Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Aula 06 FATO GERADOR Vários são os termos que surgiram para designar o antecedente da norma tributária, que é o fato que deve ocorrer para que, produzindo seus efeitos, forme a relação jurídica tributária. As expressões mais comuns estabelecidas pela doutrina são “fato gerador” e “hipótese de incidência“. O fato gerador indica a ocorrência de um determinado procedimento que gera, no mundo fenomênico, uma obrigação tributária. Porém, para surgir esta obrigação tributária é imprescindível que a ocorrência da situação - fato - esteja prevista em lei. “costuma-se definir o fato gerador como uma situação abstrata, descrita na lei, a qual, uma vez ocorrida em concreto enseja o nascimento da obrigação tributária. Logo, essa expressão fato gerador pode ser entendida em dois planos: no plano abstrato da norma descritiva do ato ou do fato e no plano da concretização daquele ato ou fato descritos.” O fato que gera uma obrigação tributária é utilizado como sinônimo da hipótese de incidência, mas há um diferencial entre as duas expressões, acompanhe. Conclusão Para ambas as situações factuais, concreta e abstrata, é utilizada a expressão “fato gerador”, inclusive como sinônimo de “hipótese de incidência” sendo apenas uma questão de divergência terminológica. Estas expressões foram adotadas pelo Código Tributário Nacional em 1966 e, até mesmo depois, a Constituição de 1988 mostra mais uma vez as mesmas como sinônimos. A duplicidade no emprego do termo fato gerador e hipótese de incidência pelo Código Tributário Nacional torna-se claramente evidenciada quando da análise comparativa do artigo 116 e o inciso II, do artigo 104. Acompanhe. “salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador (...)”, tratando-se de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; “entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: I - (...) II - que definem novas hipóteses de incidência”. Observa-se que ambas as expressões são apregoadas pelo Código, no entanto, reiteradamente são utilizadas como sinônimas. Como exemplos, o Código Tributário Nacional anuncia os fatos geradores (hipóteses de incidência) de cada tributo: • o Artigo 46, que define a hipótese de incidência do IPI, dizendo que “o imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: (...)”; • o Artigo 63, que define a hipótese de incidência do IOF, “o imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador: (...)”; ou • ainda a hipótese de incidência do ICM/S, discriminada no Artigo 1° do Decreto-lei nº 406, de 31.12.1968, diz que “o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias tem como fato gerador: (...)”. A questão desta dúbia interpretação é somente o resultado da exatidão linguística indispensável no trabalho e na pesquisa científica, utilizada pelos doutrinadores do Direito. • SUJEITO ATIVO: Conforme o Artigo 119 do CTN, “Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento”, é aquele que tem o direito de exigir a obrigação tributária imposta ao sujeito passivo, é o credor, ou seja, o que integra o polo ativo da relação jurídica tributária. O sujeito ativo será sempre quem tiver a competência para cobrar o tributo ou exigir o cumprimento de uma obrigação tributária acessória. • SUJEITO PASSIVO: O CTN, nos Artigos 121 e 122, prevê a existência de dois sujeitos passivos, o da obrigação acessória e o da obrigação principal que se divide em direto e indireto, ou seja, o contribuinte e o responsável. A obrigação tributária principal e/ou acessória é dever do sujeito passivo assim como o crédito tributário é direito do sujeito ativo, nascendo assim a relação jurídica tributária entre estes dois sujeitos, passivo e ativo. Acompanhe, agora, os conceitos de fato gerador da obrigação principal e acessória clicando nos itens. O Artigo 114 do CTN, diz que "fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência", ou seja, é a situação de fato que gera a obrigação tributária de pagamento imposta ao sujeito passivo a crédito do sujeito ativo. Para a ocorrência do fato gerador da obrigação principal é preciso que esteja este fato, definido em “lei”, ou seja, é matéria compreendida na reserva legal, não podendo a legislação infralegal discriminar a situação hipotética geradora da obrigação principal. O fato gerador da obrigação principal está submetido ao princípio da estrita legalidade descrita na Constituição Federal no inciso I, do Artigo 150, quando diz ser vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. O fato gerador da obrigação acessória está descrito no Artigo 115 do CTN, como sendo qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. Quando o Artigo 115 diz “na forma da legislação aplicável”, está dizendo que não necessariamente deva ser definido por “lei”, pode ser definido pela legislação infralegal. Hugo de Brito Machado, ilustrando o nascimento de um fato gerador de uma obrigação acessória, exemplifica dizendo que “A situação de quem é estabelecido comercialmente faz nascer as obrigações acessórias de não receber mercadorias sem o documento fiscal correspondente e de tolerar a fiscalização em seus livros e documentos”. Assim, o fato gerador da obrigação acessória não necessariamente está ligado à obrigação principal, estão ligados independentemente, ou seja, uma situação factual pode ser fato gerador de uma obrigação acessória sem haver essencialmente uma obrigação principal a cumprir. AULA 07 O que é crédito tributário É a quantia devida a título de tributo, isto é, o objeto da obrigação jurídica tributária. O crédito decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. (Artigo 139 do CTN) Geralmente, o crédito tributário surge ilíquido, não podendo ser voluntariamente pago pelo contribuinte e nem exigido pela Fazenda Pública, dependendo, portanto, de uma liquidação (seja certo quanto à existência e determinado quanto ao objeto). Tal liquidação é feita pelo lançamento. Com o lançamento, a obrigação jurídica tributária que já existia, mas é ilíquida e incerta, passa a ser líquida e certa, exigível em data e prazo predeterminado. Uma vez constituído o crédito, a autoridade não pode dispensá-lo sem expressa autorização legal, sob pena de responsabilidade funcional. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos em lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. (Artigo 141 do CTN) O Artigo 151 - Parágrafo único, do Código Tributário Nacional, estabelece que, embora suspensa a exigibilidade do tributo, não ficará suspenso o dever de cumprir as obrigações acessórias. Por exemplo, o dever de preencher livros fiscais, emitir notas fiscais e faturas. É relevante destacar que as causas suspensivas do crédito tributário também suspendem o prazo prescricional. Lançamento: É o ato administrativo que torna líquido o crédito tributário, ou seja, o ato que consubstancia o mesmo, declarando formal e solenemente quem é o contribuinte e quanto ele deve à Fazenda Pública. O lançamento é um mecanismo jurídico que dá liquidez, certeza e exigibilidadeao tributo que lhe é lógica e cronologicamente anterior, assim não é o lançamento que dá nascimento ao tributo, mas sim a ocorrência do fato imponível. Depois que o contribuinte é notificado do lançamento, o tributo está em condições de ser recolhido pelo mesmo e recebido pela Fazenda Pública, mas nada impede que ocorra um evento novo, previsto em lei, que adie a exigibilidade do tributo. Estes eventos, que adiam a exigibilidade do crédito tributário, são suas causas suspensivas. De acordo com o Artigo 142, do Código Tributário Nacional (CTN), entende-se por lançamento o procedimento administrativo vinculado que: • verifica a ocorrência de um fato gerador; • identifica o sujeito passivo (contribuinte ou responsável) da obrigação tributária; • determina a matéria tributável; • aponta o montante do crédito; • aplica, se for o caso, a penalidade cabível. Pelo lançamento, que é da competência privativa da autoridade administrativa tributária, se constitui o crédito tributário. Caso não realize esse procedimento, seus servidores ficam sujeitos à responsabilidade funcional. No lançamento, a lei aplicável é aquela da data da ocorrência do fato gerador, no entanto, na aplicação de penalidades prevalece o princípio da lei mais benéfica ao contribuinte. Como o crédito tributário é constituído com o lançamento, a partir do momento da notificação feita ao sujeito passivo, somente pode ser modificado nas seguintes situações: • impugnação do sujeito passivo; • recurso de ofício; • iniciativa da própria autoridade administrativa. Existem três modalidades de lançamento, são elas: • Lançamento de ofício (direto): A autoridade realiza todo o procedimento administrativo, obtém as informações e realiza o lançamento, sem qualquer auxílio do sujeito passivo ou de terceiro. São exemplos mais comuns deste tipo de lançamento: IPTU e IPVA. São características deste tipo de lançamento: de iniciativa da autoridade tributária; independe de qualquer colaboração do sujeito passivo. • Lançamento por declaração (misto): O sujeito passivo presta informações à autoridade tributária quanto à matéria de fato; cabendo a administração pública apurar o montante do tributo devido. Um exemplo deste tipo de lançamento é a apuração do imposto de importação, decorrente de declaração do passageiro que desembarca do exterior. São características deste tipo de lançamento: o sujeito passivo fornece informações à autoridade tributária; a autoridade tributária lança após receber as informações. • Lançamento por homologação (autolançamento): O sujeito antecipa o pagamento em relação ao lançamento, sem prévio exame da autoridade tributária, ficando a declaração sujeita à confirmação posterior da autoridade administrativa. São exemplos deste tipo de lançamento: IR; ICMS; IPI; ISS. São características deste tipo de lançamento: sujeito passivo antecipa o pagamento; não há prévio exame da autoridade tributária; a autoridade tributária faz a homologação posterior; pode ocorrer homologação tácita, não confirmação após 5 anos. Sobre a suspensão do crédito tributário (Artigo 151 do CTN): • suspende-se a exigibilidade e não o Crédito Tributário; • tem natureza temporária; • diz respeito à obrigação principal – pagar tributo ou penalidade pecuniária; • pode ocorrer antes ou depois de constituído o Crédito Tributário. Acompanhe, agora, as causas de suspensão do crédito tributário. • Moratória (Artigo151, I do CTN). • Depósito do seu montante integral (Artigo 151, II do CTN). • Reclamações e os recursos nos termos da lei reguladora do processo tributário administrativo (Artigo 151, III do CTN). • Concessão de medida liminar em mandado de segurança (Artigo 151, IV do CTN). • Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial (Artigo 151, V do CTN): foi introduzido com a LC 104/01, mas a doutrina já admitia esta hipótese. • Parcelamento (Artigo 151, VI do CTN): foi introduzido com a LC 104/01, mas a doutrina já o admitia. Há autores que afirmam que o parcelamento nada mais é do que uma modalidade de moratória, visto que ambos encontra-se na mesma seção. Ele deve ser concedido por meio de lei específica (Artigo 155 - A do CTN). “Salvo disposição em contrária o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas.” (Artigo 155-A §1º do CTN) “Aplica-se, subsidiariamente ao parcelamento as disposições desta lei, relativas à moratória.” (Artigo 150-A, §2º do CTN) Veja as diferenças entre os conceitos abaixo. Diferença entre moratória e parcelamento: A Moratória prorroga ou adia o vencimento da dívida, enquanto o Parcelamento dilata o prazo de pagamento da dívida vencida, nessa caso incluem-se encargos e pressupõe mora. Aula 08 A nomenclatura causas extintivas do crédito tributário é questionada, pois na verdade você irá estudar as causas extintivas do tributo. Extinguindo-se o crédito tributário (objeto da obrigação jurídica tributária) normalmente extingue-se o próprio tributo. Além das causas previstas no Artigo 156 do Código Tributário Nacional, a doutrina ainda aponta a confusão e o desaparecimento do sujeito ativo ou sujeito passivo do tributo. Acompanhe. Na Confusão, o Fisco, por qualquer motivo, torna-se ao mesmo tempo credor e devedor do mesmo tributo, fazendo com que o tributo desapareça. Exemplo: herança vacante. No Desaparecimento sem sucessor do sujeito ativo ou do sujeito passivo do tributo, se qualquer deles desaparece, também desaparece a obrigação jurídica tributária. Entretanto, se o sujeito ativo desaparece e deixa sucessor este sub-roga-se nos direitos e deveres do sucedido. Se o sujeito passivo desaparece e deixa sucessor, este não responderá pela obrigação jurídica tributária, senão até os limites da herança. A extinção do crédito tributário ocorre nas seguintes modalidades. Clique nas modalidades para detalhá-las. Todas as causas (modalidades) extintivas do crédito tributário previstas no Código Tributário Nacional têm a mesma força de fazer desaparecer o crédito tributário (de gerar certidão negativa do crédito fiscal). O rol não é taxativo. • Pagamento (Artigo 156, I do CTN). (Ou Remição, grafado com ç) É o cumprimento do objeto da prestação tributária. Não é um fenômeno apenas tributário, mas sim jurídico, pois está presente em todos os ramos do direito. Normalmente, a lei fixa o prazo de recolhimento do tributo no lançamento. Se não houver prazo especificado, o mesmo será de 30 dias a contar da notificação do lançamento do tributo (Artigo 160 do CTN). A legislação tributária também pode conceder desconto pela antecipação do pagamento (Artigo 160, parágrafo único do CTN). “Quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o pagamento é efetuado na repartição competente onde o contribuinte encontrar-se domiciliado ou sediado.” (Artigo 159 do CTN). Atualmente, os bancos estão credenciados a receber tributos. Em moeda corrente ou equivalentes cujo valor nela possa se exprimir. Exemplos: pagamento em cheque, em título da dívida pública resgatável; pagamento em selo, papel selado ou estampilha (Artigo 162, I e II do CTN). Imputação Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos, ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação, obedecida as seguintes regras, na ordem em que enumeradas (Artigo 163 do CTN), a saber: • primeiro os débitos por obrigação própria; segundo os decorrentes de responsabilidade tributária (Artigo163, I do CTN); • primeiro as contribuições de melhoria, depois as taxas e por fim os impostos (Artigo 163, II do CTN); • na ordem crescente dos prazos de prescrição (Artigo 163,III do CTN); • na ordem decrescente dos montantes (Artigo 163, IV do CTN). Repetição do indébito O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do pagamento indevido, ressalvado o disposto no Artigo 162, §4º do CTN (Artigo 165 do CTN). A Fazenda Pública não pode ficar com aquilo que não lhe é devido. Em 5 anos a contar: • da extinção do crédito tributário (Artigo 168, I do CTN): no caso de cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido (Artigo 165, I do CTN); erro na identificação do sujeito passivo, na determinação de alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento (Artigo 165, II do CTN): • da data em que tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória (Artigo 168, II do CTN): no caso de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória (Artigo 165, III do CTN). Em 2 anos da decisão administrativa que denegou o pedido de repetição (Artigo 169 do CTN). O prazo prescricional é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando o seu curso, pela metade, a partir da data da intimação validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública interessada (Artigo 169 parágrafo único do CTN). Só é possível quando o contribuinte de direito estiver autorizado pelo contribuinte de fato a ingressar com o pedido de restituição ou quando o contribuinte de direito não tiver repassado ao contribuinte de fato a carga econômica do tributo. O Supremo Tribunal Federal afirmou na súmula 546 que o Artigo 166 é válido: “Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido, por decisão, que o contribuinte de jure não recuperou do contribuinte de fato o quantum respectivo”. • Compensação (Artigo 156, II do CTN). É o encontro de contas do Fisco e do contribuinte quando forem credor e devedor um do outro. No direito tributário só há compensação legal (autorizada por lei), em razão da indisponibilidade do interesse público. “A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública.” (Artigo 170 do CTN). O Artigo 66 da Lei 8383/91 determina que é possível compensar tributos federais indevidos ou recolhidos a maior com outros da mesma espécie. Segundo a doutrina, diferentemente da Fazenda Pública, tributo da mesma espécie é tributo do mesmo tipo. Exemplo: imposto com imposto. Não precisa ser IR com IR. Embora a compensação não possa ser deferida por medida liminar, pode ser pleiteada em mandado de segurança (súmula 213 do STJ). Não é possível utilizar crédito cuja existência está em controvérsia judicial para fins de compensação tributária. “É vedada a compensação mediante o aproveitamento do tributo, objeto de contestação pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão” (Artigo 170-A do CTN). • Transação (Artigo 156, IIII do CTN). É um acordo celebrado, com base em lei, entre o Fisco e o contribuinte pelo qual as partes, mediante concessões recíprocas, põem fim a um litígio judicial (Artigo 171 do CTN). É necessário que haja uma lei específica autorizando a transação. A Fazenda Pública não pode transacionar livremente com o contribuinte por força do princípio da legalidade e da indisponibilidade do interesse público. “A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em cada caso.” (Artigo 171, parágrafo único do CTN) • Remissão (Artigo 156, IV do CTN). É uma medida de política fiscal semelhante à moratória, que confere o perdão ao débito tributário, por meio de lei. Não confunda com remição (grafada com ç), que é pagamento. A Fazenda Pública não pode perdoar débitos tributários sem respaldo na lei, em razão da indisponibilidade do interesse público. Somente lei específica da pessoa política competente para instituir o tributo (lei remissiva) pode conceder remissão ao crédito tributário. “Qualquer subsídio, isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no artigo 155, §2º, XII, “g”.” (Artigo 150, §6º da CF). Com relação ao ICMS, cabe à lei complementar regular a forma como, mediante liberação dos Estados e Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. “A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo: I - à situação econômica do sujeito passivo; II - ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato; III - à diminuta importância do crédito tributário; IV - a considerações de equidade, em relação com as características pessoas ou materiais do caso; V - às condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante.” (Artigo 172, I, II, III, IV e V do CTN). O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, assim a remissão pode ser revogada de ofício, conforme o Artigo 155 do CTN. • Prescrição e Decadência (Artigo 156, V do CTN). São categorias gerais de direito que pertencem a todos os ramos do mesmo. Antes do lançamento pode-se ter a decadência, mas depois somente a prescrição. Assim, quem paga o crédito tributário prescrito não pode repetir o que pagou, mas quem paga crédito que decai pode repetir. • Consignação em pagamento, nos termos do disposto no §2º do Artigo 164 (Artigo 156, VIII do CTN). São hipóteses de consignação judicial do crédito: • recusa do recebimento ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória (Artigo 164, I do CTN); • subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal (Artigo 164, II do CTN); • exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre mesmo fato gerador (Artigo 164, III do CTN). Sendo improcedente a consignação, no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros da mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis (Artigo 164, §2º do CTN). Aula 09 • A isenção é uma exceção à regra tributária, na qual o sujeito passivo deveria pagar, mas foi perdoado por esta lei isentiva. Na isenção ocorre o fato gerador, há a obrigação tributária, mas o crédito tributário não chega a ser constituído pelo lançamento. A alíquota zero se assemelha à isenção, que poderá ser concedida em caráter geral ou condicional. Pode ser classificada quanto: • forma; • natureza; • tempo; e • lugar. Ainda quando prevista em contrato, a isenção é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Pode ser restrita à determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. • Anistia: Significa esquecimento, perdão ou graça, onde há o perdão das penalidades pecuniárias. De acordo com o CTN, a anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele e, salvo disposiçãoem contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas. A anistia poderá ser concedida em caráter geral ou limitadamente: • às infrações da legislação relativa à determinado tributo; • às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza; • à determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares; • sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa. Caso não seja concedida em caráter geral, a anistia é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com a qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei para sua concessão. Esse despacho também, não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155 do CTN (a concessão da moratória em caráter individual). Quando a anistia for concedida em caráter individual, o interessado deverá requerer junto ao Fisco seus benefícios. O fisco exclui o lançamento e o crédito tributário. Aula 10 A Administração Tributária integra o Poder Executivo e é um órgão encarregado de executar uma função administrativa: • cuidando da atividade administrativa relacionada à captação de receita tributária; e • exercendo uma função fiscal, visto que na relação jurídica entre o sujeito ativo e o sujeito passivo encontra-se o tributo. A Administração Tributária faz valer a função fiscal no âmbito da obtenção das receitas (tributos), ou seja, o cumprimento da obrigação tributária. A função fiscal então é exercida no âmbito de um processo que, por ser desenvolvido pela Administração e por ter como finalidade o cumprimento de obrigações tributárias, acessória e principal, recebe o nome de Processo Administrativo Fiscal. Esse processo passa a ser a sucessão de atos praticados pela Administração que exigem do sujeito passivo o cumprimento de uma obrigação tributária, que por lei é imposta de forma compulsória. Os atos relacionados ao processo administrativo fiscal englobam suspensão da exigibilidade, extinção e exclusão do crédito tributário, bem como restituição, revisão de base de cálculo e retificação de declarações. Apesar do Poder Estar demonstrar sua supremacia, não há uma liberdade para prática de seus atos quanto a instituir ou exigir o pagamento de um tributo, existe uma limitação do poder de tributar previsto na Carta Magna (vide súmula nº 473, do STF). O processo administrativo nasceu com o estado de direito, em que as garantias individuais constituem direitos fundamentais. Possivelmente, nos estados totalitários, a vontade do Estado se sobrepõe aos direitos individuais e pratica-se a arbitrariedade, em que a vontade do Estado é a do seu governante. Encontra-se na doutrina informações que nos leva a crer que o processo administrativo teve sua origem no due pross of law, surgido na Grã-Bretanha, sendo que, inicialmente, era de cunho eminentemente processual penal. No Brasil, na época do regime militar, algum progresso, considerando a época, pode ser registrado em relação ao contencioso tributário, como por exemplo a abolição da garantia da instância na esfera administrativa - Decreto-Lei nº 822, de 5 de setembro de 1969, baixado pelo AI 5, de 13.09.1968; a autorização para o Executivo regular processo administrativo de determinação e exigência de créditos tributários federais, penalidades, empréstimos compulsórios e o de consulta. Atualmente, várias legislações exigem como condição do recurso o depósito de parte do crédito tributário, como é o caso do Estado de Pernambuco – Lei nº 10. 654/91, alterada pela Lei nº 11.903/2000 - e da própria União, Decreto nº 70.235/72. Isso é bastante eficaz, pois serve de obstáculo aos recursos meramente procrastinatórios e, por outro lado, já garante parte do crédito, que se converterá em renda com o trânsito em julgado da decisão administrativa. Entretanto, há quem afirme ser inconstitucional tal exigência, sob o argumento de que o depósito constitui cerceamento do direito de defesa, o que já foi rechaçado pelo Supremo Tribunal Federal. Base legislativa do processo administrativo tributário no Brasil O processo administrativo tributário encontra seu fundamento de validade no Artigo 5º, LV da Constituição Federal, no Código Tributário Nacional e na legislação específica de cada ente. Sempre que houver uma obrigação tributária, seja ela principal ou acessória, que espontaneamente não tenha sido satisfeita pelo contribuinte, ou por aquelas pessoas a quem a lei transfere ou incumbe essas obrigações, pode ser exigido pelo Fisco o pagamento do tributo ou a penalidade pecuniária decorrente, mediante o seu lançamento, o que poderá dar ensejo a um conflito e nascimento do processo administrativo. De acordo com o Código Tributário Nacional, Artigo 113, a "obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente" (§ 1º). Já a "obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos" (§ 2º). Pode, ainda, a obrigação acessória converter-se em principal, caso seja inobservada, em relação a penalidade pecuniária (§ 3º). Segundo definição do próprio Código Tributário Nacional, Artigo 142, é procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor, a aplicação da penalidade cabível. De salientar que "a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional" (Artigo 142, Parágrafo único, do CTN). Há um conjunto de normas que integra o ordenamento jurídico tributário brasileiro, chamado de sistema tributário, que rege o processo administrativo. Estuda-se o processo administrativo tributário, não como um processo uniforme para todos os entes da federação, como é o processo civil e o penal, por exemplo, pois somente no âmbito judicial tem-se a nítida compreensão do processo. Observa-se que o processo administrativo tributário busca na Constituição Federal (Artigo 5º LV) e no Código Tributário Nacional (Artigo 145) as linhas mestras para sua constituição, cabendo aos entes da federação, obedecidos os ditames da Lei Maior, estipular as demais condições ou "ritos" procedimentais. Conclusão A Constituição Federal, em seu Artigo 22, I, estabelece que compete privativamente à União legislar sobre: direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo aeronáutico, espacial e do trabalho. Conclui-se, então, que o processo administrativo fiscal assume a natureza jurídica de forma de controle do ato administrativo e aplicação de sanções por descumprimento da obrigação. Buscando soluções para os conflitos da relação jurídica tributária através do Poder Judiciário. Na busca da justiça quando, por exemplo, uma cobrança judicial não estiver de acordo com a lei, ou se estiver a mesma infringindo a Carta Magna, deverá o contribuinte ou o responsável da carga tributária procurar a via judicial como proteção desses caminhos tortuosos que se encontram o nosso sistema tributário. Fim
Compartilhar