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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE ALAGOAS 1ª COORDENADORIA REGIONAL – METROPOLITANA DE MACEIÓ 1ª Defensoria Pública de Rio Largo Rua Judith Paiva, nº 34, Centro, Rio Largo/Alagoas, CEP: 57.100-000 1 / 3 EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA 1ª VARA DA COMARCA DE RIO LARGO - AL Processo nº 0700556-15.2016.8.02.0051 Apuração de ato infracional MIKAEL CANDIDO DE OLIVEIRA, menor já devidamente qualificado no processo em epígrafe, por meio da Defensoria Pública do Estado de Alagoas, pela Defensora Pública adiante firmada, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 186, §4º do ECA, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS consubstanciada nas razões fáticas e jurídicas a seguir delineadas: O menor foi representado pelo ilustre membro do MP desta Comarca pela prática de ato infracionai análogo ao delito tipificado no art. 157, §2º, I e II c/c art. 14, II, ambos do CP. Em oitiva informal (fl. 87), o representado confessou a prática do ato infracional, ratificando a confissão na audiência de apresentação. Defesa prévia à fl. 105, sem rol de testemunhas. Durante a instrução, foram ouvidos a genitora do representado (fls. 102), duas testemunhas arroladas pela acusação (fls. 108/109) e uma testemunha arrolada pela defesa (fls. 109). Em sede de alegações finais (fl. 120/123), o membro do Ministério Público requereu a aplicação da medida socioeducativa de internação. O relatório informativo de fls. 125/132 indica a medida socioeducativa de internação com acompanhamento psicológico. É o que basta a relatar. DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE ALAGOAS 1ª COORDENADORIA REGIONAL – METROPOLITANA DE MACEIÓ 1ª Defensoria Pública de Rio Largo Rua Judith Paiva, nº 34, Centro, Rio Largo/Alagoas, CEP: 57.100-000 2 / 3 Há que se reconhecer algumas circunstâncias fáticas relevantes para o deslinde da presente representação, destacando-se alguns pontos importantes e relevantes que serão perfilhados a seguir. Diante da confissão do representado no que concerne aos atos infracionais, a Defensoria Pública, nesta ocasião, não vem perante este MM Juízo negar a autoria e materialidade dos fatos narrados na representação. Assim, a defesa limita-se a discutir, quanto aos fatos, a participação do representado, bem como pugna pela aplicação de medida que cumpra a finalidade do Estatuto da Criança e do Adolescente. De início, o adolescente, ao confessar a prática dos atos infracionais, afirmou diversas estar arrependido do que fez. A genitora do representado declarou “que na comunidade é respeitador, é obediente e querido pela comunidade; (...) que conhece a atual companheira, mas não por pouco tempo, uma vez que moravam há pouco tempo. Que notou uma mudança de comportamento no seu filho, que estavam até tentando um emprego para seu filho, porém por ser menor estavam com dificuldades, que estava buscando cursos no senac.“ A testemunha Adauto Freire da Silva afirmou “na rua onde mora Mikael trata todo mundo bem; que via Mikael sair de casa com um livro, não sabendo informar se o mesmo estuda; que ficou surpreso com a apreensão de Mikael, não sabendo informar sobre a vida dele lá fora; que não sabe informar se Mikael cometeu outros atos infracionais; que não sabe informar quem são os amigos de Mikael; que sabe informar que Mikael já trabalhou em uma fábrica de papel; que a genitora do representado é uma mãe presente e zelosa”. Diferentemente do Direito Penal o Estatuto da Criança e do Adolescente tem por finalidade proteger e tutelar a criança e o adolescente e não puni-los. A fim de evitar medidas extremas como a apontada, a CF/88 preleciona no artigo 227, caput. In verbis: "É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, descriminação, exploração, violência, crueldade e opressão". DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE ALAGOAS 1ª COORDENADORIA REGIONAL – METROPOLITANA DE MACEIÓ 1ª Defensoria Pública de Rio Largo Rua Judith Paiva, nº 34, Centro, Rio Largo/Alagoas, CEP: 57.100-000 3 / 3 Portanto, como se infere do texto legal, a Constituição Federal coloca a criança e o adolescente com prioridade absoluta sobre as demais ações do Estado. Pontua-se, sobre isso, que o Estado deve criar mecanismos a fim de evitar que os menores cometam atos infracionais; deve, ainda, envolver em suas ações a família e a sociedade. Não basta o Estado criar normas rígidas com o fito de punir exemplarmente os que transgridem a norma, vez que medidas desse porte são meramente paliativas, não afastam os problemas que levam os menores à prática de atos infracionais. Deve, no entanto, o Estado, disponibilizar meios necessários para que todo menor tenha acesso digno à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura. Daí, a juventude, de posse desses meios, crescerá com dignidade e rejeitará o mundo da criminalidade. Ademais, o representado colaborou com a apuração dos fatos, ajudando na elucidação da verdade. Ante o exposto, a Defesa pugna pela aplicação de medida socioeducativa mais adequada ao processo de ressocialização do adolescente, em homenagem aos princípios da brevidade, excepcionalidade e condição de ser humano em desenvolvimento. Nestes termos, pede deferimento. Maceió/AL, 25 de outubro de 2016. ARIANE MATTOS DE ASSIS DEFENSORA PÚBLICA
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