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UNIVERSIDADE DE ARARAQUARA UNIARA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO E TECNOLOGIA ENGENHARIA CIVIL ALDO DONIZETTI SANTAROSA JUNIOR ALESSANDRO CORREA ANDRÉ LUIZ FISNACK CEZAR FELIPE PIASSALONGA DANIEL FERNANDO GUILMO MANTECA GUILHERME HENRIQUE SASSO BRIZOLARI JOÃO VICTOR FIGUEIREDO ANDRADE LETÍCIA PEREIRA DA CONCEIÇÃO LUCAS GOMES DE MORAES OLAVO GARCIA SCOMPARIM THAISA GABRIELE ROMANINI COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS E COBRANÇA DO USO DA ÁGUA A IMPORTÂNCIA DO RECURSO E A PRESERVAÇÃO DO MESMO ARARAQUARA – SP 2017 1 ALDO DONIZETTI SANTAROSA JUNIOR ALESSANDRO CORREA ANDRÉ LUIZ FISNACK CEZAR FELIPE PIASSALONGA DANIEL FERNANDO GUILMO MANTECA GUILHERME HENRIQUE SASSO BRIZOLARI JOÃO VICTOR FIGUEIREDO ANDRADE LETÍCIA PEREIRA DA CONCEIÇÃO LUCAS GOMES DE MORAES OLAVO GARCIA SCOMPARIM THAISA GABRIELE ROMANINI COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS E COBRANÇA DO USO DA ÁGUA A IMPORTÂNCIA DO RECURSO E A PRESERVAÇÃO DO MESMO O seguinte trabalho tem como objetivo demonstrar a importância dos comitês de bacias hidrográficas e explicar a cobrança proveniente do uso desse recurso natural mais utilizado por todos os seres humanos nos dias atuais. Universidade de Araraquara – UNIARA ARARAQUARA – SP 2017 2 RESUMO . Palavras-Chave: 3 ABSTRACT Keywords:. 4 Sumário 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................... 5 2. DESENVOLVIMENTO .......................................................................... 6 2.1. REVISÃO DE CONCEITOS ................................................................... 6 2.2. LEI DAS ÁGUAS .................................................................................... 7 2.3. UNID. DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS – UGRHs . 8 2.4. UNID. DE GER. DOS RECURSOS HÍDRICOS 13 – TIETÊ JACARÉ ... 9 2.5. COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS .......................................... 10 2.6. COMITÊ DE BACIA TIETÊ-JACARÉ ................................................... 12 2.7. SITUAÇÃO DAS DEMAIS BACIAS / UGRH / COMITÊS ..................... 14 2.8. COBRANÇA DA ÁGUA ........................................................................ 15 3. CONCLUSÃO ..................................................................................... 18 5 1. INTRODUÇÃO Todos os seres humanos fazem utilização da água doce afim de abastecer suas necessidades como por exemplo a produção de energia, transporte de itens ou pessoas, plantio, indústrias, pesca e saneamento básico, cada um porém tem objetivos e interesses diferentes na utlização desse recurso. O uso incorreto do mesmo pode trazer consequencias graves e até mesmo irreversíveis, afetando portanto as próximas gerações que farão a utilização do ciclo. A extração desse recurso é realizada de bacias hidrográficas, que, portanto são mais que um sistema “gigantesco” natural de águas, já que apresentam poder em um sistema social, econõmico e ambiental. Afim de encontrar soluções para um melhor aproveitamento e preservação desse grande bem comum, além de concentrar os dados que por muita vez faltavam sugiram as UGRHs e também os comitês de bacias hidrográficas, são locais de discussão e decisão que reunem representantes da sociedade civil, usuários da água e do poder político. Os comitês são responsáveis por discutir e organizar com transparência os diferentes interesses dos usuários do recurso em uma bacia e o maior meio para isso é realizado através da elaboração do plano de recursos hídricos.O poder de decisão dos comitês é real e deve buscar através da conversa um ponto em comum afim de agradar a todos que dependem do recurso, pensando no futuro. A cobrança do uso da água tem papel primordial na demonstração de importância do recurso, além de gerar conscientização para os usuários já que afeta financeiramente o mesmo, reverte os fundos para o tratamento e preservação do recurso e também para fundos de financiamento como o Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FEHIDRO, incentivando e investindo em novas ideias, planos e ações que estão na área de recursos hídricos, além de aprimorar os cuidados em relação a água. 6 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. REVISÃO DE CONCEITOS Afim de compreender de uma melhor maneira qual a verdadeira importância dos comitês de bacia hidrográficas, faz-se necessário conhecer o funcionamento de uma bacia e alguns conceitos que a envolvem. Bacia hidrográfica é uma região definida pelo homem, geralmente fazendo-se uso das curvas de nível, que contém um conjunto de rios, cada qual com sua classe e obrigatoriamente eles encontram um rio principal, desaguando em uma única foz. A qualidade da água dos rios depende principalmente da utilização da mesma para suprir as necessidades dos seres humanos, essas que são diversas. O mau uso do recurso consiste muitas vezes em utilizá-lo e despejá-lo novamente aos corpos d’água sem análise ou tratamento, assim, prejudicando ainda o restante de água já nos rios. Sendo assim, é preciso apresentar cautela quando o assunto é preservação e pensando sempre nas próximas gerações. A autodepuração de um rio consiste em uma capacidade do mesmo se recuperar após o mau uso citado no parágrafo acima, porém esse processo requer um certo tempo e graças ao aumento da população e consequentemente o aumento na utilização da água, os rios não conseguem mais realizar o processo de forma satisfatória e muito menos completa, surgindo então a necessidade de estações de tratamento de água e esgoto. 7 2.2. LEI DAS ÁGUAS Até o ano de 1997, o Brasil possuía apenas um código de águas, formulado em 1934 e certamente não atingia todos os objetivos por ser considerado ultrapassado. Assim, em 1997 após inúmeros debates e estudos, a nova lei foi aprovada e fundamentada. Com uns aspecto condizente com a realidade, a lei das águas infelizmente não foi totalmente abraçada pela população, segundo Aroldo Cedraz é uma lei que se propõe a envolver a sociedade, já que todos que nela habitam fazem uso do recurso. A lei deu mais força e viabilizou a criação de mecanismos para a manutenção do recurso hídrico brasileiro, como exemplo podemos citar a criação da Agência Nacional de Águas – ANA, orgão extremamente importante na conscientização da população quanto a importância do recurso e da lei. É possível consultar a lei através de uma simples pesquisa, ou diretamente no site do planalto, encontram-se abaixo o capítulo 1 da mesma, que contém os fundamentos utilizados como base para a criação dos artigos seguintes. I - a água é um bem de domínio público; II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuaçãodo Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. Para uma consulta completa da lei, o endereço é o seguinte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9433.htm 8 2.3. UNIDADES DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS – UGRHs O tratamento de dados estatísticos e controle dos recursos hídricos no estado de São Paulo é realizado por meio de Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHs, afim de apresentar uma política descentralizada e mais cautelosa quanto aos cuidados do recurso. Existem atualmente distribuídas no estado, 22 bacias hidrográficas, cada qual com sua UGRHI e para facilitar o controle de dados, é possível também dividir essas unidades por região (retratadas no mapa abaixo com cores distintas). Para a elaboração de novas ideias e planos, as UGRHs fazem uso dos comitês de bacias hidrográficas, que serão explicados no item 2.5. Figura 1 - Mapa das Bacias/Regiões Hidrográficas do Estado de São Paulo 9 2.4. UNIDADE DE GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS 13 – TIETÊ JACARÉ O município de Araraquara pertece a UGRH 13, que é composta por 34 cidades, além de Araraquara, encontramos as cidades de: Agudos, Arealva, Areiópolis, Bariri, Barra Bonita, Bauru, Boa Esperança do Sul, Bocaina, Boracéia, Borebi, Brotas, Dois Córregos, Dourado, Gavião Peixoto, Iacanga, Ibaté, Ibitinga, Igaraçu do Tietê, Itaju, Itapuí, Itirapina, Jaú, Leiçóis Paulista, Macatuba, Mineiros do Tietê, Nova Europa, Pederneiras, Ribeirão Bonito, São Carlos, São Manuel, Tabatinga, Torrinha e Trabijú. No mapa a seguir podemos ver a distribuição territorial da UGRH 13 e os municípios que a pertence: Figura 2 - Mapa da UGRH 13 10 2.5. COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS Com o intuito de estabelecer ordem, analisar estatísticas, buscar o melhor aproveitamento do recurso, reforçar a importância do mesmo e propor um planejamento futuro sempre de olho nas próximas gerações, foram criados os comitês de bacias hidrográficas. Comitês de Bacias Hidrográficas são locais / reuniões onde existem discussões e tomadas de decisões que dão voz aos usuários da água, da sociedade civil organizada (associações profissionais, cooperativas, corporações, grupos por gênero, culturais ou religiosos, orgãos de defesa do consumidor) e também do poder político. Através de conversa pacífica, busca-se encontrar um ponto em que todos os usuários da água estejam satisfeitos, de modo que todos tenham o recurso para abastecer as necessidades. Sabe-se que é impossível agradar totalmente a todos, porém com os comitês de bacias hidrográficas é possível chegar a níveis satisfatórios de convergência e portanto uma melhora na situação. Uma das principais atribuições dos comitês é a montagem, execução e vistoria do Plano de Recursos Hídricos da Bacia, também conhecido simplesmente por Plano da Bacia. O Plano de Bacia é composto por itens que auxiliam na elaboração do mesmo, para a execução deve se primeiro de tudo montar um diagnóstico da situação atual, em seguida o prognóstico, após esses dois itens dá-se início do plano de ação para a gestão dos recursos pela UGRH, onde se define as metas e ações, realiza a montagem do programa de investimentos, o balanço entre as prioridades de gestão do município e o UGRH, o arranjo institucional para a introdução do plano e, por fim o acompanhamento e monitoramento do plano de bacia. Os comitês apresentam atribuições importantes quanto a política, essas que foram atribuídas através da Política Nacional de Recursos Hídricos e as principais são de natureza deliberativa (decisão) onde podem arbitrar em primeira instância administrativa os conflitos ocorridos pelo uso da água, de natureza propositiva em que podem acompanhar a execução do plano de recursos hídricos da bacia e sugerir providências para o cumprimento de suas metas. Quanto a natureza consultiva, podem promover debate das questões relacionadas aos recursos hídricos e articular a atuação de entidades intervenientes. 11 Em entrevista, Anivaldo Miranda – Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, comentou sobre a gestão democrática que os comitês de bacia proporcionam e diz que os comitês que estão em início são o exemplo mais ricos do que é democracia participativa, fazendo uma gestão pública eficiente. Segundo Anivaldo Miranda, um comitê de bacia hidrográfica não é um orgão público, uma ONG e nem mesmo uma empresa privada, mas ao mesmo tempo tem a capacidade de ser todas essas entidades ao simultaneamente, já que todos que estão presentes devem se sentir em casa, explicando as divergências e através da conversa elas devem ser diminuídas, encontrando um ponto em comum que seja capaz de satisfazer a todos. A cidade de Bertioga vem fazendo um bonito papel quando o assunto é cuidar dos bens naturais, com cerca de 400km² o município apresenta cerca de 90% do seu terriótio sobre área de preservação permanente e busca alinhar progresso e preservação. A bacia hidrográfica de Bertioga é uma das maiores do estado e em uma parceria da prefeitura com o Fundo Estadual de Recursos Hídricos – FEHIDRO, foi adquirido uma chalana que recebe o nome de Arca do Saber, proporcionando aos alunos de rede pública e particular de ensino uma aula diferente, embarcando e conferindo de perto a natureza, aumentando a conscientização da preservação da água e suas inúmeras utilidades. 12 2.6. COMITÊ DE BACIA TIETÊ-JACARÉ Conhecendo melhor as definições de uma unidade de gerenciamento de recursos hídricos e de comitês de bacias hidrográficas é possível aprofundar nos dados do comitê responsável por nossa região. O comitê recebe o nome de Comitê de Bacia Tietê-Jacaré devido ao nome dos principais rios que fazem parte da bacia e foi fundado após uma série de reuniões marcadas pela dificuldade de introduzir um modelo de gestão de recursos hídricos por bacias hidrográficas, verificou-se então que pouca coisa havia sido realizada e então a escolha de fundar um comitê teria papel fundamental na gestão do recurso. No período de fundação, praticamente nenhum município tinha uma agenda que se preocupasse com o meio ambiente, ficou definido então que o foco principal do comitê seria o tratamento de esgoto sanitário. Na tabela a seguir, alguns dados de maior importância do comitê: Comitê de Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré Dados Gerais Área 11.749 km² População 1.479.207 hab Grau de Urbanização 96% N° de Municípios 34 Principais Municípios Bauru, São Carlos, Araraquara e Jaú Atividades Esconômicas Principais Agrícola - Sucro-alcooleira e Cítricos Industrial - Diversificada Disponibilidade Hídrica Disp. Superficial per capita 2.068 m³/hab/ano Principais cursos d'água Rio Tietê, Rio Jacaré-Pepira e Rio Jacaré-Guaçu Principais Aquíferos Guaraní, Bauru e Serra Geral Colegiado Data de Fundação 10 de Novembro de 1995 Sede da Secretaria Executiva Araraquara N° de membros plenária 36 Titulares - 36 Suplentes 5 Câmaras Técnicas Planejamento e Gestão, Recursos Naturais, Saneamento Água Subterrânea e Educação Ambiental Tabela 1 – Dados do Comitê de Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré Os dados da tabela acima são do final de 2011, nesse mesmo ano o comitê tinha como perspectivas futuras a implantação da cobrança pelo uso da água, feito que foi realizado há pouco tempo nomunicípio de Araraquara. 13 O comitê também tem como objetivo elaborar o plano de bacia seguinte, aumentar ainda mais a divulgação do comitê e suas atividades, aumentar a participação da sociedade nas tomadas de decisão e criar mecanismos que otimizem a aplicação dos recursos provenientes da FEHIDRO e da cobrança de água. Os avanços mais notáveis com a criação do comitê até o ano de 2014 estão disponíveis na tabela a seguir: Item Antes Depois (2014) População 1,23 Milhões (1996) 1,53 Milhões Urbanização 92% (1996) 96% Abastecimento -- 96% Coleta de Esgoto 96,7% (1998) 96,20% Tratamento de Esgoto 5,6% (1994) 65,80% Resíduos Sólidos 20% adequada(1997) 74,9% adequada Tabela 2 – Evolução dos dados relativos ao comitê de bacia Tietê-Jacaré Atualmente a mesa do comitê é composto com os seguintes membros: Tabela 3 – Composição da Mesa Diretora – Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré Composição da Mesa Diretora Bacia Hidrográfica do Tietê-Jacaré Função Nome Representação Presidente Marcelo Fortes Barbieri Prefeitura - Araraquara Vice Presidente Jozrael Henriqués Rezende FATEC - Jaú Secretátia Executiva Érica Tognetti DAEE - Araraquara Secretário Executivo Adjunto Jorge Luis Carizia CETESB - SP 14 2.7. SITUAÇÃO DAS DEMAIS BACIAS / UGRH / COMITÊS Desde o ano de 2007, os comitês de bacias elaboram anualmente relatórios de situação referentes a qualidade e o balanço dos recursos hídricos no setor que eles se responsabilizam (UGRH). Esse relatório é utilizado para uma análise da situação atual e também afim obter orientações para a gestão da bacia. Os relatórios levam em consideração vários itens, como por exemplo a disponibilidade dos recursos, a demanda e o saneamento básico, os principais são elencados a seguir: Demanda de Recursos Hídricos, Disponibilidade Per Capita e Demanda em Relação a Vazões de Referência, Esgoto Sanitário, manejo de Resíduos Sólidos, Abastecimento de Água e também Qualidade das Águas no Estado de São Paulo Os relatórios montados pelas UGRHs são enviados para a Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, onde são estudados e posteriormente publicados no anual. Através do relatório é possível fazer uma melhor análise da situação como um todo, realizar obras maiores que podem gerar melhorias para duas ou mais UGRHs. No ano atual, 2017, foi emitido o relatório com as análises do ano de 2015 contendo 368 páginas e uma visão bastante ampla da situação do estado como um todo, incluindo o índice de perdas da região. A consulta desse ou dos relatórios anteriores pode ser realizada no site do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo – SIGRH. Analisando o relatório, é possível notar que com a criação das UGRHs e dos comitês de bacia facilitou-se realizar o gerenciamento dos recursos hídricos. Já quanto á disponibilidade hídrica per capita foram apresentados dados críticos para a região da UGRHs 5. Isso deve-se ao fato da grande concentração de pessoas que habitam nessa região, atualmente essa disponibilidade gira em torno de 130 m³ por ano, porém é mais do que conhecido que a distribuição é muito desigual, já que empresas consomem facilmente muito mais que o valor, deixando usuários sem água. O sistema da cantareira está coletando água das UGRHs vizinhas afim de solucionar esse problema 15 2.8. COBRANÇA DA ÁGUA Acreditamos que quando chega a conta de água em nossas residências, estamos pagando exclusivamente pela água que utilizamos, mas na realidade o valor que reembolsamos é apenas a prestação de serviço das empresas que fazem o abastecimento da nossa residência. Em algumas cidades, até o ano de 2005 pagávamos apenas o valor para que a água chegasse a nossas casas, ou seja, o custo da companhia de realizar a extração, tratamento e nos enviar, mas após a aprovação da Lei de Cobrança pelo Uso da Água (Lei nº 12.183 de 29/12/2005) a situação mudou, os municípios podem ou não repassar essa cobrança ao consumidor. Com essa Lei foi estipulado um valor para a água em si, independentemente de quem faz a captação, se é uma concessão ou público. A cobrança pela utilização dos recursos hídricos não é um imposto, e sim uma remuneração pelo uso de tais recursos públicos, cujo preço é estabelecido com a participação dos usuários da água, dos civis e do poder publico nos comitês de bacia hidrográfica (CBHs). Essa cobrança tem como objetivo dar ao usuário uma indicação real do valor da água que com o crescimento e desenvolvimento da população deixou de ser um bem infinito como se pensava, incentivar o seu uso racional e obter recursos financeiros para a recuperação e manutenção das bacias hidrográficas. Todo dinheiro arrecadado em bacias estaduais é revertido para o FEHIDRO, ficando a disposição da UGRH da região em que ele foi repassado. A cobrança total será calculada através da soma do volume total de água captado, do volume de água não devolvido e do tipo de poluente lançado nas águas. Apenas os usuários diretos da água pagarão a conta tais como empresas de abastecimento público, indústrias ou usuários urbanos privados, porém como já dito no primeiro parágrafo, cabe a resalva de que as empresas de abastecimento poderão repassar esse valor cobrado para os consumidores, com exceção à aqueles que comprovarem baixa renda. Sabemos que a maior fonte de energia de nosso país vem dos recursos hídricos, nossos rios, que por vem se situam em bacias hidrográficas. Portanto, no ano de 2001, o setor elétrico passou a ser cobrado pela utilização de tais recursos hídricos. 16 Essa remuneração se iniciou no estado de São Paulo no ano de 2007, porém a cobrança já é realizada no estado do Ceará desde o ano de 1996, assim como se iniciou no estado do Rio de Janeiro em 2004. Na região de Araraquara surgiu recentemente, primeiramente começou em Piracicaba e há pouco tempo foi instituída em Araraquara após uma grande luta vinda dos comitês de bacia, já que é preciso seguir certos passos para a liberação política e assim começar a cobrança. Existem bacias estaduais e interestaduais em nosso país, e temos aquelas em que a cobrança já é realizada, as que estão em estado de aprovação e as que ainda não se tem o projeto para o mesmo. Na tabela abaixo, encontram-se os valores que foram definidos para a cobrança das bacias que utilizam água exclusivamente do estado de São Paulo: COBRANÇA PELO USO DOS RECURSOS HÍDRICOS DE DOMÍNIO DO ESTADO DE SÃO PAULO (COBRANÇA ESTADUAL PAULISTA) Tipo Uso Unidade Valores dos Preços Unitários Básicos (PUBs) 2015 (até 16/08) 2015 (a partir de 17/08) 2016 Captação, Extração e Derivação R$/m3 0,01 0,0118 0,0127 Consumo de água bruta R$/m3 0,02 0,0235 0,0255 Lançamento de carga orgânica (DBO5,20) R$/Kg 0,1 0,1175 0,1274 Tabela 4 – Sistema de Cobrança dos recursos hídricos no estado de São Paulo Como podemos ver, o custo é considerável pequeno perto do valor da conta que chega até nós, muitas vezes o valor da água vem diluído na fatura e não explícito pela companhia. Apesar de pequeno, com a junção de todos os usuários, só nas bacias de CBH – Piracicaba, Capivari, Jundiaí e CBH – Paraíba do Sul, de 2007 a 2009 foram arrecadados cerca de 44 milhões de reais pela cobrança estadual. Em rios de domínio da União (aqueles que cortam mais de uma unidade da Federação) a cobrança já está ocorrendo na bacia do rio Paraíba do Sul (MG, RJ e SP) desde 2003 e na dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (MG e SP) desde 2006 e em ambas, já foram arrecadados100 milhões de reais até o final de 2009. 17 De 2007 a 2009 foram aplicados pelos Comitês PCJ e PS, 30 milhões de reais, oriundos da cobrança em rios de domínio estadual, em empreendimentos para a melhoria da qualidade ambiental nessas regiões. Figura 3 - Linha do tempo relativa instituição da cobrança dos recursos hídricos Figura 4 - Situação da cobrança em bacias estaduais 18 3. CONCLUSÃO Com a modernização do homem e o passar do tempo, evidentemente se faz necessário utilizar água em maior quantidade, afim de evitar que a situação se torne cada vez mais crítica ocorrendo uma queda na qualidade e quantidade de água que temos disponível, foram criados unidades capazes de controlar dados (UGRHs), os financiamentos a obras de caráter hidrológico (FEHIDRO) e principalmente a parte racional e democrática do cuidado com a água, os comitês de bacia. É mais do que notável as melhorias que os comitês de bacias proporcionam, sem contar a oportunidade democrática de participação de todos, desde aqueles que usam o fluido apenas para uso residencial até aqueles que usam industrialmente. Através dos planos de bacia, é possível controlar toda situação e propor ideias que trarão um desenvolvimento para os membros do comitê. Que a ideia do comitê seja ainda mais divulgada, que toda a população conheça a oportunidade de viver a plena democracia através dos comitês e que as cidades sigam o caminho de Bertioga, executando um progresso sem deixar de lado a natureza, afinal de conta para onde olharmos encontraremos recursos extraído dela. A cobrança da água não deve ser confundida com imposto de companhia de águas ou taxa para algum orgão público, seu valor arrecadado é revertido para melhorias no progresso dos municípios e se fez mais do que necessário, ajudando cada vez mais a conscientização da população da importância desse recurso finito. O valor arrecadado é revertido totalmente para a UGRHs, ficando no controle do FEHIDRO e utilizado para obras de melhoria, manutenção e construção de novas estruturas nas bacias hidrográficas, esse assunto também é discutido nos comitês de bacias e anexado ao plano de bacias. 19 REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO As UGRHIs no contexto das Regiões/Bacias Hidrográficas do Estado de São Paulo. Site Daee SP. Disponível em: <http://www.daee.sp.gov.br/acervoepesquisa/perh2204_2207/perh08.pdf>. Acesso em: 8 de Setembro de 2017. Cobrança Pelo Uso D'Água. Site Agência PCJ - UGRH 5. Disponível em: <http://www.agenciapcj.org.br/novo/instrumentos-de-gestao/cobranca-pelo-uso-da- agua>. Acesso em: 8 de Setembro de 2017. Cobrança Pelo Uso de Recursos Hídricos. Site Agência Nacional de Águas - ANA. Atualizada em Junho de 2017. Disponível em: <http://www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/cobrancaearrecadacao/cobrancaearrecad acao.aspx>. Acesso em: 8 de Setembro de 2017. HENRIQUE, Fernando; KRAUSE, Gustavo. Lei n° 9.433. Site do Planalto.gov. 8 de Janeiro de 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm>. Acesso em: 8 de Setembro de 2017. Lei das Águas. Site Agência Nacional de Águas - ANA. Disponível em: <http://www2.ana.gov.br/Paginas/institucional/SobreaAna/legislacao.aspx>. Acesso em: 8 de Setembro de 2017. MACHADO, Flávia; ARAUJO, Eliane. Os Comitês de Bacias e sua importância na gestão das águas. Site Mobilizadores. 2012. Disponível em: <http://www.mobilizadores.org.br/entrevistas/os-comites-de-bacias-e-sua- importancia-na-gestao-das-aguas/>. Acesso em: 8 de Setembro de 2017. Perguntas Frequentes - Cobrança da Água. Site SIGRH - Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos. Disponível em: <http://143.107.108.83/sigrh/cobranca/perguntas.html#01>. Acesso em: 8 de Setembro de 2017. Qual é o consumo ideal de água para uma pessoa por dia ?. Site AgSolve - Dados SABESP. 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