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Farmaco aplicada à Enf - art 06

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241241241241241Rev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 mar-abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): 241-7241-7241-7241-7241-7.....
Eventos adversos relacionados a medicamentos:Eventos adversos relacionados a medicamentos:Eventos adversos relacionados a medicamentos:Eventos adversos relacionados a medicamentos:Eventos adversos relacionados a medicamentos:
perperperperpercepção de técnicos e auxiliares de enfermagemcepção de técnicos e auxiliares de enfermagemcepção de técnicos e auxiliares de enfermagemcepção de técnicos e auxiliares de enfermagemcepção de técnicos e auxiliares de enfermagem
Eventos adversos relacionados a medicamentos: percepción de técnicos y auxiliares de enfermería
Medication-related adverse events: percepception of nursing aides
VVVVValéria Laléria Laléria Laléria Laléria Lamb Corbelliniamb Corbelliniamb Corbelliniamb Corbelliniamb CorbelliniIIIII, Maria Cristina Lore Schilling, Maria Cristina Lore Schilling, Maria Cristina Lore Schilling, Maria Cristina Lore Schilling, Maria Cristina Lore SchillingIIIII,,,,,
Solange FSolange FSolange FSolange FSolange Fassbinder Fassbinder Fassbinder Fassbinder Fassbinder FrantzrantzrantzrantzrantzIIIIIIIIII, T, T, T, T, Tatiana Gonçalves Godinhoatiana Gonçalves Godinhoatiana Gonçalves Godinhoatiana Gonçalves Godinhoatiana Gonçalves GodinhoIIIIIIIIIIIIIII, Janete de Souza Urbanetto, Janete de Souza Urbanetto, Janete de Souza Urbanetto, Janete de Souza Urbanetto, Janete de Souza UrbanettoIIIII
RESUMORESUMORESUMORESUMORESUMO
O processo de administração de medicamentos está relacionado a um índice elevado de eventos adversos e têm sido foco de investimento
das instituições. Este estudo prepôs-se a conhecer a percepção de técnicos e auxiliares de enfermagem sobre eventos adversos relacionados
a medicamentos. Foi realizada uma pesquisa qualitativa com dez profissionais técnicos e auxiliares de enfermagem de uma unidade de
internação clínico-cirúrgica, em um hospital universitário da cidade de Porto Alegre, RS, Brasil. Os resultados evidenciaram que os
fatores mais comumente envolvidos em erros de medicação são a sobrecarga de trabalho, a identificação incorreta do paciente, além de
outros fatores associados. Conclui-se que há necessidade de se desenvolverem ações para favorecer uma mudança de cultura que
garanta a segurança do paciente nas instituições hospitalares.
Descritores: Descritores: Descritores: Descritores: Descritores: Erros de medicação; Enfermagem; Educação.
ABSTRACTABSTRACTABSTRACTABSTRACTABSTRACT
The process of administering medication is linked to an elevated rate of adverse events and has been the focus of institutional investments.
This study aimed at uncovering the perception of nursing aides regarding medication-related adverse events. A qualitative research was
carried out with ten nursing aides from a clinical and surgical inpatient unit in a university hospital in Porto Alegre,RS, Brazil. Results show
that the factors most commonly involved in medication errors are work overload and incorrect patient/client identification, as well as other
associated factors. It was concluded that there is a need for the development of actions that favor cultural change that guarantees patient
safety in hospital institutions.
KKKKKey worey worey worey worey words:ds:ds:ds:ds: Medication errors; Nursing; Education
RESUMENRESUMENRESUMENRESUMENRESUMEN
El proceso de administración de medicamentos está relacionado a un índice elevado de eventos adversos y ha sido foco de inversiones de
las instituciones. Este estudio propone conocer la percepción de algunos técnicos y auxiliares de enfermería sobre eventos adversos
relacionados a medicamentos. Fue realizada una investigación cualitativa con diez técnicos y auxiliares de enfermería en una unidad de
internación clínica y cirúrgica en un hospital universitario de la cuidad de Porto Alegre, RS, Brasil. Los resultados evidenciaron que los
factores más comunmente involucrados en los errores de medicación son: la sobrecarga de trabajo, la identificación incorrecta del
paciente/ cliente, además de otros factores asociados. Se concluye así que hay necesidad de desarrollar acciones que favorezcan una
mudanza de cultura que garantize la seguridad del paciente en las instituciones hospitalares.
Descriptores:Descriptores:Descriptores:Descriptores:Descriptores: Error de medicación; Enfermería; Educación.
Submissão: Submissão: Submissão: Submissão: Submissão: 06/12/2009 AprAprAprAprAprovação: ovação: ovação: ovação: ovação: 07/11/2010
PESQUISAPESQUISAPESQUISAPESQUISAPESQUISA
IPontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Curso de Graduação de Enfermagem. Porto Alegre, RS
IIHospital Máe de Deus. Porto Alegre, RS
IIIHospital São Lucas. Porto Alegre, RS
PESQUISAPESQUISAPESQUISAPESQUISAPESQUISA
Valéria Lamb Corbellini. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Av. Ipiranga, 6681. CEP 90619-900. Porto
Alegre, RS. E-mail: vlamb@pucrs.br
AAAAAUTOR CORRESPONDENTEUTOR CORRESPONDENTEUTOR CORRESPONDENTEUTOR CORRESPONDENTEUTOR CORRESPONDENTE
Revista
Brasileira
de Enfermagem
REBEn
242242242242242 Rev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 mar-abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): 241-7241-7241-7241-7241-7.....
Corbellini VL, et al.Corbellini VL, et al.Corbellini VL, et al.Corbellini VL, et al.Corbellini VL, et al.
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
Quando uma pessoa procura um serviço de Saúde, pressupõe-
se que o profissional esteja habilitado, capacitado, e qualificado
para atendê-la com segurança nos procedimentos que integram a
assistência de enfermagem.
A segurança, frequentemente definida como estar livre de lesão
psicológica e física, é uma necessidade humana básica que deve
ser satisfeita. O cuidado de saúde, fornecido de maneira consciente,
e um ambiente comunitário seguro são essenciais para a sobre-
vivência e bem-estar do cliente e também contribuem para a redução
de atos não seguros dentro do sistema de assistência à saúde,
assim como para a utilização de boas práticas visando a alcançar
ótimos resultados para o paciente(1-2).
Os hospitais têm buscado aprimorar a qualidade da assistência
como forma de obter diferenciação no contexto da Saúde. Nesse
sentido, algumas entidades certificam as organizações hospitalares,
de acordo com critérios estabelecidos e metas a serem alcançadas.
A Joint Commission Internacional é uma organização que esta-
belece e avalia padrões assistenciais voltados à segurança do pa-
ciente. Para os hospitais serem credenciados nessa Organização,
devem apresentar conformidade com metas, dentre elas: identifi-
car os pacientes corretamente, melhorar a efetividade da comuni-
cação entre profissionais da assistência e melhorar a segurança de
medicações de risco(3).
Durante a graduação em enfermagem, aprenderam-se inúmeros
procedimentos técnicos que são de competência do enfermeiro, do
técnico e do auxiliar de enfermagem. Dentre eles citam-se o prepa-
ro e a administração de medicamentos, como sendo um processo
que envolve várias etapas: prescrição médica, dispensação, distri-
buição, preparo e administração propriamente dita.
Esse processo está associado a um índice elevado de eventos
adversos nos hospitais e tem sido foco de atenção dos gestores de
enfermagem. Os eventos adversos são definidos como lesão não
intencional que resulta em alguma incapacidade, disfunção transi-
tória ou irreversível e/ou prolongamento do tempo de permanência
no hospital ou morte, como conseqüência do cuidado prestado(4).
Para uma administração segura de medicamentos o profissional
da Área de Enfermagemdeve atender a seis acertos: medicamento
correto, dose correta, paciente correto, via correta, hora correta e
documento correto(5).
Os erros na administração de medicamentos podem trazer danos
e prejuízos diversos ao paciente, desde o aumento de tempo de
internação hospitalar, necessidade de intervenções diagnósticas e
terapêuticas e até conseqüências irreversíveis como a morte(6).
Um dos problemas enfrentados, devido à ocorrência de erros
de medicação, é a ênfase dada à punição e não à educação, o que
leva à subnotificação e facilita a repetição do erro(7).
Os erros de medicação podem ser classificados em: erros de
prescrição, de omissão, de horário, administração de uma medi-
cação não autorizada, dose incorreta, apresentação, preparo, té-
cnica de administração inadequadas, medicamentos deteriorados,
monitoramento ineficiente, erros em razão da aderência do pa-
ciente e outros(8).
Em estudo realizado no ano de 2003, encontrou-se como
primeira causa mais frequente de erros de medicação a caligrafia
ilegível do médico, de difícil leitura e como a segunda causa a
sobrecarga de trabalho do profissional de enfermagem(8).
Muitos profissionais da Área da Saúde não comunicam ou noti-
ficam eventuais erros por sentirem vergonha, por terem “idéia pu-
nitiva”, por medo de sofrerem sanções administrativas, punições
verbais, escritas, demissões, processos civis, legais e éticos(9).
Para evitar que erros aconteçam, as Instituições de Saúde têm
se preocupado em adotar uma política de segurança do paciente.
Para tanto, é necessário que os erros sejam relatados e notificados
para que se conheça a causa do problema e se possa intervir em
caráter educativo, preventivo e não punitivo.
Assim, esse estudo teve como objetivo conhecer a percepção
de técnicos e auxiliares de enfermagem sobre eventos adversos
relacionados a medicamentos.
MMMMMÉÉÉÉÉTODOTODOTODOTODOTODO
Tratou-se de um estudo de caráter qualitativo desenvolvido em
uma unidade de internação clínica e cirúrgica de um hospital uni-
versitário, situado na cidade de Porto Alegre,RS, Brasil. A popu-
lação pesquisada incluiu dez profissionais de enfermagem, de for-
mação técnica ou auxiliar, que prestavam assistência de enferma-
gem no referido setor desse hospital. A amostra foi selecionada a
partir do número total de funcionários da Unidade, que trabalha-
vam nos turnos da manhã, tarde, noite I e noite II e possuíam mais
de um ano de trabalho na Unidade em estudo e/ou Instituição. Do
número total de funcionários (86), somente 72 preenchiam os
critérios de inclusão, e destes, apenas 10 técnicos e auxiliares acei-
taram participar do estudo. Para a ocasião da coleta dos dados, as
pesquisadoras foram até o campo de prática, apresentaram o
propósito do estudo ao enfermeiro, aos técnicos e auxiliares de
enfermagem da referida Unidade. A coleta dos dados foi realizada
por meio de entrevista semi-estruturada com cinco questões aber-
tas, no período dos meses de março e abril de 2009.
 As entrevistas foram realizadas em local reservado na institu-
ição e em horário que melhor se adequou aos entrevistados, gra-
vadas, transcritas e armazenadas em um banco de dados. Cada
participante recebeu um nome fictício para a identificação das en-
trevistas (E1 a E10) e também para a preservação do anonimato
de sua identidade. Os dados coletados foram analisados, utilizan-
do-se a análise de conteúdo pelo método de Minayo(10), cuja temática
desdobra-se nas etapas: pré-análise, exploração do material e trata-
mento dos resultados obtidos e interpretados. Os princípios éti-
cos, a preservação da identidade, a privacidade e confidenciali-
dade das informações foram respeitadas, de acordo com os pres-
supostos em relação à pesquisa com seres humanos, conforme
resolução 196/96(11) e o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética
e Pesquisa da instituição.
RESULRESULRESULRESULRESULTTTTTADOS E DISCUSSÃOADOS E DISCUSSÃOADOS E DISCUSSÃOADOS E DISCUSSÃOADOS E DISCUSSÃO
Com base na análise dos dados, identificaram-se três temáticas
e seus respectivos subtemas, que serão apresentados a seguir.
Etapas do preparEtapas do preparEtapas do preparEtapas do preparEtapas do preparo e da administração de medicamentoso e da administração de medicamentoso e da administração de medicamentoso e da administração de medicamentoso e da administração de medicamentos
A literatura descreve que o processo da medicação envolve várias
etapas que vão desde a prescrição até a administração do fármaco.
A enfermagem atua na última etapa que é o preparo e a adminis-
243243243243243Rev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 mar-abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): 241-7241-7241-7241-7241-7.....
Eventos adversos relacionados a medicamentos: perEventos adversos relacionados a medicamentos: perEventos adversos relacionados a medicamentos: perEventos adversos relacionados a medicamentos: perEventos adversos relacionados a medicamentos: percepção de técnicos e auxiliares de enfermagemcepção de técnicos e auxiliares de enfermagemcepção de técnicos e auxiliares de enfermagemcepção de técnicos e auxiliares de enfermagemcepção de técnicos e auxiliares de enfermagem
tração de medicamentos. Neste momento deve-se atender aos seis
acertos, que englobam: medicamento correto, horário correto, dose
correta, paciente correto, via correta e documentação correta(5).
Além disso, devem-se esclarecer dúvidas, identificar o medicamento
com nome do paciente, leito, nome do medicamento, via de ad-
ministração, gotejo e tempo de infusão, bem como verificar a vali-
dade dos equipos e da medicação diluída(12).
Nessa temática emergiu uma sub-temática que será descrita a
seguir.
Rotinas no preparRotinas no preparRotinas no preparRotinas no preparRotinas no preparo e administração de medicamentoso e administração de medicamentoso e administração de medicamentoso e administração de medicamentoso e administração de medicamentos
Embora a maioria dos entrevistados não tenha referido a con-
ferência dos seis acertos como etapa fundamental do preparo e
administração dos medicamentos, alguns não se esqueceram desse
conceito, porém o aplicam de modo parcial, como pode ser evi-
denciado nas falas a seguir:
[...] na hora de administrar tu dá uma olhadinha se é pra aquele
paciente. (E3)
[...] coloca o nome da medicação, a quantidade dela e a via a
ser administrada. [...] o cuidado com as vias certas, o paciente
certo, é isso aí? (E4)
[...] rótulo com nome e sobrenome, leito, assinatura, horário,
tudo certinho, em que foi diluído, coisas desse tipo. (E9)
[...] conforme a prescrição é diluída, é separada por horários,
rotulada com nome de paciente, leito, horário e via. (E8)
As medicações devem ser devidamente etiquetados com o nome
do medicamento, dose, data e hora em que foi preparado, velocidade
de gotejo, duração da infusão e a assinatura do profissional(5).
A rotina de preparo das medicações nas instituições de Saúde
deveria, por via de regra, seguir uma sistemática padrão, respei-
tando as recomendações fornecidas pela indústria farmacêutica e
também priorizando os seis acertos descritos na literatura para o
preparo e administração de medicamentos.
Entretanto, para uma administração segura do medicamento
deve-se: manter cada medicamento em seu recipiente e com o seu
devido rótulo; protegê-lo da exposição ao calor e luz conforme a
particularidade de cada um; refrigerar, de forma adequada, o fár-
maco, quando o mesmo exige; verificar o prazo de validade; ler os
rótulos cuidadosamente e seguir as instruções para o preparo,
notificando ao médico efeitos colaterais que o paciente possa apre-
sentar(1).
Um entrevistado relatou como realiza o processo de preparo e
administração de medicamentos, conforme a fala que segue:
[...] A gente preparao material, tudo na hora. Não podemos
preparar mais que 30 minutos antes de administrar. Levo tudo
numa bandeja [...]. Preparo a medicação no posto, deixo tudo
arrumadinho na bandeja, levo tudo, equipo, caixinha descar-
pack, para não precisar voltar no posto. Os comprimidos eu
não levo aberto e abro na frente do paciente. [...] E medicações
endovenosas eu já deixo tudo preparadinho e só coloco lá, rot-
ulado tudo, com nome, leito, conforme manda a situação. (E7)
Percebe-se, nesta fala, que muitas medicações podem estar sendo
preparados trinta minutos antes do horário que deveriam ser ad-
ministradas, expondo os fármacos a fatores ambientais como calor,
luminosidade, armazenamento inadequado, podendo, assim, oca-
sionar a inativação ou redução da ação desejada.
Em contrapartida, outros entrevistados referiram que o preparo
e administração
[...] “ocorre no posto, preparamos a medicação e administra-
mos em seguida, tudo rotulado (E5)”, e que “[...] O preparo de
medicamentos é realizado no exato momento da administração
da medicação, aqui na instituição é norma, é regra. [...] violar o
frasco somente no momento da aplicação do medicamento no
paciente”. (E1)
Alguns entrevistados acrescentaram, em suas falas, a forma de
diluição, o tempo de permanência dos equipos e a permeabilidade
do acesso, além de outros cuidados importantes:
[...] Dependendo da medicação, tu dilui em soro glico ou fisio,
aí tu tem que ver a quantia do soro [...] (E2)
[...] Na hora de dar a medicação, sempre conferi o equipo, se
está com a validade. Cuidar se o paciente está com flebite, se o
acesso está bom. Acho que é isso. (E10)
Antes de administrar uma solução endovenosa deve-se avaliar a
permeabilidade do acesso e os sinais inflamatórios que possam
indicar uma possível flebite. Nestas situações deve-se providenciar
um novo sítio intravenoso, observar a data de validade da solução
e a freqüência da troca dos equipos e acessos venosos, de acordo
com a política da Instituição(1).
Ao avaliar o exposto nesta temática, considerando, sobretudo,
as características individuais de cada sujeito, percebe-se que, mes-
mo entrevistando pessoas que trabalham em uma mesma unidade,
sob uma mesma rotina, inseridos em uma mesma realidade, existe
condutas diferentes para a realização do preparo e administração
dos medicamentos, propiciando um ambiente favorável a falhas e
ocorrências de eventos adversos, relacionados a medicamentos.
Os eventos adversos são injúrias não intencionais decorrentes
da desatenção à saúde, não relacionadas à evolução natural da
doença de base, que ocasionam lesões nos pacientes acometidos,
prolongamento do tempo de internação e/ou morte(13).
FFFFFatores que podem induzir ao eratores que podem induzir ao eratores que podem induzir ao eratores que podem induzir ao eratores que podem induzir ao errrrrro de medicaçãoo de medicaçãoo de medicaçãoo de medicaçãoo de medicação
Como a enfermagem atua na última etapa do processo da medi-
cação, ela tem oportunidade de verificar e evitar um erro ocorrido
nas etapas iniciais, sendo uma das últimas barreiras de prevenção(14).
Nas entrevistas, quando questionados quanto aos fatores que
poderiam induzir ao erro de medicamento e de suas percepções
quanto a eles, os sujeitos revelaram que os fatores que mais lhes
induzem aos erros são: a sobrecarga de trabalho, a letra ilegível da
prescrição médica e a identificação incorreta do paciente/cliente.
SobrecarSobrecarSobrecarSobrecarSobrecarga de trabalhoga de trabalhoga de trabalhoga de trabalhoga de trabalho
A literatura traz dados de outro estudo, no qual se identificou a
sobrecarga de trabalho como a segunda causa mais freqüente para
244244244244244 Rev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 mar-abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): 241-7241-7241-7241-7241-7.....
Corbellini VL, et al.Corbellini VL, et al.Corbellini VL, et al.Corbellini VL, et al.Corbellini VL, et al.
a ocorrência de erros de medicação ou quando o profissional é
distraído por colegas, pacientes ou ocorrências no seu local de
trabalho(8).
No que tange à sobrecarga de trabalho os entrevistados refer-
em que:
[...] Pode acontecer de o técnico dar uma medicação errada
por [...], muita correria, muito paciente [...] (E3)
Olha, às vezes tu pega escala com doze pacientes, [...] dois, três
pacientes dependentes e mais as outras pessoas te exigindo, que
tu leve pra exame, que tu colete sangue, que tu troque fralda,
tudo isso, então fica uma rotina, às vezes, quase impossível de
realizar. Então tu tens que se desdobrar em dois, três, para dar
conta disso. Com certeza te induz ao erro, com certeza! (E4)
“Eu acho que o erro de medicação ocorre mais quando tu está
com muito serviço, muitos pacientes”. (E5)
As falhas humanas como falta de atenção, de conhecimento, de
interesse e a pressa foi considerada a razão dos erros de medi-
cação em um estudo do tipo survey exploratório em um hospital
geral universitário(19). Como exemplo disto, cita-se a fala desses
entrevistados:
[...] Mas, isso tudo ocorre devido à pressa pra terminar as tarefas,
intercorrências que acontecem no plantão e também excesso de
tarefas dos funcionários. (E8)
[...] acontece alguns erros de troca de medicação, por causa da
correria. O pessoal sai correndo que nem louco, dando medi-
cação. Não olha. (E9)
Os fatores ambientais, como interrupções da tarefa, podem in-
terferir na atenção no momento do preparo da medicação, con-
forme expressa a fala a seguir:
“Eu acho que é a pressa, às vezes a campainha tá tocando, tem
que atender, se tu te distrai mais, até na hora de tirar a medi-
cação, alguém chama e aí quando tu voltou tu já não está mais
no mesmo pensamento ou tem que fazer algum transporte. Eu
acho que é a pressa, mesmo que atrapalha”. (E10)
Acredita-se também que a pressa na execução do trabalho está
fortemente ligada à sobrecarga de trabalho, conforme evidenciou-
se nas falas dos entrevistados citados nesta subtemática.
Prescrição médicaPrescrição médicaPrescrição médicaPrescrição médicaPrescrição médica
Uma prescrição de medicamento somente é completa se pos-
suir: nome completo do paciente/cliente; data em que a prescrição
foi feita, incluindo dia, mês, ano, horário; nome do medicamento,
escrita correta (essencial para evitar confusão com homônimos);
dose do medicamento a ser administrado; quantidade e tempo de
infusão (se medicação endovenosa); via de administração; horário,
freqüência da administração e assinatura do médico, o que torna a
prescrição um documento legal(1).
Acrescido aos aspectos cima descritos, as prescrições devem
ser legíveis, sem apresentar equívocos, datadas e assinadas com
clareza para comunicação entre o prescritor, o farmacêutico e o
enfermeiro(15).
Em um estudo realizado em quatro hospitais de diferentes regiões
do Brasil, com uma amostra de 152 profissionais que atuavam na
clínica médica e farmácia hospitalar, os tipos de erros mais citados
foram àqueles relacionados à prescrição/transcrição de medica-
mentos(16).
Muitos entrevistados do presente estudo citaram a prescrição
médica como um fator que pode induzir ao erro de medicação e
falaram sobre situações em que podem identificar o erro antes da
administração, conforme pode ser evidenciado nos relatos a seguir:
[...] Às vezes tem algumas letras meio difíceis de entender o
que o médico quer prescrever [...] (E2)
[...] uma medicação que é IM eles prescrevem EV [...]. Às vezes
eles, também, não colocam a via de acesso [...]. Tu não vai dar
uma medicação que seria VO, EV. Não são todas, tem medi-
cações que são líquidas, não são todas que são tipo comprim-
ido, Acho, mais por aí. (E6)
[...] letra ilegível dos médicos [...] (E8)
Outro fator também referendado pelos participantesdo estudo
foi o armazenamento incorreto dos documentos que devem per-
manecer dentro do prontuário do paciente, como, por exemplo, o
descrito na fala abaixo:
[...] às vezes os médicos se enganam muito. Tipo assim, recebi
medicação, tinha dentro da pasta apenas a medicação. E se
aquela folha está avulsa ali, eu vou saber pra quem é? Não tinha
nome, não tinha leito. Aí a gente precisa sair adivinhando, sair
atrás de médico para descobrir pra quem é essa medicação. Aí
fica difícil. (E7)
Para corroborar os achados deste estudo, dados da literatura
revelam que em pesquisa realizada com uma amostra de 256 profis-
sionais (enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem), encon-
trou-se como causa mais freqüente para a ocorrência de erros de
medicação a caligrafia ilegível do médico e, como segunda causa
mais freqüente, a sobrecarga de trabalho, ou quando o funcionário
é distraído por pacientes, colegas de trabalho ou outras ocorrên-
cias, na unidade(8).
Identificação incorIdentificação incorIdentificação incorIdentificação incorIdentificação incorreta do paciente/clientereta do paciente/clientereta do paciente/clientereta do paciente/clientereta do paciente/cliente
Um dos graves problemas da ilegibilidade é a ocorrência de
interpretações equivocadas, levando à troca de medicamento, de
paciente e/ou da via de administração(17).
Realizar a prescrição médica apenas com o número de leito,
sem conferir o nome do paciente é uma prática não recomendada
e que não deve ser realizada, pois pode induzir a um erro de me-
dicação, porque, com freqüência, o paciente tem seu leito troca-
do, alterando assim, o número do mesmo:
[...] Às vezes o médico tem dois ou três pacientes com o mes-
mo nome e já aconteceu de prescrever para o paciente A achando
245245245245245Rev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 mar-abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): 241-7241-7241-7241-7241-7.....
Eventos adversos relacionados a medicamentos: perEventos adversos relacionados a medicamentos: perEventos adversos relacionados a medicamentos: perEventos adversos relacionados a medicamentos: perEventos adversos relacionados a medicamentos: percepção de técnicos e auxiliares de enfermagemcepção de técnicos e auxiliares de enfermagemcepção de técnicos e auxiliares de enfermagemcepção de técnicos e auxiliares de enfermagemcepção de técnicos e auxiliares de enfermagem
que era para o paciente B, digamos assim, e ele continua pre-
screvendo pro A como se fosse a D. Maria, e é a D. Joana, aí tu
tem que ver direitinho se é aquela medicação pra aquela pes-
soa. (E2)
Esta questão pode ser agravada pela mecanização excessiva das
atividades realizadas pela equipe de enfermagem, como por exem-
plo, quando um técnico ou auxiliar que está há vários dias na mes-
ma escala e está familiarizado com os pacientes e suas respectivas
medicações. E em determinado plantão, por necessidade da un-
idade, de outros pacientes ou por outros motivos, o paciente é
trocado de leito. Nesta situação pode ocorrer um erro associado à
mecanização das tarefas. O profissional que se detém na mecaniza-
ção, na rotinização das tarefas, e, sobretudo, por ventura, já esteja
sobrecarregado de trabalho, com a atenção reduzida, é um profis-
sional potencialmente perigoso para incorrer na situação de even-
to adverso relacionado a medicamentos. Esta situação se afirma
também nas falas abaixo:
[...] Pode acontecer de o técnico dar uma medicação errada ou
por troca de leito, que acontece muito, e às vezes não é troca-
do na prescrição o número do leito [...] (E3)
[...] algum número de quarto, de leito, se confunde na hora a
medicação [...] (E4)
[...] muito erro de medicação ocorre é, os médicos colocam um
nome de um paciente e colocam o leito de outro [...] (E7)
Em outra pesquisa realizada com enfermeiros, técnicos e auxi-
liares de enfermagem, encontrou-se, como causa circunstancial do
erro, a falha na identificação do paciente. Os profissionais de en-
fermagem referiram, em quatro relatos, que não havia pulseira de
identificação no paciente, os leitos não estavam identificados em
três relatos e, em outros três, não perguntaram o nome do pa-
ciente, administrando o medicamento somente pelo número do
leito(18).
PPPPPererererercepção do técnico e auxiliar de enfermagem frente à con-cepção do técnico e auxiliar de enfermagem frente à con-cepção do técnico e auxiliar de enfermagem frente à con-cepção do técnico e auxiliar de enfermagem frente à con-cepção do técnico e auxiliar de enfermagem frente à con-
dução de um erdução de um erdução de um erdução de um erdução de um errrrrro de medicamentoo de medicamentoo de medicamentoo de medicamentoo de medicamento
Nessa temática, evidenciaram-se duas subtemáticas: a percepção
dos entrevistados sobre a sua conduta e a percepção de como
deveria se conduzir diante de um erro de medicação. Para melhor
compreendê-la, a percepção pode ser descrita como sendo o ato
ou a faculdade de perceber pelos órgãos dos sentidos(20).
PPPPPererererercepção sobre a sua condutacepção sobre a sua condutacepção sobre a sua condutacepção sobre a sua condutacepção sobre a sua conduta
Aprender a encarar o erro de frente e comunicá-lo faz dessa
ação uma fonte de análise sistemática e de prevenção em situações
futuras. Ao compreender e analisar o erro de forma multidiscipli-
nar pode-se aproveitá-lo para corrigir a prática(21).
Quando os sujeitos foram questionados de como se conduziri-
am ou reagiriam se ocorresse com eles a situação de evento adver-
so, relacionado a medicamentos, a maioria referiu que se reporta-
ria à enfermeira:
“Prontamente informaria a enfermeira do ocorrido para que to-
masse as medidas cabíveis”. [...] Quanto a isto não tem o que
esconder, porque tem que ser dito. (E1)
[...] Eu mostraria para ela (enfermeira) a prescrição e a gente
entraria em contato com o médico pra saber qual seria o pro-
cedimento correto. (E2)
[...] quando é dada uma medicação errada, tu tem que ter noção
daquilo ali que tu realmente fez errado e comunicar o enfer-
meiro e deixar o paciente em observação. (E3)
“Eu comunicaria a enfermeira, pararia a medicação e comuni-
caria a enfermeira”. (E5)
“Em primeiro lugar avisar a enfermeira, ela vai entrar em conta-
to com o médico. Avisar porque tem medicação que não acon-
teceria nada com o paciente, mas tem outras que poderiam
alterar o quadro”. (E6)
Direto pro enfermeiro. [...] Fala, tal medicação foi dada pra tal
paciente e o paciente era errado. Aí ela entra em contato com
os médicos. (E7)
[...] imediatamente comunica o enfermeiro. E o correto seria
ele comunicar a equipe médica [...] (E8)
[...] Eu ia, a primeira coisa, comunicar o enfermeiro para ele
tomar a conduta certa. (E9)
Pelas respostas, observa-se que os entrevistados preocupam-se
em relatar a ocorrência do evento adverso, independente da de-
cisão que será tomada frente ao erro. Corroborando essa afirma-
tiva, a literatura nos diz que, diante da ocorrência de um erro, os
benefícios ou complicações dependerão das condutas tomadas pelos
envolvidos(9).
Somente um dos sujeitos conduziria esta situação de uma ma-
neira diferente das acima citadas:
“[...] é muito difícil a gente assumir um erro pra uma chefia e
tal. Eu ia reagir dependendo da medicação. Se ele não tem
alergia, é lúcido e fala, eu não vou dizer pra minha chefia que
eu dei errado. [...] se é uma coisa mais simples, um paraceta-
mol, que não tem alergia, eu tento não falar. (E10)
Esse fato decorre, provavelmente, pelo medo da punição ou
outra conseqüência que possa levar à demissão do funcionário.
Em um estudo com uma amostra de 36 profissionais de enferma-
gem, observou-se que a maioria das condutas exercidas aos profis-
sionais, frente a um erro de medicação, foi a punição, totalizando66% das respostas obtidas(13).
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caçãocaçãocaçãocaçãocação
Em estudo realizado com uma amostra de 256 pessoas vincu-
ladas a enfermagem, com cinco cenários apresentados, que repre-
sentavam um erro de medicação, a equipe julgou tratar-se de um
erro em quatro cenários e que, desses, três deveriam ser notifica-
246246246246246 Rev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 mar-abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): 241-7241-7241-7241-7241-7.....
Corbellini VL, et al.Corbellini VL, et al.Corbellini VL, et al.Corbellini VL, et al.Corbellini VL, et al.
dos ao médico(6).
Ao serem questionados de como percebem que deveria ser con-
duzido o evento adverso relacionado ao medicamento, os sujeitos
do presente estudo disseram que o enfermeiro e médico deveriam
ser comunicados e poucos falaram sobre a percepção deles de
como deveria ser conduzida esta situação.
Deveria ser conduzida pelo enfermeiro, no caso. A gente pas-
saria para a enfermeira e ela iria ver o histórico, anamnese. Se
achar necessário, falar com o médico responsável. (E1)
Devido à reação do paciente, a gente espera a resposta do
médico pra saber se eu poderia dar outra medicação no lugar
daquela [...] (E2)
[...] eu pararia a medicação e comunicaria a enfermeira. (E5)
[...] Acho que o correto seria avisar a enfermeira, em primeiro
lugar, e conforme [...] ela que iria tomar as atitudes [...] (E6)
Em um estudo realizado no ano de 2005, verificou-se por meio
da análise dos dados, que 116 enfermeiros da amostra indicaram
um total de 346 condutas distribuídas conforme a frequência -
comunicam ao médico (33,0%), intensificam os controles do pa-
ciente (30,0%), repreendem o funcionário e anotam no prontuário
(13,0%)(22).
Para os entrevistados do atual estudo, prevaleceram as seguintes
considerações:
[...] Comunicar, imediatamente à chefia, no caso, a enfermeira.
Que tenha a conduta de assumir a situação e comunicar ao
médico [...] (E8)
Bom, primeiramente comunicaria ao enfermeiro, que provavel-
mente comunicaria ao médico da equipe. Que foi administrada
uma medicação errada, pro médico avaliar se vai dar um efeito
colateral, uma coisa. É isso. (E9)
Muitos dos entrevistados acreditam que a enfermeira deve co-
municar ao médico, como já evidenciado na subtemática anterior.
Em estudo com enfoque nas percepções sobre o erro de medi-
cação com auxiliares e técnicos de enfermagem e enfermeiros, eles
foram unânimes, ao responder que o médico deveria ser comuni-
cado e preenchido um relatório de ocorrências, fato que diferencia
do resultado da presente pesquisa, onde o relato foi o de procurar
o enfermeiro.
Independente de quem o profissional procura, o mais impor-
tante é que o erro seja ser comunicado para que as providências
possam ser tomadas(23).
Deve-se criar um ambiente que elimine a cultura da punição e
substituí-lo por um de vigilância e cooperação(23):
[...] Com respeito ao profissional, que neste caso errou. Nin-
guém está livre de erros. Ele deve ser orientado melhor, conver-
sar com ele, mostrar o quanto é importante que ele tenha
atenção, se tratando de medicamentos [...] Mas as pessoas
acabam, às vezes, só olhando o teu erro. Não, tu errou e não
querem saber [...] (E4)
Observa-se que, um dos sujeitos, ao responder a última questão
norteadora, entendeu o fato “conduzir esta questão” como sendo
referente à relação do enfermeiro com técnicos e auxiliares de en-
fermagem, ou seja, relação superior versus subordinado, e eviden-
ciou em sua fala temer punição:
“Há, eu acho que deveria ser dito, o médico deveria ficar ciente
de algum erro, pra que se desse alguma reação, pudesse prevê
essa reação e pudesse dar uma medicação que revertesse esse
quadro antes dele ficar ruim [...], deveria ser dito, mas é muito
difícil assumir essas coisas até porque a gente é sempre avalia-
do e pra não perder o emprego”. (E10)
Relatos da literatura descrevem a opinião de profissionais, e
muitos deles associaram os erros de medicação ao profissional,
demonstrando a tendência de responsabilizar somente o indivíduo
pelo erro, não valorizando as falhas em todo o processo de medi-
cação da Instituição, apontando ainda uma prática de punição(24).
4 Considerações Finais
Ao finalizar esse estudo, percebe-se a complexidade da temáti-
ca. Quando os entrevistados foram questionados sobre como ocorre
o preparo e administração de medicamentos, os seis acertos foram
citados de forma parcial, evidenciando-se que muitas vezes são
esquecidos aspectos fundamentais desse processo. Alguns apont-
aram para a questão do tempo de preparo antes da administração
da medicação, sendo que um referiu que deve ocorrer no máximo
trinta minutos antes da administração e outros dois relataram que
o preparo deve ocorrer no exato momento antes da administração.
Evidenciou-se, ainda, a preocupação em atentar-se ao tempo de
validade de equipos, a permeabilidade do acesso e sinais flogísti-
cos no local de inserção do mesmo.
Na percepção dos entrevistados, os fatores mais comumente
envolvidos em erros de medicação são a sobrecarga de trabalho, a
prescrição médica, a identificação incorreta do paciente/cliente,
que também muitas vezes implica prescrição médica errônea. Sur-
giram comentários em relação a interrupções, que podem distrair
o funcionário, intercorrências que podem surgir no turno de tra-
balho, e a pressa, a qual se concluiu estar relacionada à sobrecarga
de trabalho, exigindo agilidade e concentração maior do funcionário.
Quando questionados sobre qual seria a sua conduta correta,
frente a um erro de medicação, os sujeitos responderam que ime-
diatamente comunicariam ao enfermeiro e apenas um dos entrevis-
tados relatou que só comunicaria se a medicação provocasse reações
ao paciente.
Os entrevistados acreditam que o enfermeiro deveria conduzir
a questão sobre o erro de medicação. Ainda um dos entrevistados
relatou que, na sua percepção, o correto seria comunicar à enfer-
meira e a mesma deveria comunicar ao médico, mas mostrou-se
relutante em tomar essa atitude, temendo punição.
 Pensa-se que não se pode partir da premissa de que os profis-
sionais estão sempre realizando atualizações relacionadas à farma-
cologia, visto que, muitas vezes, os mesmos possuem dupla jorna-
da de trabalho, conseqüência exigida pelas necessidades socio-
econômicas atuais, e isso implica falta de tempo, cansaço e des-
gaste físico e mental.
247247247247247Rev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 marRev Bras Enferm, Brasília 2011 mar-abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): -abr; 64(2): 241-7241-7241-7241-7241-7.....
Eventos adversos relacionados a medicamentos: perEventos adversos relacionados a medicamentos: perEventos adversos relacionados a medicamentos: perEventos adversos relacionados a medicamentos: perEventos adversos relacionados a medicamentos: percepção de técnicos e auxiliares de enfermagemcepção de técnicos e auxiliares de enfermagemcepção de técnicos e auxiliares de enfermagemcepção de técnicos e auxiliares de enfermagemcepção de técnicos e auxiliares de enfermagem
REFERÊNCIASREFERÊNCIASREFERÊNCIASREFERÊNCIASREFERÊNCIAS
 Acredita-se ser necessário que as instituições busquem es-
tratégias para manter a equipe de enfermagem atualizada, no que
se refere a mudanças na apresentação dos medicamentos, armaze-
namento, formas de administração, interações medicamentosas e
aspectos farmacocinéticos e farmacodinâmicos,por meio de pro-
gramas de capacitação.
Outro aspecto que fica evidenciado com a conclusão desse estu-
do é a necessidade de padronizar os processos na prática diária de
enfermagem, visto que tal medida contribui para a redução de even-
tos adversos.
Necessita-se, ainda, instituir uma cultura de prescrição legível,
quando realizada manualmente, pois conforme demonstrado, além
de despender um tempo maior ao tentar executar a prescrição, o
profissional da enfermagem pode interpretá-la erroneamente e pro-
vocar danos ao paciente.
A sobrecarga de trabalho é outro fator preocupante, pois mui-
tas vezes resulta em eventos adversos relacionados a medicamen-
tos. As instituições necessitam investir em recursos humanos para
melhorar o cenário das condições de trabalho.
A idéia punitiva deve ser substituída pela avaliação do
processo, instituindo-se uma política institucional de notificação e
a utilização de ferramentas de análise da causa desses erros, corri-
gindo-se o sistema, prevenindo, assim, novas ocorrências de even-
tos adversos relacionados a medicamentos.
Assim, entende-se que a implantação de estratégias para a segu-
rança do paciente é um trabalho amplo, que deve envolver todos
os atores que participam da assistência, instituindo-se então, uma
cultura de segurança do paciente nas Instituições hospitalares.
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