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RESUMO DE PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS

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INTRODUÇÃO
A disciplina Perspectivas Profissionais em Serviço Social baseia-se na compreensão do processo
intrínseco às estratégias criadas pelo Estado e pelo capital para instituir os mecanismos de controle da
classe trabalhista e o refreamento dos conflitos entre trabalhadores e empresariado, o que faz surgir a
Questão Social, que é a matéria-prima do Serviço Social, bem como seus reflexos.
Para isso, é importante ainda lembrar que a Questão Social está relacionada às estruturas sociais,
históricas e políticas de um país e apresenta-se de forma diferente nas diversas sociedades; no interior
delas, configura-se e reconfigura-se de acordo com as mudanças estabelecidas pelas estruturas
capitalistas. Nesse sentido, a compreensão do mercado de trabalho e das perspectivas profissionais
demanda também a compreensão do que se convencionou denominar Questão Social e dos processos
que viemos vivenciando e que têm provocado alterações nesse fenômeno.
A disciplina Perspectivas Profissionais em Serviço Social tem como objetivo possibilitar ao
educando a compreensão crítica do profissional em suas diferentes realidades de trabalho, visando a
ações baseadas em teorias e legislações, para distanciar-se de ações imediatistas, com o entendimento
dos instrumentos técnico-operativos utilizados, para potencializar sua atuação diante dos desafios das
expressões da Questão Social.
A prática do assistente social é desenvolvida pela combinação de
diversos fatores, entre eles: o relacionamento com os que necessitam de seus serviços e os buscam;
os instrumentais utilizados para o desenvolvimento satisfatório das funções desse profissional,
conforme as prerrogativas de suas atividades; os possíveis conflitos; a qualificação técnica e a
metodologia empregada.
Os instrumentais técnico-operativos estão em constante desenvolvimento: são modificados
diariamente pela atuação dos assistentes sociais, tanto no campo teórico quanto no prático, o qual
denominamos práxis profissional. Sua atuação em diversas áreas é resultado de muitos elementos
relacionados, que podem ser de ordem profissional, social e institucional.
O TRABALHO NO CAPITALISMO
O modo de produção capitalista marcou o fim do modelo de sociedade baseado no feudalismo. Como
sabemos, o regime feudal possuía uma forma de organização econômica, política e social totalmente
diferenciada da organização capitalista, tendo começado a ruir em fins do século XVI. O capitalismo
nasceu com a característica central de compra e venda da mão de obra humana, baseado num sistema
de assalariamento: o trabalhador que antes realizava o seu trabalho de maneira artesanal e participava
de todo o processo de produção passou a vender a sua mão de obra.
Conforme Meksenas (1994) nos explica, a
[...] sociedade capitalista é uma organização de trabalho que se caracteriza
pela existência de, basicamente, duas classes sociais: os proprietários dos
meios de produção e os proprietários apenas de sua capacidade de trabalho.
Marx e o trabalho no capitalismo
Quem estudou a sociedade capitalista de maneira crítica foi o pensador alemão Karl Marx (1818- 1883), conforme pontuamos. Para esse teórico, o trabalhador é bastante explorado no capitalismo.
Para Marx, no sistema capitalista, há apenas duas classes sociais: a classe trabalhadora ou
operária, que detém a força de trabalho, e a classe burguesa, que detém os meios de produção.
Essa relação de compra e venda da força de trabalho reforça a desigualdade entre as classes
sociais. Mandel (1982) coloca que é por meio da compra da força de trabalho que a desigualdade
inerente a esse sistema se mantém. Seguindo tal raciocínio, se não houver venda da força de
trabalho, o sistema não se sustentará. Porém, não há como contarmos com isso, visto que a única
forma de termos nossas necessidades atendidas, nessa sociedade, é por meio do trabalho.
É também por meio do trabalho que acontece a alienação do trabalhador, conforme Marx (1988)
destaca e Mandel (1982) também sinaliza. A primeira forma de alienação do trabalhador é quando
ele é separado do seu meio de produção. Em um segundo momento, vem a alienação pela falta de
conhecimento da realidade de exploração que está vivendo. Isso faz o sistema continuar se perpetuando
ao longo dos anos.
A mais-valia
Marx chegou à conclusão de que o trabalhador não recebe justamente o seu salário, o qual deveria suprir suas necessidades de alimentação, vestuário, lazer e garantir o bem-estar de sua família, tal como apontamos anteriormente.
Tomazi (2000):[...] o trabalhador, ao assinar um contrato para trabalhar numa determinada empresa, está dizendo ao seu proprietário que se dispõe a trabalhar; por exemplo, oito horas diárias, ou quarenta horas semanais, por determinado salário. O capitalista passa, a partir daí, a ter o direito de utilizar essa força de trabalho no interior da fábrica.
Como o trabalho se transforma em mercadoria
No capitalismo, o trabalhador precisa trabalhar para atender às suas necessidades básicas (como alimentação, vestuário e lazer) e, em troca, recebe um salário que possa atender aos seus objetivos.
À medida que o trabalhador se coloca à disposição do mercado para trabalhar em troca de um
salário, seu trabalho passa a ser uma mercadoria, pois ele o vende: lembre-se de que o trabalho é um
produto de compra e venda no capitalismo. Isso vale para qualquer tipo de trabalho, seja no campo, na
cidade, na indústria, no comércio ou no setor de serviços em geral.
A partir de 1980, os metalúrgicos do ABC paulista passaram a fazer manifestações e greves
por melhores condições de trabalho e de salário; nas bases desse movimento, formaram-se novas
centrais sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que fez frente à Central Geral
dos Trabalhadores (CGT), assim como houve o fortalecimento de partidos políticos (como o PTB,
o PC do B, o PCB, o PSB) e a criação de novas correntes partidárias, entre elas o Partido dos
Trabalhadores.
Em síntese, o conceito de trabalho, de forma geral, refere-se à maneira como os seres humanos
realizam atividades, transformando a natureza e desenvolvendo a cultura da coletividade. As diferentes
sociedades constituídas ao longo do tempo nos mostram como o trabalho assume características
distintas.
AS CONTRADIÇÕES DO TRABALHO NO CAPITALISMO
a sociedade capitalista é estruturada em classes sociais, que, por sua vez,
são antagônicas. Enquanto os capitalistas, proprietários dos meios de produção, buscam a todo
custo manter-se na riqueza e na opulência à custa da exploração dos trabalhadores, estes tentam,
de todas as formas possíveis, primeiramente, sobreviver, tornando-se alienados no processo de
relações de produção.
As contradições do capitalismo fazemse
evidentes quando observamos a própria configuração das cidades, nas quais podemos perceber
claramente a geografia formada por setores diferenciados: de um lado, áreas nobres, com casas luxuosas;
de outro, núcleos residenciais (anteriormente denominados favelas), cortiços e um emaranhado de
pessoas vivendo em condições subumanas.
No capitalismo, as pessoas vendem a sua força de trabalho, conforme determina o mercado capitalista.
Desta feita, o trabalhador passa a ser uma mercadoria e, em muitas situações, trabalha demasiadamente
e não recebe o salário justo, o que, consequentemente, não lhe permite comprar alimento suficiente,
vestir-se, pagar moradia, luz, água etc.
realidade brasileira apresenta uma desigualdade considerável, uma vez que os capitalistas exploram
o máximo possível e não oferecem condições de vida digna aos trabalhadores.
Tomazi (2000) ensina que: [...] a situação dos trabalhadores no Brasil tem sido uma das mais terríveis e
trágicas de toda a sua história. Existem estudos comparativos que buscam
analisar a situação dos trabalhadores brasileiros nos últimos tempos, em
comparação com sua situação em épocas anteriores.
O CAPITALISMO E A EXPLORAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO
O Serviço Social, antes de ocupar espaço no campo universitário,já existia como prática social que
respondia às demandas do sistema capitalista, no atendimento da Questão Social aberta pela exploração
da força de trabalho.
Martinelli (2006, p. 53) afirma que o sistema capitalista é um “[...] modo de produção profundamente
antagônico e pleno de contradições que desde o início de sua fase industrial instituiu-se como um
divisor de águas na história da sociedade e das relações ente os homens”
O homem capitalista sempre utilizou estratégias para alcançar o seu maior interesse: acumular
lucros. Sobre a exploração da força de trabalho, Martinelli (2006, p. 55) diz que: “[...] visualizando a classe
trabalhadora como um mero atributo do capital, como um modo de existência deste, os capitalistas não
hesitavam em criar formas coercitivas de recrutamento do operariado e de sua abusiva exploração”.
A exploração da força de trabalho ganhou maior dimensão a partir da Revolução Industrial, que
abriu caminho para que o processo de industrialização se tornasse permanente, demandando uma
intensiva mão de obra até a contemporaneidade. Martinelli (2006) afirma também que:
[...] durante praticamente toda a primeira metade do século XIX, a burguesia
utilizou seu poder de classe para manipular livremente salários e condições
de trabalho.
Os trabalhadores que se recusavam a vender sua força de trabalho para os capitalistas podiam
ser recolhidos em casas de correção, que ofereciam como penalidade restrição alimentar e trabalhos
forçados, entre outras. O Estatuto dos Trabalhadores, de 1349, assegurava às autoridades locais o
direito de determinar o valor do salário a ser pago ao trabalhador, bem como formas de coerção para
recrutamento de mão de obra. Sobre isso, Martinelli (2006) diz que:
[...] as alternativas do trabalhador empobrecido, em face das condições
de trabalho que os donos do capital estabeleciam, eram sombrias: ou
se rendia à lei geral da acumulação capitalista, vendendo sua força de trabalho a preços de concorrências cada vez mais vis, ou capitulava diante
da draconiana legislação urbana, tornando-se dependente do Estado, e no
mesmo instante, declarado não cidadão, ou seja, indivíduo destituído de
cidadania econômica, da liberdade civil.
a força de trabalho, no modo de produção capitalista, foi mercantilizada, isto é,
o trabalhador foi obrigado a vender sua mão de obra para os donos do capital e a submeter-se a
todo o processo de exploração do trabalho. Esse processo fez que a classe trabalhadora se organizasse
contra as formas de exploração impostas pelo capitalismo. Os trabalhadores uniam-se por meio de
movimentos sindicais reivindicatórios, que tinham como bandeira de luta questões trabalhistas – como
a regulamentação da jornada de trabalho, que, na época, chegava a 14 horas diárias. Assim, Martinelli
(2006) assevera que: [...] as questões sindicais e trabalhistas continuavam, porém, a animar o
movimento operário que prosseguia em sua marcha, predominantemente
sob o signo da prática sindical. Assim, nenhuma das medidas propostas pela
legislação trabalhista, ao longo desse período, significou uma concessão
do poder público ou dos donos do capital. Todas decorreram de árduas e
complexas lutas e negociações dos trabalhadores.
A exploração da força de trabalho, o sistema capitalista provocou inúmeros
problemas sociais, decorrentes do crescimento exorbitante da população urbana, visto que as cidades
não tinham infraestrutura adequada para comportar tantas pessoas. Assim, alastrou-se pela sociedade
uma crescente pobreza, acompanhada de fome, doenças, moradias precárias, entre outros problemas.
Todos eles são denominados de expressões da Questão Social.
ESTRATÉGIAS DO CAPITALISMO PARA ALCANÇAR SEUS INTERESSES
Para conter as reivindicações dos trabalhadores, “as classes dominantes procuram direcionar as lutas
populares, enquadrando-as no âmbito da legislação burguesa, cuja tramitação e controle cabem ao
Estado”
A classe operária teve de se organizar de acordo com sua condição de assalariada e vendedora de sua
única mercadoria (força de trabalho), passando a vida do operário a ser dirigida conforme sua situação
de proletário.
O processo de adaptação a essa nova vida exigia profissionais para exercerem a função de adaptar
os operários à sua nova condição de assalariados. Assim emergiu, no final do século XIX – com a
ascensão da sociedade burguesa e com o aparecimento de classes sociais (com a burguesia como classe
social dominante) –, o Serviço Social, para assumir uma prática que controlasse a força de trabalho e
minimizasse os problemas sociais.
Ao perceber que a luta de classes não poderia ganhar maior dimensão, pois isso prejudicaria a
legitimação do capital, o grupo hegemônico levou a luta para o campo ideológico, visando instaurar, na
sociedade, mecanismos de intervenção para dar continuidade ao desenvolvimento do capital. É dessa
lógica que derivam critérios para o desenvolvimento do Serviço Social. Para Martinelli (2006),
[...] O Serviço Social era, pois, na verdade, um importante instrumento da
burguesia, que tratou de imediato de consolidar sua identidade atribuída,
afastando-o da trama das relações sociais, do espaço social mais amplo
da luta de classes e das contradições que as engendram e são por ela
engendradas.
Portanto, o Serviço Social, em sua prática, teve a missão de difundir, no seio das famílias proletárias,
a ideia de que o trabalhador era o vendedor de sua força de trabalho e, ainda, de levá-lo a aceitar as
condições de exploração impostas pelos donos do capital. A competência do Serviço Social era difundir
a ideologia da classe dominante para, assim, contribuir para a consolidação e legitimação do sistema
capitalista.
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A MAIOR PRECARIZAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE CAPITAL E TRABALHO
No século XVIII ocorreram extremas mudanças: sociais, culturais, políticas, científicas, mas, sobretudo,
econômicas. Foi como se expressou, sobre esse período, uma testemunha ocular, o pensador político
Alexis de Tocqueville: “Estamos dormindo sobre um vulcão [...]. Os senhores não percebem que a terra
treme mais uma vez? Sopra o vento das revoluções, a tempestade está no horizonte”
Iniciada na Inglaterra na segunda metade do século XVIII, a Revolução Industrial imprimiu profundas
e duradouras marcas na sociedade, fato que pode ser compreendido a partir de determinados elementos,
tais como:
• substituição de ferramentas por máquinas;
• substituição do sistema de trabalho artesanal e doméstico pelo sistema fabril (fábricas);
• novas alternativas energéticas, como o uso do vapor para movimentar as máquinas, bem como
para a produção de bens e transporte (trens, navios).
A Revolução Industrial consolidou duas classes antagônicas: o empresariado (donos do capital, das
fábricas, das máquinas, das matérias-primas e dos bens produzidos); e os operários, que vendiam sua
força de trabalho aos empresários sem a justa remuneração.
A cidade se apresentava como o símbolo exterior desse mundo industrial que surgia. Foi na cidade
que o progresso se manifestou e, nela, consolidaram-se os problemas básicos que até hoje padecemos,
tais como: miséria, fome, desemprego e falta de habitação. Em relação a isso, Hobsbawm (2002) afirma
que:
[...] para os planejadores de cidades, os pobres eram uma ameaça pública,
suas concentrações potencialmente capazes de se desenvolver em distúrbios
deveriam ser cortadas por avenidas e bulevares, que levariam os pobres dos
bairros populosos a procurar habitações em lugares não especificados, mas
presumidamente mais sanitarizados e certamente menos perigosos.
A oferta de mão de obra e o desemprego iniciado pelo uso de máquinas obrigaram o trabalhador a
submeter-se ao controle do empregador com péssimas condições de trabalho e de salário. Democracia
e direitos humanos e trabalhistas eram apenas reflexos de um discurso vazio que, ainda no século XVIII,
não ganhou espaço.
Os empresários impunham duras condições aos operários para que aumentassem a produçãoe
garantissem maior margem de lucro ao capital. A falta de cuidados especiais com a mulher, o trabalho
infantil, a precariedade das instalações fabris (má iluminação e má circulação de ar) e jornadas de
trabalho que ultrapassavam 15 horas diárias provocavam inúmeros acidentes, doenças, redução do
tempo de vida etc. O desemprego, a pobreza e a falta de moradia também são problemas sociais
provocados pela Revolução Industrial.
Todos os problemas sociais anteriormente mencionados exigiram uma resposta por parte do Estado,
que passou a intervir junto à classe operária visando minimizar os problemas sociais provocados pela
Revolução Industrial. O Estado contou com o apoio da Igreja Católica e de seus membros para intervir
nos problemas sociais, com a finalidade de prover condições mínimas de sobrevivência para a classe
operária. A intervenção da Igreja Católica foi realizada por meio de um trabalho que teve como base a
filantropia e a caridade.
É importante diferenciar caridade de ação social, que visa à emancipação. Por exemplo, no
Período Colonial da História brasileira, a Igreja Católica era encarregada de zelar pelo bem-estar da
população local, como estratégia para tirar de foco o desinteresse da nação colonizadora pelas questões
sociais da Colônia. Enquanto o Estado se utilizava do Exército para efetivar seu controle social, a Igreja,
alinhada à política colonizadora de Portugal, proclamava a opção pelo Evangelho, o que, na prática,
significava optar pelos pobres, ajudando quem necessitasse.
A RELAÇÃO ENTRE CAPITAL E TRABALHO
Para Karl Marx, o modo de produção capitalista, baseado na relação entre capital e trabalho, é definido como aquele cujos meios estão nas mãos de uma minoria, que constitui uma classe distinta da sociedade. O trabalhador vende a sua força de trabalho e, pela falta de poder de negociação,
submete-se a trocar seu esforço físico, na produção, pela remuneração necessária ao atendimento de
suas necessidades mais elementares.
Os trabalhadores explorados organizam-se coletivamente, por meio dos sindicatos, para reivindicar
seus direitos.
Nessa relação de trabalho, surgem inúmeras demandas sociais não atendidas ou atendidas de
maneira precária pelo capitalismo, como a atenção à saúde do trabalhador, sua alimentação, assistência
social extensiva à família, seguridade social, acesso aos serviços públicos de educação etc.
Demanda social é a denominação técnica dada à necessidade social,
que, nessa situação, representa as necessidades dos trabalhadores não
atendidas por meio da remuneração de seu trabalho (a qual, na maioria
das vezes, tem seu valor estabelecido para o atendimento das necessidades
básicas, a fim de manter a sobrevivência).
A relação entre capital e trabalho expressa conteúdo significativo no que tange à prática do
assistente social, a qual se configura como atividade inserida em um processo de trabalho historicamente
construído e socialmente determinado pela correlação de forças articuladoras de uma dada totalidade
social. Iamamoto (2004) ressalta, portanto, ser essencial que compreendamos a categoria trabalho na
sociedade contemporânea.
Guerra (2000) afirma que o homem, após a satisfação de suas necessidades imediatas,
cria outras e percorre sua trajetória na busca constante de saciá-las. Para isso, elabora novas formas
e meios (instrumentos e técnicas) para realizar o trabalho e aperfeiçoa-se, nesse ínterim, adquirindo
novos conhecimentos.
O que é trabalho?
Iamamoto, citada por Nicolau afirma que “trabalho em
Marx é transformação da natureza, mas o homem é também natureza
e se transforma nesse processo”. Segundo ela, o trabalho e seu produto
são propriedades capitalistas. Assim, gera-se a alienação do produto do
trabalho pelo trabalhador. Este se encontra alijado desse resultado na
medida em que aquilo que o capitalista devolve, em forma de salário,
é apenas suficiente para a aquisição dos meios de vida do trabalhador
e de sua família, reproduzindo-o assim enquanto assalariado.
Iamamoto (2004, p. 26-7), ao citar Marx, afirma que “a produção/reprodução das relações sociais
abrange [...] ‘formas de pensar‘, isto é, formas de consciência, através das quais se apreende a vida
social”. Diante do exposto, você pode compreender que, ao longo do desenvolvimento das sociedades, o
homem foi aperfeiçoando o trabalho para satisfazer às suas necessidades, as quais ampliaram o leque
da produção material das satisfações imediatas.
Iamamoto (2004) explicita, com muita significação, que:
Questão Social [é] apreendida como o conjunto das expressões das
desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum:
a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais
amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se
privada, monopolizada por uma parte da sociedade (IAMAMOTO, 2004, p.
27).
A trajetória histórica do Serviço Social é reveladora dos avanços ocorridos no
seio dessa profissão, a qual, com o intuito de intervir nos problemas sociais, paulatinamente abandona
ações de cunho caritativo e bondosas, optando por realizar atividades organizadas e sistematizadas, fato
que imprime base científica e técnica às ações. Vejamos, na sequência, uma intervenção relevante nesse
sentido.
A Revolução Industrial provocou a reordenação da sociedade com a formação de classes sociais
antagônicas: detentores do capital versus trabalhadores.
Em meados do século XIX, algumas experiências (na Inglaterra, na França e na Alemanha)
foram realizadas nas paróquias, a fim de melhor organizar as ações caritativas. Constituíram o
primeiro esboço técnico da assistência social. Partiam da ideia de divisão da paróquia em grupos
de vizinhos (setores), para facilitar a distribuição da ajuda material e os aconselhamentos às
pessoas e às famílias.
Em 1833, as conferências São Vicente de Paulo organizaram seus trabalhos a partir da divisão
territorial para visitas, ajudas em domicílio e apoio estruturado em programas para crianças, jovens e
idosos.
As damas de caridade ou outras pessoas que tinham tempo disponível para a ajuda aos necessitados
realizavam:
a) identificação das necessidades de cada pessoa e de sua família;
b) análise dos pedidos de ajuda das pessoas e famílias;
c) estudo da melhor aplicação dos recursos disponíveis (racionalização
dos gastos, priorizando as necessidades principais);
d) visitas aos pobres para levar ajuda material e realizar aconselhamentos;
e) busca de vagas de trabalho para os desempregados
Em 1869 foi criada a Sociedade de Organização da Caridade, em Londres, que tinha
como princípio a prática da assistência social contemporânea, ou seja:
a) cada caso a ser atendido se iniciaria com uma pesquisa;
b) o resultado dessa pesquisa seria encaminhado a uma comissão que
decidiria sobre a ajuda;
c) as ajudas aconteceriam para reconduzir a pessoa ao trabalho e à
autossustentação;
d) seriam realizados contatos com outras instituições (inclusive empresas)
para promover a reintegração da pessoa ao mercado;
e) as instituições de caridade passariam a enviar os dados das pessoas e
famílias atendidas para a composição de um cadastro central;
f) seria constituído um banco de dados sobre os projetos para que as
ações pudessem ser repetidas quando necessário.
Para Richmond, Serviço Social não era prover os necessitados de ajuda material; o correto exercício
da profissão seria iniciar minuciosa investigação sobre a pessoa em seu meio social (escola, família,
trabalho, comunidade).
Os estudos de Mary Richmond atribuíram um caráter científico à ação social filantrópica,
que marchou decisivamente para a institucionalização da filantropia. O processo de organização da
assistência social contribuiu para o surgimento do Serviço Social como profissão, e, antes de terminar
o século XIX (ainda no ano de 1899), foi fundada a primeira escola de Serviço Social do mundo, em
Amsterdã, na Holanda.
A primeira escola da América Latina foi criada em Santiago, no Chile, pelomédico Alejandro Del
Rio. O Serviço Social era considerado como uma subprofissão da Medicina, pois auxiliava os médicos
no atendimento aos pacientes. Resumia-se em fazer o bem ao próximo por amor a Deus, a partir de
práticas imediatistas e assistencialistas.
No Brasil, o Serviço Social foi primeiramente implantado em São Paulo, em 1936; depois, no Rio de
Janeiro, em 1938.
Segundo Lima (2001), as escolas de Serviço Social visavam formar profissionais a partir de uma
personalidade cristã. Não bastava ter técnica profissional: necessitava-se de profissionais com uma
mentalidade cristã diante do homem e da sociedade, na perspectiva da justiça social e da caridade, por
amor a Deus e ao próximo.
O objetivo último das escolas era formar a personalidade dos profissionais. Tudo em prol de uma
prática conservadora, fundamentada na caridade cristã, por meio de uma prática assistencialista.
O assistente social da atualidade deve desenvolver, na sociedade, funções intelectuais ou ideológicas,
em organizações públicas ou privadas, por meio da prestação de serviços sociais para a classe trabalhadora.
“Seu objetivo é transformar a maneira de ver, de agir, de se comportar e de sentir dos indivíduos em sua
inserção na sociedade”
O NEOLIBERALISMO E A PRECARIZAÇÃO NAS RELAÇÕES DE TRABALHO
Ao final da década de 1970, o Brasil iniciou uma nova fase econômica que, consequentemente,
influenciou diretamente a vida social contemporânea. Essa vivência junto à realidade brasileira provém
da influência de todo o globo e não se mostra apenas na realidade brasileira. Assim, nesse período,
houve a transição do modelo keynesiano para o neoliberal.
O keynesianismo, nos termos de Behring e Boschetti (2010), surgiu após a Segunda Guerra Mundial e
propunha alternativas ao papel do Estado, dentre as quais a intervenção desse órgão junto aos problemas
sociais. Nesse sentido, o Estado realizava intervenções nos problemas sociais, junto às expressões da
Questão Social, por meio da constituição dos serviços públicos, as políticas sociais.
O neoliberalismo é uma política econômica que envolve vários aspectos, como: privatizações de
empresas estatais, desresponsabilização da área social com redução de gastos e cortes nas políticas
públicas e flexibilização das relações trabalhistas, ocasionando a precarização do trabalho, denominada
de reestruturação produtiva. A política neoliberal é um retrocesso, no campo social, para os diversos
segmentos minoritários da sociedade, pois fortalece a exploração e a acumulação capitalista, bem como
acirra as expressões da Questão Social com uma expansão constante da desigualdade e do desemprego
estrutural.
O neoliberalismo reforça a competitividade entre as pessoas e as empresas, na busca de maior espaço
para seus produtos no mercado, com o menor custo possível, o que expõe os trabalhadores a condições
de maior exploração de sua mão de obra, a uma maior produção de mais-valia e à precarização das
relações de trabalho.
As mudanças e os avanços tecnológicos no setor produtivo diminuíram a necessidade de mão de obra
manual; nas fábricas, as grandes máquinas ainda compõem o cenário fabril, entretanto não são mais
meras máquinas analógicas que necessitam exclusivamente da intervenção humana para funcionar. A
automatização provocou uma revolução, surgiram as máquinas digitais e, em todo o processo fabril, hoje
existem computadores controlando o processo de qualidade. É inevitável que essa modalidade de mão
de obra qualificada ocasione.
O SIGNIFICADO CONTEMPORÂNEO DA QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL
Com a Revolução Industrial
(séculos XVIII e XIX), a humanidade passou por um forte processo de urbanização, no qual as famílias
saíam do campo para buscar oportunidade nas fábricas localizadas nas cidades.
Essas mudanças históricas e a urbanização das sociedades transformaram as relações sociais e
as trabalhistas, contribuindo para a formação dos problemas sociais em todo o mundo. A Questão
Social no Brasil tem seu fundamento nas contradições de classes e na exploração das minorias. No
contexto histórico brasileiro, podemos constatar o crescimento da Questão Social, que se traduz
em problemas sociais desde o período da escravização do indígena, passando por escravização do
negro, discriminação da mulher, exploração da criança e do adolescente, até o trabalho escravo
que ainda permeia as comunidades rurais, a discriminação das pessoas idosas e os processos de
exclusão.
O NEOLIBERALISMO E A “NOVA QUESTÃO SOCIAL
O advento do neoliberalismo no Brasil, a partir da década de 1990, é o ponto crucial para
entendermos as transformações que ocorreram e, principalmente, como foram abaladas as
relações de trabalho.
O mundo passou a ser muito mais competitivo após a Segunda Guerra Mundial, com um novo tipo
de sociedade e com novas relações entre o capital e o trabalho. Passaram a ser usadas novas e modernas
tecnologias, o que ocasionou profundas transformações no mundo do trabalho e fez acreditar que
o trabalhador deixaria de existir para dar lugar às máquinas altamente evoluídas, com recursos de
Microeletrônica, Robótica etc.
Segundo Iamamoto e Carvalho (2005):
[...] a Questão Social não é senão as expressões do processo de formação e
desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político
da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do
empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social,
da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir
outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão.
Podemos afirmar que a temática Questão Social não é consenso entre os estudiosos. Nesse sentido,
Machado (1999) realiza a seguinte análise:
[...] ao utilizarmos, na análise da sociedade, a categoria Questão Social,
estamos realizando uma análise na perspectiva da situação em que se
encontra a maioria da população – aquela que só tem na venda de sua força
de trabalho os meios para garantir sua sobrevivência.
Mingione (1998) esclarece que
[...] as sociedades contemporâneas encontram-se no final de um ciclo
histórico que testemunhou a prevalência dos fatores organizacionais
associativos. Os principais ingredientes desse capital de regulação foram:
a predominância das economias de escala e o desenvolvimento de grandes
complexos industriais; os programas de assistência social estatal (no âmbito
do welfare state); o consumo padronizado de massas; a institucionalização
dos grupos de interesse; a família nuclear fundada no sistema do provedor
único (emprego masculino em tempo integral e discriminação sistemática
das mulheres, juntamente com profundas alterações nos padrões de
reprodução e nas responsabilidades assumidas principalmente pelas
mulheres); e o individualismo familístico (investimento na mobilidade
ascendente intergeracional dos filhos do sexo masculino).
Sobre os efeitos da globalização da economia, Rosanvallon apud Pastorini (2004) afirma:
Existem três etapas na crise do Estado-providência: a) a financeira, que
dataria dos anos 1970, b) a ideológica, presente nos anos 1980, c) a filosófica,
que ter-se-ia iniciado na década de 1990. [...] não tomamos consciência
dessa nova crise que acompanha o surgimento de uma nova “questão
social”, que traz como principais problemas: a desintegração dos princípios
de solidariedade e o fracasso da concepção tradicional de direitos sociais [...].
A precarização do trabalho é fruto de suas transformações e da reestruturação internacional
do capitalismo nas últimas décadas, denominada por Castel (1998) de metamorfose da Questão Social.
É quando surgem o desemprego de longa duração, a flexibilização dos empregos, a crescente pobreza e
a desproteção social. Essas questões têm suas discussões centradas na coesão social e fundamentam a
existência de uma nova Questão Social.
A pobreza faz parte de uma conjuntura estrutural e social e tem suas bases históricas, mas não pode
ser aceita como um fenômeno natural, e seus graus referem-sea contextos específicos. Essa discussão
nos remete a duas formas de enfrentamento dessa Questão Social. A primeira, restrita ao campo das
ideias e fomentadora de referenciais teóricos, pode servir de suporte para a tomada de decisões. A
segunda é que a Questão Social deve ser vista pelo prisma político, tornando-se indispensável, nesse
espaço, a luta para erradicar as causas mais conhecidas e minorar os efeitos mais perversos de sua
existência. Daí também a necessidade de políticas públicas realmente efetivas, que endossem as formas
de enfrentamento da Questão Social.
As políticas sociais são, segundo Demo (1998), formas organizadas de enfrentamento da Questão
Social, conduzindo os estudos à compreensão de que o planejamento das ações deve sempre existir e
considerar as variáveis regionais, os recursos disponíveis e os parceiros institucionais como aspectos que
podem conduzir o processo a um maior ou menor grau de eficiência.
Segundo Demo (1998):
A política social pode ser contextualizada, de partida, do ponto de vista
do Estado, como proposta planejada de enfrentamento das desigualdades
sociais.
A rede de atendimento e de enfrentamento da Questão Social no Brasil somente consegue
alcançar, com êxito, todo o território nacional graças à participação dos três níveis do governo (União,
Estados e Municípios). Além dessas três esferas (governos federal, estadual e municipal), há outros
agentes de políticas sociais, oriundos dos movimentos sociais – centenas de milhares de Organizações
da Sociedade Civil (OSCs) e de Organizações não Governamentais (ONGs) – e da participação de
empresas que atuam no atendimento às demandas sociais. As políticas desenvolvidas pelo segundo
e pelo terceiro setor devem ser compreendidas e efetivadas com seriedade, uma vez que servem
como complemento da ação estatal, e nunca como substitutas dos serviços públicos.
É inegável que as políticas públicas, por meio dos programas sociais, também deixam muito
a desejar, devido à limitação de recursos (por fatores diversos, como o alto custo político das
estruturas governamentais e as metas de redução de gastos públicos definidas pelos credores
internacionais). Assim, os programas acabam se tornando, mais uma vez, compensatórios e não
universalistas.
No Brasil, o Estado atua em diversas frentes, como no Programa Nacional de Reforma Agrária, no
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), no Programa Fome Zero e no Programa de Controle
do Diabetes.
A educação é um dos instrumentos importantes de socialização, via inserção escolar. As unidades
escolares são espaços de destruição de estereótipos e lugares de valorização das pessoas. A sociedade,
em suas mais variadas manifestações, procura articular um discurso que pressione o Estado a ofertar
uma educação pública de qualidade, do nível básico ao superior.
A educação tem sido um dos principais instrumentos de combate à exclusão social. Em nossa
sociedade, há uma demanda social por educação de qualidade e pela sua universalização, tanto no nível
básico quanto no superior.
As formas de enfrentamento da Questão Social nos remetem necessariamente a políticas
sociais e públicas efetivas e ampliadas que visem, principalmente, à universalização dos direitos e ao
acesso a bens e serviços públicos.
A desigualdade tem caracterizado as fases históricas em que a economia dita o ritmo do
desenvolvimento e em que é o crescimento econômico que define o grau de satisfação das necessidades
sociais, por meio dos modelos econômicos adotados pelos Estados. Esse cenário apresenta desde a
substituição do modelo de economia feudal pelo capitalista até a existência de forças antagônicas
envolvidas no seu processo produtivo: o capital e o trabalho.
De maneira geral, à primeira vista e em resposta rápida, pode-se definir (de maneira errada) que
somente as pessoas desprovidas de condições financeiras caracterizam-se como excluídas ou vítimas da
exclusão social.
Assim, a maneira mais comumente utilizada na definição da exclusão social ainda está estritamente
ligada a expressões sociais como indigência, pobreza, desnutrição, analfabetismo, desemprego duradouro
etc.
O termo exclusão pode ser utilizado desde que compreendamos a sua abrangência. Comumente,
usávamos denominar de excluídas as pessoas com déficit de integração quanto à falta de trabalho,
moradia, educação etc.
EXCLUSÃO
A definição desse termo está ligada aos aspectos econômicos (desemprego etc.), sociais (pobreza,
perda de status etc.), psicológicos (autoestima etc.), físicos (doenças) e culturais (valores). O fenômeno
da exclusão, considerando sua dimensão no cotidiano e nas questões sociais, torna-se, para muitos, uma
fatalidade diante do conformismo da sociedade perante a problemática.
Wanderley apud Sawaia (2006) reflete a exclusão como algo social, ligado a princípios de
funcionamento das sociedades modernas que atingem todas as classes socioeconômicas da sociedade.
Por isso, a exclusão, na contemporaneidade, é vista além da ótica discriminativa ou de segregação.
Um dos fatores que contribuem para a exclusão nas relações sociais e a alimentam é o preconceito.
Tudo isso tem como consequência a vulnerabilidade e a “desorganização” familiar e comunitária, a
socialização defeituosa, a alienação e a desmoralização dos indivíduos.
Jodelet apud Sawaia afirma que “a exclusão que é hoje objeto de políticos e
de debates sociais é um fenômeno social, econômico e institucional cuja análise ressalta das ciências sociais.
Guareschi citado por Sawaia (2006) aponta que, considerando o estudo da exclusão sob uma ótica
psicossocial, é importante discutirmos dois aspectos que são decisivos para a criação e a perpetuação
desse fenômeno: a competitividade e a culpabilização.
Para ele, no mundo atual, competitividade é palavra sagrada e provoca diferenças e exclusões, pois
o progresso e o desenvolvimento só são possíveis por meio dela. As exigências do mercado capitalista
fazem que as pessoas lutem para não ser rejeitadas e excluídas, o que gera, consequentemente,
privilégios para alguns e exclusão para outros.
Já a culpabilização está relacionada ao fato de atribuir o sucesso ou o fracasso especificadamente
a pessoas particulares, deixando de lado as possíveis causas históricas e sociais, como o desemprego
planejado, que provoca a exclusão de muitas pessoas do mercado de trabalho. Guareschi citado por Sawaia afirma que “há uma ‘individualização’ do social, e um endeusamento do individual.
A inclusão social pode ser pensada como um processo de disciplinarização dos excluídos. Trata-se de
incluir socialmente aqueles que estão privados de qualquer tipo de convivência social.
Sawaia descreve a inclusão social como um “processo de controle social e manutenção da ordem na desigualdade social”, desde que partamos
do raciocínio dos indivíduos que são excluídos da sociedade capitalista.
Para Sassaki (2002, p. 42), a inclusão social
[...] é um processo que contribui para a construção de um novo tipo de
sociedade através de transformações pequenas e grandes, nos ambientes
físicos (espaços internos e externos, equipamentos, aparelhos e utensílios,
mobiliário e meios de transporte) e na mentalidade de todas as pessoas.
TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL:
A prática profissional do assistente social é considerada trabalho, pois, nessa área, este é
orientado para uma finalidade, possuidor de uma teleologia. Esse profissional é um trabalhador
assalariado.
O processo de trabalho do Serviço Social, como qualquer trabalho no setor
de serviços, gera “valores de uso”, apesar de não “produzir diretamente
mais-valia”. Seu produto não é necessariamente de base corpórea, material,
mas expressa um resultado, um valor de uso. Participa do processo ampliado
de produção e reprodução social, exercendo funções mais ou menos
estratégicas, à medida que se articula a setores produtivos, mais ou menos
importantes.
O trabalho do assistente social aporta perspectivas diferentes na empresa e no Estado. Na empresa,o profissional é partícipe na reprodução da força de trabalho. No Estado, pode participar da prestação
de serviços sociais, da redistribuição de riquezas, via políticas públicas, da defesa de direitos sociais,
da gestão de serviços públicos, em especial políticas públicas – programas, projetos –, pode reforçar
estruturas e relações de poder ou, ainda, contribuir para o partilhamento do poder e sua democratização.
Segundo assevera Iamamoto as bases teórico-metodológicas são recursos [...] que o
assistente social aciona para exercer seu trabalho: contribuem para iluminar a leitura da realidade e
imprimir rumos à ação, ao mesmo tempo que a moldam.
Como nos assevera Iamamoto (2004, p. 63):
Embora regulamentado como uma profissão liberal na sociedade, o Serviço
Social não se realiza como tal. Isso significa que o assistente social não detém
todos os meios necessários para a efetivação de seu trabalho: financeiros,
técnicos e humanos, necessários ao exercício profissional autônomo.
A intervenção profissional se constrói, nesse processo de produção e reprodução da vida social, na
articulação do poder dos usuários e protagonistas da ação profissional, no enfrentamento de questões
cotidianas. Nesse processo, são construídas estratégias para dispor de recursos, poder, agilidade,
criatividade, acesso, organização, informação, mobilização, sensibilização, entre outras.
O assistente social é um profissional de formação genérica crítica, visto que se apropria de matrizes
teórico-explicativas de outras áreas do saber, buscando uma visão de homem e de mundo na perspectiva
da totalidade.
O processo de trabalho do assistente social é pautado pelo instrumental técnicooperativo
utilizado por ele.
A autora ainda coloca que também são perceptíveis nas relações de trabalho do assistente social
posturas messiânicas e voluntárias. A postura messiânica estaria relacionada a comportamentos
profissionais com a pretensa intenção de alterar as estruturas sociais, ao passo que a voluntária estaria
relacionada a profissionais que não assumem o necessário compromisso com seu público-alvo.
Iamamoto (2004), extraindo as compreensões de Marx acerca do processo de trabalho, aponta que
todo processo de trabalho incorpora as seguintes dimensões: o trabalho, seu objeto e seus instrumentos
ou meios; essas dimensões combinadas resultarão em um produto.
A matéria-prima do trabalho do assistente social (ou da equipe
interprofissional em que se insere) encontra-se no âmbito da questão
social em suas múltiplas manifestações – saúde da mulher, relações de
gênero, pobreza, habitação popular, urbanização de favelas etc. – tal como
vivenciadas pelos indivíduos sociais em suas relações sociais quotidianas,
às quais respondem com ações, pensamentos e sentimentos.
A Questão Social possui
múltiplas formas de expressão, as quais são vivenciadas pelos seres humanos em sua realidade cotidiana,
no seu dia a dia. Não se trata de uma categoria que se manifesta apenas no pensamento, mas na
realidade concreta.
Para apreender a Questão Social em suas múltiplas formas de expressão, a autora destaca
que precisamos conhecer profundamente a realidade sobre a qual iremos atuar. Isso nos remete à
possibilidade de conhecer profundamente essa realidade, recorrendo aos dados obtidos por meio de
pesquisas, sobretudo, dados e indicadores que devam ser sistematizados e transformados em referências
para o fazer profissional.
O que o assistente social produz?. Como resposta, a autora coloca que a intervenção do profissional produz alterações nas
condições materiais e sociais daqueles com os quais trabalha e ainda produz a elaboração de conceitos
junto aos segmentos nos quais está atuando.
De tal forma, podemos compreender ainda que o processo de trabalho no Serviço Social é uma
constante, uma intervenção que está em contínuo movimento. No entanto, é fundamental que você
consiga se apropriar dos conceitos tratados até o presente momento, sobretudo com relação à ideia de
processo de trabalho.
Projetos societários: projetos de cada classe social.
O papel fundamental da produção da vida real, da produção dos indivíduos
sociais, que têm, no trabalho, a atividade fundante” levando em conta que
o trabalho não determina “apenas” as condições de sobrevivência de uma determinada classe social,
mas funda também sua subjetividade, seu psiquismo, construindo assim os sujeitos sociais com os quais iremos atuar.
Podemos sistematizar os conhecimentos até então tratados da seguinte forma: para
compreender as demandas que são a nós apresentadas, precisamos entender as relações sociais
estabelecidas nessa sociedade capitalista, em que se afigura relevante compreender as classes sociais e o
Estado, o que também demanda, essencialmente, entender a importância do trabalho e da história nesse
processo. Tais aspectos, tratados por Iamamoto (2004) como “premissas”, precisam ser apreendidos por
nós como imprescindíveis para a compreensão de novas demandas, novas expressões da Questão Social
com as quais precisaremos atuar.
iremos atuar.
Temas ocultos são tratados por Iamamoto (2004) como posturas assumidas por nossa profissão e que dificultam entender nossa demanda em sua totalidade.
Iamamoto (2004) destaca que, “para que possamos compreender as relações sociais, precisamos
‘olhar’ também para a sociedade civil”. Nesse caso, a autora coloca que os estudos, as análises e as
reflexões dos assistentes sociais têm se orientado mais para uma compreensão do papel do Estado
e menos para o entendimento da função da sociedade civil. Assim, segundo essa concepção, pela
característica assumida pela profissão no que concerne a realizar análises das políticas sociais, é usual
que o olhar seja voltado para a máquina estatal.
Iamamoto (2004) destaca que, para compreender de fato nossa demanda profissional,
precisamos conhecer melhor a realidade rural. Segundo a concepção da autora, atualmente
vivenciamos uma predominância de estudos, pesquisas e intervenções junto às populações
residentes na zona urbana, ao passo que a zona rural acaba ficando depreciada nesse processo.
Ao discutir a questão da zona rural, ela elenca que o Estado brasileiro tem desenvolvido uma
série de ações nesse “espaço”, mas estas, via de regra, buscam privilegiar o grande produtor
rural. A autora chama nossa atenção para o fato de que o Estado brasileiro, desde a década
de 1970, tem empreendido uma série de projetos para o desenvolvimento agropecuário, e tais
projetos traduzem-se em investimentos, fornecimento de empréstimos e outras iniciativas para
desenvolver a produção.
A pré-história dos instrumentais no Serviço Social e as práticas desenvolvidas pelos primeiros profissionais
Entender os instrumentais do Serviço Social remete à compreensão da pré-história de nossa profissão,
ou seja, das primeiras intervenções voltadas para o atendimento das expressões da pobreza no Brasil.
Assim, para retomar a história e conhecer as origens de nossa profissão, precisamos entender a
história brasileira da década de 1920. Nesse período, o Brasil vivenciava economicamente a expansão
do sistema capitalista, mas também possuía uma economia voltada para as atividades de natureza
agropecuária. Vivenciávamos o período em que os proprietários de grandes porções de terra detinham
o poder político, época descrita por alguns historiadores como do governo “oligárquico”, em que as
oligarquias econômicas detinham o poder.
A população da República era composta por
muitos segmentos empobrecidos; formava esses segmentos um grande número de desempregados,
escravos libertos e até trabalhadores.
Na República Velha, nos idos da década de 1920, as condições de grande parte
da população brasileira eram muito ruins. Isso significa dificuldade de alimentação, de moradia, de
sobrevivência digna.
Outra grande referência ao trabalho desenvolvido no período era a contenção das expressões
vinculadas ao Movimento Operário que se organizava no país – as quais representavam grande ameaçaà igreja e também ao poder político estabelecido até então.
A Igreja Católica desenvolvia essas intervenções porque pretendia recuperar os privilégios perdidos e
conter o avanço da religião evangélica. Por isso, recorria à caridade como uma alternativa para recuperar
os fiéis perdidos e o prestígio entre os segmentos da realidade brasileira.
Em 1932, segundo Iamamoto e Carvalho (2005), foi constituído o Centro de Estudos e Ação Social, ou Ceas, sendo esse o “equipamento”
criado pela Igreja Católica para oferecer essa formação suplementar.
No entanto, a constituição do Ceas serviu apenas para a Igreja Católica, mais uma vez, repensar sua
prática de formação. Em decorrência dessas reflexões, considerou-se que era necessária uma formação
por meio de um curso de graduação. Assim, em 1936 foi criada a primeira escola de Serviço Social,
localizada em São Paulo. Na sequência, foi constituída a escola do Rio de Janeiro, em 1937.
O Serviço Social não possuía instrumentais e técnicas próprios, e sim elaborações obtidas por adoção, ou seja, eram tomados de outras intervenções
e correntes de pensamento os instrumentais e as técnicas com os quais realizou parte de seu trabalho.
Essa adoção se deu de duas maneiras: recorrência aos métodos já utilizados pela caridade, por meio dos
quais as visitadoras sociais vinculadas às igrejas realizavam visitas, entrevistas, ajuda material direta e indireta e aconselhamento; e adoção de técnicas das disciplinas atreladas às Ciências Sociais, tais como
a Sociologia, a Medicina e o Direito, das quais, por sua vez, foram transplantadas as técnicas de pesquisa,
bem como a prestação de informações e mesmo os métodos de vacinação e puericultura.
No que diz respeito ao instrumental do Serviço Social, Pires (2007) coloca que se percebeu nítida influência dos
métodos de intervenção transplantados da Europa e dos Estados Unidos, e a recorrência aos métodos
norte-americanos teria se evidenciado somente a partir da década de 1940.
O Serviço Social de Caso
recorria à Psicologia enquanto orientação teórica e desenvolvia técnicas de apoio, de influência direta,
de catarse e de discussão reflexiva sobre a pessoa-situação, mas todas com influência também da
doutrina social cristã (PIRES, 2007).
Nos centros de formação, as primeiras assistentes sociais eram doutrinadas para desempenhar
a intervenção de caso, mas essas orientações, apesar de recorrerem à Psicologia, eram fortemente
influenciadas pela doutrina social da Igreja Católica, como sumariamos anteriormente.
Aguiar (1995) aponta que os profissionais eram orientados a desenvolver uma prática
com base em um método composto por quatro princípios: científico, técnico, de formação prática
e de formação pessoal, ou seja, eram instruídos para considerar em sua prática os princípios
elencados.
Aguiar (1995) diz, no entanto, que as próprias alunas também eram submetidas à aceitação dessa
doutrina. O autor destaca que os professores deveriam orientá-las quanto à doutrina social da Igreja
e tinham até autonomia para corrigir possíveis desvios de caráter. Lembrando mais uma vez que, de
acordo com Iamamoto e Carvalho (2005), as assistentes sociais deveriam ser moças preferencialmente
pertencentes a boas famílias burguesas da época e católicas. Isso era tão importante que, segundo os
autores, para realizarem as matrículas nos centros de formação, as interessadas deveriam apresentar,
dentre vários documentos pessoais, a carta de recomendação de uma família.
Santos (2004), analisando o currículo dos principais centros de formação desse período,
destaca que as matérias oferecidas eram organizadas de forma fragmentada, sempre orientando
uma percepção setorizada das questões sociais, indicando assim uma fuga da visão da totalidade.
Partilhando das posturas dos autores citados anteriormente, destaca que os currículos eram
perpassados pelos valores cristãos, como teoria a que recorriam para orientar os futuros
profissionais.
O Serviço Social de Grupos, por sua vez, também recorreu à Psicologia enquanto matriz teórica,incorporando ainda influências da Pedagogia e da Educação. As técnicas usadas pelo Serviço Social
oriundas desses ramos do saber, segundo Pires (2007), são as seguintes: psicodrama, técnicas de grupo,
técnicas de apoio, técnicas de motivação e incentivo, técnicas de condução do grupo, dinâmica de
grupo, dramatizações e debates.
O Desenvolvimento de Comunidade fora trazido para o Brasil na década de 1940, transplantado dos
Estados Unidos, partindo da constituição da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945. Note-se
que a ONU foi inicialmente organizada para atender aos países acometidos pela guerra; com o tempo,
começou a realizar intervenções para promover o desenvolvimento de alguns deles, oferecendo ajuda
financeira e outros subsídios.

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