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BP323-Profa. Regina Maura -1 • Protozoários Parasitas: Flagelados e Ciliados Giardia duodenalis Trichomonas vaginalis Balantidium coli BP323 – Parasitologia Médica II 2 Giardia duodenalis: Morfologia e Posição Taxonômica. • Posição Taxonômica: – Filo Sarcomastigophora; Classe Zoomastigophorea; Ordem Diplomonadida; família Hexamitidae (Levine, 1980). (Sinonímia) – Aspectos morfológicos: axonema, corpos medianos e disco ventral, número de flagelos; proteínas contráteis. Fig. 1: Trofozoíto: 15m; (Fezes diarréicas) Fig. 2 : Cistos: 12m (Fezes formadas) Giardia duodenalis: Morfologia: - Trofozoíto e - Cisto Cisto (8-12 µm): • Núcleos • Axonemas • Corpos escuros em forma de meia-lua: corpos em crescentes. Trofozoítos (15-18 µm) 4 Giardia duodenalis: Morfologia Disco ventral: microtubulos e microfilamentos Disco ventral (FVL): Produtos citopáticos Protozoários do gênero Giardia: Morfologia – marcação com Taxol (Frasson et al,2010). BP323-04 6 Giardia duodenalis: Ciclo Biológico e Transmissão Mecanismos de transmissão: via oral-fecal. - água ou alimentos contaminados; - contato inter-pessoal; - contato sexual. 7 Taxonomia de Giardia: 3 grupos de espécies (Filice, 1952) a 6 espécies hoje. • G. duodenalis: infecta mamíferos (homem), aves e répteis; G. muris: infecta roedores, aves e répteis G. microti: infecta roedores G. agilis: infecta anfíbios; G. psittaci e G. ardeae (periquitos e garças azuis) Fonte: Thompson, RCA .Vet. Parasitol. 126:15-35, 2004; Koelhler et al, In Press. Taxonomia de Giardia: ainda Controvertida , Agrupamentos Genéticos Monis PT; Cacció AM; Thompson RCA. Trends in Parasitology, 2008. BP323-7 Agrupamentos (Genótipos) Hospedeiros G. duodenalis (genótipo A) Humanos, outros primatas, cães, gatos, gados, roedores e mamíferos silvestres G. duodenalis (genótipo B) Humanos, outros primatas, cães, algumas espécies de mamíferos silvestres Genótipos C e D Cães e outros canídeos Genótipo F Gatos Genótipo E Bovinos e búfalos Genótipo G Ratos Genótipo H Animais marinhos Variabilidade genética de Giardia duodenalis: sub-genótipos ou sub-assembléias A Assembléias A e B: infectantes para o ser humano A I Zoonótico A II Humano A III Animais AIV Animais B BI Animais BII Animais BIII humanos Embora aceita como zoonose, somente em algumas situações a giardiose é uma zoonose (Ryan e Cacció, 2013) BIV humanos 10 Giardia duodenalis e Giardiose: Morbidade e Sintomatologia. • Distribuição global: 2,8 x 108 de casos por ano*: • Ásia, África e América Latina: 200 milhões de pessoas com giardiose sintomática; 500.000 casos novos a cada ano. • Retardo do crescimento físico e cognitivo (crianças). • Sintomatologia: quadro clínico amplo: – assintomáticos (portador são) ou pacientes sintomáticos com diarréia aguda ou persistente. – Dor abdominal, perda de peso e má-absorção intestinal: Vitaminas (A,D,E,K,B12), ferro, açúcares. Anemia. – Fatores ligados ao hospedeiro e ao parasito. – Período de incubação: 3 dias p.i. – 21 dias p.i. (em geral: 7-15 dias) – Clínica mais proeminente: pacientes portadores de deficiencia de IgA e , de linfomas. HIV: maior resistencia ao tratamento. Fonte: Thompson, RCA . 2004. Vet. Parasitol. 126:15-35. 11 Patogenia de Giardia spp: • Mecanismo multifatorial: – Produtos do parasito: substâncias citopáticas e proteases rompem a integridade das membranas, levando ao aumento da permeabilidade epitelial. – Resposta inflamatória: aumento dos linfócitos intra- epiteliais; liberação de histaminas e de prostaglandinas (motilidade intestinal), injúria da bordadura e deficiências de dissacaridases; resposta alérgica (Thompson, 2004). – Linfócitos CD8+: mediação da injúria do epitélio; CD4+: fundamentais para eliminação do protozoário. * Giardia não é invasiva; vive no lúmen intestinal. 1-) 30% a 50% dos pacientes infectados podem desenvolver: - infecção cronica; diarréia intermitente (76% dos pacientes com infecção cronica); má-absorção intestinal; perda de peso (10 a 20% do peso). Intolerancia a lactose; síndrome do intestino irritável. 2-) Ocorrencia de sintomas extra-intestinais:+ Giardiose: Consequencias da Infecção Sintomas Extra-intestinais – Giardiose (Cantey et al., 2011). Urticária, angioedema, dermatite, eritrema. Artrite Reativa* Oftalmológicos: uveite; corioretinite; alterações na retina Uretrite *= Resistente ao tratamento com anti-inflamatórios; + = sintomas resolvem em 30 dias, após tratamento medicamentoso 13 Giardiose: Diagnóstico 1. Clínico: – Diarréia com esteatorréia, irritabilidade, insônia, náuseas e vômitos, perda de apetite, dor abdominal. 2. Laboratorial: – É mandatório fazer Exame de Fezes, para confirmar suspeita clínica. – Pesquisa de cistos e trofozoítas X consistência das fezes. – Métodos: 1. de Faust ou centrifugação em sulfato de zinco. 2. Centrífugo-concentração em formalina –éter. No mínimo, 3 amostras devem ser examinadas antes de um Resultado Negativo. 14 Epidemiologia da Giardiose • Relevante: – Contato sexual: homossexuais masculinos: 20% passam cistos nas fezes. • Veiculação hídrica: – Surtos epidêmicos: 131 surtos (EUA – 1965 a 2000); 38.898 pessoas atingidas; – Cistos sobrevivem à cloração e cerca de 2 meses no meio exterior. 15 Epidemiologia da Giardiose • Contato inter-pessoal: Infecção por Giardia é comum em ambientes coletivos: creches, asilos, enfermarias,orfanatos: Brasil: prevalência em creches: 4% a 31%. • Agente etiológico: “diarréia dos turistas”. 16 Tratamento da Giardiose • Indicativo: – Criança com sintomatologia e falha do crescimento: tratar! – Assintomáticos: não tratar, exceto em situações para prevenir transmissão: • exemplos: creches - crianças; manipuladores de alimentos. • Agentes anti-protozoários: – Recomendado: Metronidazol e Tinidazol. • Dose: 250 mg/via oral/5 dias (adultos); 15 mg/Kg peso/via oral/5dias (não exceder 750 mg). – Riscos: • interação com álcool e auto-medicação (metronidazol – carcinogênico em camundongos que receberam doses repetidas) 17 Trichomonas vaginalis e tricomonose: Posição Taxonômica e Morfologia. • Posição Taxonômica: – Filo Sarcomastigophora; – Classe Zoomastigophorea; – Ordem Trichomonadida; – Família Trichomonadidae. • Aspectos morfológicos: – Célula polimorfa: elipsóides, ovais, esféricos • não há estágio de cisto. – Número de flagelos (4, anteriores), membrana ondulante, costa, axóstilo, pelta, núcleo (1), hidrogenossomas. 18 Trichomonas vaginalis: Ciclo Biológico, Transmissão e Habitat. Transmissão: - é uma infecção sexualmente transmissível*. - homem: “vetor” da doença. Habitat do Protozoário: - trato genitourinário do homem e da mulher. 19 Trichomonas vaginalis: Morbidade e Patogenicidade. • Ação do protozoário: – Dano direto ao epitélio, causando micro-ulceração: • cérvix, uretra, bexiga, glândulas de Bartholin. • Hemácias são fagocitadas e utilizadas como fonte de ferro e lipideos, pelo parasito. • Freqüência da tricomonose: – 7,4 milhões de casos novos/ano (homens e mulheres); – 180 milhões de mulheres no mundo (CDC, USA, 2005). – Clínicas de DST: prevalênciasde até 88%. – Sexo masculino: 10-50% dos homens infectados são assintomáticos. 20 Tricomonose: Riscos associados à Infecção. • Maior Risco: – Se gestante: 30% de probabilidade de ter bebê baixo peso ou nascer antes do tempo (pré-termo). – Se mulher entrar em contato com HIV: maior susceptibilidade ao HIV: microulcerações e grande aporte de leucócitos (CD4) e macrófagos. – Se sexo masculino, tricomonose sintomática e portador de HIV+: 6 vezes maior a concentração de HIV no sêmen(alta freqüência da infecção na próstata); grande infiltração de linfócitos infectados pelo HIV na região genital. Tricomonose parece facilitar a transmissão do HIV. 21 Tricomonose: Sintomatologia. • Período de incubação: 4-28 dias. • Sintomas comuns à mulher: – Desde assintomático até doença inflamatória vulvovaginal: • Corrimento vaginal amarelo-esverdeado, com bolhas, odor acentuado, dispaurenia, disúria, coceira vulvar, dores no baixo ventre; • Típico: lesão eritematosa macular com petéquias hemorrágicas: “strawberry cervix” • Vaginites: – bacteriana (pH 5.0-6.0) – candidíase (ph < 4,5) – tricomonose (pH 5.0-7.0). 22 Tricomonose: Patofisiologia. Fase: Condições presentes Pré-puberdade • Parede vaginal fina e estrogênica; • pH =4.5 (pH baixo) Puberdade • Parede vaginal espessa; lactobacilos predominam; • pH vaginal < 4,5. Infecção por Trichomonas • Aumento dos leucócitos (fagocitados e degradados pelo parasito). • pH vaginal aumenta (pH entre 5,0 e 7,0 – alcalino); redução de Lactobacillus acidophilus. • mais freqüente no período pós- menstrual. 23 Tricomonose: Diagnóstico. • Diagnóstico Laboratorial: 1. Determinar pH vaginal: • pH vaginal normal praticamente exclui o diagnóstico de Trichomonas. 2. Preservação da Amostra: • Tricomonadídeos sensíveis à dessecação; necessidade de preservar em solução salina isotônica glicosada (0,2%) – 37°C. • Coleta do Material: swab de algodão não absorvente; não realizar a higiene vaginal nas 18 a 24 horas que precedem a coleta de amostras do corrimento. 3. Exame direto a fresco ou preparações coradas (Giemsa). 24 Tricomonose: Profilaxia e Recomendações ao Paciente. • Fatores de risco: – Número de parceiros sexuais; não usar preservativos. • Individual: – Ducha vaginal (suco de 1 limão): cuidado simples em casa, aumenta “killing” do parasito: • Reprodução do protozoário ocorre a cada 8-12 horas. – Encaminhar para Tratamento Médico: é necessário! – Tratamento do parceiro sexual: é importante! – Banhe-se imediatamente após nadar em piscina pública: • Sobrevivência do Trichomonas em toalhas úmidas, etc: 24 horas, a 35ºC.. • Não produz imunidade duradoura. 25 Balantidium coli (Malmsten, 1857) e balantidiose: Posição Taxonômica e Morfologia. • Posição Taxonômica: – Filo Ciliophora; Ordem Trichostomatida; Família: Balantidiidae; Gênero Balantidium. • Aspectos morfológicos: trofozoítos e cistos: • Citóstoma, citopígio, vacúolos contráteis e digestivos, macronúcleo e micronúcleo; cílios. 26 Balantidium coli: Ciclo Biológico. • Ciclo Biológico: 1. Reprodução assexuada: divisão binária (bipartição); 2. Reprodução sexuada: conjugação (trocas genéticas) – micronúcleos. 27 Balantidium coli e balantidiose: Patogenia. Único protozoário ciliado que parasita o ser humano (habitat - cólon): – Suínos são o reservatório da infecção. – O parasito pode secundariamente penetrar na mucosa intestinal e causar úlceras. 28 Balantidium coli e balantidiose: Diagnóstico e Freqüência da Infecção. • Infecção parece ser mais comum em pessoas que mantém contato com suínos: – América Latina, Sudeste da Ásia, Papua Nova Guiné. • Diagnóstico: 1. Clínico: diarréia, náusea, vômitos, dor abdominal, anorexia, perda de peso, cefaléia, colite, perda severa de fluídos. 2. Laboratorial: exame de fezes (coloração Hematoxilina Férrica: cistos e trofozoítos); exame direto. Colonoscopia: • Pesquisar nas bordas das úlceras (hialuronidase). 29 Balantidium coli e balantidiose: Epidemiologia, Profilaxia e Tratamento. • Maior risco: – Contato com excrementos de suínos (feritilizantes ou água contaminada em propriedades rurais); – Alta taxa de infecção dos suínos: 20% - 100%. – Prevalências pontuais podem ser altas (casos humanos) • Profilaxia: – Higiene individual (criadores e tratadores de suínos); – Coletiva: impedir que excrementos de animais contaminem água de consumo humano (engenharia sanitária); – Destinação correta dos excrementos das criações. • Tratamento: – Tetracilina: 30 a 50 mg/Kg/peso – 10 dias Blastocystis hominis: parasito mais comum nos paises em desenvolvimento • Protozoário parasita do ser humano; podem ter como hospedeiro diferentes espécies de mamíferos, aves e répteis, além do homem. • No passado, descrito como fungo. Possui um ou mais núcleos e estruturas similares a mitocondria. • Polimórfico; presença de drogas, mudanças osmóticas – influencia diagnóstico! • Forma vacuolar: mais típica e comum nas fezes. 30 Blastocystis hominis: Relevância • Transmissão fecal-oral mediante cistos (recentemente descritos). • Parasito oportunista? Pacientes imunocomprometidos com diarréia. • Responsável por desordens intestinais? Comum em individuos com diarréia ou síndrome do intestino irritável. • Papel da água na transmissão; prevalencia de 20% a 40% no Brasil: crianças, manipuladores de alimentos, pacientes que fazem hemodiálise/insuficiencia renal cronica... • Ainda não se conhece ao certo seu papel patogenico... • Fármaco de escolha; metronidazol (sucesso parcial; sintomas e nenhum outro patogeno foi detectado. 31
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