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DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 38 1. PROCESSO DOS CRIMES DA COMPETæNCIA DO TRIBUNAL DO JòRI Os processos de competncia do Tribunal do Jri so aqueles cujos fatos imputados ao infrator so crimes dolosos contra a vida, ou crimes comuns, desde que conexos com algum crime doloso contra a vida. A previso se encontra, primeiramente, na prpria Constituio da Repblica, em seu art. 5¡, XXXVIII.1 A Doutrina entende que se trata de clusula ptrea, ou seja, no pode ser modificada por Emenda Constitucional. Assim, o Jri , e continuar sendo, por um bom tempo, a Instituio responsvel pelo processo e julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Com a vigncia da Lei 11.689/08, o procedimento dos crimes da competncia do Tribunal do Jri foi COMPLETAMENTE ALTERADO. Atualmente o rito do Tribunal do Jri possui disciplina completamente autnoma da do rito ordinrio, o que no ocorria na sistemtica anterior, na qual o rito do Jri era idntico ao rito ordinrio na fase instrutria. A nica discusso que h, atualmente, acerca da aplicabilidade, ou no, dos arts. 395 a 397 aos crimes da competncia do Tribunal do Jri, pois o ¤4¡ do art. 394 determina a aplicao destes arts. A todos os procedimentos penais de 1¡ grau. Vejamos: ¤ 4o As disposies dos arts. 395 a 398 deste Cdigo aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que no regulados neste Cdigo. (Includo pela Lei n¼ 11.719, de 2008). Embora o ¤4¡ se refira ao art. 398 tambm, ele se encontra revogado, motivo pelo qual deve ser desconsiderada a meno a ele. A Doutrina vem se posicionado no sentido de que estes artigos no so aplicveis ao rito do Jri, pois o rito do Jri possui um regramento todo especfico2, e que contempla esta etapa do procedimento o que, pelo princpio da especialidade, afastaria a aplicabilidade do rito comum ordinrio. 1 Art. 5¼ (...) XXXVIII - reconhecida a instituio do jri, com a organizao que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votaes; c) a soberania dos veredictos; d) a competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 2 TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 10¼ edio. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p. 169. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 38 A primeira fase do procedimento do Jri chamada de judicium acusationis, ou etapa da Òformao de culpaÓ3, na qual o Juiz analisa se o caso, ou no, de submeter o acusado a julgamento pelo plenrio. Abrange os atos praticados do recebimento da denncia at a pronncia do ru. Aps este momento, temos o judicium causae, que compreende os atos praticados entre a pronncia e o julgamento pelo Tribunal do Jri. 1.1. Judicium accusationis Esta fase est regulamentada nos arts. 406 a 421 do CPP.4 Compreende as seguintes fases: 1.1.1. Oferecimento da denncia ou queixa-crime subsidiria e resposta do ru A inicial deve conter a exposio do fato imputado ao acusado, com todas as suas circunstncias, qualificao do acusado e todas as demais especificaes contidas no art. 41 do CPP: Art. 41. A denncia ou queixa conter a exposio do fato criminoso, com todas as suas circunstncias, a qualificao do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identific-lo, a classificao do crime e, quando necessrio, o rol das testemunhas. O art. 406, ¤2¡ do CPP determina que no podero ser arroladas mais de OITO TESTEMUNHAS: ¤ 2o A acusao dever arrolar testemunhas, at o mximo de 8 (oito), na denncia ou na queixa. Duas observaes quanto a este artigo: ¥ Embora o CPP seja omisso, a Doutrina entende que, por analogia, se aplica a ressalva do art. 208, ou seja, no entram neste cmputo do nmero mximo de testemunhas, as testemunhas NÌO- COMPROMISSADAS E AS REFERIDAS; ¥ A Doutrina pacfica ao entender que o nmero mximo de testemunhas se d, para a acusao, POR FATO IMPUTADO, ou seja, sendo dois ou mais fatos delituosos imputados ao acusado (ou acusados, pois pode haver concurso de agentes), o nmero de testemunhas ser multiplicado (Ex.: Sendo trs homicdios em concurso material, sero oito testemunhas para cada fato Ð Homicdio, o que levaria ao limite de 24 testemunhas naquela inicial acusatria do MP). 3 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execuo penal. 12.¼ edio. Ed. Forense. Rio de Janeiro, 2015, p. 682 4 No se esqueam de ler a ÒLei SecaÓ, ou seja, o prprio CPP. << http://www.planalto.gov.br/ccivil 03/Decreto-Lei/Del3689.htm>> DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 38 Recebida a inicial acusatria, o Juiz dever receb-la ou rejeit-la liminarmente. O Juiz rejeitar liminarmente a inicial acusatria se presentes uma das hipteses do art. 395 do CPP: Art. 395. A denncia ou queixa ser rejeitada quando: (Redao dada pela Lei n¼ 11.719, de 2008). I - for manifestamente inepta; (Includo pela Lei n¼ 11.719, de 2008). II - faltar pressuposto processual ou condio para o exerccio da ao penal; ou (Includo pela Lei n¼ 11.719, de 2008). III - faltar justa causa para o exerccio da ao penal. (Includo pela Lei n¼ 11.719, de 2008). No sendo este o caso, o Juiz proceder citao do acusado, que poder ser realizada por qualquer dos mtodos previstos em Lei (na ordem de preferncia estabelecida). Ser, em regra, citado pessoalmente. Caso no seja encontrado, ser citado por edital (art. 361 e 363, ¤1¡ do CPP). Se o oficial de justia verificar que o ru se oculta para no ser citado, proceder sua citao por hora certa. Aps citado, o acusado ter o prazo de 10 dias para oferecer sua RESPOSTA Ë ACUSAÌO. o que diz o art. 406 do CPP: Art. 406. O juiz, ao receber a denncia ou a queixa, ordenar a citao do acusado para responder a acusao, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) ¤ 1o O prazo previsto no caput deste artigo ser contado a partir do efetivo cumprimento do mandado ou do comparecimento, em juzo, do acusado ou de defensor constitudo, no caso de citao invlida ou por edital. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Se, escoado o prazo o acusado no apresentar resposta, o Juiz nomear defensor dativo (ou encaminhar os autos Defensoria Pblica, onde houver), devolvendo o prazo para oferecimento da resposta, conforme art. 408 do CPP: Art. 408. No apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomear defensor para oferec-la em at 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) CUIDADO! Isso s ocorrer se o ru tiver sido citado PESSOALMENTE. Se a citao tiver se dado por edital, o processo ficar suspenso, bem como o curso do prazo prescricional, nos termos do art. 366 do CPP: Art. 366. Se o acusado, citado por edital, no comparecer, nem constituir advogado, ficaro suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produo antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar priso preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) Em sua defesa escrita o ru poder alegar TODASAS MATRIAS QUE SEJAM PERTINENTES Ë SUA DEFESA, juntando os documentos DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 38 que reputar necessrios, alm de especificar as provas que pretende produzir e ARROLAR TESTEMUNHAS, tambm at o mximo de OITO, requerendo a intimao destas, SE NECESSçRIO (¤3¡ do art. 406 do CPP). Aps a defesa do ru, o Juiz notifica o MP ou o querelante (se for ao penal privada subsidiria da pblica) para se manifestarem acerca da resposta do acusado5 (uma espcie de RPLICA), no prazo de CINCO DIAS, conforme preconiza o art. 409 do CPP.6 Aps esse momento, o Juiz, em dez dias7, designar DATA PARA A AUDIæNCIA, oportunidade na qual sero inquiridas as testemunhas e ouvido o ru. 1.1.2. Da Audincia de Instruo e Julgamento Aberta a audincia, ser ouvido o ofendido, se for o caso. Aps, sero ouvidas as testemunhas (primeiro as da acusao, depois as da defesa8), seguido dos esclarecimentos dos peritos (se for o caso) e do interrogatrio do ACUSADO, nos termos do art. 411 do CPP: Art. 411. Na audincia de instruo, proceder-se- tomada de declaraes do ofendido, se possvel, inquirio das testemunhas arroladas pela acusao e pela defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos peritos, s acareaes e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) A colocao do interrogatrio do ru ao final da instruo proposital, de forma a permitir o exerccio do contraditrio e da ampla defesa. Aps a instruo, pode ser que seja necessrio proceder redefinio jurdica dos fatos narrados na inicial. a chamada MUTATIO LIBELLI, prevista no art. 384 do CPP, que dever ocorrer neste momento processual, por fora do art. 411, ¤3¡ do CPP: ¤ 3o Encerrada a instruo probatria, observar-se-, se for o caso, o disposto no art. 384 deste Cdigo. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) (...) Art. 384. Encerrada a instruo probatria, se entender cabvel nova definio jurdica do fato, em conseqncia de prova existente nos autos de elemento ou circunstncia da infrao penal no contida na acusao, o Ministrio Pblico dever aditar a denncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) 5 TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1125 6 Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvir o Ministrio Pblico ou o querelante sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) 7 Esse prazo de 10 dias fixado para o Juiz, no para a realizao da audincia, mas para que ele profira deciso agendando dia e hora para a audincia. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 684. PACELLI sustenta que para a realizao da audincia o Juiz deve apenas respeitar o prazo global de 90 dias para o encerramento da instruo. PACELLI, Eugnio. Curso de processo penal. 16¼ edio. Ed. Atlas. So Paulo, 2012, p. 714. 8 TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1125. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 38 dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ao pblica, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. (Redao dada pela Lei n¼ 11.719, de 2008). No sendo o caso de MUTATIO LIBELLI, passaremos fase dos DEBATES ORAIS, nos termos dos ¤¤ 4¡ a 6¡ do art. 411 do CPP: Art. 411 (...) ¤ 4o As alegaes sero orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, acusao e defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogveis por mais 10 (dez). (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) ¤ 5o Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo previsto para a acusao e a defesa de cada um deles ser individual. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) ¤ 6o Ao assistente do Ministrio Pblico, aps a manifestao deste, sero concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual perodo o tempo de manifestao da defesa. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) CUIDADO! Aqui no h previso de possibilidade de SUBSTITUIÌO DAS ALEGAÍES ORAIS por alegaes ESCRITAS, como h previso no procedimento pelo rito comum ordinrio. Essa possibilidade no existe nem mesmo se o fato for complexo ou o nmero de acusados recomendar. Entretanto, a Doutrina vem entendendo que, em hipteses EXCEPCIONAIS, se aplique a regra do art. 403, ¤3¡ e 404, ¤ nico do CPP, permitindo, assim, a substituio das alegaes orais pelas alegaes escritas. Ao fim dos debates orais, o Juiz proferir sua deciso quanto admissibilidade da acusao, na prpria audincia, ou no PRAZO DE 10 DIAS9. Nesta fase, o Juiz pode: ¥ Pronunciar o acusado ¥ Impronunciar o acusado ¥ Absolver sumariamente o acusado ¥ Desclassificar a infrao penal 9 PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 714 e TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1126/1127 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 38 Ressalto a vocs que esta fase do procedimento (judicium acusationis) deve terminar no prazo mximo de NOVENTA DIAS, conforme prev o art. 412 do CPP. 1.1.3. Da deciso de PRONòNCIA Dentre as quatro decises possveis nessa fase do processo, a nica que possibilita o prosseguimento da ao penal a deciso de PRONòNCIA. A deciso de pronncia a deciso pela qual o Juiz verifica que h elementos que permitam a concluso de indcios de autoria e prova da materialidade do delito10, de forma que a acusao deve ser recebida e o processo remetido a Jri. Se estes elementos no estiverem presentes, teremos uma deciso de impronncia. A pronncia est prevista no art. 413 do CPP: Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciar o acusado, se convencido da materialidade do fato e da existncia de indcios suficientes de autoria ou de participao. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) ¤ 1o A fundamentao da pronncia limitar-se- indicao da materialidade do fato e da existncia de indcios suficientes de autoria ou de participao, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as circunstncias qualificadoras e as causas de aumento de pena. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Percebam que o ¤1¡ determina que o Juiz especifique as qualificadoras e causas de aumento de pena. Entretanto, o Juiz no deve especificar circunstncias privilegiadoras (como o ¤1¡ do art. 121 do CP, que trata do homicdio privilegiado), nem causa de DIMINUIÌO DE PENA.11 CUIDADO! A inexistncia de provas quanto materialidade do fato ou indcios de autoria, conduz impronncia. No entanto, a existncia de provas CABAIS acerca da INEXISTæNCIA DO FATO OU DA PARTICIPAÌO DO ACUSADO, gera a ABSOLVIÌO SUMçRIA. Veremos isso com mais detalhes frente. A deciso de pronncia possui natureza meramente declaratria (O Juiz no condena nem absolve), pois o Juiz se limita a dizer que a acusao admissvel, podendo o processo ser levado Jri. 10 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 686 11 Ao analisar, para fins de pronncia, as qualificadoras e causas de aumento de pena o Juiz no deve Òpr-julgarÓ a demanda, pois o julgamento cabe ao Conselho de Sentena (jurados). Assim, o Juiz,nesta fase, deve se limitar a expurgar apenas aquelas qualificadoras que sejam MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTES (REsp 1.241.987-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 6/2/2014.). DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 38 Processualmente, classificada como DECISÌO INTERLOCUTîRIA MISTA NÌO-TERMINATIVA, pois uma deciso no curso do processo, que no define o mrito (interlocutria), mas que pe termo a uma fase do processo (mista), embora o processo siga (no-terminativa).12 Esta deciso faz coisa julgada apenas formal, pois, preclusa a via recursal, se tornar imodificvel. No entanto, ocorrendo situao superveniente que altere a classificao do delito13, poder ser modificada, nos termos do art. 421 do CPP: Art. 421. Preclusa a deciso de pronncia, os autos sero encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Jri. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) ¤ 1o Ainda que preclusa a deciso de pronncia, havendo circunstncia superveniente que altere a classificao do crime, o juiz ordenar a remessa dos autos ao Ministrio Pblico. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) ¤ 2o Em seguida, os autos sero conclusos ao juiz para deciso. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Assim, lembrem-se: A DECISÌO DE PRONòNCIA FAZ COISA JULGADA FORMAL, MAS NÌO MATERIAL. O art. 418 possibilita ao Juiz dar ao fato definio jurdica diversa daquela que fora dada na denncia (emendatio libelli). Nesse caso, no necessrio adotar o procedimento do art. 384 do CPP (remessa dos autos ao MP para aditar a denncia em 05 dias).14 Art. 418. O juiz poder dar ao fato definio jurdica diversa da constante da acusao, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) (...) Essa hiptese (emendatio libelli) no se confunde com a hiptese do art. 411, ¤3¼ do CPP. Esta ltima hiptese (art. 411, ¤3¼) se refere MUTATIO LIBELLI. Nesse caso, o Juiz reconhece que, durante o processo, ficaram provadas algumas circunstncias que no constavam na acusao (fatos). Nesse caso, no possvel prosseguir no processo sem que se renove a instruo, pois o acusado se defendeu de um ou alguns fatos, e estar sendo pronunciado por outros alm destes. 12 TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1128. PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 725 13 Como, por exemplo, a ocorrncia de morte da vtima (o crime passar de homicdio tentado para homicdio consumado). TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1131 14 PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 724 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 38 Caso o Juiz apenas d nova definio jurdica ao fato, no por verificar que surgiram provas de outros fatos, mas por que o membro do MP se equivocou na definio jurdica dada ao fato narrado, no h que se falar em renovao da instruo criminal, pois os fatos permanecem os mesmos, tendo o ru exercido validamente o contraditrio e a ampla defesa. Lembrando, ainda, que se da nova definio jurdica do fato restar que o crime NÌO UM CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA, dever ser procedida desclassificao do crime, nos termos do art. 419 do CPP: Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordncia com a acusao, da existncia de crime diverso dos referidos no ¤ 1o do art. 74 deste Cdigo e no for competente para o julgamento, remeter os autos ao juiz que o seja. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Neste caso, remetem-se os autos ao Juzo competente. A deciso de pronncia possui alguns efeitos. So eles: ü Submete o acusado a Jri popular ü Limita as teses da acusao a serem apresentadas a Jri Ð Se o acusado, por exemplo, foi denunciado por homicdio qualificado, mas pronunciado por homicdio simples, s poder ser condenado pelo conselho de sentena por homicdio simples ü Interrompe a prescrio Ð Nos termos do art. 117, II do Cdigo Penal, a deciso de pronncia interrompe a prescrio, no importando que, posteriormente, o Tribunal do Jri desclassifique a infrao (smula 191 do STJ) O ru ser intimado PESSOALMENTE da deciso de pronncia. No sendo encontrado, ser intimado por EDITAL15 (isso mesmo, intimao POR EDITAL), nos termos dos arts. 420, II e ¤ nico do CPP.16 Atualmente no h mais a chamada PRISÌO DA PRONòNCIA, que era uma modalidade de priso decorrente da simples deciso de pronncia. Atualmente, qualquer priso antes do trnsito em julgado da sentena penal condenatria uma modalidade de PRISÌO CAUTELAR, s podendo ser determinada se presentes os requisitos que 15 PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 726 16 Art. 420. A intimao da deciso de pronncia ser feita: (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) I Ð pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao Ministrio Pblico; (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) II Ð ao defensor constitudo, ao querelante e ao assistente do Ministrio Pblico, na forma do disposto no ¤ 1o do art. 370 deste Cdigo. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Pargrafo nico. Ser intimado por edital o acusado solto que no for encontrado. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 38 autorizam a decretao da priso preventiva (arts. 312 e 313 do CPP). Vejamos o que dispe o art. 413, ¤3¡ do CPP: ¤ 3o O juiz decidir, motivadamente, no caso de manuteno, revogao ou substituio da priso ou medida restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da decretao da priso ou imposio de quaisquer das medidas previstas no Ttulo IX do Livro I deste Cdigo. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Assim, a deciso de pronncia, POR SI Sî, no acarreta a priso do acusado, como efeito automtico.17 Da deciso de pronncia cabe RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, nos termos do art. 581, IV do CPP: Art. 581. Caber recurso, no sentido estrito, da deciso, despacho ou sentena: (...) IV Ð que pronunciar o ru; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Reformando o Tribunal a deciso de pronncia, ocorre o que se chama de DESPRONòNCIA.18 1.1.4. Da deciso de IMPRONòNCIA A impronncia outra das quatro decises possveis do Juiz singular ao final da instruo nos processos de competncia do Tribunal do Jri. Est prevista no art. 414 do CPP: Art. 414. No se convencendo da materialidade do fato ou da existncia de indcios suficientes de autoria ou de participao, o juiz, fundamentadamente, impronunciar o acusado. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) A deciso de impronncia no faz coisa julgada material, pois uma deciso que apenas declara que no h elementos de prova suficientes para levar o ru Jri popular. Desta forma, se posteriormente surgirem novas provas, nada impede que seja intentada NOVA AÌO PENAL, enquanto no estiver extinta a punibilidade. Vejamos: Pargrafo nico. Enquanto no ocorrer a extino da punibilidade, poder ser formulada nova denncia ou queixa se houver prova nova. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) 17 PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 723/724. TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1131/113218 A despronncia poder ocorrer, ainda, quando o Juiz, ao apreciar a admissibilidade do recurso em sentido estrito interposto, se retratar da deciso de pronncia. TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1133 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 38 A deciso de impronncia uma deciso interlocutria mista19 terminativa, pois pe fim no s a uma fase do procedimento, mas extingue o processo. Da deciso de impronncia caber APELAÌO, nos termos do art. 416 do CPP: Art. 416. Contra a sentena de impronncia ou de absolvio sumria caber apelao. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Considerando a opo legislativa, de prever que caber apelao em face da deciso de impronncia, bem como por expressamente denomina- la de SENTENA, boa parte da Doutrina a considera como sentena, embora no analise o mrito da causa.20 (FGV Ð X EXAME UNIFICADO DA OAB) Joo est sendo processado por um crime doloso contra a vida e, aps o oferecimento das alegaes finais, o magistrado impronuncia o ru. Assinale a alternativa que apresenta a situao em que seria possvel processar Joo novamente pelo mesmo fato delituoso. A) Desde que haja novas provas e no tenha ocorrido qualquer causa extintiva de punibilidade, pois a deciso de impronncia no transita em julgado. B) A justia j se manifestou em relao ao processo de Joo, tendo a deciso do magistrado transitado em julgado. C) Ningum pode ser processado duas vezes pelo mesmo fato (non bis in idem). D) A sentena de impronncia uma deciso interlocutria mista no terminativa. COMENTçRIOS: A sentena de impronncia no produz coisa julgada material, pois o Juiz no avalia o mrito da questo, mas apenas chega concluso de que no h provas suficientes para levar o acusado Jri popular, nos termos do art. 414 do CPP. Assim, surgindo novas provas, poder ser formulada nova denncia, desde que no extinta a punibilidade. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA A. 19 PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 720 20 PACCELI, a contragosto, a inclui dentre as sentenas apenas em razo da opo legislativa (PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 720). NESTOR TçVORA sustenta que, por natureza, trata-se de SENTENA (TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1132). NUCCI, por sua vez, simplesmente a considera como deciso interlocutria mista terminativa (NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 693). DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 38 1.1.5. Desclassificao A desclassificao a deciso atravs da qual o Juiz singular desclassifica o delito para outro que NÌO SEJA DOLOSO CONTRA A VIDA. uma deciso interlocutria simples, que resulta no encaminhamento dos autos ao Juzo competente. Vejamos: Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordncia com a acusao, da existncia de crime diverso dos referidos no ¤ 1o do art. 74 deste Cdigo e no for competente para o julgamento, remeter os autos ao juiz que o seja. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Pargrafo nico. Remetidos os autos do processo a outro juiz, disposio deste ficar o acusado preso. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) CUIDADO! A desclassificao de um crime doloso contra a vida nem sempre gera a remessa dos autos a outro Juzo (Juzo Criminal Comum), pois pode haver de estarem sendo julgados pelo procedimento dos crimes da competncia do Jri, no mesmo processo, vrios crimes dolosos contra a vida, conexos, e a desclassificao de um deles no importa em remessa dos autos ao Juzo Criminal comum, pois os demais permanecero sendo da competncia do Jri, e por conexo, todos devem ser julgados pelo mesmo Juzo, que ser o do Jri, pela vis atractiva que este exerce.21 Essa a chamada desclassificao PRîPRIA. H, ainda, a chamada desclassificao IMPRîPRIA, que ocorre quando o Juiz desclassifica o fato para outro crime doloso contra a vida (de homicdio para infanticdio, por exemplo, e vice-versa).22 Embora no haja previso expressa de cabimento de algum recurso para esta deciso, Doutrina e jurisprudncia entendem ser cabvel neste caso, o RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, por gerar o reconhecimento de uma situao de incompetncia do Juzo (ainda que, em hipteses excepcionais, o Juiz continue competente, por conexo). Vejamos o art. 581, II do CPP: Art. 581. Caber recurso, no sentido estrito, da deciso, despacho ou sentena: (...) II - que concluir pela incompetncia do juzo; 1.1.6. Absolvio sumria A primeira coisa que se deve ter em mente aqui, que esta absolvio sumria se d em momento diferente da absolvio sumria no rito ordinrio. Naquele rito, o Juiz, ao receber a resposta acusao, poder absolver sumariamente o acusado, em determinadas hipteses. 21 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 695 22 PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 718/720 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 38 Aqui, no rito do Jri, o Juiz somente pode absolver o acusado, sumariamente, neste momento, ou seja, aps toda a instruo criminal preliminar. A absolvio sumria est prevista no art. 415 do CPP, vejamos: Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolver desde logo o acusado, quando: (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) I Ð provada a inexistncia do fato; (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) II Ð provado no ser ele autor ou partcipe do fato; (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) III Ð o fato no constituir infrao penal; (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) IV Ð demonstrada causa de iseno de pena ou de excluso do crime. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Pargrafo nico. No se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 Ð Cdigo Penal, salvo quando esta for a nica tese defensiva. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Assim, a absolvio sumria ocorrer quando: Ficar PROVADA a inexistncia do fato Ficar PROVADO que o ru no participou do crime Ficar PROVADO que o fato no constitui nenhuma infrao penal (Fato atpico) Ficar PROVADO que o ru praticou o fato amparado por alguma CAUSA DE EXCLUSÌO DA ILICITUDE (legtima defesa, estado de necessidade, etc.) Ficar PROVADO que est presente alguma causa de iseno de pena (causa excludente da culpabilidade, por exemplo), salvo a INIMPUTABILIDADE POR DOENA MENTAL OU DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO OU RETARDADO, quando esta NÌO FOR A òNICA TESE DEFENSIVA Ð Isso se d porque se inimputabilidade for a nica tese de defesa, nada mais poder conseguir o acusado, no julgamento pelos jurados, que uma absolvio por inimputabilidade. No entanto, se o ru possuir alguma outra tese, poder conseguir, no Conselho de Sentena, deciso mais interessante para ele do que a absolvio por inimputabilidade23. Digo que a deciso de absolvio por inimputabilidade menos interessante que absolvio por outro motivo, pois a absolvio por inimputabilidade acarreta a imposio de MEDIDA DE SEGURANA, sendo, por isso mesmo, chamada de ABSOLVIÌO IMPRîPRIA. 23 PACELLI, Eugnio.Op. cit., p. 1134 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 38 Da deciso de absolvio sumria cabe apelao, nos termos do art. 416 do CPP: Art. 416. Contra a sentena de impronncia ou de absolvio sumria caber apelao. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) O art. 574, II do CPP prev a necessidade de remessa necessria (Òrecurso de ofcioÓ) no caso de absolvio sumria no procedimento do Jri. Nos termos do art. 574, II do CPP: Art. 574. Os recursos sero voluntrios, excetuando-se os seguintes casos, em que devero ser interpostos, de ofcio, pelo juiz: (...) II - da que absolver desde logo o ru com fundamento na existncia de circunstncia que exclua o crime ou isente o ru de pena, nos termos do art. 411. Contudo, a Doutrina e a Jurisprudncia majoritrias entendem que esse artigo foi TACITAMENTE REVOGADO24 pela nova regulamentao da absolvio sumria, pois o art. 411, revogado, previa a necessidade de recurso de ofcio. J o novo art. 415 nada dispe. Assim, atualmente se entende que no h remessa necessria neste caso. (FGV Ð 2014 Ð OAB Ð XV EXAME DE ORDEM) Fabrcio, com dolo de matar, realiza vrios disparos de arma de fogo em direo a Cristiano. Dois projteis de arma de fogo atingem o peito da vtima, que vem a falecer. Fabrcio foge para no ser preso em flagrante. Os fatos ocorreram no final de uma tarde de domingo, diante de vrias testemunhas. O inqurito policial foi instaurado, e Fabrcio foi indiciado pelo homicdio de Cristiano. Os autos so remetidos ao Ministrio Pblico, que denuncia Fabrcio. O processo tem seu curso regular e as testemunhas confirmam que Fabrcio foi o autor do disparo. Aps a apresentao dos memoriais, os autos so remetidos para concluso, a fim de que seja exarada a sentena, sendo certo que o juiz est convencido de que h indcios de autoria em desfavor de Fabrcio e prova da materialidade de crime doloso contra a vida. Diante do caso narrado, assinale a alternativa correta acerca da sentena a ser proferida pelo juiz na primeira fase do procedimento do Jri. 24 Nesse sentido, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 699 e PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 717. Em sentido contrrio, TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1135 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 38 a) O juiz deve impronunciar Fabrcio pelo crime de homicdio, diante dos indcios de autoria e prova da materialidade, que indicam a prtica de crime doloso contra a vida. b) O juiz deve pronunciar Fabrcio, remetendo os autos ao Juzo comum, diante dos indcios de autoria e prova da materialidade, que indicam a prtica de crime doloso contra a vida. c) O juiz deve pronunciar Fabrcio, submetendo-o ao plenrio do Jri, diante dos indcios de autoria e prova da materialidade, que indicam a prtica de crime doloso contra a vida. d) O juiz deve pronunciar Fabrcio, submetendo-o ao plenrio do Jri mediante desclassificao do crime comum para crime doloso contra a vida, diante dos indcios de autoria e prova da materialidade, que indicam a prtica de crime doloso contra a vida. COMENTçRIOS: No caso em tela o Juiz dever PRONUNCIAR Fabrcio, submetendo-o ao plenrio do Jri, diante da existncia de prova da materialidade do delito e indcios de autoria, nos termos do art. 413 do CPP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA C. (FGV Ð 2010.3 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM) Assinale a alternativa correta luz da doutrina referente ao Tribunal do Jri. a) So princpios que informam o Tribunal do Jri: a plenitude de defesa, o sigilo das votaes, a soberania dos veredictos e a competncia exclusiva para julgamento dos crimes dolosos contra a vida. b) A natureza jurdica da sentena de pronncia (em que o magistrado se convence da existncia material do fato criminoso e de indcios suficientes de autoria) de deciso interlocutria mista no terminativa. c) O rito das aes de competncia do Tribunal do Jri se desenvolve em duas fases: judicium causae e judicium accusacionis. O judicium accusacionis se inicia com a intimao das partes para indicao das provas que pretendem produzir e tem fim com o trnsito em julgado da deciso do Tribunal do Jri. d) Alcanada a etapa decisria do sumrio da culpa, o juiz poder exarar quatro espcies de deciso, a saber: pronncia, impronncia, absolvio sumria e condenao. COMENTçRIOS: A) ERRADA: Item errado, pois o Tribunal do Jri pode julgar outros crimes, que no sejam dolosos contra a vida, desde que conexos com aqueles. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 38 B) CORRETA: Item correto, pois a deciso de pronncia no analisa o mrito da causa, motivo pelo qual no sentena. A deciso de pronncia, portanto, considerada uma deciso interlocutria mista, mas no terminativa, pois no pe fim ao procedimento (que continua para o judicium causae). C) ERRADA: Item errado, pois o judicium accusationis termina com a deciso do Juiz ao final da instruo inicial, quando o magistrado pode pronunciar ou impronunciar o ru, absolve-lo sumariamente ou desclassificar a infrao penal. D) ERRADA: Item errado, pois o Juiz no pode CONDENAR o ru. S quem pode condenar o ru, nos crimes dolosos contra a vida, o Jri. O Juiz, neste momento, pode absolver sumariamente o ru, pronunci-lo ou impronunci-lo, ou ainda desclassificar a infrao penal. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA B. 1.2. Judicium causae Esta a segunda fase deste procedimento especial, e tem incio quando se torna preclusa (irrecorrvel) a deciso de pronncia25, ou quando esta deciso, embora recorrida, tenha sido mantida pelo Tribunal. Nos termos do art. 421 do CPP: Art. 421. Preclusa a deciso de pronncia, os autos sero encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Jri. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) ¤ 1o Ainda que preclusa a deciso de pronncia, havendo circunstncia superveniente que altere a classificao do crime, o juiz ordenar a remessa dos autos ao Ministrio Pblico. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) ¤ 2o Em seguida, os autos sero conclusos ao juiz para deciso. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) A partir da o Juiz intima o MP e o Defensor, para que no prazo de CINCO DIAS apresentem o ROL DE TESTEMUNHAS, at o mximo de CINCO. Nessa oportunidade, eles podem juntar documentos e requerer a realizao de diligncias. Vejamos o art. 422 do CPP: Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Jri determinar a intimao do rgo do Ministrio Pblico ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que iro depor em plenrio, at o mximo de 5 (cinco), oportunidade em que podero juntar documentos e requerer diligncia. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) O Juiz verifica os pedidos de diligncia e produo de provas, tomando as providncias necessrias para sanar eventual nulidade existente no processo ou esclarecer algum ponto ainda controvertido 9art. 25 TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1138 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentadosProf. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 38 423). Aps, faz relatrio RESUMIDO do processo, designando data para julgamento. Quanto aos documentos que podem ser utilizados em plenrio, o art. 479 do CPP determina que eles devam ser juntados com antecedncia mnima de TRæS DIAS òTEIS, vejamos: Art. 479. Durante o julgamento no ser permitida a leitura de documento ou a exibio de objeto que no tiver sido juntado aos autos com a antecedncia mnima de 3 (trs) dias teis, dando-se cincia outra parte. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Pargrafo nico. Compreende-se na proibio deste artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibio de vdeos, gravaes, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo contedo versar sobre a matria de fato submetida apreciao e julgamento dos jurados. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) 1.2.1. Desaforamento O desaforamento o DESLOCAMENTO DO JULGAMENTO PELO JòRI PARA COMARCA DISTINTA DAQUELA ONDE TRAMITOU O PROCESSO,26 e pode ser determinado pelo Tribunal, a requerimento de qualquer das partes, nos termos do art. 427 do CPP: Art. 427. Se o interesse da ordem pblica o reclamar ou houver dvida sobre a imparcialidade do jri ou a segurana pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministrio Pblico, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representao do juiz competente, poder determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma regio, onde no existam aqueles motivos, preferindo-se as mais prximas. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) O Desaforamento tambm poder ser realizado na hiptese do art. 428 do CPP: Art. 428. O desaforamento tambm poder ser determinado, em razo do comprovado excesso de servio, ouvidos o juiz presidente e a parte contrria, se o julgamento no puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trnsito em julgado da deciso de pronncia. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Assim, temos que o DESAFORAMENTO poder ocorrer: ü Interesse de ordem pblica Ð Quando o crime tiver gerado intranquilidade social no local, ou essa intranquilidade tenha sido gerada em razo da atuao da imprensa ou qualquer outra circunstncia, de forma que se entenda que a realizao do Jri possa restar prejudicada; ü Dvida sobre a imparcialidade dos jurados Ð Aqui a hiptese na qual a comoo da comunidade em que ocorreu o crime possa 26 TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1142 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 38 gerar a imparcialidade dos jurados, de forma que seria mais prudente deslocar a competncia para outra localidade; ü Segurana pessoal do ru Ð Quando a realizao da sesso de julgamento no local possa ser uma ameaa integridade fsica do prprio ru; ü No tiver sido aprazada data para a sesso de julgamento aps SEIS MESES contados do TRåNSITO EM JULGADO DA DECISÌO DE PRONòNCIA, quando houver comprovado EXCESSO DE SERVIO Ð Esta a hiptese do art. 428 do CPP, que ocorre quando o excesso de servio na comarca esteja atrasando sobremaneira a realizao da sesso de julgamento, de forma que mais conveniente transferi-la para outro local. Se a demora estiver ocorrendo por desdia do Juzo, e no por excesso de servio, no h razo para o desaforamento.27 O pedido de desaforamento tem preferncia de julgamento na Cmara ou Turma do Tribunal, ao qual fora distribudo (¤1¡ do art. 427). Entretanto, como, mesmo assim, o julgamento do pedido pode demorar, o Relator poder conceder EFEITO SUSPENSIVO AO PEDIDO DE DESAFORAMENTO, nos termos do art. 427, ¤2¡ do CP. O pedido deve ser realizado entre o trnsito em julgado da deciso de pronncia e a realizao do julgamento. NUNCA PODERç SER EFETIVADO O DESAFORAMENTO ANTES DO TRåNSITO EM JULGADO DA DECISÌO DE PRONòNCIA. Entretanto, possvel que o desaforamento seja efetivado APîS REALIZADO O JULGAMENTO. Isso somente poder ocorrer quando o fato que d fundamento ao pedido tiver ocorrido durante ou aps a sesso de julgamento ANULADA. Nos termos do ¤4¡ do art. 427 do CPP: ¤ 4o Na pendncia de recurso contra a deciso de pronncia ou quando efetivado o julgamento, no se admitir o pedido de desaforamento, salvo, nesta ltima hiptese, quanto a fato ocorrido durante ou aps a realizao de julgamento anulado. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Alm disso, IMPRESCINDêVEL A OITIVA DA DEFESA no pedido de desaforamento, sendo completamente nula a deciso que violar esse preceito. Trata-se de entendimento sumulado pelo STF: Smula n¡ 712 do STF: NULA A DECISÌO QUE DETERMINA O DESAFORAMENTO DE PROCESSO DA COMPETæNCIA DO JòRI SEM AUDIæNCIA DA DEFESA. 27 O pedido de desaforamento formulado por este motivo no pode ser realizado pelo magistrado, apenas pelas partes. TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1142 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 38 1.2.2. A sesso de julgamento A Lei 11.689/08 trouxe vrias inovaes no que se refere ao julgamento pelo Tribunal do Jri. Vamos analisar os principais pontos relativos sesso de julgamento: ü Possibilidade de julgamento sem a presena do ru Ð Isto est previsto no art. 457 do CPP. O julgamento no ser mais adiado pelo no comparecimento do acusado SOLTO. Vejamos o art. 457: Art. 457. O julgamento no ser adiado pelo no comparecimento do acusado solto, do assistente ou do advogado do querelante, que tiver sido regularmente intimado. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Anteriormente, caso o ru solto no comparecesse para a sesso de julgamento, nem fosse encontrado, ocorria o que se chamava de CRISE DE INSTåNCIA, na qual o processo ficava suspenso, mas corria a prescrio, o que beneficiava a m-f do ru. ü Testemunhas faltosas Ð O no comparecimento da testemunha que tiver sido regularmente intimada IMPORTA EM CRIME DE DESOBEDIæNCIA E MULTA. Entretanto, o julgamento no ser adiado, SALVO SE UMA DAS PARTES TIVER REQUERIDO SUA INTIMAÌO POR MANDADO (art. 422 do CPP). Se a testemunha for imprescindvel e tiver sido intimada por mandado, o Juiz suspender os trabalhos e mandar conduzi-la fora. ü Recusa de jurado sorteado pelas partes e ciso de julgamento Ð Esta previso est contida nos arts. 467 a 469 do CPP. Quando dois ou mais rus esto sendo julgados perante o Tribunal do Jri, por terem cometido o crime em concurso de agentes, pode ocorrer de um deles aceitar um jurado e o outro recus-lo. Anteriormente, havendo isto, o processo era cindido e cada um dos acusados seria julgado em processo prprio. Atualmente essa ciso (diviso) do processo s ocorrer se, em razo das recusas dos rus (cada um tem direito a trs), no se alcanar o nmero mnimo de SETE JURADOS PARA COMPOREM O CONSELHO DE SENTENA. Em razo da alterao legislativa ocorrida, a meno que o art. 79, ¤2¡ do CPP faz ao art. 461 deve ser entendida, agora, como meno ao art. 469 do CPP; ü Instruo em plenrio Ð Estas regras esto definidas nos arts. 473 a 475 do CPP. Na instruo em plenrio, devem ser observadas algumas regras: a) As testemunhas, em plenrio, podero ser inquiridas diretamente pelo MP e pela Defesa. Entretanto, as perguntas dos jurados sero feitaspor intermdio do Juiz; b) As partes e os JURADOS podem requerer ao Juiz acareaes, reconhecimento de pessoas e coisas e esclarecimentos de peritos; c) No h mais previso de que as partes, previamente aos debates, leiam irrestritamente peas do processo. Atualmente, DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 38 somente sero lidas, POR UM SERVIDOR, peas do processo relativas a provas colhidas por carta precatria e aquelas provas cautelares, antecipadas ou no repetveis (provas realizadas antes do momento oportuno), art. 473, ¤3¡ do CPP; d) No se permite o uso de algemas no ru, salvo se isso for ABSOLUTAMENTE NECESSçRIO ordem dos trabalhos ou integridade fsica dos presentes. ü Debates Ð Os debates esto previstos nos arts. 476 a 479 do CPP. Aps a instruo o Juiz concede a palavra ao MP, que expor a acusao, nos limites da deciso de PRONòNCIA. Se houver assistente de acusao, falar aps o MP. Aps passar a palavra defesa. Cada um ter UMA HORA E MEIA para falar, mais UMA HORA DE RPLICA e outra UMA HORA no caso de TRPLICA. Se houver mais de um acusado, o tempo da acusao ser acrescido de uma hora e elevado ao dobro o da rplica e da trplica. ü Diligncias em plenrio Ð Se houver necessidade de realizao de alguma diligncia, imprescindvel verdade dos fatos, que no puder ser realizada imediatamente, o Juiz-Presidente DISSOLVERç O CONSELHO DE SENTENA e ordenar a realizao da diligncia. Realizada a diligncia, ser designada nova data para realizao de NOVA SESSÌO DE JULGAMENTO, REPETINDO-SE TODOS OS ATOS AT ENTÌO PRATICADOS. 1.2.3. Quesitao A quesitao est regulamentada nos arts. 482 a 491 do CPP, e foi totalmente alterada pela Lei 11.689/08. A quesitao nada mais que a indagao aos jurados acerca dos pontos que devam ser julgados. Entretanto, ela deve ser formulada de forma atenta pelo Juiz-Presidente, para se evitar eventual anulao do julgamento. A ordem das perguntas a serem realizadas aos jurados ser a seguinte: a) Materialidade do fato Ð Questiona-se aos jurados se o FATO ocorreu. Ex.: Se o crime for de homicdio, pergunta-se aos jurados: ÒNo dia tal, em tal hora, em tal lugar, algum desferiu disparos de arma de fogo contra a vtima fulano de tal, causando-lhe a morte?Ó. apenas isso. A Doutrina diverge um pouco acerca da diviso deste quesito em dois. Como assim? Parte da Doutrina (Guilherme Nucci) entende que deve ser perguntado aos jurados primeiro se houve a materialidade STRICTO SENSU (se a vtima sofreu leses de algum) e a LETALIDADE (se estas leses foram o motivo da morte Ð NEXO DE CAUSALIDADE).28 28 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 744 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 38 b) Autoria ou participao no fato Ð Ultrapassado o primeiro quesito com um sonoro ÒSIMÓ, pergunta-se aos jurados se o acusado concorreu para o fato (como autor ou partcipe). c) Pergunta-se se o Jurado absolve o acusado Ð Tendo sido respondido ÒSIMÓ ao quesito anterior, pergunta-se ao jurado se ele absolve o acusado. Se ÒSIMÓ, estar absolvido. Se ÒNÌOÓ, prossegue-se na quesitao. d) Se existe causa de diminuio de pena alegada pela defesa Ð Os jurados so perguntados acerca da existncia de causa de diminuio de pena eventualmente alegada pela defesa. Se ÒSIMÓ, dever ser considerada na dosimetria da pena. Se ÒNÌOÓ, em nada influenciar. e) Se reconhecem a existncia de qualificadora ou causa de aumento de pena objeto da acusao Ð Assim como na indagao acerca da existncia de causa de diminuio de pena, no pode o Juiz- Presidente fazer indagao genrica, devendo perguntar especificamente cada uma das teses levantadas pela acusao e reconhecidas na pronncia. QUESTÍES IMPORTANTES ü Se for levantada a tese da DESCLASSIFICAÌO DA INFRAÌO para uma infrao de competncia do Juiz singular, deve o Juiz- Presidente formular um quesito autnomo, aps o reconhecimento da materialidade e autoria do delito. ü Se for sustentada a tese de crime tentado ou houver divergncia acerca da tipificao do delito, dever haver quesito autnomo acerca destes fatos, aps o quesito relativo autoria. 1.2.4. Roteiro dos atos que compem a sesso de julgamento 1) Verificao das cdulas Ð O Juiz verifica se na urna esto contidas as cdulas com os nomes dos vinte e cinco jurados (art. 433 e 462 do CPP). 2) Instalao da sesso Ð Comparecendo AO MENOS 15 JURADOS, sero iniciados os trabalhos, independentemente de, dentro destes 15, haver jurados impedidos ou suspeitos (art. 463, ¤2¡ e art. 466 do CPP). No havendo o nmero mnimo (15), o Juiz sortear suplentes e designar nova data para sesso. A ausncia injustificada do jurado pode acarretar a imposio de multa (art. 442 do CPP); 3) Esclarecimentos do Juiz Ð O Juiz esclarecer aos Jurados acerca das hipteses de suspeio, impedimento e incompatibilidades, DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 38 bem como advertir quanto INCOMUNICABILIDADE ENTRE ELES (arts. 448, 449 e 466); 4) Formao do Conselho de Sentena - Sorteiam-se SETE JURADOS para comporem o Conselho de Sentena, podendo o MP E A DEFESA RECUSAREM, CADA UM, AT TRæS JURADOS (sem que haja necessidade de explicar o motivo). Isto est previsto nos arts. 467 e 468 do CPP. 5) Exortao e compromisso Ð O Juiz faz aos jurados a exortao literal do que est escrito no art. 472 do CPP.29 6) Instruo em plenrio Ð Ser tomado primeiro o depoimento do ofendido. Aps, sero inquiridas as testemunhas da acusao e da defesa. Ao final, procede-se ao interrogatrio do ru (art. 474 do CPP). 7) Debates Ð Superada a fase anterior, comeam os debates, j falados nesta aula. Nos debates a acusao e a defesa procuraro convencer os jurados acerca de suas teses. A parte que no estiver falando poder realizar o que se chama de APARTE, que uma interferncia na fala do outro. O Juiz-Presidente conceder ou no o aparte, que no exceder TRæS MINUTOS E SERÌO ACRESCIDOS OS MINUTOS PERDIDOS Ë PARTE QUES SOFREU A INTERVENÌO. 8) Consulta aos jurados Ð O Juiz indaga aos jurados se eles esto aptos a julgar (art. 480, ¤1¡ do CPP); 9) Dissoluo do Conselho de Sentena Ð Havendo necessidade de realizao de diligncia que no possa ser realizada imediatamente, o Juiz dissolve o Conselho de Sentena, determinando a realizao da diligncia e, posteriormente, realizao de nova sesso de julgamento, nos termos do art. 481 do CPP. 10) Leitura e explicao dos quesitos Ð No havendo diligncia a ser realizada, o Juiz-Presidente, NO PLENçRIO, proceder leitura e explicao dos quesitos aos jurados, perguntando s partes se h alguma dvida ou reclamao. 11) Votao Ð O Juiz-Presidente, os jurados, o MP, o assistente (se houver), o querelante (se for ao privada subsidiria da pblica), o defensor do acusado, o escrivo e o oficial de justia se dirigem sala 29 Art. 472. Formado o Conselho de Sentena, o presidente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes, far aos jurados a seguinte exortao: (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a vossa deciso de acordo com a vossa conscinciae os ditames da justia. Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, respondero: Assim o prometo. Pargrafo nico. O jurado, em seguida, receber cpias da pronncia ou, se for o caso, das decises posteriores que julgaram admissvel a acusao e do relatrio do processo. (Includo pela Lei n¼ 11.689, de 2008) DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 38 reservada, onde se procede votao dos quesitos, sendo tomadas as decises POR MAIORIA DE VOTOS.30 12) Sentena Ð Com base nos quesitos dos jurados o Juiz- Presidente condena ou absolve o acusado, procedendo fixao da pena, no caso de condenao (art. 492 do CPP). CUIDADO! Se houver desclassificao da infrao penal de crime doloso contra a vida para infrao penal que permita os benefcios da Lei 9.099/95, o Juiz-Presidente tomar as providncias necessrias para o processo e julgamento da Ònova infrao penalÓ, ou seja, mesmo com a desclassificao o crime continuar a ser julgado pela Vara do Jri (mas no pelo Conselho de Sentena, e sim pelo Juiz-Presidente31). EXEMPLO: Imagine que o Conselho de Sentena reconhea que no houve homicdio tentado (crime doloso contra a vida), mas apenas leses corporais leves. Nesse caso, samos de um crime doloso contra a vida para uma IMPO (Infrao de Menor Potencial Ofensivo). Nesse caso dever o Juiz designar audincia preliminar para a verificao da possibilidade de composio civil dos danos, e demais procedimentos necessrios para a eventual aplicao dos institutos despenalizadores da Lei 9.099/95 (conforme determina o rito sumarssimo dos Juizados Criminais).32 Se houver CRIMES CONEXOS, havendo desclassificao do crime doloso contra a vida, os demais (no dolosos contra a vida) tambm passaro para a competncia do Juiz singular (no mais do Jri)33. Vejamos o art. 492, ¤2¡ do CPP: Art. 492 (...) ¤ 2o Em caso de desclassificao, o crime conexo que no seja doloso contra a vida ser julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Jri, aplicando-se, no que couber, o disposto no ¤ 1o deste artigo. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) 30 Em havendo contradio nas respostas aos quesitos, cabe ao Juiz-Presidente submeter nova votao TODOS os quesitos que apresentaram contradio nas respostas (REsp 1.320.713-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/5/2014.). 31 Alguns doutrinadores, como ANTONIO SCARANCE FERNANDES, LUIZ FLAVIO GOMES e GUILHERME NUCCI sustentam que tal previso inconstitucional, por retirar o fato da competncia do JECRIM, o que no poderia ocorrer por lei ordinria (j que prevista na Constituio). NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 759/760 32 TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit., p. 1159 33 PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 740 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 38 (FGV Ð 2016 Ð XXI EXAME DA OAB Ð PRIMEIRA FASE) Victria e Bernadete entram em luta corporal em razo da disputa por um namorado, vindo Victria a desferir uma facada no p da rival, que sofreu leses graves. Bernadete compareceu em sede policial, narrou o ocorrido e disse ter intenão de ver a agente responsabilizada criminalmente. Em razo dos fatos, Victria denunciada e pronunciada pela prtica do crime de tentativa de homicdio. Em sesso plenria do Tribunal do Jri, os jurados entendem, no momento de responder aos quesitos, que Victria foi autora da facada, mas que no houve dolo de matar. Diante da desclassificaço, ser competente para julgamento do crime residual, bem como da avaliao do cabimento dos institutos despenalizadores, A) o Juiz Presidente do Tribunal do Jri. B) o corpo de jurados, que decidiu pela desclassificaço. C) o Juiz Criminal da Comarca, a partir de livre distribuiço. D) o Juiz em atuaço perante o Juizado Especial Criminal da Comarca em que ocorreram os fatos. COMENTçRIOS: Nesse caso, como a desclassificao ocorreu apenas na sesso plenria, caber ao prprio Juiz Presidente do Tribunal do Jri proceder ao julgamento do crime residual (decorrente da desclassificao), devendo proceder avaliao do cabimento dos institutos despenalizadores (transao penal, suspenso condicional do processo, etc.), nos termos do art. 492, ¤1¼ do CPP: Art. 492 (...) ¤ 1o Se houver desclassificao da infrao para outra, de competncia do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Jri caber proferir sentena em seguida, aplicando-se, quando o delito resultante da nova tipificao for considerado pela lei como infrao penal de menor potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA A. (FGV - 2012 - OAB - VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) Pedro foi denunciado pela prtica de homicdio triplamente qualificado. Como se trata de um crime doloso contra a vida, ser julgado pelo Tribunal do Jri. O processo seguiu seu curso normal, tendo Pedro sido pronunciado. Acerca da 2» fase do procedimento, assinale a afirmativa que no corresponde realidade. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 38 A) Encerrada a instruo, ser concedida a palavra ao Ministrio Pblico, que far a acusao, nos limites da pronncia ou das decises posteriores que julgaram admissvel a acusao, sustentando, se for o caso, a existncia de circunstncia agravante. B) Ë medida que as cdulas forem sendo retiradas da urna, o juiz presidente as ler, e a defesa e, depois dela, o Ministrio Pblico podero recusar os jurados sorteados, at 3 (trs) cada parte, sem motivar a recusa. C) Prestado o compromisso pelos jurados, ser iniciada a instruo plenria quando o juiz presidente, o Ministrio Pblico, o assistente, o querelante e o defensor do acusado tomaro, sucessiva e diretamente, as declaraes do ofendido, se possvel, e inquiriro as testemunhas arroladas pela acusao. D) Durante o julgamento no ser permitida a leitura de documento ou a exibio de objeto que no tiver sido juntado aos autos com a antecedncia mnima de 3 (trs) dias teis, dando!se cincia outra parte, salvo jornais ou revistas. COMENTçRIOS: a) CORRETA: Esta a previso do art. 476 do CPP. Vejamos: Art. 476. Encerrada a instruo, ser concedida a palavra ao Ministrio Pblico, que far a acusao, nos limites da pronncia ou das decises posteriores que julgaram admissvel a acusao, sustentando, se for o caso, a existncia de circunstncia agravante. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) b) CORRETA: Esta previso est contida no art. 468 do CPP. Vejamos: Art. 468. Ë medida que as cdulas forem sendo retiradas da urna, o juiz presidente as ler, e a defesa e, depois dela, o Ministrio Pblico podero recusar os jurados sorteados, at 3 (trs) cada parte, sem motivar a recusa. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) c) CORRETA: Previso do art. 473 do CPP, vejamos: Art. 473. Prestado o compromisso pelos jurados, ser iniciada a instruo plenria quando o juiz presidente, o Ministrio Pblico, o assistente, o querelante e o defensor do acusado tomaro, sucessiva e diretamente, as declaraes do ofendido, se possvel, e inquiriro as testemunhas arroladas pela acusao. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) d)ERRADA: A afirmativa est errada, eis que traz a restrio de maneira correta (exibio de documento no juntado aos autos com antecedncia mnima de trs dias), mas prev uma exceo no prevista no art. 479 do CP. Vejamos: Art. 479. Durante o julgamento no ser permitida a leitura de documento ou a exibio de objeto que no tiver sido juntado aos autos com a antecedncia mnima de 3 (trs) dias teis, dando-se cincia outra parte. (Redao dada pela Lei n¼ 11.689, de 2008) Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA A LETRA D. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 38 (FGV - 2010 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - II - PRIMEIRA FASE) Joo da Silva foi denunciado por homicdio qualificado por motivo ftil. Nos debates orais ocorridos na primeira fase do procedimento de jri, a Defesa alegou que Joo agira em estrito cumprimento de dever legal, postulando sua absolvio sumria. Ao proferir sua deciso, o juiz rejeitou a tese de estrito cumprimento de dever legal e o pedido de absolvio sumria, e pronunciou Joo por homicdio simples, afastando a qualificadora contida na denncia. A deciso de pronncia foi confirmada pelo Tribunal de Justia, operando-se a precluso. Considerando tal narrativa, assinale a afirmativa correta. a) Nos debates orais perante os jurados, o promotor de justia no poder sustentar a qualificadora de motivo ftil, mas a defesa poder alegar a tese de estrito cumprimento de dever legal. b) Nos debates orais perante os jurados, o promotor de justia poder sustentar a qualificadora de motivo ftil e a defesa poder alegar a tese de estrito cumprimento de dever legal. c) Nos debates orais perante os jurados, o promotor de justia no poder sustentar a qualificadora de motivo ftil e a defesa no poder alegar a tese de estrito cumprimento de dever legal. d) Nos debates orais perante os jurados, o promotor de justia poder sustentar a qualificadora de motivo ftil, mas a defesa no poder alegar a tese de estrito cumprimento de dever legal. COMENTçRIOS: O Promotor no poder sustentar a qualificadora pois ela no fora reconhecida na pronncia, nos termos do art. 413, ¤1¼ e art. 483, V do CPP. A defesa, contudo, poder alegar sua tese, pois no h vedao sustentao de tese de excludente de ilicitude no reconhecida na pronncia, at porque se tivesse sido reconhecida no teria sido pronunciado o acusado, e sim absolvido sumariamente, nos termos do art. 415, IV do CPP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA A. (FGV - 2010 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - II - PRIMEIRA FASE) Antnio Ribeiro foi denunciado pela prtica de homicdio qualificado, pronunciado nos mesmos moldes da denncia e submetido a julgamento pelo Tribunal do Jri em 25/05/2005, tendo sido condenado pena de 15 anos de recluso em regime integralmente fechado. A deciso transita em julgado para o Ministrio Pblico, mas a defesa de Antnio apela, alegando que a deciso dos Jurados manifestamente contrria prova dos autos. A apelao provida, sendo o ru submetido a novo Jri. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 38 Neste segundo Jri, Antnio novamente condenado e sua pena agravada, mas fixado regime mais vantajoso (inicial fechado). A esse respeito, assinale a afirmativa correta. a) No cabe nova apelao no caso concreto, em respeito ao princpio da soberania dos veredictos. b) A deciso do juiz togado foi incorreta, pois violou o princpio do ne reformatio in pejus, cabendo apelao. c) A deciso dos jurados foi incorreta, pois violou o princpio do tantum devolutum quantum appelatum. d) No cabe apelao por falta de interesse jurdico, j que a fixao do regime inicial fechado mais vantajosa do que uma pena a ser cumprida em regime integralmente fechado. COMENTçRIOS: No novo julgamento no poderia ter sido fixada pena mais gravosa, pois isso caracteriza reformatio in pejus indireta. Este, inclusive, o entendimento do STJ: 1. Anulado o primeiro Jri, em que estabelecida a pena-base num limite, sem que contra tal houvesse recurso da acusao, invivel, presentes os mesmos fatos e as mesmas circunstncias, quando do julgamento da apelao contra o segundo Jri, agravar-se a situao do ru no que tange dosagem dessa reprimenda. Isso nem mesmo sob o pretexto de que o provimento do apelo da defesa tornaria a pena total, ao fim e ao cabo, menor. (...) (HC 132.487/MG, Rel. Ministro SEBASTIÌO REIS JòNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 15/10/2013, DJe 16/12/2013) Assim, a deciso do Juiz togado foi incorreta, pois deveria ter respeitado o limite mximo, que era o montante de pena anteriormente aplicado. Caber, em face de tal deciso, recurso de apelao. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA B. (FGV Ð 2013 Ð OAB Ð XI EXAME DE ORDEM) Quanto ao julgamento pelo Tribunal do Jri, assinale a afirmativa incorreta. a) As partes no podero fazer referncia, em plenrio, deciso de pronncia, s decises posteriores que julgaram admissvel a acusao ou determinao do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado. b) Durante o julgamento, no ser permitida a leitura de documento ou a exibio de objeto que no tiver sido juntado aos autos com a antecedncia mnima de trs dias teis, dando-se cincia outra parte. c) Durante os debates em Plenrio, os jurados podero solicitar ao orador, por intermdio do juiz-presidente do Tribunal do Jri, que esclarea algum fato por ele alegado em sua tese. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 38 d) Se a verificao de qualquer fato, reconhecida como essencial para o julgamento da causa, no puder ser realizada imediatamente, o juiz-presidente determinar que o Conselho de Sentena se recolha sala secreta, ordenando a realizao das diligncias entendidas necessrias. COMENTçRIOS: A) CORRETA: Esta a previso contida no art. 478, I do CPP. B) CORRETA: Item correto, pois esta previso est contida no art. 479 do CPP. C) CORRETA: Item correto, pois tal faculdade conferida aos jurados est expressamente prevista no art. 480 do CPP. D) ERRADA: Item errado, pois neste caso o Juiz dever dissolver o Conselho de Sentena e determinar a realizao das diligncias, nos termos do art. 481 do CPP. Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA A LETRA D. 2. RESUMO PROCESSO DOS CRIMES DA COMPETæNCIA DO TRIBUNAL DO JòRI Cabimento Ð Processo e julgamento dos crimes DOLOSOS contra a vida. OBS.: Latrocnio (roubo com resultado morte) no crime contra a vida. Judicium accusationis Conceito Ð Primeira etapa do rito do Jri. a etapa da chamada Òformao de culpaÓ. Juiz analisa se o caso, ou no, de submeter o acusado a julgamento pelo plenrio. Rito § MP (ou querelante, na ao penal privada subsidiria da pblica) oferece a inicial acusatria (arrolando as testemunhas de acusao Ð mximo de 08 por fato criminoso) § Juiz decide se recebe ou se rejeita a inicial acusatria § Recebendo, manda citar o acusado, para apresentar resposta acusao em 10 dias § Ru no apresenta resposta acusao nem constitui advogado Ð Juiz nomeia defensor para apresentar a defesa. EXCEÌO: Se o ru tiver sido citado por edital, o Juiz deve SUSPENDER o processo, ficando suspenso tambm o curso do prazo prescricional.§ Apresentada a defesa, o Juiz abre prazo ao acusador (MP ou querelante) para falar em rplica Ð Prazo de cinco dias § Aps isso, Juiz designa data para audincia de instruo e julgamento Audincia de instruo e julgamento DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 38 Na audincia o Juiz deve, NESTA ORDEM: § Tomar as declaraes do ofendido § Inquirir as testemunhas arroladas pela acusao § Inquirir as testemunhas arroladas pela defesa § Tomar os esclarecimentos dos peritos § Proceder s acareaes e ao reconhecimento de pessoas e coisas § Realizar o interrogatrio do ru § Conceder tempo s partes para os debates orais (alegaes finais) OBS.: No caso de expedio de carta precatria ou rogatria, para a oitiva de testemunhas, possvel a inverso da ordem, ou seja, possvel que a oitiva de testemunha de acusao (por exemplo), realizada carta precatria, seja realizada depois da oitiva das testemunhas de defesa. Inclusive, pode ser realizada aps o interrogatrio do ru Ð Casos excepcionais admitidos pelo STJ. Alegaes finais Regra geral - Alegaes finais orais. Regramento: § 20 minutos para acusao e 20 minutos para a defesa, prorrogveis por mais 10 minutos. § Se houver mais de um acusado, o prazo ser individual para cada um § Havendo assistente da acusao, ser concedido a este prazo de 10 minutos para falar, aps o MP. Nesse caso, sero acrescidos 10 minutos ao tempo da defesa. ⇒ H previso de alegaes finais escritas (memoriais)? No, mas a Doutrina entende que possvel, em hipteses excepcionais. Decises do Juiz aps a instruo preliminar Ao final da instruo preliminar o Juiz pode: Pronunciar o acusado § Quando convencido de que h PROVA da materialidade e indcios de autoria. § Submete o acusado a julgamento pelo Jri. § Recurso cabvel contra a deciso Ð RESE. § Se a deciso for reformada pelo Tribunal ou pelo prprio Juiz (Juzo de retratao no RESE) ocorrer a despronncia § Interrompe a prescrio Impronunciar o acusado § Quando NÌO est convencido de que h PROVA da materialidade e indcios de autoria. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 38 § NÌO submete o acusado a julgamento pelo Jri, extinguindo o processo. § NÌO FAZ COISA JULGADA MATERIAL. § Recurso cabvel contra a deciso Ð APELAÌO. § Absolver sumariamente o acusado § Quando o Juiz est convencido de que o ru deve ser absolvido desde logo. Ocorre nas hipteses de: Ficar PROVADA a inexistncia do fato Ficar PROVADO que o ru no participou do crime Ficar PROVADO que o fato no constitui nenhuma infrao penal (Fato atpico) Ficar PROVADO que o ru praticou o fato amparado por alguma CAUSA DE EXCLUSÌO DA ILICITUDE (legtima defesa, estado de necessidade, etc.) Ficar PROVADO que est presente alguma causa de iseno de pena (causa excludente da culpabilidade, por exemplo). EXCEÌO: No pode haver absolvio sumria por inimputabilidade decorrente de doena mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (gera aplicao de medida de segurana). EXCEÌO DA EXCEÌO: Poder haver absolvio sumria neste caso quando a inimputabilidade for a nica tese de defesa. § Recurso cabvel contra a deciso - APELAÌO Desclassificar a infrao penal § Juiz desclassifica o delito para outro que NÌO SEJA DOLOSO CONTRA A VIDA (desclassificao prpria) § uma deciso interlocutria simples § Resulta no encaminhamento dos autos ao Juzo competente (a menos que haja conexo com outra infrao que continue sendo da competncia do Jri). § Desclassificao imprpria Ð Ocorre quando o Juiz desclassifica o delito para outro que tambm doloso contra a vida (Ex.: Desclassifica de homicdio para infanticdio). § Recurso cabvel Ð No h previso expressa, mas a Doutrina entende ser cabvel o RESE. Judicium causae Conceito - Esta a segunda fase deste procedimento especial, e tem incio quando se torna preclusa (irrecorrvel) a deciso de pronncia, ou quando esta deciso tenha sido mantida pelo Tribunal. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 38 Rito § Juiz intima o MP e o Defensor, para que no prazo de CINCO DIAS apresentem o ROL DE TESTEMUNHAS (mximo de CINCO) § Partes podem juntar documentos e requerer a realizao de diligncias § O Juiz verifica os pedidos de diligncia e produo de provas, tomando as providncias necessrias para sanar eventual nulidade existente no processo ou esclarecer algum ponto ainda controvertido § Juiz faz relatrio resumido do processo § Juiz designa data para julgamento Desaforamento Conceito - Deslocamento do julgamento para outra Comarca, diversa daquela em que tramita o processo. Razes § Interesse de ordem pblica § Dvida sobre a imparcialidade dos jurados § Segurana pessoal do ru § Quando houver comprovado EXCESSO DE SERVIO (No puder ser aprazada data para a sesso de julgamento dentro de seis meses contados do TRåNSITO EM JULGADO DA DECISÌO DE PRONòNCIA) OBS.: IMPRESCINDêVEL A OITIVA DA DEFESA no pedido de desaforamento, sendo completamente nula a deciso que violar esse preceito (smula 712 do STF). Roteiro da sesso de julgamento § Verificao das cdulas Ð A urna deve conter cdulas com os nomes dos vinte e cinco jurados. § Instalao da sesso Ð Devem estar presentes AO MENOS 15 JURADOS. No havendo o nmero mnimo (15), o Juiz sortear suplentes e designar nova data para sesso. § Esclarecimentos do Juiz Ð O Juiz esclarecer aos Jurados acerca das hipteses de suspeio, impedimento e incompatibilidades, bem como advertir quanto INCOMUNICABILIDADE ENTRE ELES. § Formao do Conselho de Sentena - Sorteiam-se SETE JURADOS para comporem o Conselho de Sentena, podendo o MP E A DEFESA RECUSAREM, CADA UM, AT TRæS JURADOS. § Exortao e compromisso Ð O Juiz faz aos jurados a exortao constante no CPP. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 09 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 38 A) Encerrada a instruo, ser concedida a palavra ao Ministrio Pblico, que far a acusao, nos limites da pronncia ou das decises posteriores que julgaram admissvel a acusao, sustentando, se for o caso, a existncia de circunstncia agravante. B) Ë medida que as cdulas forem sendo retiradas da urna, o juiz presidente as ler, e a defesa e, depois dela, o Ministrio Pblico podero recusar os jurados sorteados, at 3 (trs) cada parte, sem motivar a recusa. C) Prestado o compromisso pelos jurados, ser iniciada a instruo plenria quando o juiz presidente, o Ministrio Pblico, o assistente, o querelante e o defensor do acusado tomaro, sucessiva e diretamente, as declaraes do ofendido, se possvel, e inquiriro as testemunhas arroladas pela acusao. D) Durante o julgamento no ser permitida a leitura de documento ou a exibio de objeto que no tiver sido juntado aos autos com a antecedncia mnima de 3 (trs) dias teis, dando!se cincia outra parte, salvo jornais ou revistas. 03. (FGV Ð 2013 - X EXAME UNIFICADO DA OAB) Joo est sendo processado por um crime doloso contra a vida e, aps o oferecimento das alegaes
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