitos contrários a esse 
PL, como via de discussão da laicidade, como o Projeto Lei protocolado por Jean Wyllys (2015), 
prevendo a liberdade da mulher sobre seu próprio corpo, a fim de confirmar a seguinte presunção: 
a de que um Estado “laico” recusa-se a legitimar mudanças na legislação sobre o aborto e que 
abrange interesses públicos, pois está alienado por grupos religiosos. Essa concepção vem de 
encontro aos estudos de Camila Sardinha (RODSTEIN, 2015), a qual afirma que a ilegalidade do 
aborto por questões religiosas compromete a laicidade do Estado e os direitos inerentes à 
democracia; enfatiza, ainda, que é inadmissível um Estado laico manter-se alienado ao 
reconhecimento do direito legal à interrupção da gravidez, acuado por grupos religiosos, 
recusando-se a analisar e aprovar mudanças na legislação, que venham atender aos interesses 
públicos. Deste modo, pode-se entender que o Estado brasileiro tem disseminado referências, 
valores e dogmas religiosos, sobretudo os cristãos, o que representa um retrocesso ao Estado 
Democrático de Direito. E ainda, conforme Suamy, Gutierrez, Havana e Hellen (SOARES, 
LOBO, ALVES E FREITAS, 2011), o conservadorismo moral trazido ao Brasil, sobretudo pelo 
catolicismo, fere a luta pelos direitos sexuais e reprodutivos da mulher, o que vemde encontro 
aos estudos da filósofa Judith J. Thompson (THOMPSON, 2012), que exclama que mesmo o feto 
tendo direito à vida, o aborto é eticamente permissível, porque não permite que se utilize do corpo 
da mãe contra a vontade dela e que o feto/embrião ainda não é um indivíduo com as capacidades 
desenvolvidas, logo, não haveria conflito de interesses entre direitos da mulher e do feto. Assim, 
a secularidade dos partidos políticos é questionável, pois muitos formam suas bases com 
interesses vinculados à ideologias religiosas e outras organizações de direita, que vetam a 
aprovação da lei que legaliza o aborto, dificultando a efetivação de direto de escolha das mulheres 
sobre seu corpo e de um procedimento seguro. Para que haja maior efetivação das garantias 
individuais é preciso reformular o pensamento coletivo e sobrepor a eficiência do texto 
constitucional a concepções religiosas, pois o estado laico rege o coletivo, em conformidade com 
leis da sociedade viva, havendo assim a garantia da dignidade de cada mulher, assegurando-lhe o 
direito de decisão sobre seu corpo e a reprodutividade. Deste modo, esperamos ampliar tal debate, 
a fim de que o ambiente político possa ser um espaço de construção social, com respeito à 
liberdade e individualidade de cada cidadã. 
 
Palavras-chave: Aborto; Dignidade humana; Laicidade; Direito. 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
27 
 
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SESSÃO 03 - 07/11/2016 
 
 
19h00 - 21h30 :: Sessão Plenária 
Local: Auditório do Bloco 5S - UFU 
 
Painel "A proteção jurídica da liberdade de crença e religião" 
 
Presidente da Mesa: 
- Diego Nunes 
 
Expositores: 
- Jayme Weingartner Neto: “Dignidade da pessoa humana e o embaraço do fundamentalismo em 
sociedades religiosamente plurais” 
- Antonio Baptista Gonçalves: "O refugiado e o migrante e o direito à liberdade religiosa" 
- Gilberto Garcia: "As organizações religiosas, a legislação civil e a jurisprudência pátria" 
 
Debatedor: 
- Magno Alexandre Ferreira Moura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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SESSÃO 04 - 08/11/2016 
 
 
08h30 - 11h30 :: Sessão Plenária 
Local: Auditório do Bloco 5S - UFU 
 
Painel "Liberdade de crença e religião: fundamentos e desafios" 
 
Presidente da Mesa: 
- Thiago Paluma 
 
Expositores: 
- Clara Jane Costa Adad 
- Fábio Carvalho Leite 
- José de Magalhães Campos Ambrósio 
- Gary Doxey (com tradução inglês-português) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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SESSÃO 05 - 08/11/2016 
 
 
14h00 - 17h30 :: Sessão Paralela 1 
 
LAW AND RELIGION INTERNATIONAL COLLOQUIUM 
8 November 2016 
2pm-5.30pm Brazilian Time 
 
Auditorium 5S and Online Presentations 
Federal University of Uberlandia 
 
Chair: 
- Rodrigo Vitorino Souza Alves, Federal University of Uberlandia (BR) 
 
Panelists: 
- Gary Doxey, Brigham Young University (US) 
- Jessica Giles, Open University (UK) and Oxford Journal of Law and Religion (UK) 
- Fábio Carvalho Leite, Pontifical Catholic University (BR) 
- Deogratias Benedicta, Maastricht University (NL) 
- Rachel Jonker, University of Notre Dame (US) 
- Shamsul Falaah, The University of Auckland (New Zealand) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
30 
 
14h00 - 17h30 :: Sessão Paralela 2 
 
GRUPO DE TRABALHO "Democracia, Direitos Fundamentais e Religião" 
Coordenação: Sérgio Augusto Lima Marinho 
Local: 5S 213 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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ABUSO DO PODER RELIGIOSO: UMA POSSÍVEL FIGURA DE ILICITUDE 
ELEITORAL 
Daniel Ricardo Davi Sousa 
 
Diante da presença significativa das entidades religiosas no processo eleitoral, o presente trabalho 
analisa de forma objetiva a possível existência do abuso de poder religioso. Esse tipo de prática é 
visível dentro dos templos religiosos, onde os lideres proporcionados pela grande influência de 
seus cargos religiosos, se apropriam do clamor de seus discursos para pedir votos, proporcionando 
e impulsionando a candidatura do concorrente ao pleito eleitoral. Sendo assim interpretado por 
alguns doutrinadores com abuso do poder religioso que influência de forma direta nas eleições. 
No Direito público, José Jairo Gomes afirma que “haverá abuso sempre que, em um contexto 
amplo, o poder – não importa a sua natureza – for manejado com vistas à concretização de ações 
irrazoáveis, anormais inusitadas ou mesmo injustificáveis diante das circunstâncias que 
apresentarem e, sobretudo, ante os princípios agasalhados no ordenamento jurídico”. Já no âmbito 
político compreende-se o poder como o ato de induzir, influenciar, ou determinar o 
comportamento de alguém. No entanto, é de suma importância alertar que o abuso de poder é um 
conceito juridicamente indeterminado e aberto, que somente diante de casos concretos que terá 
certeza da configuração do abuso. Isso se aplica principalmente ao possível abuso do poder 
religioso em matéria eleitoral, que por ser uma temática atual e recente, acaba se configurando 
“fora” da típica classificação de espécie de abuso do poder: abuso do poder político; abuso do 
poder econômico; e abuso do poder no uso dos meios de comunicação, cujos quais são referidos 
pela legislação pátria. Desta forma, é complicado afirmar a existência do “abuso de poder 
religioso”, devido à falta de ilicitude eleitoral no ordenamento jurídico brasileiro. A título de 
exemplo, convém ressaltar que o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais julgou procedente 
duas ações movidas por Marques Batista de Abreu do (PTB) contra dois deputados eleitos, Marcio 
José Machado Oliveira deputado estadual do PTB pela coligação Avante Minas, e o deputado 
federal Franklin Roberto de Lima Souza do PTdoB, e o pastor evangélico Valdemiro Santiago de 
Oliveira, tendo como consequência os mandatos dos parlamentares cassados e decretada a 
inelegibilidade dos três por oito anos. Os membros da corte eleitoral que votaram pela procedência 
da ação afirmando que “existem estudos recentes acerca de uma nova figura de abuso no direito 
eleitoral denominada de abuso de poder religioso” que configura na conduta realizada pelo o líder 
que conclamou os fiéis a votarem nos candidatos de sua afeição, que estavam presente no evento 
religioso. Portanto, em face do posicionamento do TRE-MG é possível enxergamos algumas vias 
jurídicas, que mostram a existência do abuso de poder religioso como uma nova figura de ilicitude 
eleitoral. 
 
Palavras-chave: Poder; Política; Religião;Eleição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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PROPAGANDA ELEITORAL EM TEMPLOS RELIGIOSOS: UMA PRATICA 
PROIBIDA E QUE PODE RESULTAR EM PENALIDADES 
Iris Cristina Fernanda Vieira 
 
O presente trabalho possui em sua estrutura, o pertinente objetivo de identificar e problematizar 
as ilegalidades cometidas pelos candidatos durante o período eleitoral nos templos religiosos, 
como por exemplo, o uso do templo religioso para propaganda eleitoral. A propaganda, em seu 
lato senso, tem por objeto à difusão de determinadas idéias de um partido a uma diversidade de 
pessoas, podendo ser realizada de forma artística, cultural, ou com finalidade social voltadas para 
obtenção de votos. Segundo o doutrinador José Jairo Gomes, existem quatro tipos de propaganda 
política: a intrapartidária, a partidária, a eleitoral e a institucional. Sendo assim, em face do objeto 
de pesquisa, o foco será destinado para irregularidades da propaganda eleitoral. Logo, é valido 
discernir que juridicamente a propaganda eleitoral no interior das igrejas é totalmente vedada em 
virtude de lei. Isto é, no artigo 37 da lei 9.504/ 97 está tipificado que “nos bens cujo uso dependa 
de cessão ou permissão do poder público, ou que a ele pertençam, e nos bens de uso comum, 
inclusive postes de iluminação pública, sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, 
paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de 
qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta e exposição de placas, estandartes, faixas, 
cavaletes, bonecos e assemelhados”, limitado e exemplificado pelo parágrafo 4° que trás os 
cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade 
privada como bens de uso comum. Desta forma, Sabendo que o templo é um bem particular de 
uso comum, o candidato e o responsável pela entidade são totalmente proibidos de realizar tal 
propaganda, estando sujeitos á multa no valor de R$ 2 mil a R$ 8 mil, cuja conduta pode resultar 
também na cassação de registro e do diploma do candidato. Além disso, em virtudes dos fatos 
mencionados é significativo compreender a singela importância da liberdade de expressão e de 
culto, sendo o primeiro uma garantia fundamental para cidadania, sobretudo para o contexto 
político, já o segundo é de total responsabilidade dos representantes religiosas entenderem que 
vedação da propaganda eleitoral dentro do templo não se configura como uma violação a liberdade 
de culto, pois o sensato é entender que o particular não poderá em hipótese alguma permitir o que 
a lei proibiu. 
 
Palavras-chave: Propaganda eleitoral; Religião; Templo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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TEOLOGIA POLÍTICA OU POLÍTICA TEOLÓGICA? UMA INVESTIGAÇÃO 
FILOSÓFICA DO MUNDO ISLÂMICO 
William Costa 
 
A discussão acerca do mundo islâmico, em especial aquela que tange o tratamento da política e 
do direito, é confrontada, sempre que possível, com os ideais do ocidente. Ora, qual fundamento 
demarca tal necessidade de confrontar tais realidades? Ou, dito ainda melhor, que elementos 
distintos dos nossos nos fazem olhar para o mundo islâmico/árabe e nos espantar e estabelecer um 
conjunto de juízos de valores sobre suas relações? A primeira estranheza acerca do mundo 
islâmico é, certamente, a relação dual entre a política e a religião e a maneira mística ao qual nos 
é apresentada. De fato, as zonas entre tais áreas são tênues e difíceis de serem identificadas, 
quando tratamos de uma relação forjada sob o crivo da religião e da justificativa metafísica. É 
preciso, porém, entender que a discussão islâmica da política e da religião está, em inteiro teor, 
resguardada no fundamento de sua própria tradição e do contato posterior (a partir do século V 
a.C com gregos) que sua história sofreu com outros povos. A exegese do pensamento islâmico 
nos apresenta que a relação dual entre a política e a religião se estabelece a partir de oito pilares, 
sendo três de caráter político (Tawhid, Risalat e o Khilafa e cinco de caráter religioso (Shahada, 
Salat, Zakat, Saum e o Hajj). À despeito dessa introdução, o presente trabalho tem como objetivo 
principal analisar, a partir da Filosofia, a relação estabelecida no mundo islâmico entre a política 
e a religião e suas possíveis implicações para a composição estrutural de sua sociedade, de modo 
a entendê-la por meio de suas relações e rupturas e por meio da análise em que sua estrutura se 
encontra ante ao pensamento ocidental. Tão logo, a principal investigação que nos propomos a 
esclarecer é aquela que indaga se o fundamento da teologia é o que garante a origem e a 
manutenção da política, ou se a própria política direciona a teologia religiosa e se encarrega de 
fundamentar os interesses do Estado e da sociedade civil. Com tal questionamento, nos propomos 
a entender como os pilares religiosos e políticos estão amalgamados e como orientam a estrutura 
islâmica, assim como entender de que maneira essa posição é estranha ao pensamento ocidental. 
(...) o método a ser desenvolvido pretende seguir a analítica de recortes dos textos das referências 
bibliográficas, a problematização dos autores e a síntese que tais problemas conferem ao debate 
teórico. 
 
Palavras-chave: Islamismo; Teologia políttica; Povos árabes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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RELIGIÃO LIVRE EM ESTADO LIVRE: A FORMAÇÃO CONSTITUCIONAL DO 
ESTADO BRASILEIRO EM FACE DAS RELIGIÕES 
Renato de Almeida Oliveira Muçouçah 
 
A formação cultural do direito (muito anterior à concepção de Estado constitucional) teve 
desenvolvimento com base nas formulações teológicas aplicáveis ao sistema do direito canônico. 
Agostinho, filósofo católico medieval, sustentava o tríplice fundamento das normas: haveria a lei 
eterna, ditada por Deus e que, por isso mesmo, seria perfeita e imutável. O filósofo a diferenciou 
da lei natural, oriunda da reta razão do homem. A lei humana serviria apenas para complementar 
as demais leis oriundas da fé. Séculos depois, Martinho Lutero, monge agostiniano, tornou-se 
figura central da Reforma Protestante, e, ao falar sobre a autoridade secular, parece aprofundar-
se um pouco mais no tema iniciado por Agostinho. Para Lutero, os cristãos não precisariam de 
leis, mas, como estes convivem com não cristãos, além de ser ínsita à natureza humana a condição 
de pecador, o líder protestante defende a separação entre o mundo espiritual, regido pelas leis de 
Deus, e o secular, instituído pelo Estado. Embora Lutero afirme a coexistência e permanente 
interligação entre os dois mundos, suas reflexões lançam bases para a formação do Estado laico. 
Com a leitura dos principais textos referentes às questões introdutórias, necessária se fez a análise 
indutiva das premissas levantadas, assim como o estudo histórico-comparativo da formação 
constitucional do Estado brasileiro. A Constituição da República, de 1891, considerada marco na 
laicização do Estado, não possuía menção a Deus no preâmbulo, não estatuía qualquer religião 
oficial (como havia no Império), assim como não interferia nos templos de qualquer natureza. No 
mais, estabelecia que os cemitérios fossem administrados pelo Poder Público, reconhecia o 
casamento civil como o únicoválido para o Estado e pregava o ensino leigo. Aparentemente, 
contrasta-se com a Constituição de 1934, que previa já em seu preâmbulo a figura de Deus. 
Ademais, permitia às religiões a possibilidade de administrar cemitérios mediante fiscalização 
estatal, conferia efeitos civis ao casamento religioso e permitiu a criação da disciplina de ensino 
religioso. Embora todas as Constituições do Brasil sejam teístas e preguem, ao mesmo tempo, a 
existência do Estado laico, a discussão acerca da liberdade religiosa e de sua amplitude é 
questionada até hoje. Sob a alegação de que o Estado é laico, mas a população não é, poucos são 
os movimentos legislativos que contrariem as Igrejas em geral. O exemplo maior é a aprovação 
da Lei do divórcio, em 1977, após quase um século inteiro de discussões no parlamento. Seria a 
liberdade religiosa um direito absoluto, que obrigaria todos a viverem conforme determinado 
preceito de fé, ou serviria como escusa para negar direitos a grupos sociais minoritários 
(homossexuais, prostitutas, direito ao aborto, etc.)? Por ser impossível subordinar interesses da 
sociedade a grupos religiosos, o Estado laico é o garantidor de políticas públicas voltadas a 
algumas minorias que, sob a ótica de diversos credos, seriam “atitudes pecaminosas legalizadas”. 
Desta feita, não poderá o Estado restringir aos seus cidadãos o acesso a determinados direitos, 
caso este não venha a atingir diretamente o núcleo do direito fundamental à liberdade religiosa. 
 
Palavras-chave: Liberdade religiosa; formação constitucional do Estado; laicidade ou ateísmo da 
constituição; direito das minorias; técnicas de ponderação. 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
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O PROTAGONISMO RELIGIOSO NA FORMAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS: 
LIÇÕES TRAZIDAS PELA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA 
Renato de Almeida Oliveira Muçouçah 
 
Desde os primórdios da Revolução Industrial a classe trabalhadora viveu, por quase um século e 
meio, em trabalhos realizados sob condições indizíveis, máxime no que concerne a segurança do 
trabalho, salário e jornada de trabalho. Tal era pertence à fase proletária: quem somente tivesse 
sua força de trabalho, alienava-a a preço vil, de maneira a propiciar imensa acumulação primária 
do capital. Tal situação levou Marx e Engels a difundirem, entre os trabalhadores, o ideário 
comunista, bem sintetizado no livro “Manifesto do Partido Comunista”. A Igreja, por sua vez, 
restou duramente criticada pelos autores citados, pois pregava que uma vida repleta de sacrifícios 
e abnegações levaria o trabalhador, um dia, ao reino dos Céus. A fé católica procura dar uma 
resposta às questões sociais e, assim, iniciou o que é chamado como “Doutrina social da Igreja”. 
Com base na autoridade das Escrituras, a Igreja Católica passa a defender a dação de direitos à 
classe trabalhadora, eis que o homem, ser dotado de intrínseca dignidade, não pode ser objeto em 
si mesmo, nem vender sua força de trabalho, uma vez a produção é resultado direto da alma do 
subordinado. A análise indutiva dos diversos documentos da Igreja Católica (nas Encíclicas 
posteriores à “Rerum Novarum”) foram objeto de análise histórico-evolutiva, para além da análise 
indutiva de material acerca da influência da doutrina social da Igreja Católica na formatação dos 
direitos sociais, que hoje se encontram plenamente reconhecidos em quase todo o mundo. A 
Igreja passou a defender, em síntese, que seus fiéis deveriam ter como desafio moral buscar a 
perfeição humana durante o caminho rumo à vida eterna. É nesse caminho que o homem deixa de 
ser visto apenas como indivíduo, mas também como ser comunitário e social. Para a Igreja, o 
autêntico cristão deve ser missionário no sentido de trazer a verdade, e viver na verdade significa 
contribuir com o progresso humano por meio do trabalho. Desta forma, se o Estado nega 
pagamento de salários justos ou legitima a exploração pura da força de trabalho, em nada estará a 
contribuir para com o aperfeiçoamento moral e espiritual do ser humano; por isso, mister se fazia 
a adoção de medidas protetivas em relação ao trabalho: somente esta seria a maneira legítima de 
desanuviar, por pouco que fosse, os rostos sofridos da vida, nos dizeres trazidos pelo evangelista 
Mateus. Os vários documentos já produzidos pela Igreja Católica em sua Doutrina Social deixam 
clara a intenção de não tornar o crente simples expectador de misérias, mas agente necessário em 
prol do aperfeiçoamento humano, para que cada ser venha a trilhar o caminho da perfeição rumo 
ao mistério da fé. Ao longo do século XX esta doutrina se fez presente nas concepções de direito 
do trabalho, elevando o trabalhador à condição operária, quando finalmente pôde ter acesso aos 
bens da vida, à saúde, à educação, e progresso material, que deve refletir-se também como 
progresso espiritual. 
 
Palavras-chave: Doutrina social da Igreja; Encíclicas papais; interpretação bíblica da 
solidariedade humana; direito do trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião 
“O respeito à dignidade da pessoa humana em sociedades religiosamente plurais” 
 
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CONTRIBUIÇÕES DO PAPA FRANCISCO E DO DIREITO AMBIENTAL: CUIDAR 
DA TERRA, NOSSA CASA COMUM 
Antonio Francisco Jacaúna Neto 
Flávia de Fátima Brito 
 
Assim como é possível que uma pessoa tenha espiritualidade e não tenha religião, também é 
possível que alguém diga pertencer a uma religião, mas não tenha a espiritualidade da mesma. 
Partindo desse pressuposto o Papa Francisco escreve uma encíclica a todas as pessoas, 
independente de religião ou espiritualidade, conclamando todos a terem uma nova postura para 
com o planeta Terra. Dentre tantos dados relevantes, convém ressaltar que esta encíclica, 
intitulada Laudato Si, aponta questões “Sobre o Cuidado da Casa Comum”, e vem ao encontro do 
que já reza nossa Carta Maior de 1988, bem como a legislação ambiental, manifestando-se assim, 
uma sintonia entre as leis brasileiras e as diretrizes desse religioso. 
Tendo como pressuposto que a Educação se dá de modo formal e informal, quer se pensar em 
uma com princípios críticos, para com o que o ser humano está fazendo com o lugar onde habita. 
Esse lócus não é só dele, é um lugar comum com todos os outros viventes. Contribuir com a 
criação de uma nova consciência ecológica, talvez seja uma das funções mais emergentes da 
educação. Embora a relação entre esses dois parâmetros não tenha trago nenhuma grande 
novidade/supressa aos educadores ecológicos, defensores do direito ambiental ou às pessoas mais 
próximas dessa linha de atuação religiosa que o Papa acenou, a sintonia entre eles é um dado que 
nos chama a atenção. 
 Até o presente momento, a religião católica, por meio de seu representante maior, ainda não tinha 
feito um documento tão explicito - e ao mesmo tempo com tantos referenciais da comunidade 
científica – conclamando todos os seus fiéis e demais pessoas, a assumirem uma educação 
ambiental como expressão religiosa e espiritual ao mesmo tempo. Afinal, o cuidado do planeta, 
não deve ser feito simplesmente por respeito a uma legislação laica vigente, mas também, por um 
senso de pertença ao planeta. A Encíclica vai lembrar que a Terra é um ser vivo que contem em 
seu ser, outros seres vivos e, embora o ser humano seja apenas mais um dentre tantos, ele é o que 
mais pode contribuir para o cuidado ou não desse habitat comum. 
É urgente trabalhar essa consciência, independente de religião, espiritualidade ou linha filosófica 
do Direito. Esse é o fim – no duplo sentido do termo – dos membros religiosos, espiritualistas ou 
defensores

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