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Brasília-DF. Proteção Contra InCêndIos e exPlosões Elaboração Eduardo Cunha Mesquita Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ..................................................................... 6 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 8 UNIDADE I COMPORTAMENTO DO FOGO ........................................................................................................... 11 CAPÍTULO 1 DEFINIÇÕES E INCÊNDIOS NO BRASIL ................................................................................... 11 CAPÍTULO 2 ESTUDO DO FOGO ............................................................................................................... 14 CAPÍTULO 3 PROPAGAÇÃO DO FOGO, FORMAS DE EXTINÇÃO E CLASSES DE INCÊNDIO .......................... 21 CAPÍTULO 4 AGENTES EXTINTORES ............................................................................................................ 25 UNIDADE II PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO ......................................................................................................... 29 CAPÍTULO 1 SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO – SPCI ................................................................ 29 UNIDADE III SISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 1 .................................................................................................................... 34 CAPÍTULO 1 SISTEMA DE PROTEÇÃO POR EXTINTORES DE INCÊNDIO .......................................................... 34 CAPÍTULO 2 SISTEMA DE PROTEÇÃO POR HIDRANTES ................................................................................ 44 CAPÍTULO 3 SISTEMA DE SINALIZAÇÃO DE EMERGÊNCIA ........................................................................... 52 CAPÍTULO 4 SISTEMA DE ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA ............................................................................ 59 UNIDADE IV SISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 2 ..................................................................................................... 65 CAPÍTULO 1 SISTEMA DE ALARME E DETECÇÃO AUTOMÁTICA .................................................................... 65 CAPÍTULO 2 SISTEMA DE CHUVEIROS AUTOMÁTICOS.................................................................................. 78 CAPÍTULO 3 SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS (SPDA) ..................................... 88 CAPÍTULO 4 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE GLP ............................................................................................ 105 UNIDADE V SISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 3 ................................................................................................... 114 CAPÍTULO 1 AS SAÍDAS DE EMERGÊNCIA ................................................................................................ 114 CAPÍTULO 2 PLANO DE PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PPCI ............................................. 147 PARA (NÃO) FINALIZAR .................................................................................................................... 150 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 151 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução Ainda hoje, quando se fala em incêndios prediais no Brasil, a tendência é que a segurança seja negligenciada, os riscos sejam subestimados e que a cultura do fatalismo prevaleça, considerando os incêndios ocorridos como obras do acaso, fatalidades inevitáveis, acontecimentos imprevisíveis. O maior problema associado ao setor repousa no fato dos grandes incêndios serem raros e, portanto, os custos associados à sua prevenção serem considerados desproporcionais ao uso efetivo dos equipamentos instalados. Para que tantas instalações de combate ao fogo se a probabilidade de ocorrência de fogo na minha edificação é baixa? Para que realizar este investimento em instalaçõesque, se tudo der certo, não serão nunca utilizadas? O senso comum faz a maioria da população pensar que um incêndio é algo distante, visto apenas em telejornais, subestimando, assim os riscos de seu surgimento e suas consequências. Entretanto, essas premissas estão equivocadas! Guardadas as devidas proporções, é como discutir se vale a pena fazer o seguro de um automóvel! Você faz o seguro, paga e espera nunca ter que utilizá-lo! No caso específico dos incêndios, o risco de propagação do incêndio em uma edificação sem instalações de prevenção e combate é muito maior, o que aumenta exponencialmente as perdas associadas! Portanto, vale a pena prevenir sim! É importante ter a consciência de que em todas as edificações de uma cidade, há uma grande quantidade de materiais inflamáveis e combustíveis, próximos de diversas fontes de ignição. E, só na hora que o fogo começa é que pode se perceber que há um desconhecimento geral dos procedimentos a serem adotados, tanto em termos de evacuação do ambiente como de combate ao fogo. A disciplina de Prevenção e Combate a Incêndios e Explosões, está dividida em cinco unidades. A unidade I discorre sobre o fogo e as questões associadas à sua prevenção e ao seu combate, apresentando os conceitos gerais de um sistema de proteção contra incêndios prediais (os incêndios florestais e em instalações industriais não serão abordados aqui). A unidade II apresenta o sistema de proteção contra incêndio e detalha as proteções passivas contra este, as quais podem ser incorporadas em projetos prediais, gerando mais segurança aos ambientes ao minimizar a probabilidade de propagação do fogo. A unidade III aborda os sistemas de extintores portáteis, hidrantes, sinalização e iluminação de emergência. A unidade IV aborda os sistemas de detecção e alarme, sistemas de chuveiros automáticos, SPDA e central de GLP. A unidade V focaliza saídas de emergência e o plano de prevenção contra incêndio e pânico. 9 Vale ressaltar que esta disciplina fará uma abordagem geral dos principais aspectos de cada tema apresentado e que, ao final do curso, os profissionais que tiverem interesse em se tornar projetistas na área devem procurar aprofundar os conhecimentos adquiridos de forma a melhor desenvolver as habilidades e competências aqui despertadas. Objetivos » Promover a disseminação da cultura prevencionista quanto à proteção contra incêndios e explosões. » Estudar o comportamento do fogo. » Apresentar os sistemas de proteção contra incêndios e explosões. 10 11 UNIDADE ICOMPORTAMENTO DO FOGO CAPÍTULO 1 Definições e incêndios no Brasil Temos, dentre várias definições, que segurança: » É o estado ou condição que se estabelece em um determinado ambiente ou indivíduo, por meio das medidas adequadas, com vistas à sua preservação e o exercício de suas atividades. » É o Conjunto de ações para minimizar riscos. Quando utilizamos estas condições dentro de um contexto de incêndios, entramos na segurança contra incêndios e explosões. Entretanto, por não termos uma cultura prevencionista e sim uma cultura reativa, em que somente após acontecer os incidentes é que tomamos as medidas necessárias, podemos retratar a segurança com as afirmações: » Quando tudo vai bem, ninguém lembra que existe ou deveria existir. » Quando tudo vai mal, dizem que não existe. » Quando demanda algum custo, acha-se que não é preciso que exista. » Porém, quando realmente não existe, todos concordam que deveria existir. Aliados à cultura reativa, ainda temos os sofismas sobre a segurança contra incêndio e explosões: » Se incêndios são raros, por que me preocupar? » Se meu risco é baixo, por que devo executar tantas instalações? » Se nem sei se vou utilizar, será que compensa investir tanto? Abaixo, relacionamos alguns dos grandes incêndios ocorridos no Brasil. Esperamos que com este curso, possamos justificar a importância deste assunto a ser estudado, para que fatos semelhantes não se repitam! 12 UNIDADE I │ COMPORTAMENTO DO FOGO Tragédia do Gran Circus Norte-Americano (RJ) Em 1961, um ex-funcionário do Circo quis se vingar do chefe após ter sido demitido. Este ex-funcionário tinha antecedentes criminais e problemas psicológicos. Junto com dois comparsas, usou gasolina para colocar fogo na lona que, feita de uma composição com parafina, se incendiou com rapidez e caiu em cima das quase três mil pessoas que assistiam ao espetáculo. No local, 503 pessoas morreram, 70% das vítimas eram crianças. Mais de mil pessoas ficaram feridas. Edifício Joelma (SP) Em 1974, um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado no 12º andar do prédio paulistano deu início a um incêndio que se espalhou rapidamente pelos móveis de madeira, pisos acarpetados e forros internos de fibra sintética. Em pouco tempo, as escadas foram tomadas pelo fogo e pela fumaça, impedindo as pessoas de evacuarem o prédio. Mais de 180 pessoas morreram no incêndio, o qual reacendeu as discussões sobre segurança e preparo para prevenção e combate a incêndios. Vazamento em Cubatão (SP) Em 1984, centenas de litros de gasolina foram espalhados no mangue próximo a uma favela em Cubatão por conta de um vazamento. Pouco tempo depois, uma ignição causou o incêndio do material e matou vários moradores. Segundo os números oficiais, foram 93 mortes. Lojas Renner (RS) Em 1976, um edifício onde funcionava as Lojas Renner em Porto Alegre sofreu um incêndio que matou 41 pessoas e deixou outras 60 feridas. Muitas vítimas se jogaram do prédio de sete andares, pois não tinha um terraço apropriado para resgate por helicópteros. Edifício Andorinha (RJ) No Rio de Janeiro, um prédio no centro da cidade sofreu um curto-circuito no sistema elétrico que, em 1986, gerou um incêndio que matou 21 pessoas e feriu mais de 50. 13 COMPORTAMENTO DO FOGO │ UNIDADE I Edifício Grande Avenida (SP) Localizado na Avenida Paulista, em São Paulo, o prédio pegou fogo em 14 de fevereiro de 1981, um sábado de carnaval (o que evitou que houvesse mais vítimas). Todos os andares do edifício foram destruídos. Dezessete pessoas morreram e 53 ficaram feridas, incitando novas leis de segurança contra incêndios, especialmente na região da Avenida Paulista. Edifício Andraus (SP) Dois anos antes da tragédia no edifício Joelma, um prédio, também paulistano, já tinha passado por situação similar. Em 1972, um fogo de causa ainda desconhecida - imagina-se que tenha ocorrido uma sobrecarga no sistema elétrico - se espalhou pelo prédio no centro de São Paulo e chegou a causar explosões que fizeram o edifício tremer. O evento foi televisionado ao vivo e a população se chocou com as cenas de pessoas se atirando do prédio. A maioria dos sobreviventes conseguiu chegar ao último andar do edifício e aguardou resgate de lá. Foram 16 mortos e 330 feridos. Creche Uruguaiana (RS) Em 2000, um curto-circuito em um aquecedor incendiou uma creche em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. Doze crianças entre 2 e 4 anos morreram e duas funcionárias da escola (inclusive a diretora) foram presas. Show no Canecão Mineiro (MG) Em 2001, um acidente com a queima de fogos no palco gerou um incêndio que matou sete pessoas e deixou mais de 300 feridos em Belo Horizonte. A casa de show não tinha alvará para funcionamento e o proprietário, um produtor e dois músicos foram condenados. Incêndio na Boate Kiss (RS) Em 2013, o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, chocou o Brasil: são 231 mortes, a maioria por asfixiamento, e dezenas de feridos. A tragédia foi a segunda maior do Brasil em número de vítimas fatais. 14 CAPÍTULO 2 Estudo do fogo Existem diversas definições para fogo ou combustão. Adotaremos que fogo ou combustãoé um fenômeno físico-químico oriundo de uma reação de oxidação com emissão de luz e calor. Já o incêndio é o fogo fora de controle, causando danos à vida e ao patrimônio. Vale ressaltar que, para que exista fogo, são necessários quatro elementos fundamentais: o combustível, o comburente, o agente ígneo e a reação química em cadeia. Sem a presença dos três primeiros elementos, simultaneamente, não há fogo, e sem a presença do último elemento o fogo não se mantém. Este primeiro conjunto de elementos (combustível, comburente e agente ígneo) é comumente conhecido como “Triângulo do Fogo”. O Triângulo do Fogo é uma forma didática, criada para melhor ilustrar a reação química da combustão, em que cada ponta do triângulo representa um elemento participante desta reação. Elementos essenciais ao fogo Combustível Definimos combustível como qualquer matéria capaz de queimar, servindo de campo de propagação do fogo. Os materiais combustíveis que são maus condutores de calor, como a madeira, por exemplo, queimam com mais facilidade que os materiais bons condutores, como os metais. Esse fato se deve à acumulação de calor em uma pequena zona, no caso dos materiais maus condutores, a temperatura local se eleva mais facilmente, já nos bons condutores, o calor é distribuído por todo o material, fazendo com que a temperatura se eleve mais lentamente. Os combustíveis podem estar no estado sólido, líquido e gasoso, sendo que a grande maioria precisa passar para o estado gasoso, para então se combinar ao comburente e gerar uma combustão. Este fenômeno é denominado pirólise, também conhecida como decomposição térmica, a qual é o processo de quebra das moléculas que compõem uma substância em outras moléculas ou átomos em consequência da ação do calor. A maioria dos combustíveis sólidos e líquidos passa primeiramente para o estado gasoso antes de sua ignição, o que vale dizer que todos estarão na fase gasosa para sofrer combustão. Os gases combustíveis desprendidos durante a pirólise influenciam sobremaneira o comportamento da queima, por causa das moléculas e átomos que os compõem e que reagem com o oxigênio durante toda a queima, permanecendo próximo à substância decomposta. 15 COMPORTAMENTO DO FOGO │ UNIDADE I Combustíveis sólidos A maioria dos combustíveis não queima no estado sólido, sendo necessário transformar-se em vapores, por meio da pirólise, para então reagir com o comburente, ou ainda transformar-se em líquido para posteriormente em gases, para então queimar. Como exceção podemos citar o enxofre, os metais alcalinos – potássio, cálcio – a cânfora e a naftalina, que queimam diretamente em sua forma sólida. Exemplo de combustíveis sólidos: madeira, papel, tecido, borracha etc. Combustíveis líquidos Os combustíveis líquidos chamados de líquidos inflamáveis têm características particulares, como: (I) não têm forma própria, assumindo a forma do recipiente que os contenha; (II) se derramados, escorrem e se acumulam nas partes mais baixas; (III) a maioria dos líquidos inflamáveis é mais leve que a água, ou seja, flutua sobre ela; (IV) os líquidos derivados de petróleo têm pouca solubilidade em água; (V) na sua grande maioria são voláteis (liberam vapores a temperatura menores que 20ºC). Os combustíveis líquidos necessitam sofrer vaporização ou dissolução em pequenas gotas (atomização) para que se inflamem. É possível observar que, na queima de líquido, a chama ocorre a certa distância da superfície. Essa regra é válida para os líquidos combustíveis ou inflamáveis, quando aproximados de uma fonte de calor externa. Exemplo de combustíveis líquidos: diesel, gasolina, álcool, querosene etc. Combustíveis gasosos Os gases não têm volume definido, tendendo, rapidamente, a ocupar todo o recipiente em que está contido. Para que haja a combustão, a mistura com o comburente deve ser ideal, isto é, não pode conter combustível demasiado (mistura rica) e nem quantidade insuficiente desta (mistura pobre). São definidos para cada combustível os limites da sua mistura ideal, chamados de limites de inflamabilidade (que variam para cada substância): » Limite inferior de inflamabilidade (LII) – é a concentração mínima de uma mistura na qual pode ocorrer a combustão. » Limite superior de inflamabilidade (LSI) – é a concentração máxima de uma mistura em que pode haver a combustão. Exemplo de combustíveis gasosos: GLP. (gás liquefeito de petróleo), acetileno, gás natural etc. 16 UNIDADE I │ COMPORTAMENTO DO FOGO Comburente É o elemento que reage com o combustível, participando da reação química da combustão, possibilitando assim, vida às chamas e intensidade à combustão. O comburente mais comum é o oxigênio, mas existem outros comburentes não muito comuns como o cloro e o gás flúor, que servem em determinadas reações químicas. O oxigênio é encontrado na concentração de, aproximadamente, 21% na atmosfera. É importante lembrar que o ser humano respira normalmente com esta concentração de O2, mas que, abaixo de 18% a capacidade de troca gasosa nos alvéolos pulmonares já não é tão eficiente e algumas pessoas já começam a ter dificuldades de raciocínio e de coordenação motora, e que em concentrações abaixo de 16%, a maioria das pessoas não consegue sobreviver. A concentração de oxigênio presente no ambiente é o que vai ditar o ritmo da combustão: » 21% a 15% - Porcentagem ideal para queima. » 15% a 8% - torna-se uma queima lenta. » Abaixo de 8% não há combustão. Fonte de calor ou Agente ígneo O calor é uma forma de energia que eleva a temperatura gerada da transformação de outra energia, por meio de processo físico ou químico. Pode ser descrito como uma condição da matéria em movimento, isto é, movimentação ou vibração das moléculas que compõem a matéria. Fonte de calor, ou agente ígneo é, portanto, o elemento que dá início à reação de combustão, fornecendo calor para a reação. No quadro 1, podemos observar a temperatura de algumas fontes de calor. A energia da ativação serve como condição favorável para que haja a reação da combustão, elevando a temperatura ambiente ou de forma pontual, proporcionando a reação do combustível com o comburente em uma reação exotérmica. São exemplos de agentes ígneos: chama, centelha, brasa dentre outros. Pode-se denominar também o calor como uma forma de energia térmica ou calórica. Essa energia é transferida sempre de um corpo de maior temperatura para um de menor temperatura, até existir equilíbrio térmico. Unidades de medida: Caloria (Cal), BTU, Joule (J). “Temperatura é uma grandeza primitiva, não podendo, por isso, ser definida. Podemos considerar a Temperatura de um corpo como sendo a medida do grau de agitação de suas moléculas”. Escalas: Celsius (oC), Kelvin (K) e Fahrenheit (oF). Ao receber calor, o combustível se aquece até chegar a uma temperatura que começa a desprender. Esses gases se misturam com o oxigênio do ar e em contato com uma chama, ou até mesmo uma centelha, dá início à queima. 17 COMPORTAMENTO DO FOGO │ UNIDADE I Diante deste fenômeno, é de extrema importância o controle da temperatura em ambientes com combustíveis, pois cada combustível emana gases numa temperatura específica, podendo desta forma, em contato com uma simples centelha dar início a um princípio de incêndio. O calor gerado em um incêndio irá produzir efeitos físicos e químicos nos corpos e efeitos fisiológicos nos seres vivos, entre eles: » Aumento/diminuição da temperatura - O aumento ou diminuição da temperatura acontece em função do calor que é uma forma de energia, a qual é transferida de um corpo de maior temperatura para o de menor temperatura. Este fenômeno se desenvolve com maior rapidez nos corpos considerados bons condutores de calor e mais lentamente noscorpos considerados maus condutores. » Dilatação/Contração térmica - É o fenômeno pelo qual os corpos aumentam ou diminuem suas dimensões conforme o aumento ou diminuição de temperatura. A dilatação/contração pode ser linear, quando apenas uma dimensão tem aumentos consideráveis, superficial, quando duas dimensões têm aumentos consideráveis, e volumétrica, quando as três dimensões têm aumentos consideráveis. » Mudança de Estado - Para que uma substância passe de um estado físico para outro, é necessário que ela ganhe ou perca calor. Ao aquecermos um corpo sólido, ele passará a líquido e continuando, passará ao estado gasoso. O inverso acontecerá se resfriarmos o gás ou vapor. » Efeitos fisiológicos do calor - O calor pode causar vários danos aos seres humanos, como a desidratação, a insolação, a fadiga, as queimaduras e inúmeros problemas no aparelho respiratório. A exposição de uma pessoa, ao calor, por tempo prolongado, poderá acarretar na morte desta. Quadro 1. Estimativa da temperatura de algumas fontes de calor. Fonte de calor Temperatura 0C Vela 700 — 1400 A 15 cm da chama da vela 200 Arco elétrico 4000 Chama de álcool 1200 — 1700 Chama de gás 1000 — 1500 Cigarro 300 — 400 Fósforo 800 Lâmpada 170 — 200 Madeira queimando 1000 — 1400 Oxi-acetileno 2000 — 3000 Fonte: Tactical Firefighting, Paul Grimwood 18 UNIDADE I │ COMPORTAMENTO DO FOGO Por fim, podemos afirmar que, em outras palavras, o calor é responsável por: » produzir os vapores combustíveis em materiais sólidos e líquidos (pirólise); » causar a ignição do material combustível (sólido, líquido ou gasoso); e » promover o crescimento e a propagação das chamas, pela manutenção de um ciclo contínuo de produção de vapor, de combustível e de energia para a ignição desse material. Dentro do processo de combustão, os materiais combustíveis atingem pontos diferentes de temperatura à medida que se vão aquecendo, ou seja, à medida que sofrem pirólise. Esses são conhecidos como pontos de temperatura. Ponto de fulgor É a temperatura mínima, na qual o corpo combustível começa a desprender vapores, os quais se incendeiam em contato com uma chama ou centelha (agente ígneo), entretanto a chama não se mantém sem uma fonte externa de calor devido à insuficiência da quantidade de vapores. Ponto de combustão ou inflamação É a temperatura mínima, na qual o corpo combustível começa a desprender vapores, os quais se incendeiam em contato com uma chama ou centelha (agente ígneo), e mantém-se queimando mesmo com a retirada do agente ígneo. Ponto de ignição É a temperatura, na qual os gases desprendidos do combustível entram em combustão apenas pelo contato com o oxigênio do ar, independente de qualquer outra chama ou centelha (agente ígneo). Quadro 2. Temperatura de ignição de alguns materiais comuns. Material Temp. de ignição (°C) Madeirite (0,635cm) 390 Madeirite resistente ao fogo (1,27cm) 620 Compensado (6,35mm) 298 Placa de fibra isolante térmico 355 Espuma rígida (2,54cm) 435 Espuma flexível (2,54cm) 390 Poliestireno (5,08cm) 630 Policarbonato (1,52mm) 528 Carpete de algodão padrão 465 Placa de gesso comum (1,27mm) 565 Cobertura asfáltica 378 Cobertura de fibra de vidro 445 Fonte: J.G. Quintiere, Principles of Fire Behavior 19 COMPORTAMENTO DO FOGO │ UNIDADE I Para exemplificar os pontos notáveis da combustão, imagine um experimento no qual um pedaço de madeira é colocado sobre uma chapa metálica que está sendo continuamente aquecida. A madeira irá se aquecer, a água nela contida (umidade) irá evaporar e, então, ela começará a desprender vapores inflamáveis, se ficarmos passando um Bico de Bunsen sobre a madeira, no momento em que ela atingir o seu ponto de fulgor haverá chama. Entretanto, ao se afastar o Bico de Bunsen, a chama na madeira se extinguirá. Continuando o experimento (aquecendo a madeira sobre a chapa metálica) esta situação de ignição e extinção da chama pela aproximação e afastamento do Bico de Bunsen se repetirá até a madeira atingir o ponto de combustão. Neste momento, a chama se manterá ao se afastar o Bico de Bunsen. Deve-se apagar a chama e continuar o experimento (aquecendo a madeira) só que agora sem a aproximação do Bico de Bunsen. Quando a madeira atingir o seu ponto de ignição, ela será tomada por chamas sem a necessidade de uma fonte de calor externa. Reação em cadeia Alguns autores acrescentaram mais um elemento ao triângulo do fogo, a reação química em cadeia, formando assim o tetraedro do fogo. Após iniciar a combustão, a queima dos combustíveis gera mais calor liberando mais gases ou vapores combustíveis, sendo que os átomos livres são os responsáveis pela liberação de toda a energia necessária para a reação em cadeia. A combustão é uma reação que se processa “em cadeia”, a qual após a partida inicial vai sendo mantida pelo calor produzido durante o processamento da própria reação. Quando as moléculas de carbono do combustível reagem com as moléculas de oxigênio, além de calor e outras substâncias, são produzidos produtos intermediários instáveis, principalmente radicais livres, prontos para se combinarem com outros elementos. Essa combinação origina novos radicais ou compostos estáveis que realimentam a combustão e garantem a sua continuidade. A estes radicais livres cabe a responsabilidade de transferir a energia necessária à transformação da energia química em calorífica, decompondo as moléculas ainda intactas e, desta vez, provocando a propagação do fogo numa verdadeira cadeia de reação. Produtos da combustão Quando duas substâncias reagem quimicamente entre si, se transformam em outras substâncias. Estes produtos finais resultantes da combustão dependerão do tipo do combustível queimado, mas normalmente são: gases, fuligem, cinzas, vapor d’água, calor e energia luminosa. Dependendo do combustível, poderemos ter vários outros produtos, inclusive tóxicos ou irritantes. A fumaça é um dos produtos da combustão, sendo o resultado de uma combustão incompleta, na qual pequenas partículas sólidas se tornam visíveis. A fumaça varia de cor conforme o tipo de combustão. A fumaça de cor branca indica que a combustão é mais completa com rápido consumo do combustível e boa quantidade de comburente. A fumaça de cor negra indica uma combustão que se desenvolve em altas temperaturas, porém com deficiência de comburente. A fumaça de cor amarela, roxo ou violeta indica a presença de gases altamente tóxicos. 20 UNIDADE I │ COMPORTAMENTO DO FOGO Na ocorrência de um incêndio, o maior risco à vida humana é a fumaça; esta produzida num incêndio pode ser irritante, asfixiante, extremamente tóxica, podendo ainda, dificultar a visibilidade, comprometendo o funcionamento normal do organismo e, em alguns casos, levando à morte em um espaço curto de tempo. Em um incêndio a grande maioria das vítimas fatais tem como causa de óbito os problemas provocados pela fumaça. Os gases são o resultado da modificação química do combustível, associado com o comburente. Os principais gases gerados na combustão são: (I) o monóxido de carbono (CO) que é um asfixiante químico, quando interage com a hemoglobina do sangue humano, por ser inodoro, é a principal causa de mortes em incêndios; (II) o dióxido de carbono (CO2) que é um asfixiante simples, causa a asfixia pelo deslocamento do oxigênio do ambiente; e (III) o acido cianídrico (HCN), que é venenoso, pode provocar a morte em baixas concentrações em poucos minutos. Vale ressaltar que a compartimentação horizontal e vertical dos ambientes de uma edificação, além de dificultar a propagação do fogo, dificulta também o fluxo de fumaça. A utilização de escadas de emergências protegidas, à prova de fumaça, de escadas pressurizadas,e o estudo do fluxo de fumaça nos edifícios ajudam a minimizar os riscos associados. 21 CAPÍTULO 3 Propagação do fogo, formas de extinção e classes de incêndio O incêndio se propaga em virtude da transmissão do calor que ele libera para outra parte do combustível ainda não incendiado, ou até mesmo para outro corpo combustível distante, também não incendiado. Este processo pode ocorrer sob três formas: (I) condução, (II) convecção e (III) irradiação. Na maioria das edificações há abundância de comburente (oxigênio) e de materiais combustíveis incorporados ao prédio, portanto, o início do fogo depende apenas da elevação de temperatura no local de forma a gerar uma fonte de calor. Desta forma, o estudo do controle da transmissão de calor nas edificações é fundamental para projetos de prevenção e combate a incêndios. Meios de propagação Condução A condução é a transferência de calor de um ponto para outro de forma contínua, feita de molécula a molécula sem que haja transporte da matéria de uma região para outra. É mais efetiva em materiais bons condutores de calor como os metais, e sua ação é lenta facilitando o combate. Figura 1. Propagação por condução Fonte: Manual básico de combate a incêndios. Segurança contra incêndio, módulo 5. 22 UNIDADE I │ COMPORTAMENTO DO FOGO Convecção A convecção é a transferência do calor de uma região para outra pelo transporte de matéria (ar ou fumaça). Esta transferência se processa em decorrência da diferença de densidade do ar (ar mais quente sempre sobe), que ocorre com a absorção ou perda de calor. É o processo mais efetivo em incêndios prediais, pelo qual o calor se propaga pelas galerias internas ou janelas e, portanto, o fluxo da fumaça deve ser analisado nas edificações para se propor formas eficazes de minimizar sua influência na propagação de incêndios no prédio. Figura 2. Propagação por convecção Fonte: Manual básico de combate a incêndios. Segurança contra incêndio, módulo 5. Irradiação A irradiação é a transferência do calor por meio de ondas eletromagnéticas, denominadas ondas caloríficas ou calor radiante. Neste processo não há necessidade de suporte material nem transporte de matéria. A irradiação passa por corpos transparentes como o vidro e fica bloqueada em corpos opacos como a parede. É pouco efetiva em pequenos incêndios, mas é crítica em grandes incêndios com a propagação do calor (e do incêndio) ocorrendo de um prédio para outro sem ligação física. Figura 3. Propagação por irradiação Fonte: Manual básico de combate a incêndios. Segurança contra incêndio, módulo 5. 23 COMPORTAMENTO DO FOGO │ UNIDADE I Formas de extinção Tomando-se o Triângulo do Fogo como base de análise, o fogo só existirá quando estiverem presentes os três elementos constituintes nas proporções definidas. Portanto, para se extinguir o fogo basta desfazer o Triângulo do Fogo, ou seja, deve se retirar uma de suas pontas: (I) combustível, (II) comburente ou (III) fonte de calor. A retirada do combustível ou isolamento A retirada do combustível é também conhecida como isolamento e geralmente é feita pela remoção dos materiais combustíveis (mobílias, papéis etc.) dos ambientes contíguos ao ambiente em chamas, para onde o incêndio terá uma tendência de se propagar. Dificilmente se retira materiais combustíveis do próprio ambiente em chamas pelo risco associado a esta ação. Retirada do calor ou resfriamento A retirada do calor (agente ígneo) é também conhecida como resfriamento e, na maioria dos casos, é realizada pela aspersão de jatos de água no foco do incêndio, reduzindo a temperatura dos materiais combustíveis para, se possível, que fiquem abaixo do seu ponto de fulgor. É o método mais utilizado, e a água é o agente mais utilizado em razão ter uma grande capacidade de absorção de calor. A retirada do comburente ou abafamento A retirada do comburente é também conhecida como abafamento e consiste, geralmente, na redução da concentração de oxigênio no local (como na extinção utilizando gás carbônico) ou na interposição de uma barreira que impeça o contato entre o combustível e o comburente. Classes de incêndio Existem basicamente quatro classes de incêndio: Classe A: Fogo em materiais combustíveis sólidos comuns, geralmente de natureza orgânica (como madeira, papel, tecidos e similares), de fácil combustão que queimam em superfície e profundidade e deixam resíduos fibrosos (cinzas), em que a extinção é feita principalmente por resfriamento. Classe B: Fogo em materiais que queimam apenas em superfície (líquidos inflamáveis, graxas, gases combustíveis e similares) e não deixam resíduos, o efeito do abafamento é essencial na sua extinção. 24 UNIDADE I │ COMPORTAMENTO DO FOGO Classe C Fogo que ocorre em equipamentos energizados. Entretanto desconectados da rede elétrica, podem se tornar classe A ou B. Sua extinção deve ser realizada por substâncias que não conduzam eletricidade. Classe D Fogo que ocorre em metais pirofóricos ou ligas metálicas (magnésio, titânio, alumínio e potássio) caracterizados pela queima em altas temperaturas e por necessitarem de agentes extintores especiais para a sua extinção. A água nesse caso não deve ser utilizada, pois reage com as ligas metálicas provocando explosões. 25 CAPÍTULO 4 Agentes extintores Agentes Extintores Existem vários agentes extintores, que atuam de maneira especifica sobre a combustão, extinguindo o incêndio por meio de um ou mais métodos de extinção já citados. Os agentes extintores mais utilizados nos sistemas de combate a incêndios prediais são aqueles que possuem menor custo aliado a um bom rendimento operacional. Água A água é considerada o agente extintor “universal”. Foi durante muito tempo o agente mais utilizado em função de sua eficiência em absorver uma grande capacidade de calor: Para cada mol de molécula de água, consegue-se absorver 40 kJ de calor da combustão. O seu baixo custo e as suas características de emprego, sob diversas formas, possibilitam a sua aplicação em diversas classes de incêndio. Como agente extintor, a água age principalmente por resfriamento, mas também é utilizada para atuar por abafamento. Vale ressaltar, que a água apresenta um resultado melhor na extinção quando aplicada sob a forma de jato chuveiro ou neblinado do que sob a forma de jato pleno, pois absorve calor numa velocidade muito maior, diminuindo consideravelmente a temperatura do incêndio, consequentemente, extinguindo-o. Quando se adiciona à água substâncias umectantes na proporção de 1% de Gardinol, Maprofix, Duponal, Lissapol ou Arestec, ela aumenta sua eficiência no combate a incêndios da Classe A. À água assim tratada, damos o nome de “água molhada”. A sua maior eficiência advém do fato de o agente umectante reduzir a sua tensão superficial, fazendo com que ela se espalhe mais e adquira maior poder de penetrabilidade, alcançando o interior dos corpos em combustão. O efeito de abafamento é obtido em decorrência da água, quando transformada de líquida para vapor, tem o seu volume aumentado cerca de 1700 vezes. Este grande volume de vapor, desloca, ao se formar, igual volume de ar que envolve o fogo em suas proximidades, portanto reduz o volume de comburente (oxigênio) necessário à manutenção da combustão. O efeito de emulsificação é obtido por meio de jato chuveiro ou neblinado de alta velocidade. Pode-se obter, por este método, a extinção de incêndios em líquidos inflamáveis viscosos, pois o efeito de resfriamento que a água proporcionará na superfície de tais líquidos, impedirá a liberação de seus vapores inflamáveis. 26 UNIDADE I │ COMPORTAMENTO DO FOGO A aplicação de vapor, normalmente, é utilizada quando o combate ocorre sobre umequipamento que já trabalha superaquecido, evitando desta forma choque térmico sobre o equipamento. É importante frisar que a água apresenta excelente resultado no combate a incêndios da Classe A, podendo ser usada também na Classe B com restrições, mas não podendo ser utilizada na Classe C, pois conduz corrente elétrica, nem na Classe D, pois pode gerar explosões. Gás carbônico (CO2) É um gás incombustível, inodoro, incolor, mais pesado que o ar. Apesar de não ser tóxico é um asfixiante simples, deslocando o oxigênio do ambiente. O CO2 extingue o fogo por abafamento, não conduzindo corrente elétrica, nem sujando o ambiente em que é utilizado. Entretanto, ele se dissipa rapidamente quando aplicado em locais abertos. O CO2 apresenta melhores resultados no combate a incêndios das Classes B e C. Na extinção de fogo da Classe A é pouco efetivo, pois extingue a chama na superfície, mas não extingue o fogo em profundidade, resfriando o combustível e, quando o CO2 se dissipar, ocorre uma reignição. Pó químico seco (PQS) O PQS é um grupo de agentes extintores de finíssimas partículas sólidas, que tem como características não serem tóxicos e não conduzirem corrente elétrica. O PQS atua por abafamento, pela quebra da reação em cadeia e resfriamento. Os PQS são classificados conforme a sua correspondência com as classes de incêndios, de acordo as seguintes categorias: » Pó ABC – composto à base de momofosfato de amônio, sendo chamado de polivalente, pois atua nas classes A, B e C. » Pó BC – à base de bicarbonato de sódio ou de potássio, indicados para incêndios classes B e C; Espuma A espuma é uma solução aquosa de baixa densidade e de forma contínua, constituída por um aglomerado de bolhas de ar ou de um gás inerte. Existem dois tipos clássicos de espuma: (I) espuma química e (II) espuma mecânica. A espuma química é resultante de uma reação química entre uma solução composta por água, bicarbonato de sódio e sulfato de alumínio. A espuma mecânica é formada por uma mistura de água com uma pequena porcentagem de concentrado gerador de espuma e entrada forçada de ar. Essa mistura, ao ser submetida a uma turbulência, produz um grande aumento de volume da solução (de 10 a 100 vezes) formando a espuma. 27 COMPORTAMENTO DO FOGO │ UNIDADE I Como agente extintor, a espuma age principalmente por abafamento, tendo uma ação secundária de resfriamento, em face da existência da água na sua composição. Existem vários tipos de espuma que atendem a tipos diferentes de combustíveis em chamas. Alguns tipos especiais podem atender uma grande variedade de combustíveis. A Espuma apresenta excelente resultado no combate a incêndios das Classes A e B, não podendo ser utilizado na Classe C, pois conduz corrente elétrica, e na Classe D, pelo risco associado de explosão. Outros agentes extintores Há, ainda, outros agentes extintores utilizados em sistemas especiais, como o gás halon. Este gás é um composto químico utilizado em sistemas de supressão de incêndio. Diversos tipos de halon foram desenvolvidos desde que este produto foi inventado. Muitos eram perigosos ou mortais para os humanos. Desde o final do século 20, dois tipos de seguros de halon substituíram versões anteriores. Estes incluem o tipo liquefeito 1211 e tipo de gás halon 1301. Outro exemplo é o gás FM-200. É tido como “o mais eficiente substituto do Halon 1301”. O FM-200 suprime o fogo em até 10 segundos, impedindo a reação química que nele ocorre. O Agente Extintor FM-200 é considerado o melhor agente limpo do mundo, porque ao contrário de outros, ele não deixa nenhum resíduo oleoso, partículas, água ou materiais corrosivos e não causa danos colaterais a bens de grande valor, produtos eletrônicos frágeis ou qualquer coisa que tenha que ser protegida, além de não degradar o meio ambiente e, em especial a Camada de ozônio. Causas de incêndios Os incêndios em sua maior parte são causados pelo denominado comportamento de risco, que pode ser definido como um conjunto de atos cometidos pelo ser humano (imprudência, imperícia ou negligência), os quais desencadeiam a ocorrência de um incêndio. Pode se separar as causas de incêndios em: (I) naturais e (II) artificiais, sendo estas subdivididas em acidentais ou propositais. Considera-se que um incêndio teve causas naturais quando ele é originado em razão dos fenômenos da natureza, que agem independentemente da vontade humana. Considera-se que um incêndio teve causas artificiais quando o incêndio irrompe pela ação direta do homem, ou poderia ser por ele evitado tomando-se as devidas medidas de precaução. A causa pode ser considerada acidental quando o incêndio é proveniente do descuido do homem, muito embora ele não tenha intenção de provocar o acidente. Esta é a causa da maioria dos incêndios. São considerados propositais quando o incêndio tem origem criminosa, ou seja, houve a intenção de alguém em provocá-lo. 28 UNIDADE I │ COMPORTAMENTO DO FOGO As estatísticas periciais comprovam essa afirmação, cerca de 60% dos incêndios são causados por ação pessoal, seja intencional ou acidental, em segundo lugar vêm os fenômenos elétricos, responsáveis por 15% das causas. Se considerarmos que os fenômenos elétricos em sua maioria são causados por instalações improvisadas ou pela sua falta de manutenção, e que estes dois fatores podem ser enquadrados como responsabilidade humana direta, pode-se chegar a conclusão que cerca de 70% dos incêndios urbanos são causados por ação pessoal, intencional ou não. 29 UNIDADE IIPROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO CAPÍTULO 1 Sistema de proteção contra incêndio – SPCI A definição de segurança contra incêndio ultrapassa o conceito de instalação predial. Não trata apenas de um projeto de instalação contra incêndio, essa segurança inicia-se no planejamento urbanístico de uma cidade. O poder público deve atentar a aspectos importantes ao planejar novos bairros ou mesmo cidades, como: Localização de Unidades de Bombeiros Esta previsão faz com que o tempo de resposta do socorro realizado pelo Corpo de Bombeiros seja pequeno, consequentemente, aumento da probabilidade de que bens sejam preservados e vidas não sejam ceifadas. Afastamento de edificações Como vimos anteriormente, as formas de propagação do calor permitem que incêndios em edificações sejam propagados. Acessos às viaturas do CBMDF As alturas de viadutos e túneis devem ser observadas, bem como locais de grande aglomeração de veículos, pois prejudicam o acesso das viaturas dos Corpos de Bombeiros, principalmente as de grande porte. Hidrantes urbanos1 O planejamento e a instalação destes hidrantes concomitantemente ao crescimento das cidades são fundamentais para as operações de combate a incêndios pelos Corpos de Bombeiros. 1 O hidrante urbano de incêndio é definido como um aparelho de ferro fundido, instalado na rede pública de água pela concessionária de água da cidade, com o objetivo de abastecer as viaturas do Corpo de Bombeiros Militares para o combate a incêndios e outras operações. 30 UNIDADE II │ PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO Gabarito da região A preocupação de elaborar normas de gabarito é importante. Por exemplo, permitir que depósitos de GLP estejam sendo comercializados próximos a grandes centros proporciona um potencial risco. Após dado a devida atenção ao planejamento urbanístico, deparamos com a necessidade dos arquitetos atentarem para o fato de que seus projetos devem ser elaborados com a ótica da segurança contra incêndio. Apesar de que os parâmetros de dimensionamento de saídas de emergência, reserva técnica de incêndio e locação de centrais de gás liquefeito de petróleo estão presentes nos projetos de instalações contra incêndio, é fundamental que seja projetado na arquitetura de acordo com alegislação estadual contra incêndio. É sabido que edificações são erguidas em tempo recorde. Para tanto, o documento para início das obras denomina-se alvará de construção e possui como condição para sua emissão a aprovação da arquitetura. O problema é que os profissionais que compõem as áreas técnicas dentro do poder público municipal ou estadual, por falta de conhecimento, acabam não observando a legislação contra incêndio e aprovam a arquitetura sem observar os parâmetros de largura de escadas, altura de degrau, dentre outros, capacidade do reservatório para comportar a reserva técnica de incêndio e a locação da central de GLP quanto aos parâmetros mínimos de afastamento de edificações e limites do lote. Uma vez a edificação pronta, com alvará de construção emitido e não observados os parâmetros citados, teremos um impasse legal, pois se a edificação não estiver em conformidade com a legislação, a edificação não irá obter o laudo de vistoria para obter a documentação necessária para a carta de habite-se. Para sanar este impasse o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, realiza a análise prévia do projeto de arquitetura nos parâmetros acima mencionados, propiciando a diminuição de óbices à sua regularização. Um sistema predial de proteção contra incêndio é um conjunto de instalações que, funcionando adequadamente, garante a proteção contra incêndio das pessoas e da edificação para a qual foi projetada. Os componentes do Sistema predial de Proteção Contra Incêndios têm como principais objetivos: » dificultar a ocorrência do princípio de incêndio; » dificultar a ocorrência da inflamação generalizada no ambiente de origem do incêndio (uma vez que ocorreu o princípio de incêndio); » facilitar a extinção do incêndio antes da ocorrência da inflamação generalizada no ambiente de origem do incêndio; » dificultar a propagação do incêndio para outros ambientes do edifício (uma vez que ocorreu a inflamação generalizada no ambiente de origem do incêndio); 31 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO │ UNIDADE II » facilitar a fuga dos usuários; » dificultar a propagação do incêndio para outros edifícios; » não sofrer a ruína parcial ou total; » facilitar as operações de combate ao incêndio e de resgate de vítimas. Os tipos de sistemas necessários para que se possa garantir uma proteção mínima para as pessoas e a edificação dependem basicamente de algumas características da própria edificação, tais como: (I) tipo de público que a frequenta (população fixa e flutuante, pessoas portadoras de necessidades especiais); (II) características do material de construção utilizado (madeira, concreto armado, aço); (III) dimensões (altura, área em planta, número de pavimentos); (IV) tipo de atividade desenvolvida no local (teatro, cinema, escola, residência); (V) características arquitetônicas peculiares (dimensões do pé direito, recuo de fachadas, prédios com fachadas de vidro); (VI) facilidade de acesso ao Corpo de Bombeiros em caso de sinistro; (VII) importância da edificação e riscos decorrentes da interrupção de suas atividades (centrais de fornecimento de energia, centrais telefônicas etc.); (VIII) área construída; (IX) além de outras características que devem ser consideradas para que possamos projetar um sistema de proteção eficiente. Importante ressaltar que cada estado brasileiro possui autonomia, por meio dos poderes Executivos e Legislativos estaduais e, óbvio, pelos seus Corpo de Bombeiros Militares, para elaborar, propor e aprovar sua legislação contra incêndio, devendo os responsáveis técnicos pelos projetos as consultarem para identificarem quais sistemas são exigidos. A concepção e o dimensionamento de cada componente deste sistema devem ser feitos de forma integrada para que eles atinjam a maior eficácia no momento da utilização. O dimensionamento de sistemas realizado de forma estanque, separado dos demais, pode inclusive gerar problemas operacionais no seu funcionamento ou durante a ação de evacuação do prédio. De que adianta um sistema bem projetado e instalado de extintores portáteis de incêndio em um prédio no qual ninguém sabe utilizá-los? Os extintores terão sido somente um custo para a implantação do empreendimento, pois terão perdido sua função, que é a extinção de princípios de incêndio. De que adianta projetar e instalar um sistema de chuveiros automáticos, onde o custo é muito alto, mas não é manutenido, tornando-o inoperante quando necessário! Para o correto dimensionamento dos sistemas de proteção contra incêndio no Brasil existe, nessa área, uma grande diversidade de normas e regulamentações, muitas inclusive conflitantes. Portanto, o projetista deve seguir as regulamentações locais de cada município/estado da federação e, na ausência destas, as normas da ABNT. Nas instalações especiais, em que não existir uma norma nacional relacionada ao tema (somente neste caso!) pode-se adotar uma norma estrangeira, como (I) a NFC (National Fire Code) da NFPA (National Fire Protection Association, dos Estados Unidos da América) (II) a BS (Inglaterra) e (III) a JIS (Japão) ou quaisquer outras, desde que aceita pelo Corpo de Bombeiros. 32 UNIDADE II │ PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO Medidas de proteção Uma forma de se estudar as medidas de proteção contra incêndio é dividindo-as em duas categorias: as medidas de proteção passivas e as medidas de proteção ativas. As medidas de proteção passiva são aquelas que estão incorporadas ao prédio e que reagem passivamente ao desenvolvimento do incêndio, dificultando seu crescimento e a sua propagação. Outro objetivo destas medidas de proteção passivas nas edificações é garantir a estabilidade da edificação e facilitar a fuga dos usuários e as ações de combate. Alguns exemplos de medidas de proteção passivas são: (I) o controle da quantidade de material combustível presente no ambiente, (II) a compartimentação horizontal, na tentativa de isolamento dos ambientes contíguos em um mesmo pavimento, (III) a compartimentação vertical na tentativa de isolamento dos ambientes contíguos em diferentes pavimentos, (IV) as características frente ao fogo (pontos de combustão) dos materiais de construção incorporados no prédio e, também, das mobílias, (V) o dimensionamento adequado de rotas de fuga, saídas de emergência e acesso para combate, (VI) o distanciamento seguro entre edifícios (VII) o controle de fumaça, (VIII) sistemas de detecção e alarme, (IX) sistemas de iluminação e (X) sistemas de sinalização de emergência. Também podem ser consideradas medidas de proteção passivas o dimensionamento e instalação de Sistemas de Proteção Contra Descargas Atmosféricas – SPDA e das Instalações Prediais de Gás Liquefeito de Petróleo – GLP. As medidas de proteção ativas são aquelas acionadas somente na ocorrência do incêndio em resposta a estímulos provocados pelo fogo. Alguns exemplos de medidas de proteção ativas são o dimensionamento de: (I) sistemas de extintores de incêndio, (II) sistemas de hidrantes, (III) sistemas de chuveiros automáticos (sprinklers), (IV) sistemas especiais de extinção por meio de sistema fixo de espuma, gás carbônico, pós-especiais para extinção de incêndios, água nebulizada e gases especiais (FM 200, Inergen, halon e outros). As medidas de proteção ativas devem compor o projeto de instalações prediais, e devem ser consideradas na execução do projeto arquitetônico, já que interferem na distribuição de espaços, na fachada e na circulação horizontal e vertical. Elaboração dos projetos Os critérios para a elaboração dos projetos serão detalhados nas próximas unidades. Entretanto, pode se definir algumas regras básicas para a elaboração de um projeto de proteção contra incêndio que, se obedecidas, podem reduzir consideravelmente o riscode erros no projeto e minimizam os custos: » Conhecimento na prática do funcionamento dos sistemas. » Pesquisas bibliográficas sobre os sistemas a serem projetados. » Levantamento das normas técnicas vigentes e análise destas. » Levantamento das legislações existentes no local onde vai ser executado o projeto. 33 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO │ UNIDADE II » Contato com os fabricantes para atualização em relação aos equipamentos existentes no mercado e novos lançamentos. » Consulta ao Corpo de Bombeiros local para uma análise do anteprojeto e devidas adequações. E » Análise final dos sistemas projetados para averiguar a eficiência do conjunto. Nos próximas Unidades estaremos abordando alguns dos principais sistemas que compõem as proteções passiva e ativa, devendo os que não forem abordados, serem alvo de estudo posterior pelos usuários deste manual. 34 UNIDADE IIISISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 1 CAPÍTULO 1 Sistema de proteção por extintores de incêndio Figura 4. Extintores Figura disponível em: <http://arkextintores.blogspot.com.br/>. Acessado em: 01 fev. 2013. Conceituação O dimensionamento de extintores de incêndio em edificações justifica-se pela necessidade de combater o incêndio em seu início e pelo fato de que a grande maioria dos incêndios tem origem a partir de pequenos focos. Desta forma, se faz necessário dispor destes equipamentos de combate a incêndios para que os usuários do edifício possam utilizá-los ainda na fase inicial. Seu correto manuseio pode ser plenamente eficiente após um treinamento básico. É importante ressaltar que os procedimentos para seu uso não devem consumir um tempo significativo, para que sua utilização não se inviabilize em função do crescimento do incêndio. 35 SISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 1 │ UNIDADE III Definições Área protegida Área medida em metros quadrados de piso, protegida por uma unidade extintora, em função do risco. Agente extintor Substância utilizada para a extinção de fogo. Carga Quantidade de agente extintor contida em um extintor de incêndio, medida em massa (kg) ou volume (l). Capacidade extintora Medida do poder de extinção de fogo de um extintor, obtida em ensaio prático normalizado. Distância máxima a ser percorrida: Distância em metros, a ser percorrida por um operador, do ponto de fixação do extintor ao ponto mais distante da área protegida por este. Extintor de incêndio Aparelho de acionamento manual, constituído de recipiente e acessório, contendo o agente extintor destinado a combater princípios de incêndio. Extintor portátil Extintor que possui massa total (carga, recipiente e acessórios) de no máximo de 25 (vinte e cinco) Kg. Extintor sobre rodas Extintor montado sobre rodas que possua massa total (carga, recipiente e acessórios) acima de 25 (vinte e cinco)Kg. Sinalização Marcação de piso, parede, coluna e/ou teto destinada a indicar a presença de um extintor. 36 UNIDADE III │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 1 Unidade extintora Extintor que atenda a capacidade extintora mínima prevista na NBR 12693, em função do risco e da natureza do fogo. Classificação dos extintores Como vimos na Unidade I, o fogo ou a combustão dos materiais corresponde a uma reação de oxirredução exotérmica, acompanhada de chamas ou incandescência, que se desenvolve independentemente da causa que a provocou, em que o agente oxidante é o oxigênio do ar ou o O2 liberado, progressivamente, por decomposição química da própria substância que sofre a combustão. Os quatro componentes da combustão são: oxigênio, combustível, calor e reação em cadeia. A ausência de quaisquer destes quatro elementos, a combustão não poderá se desenvolver, consequentemente, sua extinção. Em razão disto, definimos os quatro princípios de extinção do fogo: » Abafamento – substituindo o oxigênio por gás inerte ou impedindo o acesso do oxigênio. » Resfriamento – resfriando o combustível de modo a inibir a liberação de vapor e gases inflamáveis. » Isolamento – removendo ou diluindo o combustível. » Quebra de reação – inibindo a reação em cadeia. De acordo com o método de expulsão do agente extintor (ver no quadro 3.), os aparelhos podem ser classificados como: » De autogeração: quando a pressão necessária à expulsão do agente é provida pela reação química do próprio agente extintor. » De autoexpulsão: quando o agente extintor é mantido no recipiente do extintor na forma de gás liquefeito. » De pressurização direta: quando o agente extintor é mantido sob pressão, no recipiente, com uso de nitrogênio, gás carbônico ou ar comprimido, que se constitui em agente propelente. » De pressurização indireta: quando o agente propelente é mantido em uma ampola separada e só ingressa no recipiente no qual está o agente extintor para o combate ao fogo. 37 SISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 1 │ UNIDADE III Quadro 3. Classificação dos extintores segundo o agente extintor, princípio de extinção e sistema de expulsão Princípio de extinção Sistema de expulsão Auto geração Auto expulsão Pressurização indireta Pressurização direta Água Resfriamento X X Espuma química Abafamento Resfriamento X Espuma mecânica Abafamento Resfriamento X X Pó químico B/C Reação química X X Pó químico A/B/C Reação química, abafamento para fogo classe A X X Pó químico D Reação química Abafamento Resfriamento X CO2 Abafamento Resfriamento X X Fonte: NBR 12693 Classificação dos fogos A natureza do fogo, em função do material combustível, está compreendida numa das quatro classes: Fogo classe A – fogo envolvendo materiais combustíveis sólidos, tais como madeira, tecidos, papéis, borrachas, plásticos termoestáveis e outras fibras orgânicas que queimam em superfície e profundidade, deixando resíduos. Fogo classe B – fogo envolvendo líquidos e/ou gases inflamáveis ou combustíveis, plásticos e graxas que se liquefazem por ação do calor e queimam somente em superfície. Fogo classe C – fogo envolvendo equipamentos e instalações elétricas energizadas. Fogo classe D – fogo em metais combustíveis, tais como magnésio, titânio, zircônio, sódio, potássio e lítio. Seleção do agente extintor Após visto os tipos de agentes extintores e as classes de fogo, podemos relacioná-los conforme o quadro seguinte: 38 UNIDADE III │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 1 Quadro 4. Seleção do agente extintor segundo a classificação do fogo Classe de fogo Agente extintor Água Espuma química* Espuma mecânica CO2 Pó B/C Pó A/B/C A (A) (A) (A) (NR) (NR) (A) B (P) (A) (A) (A) (A) (A) C (P) (P) (P) (A) (A) (A) D Deve ser verificada a compatibilidade entre o metal combustível e o agente extintor. Nota: (A) Adequado à classe de fogo. (NR) Não recomendado à classe de fogo. (P) Proibido à classe de fogo. Fonte: NBR 12693 O quadro abaixo classifica os extintores segundo o agente extintor, carga nominal e capacidade extintora equivalente: Quadro 5. Classificação dos extintores segundo o agente extintor, carga nominal e capacidade extintora equivalente: Agente extintor Extintor portátil Extintor sobre rodas Carga Capacidade extintora equiv. Carga Capacidade extintora equiv. Água 10 L 2A 75 L 150 L 10A 20A Espuma química 10 L 20 L 2A:2B 2A:5B 75 L 150 L 6 A / 10 B 10 A / 20 B Espuma mecânica 9 L 2A:20B CO2 4 Kg 6Kg 2B 2B 10 Kg 25 Kg 30 Kg 50 Kg 5B 10B 10B 10B PQS (bicarbonato de sódio) 1 Kg 2 Kg 4 Kg 6 Kg 8 Kg 12 Kg 2B 2B 10B 10B 10B 20B 20 Kg 50 Kg 100 Kg 20B 30B 40B Hidrocarbonetos halogenados 1 Kg 2 Kg 2,5 Kg 4 Kg 2B 5B 10B 10BFonte: NBR 12693 39 SISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 1 │ UNIDADE III Condições de projeto Segundo a NBR 12693/1993 - Sistemas de proteção por extintores de incêndio - da ABNT, os extintores de incêndio são divididos em duas categorias: » Tipo 1 - Sistema de extintores portáteis. » Tipo 2 - Sistema de extintores sobre rodas. No mínimo 50% do número total de unidades extintoras exigidas para cada risco deve ser constituído por extintores portáteis. Quando utilizados extintores sobre rodas deve-se observar: » Não se admite a possibilidade de um extintor sobre rodas proteger locais situados em pavimentos diferentes. » Só são admitidos extintores sobre rodas nos cálculos das unidades extintoras, quando estes tiverem livre acesso a qualquer parte da área protegida, sem impedimentos de portas, soleiras, degraus no piso, materiais e equipamentos. Recomenda-se o uso de sistemas de proteção do tipo 2 de instalação para as seguintes atividades: » Instalações de produção e manipulação, armazenamento e distribuição de derivados de petróleo e/ou solventes polares. » Riscos de classe C, como motores elétricos, transformadores refrigerados a óleo e acessórios elétricos. Os extintores podem, a critério do projetista, ser locados interna ou externamente à área de risco a proteger. Para a instalação dos extintores portáteis devem ser observadas as seguintes exigências: » Quando forem fixados em paredes ou colunas, os suportes devem resistir a três vezes a massa total do extintor. » A posição da alça de manuseio não deve exceder 1,60m do piso acabado. » A parte inferior deve guardar distância de no mínimo 0,20m do piso acabado. » Os extintores não devem ficar em contato direto com o piso. » Haja a menor probabilidade de o fogo bloquear seu acesso. » Seja visível, para que todas as pessoas fiquem familiarizadas com a sua localização. » Permaneça protegido contra intempéries e danos físicos em potencial. 40 UNIDADE III │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 1 » Não fique obstruído por pilhas de mercadorias, matérias-primas ou qualquer outro material. » Esteja junto ao acesso dos riscos. » Sua remoção não seja dificultada por suporte, base ou abrigo. » Não fique instalado em escadas. » Nos riscos constituídos por armazéns ou depósitos em que não haja processos de trabalho, a não serem operações de carga e descarga, é permitida a colocação dos extintores em grupos e próximos às portas de entrada e/ou saída. Critérios para dimensionamento O sistema de proteção por extintores deve ser dimensionado considerando-se: » Classe ocupacional de risco. » Área de proteção. » Distância máxima a ser percorrida. » Natureza do fogo a ser extinto. » Agente extintor a ser utilizado. » Capacidade extintora. Para fogo classe A A capacidade extintora mínima dos extintores de incêndio e as distâncias máximas a percorrer, para as classes de riscos isolados, são previstas no quadro 6. A capacidade extintora mínima é a de um só extintor ou a soma das capacidades extintoras de vários extintores, respeitando-se o mínimo estabelecido no quadro 4, por tipo de risco. Os requisitos de proteção podem ser satisfeitos com extintores de capacidade maior, contanto que a distância a percorrer não seja superior a 20m. Quadro 6. Determinação da unidade extintora, área e distância a percorrer para fogo classe A Risco pequeno Risco médio Risco grande Unidade extintora 2A 2A 2A Área máxima protegida pela capacidade extintora de 1A 270 m2 135 m2 90 m2 Área máxima protegida por extintor 800 m2 800 m2 800 m2 Distância máxima a percorrer até o extintor 20m 20m 20m Fonte: NBR 12693 41 SISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 1 │ UNIDADE III A área que pode ser protegida por um extintor, para determinada classe A, é apresentada no quadro 7. Quadro 7. Área máxima a ser protegida por extintor em m2 Extintores de classe A Risco pequeno Risco médio Risco grande 2A 540 270 - 3A 800 405 - 4A 800 540 360 6A 800 800 540 10A 800 800 800 20A 800 800 800 30A 800 800 800 40A 800 800 800 Fonte: NBR 12693 Para fogo classe B Os riscos de incêndio classe B dividem-se em duas categorias: líquidos com profundidade até 6mm O fogo envolve líquidos inflamáveis em profundidade não apreciável, tais como derramamento de combustíveis em superfícies abertas, vapores liberados de recipientes ou tubulação e fogo se alastrando, originado de recipiente quebrado. » A unidade extintora mínima dos extintores e as distâncias máximas a percorrer são as previstas no quadro 8. » Extintores com capacidade extintora inferior às designadas para risco pequeno podem ser utilizados, mas não devem ser considerados para atender aos requisitos do quadro 8. Quadro 8. Determinação da unidade extintora e distância a percorrer para fogo classe B Tipo de risco Unidade extintora Distância máxima a percorrer (m) Pequeno 10B 10 20B 15 Médio 20B 10 40B 15 Grande 40B 10 80B 15 Fonte: NBR 12693 42 UNIDADE III │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 1 Líquidos inflamáveis com profundidade superior a 6mm Esta categoria envolve fogo em líquidos inflamáveis em profundidades apreciáveis, considerados como riscos pontuais, tais como tanques com superfícies abertas geralmente encontrados em indústrias e oficinas. » Para esta categoria, deve ser considerada a proporção de 20B para cada metro quadrado de superfície de líquido inflamável. » A distância máxima a percorrer não deve exceder a 15m. » Extintores de espuma mecânica podem ser considerados na proporção de 10B de capacidade extintora para cada metro quadrado de área de risco pontual. » As unidades extintoras devem ser correspondentes a um só extintor, não podendo fazer combinações de dois ou mais extintores, a exceção dos extintores de espuma mecânica. » Mesmo que determinado risco de incêndio classe B esteja protegido por sistemas fixos de extinção, é desejável que existam extintores portáteis disponíveis, pois um tanque queimado pode resultar em derramamento de líquido em chamas fora do alcance dos equipamentos fixos, um incêndio pode começar primeiramente, nas adjacências do tanque. Para fogo classe C Os extintores necessários à classe C devem utilizar agentes extintores não condutores de eletricidade, para proteger os operadores em situações nas quais são encontrados equipamentos energizados. Os extintores para fogo classe C devem ser selecionados segundo: » As dimensões do equipamento elétrico. » A configuração do equipamento, particularmente a carcaça. » O efetivo alcance do fluxo do agente extintor. » A soma dos materiais que resultem em fogos de classe A e/ou B. Quando a energia de um equipamento elétrico estiver desligada, o fogo a ser extinto adquire as características de classe A e/ou B. 43 SISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 1 │ UNIDADE III Para fogo classe D A determinação do tipo e quantidade de agente extintor deve ser baseada no material combustível específico, sua configuração, área a ser protegida e nas recomendações do fabricante do agente extintor. A distância máxima a ser percorrida para a classe D é de 20m. Condições gerais Aspectos a serem observados para instalação do sistema: » Quando houver diversificação de risco numa mesma edificação, os extintores serão distribuídos de modo a se adequarem à natureza do risco existente dentro da área protegida. » Quando a edificação possuir riscos especiais tais como: casas de caldeiras, casas de força elétrica, casas de bomba, queimadores, casas de máquinas, central de GLP, galerias de transmissão; e similares, estes devem ser protegidos por unidades extintoras extras, independentemente da proteção geral da edificação. » Para utilização de extintoressobre rodas, os ambientes a serem protegidos por estes deverão estar no mesmo nível e livres de barreiras como portas estreitas, degraus e soleiras ou qualquer outra que dificulte ou impeça seu acesso. Para o dimensionamento do sistema de extintores é necessário identificar a classificação de risco da edificação. Para tanto, deverá ser consultado a legislação contra incêndio de cada estado da federação. 44 CAPÍTULO 2 Sistema de proteção por hidrantes Conceituação Os sistemas de hidrantes são medidas de proteção contra incêndio, acionados manualmente e instalados nos edifícios para serem utilizados pelas equipes dos Corpos de Bombeiros e pelos próprios ocupantes em situações de emergência. São destinados a princípios de incêndio e dimensionados para descarregar uma quantidade de água sobre pressão adequada ao risco que visam proteger os bens materiais contidos na área em que estão instalados e as vidas humanas, uma vez que, controlam o incêndio em seu estágio inicial, evitando que se desenvolva e comprometa a segurança dos ocupantes de todo edifício. São indispensáveis mesmo nos locais equipados com sistemas automáticos de extinção de incêndio, como por exemplo: sistemas de chuveiros automáticos (sprinklers), pois servirão como meios auxiliares ou complementares na extinção de incêndios. Sua exigência nas edificações estará contida nas legislações contra incêndio dos estados. Figura 5. Propagação por condução Fonte: Manual básico de combate a incêndios. Segurança contra incêndio, módulo 5. 45 SISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 1 │ UNIDADE III Definições Abrigo Local destinado ao acondicionamento da mangueira de incêndio e do requinte para que eles fiquem protegidos contra intempéries e danos mecânicos e em condições de serem utilizados. Bomba de pressurização Equipamento destinado a fornecer ao sistema de hidrantes de parede a pressão necessária para o combate ao incêndio. Hidrante de parede Dispositivo pertencente à própria edificação, com características específicas descritas em norma, que permite o fácil engate de uma mangueira de incêndio, fornecendo água para realização de um combate a incêndio. Hidrante de recalque Dispositivo localizado externamente à edificação e que tem por finalidade permitir a pressurização do sistema de hidrantes. Linha de mangueira Conjunto de lances de mangueiras devidamente unido por engate do tipo storz. Lance de mangueira Comprimento de uma mangueira de incêndio sem interrupção. Mangueira de incêndio Mangueiras destinadas a combater incêndios que obedecem às especificações prescritas na NBR 11861. Manômetro Aparelho destinado a medir a pressão estática. Pressostato Aparelho destinado ao acionamento automático das bombas de pressurização por intermédio da calibragem da pressão. 46 UNIDADE III │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 1 Registro de gaveta Conexão destinada ao fechamento do fluxo de água aos hidrantes de parede. Registro globo Conexão que compõe o hidrante de parede e o hidrante de recalque e, cuja finalidade é prover as mangueiras de incêndio de água e admitir o recalque das viaturas dos Corpos de Bombeiros respectivamente. Reserva técnica de incêndio (RTI) Volume de água destinado exclusivamente à utilização em caso de incêndio. Esguicho Dispositivo colocado na extremidade da mangueira de incêndio que tem por função esguichar água para o combate a incêndio. Tanque de pressão Aparelho destinado a manter a rede de hidrantes sempre pressurizada. Válvula de fluxo Aparelho destinado ao acionamento automático das bombas de pressurização por intermédio da detecção do fluxo de água. Válvula de retenção Conexão destinada a reter o fluxo de água. Reservatórios O manancial de abastecimento do sistema de proteção por hidrante deverá ser de preferência o reservatório superior da edificação, construído em concreto armado, a fim de que em caso da inoperância das bombas de pressurização, a edificação terá pelo menos água por gravidade. O reservatório inferior da edificação poderá ser utilizado como manancial do sistema, desde que as bombas estejam abaixo do nível do reservatório ou possuam bombas autoescorvantes. A reserva técnica de incêndio deverá obedecer ao volume mínimo de água estabelecido nas legislações contra incêndio. 47 SISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 1 │ UNIDADE III Quando utilizado para abastecimento do sistema de proteção por hidrantes de parede o mesmo reservatório destinado ao consumo normal da edificação, a reserva técnica de incêndio deverá ser assegurada mediante diferença de nível entre a saída da canalização de incêndio, que sairá pelo fundo do reservatório, e a canalização de distribuição geral (água fria), que sairá obrigatoriamente pela lateral do reservatório. Pressurização Cada legislação estadual exige uma pressão mínima no requinte e vazões conforme o risco ou classificação. O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, por exemplo, exige uma pressão mínima no requinte de 10 mca (1Kgf/cm2) e a máxima de 40 mca (4Kgf/cm2). Estas informações são necessárias para o cálculo hidráulico, e consequentemente, o dimensionamento das bombas de pressurização. Importante ressaltar que o uso de bombas de pressurização não é obrigatório, entretanto, o não uso delas faz necessário que os reservatórios estejam a uma altura suficiente a fim de compensar as perdas nas tubulações, mangueiras, esguichos e ainda fornecer a pressão vazões mínimas no requinte. No caso de reservatórios elevados e uso de bombas de incêndio, deve ser feita derivação (by-pass) na rede hidráulica de incêndio de modo a garantir o funcionamento do sistema de hidrantes por gravidade também. As bombas de pressurização da rede deverão possuir acionamento automático com o intuito de manter a pressão constante e permanente na rede. Deverão também possuir sistema de acionamento manual. A automação deve, no caso de falha ou sobrecarga da bomba principal, acionar a bomba reserva. Em alguns estados é utilizado botoeiras próximas aos hidrantes como acionamento das bombas. Figura 6. Propagação por condução Fonte: Manual básico de combate a incêndios. Segurança contra incêndio, módulo 5. 48 UNIDADE III │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO – PARTE 1 As bombas elétricas terão instalação independente da rede elétrica geral, de forma a assegurar que elas não serão desenergizadas no caso de desligamento da energia da edificação. Figura 7. Esquema de ligação das bombas independente do consumo predial Fonte: Manual básico de combate a incêndios. Segurança contra incêndio, módulo 5 Bomba Jockey A pressão da rede, necessária à automação, pode ser mantida por uma bomba auxiliar de pressurização, denominada bomba Jockey, esta bomba liga e desliga automaticamente para recuperar a pressão da rede quando houver pequenas quedas de pressão nela devido a vazamentos ou variações atmosféricas, evitando o funcionamento da bomba principal. As bombas Jockeys têm pequena vazão e pressão acima do normal de trabalho da rede. Logo na abertura de um hidrante ela não conseguirá repor a pressão devido a sua pequena vazão, e a pressão continuará caindo até o ponto previsto para o funcionamento da bomba de incêndio. Para comandar a automação da partida das bombas e paragem da Jockey, utilizam-se pressostatos regulados a pressões diferentes, inclusive para a bomba diesel que deve ser regulada para a faixa mais baixa quando configurar falta de energia que não acionou a bomba elétrica. A obrigatoriedade de sua instalação irá depender da legislação pertinente. Canalização As canalizações, conexões e registros utilizados no sistema de hidrantes devem ser de ferro fundido, ferro galvanizado, aço galvanizado ou cobre, resistentes às pressões internas e esforços. Quando se
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