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Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 62 1 ± COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA Na aula passada, chegamos a estudar que a imunidade pode ser considerada uma incompetência tributária, pois a CF/88, de um lado previu a competência para criar tributos, de outro estabeleceu algumas limitações a esta competência, entre as quais estão as imunidades. A essa competência para criar ou instituir tributos denominamos competência tributária. Como é decorrência do princípio da legalidade (estudado em aula anterior), que preceitua que a instituição de tributos deve ser feita sempre por intermédio de lei formal, a competência tributária pressupõe a competência legislativa para instituir o tributo. Portanto, os tributos só podem ser instituídos por leis ordinárias, medidas provisórias e leis complementares (em alguns casos). Neste momento, deve ter pairado alguma dúvida sobre quem poderia instituir tributos. A princípio, você deve entender que apenas os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) possuem autonomia para instituição, extinção, majoração ou redução de tributos. Até aqui, você já deve estar ter percebido que a Constituição Federal de 1988 não criou nenhum tributo, mas unicamente definiu a competência tributária de cada ente para que este institua os tributos. Além da competência tributária, a CF/88 determinou que também deve haver também a competência para legislar sobre direito tributário. Isso não se confunde com a competência tributária, pois aqui o objetivo é traçar regras sobre o exercício da competência tributária. Assim, embora ambas decorram de lei, possuem objetivos diferentes, ok? Por exemplo, compete à União legislar sobre direito tributário, como será visto a seguir, mas isso não torna este ente competente para instituir o IPTU ou o ISS, já que se trata de imposto de competência municipal e distrital. Memorize: x A CF não cria tributo, apenas estabelece a competência tributária dos entes políticos. x A competência para legislar sobre direito tributário não se confunde com a competência tributária. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 62 Vejamos a resposta: Art. 146. Cabe à lei complementar: III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: (...) Percebe-se, pois, que a referida lei deve ser complementar! Na aula inicial do nosso curso, você aprendeu que o Código Tributário Nacional ± CTN - foi recepcionado pela CF/88 com status de lei complementar, correto? Na realidade, o CTN possui força de lei complementar desde a CF pretérita ± CF/1967. Isso significa que não foi apenas com a CF/88 que esta norma adquiriu o status de lei complementar. É de se destacar também que o CTN continua sendo uma lei ordinária, mas com status de lei complementar, pois o conteúdo nele tratado foi reservado à lei complementar pela nossa CF/88. Essas regras são mais detalhadas no estudo do Direito Constitucional, disciplina que você já deve estar estudando ou ainda irá estudar com o Prof. Ricardo Vale. Nós veremos nos próximos tópicos algumas disposições do CTN acerca da competência tributária, bem como suas características e outros conceitos relativos ao tema. 1.1 - Características da Competência Tributária A competência tributária possui algumas características a ela inerentes, quais sejam: indelegável, imprescritível, inalterável, irrenunciável, e facultativa. Vamos explicar separadamente cada uma de suas características. 1. A competência tributária é indelegável A competência tributária é indelegável, não sendo possível que um ente delegue a sua competência para instituir determinado imposto, por exemplo, a outro. Vejamos o que diz o caput art. 7º do CTN: Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição (referência a outra CF). Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 62 O que se extrai do art. 7º do CTN é que a competência tributária é realmente indelegável, contudo, as atribuições administrativas decorrentes do exercício da competência tributária são delegáveis a outra pessoa jurídica de direito público. A delegação da função de arrecadar e fiscalizar os tributos instituídos, bem como as demais atribuições administrativas citadas no art. 7º do CTN denomina-se capacidade tributária ativa. Assim, a União, por exemplo, ao fazer uso de sua competência tributária prevista no art. 149, caput, da CF/88, pode instituir uma contribuição para o custeio dos conselhos de fiscalização e regulamentação de categorias profissionais (contribuições corporativas), e delegar a atribuição de arrecadação do tributo ao próprio conselho - CRM ou CRA, por exemplo. No mesmo sentido, o art. 153, § 4º, III, da CF/88 permite que os Municípios fiscalizem e cobrem o Imposto Territorial Rural (ITR). A união detém a competência para instituir o referido imposto (vamos estudar esse imposto ainda nessa aula), mas pode repassar, mediante lei, a capacidade ativa para os Municípios que assim optarem. Podemos dizer então que a capacidade tributária ativa é a aptidão para que a pessoa jurídica seja inserida no pólo ativo (ou sujeito ativo) da relação jurídica constituída com a ocorrência do fato gerador. Em outras palavras, trata-se do poder de exigir o tributo. Tal atribuição, nos termos do art. 119 CTN, só pode ser realizada por pessoa jurídica de direito público. Leve para a prova que a capacidade ativa só pode ser delegada a outra pessoa jurídica de direito público! É possível perceber, ante o exposto, que a competência tributária (instituição do tributo) é política, sendo instituída por intermédio de lei e indelegável. No entanto, a capacidade tributária ativa (arrecadação, fiscalização e execução) pode ser delegada a outra pessoa jurídica de direito público. Nessa linha, frisemos que, em sentido amplo, a competência tributária compreende tanto a instituição do tributo como a capacidade tributária ativa. Contudo, apenas esta é delegável. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 62 exemplo) para receber os tributos e repassá-los posteriormente aos cofres públicos. Diferentemente, a capacidade tributária ativa inclui o poder de fiscalização do cumprimento das obrigações tributárias e cobrança dos tributos devidos. Pessoa jurídica de direito privado pode receber os tributos, não se confundindo com a capacidade tributária. Para o completo entendimento do assunto, é importante que você tenha em mente a delegação das atividades de fiscalização e cobrança (capacidade ativa) não confere necessariamente à pessoa jurídica delegatária a disponibilidade dos recursos arrecadados. Ou seja, via de regra, deve-se arrecadar os tributos e repassá-los ao ente competente. Quando, poroutro lado, lei que instituiu o tributo nomeia outra pessoa jurídica para ser sujeito ativo (capaz de cobrar os tributos) e destina-lhe os recursos arrecadados, estamos diante do fenômeno da parafiscalidade. Entendido? 2. A competência tributária é imprescritível O não exercício da competência tributária, nos termos do art. 8º do CTN, não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído. Nesse sentido, a imprescritibilidade (ou incaducabilidade, como alguns denominam) traduz-se no fato de que a competência tributária pode ser exercida a qualquer tempo pelo ente que a detém. Ainda que não seja exercida, não há possibilidade de que outra pessoa política institua tal tributo. 3. A competência tributária é inalterável Essa característica representa a inalterabilidade da competência tributária pelo ente federado. Nesse sentido, os Municípios, por exemplo, encontram-se impedidos de aumentar a sua competência tributária, prevendo, por meio de lei infraconstitucional, um novo imposto. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 62 DICA DE PROVA: 1mR�FDLD�HP�³SHJDGLQKDV´�GH�SURYD, dizendo que é possível alterar competência tributária, por meio de reforma à Lei Orgânica do Município ou mesmo por alteração na Constituição Estadual. Apenas reforma à CF/88 torna possível alteração de competência tributária. Sobre a dica acima, lembre-se de que uma das cláusulas pétreas (prevista no art. 60, § 4º, I, da CF/88) é a proteção do pacto federativo. Portanto, não seria possível nem mesmo uma reforma constitucional, caso seja tendente a abolir a autonomia financeira de algum ente federado. Nada impede que haja reforma constitucional (por meio de emenda à Constituição), alterando a competência tributária dos entes federados. 4. A competência tributária é irrenunciável Do mesmo modo que a competência tributária é inalterável pelo ente federado, pode-se dizer que também é irrenunciável, pois o ente federado não pode renunciar algo que foi previsto na Constituição Federal. Em que pese essa característica, o exercício da competência tributária é facultativo, como se passa a demonstrar no tópico subsequente. 5. A competência tributária é facultativa A doutrina majoritária considera o exercício da competência tributária uma facultatividade de cada ente federado. Ou seja, a CF/88 prevê a competência tributária, e os entes decidem, por critérios de conveniência política, se será ou não instituído o tributo. Uma vez instituído o tributo, sua cobrança é vinculada e obrigatória, pois isso compõe o próprio conceito de tributo, visto na aula inicial do nosso curso! Nesse contexto, vejamos o que diz o art. 11 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/99): Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 62 Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. Repare, na leitura do parágrafo único, que a norma prevê uma sanção aos entes que não instituírem todos os impostos de sua competência, previstos na CF/88. O dispositivo da LRF foi inserido em nossa aula apenas para que você tenha conhecimento de que ele existe e pode vir a ser cobrado em prova. Sendo assim, grave que a sanção só existe se não forem instituídos todos os IMPOSTOS. Ainda assim, caso uma questão mencione que a competência tributária é IDFXOWDWLYD��VHP�FLWDU�D�/5)��YRFr�GHYH�PDUFDU�³correto´� Tudo bem? A título de exemplo sobre a facultatividade do exercício da competência tributária, citemos o Imposto sobre Grandes Fortunas ± IGF ± previsto no art. 153, VII, que até hoje não foi instituído. 1.2 - Classificação da Competência Tributária Aprendemos que a competência tributária é o poder conferido pela Constituição Federal aos entes federados para instituir tributos, sempre por meio de lei. Vimos também algumas características inerentes ao conceito de competência tributária, e que o seu exercício é facultativo, haja vista que a CF apenas estipula quais tributos podem ser instituídos, mas a edição da lei instituidora é critério político do ente. 1HVVH� PRPHQWR�� SRUWDQWR�� D� SHUJXQWD� TXH� VH� ID]� p�� ³4uais tributos podem ser instituídos pela União ou pelos Municípios, por exemplo? E quais tributos os Estados e o DF são competentes para instituir?´� Estudaremos, nos tópicos a seguir que a competência tributária pode ser classificada em: privativa, comum, cumulativa, residual e extraordinária. 1.2.1 ± Competência Privativa Primeiramente, cabe ressaltar que a competência tributária privativa diz respeito àqueles tributos cuja instituição somente pode ser feita por determinado ente político. Por exemplo, o Imposto sobre Produtos Industrializados, como será visto ainda nesta aula, pode ser instituído apenas pela União. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 62 No Direito Constitucional, você aprende que a competência privativa pode ser delegada, ao contrário da exclusiva. Contudo, em Direito Tributário, a competência tributária privativa é indelegável (como vimos, é característica intrínseca da competência tributária a indelegabilidade). Os tributos que possuem, por excelência, competência privativa são os impostos. Nesse contexto, a CF/88 definiu quais seriam os impostos federais, estaduais e distritais e municipais. O art. 153 da CF/88 determina quais são impostos que ficaram sob a competência da União, quais sejam: x Imposto sobre importação de produtos estrangeiros (II); x Imposto sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (IE); x Imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR); x Imposto sobre produtos industrializados (IPI); x Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF); x Imposto sobre propriedade territorial rural (ITR); x Imposto sobre grandes fortunas (IGF). Aos Estados e Distrito Federal, a competência relativa aos impostos foi prevista no art. 155, sendo eles os seguintes: x Imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD); x Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior (ICMS); x Imposto sobre propriedade de veículos automotores (IPVA). Por último, cabe aos Municípios e ao Distrito Federal instituir, com base nos preceitos do art. 156 da CF/88 os seguintes impostos: x Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU); x Imposto sobre transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI); x Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS). Direito Tributário para XXIII Exame daOAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 62 Antes que você me pergunte, já adianto: não é somente a espécie WULEXWiULD� ³LPSRVWRV´� TXH� HVWá submetida à competência privativa. Cabe privativamente à União a instituição dos empréstimos compulsórios. Ademais, em regra, as contribuições especiais (art. 149, caput, da CF/88) também são de competência privativa da União. Alguns autores classificam a competência para instituir empréstimos compulsórios e contribuições especiais como competência especial! 5HSDUH�TXH�HX�IL]�TXHVWmR�GH�JULIDU�³HP�UHJUD´��SRLV�Ki�H[FHo}HV�� Ao interpretar o § 1º do art. 149, da CF, percebe-se que apesar de a regra ser a instituição de contribuições especiais pela União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios possuem competência privativa para instituir as contribuições sociais para custeio dos regimes próprios de previdência de seus servidores titulares de cargos efetivos. Há que se destacar que a competência é privativa no âmbito de cada ente. Assim, o Estado de Minas Gerais tem competência privativa para instituir as contribuições sociais para o custeio do seu Sistema de Previdência. Contudo, não o tem para instituir contribuições sociais para a Previdência do Município de Pouso Alegre, por exemplo, sendo esta privativa desse Município. Além da competência acima citada, o Distrito Federal e os Municípios (os Estados não estão incluídos nesse rol!) possuem competência privativa para instituir a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP), com base no art. 149-A, da CF/88. Em síntese, a competência privativa, em regra, diz respeito aos impostos. Contudo, devemos nos lembrar que a competência para instituir empréstimos compulsórios (E.C.) e contribuições especiais é da União, ressalvada, no último caso, a possibilidade de os Estados, DF e Municípios instituírem seu regime próprio de previdência bem como a competência privativa do DF e Municípios para instituir a COSIP. Entendido? 1.2.2 ± Competência Comum A competência comum diz respeito aos tributos vinculados, que, como já estudamos, são tributos cujo fato gerador é uma atividade estatal relativa ao contribuinte. Você se lembra de quais tributos estamos nos referindo? É isso mesmo: taxas e contribuições de melhoria. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 62 Denomina-se competência comum, pois todos os entes federados podem instituir tais tributos, respeitadas, por óbvio, as atribuições de cada ente, definidas na Constituição Federal. Para uma prova de Direito Tributário, você não precisa saber nada mais do que isso! Nesse rumo, caso o Estado do Rio de Janeiro preste serviço público específico e divisível, é possível instituir uma taxa estadual para custear o referido serviço público. Do mesmo modo, se o Município de Juiz de Fora realizar uma obra pública da qual decorra valorização imobiliária, torna-se possível a instituição de uma contribuição de melhoria municipal. 1.2.3 ± Competência Cumulativa A competência cumulativa foi prevista no art. 147 da CF/88, nos seguintes termos: Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais. Cabe destacar que os territórios federais não são entes federados, sendo considerados apenas descentralizações administrativo-territoriais pertencentes à União. Sendo assim, não dispõem de autonomia política e, consequentemente, não possuem competência tributária própria. Contudo, conforme preceitua o § 1º do art. 33, da CF/88, os territórios federais podem ou não ser divididos em Municípios, gozando estes de autonomia política. A referida divisão em Municípios reflete sobre a competência tributária da União, isto é, se os territórios federais não forem divididos em Municípios, compete à União os impostos estaduais e municipais. Havendo, por outro lado, a citada divisão, competirá à União apenas os impostos estaduais, já que os Municípios deterão a competência para instituir os seus próprios impostos municipais. Embora o texto constitucional mencione apenas ³LPSRVWRV´�� JXDUGH� TXH� WDO� GLVSRVLomR� GL]� UHVSHLWR� também aos demais tributos. Para finalizar o estudo da competência cumulativa, a parte final do dispositivo constitucional menciona algo que já estudamos, que é a competência distrital para instituir também os impostos municipais. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 62 impostos) já previstas na CF/88. Trata-se de entendimento do Supremo Tribunal Federal (RE 242.615/BA) Veja também o seguinte posicionamento da Suprema Corte: 7UHFKR�GR�YRWR�GR�0LQ��&DUORV�9HOORVR��³É que a técnica da competência residual da União é para o legislador ordinário (C.F., art. 154, I) e não para o constituinte derivado.´ (STF, ADI 939/DF, Pleno, Rel. Min Sydney Sanches, Julgamento em 15/12/1993) Para o STF, a competência residual prevista na CF/88 é para o legislador ordinário e não para o constituinte derivado. O que isso quer dizer? Ora, quando o legislador for instituir um imposto novo (uso da competência residual), deverá obedecer as regras previstas no art. 154, I. No entanto, quando uma emenda constitucional acrescenta um novo imposto na CF/88, o constituinte derivado não está sujeito ao art. 154, I. 1.2.5 ± Competência Extraordinária Além da competência privativa, comum, cumulativa e residual, a União ± e somente ela ± detém ainda a competência tributária extraordinária. Tal competência está prevista no art. 154, II, da CF/88, cuja redação é a seguinte: Art. 154. A União poderá instituir: II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. Trata-se, portanto, da competência que a União possui para instituir o Imposto Extraordinário de Guerra ± IEG. Cabe fazer algumas observações acerca do exercício de tal competência. Inicialmente, você deve saber que tal imposto pode ser instituído por lei ordinária ou mesmo por medida provisória, pois não foi feita nenhuma reserva à lei complementar. Na dicção do CTN (art. 76), o IEG é temporário, devendo ser suprimido em até 5 anos, contados da celebração da paz. É importante lembrar também que não há restrição quanto à não cumulatividade, ou seja, o IEG pode ser cumulativo. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 62 Pessoas Jurídicas (IRPJ) incidente sobre a apuração do lucro das empresas, que ocorre cumulativamente com a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Repare que neste caso ambos os tributos são de competência da União. Ademais, podemos citar também o que ocorre com as contribuições para R�ILQDQFLDPHQWR�GD�VHJXULGDGH�VRFLDO��R�DUW�������,��³E´��SUHYr�D�LQVWLWXLomR�GH� contribuição a cargo do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidente sobre receita ou faturamento. No exercício dessacompetência tributária, a União instituiu não apenas uma, mas sim duas contribuições, a saber: PIS/PASEP e COFINS. Acrescente-se, ainda, que situação semelhante ocorre na importação, sendo esta mais uma fonte de custeio da seguridade social, prevista no art. 195, IV, da CF/88. Amparado nesse dispositivo constitucional, o legislador instituiu duas contribuições incidentes sobre a importação: PIS/PASEP- Importação e COFINS-Importação. Diante dos argumentos supracitados, infere-se que não há vedação expressa ao bis in idem no âmbito da CF/88. Não obstante, a União teve o exercício da sua competência residual de certa forma restringido, já que o art. 154, I c/c art. 195, § 4° exigiram que os novos impostos ou as novas contribuições não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos já discriminados na CF/88. A bitributação, por outro lado, ocorre quando mais de um ente federado tributa o mesmo fato gerador. Em regra, nesse caso, percebe-se que há invasão de competência tributária, pois a CF/88 traçou os limites da competência de cada ente. Um exemplo claro de bitributação seria a instituição, por parte de um município, de uma alíquota adicional sobre o IPVA, a ser cobrado dos veículos registrados em sua circunscrição. Note, pois, que isso é vedado, já que a competência para se instituir imposto sobre propriedade de veículos automotores cabe apenas aos Estados e ao Distrito Federal. Entretanto, existem situações excepcionais em que se permite haver bitributação. É o caso do IEG, cuja própria redação constitucional permite que o imposto criado seja compreendido ou não na competência tributária da União. Com base em tal autorização, é possível que a União crie o ICMS- Extraordinário, a incidir sobre os mesmos fatos geradores do referido imposto estadual. Sendo o ICMS tributo de competência originalmente estadual, teríamos um caso típico de bitributação (tributação pela União e pelos Estados). Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 62 idem em relação ao Imposto Sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (Art. 153, III da CRFB), o que é vedado pelo próprio texto constitucional. A partir do caso narrado e considerando a jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, assinale a afirmativa correta. A) A empresa tem razão porque os dois tributos têm o lucro como fato gerador, o que é vedado pela Constituição Federal. B) A empresa, por ter sido constituída anteriormente à Constituição Federal de 1988, tem direito adquirido a não pagar a CSLL. C) A empresa não tem razão, porque ambos os tributos estão previstos na CRFB. D) A empresa tem razão, pela clara violação à vedação ao confisco prevista no Art. 150, IV, da CRFB. Comentário: Não há vedação expressa na CF/88 ao bis in idem. O caso citado de fato se enquadra no conceito de bis in idem por nós estudado durante a aula. Contudo, a CF/88 conferiu competência tributária para a União instituir imposto sobre a renda e também a contribuição social sobre o lucro, de forma que a cobrança é constitucional e a empresa não tem razão. Gabarito: Letra C 2 ± CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O ESTUDO DOS IMPOSTOS Antes de entrarmos no estudo propriamente dito dos impostos, é necessário que tenhamos algumas noções básicas para o completo entendimento do assunto. 9RFr�SRGH�DWp�Mi�GRPLQDU�R�TXH�YDPRV�IDODU�D�VHJXLU��PDV�VHPSUH�³vou bater na tecla´ com os conceitos básicos, para que o aluno consiga aFRPSDQKDU�R�ULWPR�GR�FXUVR�VHP�GHL[DU�³SHQGrQFLDV´��$ILQDO�GH�FRQWDV��YRFr� está fazendo um curso ± e um curso muito completo -, e não lendo um livro, correto? Portanto, iremos retornar com a mesma estória contada na Aula 1, com alguns acréscimos. Vamos lá! Quando uma lei institui um tributo, prevê-se na norma um fato que, ocorrido, faz surgir o vínculo entre o contribuinte e o fisco. Essa previsão na norma denomina-se hipótese de incidência. Ao fato ocorrido no mundo real, chamamos de fato gerador. Por fim, é chamada de obrigação tributária a relação jurídica constituída entre o fisco e o contribuinte, quando da ocorrência do fato gerador. Contudo, embora exista uma obrigação do contribuinte para com o fisco, esta ainda não pode ser exigida, pois é imprescindível que haja um Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 62 3 - IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO Na aula inicial do nosso curso, vimos algumas características gerais pertinentes aos impostos em geral. Além disso, também já vimos os princípios aplicáveis aos mais diversos impostos (legalidade, anterioridade e noventena, por exemplo), bem como os critérios estabelecidos pelo legislador constituinte acerca da competência tributária de cada ente. A partir de agora, estudaremos cada um dos impostos previstos na CF/88 de competência da União. Você perceberá que, em alguns casos, será citado o CTN, no tocante à base de cálculo, fato gerador e contribuintes do imposto, pois, como já aprendemos, no art. 146, III, a, da CF/88, há uma exigência específica para que lei complementar (e o CTN possui esse status��GHILQD�WDLV�³FRPSRQHQWHV´� dos impostos. 3.1 ± Imposto de Importação Trata-se de imposto de nítida finalidade extrafiscal, pois é utilizado como meio de controle sobre as importações, interferindo diretamente na economia do país, gerando, por consequência, impactos negativos ou positivos na indústria nacional. Por esse motivo, o legislador constituinte (CF, art. 153, § 1º), facultou ao Poder Executivo a alteração das alíquotas desse tributo (exceção à legalidade), desde que atendidas as condições e os limites legais. Ademais, o mencionado imposto também constitui exceção aos princípios da anterioridade e noventena, produzindo efeitos imediatos. 3.1.1 ± Fato Gerador Relativamente ao fato gerador, vejamos o que diz o art. 19 do CTN: Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território nacional. Por se tratar de um momento difícil de ser apurado com exatidão, a legislação aduaneira estabeleceu que o momento, para fins de cálculo do imposto, em que se considera ocorrido o fato gerador, que é a data do registro da declaração de importação de mercadoria submetida a despacho para consumo. Podemos dizer que este é considerado o elemento temporal da hipótese de incidência. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 62 3.1.2 ± Base de Cálculo e Alíquotas No que se refere à base de cálculo do II, vejamos o que diz o art. 20 do CTN: Art. 20. A base de cálculo do imposto é: I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País; III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arrematação. Assim, quando a alíquota aplicável à mercadoria importada for específica, a base de cálculo será a unidade de medida (Kg, ton, m³ etc.) adotada pela lei tributária. De outra banda, se a alíquota for ad valorem, a base de cálculoserá o preço normal, atualmente entendido como o valor aduaneiro (valor real, e não o declarado pelo importador), apurado conforme as regras do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio ± GATT (tratado internacional do qual o Brasil é signatário). Em se tratando de produto de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, a base de cálculo do II é o preço da arrematação. Embora, na prática, não haja incidência de II sobre tal hipótese (leilão), é o conceito teórico que você tem de levar para a sua prova, colega concurseiro (a)!!! A respeito das alíquotas do II, é importante saber que elas estão fixadas na Tarifa Externa Comum (TEC), que é uma tabela que contém milhares de produtos e mercadorias relacionadas ao seu respectivo código (de oito dígitos) e associadas a uma determinada alíquota. Portanto, quando o importador preenche sua Declaração de Importação (documento base do despacho de importação), ele deve informar o código da mercadoria que está trazendo para o País, seguindo regras específicas para classificação. Novamente, eu alerto: você não precisa saber nada mais do que isso para fazer uma prova de Direito Tributário. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 62 Quando o CTN estabelece, em seu art. 21, que tanto a base de cálculo como as alíquotas do II podem ser alteradas sem necessidade de lei, entenda-se que apenas as alíquotas possuem tal flexibilidade. O mesmo raciocínio serve para o IE (art. 26) e IOF (art. 65)! Por fim, ressalte-se que a competência para alteração das alíquotas tanto do II como do IE não são privativas do Presidente da República. Ou seja, é possível outorgar essa competência à Câmara de Comércio Exterior (CAMEX). Trata-se de entendimento pacífico no âmbito do STF (RE 570.680/RS). 3.1.3 - Contribuintes De acordo com a literalidade do art. 22 do CTN, os contribuintes do II são os seguintes: Art. 22. Contribuinte do imposto é: I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados. Quem seriam os equiparados ao importador? O Decreto-Lei 37/1966 nos responde: Art.31 - É contribuinte do imposto: I - o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no Território Nacional; II - o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente; III - o adquirente de mercadoria entrepostada. Conforme eu já havia dito, a arrematação não constitui, na prática, fato gerador do imposto. Por esse motivo, o arrematante não foi eleito como contribuinte do imposto no DL 37/66. Ok? Em provas de Direito Tributário, normalmente as questões cobram o disposto no CTN. Por isso, recomendo memorizar o que consta em seus arts. 20 e 22! Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 62 ocorrido o fato gerador. Vejamos o que diz o parágrafo único do art. 213 do Regulamento Aduaneiro (Decreto 6.759/2009): Parágrafo único. Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador na data de registro do registro de exportação no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX). 3.2.2 ± Base de Cálculo e Alíquotas Vejamos o que diz o art. 24 do CTN: Art. 24. A base de cálculo do imposto é: I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência. Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada no porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado internacional o custo do financiamento. Caro candidato, não há muitas observações a serem feitas acerca desse imposto. O importante é que o candidato conheça a literalidade do CTN, as exceções previstas na CF/88, por se tratar de um imposto extrafiscal, e o detalhe de que apenas a alíquota pode ser majorada pelo Poder Executivo (a base de cálculo não pode). Apenas a título de curiosidade, vejamos o que diz o Decreto-Lei 1.578/1977 (base legal do Imposto de Exportação) a respeito da alíquota do IE: Art. 3o A alíquota do imposto é de trinta por cento, facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou aumentá-la, para atender aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. Parágrafo único. Em caso de elevação, a alíquota do imposto não poderá ser superior a cinco vezes o percentual fixado neste artigo. Sendo assim, a alíquota base é 30%, podendo ser reduzida ou majorada. ³4XDO�VHULD�R�OLPLWH�Pi[LPR"´�9DPRV�FDOFXODU�����[��� �150%. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 62 UniversalidadeÆ significa dizer que a tributação alcança todas as espécies de rendimentos. ProgressividadeÆ significa tributar com alíquotas maiores (progressivas) rendimentos mais elevados. Em síntese, perceba que os três critérios decorrem do princípio da isonomia, alcançando as pessoas de um modo geral (generalidade), e as rendas de modo universal (universalidade), sempre considerando que aquele que ganha mais deve sofrer maior incidência tributária (progressividade). Não ficou difícil, correto? 3.3.1 ± Fato Gerador Para compreender o fato gerador do Imposto de Renda, vamos nos debruçar sobre o art. 43 do CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. É importante que saibamos diferenciar a disponibilidade econômica e a jurídica: x Disponibilidade Jurídica: ocorre quando se tem direito a um crédito, não sujeito a alguma condição, ou seja, um direito que seja certo. x Disponibilidade Econômica: ocorre quando se obtém dinheiro em espécie (ou crédito em conta) ou bens nele conversíveis. Em qualquer uma das disponibilidades, tem-se por ocorrido o fato gerador do Imposto de Renda, conforme art. 43, caput, do CTN. Além disso, precisamos também ter uma noção dos conceitos de renda e proventos de qualquer natureza, já que esses são os dois pressupostos de incidência do IR. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 62 Nos dizeres do CTN, o conceito de renda pode ser entendido como produto do capital, do trabalho ou da combinação do trabalho e do capital. Vamos exemplificar: Produto do capital Æ João é acionista de uma grande empresa e recebe dividendos, decorrentes do lucro auferido por esta. Trata-se de produto do capital, do dinheiro por ele investido na sociedade. Produto do trabalho Æ José é empregado de um posto de gasolina. Ao final do mês, recebe o produto do seu trabalho,ou seja, seu salário. Combinação de produto do capital com produto do trabalho Æ Pedro montou uma lanchonete, onde exerce a função de sócio e administrador. Ao final do mês, ele recebe rendimentos decorrentes do seu trabalho e do seu capital nela investido. Acredito que com os exemplos acima, não restou dúvida nenhuma sobre o conceito de renda. Entretanto, o que vem a ser provento? Trata-se de acréscimo patrimonial que não esteja compreendido no conceito de renda, que é o produto do trabalho ou capital. Imagino que você queira mais um exemplo, certo? Vamos lá: Se você ganhar na Mega-Sena, você vai receber um provento, pois não o SUrPLR�GH� ORWHULD�QmR�GHFRUUH�GR�SURGXWR�GR�VHX� WUDEDOKR� �YRFr�QHP�³VXRX´� para consegui-lo, certo?) nem do produto do seu capital. Além disso, podemos citar também os ganhos de capitais verificados na alienação de bens, bem com os acréscimos patrimoniais cuja origem não pode ser comprovada pelo sujeito passivo. De qualquer modo, é interessante notar que o inciso II, do art. 43, do CTN, menciona que os proventos de qualquer natureza caracterizam-se por outros acréscimos patrimoniais não compreendidos no conceito de renda. Com efeito, renda também se caracteriza como acréscimo patrimonial, correto? Assim sendo, se houve acréscimo patrimonial, a princípio, haveria tributação! Mas o que dizer sobre as indenizações? Há incidência do IR sobre as indenizações? Se as indenizações não acrescem o patrimônio, não há que se falar em tributação. Nessa esteira, o STJ já editou a seguinte súmula: Súmula STJ 215 - A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda. Antes que se chegue a duvidar do caráter indenizatório desta verba, cabe citarmos a ementa de um julgado em que se discutia tal situação no âmbito do STJ: Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 62 TRIBUTARIO - IMPOSTO DE RENDA - DEMISSÃO INCENTIVADA - CONCEITO JURIDICO DO PAGAMENTO RECEBIDO PELO EMPREGADO DESPEDIDO - NÃO INCIDENCIA DO TRIBUTO. - A "DEMISSÃO INCENTIVADA" RESULTA DE COMPRA E VENDA, EM QUE O OPERARIO ALIENA DE SEU PATRIMONIO O BEM DA VIDA CONSTITUIDO PELA RELAÇÃO DE EMPREGO, RECEBENDO, COMO PREÇO, VALOR CORRESPONDENTE AO DESFALQUE SOFRIDO. TAL PREÇO NÃO E FATO GERADOR DE IMPOSTO SOBRE RENDA OU PROVENTO. (STJ, Primeira Turma, REsp 127121/SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, Julgamento em 07/11/1997) Da mesma forma, também entendeu o STJ que as verbas recebidas à título incentivo à aposentadoria, por serem análogas àquelas citadas na súmula acima, também não se sujeitam à tributação, dado o caráter indenizatório. Tome cuidado, pois este assunto já foi cobrado pela FGV no Exame de Ordem! Finalizando o estudo do fato gerador do IR, o CTN assevera nos §§ 1º e 2º do art. 43 o seguinte: § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. § 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. Note a coerência desses dispositivos com os critérios da generalidade e da universalidade. O objetivo do legislador foi exatamente incluir no âmbito da incidência do IR as pessoas e os rendimentos que poderiam ³HVFDSDU´�GD�WULEXWDomR. É o caso, por exemplo, dos rendimentos auferidos no exterior por pessoas domiciliadas no Brasil. 3.3.2 ± Base de Cálculo (P� UHODomR� j� EDVH� GH� FiOFXOR� GR� ,5�� R� &71� SUHYr� TXH� ³é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis´. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 62 Nesse ponto, é válido destacar que o CTN apenas discriminou a base de cálculo aplicável ao Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas. No entanto, como é sabido, tal imposto incide também sobre os rendimentos auferidos pelas pessoas físicas. Como nossa aula não é sobre legislação tributária, você não vai precisar guardar nada além do que foi exposto acima (real, arbitrado ou presumido). 3.3.3 ± Contribuintes No tocante à sujeição passiva, segue a redação do art. 45 do CTN: Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam. Em síntese, contribuinte é o titular da disponibilidade de renda ou dos proventos de qualquer natureza. Além dos titulares, a lei pode atribuir essa condição ao possuidor, ou seja, mesmo não sendo proprietário do bem cuja renda foi gerada, pode ser considerado contribuinte. Ademais, o CTN também esclarece que a lei pode responsabilizar a fonte pagadora (o empregador, por exemplo) pela retenção e recolhimento do IR devido pelo contribuinte (empregados, por exemplo). Estudaremos em aula específica essa possibilidade de se cobrar o tributo de outra pessoa que não seja o contribuinte. Fique tranqüilo. 3.3.4 ± Lançamento Muitas pessoas afirmam que o IR é um tributo cujo lançamento é feito por declaração. Isso se dá por causa da famigerada Declaração de Imposto de Renda das Pessoas Físicas (DIRPF). No entanto, destaque-se que o IR é lançado por homologação, pois o contribuinte presta sua declaração, antecipando o imposto porventura devido, sem prévio exame da autoridade administrativa. Esta, por sua vez, realiza a posterior homologação. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 62 Vale ressaltar que a redução do impacto do IPI sobre a aquisição de bens de capital não é autoaplicável, cabendo à lei ordinária dispor sobre o tema. Todavia, o dispositivo possui ao menos a eficácia negativa imediata, isto é, impede que lei disponha em sentido contrário. Cuidado! Possuir eficácia negativa imediata não significa ser autoaplicável. 3.4.1 ± Fato Gerador No tocante ao estudo do fato gerador do IPI, vejamos o que diz o art. 46 do CTN: Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51; III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo. De modo sucinto, são três os fatos geradores do IPI: o desembaraço aduaneiro, caso o produto seja de procedência estrangeira (I); a saída do produto industrializado do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial (II); e a arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão (III). De acordo com a legislação do IPI, o importador, ao revender os produtos importadosdo exterior, se submete a duas incidências do imposto: uma na importação, com o desembaraço aduaneiro; outra na revenda de tais produtos, com a saída deles do estabelecimento do importador. 3.4.2 ± Base de Cálculo Vimos que há três fatos geradores para o IPI, correto? Para cada um desses fatos geradores, o CTN estabeleceu uma base de cálculo específica. Vamos ver o que diz o art. 47 do CTN: Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 62 Nessa esteira, o STF (RE 190.363) já entendeu inconstitucional o dispositivo legal que previa a incidência do I2)�VREUH�D�³transmissão´�do ouro definido pela legislação como ativo financeiro, tendo em vista que a incidência apenas pode se dar na operação de origem. Ainda no que se refere à incidência do IOF sobre o ouro, é interessante destacar os entes que receberão os recursos arrecadados: x 30% para o Estado, Distrito Federal ou o Território, conforme a origem. x 70% para o Município de origem. Por derradeiro, não se esqueça de que a alteração de alíquotas desse imposto também constitui exceção ao princípio da legalidade, anterioridade e noventena. 3.5.1 ± Fato Gerador O estudo do fato gerador do IOF a ser cobrado em prova de Direito 7ULEXWiULR�p�PHUD�³GHFRUHED´�GR�DUW�����GR�&71��3RUWDQWR��YRX�JULIi-lo apenas, de forma que facilite a compreensão: Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador: I - quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado; II - quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este; III - quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável; IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável. Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a definida no inciso IV, e reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou resgate do título representativo de uma mesma operação de crédito. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 62 Cuidado com o jogo de palavras: estimular a produtividade das propriedades rurais = desestimular manutenção de propriedades improdutivas Insta observar também a imunidade trazida pela referida emenda constitucional, que estabeleceu que não incidirá ITR sobre as pequenas glebas rurais, cujo conceito será definido em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel. Trata-se, como já estudamos, de imunidade mista! Antes de entrarmos no estudo do fato gerador do ITR, eu gostaria que você também soubesse que o imposto pode ser fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal, conforme previsão no art. 153, § 4º, III, da CF/88. Opa! O que acontece nesse caso? Isso mesmo: delegação da capacidade tributária ativa! Lembre- se de que a competência tributária continue sendo da União. Caso os Municípios optem por fiscalizar e arrecadar o ITR, receberão a totalidade do que foi arrecadado. Caso não optem por DVVXPLU� D� VXMHLomR� DWLYD�� UHFHEHP� ³DSHQDV´� ���� GR� PRQWDQWH� arrecadado, relativamente aos imóveis neles situados. Não se preocupe, pois a repartição constitucional é assunto para outra aula. 3.6.1 ± Fato Gerador O fato gerador do ITR, nos termos do art. 29 do CTN, é o seguinte: Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização fora da zona urbana do Município. ,QLFLDOPHQWH��R�FRQFHLWR�GH�³LPyYHO�SRU�QDWXUH]D´�WUDGX]-se no solo nu e o que lhe foi agregado pela própria natureza, como árvores e vegetação, por exemplo. Além disso, segundo o CTN, o ITR só vai incidir sobre tais imóveis, quando localizados fora da zona urbana do Município. Como descobrir se o imóvel está localizado na zona urbana ou rural? Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 62 O próprio CTN traz a definição no art. 32 (que se refere ao IPTU): Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. § 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. § 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior. Sendo assim, desde que estejam presentes pelo menos dois dos requisitos estabelecidos nos incisos do art. 32 do CTN, o imóvel será considerado urbano, não estando sujeito ao ITR. A contrario sensu, se não estiverem presentes no mínimo 2 dois requisitos previstos, incidirá o ITR. 3.6.2 ± Base de Cálculo e Alíquotas O Código Tributário Nacional dispõe o seguinte acerca da base de cálculo do ITR: Art. 30. A base do cálculo do imposto é o valor fundiário. Entende-se por valor fundiário o valor da terra nua. Por conseguinte, as benfeitorias realizadas, como as construções, não compõem a base de cálculo do ITR. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 49 de 62 Gabarito: Letra C 4 - IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS Conforme o nosso cronograma, ainda nos resta estudar na aula de hoje os impostos de competência dos Municípios. São apenas três: Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU); Imposto sobre transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI); e Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza(ISS ou ISQN). Comecemos pelo IPTU... 4.1 ± Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU) O IPTU incide sobre propriedades imobiliárias da mesma forma que o ITR. No entanto, trata-se de imposto municipal, incidente apenas sobre os imóveis localizados em áreas urbanas, ao passo que o ITR incide sobre os imóveis rurais. É considerado imposto com finalidade fiscal, representando boa parte da arrecadação municipal. No entanto, pode excepcionalmente ser utilizado com objetivo extrafiscal, como estudaremos adiante. No tocante aos princípios constitucionais, o IPTU fica sujeito tanto à anterioridade como à noventena, excetuadas as majorações da base de cálculo do tributo, que constituem exceções ao princípio da noventena. Antes de partirmos para o próximo tópico, não custa relembrar o texto da Súmula 160 do STJ, a respeito da atualização do IPTU: Súmula STJ 160 ± É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária. 4.1.1 ± Progressividade Fiscal e Progressividade Extrafiscal O art. 182 da CF/88 confere ao Poder Público municipal a competência para executar a política de desenvolvimento urbano, com o objetivo de ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Com base nesse propósito, o § 4º do próprio art. 182 facultou ao Poder Público municipal a exigir, mediante lei específica, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 50 de 62 o seu adequado aproveitamento. Caso contrário, entre outras penas, é permitido cobrar o IPTU progressivo no tempo. Para que seja possível exigir o IPTU progressivo, é necessário que haja lei específica! Trata-se, portanto, da progressividade extrafiscal do IPTU, cujo objetivo é estimular o cumprimento da função social da propriedade, sob pena da progressão do tributo incidente sobre o imóvel. Destaque-se que existe a previsão para tal progressividade desde a promulgação da CF/88. No entanto, não podemos dizer o mesmo acerca da progressividade fiscal do IPTU. Com o advento da EC 29/00, tornou-se possível a progressividade das alíquotas do IPTU, com base no valor do imóvel. Essa é a denominada progressividade fiscal do IPTU. Portanto, se a progressividade ocorre com base no valor dos imóveis, podemos dizer que é possível que o município cobre alíquotas maiores para LPyYHLV�XUEDQRV�PDLV�³FDURV´� Nesse ponto da aula, eu preciso que você se lembre do eu disse, ao estudar o princípio da capacidade contributiva... Lembrou? É isso mesmo! Eu havia dito que, em regra, os impostos reais não podem ser progressivos, correto? Mas e o IPTU? Pode ser progressivo! Vamos ver o entendimento do STF sobre HVVD�³FRQIXVmR´" Súmula STF 668 - É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana. Ou seja, para o STF, antes da EC 29/00 só era possível a progressividade extrafiscal do IPTU, sendo inconstitucionais as leis que adotassem o IPTU progressivo em situações diversas daquela prevista no art. 182, § 4º, da CF/88. Cumpre-nos ressaltar que, para o STF, é inconstitucional a progressividade do IPTU com base no número de imóveis do contribuinte: Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 53 de 62 Não confunda a possibilidade de se estabelecer alíquotas diversas para imóveis com diferentes localizações ou destinação com progressividade em razão do valor do imóvel! Para finalizar o tópico, destacamos que a jurisprudência do STF entende ser constitucional lei municipal que reduza o IPTU sobre o imóvel ocupado pela residência do proprietário, que não possua outro: Súmula STF 539 - É constitucional a lei do município que reduz o imposto predial urbano sobre imóvel ocupado pela residência do proprietário, que não possua outro. 4.1.4 ± Contribuintes Nos termos do art. 34 do CTN, contribuinte do IPTU é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil ou o sei possuidor a qualquer título. Como os conceitos são idênticos aos que vimos no estudo do ITR, não será necessário estudarmos tudo novamente. O único ponto digno de nota é que o entendimento do STJ (REsp 325.489) é o de que para ser considerado contribuinte do IPTU, há que exercer a posse sobre o imóvel com animus domini - ou animus definitivo -, que quer dizer intenção de ser dono. Nesse rumo, podemos afirmar que o locatário ou comodatário de imóvel não pode ser considerado como contribuinte do IPTU! 4.1.5 ± Lançamento O IPTU é um imposto lançado de ofício, já que não há qualquer participação do sujeito passivo, seja prestando declarações ou antecipando valores ao erário. Ainda sobre a notificação do lançamento efetuado, é de se ressaltar o seguinte entendimento do STJ: Súmula STJ 397 - O contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio do carnê ao seu endereço. Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 55 de 62 Não incide ITBI sobre as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. No que se refere aos princípios constitucionais, o ITBI não constitui exceção a nenhum deles, de sorte que a sua majoração sujeita-se concomitantemente à anterioridade e à noventena. 4.2.1 ± Fato Gerador O fato gerador do ITBI abrange a transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (CF/88, art. 156, II). Sobre o assunto, o STF (RE 666.096/DF) assentou que os contratos de compromisso de compra e venda não constituem fato gerador para a incidência do ITBI. Insta observar também que o ITBI não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil. 4.2.2 ± Base de Cálculo e Alíquotas Seguindo a mesma linha de entendimento do IPTU, a base de cálculo do ITBI é o valor venal dos bens ou dos direitos transmitidos, conforme preceitua o art. 38 do CTN: Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos. No entanto, por se tratar de tributo real, e por não haver previsão constitucional, a progressividade das alíquotas do ITBI é inconstitucional, conforme consta na redação da Súmula do STF 656: Súmula STF 656 - É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis - ITBI com base no valor venal do imóvel. 4.2.3 ± Contribuintes Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutrawww.estrategiaconcursos.com.br Página 57 de 62 Além disso, a CF/88 (no § 3º, do art. 156) atribuiu outras tarefas à lei complementar: § 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas; II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior. III ± regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. Perceba que a autonomia dos Municípios no estabelecimento de regras sobre o ISS é um tanto limitada, haja vista as diversas funções da lei complementar federal. No tocante à fixação de alíquotas máximas e mínimas, cumpre ressaltar que o objetivo foi evitar a tributação excessiva (alíquotas máximas) e também a guerra fiscal (alíquotas mínimas). Destaque-se que, foi fixada a alíquota máxima de 5% e mínima de 2% pela lei complementar. Vale lembrar que a fixação da alíquota mínima passou a ser prevista na LC 116/03, apenas com a alteração promovida pela LC 157/16, já que antes dessa norma o limite já existia, porém em regra transitória prevista no art. 88, do ADCT. A LC 157/16 ainda definiu que o ISS não será objeto de concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota mínima de 2%. Seguindo a linha do § 3º do art. 156, o legislador constituinte conferiu à lei complementar a capacidade de isentar as exportações de serviços para o exterior do ISS. Estudamos que essa possibilidade consiste em uma exceção ao princípio da vedação às isenções heterônomas. Em cumprimento ao dispositivo constitucional, repare o que diz o art. 2º, I, da LC 116/2003: Art. 2º O imposto não incide sobre: I ± as exportações de serviços para o exterior do País; É importante destacar a jurisprudência do STF acerca da não incidência do ISS sobre operação de locação de bens móveis: Direito Tributário para XXIII Exame da OAB Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 59 de 62 estabelecidos na LC 116/03. No entanto, é possível também a previsão de apenas parte dos serviços listados. O que não pode haver é o estabelecimento de serviços que não constam na LC 116/03, sob pena de inconstitucionalidade. Unindo as informações já estudadas durante o nosso curso, podemos realizar as seguintes conclusões acerca da não incidência do ISS: x Não incide sobre a prestação de serviços para o exterior (art. 2º, I, da LC 116/03 c/c art. 156, § 3º, II); x Não incide sobre a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (trata-se do campo de incidência do ICMS); x Não incide sobre a prestação de serviços pelo próprio Poder Público (a operação está imune com base no art. 150, VI, a, da CF/88); x Não incide sobre a prestação de serviço público específico e divisível (trata-se do campo de incidência das taxas de serviço); x Não incide sobre a prestação de serviços a si próprio (descaracterização do fato gerador, com base no entendimento do STJ). Outro detalhe que deve ficar claro é que nem sempre o ISS será devido ao Município onde estiver sendo prestado o serviço, pois, frise-se, o tributo cabe ao Município onde estiver situado o estabelecimento prestador ou o domicílio do prestador. Essa é a regra geral. Temos algumas exceções previstas no art. 3º, da LC 116/2003. Particularmente, não vejo como interessante a memorização de todas as exceções, salvo a que já foi cobrada pela FGV no Exame de Ordem: Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS). Nestas situações, o serviço considera-se prestado no local da execução da obra. Fique atento, pois este detalhe pode voltar a ser cobrado pela FGV! 4.3.2 ± Base de Cálculo Sem muitas informações a serem estudadas, basta que o candidato tenha em mente que a base de cálculo do ISS é o preço do serviço (LC 116/03, art. 7º). 4.3.3 ± Contribuintes
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