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O Plano de Metas e a Industrialização no Pós-Guerra

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Aula 3 (1946-1960)
O pós-guerra e a nova fase de industrialização: o Plano de Metas
1. O Governo Dutra
1.1 Cenário internacional
As instituições criadas a partir de Bretton Woods, o FMI, o BIRD e o GATT, previam a adoção de políticas liberais em relação ao comércio exterior e ao movimento internacional de capitais, mas após a guerra, só os Estados Unidos podiam fornecer ao mundo os bens de consumo e os equipamentos de que este necessitava, de forma que um comércio internacional sem restrições dificultaria a recuperação dos países destruídos pela guerra.
No cenário político internacional, havia o temor do crescimento das forças de esquerda e do comunismo. Esse receio levou a políticas americanas de estímulo a recuperação nos países europeus e no Japão, os americanos aceitaramm medidas protecionistas por parte de vários países e ocorreram fortes desvalorizações cambiais em relação ao dólar: da libra exterlina, em 1947, e de outros países, em 1949.
1.2 Políticas cambial e de comércio exterior
O governo Dutra, em seu início, tinha bom volume de reservas cambiais, acreditava em um cenário externo favorável e priorizou o combate à inflação.
Optou, então , por uma política de câmbio valorizado, mantendo a taxa de câmbio fixa nos níveis de 1939 e instituindo o mercado livre de câmbio, com a abolição de restrições aos pagamentos externos.
O objetivo desta política era atender a demanda por matérias-primas e bens de capital para reequipamento da indústria e reduzir a taxa de inflação com a entrada de bens de consumo importados mais baratos.
Parte das reservas cambiais era constituída de moedas inconversíveis, ou seja, aquelas que só eram aceitas no comércio internacional com um determinado país, de forma que as divisas obtidas do superávit com aquele país não poderiam ser utilizadas para adquirir bens de outra nação.
Durante a guerra, havia crescido a exportação de manufaturas, mas após, com a volta ao mercado internacional de outros fornecedores, essas exportações caíram.
A antiga questão da inelasticidade preço da demanda por café, também era um dos fatores que explicavam a opção pela valorização cambial.
A partir de 1947, com as perdas de reservas cambiais e acumulação de atrasados comerciais, há mudanças nas políticas cambial e comercial liberais. Iniciam-se controles cambiais e de importações.
A partir de 1948, adotoram-se licenças previas de importação, que eram direcionadas de acordo com as prioridades do governo. 
As restrições às importações por meio das licenças prévias conseguiram melhorar os resultados da balança comercial.
A partir de 1949, há recuperação dos preços do café, que durante a guerra eram limitados pelo teto de preço estabelecido em acordo com os Estados Unidos.
As exportações, exceto café, contraíram-se fortemente de 1947 a 1950.
Foram autorizadas operações vinculadas, a venda direta de receitas cambiais de exportadores para importadores, com uma taxa de câmbio mais desvalorizada que a oficial. Essas operações eram autorizadas apenas aos exportadores de produtos gravosos, aqueles que não tinham condições de competir no exterior a taxa de câmbio oficial.
Os importadores que tinham acesso a divisas via operações vinculadas as utilizavam, principalmente, para importar bens de consumo duráveis.
O licenciamento de importações, inicialmente criado como resposta aos déficits comerciais e a escassez de divisas tornou-se, paulatinamente, um instrumento de incentivo a indústria via substituição de importações, principalmente a produção de bens de consumo duráveis, que contava com proteção contra a concorrência de importados e acesso a câmbio valorizado para a importação de máquinas e equipamentos.
A política de crédito expansionista do Banco do Brasil também foi importante para os investimentos industriais.
O Plano Salte, de 1949, visava coordenar investimentos públicos em saúde, alimentação, transporte e energia, mas falhou devido à falta de fontes de financiamento.
A comissão técnica mista Brasil-Estados Unidos, conhecida por missão Abbink, de 1948, concluiu que o programa de desenvolvimento brasileiro deveria contemplar a reorientação dos capitais internos, o aumento da produtividade e o afluxo de capitais estrangeiros.
Nos primeiros anos do governo Dutra, planejava-se políticas fiscais restritivas para combater a inflação, mas isso de difícil implementação devido ao aumento de salários dos funcionários públicos em 1946, à dificuldade política de aumentar-se tributos, à autonomia dos estados, que tendiam a manter déficits fiscais.
A tentativa de política monetária restritiva era contrabalançada pela expansão do crédito pelo Banco do Brasil.
De 1941 a 1946, a inflação, medida pelo deflator implícito do PIB, ficou acima de 10% ao ano. De 1947 a 1950, ficou abaixo de 10%, voltando acima desses níveis a partir de 1951.
De 1946 a 1951, excetuando 1947, o PIB e a indústria cresceram forte.
2. O segundo governo Getúlio (1951-1954)
O governo Vargas propunha duas fases distintas, a primeira de estabilização, que tinha por objetivo a redução da inflação e do déficit público, e a segunda de expansão, com base em investimentos em infraestrutura, financiados com crédito externo. Esse projeto foi comparado aos governos Campos Sales e Rodrigues Alves, em referência a evolução da economia brasileira na primeira década do séc. XX.
Para isto contava-se com o apoio do governo americano por meio do Eximbank e do BIRD para financiar os projetos de infraestrutura indicados pela Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, que iniciou suas atividades em 1951.
Foi mantida a taxa de câmbio fixa e o sistema de licenciamento de importações, mas, no início do governo, a concessão de licenças foi facilitada, com o objetivo de atender as necessidades de importações e reduzir a inflação.
Em, 1952, a situação do balanço de pagamentos tornou-se relativamente grave, com queda das exportações, aumento das despesas com fretes de navios e limitados aportes de investimentos externos. Isso gerou o acúmulo de atrasados comerciais.
Em 1951 e 1952, o governo conseguiu superávits fiscais, com base em aumentos de receitas e redução de despesas, principalmente investimentos.
A política monetária foi restritiva, mas a política de crédito do Banco do Brasil, não controlado pelo Ministério da Fazenda, foi bastante expansionista.
A produção industrial cresceu menos, mas os investimentos em expansão da capacidade produtiva tiveram forte crescimento, por causa da liberação de licenças de importação e porque os industriais queriam aproveitar o câmbio valorizado para adquirir bens de capital importados mais baratos.
A taxa de inflação aumentou de 9,2%, deflator implícito do PIB, em 1950, para 18,4% em 1951, caiu para 9,3% em 1952, mas voltou a subir nos anos seguintes.
O objetivo de um segundo biênio de governo com políticas para estimular a expansão econômica foram inviabilizados pelo fracasso em reduzir a inflação e pelas dificuldades de acesso a crédito externo.
O acesso a empréstimos do BIRD e do Eximbank necessários a realização dos investimentos indicados pela Comissão Mista Brasil-Estados Unidos foram inviabilizados pela insistência do BIRD em interferir na condução da política econômica brasileira e a ascensão do general Eisenhower a presidência dos Estados Unidos, que passou a focar a política externa americana no combate ao comunismo, abandonando as políticas de desenvolvimento da América Latina.
Em 1953, o governo brasileiro conseguiu um financiamento, com duras condições, do Eximbank para cobrir atrasados comerciais. 
2.1 A Lei 1807, Lei do Mercado Livre, de 1953.
Instituiu o sistema de taxas de câmbio múltiplas, algumas das quais flutuantes.
.Para receitas:
A taxa fixa do mercado oficial, aplicada a café, cacau e algodão, 85% das exportações.
A taxa do mercado livre, aplicada a transações financeiras.
Três taxas para outras exportações,que combinavam a oficial e a do mercado livre.
.Para despesas:
A taxa oficial, para importações consideradas essenciais (2/3 do total), serviços ligados a essas importações, remessas financeiras do governo e outras entidades públicas e semi-públicas, rendimentos do capital estrangeiro considerado de interesse nacional e amortizações de empréstimos deste tipo.
 A taxa do mercado livre, para outras importações e remessas.
Concedeu ampla liberdade de movimentos de capitais com a taxa de câmbio do mercado livre.
Os objetivos eram estimular as exportações dos produtos gravosos, mantendo a taxa valorizada para os produtos agrícolas de demanda inelástica e reduzir as importações não essenciais, por meio de uma taxa de câmbio mais desvalorizada, em substituição às licenças de importação.
 A lei gerou receitas para o governo que comprava câmbio a taxa oficial e vendia a taxa do mercado livre.
As dificuldades cambiais continuaram com novo acúmulo de atrasados comerciais.
2.2 A instrução 70, de final de 1953
O monopólio cambial do Banco do Brasil foi restabelecido.
O controle quantitativo das importações foi extinto e substituído pelo regime de leilões de câmbio.
O importador participava de leilões em bolsa onde adquiria Promessas de Venda de Câmbio, pagava ágios por essas promessas de venda e com elas podia comprar moeda externa no Banco do Brasil, a taxa de câmbio oficial.
As importações foram classificadas em cinco categorias, de acordo com o grau de essencialidade. Sendo alocado maior volume de divisas externas para as importações consideradas mais importantes. 
Assim, o governo determinava a quantidade de moeda externa alocada para cada grupo de produtos importados e recebia as receitas geradas pelos ágios pagos pelos importadores nos leilões de câmbio.
Em relação às exportações as taxas de câmbio mistas, entre câmbio oficial e câmbio livre, foram substituídas por duas bonificações fixas, em relação a taxa oficial, uma menor para o café e outra maior para outras exportações. A mudança significou uma desvalorização cambial para os exportadores de café, mas não praticamente não alterou a situação para os outros exportadores. O pagamento das bonificações era uma despesa para o governo.
O resultado da conta de ágios recebidos e bonificações pagas tornou-se receita relevante do governo.
A desvalorização resultante da instrução e o aumento de 100% do salário mínimo foram fatores que pressionaram a inflação.
3. Café Filho – 1954-1955
Primeiro ministro da Fazenda: Eugênio Gudin, um crítico das políticas desenvolvimentistas
Gudin praticou políticas monetária e fiscal restritivas, tentou conseguir empréstimos externos junto ao governo americano, conseguiu junto a bancos privados. O resultado das políticas restritivas foi a redução do nível de atividade, em 1955, e quebras bancárias.
Sua gestão durou pouco mais de um ano. O descontentamento dos cafeicultores com o fato do café ter uma taxa de câmbio mais valorizada o derrubou.
José Maria Whitaker foi o segundo ministro da Fazenda de Café Filho.
Whitaker, junto com Roberto Campos, negociou com o FMI apoio para a completa reformulação da política cambial e comercial. O objetivo era promover forte desvalorização cambial e unificar os mercados de câmbio. As resistências políticas e a proximidade das eleições presidenciais impediram a execução do Plano.
3.1 Instrução 113 da Sumoc
Autorizou a importação de máquinas e equipamentos sem cobertura cambial.
Quando importava com cobertura cambial o importador que tinha recursos no exterior tinha que trazer dólares de fora, vendê-los a taxa do mercado livre e recomprar os dólares mais caros em leilões cambiais.
Sem a cobertura, o importador poderia pagar pelos equipamentos fora do Brasil.
3. O Governo Kubitshek: 1956-1961
Caracterizou-se pelo integral comprometimento do setor público com uma explícita política de desenvolvimento.
3.1 A política cambial
Foi mantido o sistema de câmbios múltiplos com leilões de câmbio para as importações.
Foram feitas modificações no sistema para estimular a substituição de importações de bens de capital.
3.2 As políticas de desenvolvimento
O Plano de Metas teve origem em relatório sobre a economia brasileira da CEPAL junto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE).
O plano qüinqüenal previa investimentos em energia, transporte, alimentação, indústria de base e educação.
Os investimentos em infraestrutura, foco principal do plano, seriam realizados pelo Estado e as inversões na indústria de base pelo setor privado.
O plano previa forte aumento dos gastos públicos, o que na ausência de qualquer proposta de reforma tributária significativa déficit público coberto por emissão de moeda.
Havia vários estímulos aos investimentos privados: proteção contra a concorrência de importados, câmbio valorizado para importação de máquinas e equipamentos, farto crédito de bancos públicos.
O plano previa forte participação de multinacionais.
Exceto carvão e ferrovias, o plano alcançou altas percentagens de realização em relação às metas quantitativas previstas.
O plano estimulou forte expansão industrial, diversificou a indústria, com expansão da produção de bens de capital, mas aprofundou desequilíbrios regionais e sociais e provocou forte alta da inflação.
A participação do setor público na economia cresceu, com estatais produzindo insumos básicos e grandes investimentos em obras de infraestrutura.
As principais fontes de receita fiscal eram o imposto sobre consumo, o imposto de renda e o saldo de ágios e bonificações no mercado de câmbio.
Havia despesas públicas elevadas para cobrir os déficits das empresas públicas de transportes, subsidiando assim os custos das empresas privadas.
3.3 As políticas fiscal e monetária
Em relação à política monetária, o conselho da SUMOC era o órgão normativo, a SUMOC o órgão de controle e fiscalização e o Banco do Brasil o órgão executor, com funções de autoridade monetária e de banco comercial.
Os déficits fiscais recorrentes eram cobertos por empréstimos do Banco do Brasil, o que significava expansão da base monetária.

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