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Universidade Federal de Ouro Preto Instituto de Ciências Exatas e Biológicas Histologia Básica Material didático complementar aos estudos teóricos e práticos Equipe pró-ativa 2015. 1 Universidade Federal de Ouro Preto Instituto de Ciências Exatas e Biológicas Histologia Básica Material didático complementar aos estudos teóricos e práticos Equipe pró-ativa 2015. Orientadora: Profa. Luciana Hoffert Discentes: Géssica Mendes de Almeida Letícia Coelho Teixeira Matteus Murta Lage Equipe 2014: Isabella Queiroz, Natália Queiroz, Florence Araújo e Amanda Cerqueira. 2 Prefácio Assim como os Livros Textos de Histologia Básica, também existem vários resumos e roteiros de aulas e atlas publicados. Por que então mais um? A histologia, na maioria dos casos, vem nos livros textos acompanhada de correlações com a fisiologia e a biologia celular, principalmente. Isso ocorre devido à proximidade entre essas áreas nas ciências biológicas. Diante disso, visamos construir um material com um enfoque maior na histologia propriamente dita. Não pretendemos apontar qualquer deficiência nos materiais disponíveis até então. Apenas disponibilizamos um meio complementar de estudo com um foco diferente dos demais. Esse material não substitui o estudo em livros textos e atlas de histologia. Ele apenas disponibiliza uma leitura rápida, didática e resumida dos principais pontos a serem observados em um estudo da histologia. Desta forma, a ideia da elaboração deste Material Didático surgiu da necessidade de se dispor de um guia que se adequasse às nossas necessidades acadêmicas. Trata-se, portanto de um trabalho despretensioso, visando, sobretudo, uma aplicação no estudo fora do ambiente de aula. 3 Sumário 1. Tecido Epitelial..............................................................................................................4 2. Tecido Conjuntivo.......................................................................................................14 3. Tecido Adiposo............................................................................................................21 4. Tecido Cartilaginoso....................................................................................................25 5. Tecido Ósseo...............................................................................................................30 6. Tecido Nervoso............................................................................................................37 7. Tecido Muscular..........................................................................................................42 8. Tecido Sanguíneo........................................................................................................46 4 1 Tecido Epitelial 5 Considerações iniciais O tecido epitelial pode ser classificado em duas formas: epitélio de revestimento ou epitélio glandular. Ele é composto por células poliédricas justapostas que de aderem por junções intercelulares e possuem escassa substância extracelular. Por ser um tecido avascular, sua nutrição se dá por difusão pelo conjuntivo subjacente. Além disso, este tecido é altamente inervado e se regenera rapidamente pela intensa atividade mitótica. Principais funções Revestimento e proteção de superfícies (ex: pele) Absorção de moléculas (ex: intestino) Secreção (ex: glândulas) Excreção (ex: túbulos renais) Percepção de estímulos (ex: neuroepitélio gustativo) Contração (ex: células mioepitelias) 1.1 CARACTERÍSTICAS DAS CÉLULAS EPITELIAIS A forma das células epitelias geralmente acompanham o formato de seus núcleos. Por exemplo: células cúbicas estão associadas a núcleos esféricos. As células epiteliais apresentam três porções (basal, lateral e apical), o que significa que diferentes partes da célula apresentam diferentes funções. 1.1.1 Porção apical: voltada para o lúmen ou ambiente externo, é a porção onde produtos de secreção são liberados. A membrana da superfície apical dessas células pode apresentar especialições para aumentar sua superfície ou mover partículas, que são: A) Microvilosidades: são projeções citoplasmáticas semelhantes a dedos, que contém grupos de filamentos de actina em seu interior. Estão presentes em células absortivas pois aumentam suas superfícies de contato e também são denominadas borda estriada ou borda em escova. B) Estereocílios: São microvilosidades longas e ramificadas que não possuem mobilidade. Estão presentes no epidídimo e nas células pilosas sensitivas da cóclea. C) Cílios: São projeções móveis e numerosas semelhantes a pelos responsáveis por impulsionar corrente de fluidos ou partículas na superfície do epitélio. Um cílio consiste num arranjo denominado axonema e necessita de ATP para realizar seus movimentos. D) Flagelos: Possui estrutura semelhante aos cílios, porém são mais longos e limitados a um por célula. No corpo humano, encontram-se apenas nos espermatozóides. 6 1.1.2 Porção lateral: está voltada para as células epiteliais adjacentes, ligando umas as outras por meio de moléculas de adesão e de complexos juncionais. As principais moléculas de adesão são: A) Caderinas: São proteínas dependentes de cálcio que ligam o citoesqueleto de uma célula ao exterior de outra célula. Quando ligadas a actina formam as cateninas. São as principais moléculas de adesão. B) Integrinas: Proteínas independentes de cálcio que estabelecem conexão entre o citoesqueleto interno da célula com a matriz extracelular. Os complexos juncionais podem ser dividos em: A) Zônulas de oclusão: Geralmente são as junções mais apicais, responsáveis por impedir a passagem de substâncias entre as células epiteliais. B) Zônulas de adesão: localizadas abaixo da zônula de oclusão, responsáveis por promover a aderência entre células vizinhas C) Desmossomos: Estrutura em forma de discos, responsável por manter uma adesão bastante firme entre as células do epitélio. D) Junções comunicantes (gap): Formadas pelas proteínas conexinas, são responsáveis por permitir um intercâmbio entre moléculas pequenas de células adjacentes coordenando suas ações. 1.1.3 Porção basal: extremidade inferior voltada para o tecido conjuntivo. Está associada á lâmina basal que separa o epitélio do tecido conjuntivo subjacente. Essa lâmina é formada pela associação da lâmina densa com a lâmina lúcida (rara) e tem como principais funções: filtrar moléculas, influenciar a polaridade e o metabolismo das células e regular o crescimento do epitélio. A lâmina basal, em conjunto com a lâmina reticular, forma a membrana basal, passível de ser vista na microscopia de luz. Ademais, fixando o epitélio à lâmina basal subjacente, encontram-se os hemidesmossomos, estruturas semelhantes a um meio desmossomo. 1.2 TECIDO EPITELIAL DE REVESTIMENTO As células do epitélio de revestimento se organizam em camadas revestindo a superfície externa e as cavidades do corpo. Este tecido pode ser classificado de 3 diferentes formas, que são: 1) Quanto ao número de camadas celulares: Simples: Contém uma única camada de células - Pseudoestratificado: É formado por apenas uma camada celular, mas os núcleos parecem estar estratificados. Isso acontece pois todas as células estão em contato com a lâmina basal, mas nem todas chegam à superfície do epitélio. Estratificado: Contém mais de uma camada de células. 7 2) Quanto à forma da célula: Pavimentoso: Composto por células achatadas Cúbico: Composto por células cúbicas Prismático: Composto por células colunares OBS: Nos epitélios de revestimento estratificados, as células podem apresentar formas variadas. Sendo assim, a camada superior determina a classificação do tecido. 3) Quanto à presença de especializações na superfície: Queratinizado: as células superficiais são mortas, anucleadas e queratinizadas. Ciliado: as células superficiais apresentam cílios. Com células caliciformes: As camadas epiteliais apresentam estas células, cuja função é secretar muco. Com borda estriada ou microvilosidades: as células superficiais apresentam microvilosidades. Diante dessas classificações, os possíveis tipos de tecido epitelial de revestimento presentes no corpo, bem como seus respectivos locais, são: 1) Simples pavimentoso: endotélio, pulmão, cavidade pleural, pericárdica e peritoneal e folículo ovariano primordial. 2) Simples cúbico: tubos coletores do rim, pequenos ductos excretores das glândulas exócrinas e folículos ovariano primário. 3) Simples prismático: útero, vesícula biliar e estômago. 4) Simples prismático com microvilosidades: intestino delgado. 5) Simples prismáticos ciliado: tuba uterina 6) Pseudoestratificado prismático ciliado com células caliciformes: epitélio respiratório. 7) Pseudoestratificado prismático com estereocílios: epidídimo. 8) Pseudoestratificado cúbico-pavimentoso (de transição): trato urinário 9) Estratificado pavimentoso não queratinizado: cavidade oral, faringe, esôfago, canal anal e vagina. 10) Estraficado pavimentoso queratinizado: pele 11) Estratificado cúbico: grandes ductos excretores das glândudas exócrinas e folículos ovarianos secundários. 12) Estratificado prismático: membrana conjuntiva do olho. 1.3 TECIDO EPITELIAL GLANDULAR As glândulas se formam a partir de um epitélio de revestimento que prolifera e invade o tecido conjuntivo subjacente. Elas podem ser: Unicelulares: células glandulares isoladas (ex: célula caliciforme) Multicelulares: agrupamentos de células secretoras. (ex: órgãos secretores) 8 Além disso, são formadas por células especializadas na produção e secreção de moléculas de proteínas, carboidratos e/ou lipídios. Assim, os epitélios glandulares se dividem em três principais grupos que se baseiam no local onde eliminam sua secreção, que são: 1.3.1 Exócrinas: Secretam seus produtos em cavidades ou na superfície do corpo através de ductos. Elas podem ser classificadas das seguintes formas: A) Quanto ao modo de liberar sua secreção: Holócrina: a secreção é eliminada em conjunto com toda a célula, logo ocorre a desintegração das células secretoras. (ex: glándulas sebáceas) Merócrina: a secreção é eliminada por exocitose, sem perda de material celular. (ex: parótida) Apócrina: a secreção é liberada juntamente com perda parcial da porção apical da célula secretora. (ex: glândula mamária em lactação) B) Quanto à composição de sua secreção: Serosas: secreção fluida, rica em proteínas e pobre em carboidratos. Suas células apresentam núcleo arredondado, vesiculoso e com o nucléolo evidente. Há pequenos grãos bem corados no ápice da célula e seu lume é irregular e pouco evidente.. Mucosas: secreção viscosa, rica em proteínas glicosiladas grandes. Suas células possuem núcleo achatado deslocado para a base e quantidade elevada de grandes grãos pouco corados dispersos pelo citoplasma. Apresentam lume grande e bem visível Mistas: glândulas compostas tanto por células mucosas quanto por serosas. C) Quanto aos ductos e a forma dos adenômeros: As glândulas multicelulares são compostas por agrupamentos de células secretoras que se organizam de acordo com a forma de seus componentes e ductos. Desse modo, constata-se que os ductos podem ser simples ou compostos, e que as formas diferentes do adenômeros classifica a porção secretora como tubular ou acinosa. No caso de ducto simples, a glândula também pode ser classificada em alguns casos como ramificada ou enovelada. Dessa forma, as principais glândulas exócrinas encontradas são: Tubulosa simples, tubulosa simples ramificada, tubulosa simples enovelada, acinosa simples ramificada, acinosa composta, túbulo-acionosa composta e tubulosa composta. OBS: Os ácinos de muitas glândulas exócrinas multicelulares possuem células mioepiteliais. Essas células unem-se umas às outras por junções comunicantes e desmossomos e contém filamentos de actina e miosina no seu citoplasma. Com isso, são responsáveis pela contração ao redor da porção secretora da glândula, de modo que os produtos de secreção sejam expelidos para o exterior. 1.3.2 Endócrinas: não possuem ductos, liberando sua secreção no sangue ou vasos linfáticos. Basicamente liberam hormônios como tipo de secreção e podem ser divididas em dois grupos: Cordonais: As células formam cordões em torno de capilares sanguíneos. O hormônio que será secretado é armazenado na célula e só é liberado com a 9 chegada da molécula sinalizadora apropriada ou de impulsos nervosos. Exemplo: Adrenal, paratireóide, adeno-hipófise. Foliculares: As células formam folículos que envolvem uma cavidade e nela a secreção é armazenada e liberada com a sinalização de outros hormônios. Exemplo: Tireóide. 1.3.3 Anfícrinas: Possuem tanto porções glandulares exócrinas quanto endócrinas. Exemplo: Pâncreas, fígado, ovário, testículo. 10 1.4 EXERCÍCIOS 1) A lâmina basal é a área de contato entre o tecido epitelial e o conjuntivo. Qual é a sua função? Como os epitélios de revestimento simples, estratificado e pseudoestratificado podem ser diferenciados quanto a sua interação com a lâmina basal? 2) Uma paciente é diagnosticada com infecção urinária na bexiga, orgão classificado histologicamente como tecido de transição. Qual a importância, relacionada com a função desse orgão, deste tecido possuir essa caraterística? 3) O intestino delgado possui especializações que o ajudam a realizar suas funções. Quais são essas especializações e como elas ajudam este órgão a desempenhar o seu papel? 4) Qual a diferença estrutural entre uma célula serosa e uma mucosa? Diferencie também a natureza da secreção liberada por cada célula. 5) Uma paciente queixava-se de dores na mama direita. Após a realização de alguns exames, constatou-se que ela apresentava mastite, uma inflamação na glândula mamária. Classifique essa glândula quanto ao modo de eliminação da sua secreção e a diferencie dos outros dois tipos de classificação existentes. 11 1.5 LÂMINAS 12 13 14 2 Tecido Conjuntivo 15 Considerações iniciais O tecido conjuntivo é responsável por ligar células e órgãos e assim garantir a manutenção da forma e o suporte do corpo. Ele é constituído por três componentes essenciais: células, fibras e substância fundamental amorfa, sendo a matriz extracelular o principal constituinte. Além disso, vale lembrar que o tecido conjuntivo é diretamente suprido por vasos sanguíneos e linfáticos e por nervos. Principais funções Suporte e manutenção da forma do corpo; Apoio e conexão para os demais tecidos; Armazenamento de metabólitos, como fatores de crescimento; Meio de troca entre as células e seu suprimento sanguíneo; Defesa e proteção para o corpo - presença de células fagocitárias, células imunocompetentes, células produtoras de substânciasfarmacológicas, além de ser uma barreira física. Armazenamento de energia em forma de gordura. 2.1 CÉLULAS DO TECIDO CONJUNTIVO 2.1.1. Fibroblastos É o tipo de célula mais comum do tecido conjuntivo. Estão envolvidos na síntese de moléculas da matriz extracelular e de fatores de crescimento. Podem ser divididos em dois grupos que se diferem fisio e morfologicamente, os quais são: a) Fibroblastos: células jovens com intensa atividade de síntese. Apresentam citoplasma abundante, com muitos prolongamentos, rico em retículo endoplasmático rugoso (RER) e complexo de Golgi desenvolvido. Possui um núcleo ovóide, grande, fracamente corado e com nucléolo evidente. b) Fibrócitos: células antigas e quiescentes. São menores, mais delgados, com menos prolongamentos citoplasmáticos e tendem a um aspecto fusiforme. Seu núcleo é menor, mais escuro e mais alongado. Também apresentam menos RER. 2.1.2. Macrófagos Os macrófagos são células de defesa com capacidade de fagocitose derivadas dos monócitos, células produzidas na medula óssea. Possuem um núcleo oval ou em forma de rim localizado excentricamente no citoplasma. No microcópio eletrônico pode ser vista uma superfície irregular com protrusões e reentrâncias e geralmente possuem aparelho de Golgi bem desenvolvido, muitos lisossomos, muitos fagossosmos e RER proeminente. 2.1.3. Mastócitos Os mastócitos maduros são células globosas e com citoplasma repleto de grânulos que se coram intensamente. Apresentam o núcleo pequeno, esférico, central e que geralmente está coberto por seus grânulos - o que dificulta sua observação. Eles têm como função a participação de reações alérgicas. Existem dois tipos de mastócitos muito semelhantes morfologicamente, os quais são: 16 a) Mastócito do tecido conjuntivo: encontrado na pele e na cavidade peritoneal, seus grânulos contêm heparina. b) Mastócito da mucosa: encontrado na mucosa intestinal e pulmões, seus grânulos contêm confroitim sulfatado. 2.1.4. Plasmócitos Os plasmócitos são células grandes e ovóides com citoplasma basófilo e rico em retículo endoplasmático rugoso. Seu núcleo é esférico, excêntrico e próximo a ele se encontram o complexo de Golgi e os centríolos, caracterizando uma região pouco corada nos cortes histológicos. São pouco numerosos no tecido conjuntivo normal e abundantes nas inflamações crônicas. 2.1.5. Leucócitos (glóbulos brancos) Os leucócitos são constituintes normais do tecido conjuntivo. Seu número aumenta no tecido durante invasões locais de micro-organismos, uma vez que a defesa destes é função dos leucócitos. Alguns exemplos de leucócitos são: neutrófilos, eosinófilos e basófilos. 2.1.6. Células adiposas São células diferenciadas do tecido conjuntivo que se especializaram no armazenamento de energia na forma de triglicerídeos. OBS.: Há ainda as células presentes nos tecidos conjuntivos especializados. Elas serão abordadas nos capítulos referentes a esses tecidos. 2.2 FIBRAS As fibras do tecido conjuntivo são formadas por proteínas que se polimerizam formando estruturas muito alongadas, e estas podem ser divididas em três tipos: fibras colágenas, reticulares e elásticas. A distribuição dessas fibras varia nos diferentes tipos de tecido conjuntivo e garantem propriedades diferentes a eles. 2.2.1. Fibras colágenas: São as fibras mais numerosas no tecido conjuntivo e apresentam coloração esbranquiçada. Têm forma alongada e estão dispostas paralelamente umas às outras. Ademais, elas são formadas pela proteína colágeno e têm característica resistente, firme e elástica. Encontradas na pele, osso, cartilagem, m. liso e lâmina basal. 2.2.2. Fibras reticulares: São fibras finas formadas por colágeno. Possuem um pequeno diâmetro e uma disposição frouxa, os quais criam uma rede flexível nos órgãos. Além disso, não têm afinidade por HE mas se coram em cor preta por impregnação pela prata. Estão localizadas no m. liso, endoneuro, órgãos hematopoiéticos e nódulos linfáticos. 2.2.3. Fibras elásticas: São compostas por elastina e envolvidas por microfibrilas. Formam uma rede de fibras delgadas, longas e ramificadas com característica elástica. Ademais, não se coram bem com HE. 17 2.3 SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL A substância fundamental é um complexo viscoso, altamente hidrofílico de macromoléculas e glicoproteínas multiadesivas que se ligam a proteínas receptoras presentes na superfície das células. Conforme já foi apresentado, os tecidos conjuntivos variam conforme a porcentagem de composição de matriz extracelular e de células. Assim, eles podem ser classificados principalmente em Tecido Conjuntivo Propriamente Dito ou em Tecido Conjuntivo Especializado, em que o primeiro não possui propriedades especiais e o segundo possui. A seguir, vamos estudar separadamente cada tipo desses tecidos conjuntivos. 2.4 TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO O tecido conjuntivo propriamente dito (TCPD) é o tipo de tecido conjuntivo em que não há presença de células especializadas. Ele pode ser subdividido em: Tecido conjuntivo propriamente dito frouxo e denso. 2.4.1. Tecido Conjuntivo Frouxo O tecido conjuntivo frouxo contém todos os elementos estruturais típicos do TCPD, não havendo predominância de qualquer um dos componentes. As células mais numerosas são os fibroblastos e macrófagos e as fibras presentes são elásticas e colágenas. Esse tecido tem uma consistência delicada, é flexível e bem vascularizado, bem como suporta estruturas sujeitas a pressão e atritos pequenos mas não é resistente a trações. Pode ser encontrado nos vasos sanguíneos, papilas da derme, hipoderme e glândulas. 2.4.2. Tecido Conjuntivo Denso O tecido conjuntivo denso visa fornecer resistência e proteção aos tecidos, uma vez que é menos flexível e apresenta grande resistência a trações. Em relação ao conjuntivo frouxo, apresenta menos células e um grande destaque de fibras colágenas. Ele é subdividido de acordo com a disposição de seus feixes de fibras em: a) Tecido conjuntivo denso não modelado: apresenta resistência às trações em todos os sentidos devido a sua trama tridimensional de fibras. Está presente na derme profunda da pele e nas bainhas dos nervos. b) Tecido conjuntivo denso modelado: apresenta feixes de colágeno paralelos e alinhados com os fibroblastos, que conferem resistência à tração exercida num só sentido. Uma vez que as fibras de colágeno são densamente compactadas, há pouco espaço para MEC e células. É encontrado nos tendões, ligamentos e aponeuroses. 2.4.3. Tecido Conjuntivo Elástico O tecido elástico é composto por feixes espessos e paralelos de fibras elásticas. O espaço entre as fibras é preenchido por fibras delgadas de colágeno e fibroblastos achatados. Possui uma cor amarela típica e grande elasticidade. Está localizado nos ligamentos amarelos da coluna vertebral e no ligamento suspensor do pênis. 18 2.4.4. Tecido Conjuntivo Reticular O tecido reticular é muito delicado e forma uma rede tridimensional que suporta as células de alguns órgãos. Sua estrutura semelhante a uma esponja também permite uma livre movimentação de células e de fluidos. Está presente envolvendo órgãos linfáticos e hematopoiéticos como medula óssea, baço, linfonodos, nódulos linfáticos e sinusóides hepáticos. 2.5 TECIDO MUCOSO O tecido musco é um tecido de consistência gelatinosa, o que ocorre devido à sua matriz extracelular abundante, com poucas fibras e por isso, muito frouxa. Essa matriz é composta principalmente por ácido hialurônico e proteoglicanos. Além disso, as principais células presentes são os fibroblastos. Este tecido é o principal componente do cordão umbilicale também é encontrado na polpa jovem dos dentes. 19 2.6 EXERCÍCIOS 1) Fibroblastos e fibrócitos são as principais células presentes no tecido conjuntivo. Como elas podem ser diferenciadas? Para isso, cite aspectos tais como morfologia, local (ais) no tecido onde são predominantemente encontradas, taxas metabólicas, etc. 2) Explique resumidamente como o tecido conjuntivo pode atuar na defesa do organismo. 3) A síndrome de Marfan, caracteriza-se pela falta de resistência dos tecidos ricos em fibras elásticas devido a uma mutação no gene da fibrilina, principal componente das microfibrilas. Portadores dessa síndrome podem romper grandes artérias facilmente, o que pode levá-los a morte. As fibras elásticas são compostas por qual proteína? Por que uma mutação nesse gene acarreta uma baixa resistência ao tecido? 4) Compare os tecidos conjuntivos propriamente ditos denso e frouxo ressaltando as semelhanças e diferenças em relação às suas composições, predominância de componentes e estruturas. 20 2.7 LÂMINAS 21 3 Tecido Adiposo 22 Considerações iniciais O tecido adiposo é um tipo de tecido conjuntivo em que as células predominantes são os adipócitos. Ele representa o maior depósito de energia do corpo humano e é influenciado por estímulos nervosos simpáticos e hormonais. Em mulheres de peso normal, este tecido representa 20-25% do peso corporal, e nos homem esse valor corresponde a 15-20%. Existem duas classes de tecido adiposo: tecido adiposo amarelo ou unilocular e tecido adiposo pardo ou multilocular, que serão diferenciados mais adiante. Principais funções Reserva energética; Modelamento do corpo; Proteção contra choques mecânicos; Isolamento térmico; Preenchimento de espaço entre outros tecidos; Manutenção de certos órgãos em suas posições normais; Secreção (ex: leptina e lipase lipoprotéica) 3.1 TECIDO ADIPOSO UNILOCULAR Esse tipo representa quase todo o tecido adiposo dos humanos adultos e sua disposição varia com a idade, com o sexo e pela ação de hormônios. Sua cor pode alternar entre branco e amarelo-escuro de acordo com a dieta. Células O nome unilocular se dá, pois suas células contém apenas uma gotícula de gordura que ocupa quase todo o citoplasma. Diante disso, nas lâminas histológicas, a gotícula é removida, caracterizando este tecido por células que mostram apenas uma fina camada de citoplasma envolvendo um espaço em branco, semelhante a um anel. Quando isoladas, as células adiposas apresentam formato esférico. Já no tecido, devido à compressão, são poliédricas. Como se trata de um tipo de conjuntivo, na micrografia de luz também se pode observar fibras reticulares de sustentação, nervos e vasos sanguíneos. 3.2 TECIDO ADIPOSO MULTILOCULAR Este tecido apresenta cor marrom ou marrom-avermelhada devido à ampla vascularização e a grande quantidade de mitocôndrias nas células, por isso também recebe o nome de tecido adiposo pardo. Sua localização é determinada a locais restritos e tem como função primária a geração de calor. É bastante abundante em animais hibernantes. Já no ser humano tem tamanho expressivo apenas em fetos e recém- nascido, pois auxilia na termorregulação destes. Células No tecido multilocular, os adipócitos são menores, de formato poligonal e com núcleo esférico. Já o citoplasma apresenta múltiplas gotículas lipídicas de tamanhos variados, bem como a presença de inúmeras mitocôndrias. 23 3.3 EXERCÍCIOS 1) É sabido que pessoas obesas tem um nível de sudorese mais acentuado que pessoas com baixo peso corporal. Por que isso acontece? 2) O tecido adiposo unilocular é um tecido amplamente encontrado em todo o corpo. Ele está presente principalmente ao redor de vísceras e na região subcutânea. Explique como podemos encontrar esse tecido em lâminas histológicas, citando suas principais características. 3) O tecido adiposo multilocular ou pardo tem expressão na espécie humana apenas em fetos e recém-nascidos. Dessa forma, dê os aspectos histológicos desse tecido e explique como ele pode ser diferenciado do tecido adiposo unilocular. 24 3.4 LÂMINAS 25 4 Tecido Cartilaginoso 26 Considerações iniciais O tecido cartilaginoso é um tipo especializado de tecido conjuntivo de consistência rígida. Ele não possui nervos nem vasos, sendo nutrido pelo pericôndrio ou, na ausência deste, pelo líquido sinovial. Ademais, pode ser classificados em três tipos: cartilagem hialina, cartilagem fibrosa ou cartilagem elástica. Principais funções Suporte de tecidos moles; Absorção de choques; Deslizamento dos ossos nas articulações; Auxilia na formação e no crescimento dos ossos longos na vida intra-uterina e após o nascimento. Constituição Matriz extracelular: pode conter colágeno, elastina e proteoglicanos. É dividida em: Matriz territorial: é aquela que circula cada condrócito. Matriz pericelular: envolve de maneira mais ampla a matriz territorial. Pericôndrio: é uma camada de tecido conjuntivo denso não modelado que reveste toda a cartilagem, mas está ausenta nas cartilagens articulares. Sua função é nutrir e oxigenar o tecido cartilaginoso, bem como originar novos condrócitos. Na sua porção mais interna já se pode encontrar condroblastos. 4.1 CÉLULAS DO TECIDO CARTILAGINOSO Condrócitos: ocupam as lacunas no interior do tecido se organizando em grupos denominados isógenos. Possuem um metabolismo lento, responsáveis apenas por manterem a própria matriz. São células maduras, arredondadas e com cromatina condensada. Ademais, cada grupo isógeno é originado de um só condroblasto. Condroblastos: são células jovens, com alto metabolismo e fundamentais na síntese ativa da matriz cartilaginosa. Apresentam formato achatado, núcleo ovóide e se localizam na periferia do tecido. Quando ficam aprisionados pela matriz diferenciam-se em condrócitos. Sendo assim, percebe-se que a diferenciação nesse tecido ocorre da periferia para o centro. Células mesenquimatosas: dão origem aos condroblastos. 4.2 CONDROGÊNESE Ocorre com a síntese de fibras colágeno do tipo II e de matriz extracelular pelos condroblastos. Pode ocorrer por dois mecanismos: Intersticial: é muito ativo durante o processo de ossificação endocondral e ocorre a partir de mitoses dos condrócitos pré-existentes. Esse tipo de crescimento ocorre nas fases iniciais de formação da cartilagem e nos discos epifisários. 27 Aposicional: se dá a partir de células da camada mais interna do pericôndrio que sofrem mitoses e diferenciam-se em condrócitos. É o modo de crescimento da maioria das cartilagens já formadas, até que esta atinja uma certa rigidez. OBS: Em casos de lesões, se estas foram pequenas, a cartilagem se regenera lentamente. Porém, se foram maiores, o pericôndrio forma um tecido conjuntivo denso no lugar da cartilagem. 4.3 CARTILAGEM HIALINA É a cartilagem mais comum encontrada no corpo humano, sendo responsável por formar o primeiro esqueleto na vida intra-uterina que é futuramente substituído pelo esqueleto ósseo. Também está presente no disco epifisário, atuando no crescimento dos ossos longos e seu crescimento se dá por aposição. Pode ser encontrada na traquéia, nos brônquios e na cápsulaarticular. 4.4 CARTILAGEM ELÁSTICA Possui muitas semelhanças com a cartilagem hialina, contudo apresenta uma matriz menos abundante e inclui nela fibras elásticas. Está localizada no pavilhão auditivo, no conduto auditivo externo, na tuba auditiva e na epiglote. 4.5 CARTILAGEM FIBROSA Se distingue das demais cartilagens, pois é considerada uma transição entre o conjuntivo denso e a cartilagem hialina. Além disso, não possui pericôndrio, sendo nutrida pelo líquido sinovial. Seus condrócitos formam fileiras alongadas alternadas com feixes espessos de fibras colágenas e pode ser encontrada nos discos intervertebrais, na sínfise púbica e na inserção de alguns tendões e ligamentos. 28 4.6 EXERCÍCIOS 1) Um estudante de medicina, ao estudar uma lâmina histológica, ficou na dúvida se aquele tecido observado era um tipo de tecido cartilaginoso. Analisando o esfregaço, percebeu células ovóides em seu interior, células achatadas na periferia e capilares sanguíneos percorrendo o tecido. A partir desses dados, pode-se afirmar se o que está presente na lâmina é um tecido cartilaginoso? Explique. 2) Os condrócitos e os condroblastos são células do tecido cartilaginoso em diferentes estágios de maturação e metabolismo. Diante dessa afirmação, o que se pode afirmar de uma cartilagem que possui maior percentual de condroblastos comparada a outra que possui um menor teor dessas células? 3) Diferencie os três tipos de cartilagens de acordo com sua histologia e localização no corpo humano. 29 4.7 LÂMINAS 30 5 Tecido Ósseo 31 Considerações iniciais O tecido ósseo é um tipo especializado de tecido conjuntivo formado por células e material extracelular calcificado, a matriz óssea. Por não haver difusão de substâncias através da matriz calcificada, sua nutrição depende de canalículos existentes na matriz por onde passam capilares sanguíneos que trocam nutriente com os osteócitos. Principais funções Principal constituinte do esqueleto; Suporte para tecidos moles; Proteção de órgãos vitais; Alojamento e proteção da medula óssea Apoio aos músculos esqueléticos Reserva de íons cálcio, fosfato e outros 5.1 CÉLULAS DO TECIDO ÓSSEO 5.1.1 Osteócitos Apresentam baixa atividade sintética mas são essenciais para a manutenção da matriz óssea. Eles são entrados no interior da matriz ocupando lacunas das quais partem os canalículos e possuem forma achatada e núcleo com cromatina condensada. Além disso, sua morte é seguida por reabsorção óssea. 5.1.2 Osteoblastos São osteócitos que ainda não foram aprisionados pela matriz calcificada. Eles sintetizam a parte orgânica da matriz óssea e participam da mineralização desta por concentrarem fosfato de cálcio. Estão dispostos nas superfícies ósseas, lado a lado. Em intensa atividade sintética, são cubóides com citoplasma muito basófilo. Já em estado pouco ativo, são achatados com menor basofilia citoplasmática 5.1.3 Osteoclastos São células móveis, gigantes, multinucleadas, ramificadas e com citoplasma granuloso. Eles escavam a matriz dando origem a depressões conhecidas como Lacunas de Howship. Sua superfície ativa, voltada para a matriz óssea, apresenta prolongamentos irregulares e são encontrados em áreas de reabsorção óssea. 5.2 MATRIZ ÓSSEA 5.2.1 Parte inorgânica É composta principalmente por íons fosfato e cálcio que formam, juntos, cristais de hidroxiapatita. Proporciona dureza ao tecido ósseo. 5.2.2 Parte orgânica É composta por fibras colágenas, proteogliganos e glicoproteínas. Garante resistência ao tecido. 32 5.3 PERIÓSTEO E ENDÓSTEO O periósteo é uma camada externa de tecido conjuntivo que recobre os ossos. Na sua porção profunda, apresenta células osteoprogenitoras que fornecem novos osteoblastos para o crescimento e recuperação do osso. O endósteo é uma camada de células osteogênicas achatadas que revestem as cavidades do osso esponjoso, o canal medular, os canais de Havers e de Volkmann. Ambas essas camadas são responsáveis pela nutrição do tecido ósseo. 5.4 TIPOS DE TECIDO ÓSSEO Macroscopicamente, podemos classificar os ossos de duas maneiras: pela forma anatômica e pela presença de cavidades visíveis ou não. De acordo com a anatomia os ossos podem ser longos, curtos, planos ou irregulares. Nos ossos longos, suas extermidades são denominadas epífises e sua parte cilíndrica, diáfise. Segundo a presença de cavidades visíveis, os ossos podem ser esponjosos ou compactos. Vale ressaltar que as cavidades dos ossos longos são ocupadas pela medulo óssea. Histologicamente existe dois tipos de tecido ósseo: primário ou imaturo; e o secundário, maduro ou lamelar. Ambos se diferem quanto à época em que aparecem, ao tempo de permanência no corpo e a forma de organização de suas fibras. 5.4.1 Tecido ósseo primário ou imaturo É o primeiro tecido ósseo que aparece, sem organização de suas fibras (não lamelar) e é temporário, sendo gradativamente substituído por tecido ósseo secundário. Apresenta menor proporção de minerais e maior de osteócitos. Ocorre próximo às suturas do crânio, nos alvéolos dentários e na inserção de tendões. 5.4.2 Tecido ósseo secundário ou maduro É o tecido ósseo amplamente encontrado em adultos. Apresenta fibras colágenas organizadas em lamelas que formam camadas concêntricas ao redor de canais com vasos. Essa organização é chamada de sistema de Havers ou ósteons e o canal central desse cilindro é denominado canal de Havers. Separando grupos de lamelas, acumula-se a substância cimentante, que é uma matriz mineralizada com pouco colágeno. Comunicando os canais de Havers, a cavidade medular e a superfície externa do osso estão canais transversais ou olbíquos, os canais de Volkmann, os quais atravessam a lamela óssea permitindo essa comunicação. 5.5 FORMAÇÃO ÓSSEA A formação óssea, osteogênese ou ossificação pode ocorrer no tecido ósseo por dois processos: ossificação intramembranosa ou endocondral. O primeiro é a formação a partir de uma membrana de tecido conjuntivo. O segundo, a partir de um molde de cartilagem hialina. Em ambos, o molde vai sendo subtituído por tecido ósseo em que o osso primário é o primeiro tipo a ser formado. 5.5.1 Ossificação Intramembranosa É o processo que forma os ossos frontal e parietal e partes do occipital, temporal, 33 maxilar e mandíbula. Ajuda no crescimento dos ossos curtos e no alargamento dos longos. Na membrana, onde a ossificação começa, chama-se centro de ossificação primária e inicia-se com a diferenciação de células mesenquimatosas em grupos de osteoblastos. Esses osteoblastos produzem o osteóide, o qual se mineraliza e engloba alguns osteoblastos que se transformam em osteócitos. A confluência de traves ósseas, causada por ossificações simultâneas, resulta no aparecimento de cavidades gerando um osso esponjoso. Nessas cavidades será formada a medula óssea. 5.5.2 Ossificação endocondral É a responsável pela formação dos ossos longos e curtos. Essa ossificação inicia-se sobre um molde de cartilagem hialina, semelhante ao osso a ser formado, porém menor. Esse molde sofre alterações em que os condrócitos hipertrofiam, a matriz cartilaginosa reduz e mineraliza e os condrócitos morrem por apoptose. Em seguida, capilares e células osteôgênicas invadem cavidades antes ocupadas pelos condrócitos. Essas células se diferenciam em osteoblastos e depositam matriz óssea sobre os pedaços de cartilagemcalcificada. Nas lâminas histológicas, a cartilagem calcificada apresenta-se basófila e a matriz óssea, acidófila. Nos ossos longos, esse processo é mais complexo. Inicialmente, surge tecido ósseo por ossificação intermembranosa ao redor da diáfise, formando o colar ósseo. Enquanto isso, a cartilagem da diáfise passa por ossificação endocondral gerando o centro primário de ossificação, que possui crescimento rápido e longitudinal. No centro desse osso gerado, osteoclastos absorvem tecido ósseo formando o canal medular, onde surgirá a medula óssea. Mais tarde, formam-se os centros secundários de ossificação nas epífises, os quais diferem do primário pelo seu crescimento radial. Entre o tecido ósseo das epífises e da diáfise, resta uma cartilagam denominada disco epifisário, que será responsável pelo crescimento longitudinal do osso até cerca dos 20 anos de idade. Esse disco possui cinco zonas caracterizadas por: 1. Zona de repouso: cartilagem hialina sem alterações. 2. Zona de cartilagem seriada: condrócitos achatados, enfileirados paralelamente e em rápidas mitoses. 3. Zona de cartilagem hipertrófica: condrócitos volumosos entrando em apoptose e circundados por finos tabiques de matriz. 4. Zona de cartilagem calcificada: início da mineralização dos tabiques e fim da apoptose dos condrócitos. 5. Zona de ossificação: aparecimento de tecido ósseo. As lacunas deixadas pelos condrócitos é invadida por capilares e células osteoprogrenitoras que se diferenciam em osteoblastos e garantem a deposição de matriz óssea. Com a matriz óssea calcificada, os osteoblastos ficam presos e se transformam em osteócitos, formando as espículas ósseas. 5.6 CRESCIMENTO E REMODELAÇÃO DOS OSSOS Esse crescimento acontece com formação de tecido novo, associado à reabsorção parcial de tecido já formado. Nos ossos chatos, a formação ocorre pelo periósteo enquanto a absorção se dá na face interna. Nos ossos longos, as epífises crescem devido ao crescimento radial e à ossificação endocondral. A diáfise alonga pela atividade do disco epifisário e espessa pela formação de tecido ósseo no exterior e reabsorção no interior. A remodelação dos ossos é um processo fisiológico que se apresenta mais rápida nas crianças comparada aos adultos. 34 5.7 EXERCÍCIOS 1) A membrana celular dos osteoblastos é rica em fosfatase alcalina. Sabe-se que durante a formação ativa de osso, há a secreção dessa enzima no sangue. Dessa forma, é possível que o clínico monitore a formação óssea através dos níveis séricos da enzima fosfatase alcalina. Exemplifique essa aplicação. 2) Sabe-se que a somatotrofina é um hormônio que estimula o crescimento ósseo principalmente por meio dos discos epifisários. Discorra sobre o aspecto de um indivíduo afetado pela acromegalia (aumento anormal dos ossos, sem que ocorra a reabsorção óssea), considerando os fundamentos histológicos do quadro. 3) Sabendo-se que o estrógeno inibe a formação e a atividade dos osteoclastos, explique por que a reposição hormonal é uma prática comum entre mulheres na menopausa para evitar a osteoporose? 35 5.8 LÂMINAS 36 37 6 Tecido Nervoso 38 Considerações iniciais O tecido nervoso encontra-se no organismo interligado por uma rede de comunicações que forma o sistema nervoso. Esse sistema é um dos responsáveis por coordenar as funções dos vários órgãos. Anatomicamente, ele é dividido em Sistema Nervoso Central (SNC) formado por encéfalo e medula espinal; e Sistema Nervoso Periférico (SNP) formado por gânglios, nervos e terminações nervosas. As principais células do SNC são neurônios e células da glia; e no SNP são células satélite e células de Schwann. Funções Detectar, transmitir, analisar e utilizar estímulos do meio externo e interno; Organizar e coordenar os funcionamento das funções do organismo. 6.1 NEURÔNIOS É a principal célula do tecido nervoso, sendo responsável pela recepção, transmissão e processamento de estímulos. Os neurônios possuem morfologia complexa, porém quase todos apresentam três componetes, que são: 1) Dendritos: são múltiplos prolongamentos citoplasmáticos que surgem do corpo celular formando uma árvore dendrítica. Eles emitem pequenas projeções, as espinhas ou gêmulas, responsáveis por receber a maioria dos estímulos que chegam ao neurônio. Esse mecanimo de processamento do impulso, visível ao microscópio eletrônico, recebe o nome de membrana pós-sináptica. 2) Corpo celular ou pericário: é a parte que contém o núcleo, sendo ele esférico e pouco corado. Esse núcleo tem um nucléolo grande e central e ao seu lado observa-se, no sexo feminino, a cromatina sexual sob a forma de um grânulo esférico. O pericário é rico em retículo endoplasmático rugoso (RER), que se apresenta como manchas basófilas espalhadas pelo citoplasma, os corpúsculos de Nissl. Além do RER, o pericário contém a maioria das organelas do neurônio, como aparelho de Golgi e mitocôndrias. 3) Axônio: é o prolongamento, geralmente, mais longo, calibroso, com poucas ou nenhuma ramificação e de diâmetro constante. Cada neurônio possui, geralmente, um único axônio. Ele nasce de uma estrutura piramidal chamada cone de implantação e a parte do axônio entre esse cone e o início da bainha de mielina denomina-se segmento inicial. O citoplasma do axônio é pobre em organelas. Já sua porção final, é muito ramificada e recebe o nome de telodentro. Essa morfologia neuronal é muito variável, o que pode ser usado para classificar os neurônios. De acordo com a forma do corpo celular, um neurônio pode ser esférico, piriforme ou estrelado, sendo este último o mais comum. Já em relação ao número de prolongamentos, os neurônios são divididos em: Multipolares: possuem mais de dois prolongamentos celulares; Bipolares: possuem um dentrito e um axônio; Pseudo-unipolares: possuem, saindo do corpo celular, um prolongamento único, mas que se divide dois, dirigindo-se um ramo para a periferia e outro para o SNC. 39 Os locais de transmissão de impulso entre neurônios ou entre neurônios e outras células efetoras são denominados sinapses. A sinapse se constitui por um terminal axônico (pré- sináptico); uma região na outra célula receptora do sinal, o terminal pós-sináptico; e um espaço delgado entre os terminais, a fenda pós-sináptica. A sinapse de um axônio com um corpo celular chama-se axo-somática, a sinapse com um dentrito chama-se axo- dendrítica e entre dois axônios, axo-axônica. 6.2 CÉLULAS DA GLIA A glia ou neuroglia, é o conjunto de células do tecido nervoso ao lado dos neurônios. Em lâminas coradas por HE, a glia fica pouco evidente perto dos núcleos maiores dos neurônios, por isso usa-se o método de impregnação pela prata ou ouro para estudar essas células menores. Os principais exemplos de células da glia são: 1) Oligodendrócitos: emitem prolongamentos que se enrolam em volta dos axônios e forma a bainha de mielina nos neurônios do SNC. 2) Células de Schwann: são análogas aos oligodendrócitos, porém formam a bainha de mielina no SNP. Tanto essas células como os oligodendrócitos aparecem nos cortes histológicos bem próximas aos axônios dos neurônios. 3) Astrócitos: são células estreladas, com vários processos irradiando do corpo celular, que ligam os neurônios aos capilares sanguíneos e a pia-máter. Os astrócitos com menos prolongamentos e mais longos são os astrócitos fibrosos, localizados na substância branca. Os astrócitos protoplasmáticos, presentesna substância cinzenta, possuem prolongamentos mais numerosos, curtos e muito ramificados. 4) Células ependimárias: são células epiteliais, as vezes ciliadas, que revestem os ventrículos do cérebro e o canal central da medula espinhal. 5) Microglia: são células pequenas e alongadas, com prolongamentos curtos e irregulares. Seus núcleos são escuros e alongados, contrastando com os núcleos esféricos das outras células da glia. 6.3 FIBRAS NERVOSAS As fibras nervosas são constituídas por um axônio e suas bainhas envoltórias formadas por oligodendrócitos ou células de Schwann. Essas fibras podem ser de dois tipos: 1) Fibras amielínicas: são formadas por axônios muitos delgados envolvidos por uma única dobra da célula envoltória. Não possuem nódulo de Ranvier pois apresentam a bainha contínua. 2) Fibras mielínicas: São constituídas por axônios mais calibrosos envolvidos por várias camadas de membrana. Essa membrana enrolada se funde dando origem à bainha de mielina que age como um isolante elétrico, aumentando a velocidade de condução do impulso nervoso. Tal bainha se interrompe em intervalos regulares, formando os nódulos de Ranvier, possíveis de serem identificados na microcopia de luz. 6.4 SUBSTÂNCIA BRANCA E SUBSTÂNCIA CINZENTA Tanto a substância branca quanto a cinzenta são regiões do SNC visíveis macroscopicamente. A substância branca é formada por axônios mielinizados, 40 oligodendrócitos e outras células da glia. Já a substância cinzenta possui corpos de neurônios, dendritos, segmentos iniciais de axônios e células da glia. 6.5 NERVOS São feixes de fibras nervosas envolvidas por tecido conjuntivo. Em sua maioria, os nervos são formados por fibras mielínicas, possuindo aparência esbranquiçada. Os nervos são sustentados e revestidos externamente por uma camada de conjuntivo denso, o epineuro. Uma segunda camada, mais interna e de células achatadas e justapostas, reveste cada feixe de fibras presente no nervo, o perineuro. Por fim, o endoneuro é um envoltório de tecido conjuntivo que, juntamente com as células de Schwann, envolvem cada axônio de um feixe. 6.6 GÂNGLIOS São acúmulos de neurônios fora do SNC. Geralmente são órgãos esféricos, protegidos por cápsulas conjuntivas e associados a nervos. Nos gânglios cranianos ou espinhais, os neurônios são pseudo-unipolares, com grandes corpos neuronais, muitos corpos de Nissl e são circundados por células satélites. Já nos gânglios localizados no interior de órgãos, principalmente na parede do tudo digestivo, os neurônios são, geralmente, multipolares, com um aspecto estrelado e a camada de células satélite, frequentemente, é incompleta ou com raras células. 41 6.7 EXERCÍCIOS 1) As principais células do tecido nervoso são os neurônios, porém elas não são as únicas. Dessa forma, quais são as demais células desse tecido e como podem ser diferenciadas dos neurônios e delas mesmas em um corte histológico? 2) Os neurônios possuem pouca ou inexistente capacidade de regeneração. Se a destruição de uma célula nervosa ocorrer ao nível de seu corpo celular, ela certamente morrerá, mas caso essa destruição ocorra em seus prolongamentos, essa célula possui alguma chance de se regenerar, o que vai depender o grau da lesão. Se durante uma cirurgia cerebral, o cirugião acidentalmente perfurou uma pequena área do cérebro, em qual das áreas o prognóstico seria melhor: na substância branca ou na substância cinzenta? 3) A esclerose múltipla é uma doença degenerativa do Sistema Nervoso, a qual está relacionada á destruição da bainha de mielina. Por que a destruição dessa bainha pode causar tantos danos neurológicos ao indivíduo? 4) Os anestésicos, sejam locais ou gerais, têm em comum sua função de impedir por certo tempo a condução do impulso nervoso. Sabendo-se que esses anestésicos atuam principalmente nas sinapses nervosas, responda: quais são as estruturas envolvidas em uma sinapse? Quais são os tipos de sinapses encontradas no organismo? 42 7 Tecido Muscular 43 Considerações iniciais É um tecido composto por células alongadas que possuem proteínas contráteis, capazes de gerar a contração muscular utilizando ATP. Esse tecido é dividido, de acordo com sua morfologia e função, em três tipos: músculo estriado esquelético, músculo estriado cardíaco e músculo liso. Nesse tecido a membrana celular é denominada sarcolema; o citossol, sarcoplasma; e o retículo endoplasmático, retículo sarcoplasmático. Principais funções Movimentação do corpo; Movimentação de substâncias dentro do corpo (sangue, alimentos, etc); Produção de calor como subproduto da sua contração; 7.1 MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO O músculo esquelético é o único que apresenta contração voluntária. Ele é formado por células (fibras) muito longas, cilíndricas, multinucleadas e com várias estrias chamadas de miofibrilas. Seus vários núcleos se localizam na periferia da fibra, próximo ao sarcolema. Em um músculo, cada fibra muscular é envolvida por uma membrana de conjuntivo frouxo denominada endomísio. Essas fibras de organizam em feixes, que são envolvidos por uma outra membrana de conjuntivo denso não modelado chamada perimísio. Por fim, o conjunto desses feixes formam o músculo e ele é coberto por uma última membrana de conjuntivo denso modelado, o epimísio. Ao microscópio óptico, as fibras musculares mostram estriações transversais pela alternância de faixas claras e escuras. A faixa escura recebe o nome de banda A e a clara, de banda I. No centro da banda I, nota-se uma fina linha escura, a linha Z. Já no centro da banda A percebe-se uma banda clara e fina, a banda H, separada ao meio por uma outra linha mais fina e escura, a linha M. A região compreendida entre duas linhas Z sucessivas é denominada sarcômero, unidade funcional do músculo. O conjunto desses sarcômeros forma uma miofibrila, que por sua vez, forma a fibra muscular. Essas miofibrilas contêm quatro proteínas principais: miosina, actina, tropomiosina e troponina. Dentre elas, a miosina forma os filamentos grossos e as demais, os finos. No sarcômero, os filamentos finos ficam nas extremidades e pouco sobrepostos aos grossos, que ficam na região central. Na contração muscular, os filamentos se sobrepõem encurtando a banda I a parte da banda A. Dessa forma, cada sarcômero, e consequentemente a fibra muscular inteira, sofrem encurtamento. 7.2 MÚSCULO ESTRIADO CARDÍACO Diferentemente do músculo esquelético, o músculo cardíaco apresenta contração involuntária. Sua células, os cardiomiócitos, são cilíndricas, alongadas, ramificadas e binucleadas, nas quais os núcleos encontram-se centralmente localizados. As fibras cardíacas são circundadas por uma delicada bainha de tecido conjuntivo, equivalente ao endomísio do músculo esquelético. Uma particularidade desse músculo é a presença de linhas transversais e escuras que aparecem distribuídas ao longo do tecido, denominadas discos intercalares. Esses discos são complexos juncionais formados principalmente por zônula de adesão, desmossomos e junções comunicantes. 44 7.3 MÚSCULO LISO O músculo liso é formado por células sem estrias, longas, mais espessas no centro e afiladas nas extremidades que apresentam um núcleo único e central. Assim como o estriado cardíaco sua contração é involuntária. Está presente nas vísceras como o intestino e a bexiga, por exemplo, e é responsável pelo peristaltismo. A contração desse músculo é mais lenta e também se dá através do deslizamento da actina sobre a miosina, porém sem organização em sarcômeros. Essasproteínas se ligam a filamentos intermediários que vão se ligar aos corpos densos presentes na membrana e promover uma contração em toda a célula. 7.4 REGENERAÇÃO DO TECIDO MUSCULAR Os três tipos de tecido muscular apresentam diferentes capacidades de regeneração. O músculo cardíaco não se regenera, quando lesado ocorre substituição por tecido conjuntivo. O músculo esquelético tem uma pequena capacidade de reconstituição através de células satélites presentes na lâmina basal. Essas células também sofrem divisões mitóticas mediante exercício intenso, causando as hipertrofias musculares. No músculo liso a regeneração é mais eficiente, nele as células que permaneceram viáveis se dividem e reparam o tecido lesado. 45 7.5 EXERCÍCIOS 1) Os músculos estriados esquelético e cardíaco são muito semelhantes, quando observados em uma lâmina histológica, devido à presença das estrias formadas pelos sarcômeros. Dessa forma, como é possível fazer a distinção desses dois músculos na histologia? 2) Em um corte longitudinal de músculo estriado esquelético e músculo liso a principalmente forma de diferenciação entre eles é a presença ou não de estrias. Contudo, em um corte transversal essas estrias não aparecem. Logo, como podemos diferenciar tais tecidos nesse tipo de corte? 3) A atividade física intensa, principalmente a musculação, desencadeia um processo de ganho de massa muscular. Tendo em vista os conceitos de hipertrofia (aumento do volume das células) e hiperplasia (aumento no número de células), o que acontece nesses indivíduos que leva ao ganho de massa muscular? Explique. 4) Sucessivos quadros de infarto agudo do miocárdio, ao longo do tempo, podem dificultar a propagação do impulso elétrico ao longo do músculo cardíaco gerando, em alguns casos, fibrilação atrial ou ventricular. Sabe-se que o infarto é causado por uma isquemia, que lesa o tecido cardíaco por falta de aporte sanguíneo. Também sabe-se que quanto mais íntegros estiverem o músculo cardíaco e suas vias de condução, mais fácil será a propagação do potencial elétrico. Dessa forma, explique por que esses sucessivos infartos podem levar ao quadro de fibrilação? 46 8 Tecido Sanguíneo 47 Considerações iniciais O tecido sanguíneo é um tipo de tecido conjuntivo especializado formado pelo plasma e pelos elementos figurados (eritrócitos, leucócitos e plaquetas). A técnica mais usual no estudo histológico do sangue é a identificação dos elementos figurados corados por HE e dos demais componentes por corantes de tom azul-avermelhado. Funções Transporte de nutrientes obtidos no sistema gastrointestinal para todo o corpo; Recolhimento de produtos metabólicos de todas as células do corpo; Transporte de metabólitos como hormônios e sinalizadores moleculares até seus tecidos-alvo; Transporte gasoso (realizado pelos eritrócitos); Manutenção do equilíbrio osmótico e ácido-básico dos fluidos corporais; Regulação da temperatura corporal; Defesa do organismo pelo transporte de glóbulos brancos. 8.1 PLASMA O plasma é o componente fluido do sangue. Ele apresenta cor amarelada e é composto majoritariamente por água e, em menor quantidade, por proteínas, íons, sais, nutrientes e gases. As principais proteínas encontradas no plasma são a albumina, as globulinas, as proteínas de coagulação, os quilomícrons e as lipoproteínas. 8.2 ELEMENTOS FIGURADOS 8.2.1 Eritrócitos Os eritrócitos, também chamados de hemácias, são as menores e mais abundantes células do sangue, sendo os responsáveis pela cor vermelha do tecido. Eles são anucleados, em forma de disco bicôncavo e responsáveis pelo tranporte de oxigênio. O formato bicôncavo garante grande superfície em relação ao volume, o que facilita as trocas de gases, além de contribuir para uma passagem fácil das hemácias pelas bifurcações dos capilares mais finos. Anormalidades nas hemácias podem levá-las a perder sua forma bicôncava, dificultando suas trocas gasosas e seu escoamento pelo sangue. Normalmente, os eritrócitos não saem do sistema circulatório e têm o período médio de vida de 120 dias. 8.2.2 Leucócitos Os leucócitos são os glóbulos brancos do sangue, presentes em menor número, que realizam papel de defesa no organismo. No sangue não exercem função específica, mas o utilizam como meio de transporte. Eles são classificados em granulócitos ou agranulócitos. Os granulócitos têm núcleo em formato irregular e apresentam no citoplasma grânulos específicos que, de acordo com a afinidade tintorial, podem ser: neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Além desses grânulos, também possuem lisossomos que se coram em púrpura e são chamados de grânulos azurófilos. Os agranulócitos têm núcleo mais regular e o citoplasma não apresenta granulações específicas, podendo apresentar apenas grânulos azurófilos inespecíficos. Eles são divididos em: linfócitos e monócitos. 48 A) Neutrófilos Os neutrófilos, ou polimorfonucleados, têm núcleo formado por dois a cinco lóbulos ligados entre si. O neutrófilo jovem não possui núcleo lobulado, sendo chamado de bastonete pelo seu núcleo em forma de bastonete curvo. Nas mulheres, é possível observar um pequeno lóbulo acessório que contém um segundo cromossomo X inativo. Seu citoplasma apresenta predominantemente grânulos específicos e azurófilos. No sistema imune, os neutrófilos têm função de fogocitose e liberação de enzimas hidrolíticas. B) Eosinófilos Os eosinófilos são menos numerosos do que os neutrófilos e seu núcleo em geral é bilobulado. A principal característica dessas células é a presença de granulações ovóides que se coram em rosa e são maiores que os grânulos dos neutrófilos. Os eosinófilos participam da eliminação de complexo antígeno-anticorpo e de vermes parasitas, além de estarem relacionados às reações alérgicas. C) Basófilos Os basófilos têm núcleo volumoso e em formato de S com citoplasma carregado de grânulos maiores do que os dos outros granulócitos, que podem obscurecer o núcleo. Eles estão em menor número no sangue, sendo difíceis de encontrar nos esfregaços. Ademais, armazenam mediadores e iniciam o processo inflamatório. D) Linfócitos Os linfócitos são células esféricas e representam a segunda maior população de leucócitos do sangue. Seu núcleo também é esférico, às vezes com uma chanfradura, e sua cromatina se dispõe em grumos grosseiros, facilitando a identificação do linfócito. Além disso, seu citoplasma é muito escasso e com poucos grânulos azurófilos, aparecendo nos esfregaços como um anel fino em volta do núcleo. Essas células são divididem em dois grupos de morfologia muito semelhante, os linfócitos B e T, que se diferenciam pela função. Os linfócitos atuam reconhecendo moléculas de agentes infecciosos e combatendo-os. E) Monócitos Os monócitos são as maiores células do sangue, seu núcleo é ovóide, em forma de rim, grande, excêntrico e mais claro. Ele possui dois ou três nucléolos que podem ser vistos, as vezes, em esfregaços comuns. O citoplasma dessa célula é basófilo e contém grânulos azurófilos finos que podem preencher toda a célula dando-lhe aspecto acinzentado. Além disso, os monócitos quando migram do sangue para o tecido dão origem aos macrófagos. 8.2.3 Plaquetas As plaquetas são fragmentos celulares anucleados que promovem a coagulação do sangue e auxiliam na reparação da parede de vasos sanguíneos. No esfregaço, elas tendem a aparecer em grupos e apresentam uma parte transparente, azul-clara, que contém grânulos púrpura. 49 8.3 EXERCÍCIOS1) A anemia falciforme se caracteriza pela troca de um dos aminoácidos presente na cadeia da hemoglobina, o que causa um defeito nessa proteína levando a hemácia a apresentar formato de foice. Uma paciente portadora de traço falcêmico, recebeu recomendações médicas para evitar práticas de exercícios intensos e viagens para locais de altas altitudes. Explique o porquê dessa recomendação médica. 2) Complicações cardíacas são umas das causas mais comuns de morte no Brasil. O principal problema é o infarto agudo do miocárdio, no qual uma das veias que irriga esse órgão fica obstruída, causando uma isquemia local e levando aquele tecido, ou parte dele, à morte. Dessa forma, por que a baixa ou inexistente irrigação de um tecido pode comprometê-lo? 3) Discorra sobre o seguinte trecho: “O sistema circulatório e o sistema imunológico estão intimamente ligados. Esse último depende diretamente do primeiro para ter uma ação eficiente.”
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