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Juliana de Toledo Romero 1 Criminologia P2 Etapa pré-‐científica ⇒ Escola Clássica o surge baseada no livro de BECCARIA -‐ Marques de Beccaria – Cesare Bonesano; pai da criminologia o escola é primeiro estudo sistematizado do delito o lei deve prever crimes e penas, deve ser pública, todos são iguais perante a lei o contra penas que ultrapassem pessoa do criminoso o pena tem finalidade política e utilitária o todos dão parcela de liberdade em depósito público, gera a solidariedade, valores comuns o contra a pena de morte e castigos corporais, pois vida e integridade física não se encontram na parcela cedida o Delito: contradição à norma, independe da personalidade do autor e contexto social o Delinquente: indivíduo normal, igual a todos o Arbítrio: o delinquente tem Inteligência e vontade, delinque porque quer o Responsabilidade penal: deriva da responsabilidade moral e esta, do livre arbítrio o Pena: retributiva (pagamento do mal com o mal, mas sempre proporcional) o Medida da pena: depende da gravidade material e moral o Fatores criminógenos: não existem, sejam eles biológicos, físicos ou sociais o Juiz: aplica a lei ao caso concreto o Preocupação: CRIME -‐ legalidade e justiça o Mérito: lutou contra sistemas desumanos (Beccaria) o Crítica: ignorou fatores criminógenos, assim não forneceu prevenção (Beccaria) o Método: dedutivo, e partindo de premissas, foi construindo o sistema penal. A conclusão é consequência lógica da premissa. Pré-‐Positivismo: período de transição entre Escola Clássica e Positiva, mudando o enfoque dos estudos do Crime para o Criminoso e suas características. Nesse período, as características físicas eram muito consideradas. (Fisiognomia – identificar criminoso pelos traços da face; Frenologia – estudos sobre formato de cabeça e áreas do cérebro; ATAVISMO: reaparição em um descendente de um ascendente remoto que ficou latente de base hereditária; Darwin: teoria da evolução – restabelecer caráter regressivo atávico com comportamento de animais e tribos selvagens; Philippe Pinel: pai da psiquiatria – começa a separar criminosos dos loucos e a catalogar e descrever doenças mentais.) ESCOLA CARTOGRÁFICA ou grupo de estatísticos morais: precursora do positivismo Adolphe Quételet – criou leis como a lei térmica Começam a afastar o livre arbítrio, isto é, o crime vai deixando de ser uma decisão individual para ser uma atitude desencadeada por certos fatores. Crime é fato individual e fenômeno coletivo, regido por leis naturais. Existiria taxa esperada de crimes independentemente das variações sociais. Esta afirmação tornou a escola cartográfica passível de críticas (desconsiderou mudanças sociais como guerras, crises). Etapa científica ⇒ Escola Positiva: caracteriza-‐se pelo Determinismo – o criminoso passa a ser visto como vítima dos fatores que agem sobre ele Antropologia de Cesare Lombroso: Determinismo biológico Elevou Criminologia ao patamar de ciência; Pai da Criminologia científica; Realizou autópsias e exames: estrutura primitiva no cérebro; Porém não conduziu suas observações com rigor científico, acabou estigmatizando pessoas que não eram criminosas; procurava traços comuns entre eles Dividiu criminosos em loucos, natos, por ocasião e por paixão. Sociologia criminal de Enrico Ferri: Determinismo social Se opôs a Lombroso por entender que criminoso nato seria minoria, já que fatores físicos e principalmente sociais determinariam a conduta. Indivíduo fica sujeito a fatores deletérios (nocivos) do meio, contra os quais não teria condições de reagir. Dividiu criminosos em habituais, loucos, natos, por ocasião e por paixão. Juliana de Toledo Romero 2 Dividiu fatores criminológicos em -‐ Antropológicos (condições biológicas, condições psicológicas e caracteres pessoais) -‐ Físicos (estação do ano, temperatura) -‐ Sociais (alcoolismo, desagregação) A conduta criminosa = resultado dos fatores, sociais são os principais Ferri pregava DEFESA SOCIAL a qualquer preço Lei da Saturação criminal: se conhecerem fatores biológicos, físicos e sociais que atuam na sociedade, podem prever tipo e quantidade de delitos Positivismo Moderado de Rafaele Garófalo: Determinismo psicológico (LIVRO: CRIMINOLOGIA) Fatores psicológicos hereditários resultantes de anomalias ou mutações é que determinariam a conduta do criminoso; Delito natural: composto por condutas reprováveis em si mesmas independentemente do local e época; Seria possível criar catálogo universal de crimes; Admite pena de morte para criminosos incorrigíveis justificando-‐se através da teoria da evolução natural à À partir da Escola Positiva, a Criminologia passa a ser plurifatorial (vários fatores interferem na conduta criminosa) e multidisciplinar (necessita de conhecimento de outras ciências). Delito: fato humano social e fenômeno natural decorrentede causas endógenas e exógenas. Microcriminologia – busca da etiologia da conduta criminosa Delinquente: indivíduo anormal e diferente dos demais Arbítrio: Não existe pois ser humano é incapaz de fazer escolhas entre extremos, como o bem e o mal Responsabilidade penal: Deriva do fato de que o criminoso pertence à sociedade, sendo sujeito de direitos e deveres. Pena: forma de defesa social contra o crime que a afetou. Medida da pena: Vai depender da periculosidade (perigo potencial) ou temibilidade (perigo que já se manifestou) do criminoso Fatores Criminógenos: Endógenos (biológicos e psicológicos), Exógenos (sociais). Juiz: adequa a pena a periculosidade do criminoso Preocupação: CRIMINOSO Método: Indutivo ou científico, o resultado é uma consequência provável da premissa e pode extrapolar o conteúdo da premissa 4. Escola Intermediária e teorias ambientais Escola de Lyou: francesa, composta por médicos, destaque para Lacasagne Criminoso é como micróbio (encontra caldo de cultura): Fatores endógenos seriam predisponentes e o meio social, desencadeante. A origem do crime é da própria sociedade – “a sociedade tem os criminosos que merecem” Escolas Ecléticas: princípios da E. Clássica e E. Positiva Baseiam a pena na responsabilidade moral (clássica) e a medida de segurança (internamento, manicômio) na periculosidade (positiva), assim muitas são adeptas do dualismo penal: aplicar pena como retribuição e medida de segurança como tratamento Livre Arbítrio é relativo: ninguém decide, totalmente livre, é influenciado por fatores. Terza Scuola e Escola de Molburgo Escolas de movimento de defesa social: defesa social deve se basear em estratégias que atuem sobre o crime de forma individualizada e humanizada Pensamento psicosociológico de Gabriel Tardy Mimetismo: o crime seria uma indústria que segue regras de mercado e tem um chefe. Começaria como moda, que se transforma em hábito e em costume. Profissional precisa conviver com comparsas para aprender técnicas de crime e imitá-‐los. Escola do tecnicismo jurídico O direito penal deve se restringir ao direito positivo, ao estudo da lei imposta. Rejeita fatores criminógenos, associação da filosofia e antropologia. Prega retorno do método dedutivo. Criminologia – conceito, métodos, técnicas e cifras à Conceito: ciência que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o controle social da delinquência que engloba a prevenção do delito e as formas de intervenção. Necessita do conhecimento de outras ciências como antropologia, biologia, psicologia, psiquiatria, sociologia. Mas isso não retira seu caráter de ciência, pois possui método, objeto e finalidade próprios. à O conhecimento da Criminologia é sempre provisório, parcial e inexato. Enquanto o direito penal é ciência jurídica normativa e cultural, a criminologia é ciência natural e social. à Utiliza técnicas antropológicas (biológicas) e sociológicas. Técnicas quantitativas (estatística) permitem que se cheguem a etiologia do delito e seu desenvolvimento. Técnicas qualitativas estudam o delito em profundidade (observação participante, entrevista). Juliana de Toledo Romero 3 à Criminalidade: conjunto de ações ou omissões puníveis num determinado tempo e local. à Transversais: quando se faz medida num determinado momento à Longitudinais: efetuam várias medições em épocas diferentes. Cifra Negra: constituída pelos casos que não chegam ao conhecimento da polícia e do judiciário. Ou se chegam, não obtém resposta (o criminoso foge, não é julgado, não cumpre pena). As estatísticas de informe e autodenúncia e pesquisas de utilização objetivam identifica-‐la. Criminalidade real da Sociedade não está estampada nas estatísticas oficiais. Criminalidade real = Criminalidade Oficial + Cifra Negra. Se a cifra negra cai e a criminalidade sobe, significa provavelmente que melhorou a atuação da polícia e do judiciário, por exemplo. Lei das relações constantes: cifra negra é desnecessária pois ela é constante. Cifra Cinza: Reflete lado obscuro, cinza da polícia. Engloba casos onde as pessoas não têm acesso à certos mecanismos porque a polícia se coloca como mediadora, seja promovendo conciliação das partes e solucionando o conflito, nem chegando a fazer boletim. Às vezes, a solução do conflito está na delegacia. Normalmente, são casos que não produzem sentença condenatória, pois a população aceita essa intermediação. Cifra Amarela: Casos que a população não denuncia porque tem medo de represália. Conjunto de ocorrências policiais praticadas contra a sociedade, na verdade é arbitrariedade da polícia contra o cidadão. Esta cifra está estampada nas denúncias contra policiais feitas na corregedoria e nos noticiários que mostram os abusos da polícia. Cifra Dourada: engloba crimes de colarinho branco, cujos autores não são punidos em virtude depoder social e econômico. Engloba crimes ambientais, contra o patrimônio, contra a previdência social, etc. Difere de crimes de colarinho azul (crimes de rua) que englobam furtos, roubos, homicídios, praticados pelas classes baixas. Método da Criminologia: duas características: Empirismo e Interdisciplinaridade Empirismo: método preferencial da Criminologia é o empírico (ou científico ou indutivo), baseado na análise, observação e indução. É empírico pois seu objeto é real e pode ser medido (crime/criminoso/vítima/controle social); hipóteses levantadas baseiam-‐se nos fatos; conclusões são tiradas desses mesmos fatos e não dependem de opinião subjetiva; a criminologia parte da observação da realidade para tirar dela a informação diretamente. Interdisciplinaridade: a partir da Escola Positiva, a Criminologia passou a acatar conhecimentos das várias ciências que necessitava. Com o tempo, passou a confrontar esses conhecimentos, integrando-‐os. A integração permite sanar erros e incoerências. OBJETOS DA CRIMINOLOGIA – crime, criminoso, vitima, controle social da delinquência 1. Crime (delito) Normalidade do delito: sempre alguém irá descumprir regras É necessário pois quando o Estado reprime, mostra seu cuidado com os cidadãos e mantém coesão social. É útil pois promove mudanças Funcional pois tem função econômica indireta (gera empregos) Comportamento humano e problema social e comunitário Crime ocorreu na comunidade e deve nela encontrar sua solução 2. Criminoso (delinquente) Escola Clássica: indivíduo normal Escola Positiva: indivíduo anormal Escola Correcionalista (Espanha): inválido que necessita cuidados do Estado. Marx: criminoso é a vítima, a culpa é da sociedade ATUALMENTE: ser complexo, biopsicossocial, tem qualidades e defeitos, pode ser normal ou doente mental Classificação de Hilário Veiga de Carvalho: baseia-‐se nos fatores mesológicos (do meio) ou biológicos (constituição do indivíduo). Mesocriminoso puro (só o meio) Mesocriminoso preponderante (dois fatores, predomínio do meio) Mesobiocriminoso (dois fatores em total equilíbrio) Biocriminoso preponderante (dois fatores, predomínio do biológico) Biocriminoso puro (só o biológico) Juliana de Toledo Romero 4 Classificação de Cândido Motta Criminoso ocasional Não tem tendência biológica. Sucumbe apelos do meio, principalmente se estiver em dificuldades. Se for pego, confessa e pretende não mais delinquir. Se o fizer, pode se tornar criminoso habitual. Mesocriminoso puro. Criminoso impetuoso Não ocorre premeditação, atua devido falha momentânea de senso crítico. Arrepende-‐se em seguir. Indivíduos honestos que valorizam a honra a ponto de matar. Esta é sua tendência biológica. Mesocriminoso preponderante. Criminoso habitual Crime é sua profissão. Incorrigíveis. Mesobiocriminosos, pois em geral procedem de meio pobre. Fronteiriço criminoso Entre normalidade mental e doença mental, existe fronteira de limites imprecisos onde se situam estes indivíduos. Praticam qualquer tipo de crime e têm como característica a ausência de arrependimento, a não ser que algo saia errado para ele. Carga hereditária biológica é marcante, mas necessitam ou buscam motivo no meio. Biocriminoso preponderante. Louco criminoso Não necessita de qualquer estímulo do meio. Tudo nasce da sua mente. Pode ser crime premeditado ou não. Ameaça vítima. Não se arrepende e não foge do local, pois acredita ter cometido legítima defesa, em decorrência das vozes que escuta lhe dando comando. Biocriminoso puro. Prognóstico criminológico: mecanismos de avaliação dos indivíduos encarcerados Exame criminológico Engloba avaliação médica, psicológica e social. Exame pericial previsto no art. 34 do CP (“classificação para individualização da pena”). Classifica o condenado à pena privativa de liberdade em regime fechado a fim de individualizar o cumprimento da pena. Pode também ser utilizado no regime semi-‐aberto. Analisa a dinâmica do crime para desvendar as causas e fatores que levam o criminoso a delinquir. Causa sempre leva ao resultado; fator pode ou não levar ao resultado. Pode-‐se avaliar a probabilidade de reincidência (reincidente é o criminoso que volta a cometer o crime, não necessariamente do mesmo tipo do primeiro; reincidente específico volta a cometer o mesmo tipo). Só em último caso será feito pela comissão técnica de classificação (CTC). Exame de personalidade – previsto nos art. 5 e 9 da Lei de Execução Penal (LEP) Avalia condenado como pessoa, considerando seus aspectos morfológicos, funcionais e psicológicos. Junto com o exame criminológico, destina-‐se a classificar o condenado à pena privativa de liberdade em regime fechado a fim de individualizar o cumprimento da pena. Exame deve ser feito logona chegada ao presídio pois o condenado ainda não foi contaminado pelo ambiente e está mais próximo do delito. É feita entrevista por funcionário que segue formulário padrão mas pode acrescentar perguntas relevantes ao caso. Parecer da Comissão Técnica de Classificação (CTC) A CTC, além de responsável pelo exame de personalidade, também emitia parecer com base em exame criminológico necessário para que o criminoso conseguisse liberdade provisória. Estava previsto no art. 112 da LEP, que foi alterado em 2003. Agora, basta que o diretor do presídio comprove o bom comportamento carcerário. Entretanto, essa opinião se baseia em aspectos externos, é subjetiva e não significa que cessou a periculosidade ou que preso tem condições de reinserção na sociedade. O CTC é composto pelo diretor do presídio, pelo menos dois chefes de serviço, um psiquiatra, um psicológico e pelo menos um assistente social. 3. Vítima: Em sentido amplo, vítima é quem sofre algum tipo de ofensa a seus direitos fundamentais, do qual resultou um dano ou lesão.Para a ONU (sentido penal): 1. Aqueles que sofrem danos físicos, psicológicos, patrimoniais em decorrência de acoes ou omissões que contrariem as normas penais ou quando se tratar de abuso de poder. O abuso de poder inclui ações ou omissões que não contrariam as normas penais, mas afrontam as normas internacionais de direitos humanos. 2. Também são vitimas os parentes, dependentes, pessoas próximas e pessoas que sofreram danos por que ajudaram a vitima ou impediram a ação danosa. Divisão de vítima de acordo com Mazanera: Sujeito Passivo: Aquele que sofreu diretamente a lesão do bem jurídico (vida, integridade física, patrimônio, saúde). No homicídio, é aquele que foi assassinado. Sujeito Ofendido: Aquele que sofreu as consequências do crime e tem direito a reparação do dano. No homicídio, seria a família da vitima. Sujeito Danificado: É o que sofre as consequências do crime e não tem direito a reparação. É a família do criminoso. A sociedade geralmente pratica controle social sobre ela, como isolamento. Juliana de Toledo Romero 5 VITIMOLOGIA: Estuda a vitima em todos os seus aspectos. O pai da vitimologia é o Mendelson, que classifica a vítima de 5 maneiras: → Vítima completamente inocente ou vítima ideal: É a que não participou do crime, apenas sofreu o dano causado. → Vítima menos culpada que o criminoso: É a vítima ignorante, desavisada. Ex: frequenta lugares perigosos. → Vítima tão culpada quanto o criminoso: Sem a contribuição da vítima, não ocorreria crime. Ex: aborto consentido, conto do bilhete premiado (estelionato), roleta russa, duelo americano, corrupção. → Vítima mais culpada que o criminoso: incita o autor do delito (vítima provocadora) ou causa acidente por falta de controle de si mesma, mas autor também tem parcela de culpa (vitima por imprudência) → Vítima única culpada: Sofre influência de seu próprio ato. Ex: um bêbado que atravessa a rua sem olhar e é atropelado. Subdivide-‐se em: Vítima infratora: é a que comete uma infração e acaba como vítima. Exemplo: homicídio por legítima defesa; Vítima simuladora: é a que premedita de forma irresponsável visando a induzir que alguém seja acusado de um crime, gerando um erro judiciário. Vítima imaginária: é a que passa por vítima de um delito, acusando outra pessoa de um crime inexistente, em consequência de sério transtorno mental. VITIMODOGMÁTICA: Estuda a participação da vítima no delito. A partir da II Guerra Mundial, observou-‐se que nem sempre a vitima se opõe ao agressor; às vezes suas atitudes combinam com as dele. Tópicos importantes: Violência doméstica; Síndrome de Estocolmo; Crimes sexuais (mulher acaba tendo atitude estimuladora); Estelionato; Lesão corporal e homicídio. Todos teriam parcela de culpa da vítima 1a participação da vítima no delito: Síndrome de Estocolmo: Vitimas indefesas que permanecem certo tempo em poder do agressor e com ele estabelecem laços afetivos e de identificação. Se esses laços se perpetuam com o passar do tempo e a vitima não denuncia as agressões e justifica as atitudes do agressor, estamos diante desta Síndrome. Tem como exemplo a violência domestica. Chegou-‐se a falar de vítima Nata, aquela que já nasce e não teria chance de ser diferente. O termo foi combatido e se propôs a denominação de vítima por Tendência Congênita, que no final das contas significa a mesma coisa. O correto seria Vitima por Tendência, isto é, tem potencial mas precisa de fatores do meio. São vitimas em especial: idosos, crianças, doentes mentais. 2a Vítima e a reparação de danos: a vítima passa por três fases Fase 1 – PROTAGONISMO: estavanas mãos dela exigir a reparação pelo dano, fase de vingança privada. Fase 2 – NEUTRALIZAÇÃO: a partir do momento em que o Estado assumiu a persecução penal, a vitima ficou em desvantagem pois passou a ser um mero sujeito processual, colocando-‐o em igualdade com a situação do agressor, o que é necessário para um julgamento imparcial. Porém, isto leva a outros tipos de vitimização. vitimização primária: decorrente do crime (hematomas, machucados), consequências econômicas, morais e orgânicas vitimização secundária ou sobrevitimização do processo penal: decorre do tratamento da polícia e judiciário para com a vitima, que pode gerar danos adicionais por causa de descaso e desconfiança, muitas vezes piores que o próprio crime. vitimização terciária: quando a sociedade aconselha a vitima a não denunciar o crime pois não iria adiantar e o agressor poderia se vingar. Isto aumenta a cifra negra. Também ocorre quando o individuo é acusado, julgado e preso por um crime que não cometeu. § Efeito dominó: a vítima não denuncia o crime para a polícia, consequentemente a polícia não transmite todos os crimes para o MP, que arquiva parte dos processos. Isso tudo colabora para a ineficiência do sistema penal. vitimização quaternária ou extravitimização: vitimização dos juízes pela pressão feita pela mídia que impede que ele tome atitudes corretas. Exemplo: fica amedrontado de liberar um preso que tem esse direito e transfere essa decisão para os tribunais. Em relação ao preso, o juiz se torna vitimizador. Em relação a mídia, o juiz é a vítima. Fase 3 – REDESCOBRIMENTO: pensou-‐se em devolver o conflito para as mãos dos seus protagonistas (autor e vítima). Pensou-‐se então em estabelecer dois espaços: espaço de consenso: onde impera a conciliação entre as partes que abrem mão das garantias constitucionais como ampla defesa, contraditório e buscam solução rápida que satisfaça ambos. Aplicável somente Juliana de Toledo Romero 6 aos crimes de pequeno potencial ofensivo. Com a conciliação, fica favorecida a autonomia da vontade da vítima, pois depende dela. Por outro lado, favorece também a ressocialização espaço de conflito: destinado a alta criminalidade, com respeito a todas as garantias processuais como ampla defesa, contraditório, devido processo legal, etc. Iter Criminis à Cogitação à Preparatório à Início da execução à Execução à Consumação / Tentativa Iter Vitimae à Intenção à Preparatório à Início da Execução à Submeter/reagir à Terminação CONTROLE SOCIAL DA DELINQUÊNCIA: É o conjunto de instituições, estratégias e sanções direcionadas a fazer com que os indivíduos obedeçam as regras e normas sociais. Informal: constituído pela família, escola, religião, profissão, que atuam a longo e médio prazo, incutindo no indivíduo normas e valores éticos e morais (código de conduta). É o mais efetivo Formal: coercitivo (repressivo). Exercido pela polícia, judiciário e sistema penitenciário, atuando a curto e médio prazo, quando o informal falhou. FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA: é função básica da Criminologia fornecer a informação que servirá de base para : ⇒ traçar e desenvolver modelos explicativos do delito ⇒ prevenir o delito: para a Escola clássico e o Direito Penal, a prevenção está na função dissuasória, isto é, desmotivadora da pena. Entretanto, a pena já é consequência do delito e a real prevenção consiste em se antecipar ao delito, evitando que ele ocorra. ⇒ Intervir no homem delinquente: para a Criminologia, a pena é nociva pois estigmatiza o criminoso. Então essa intervenção deve consistir em neutralizar os efeitos a pena; reintroduzir o indivíduo na família, emprego e sociedade; conscientizar a sociedade de que o problema também é dela. SOCIOLOGIA CRIMINAL: Teve início com Enrico Ferri. Foram analisados fatores que afetavam individualmente a pessoa. São fatores determinantes do delito: ⇒ Fatores sociofamiliares: desintegração familiar ⇒ Fatores socioambientais: más companhias e suas influências / crianças abandonadas ⇒ Fatores sociopedagógicos: analfabetismo, falta de instrução ⇒ Fatores socioeconômicos: pobreza, falta de emprego ou riqueza com extrema ganância. Com o tempo, os olhos dos pesquisadores se voltaram para a sociedade. Lacassagne afirmou que a sociedade tem os criminosos que merece. Beker afirmou que a sociedade tem os criminosos que quer ter. Com essas frases, se tornam precursores das modernas teorias sociológicas que encaram a sociedade como criminógena isto é, a forma de funcionamento das instituições e do próprio controle social levariama criminalidade. São também chamadas teorias macrossociológicas. Análise do homem criminoso -‐ microssociologia / Análise da sociedade e fatores condicionantes -‐ macrossociologia Enfoques multifatoriais: identificaram inúmeros fatores para tentar explicar a criminalidade juvenil, entretanto, não conseguiram estabelecer uma hierarquia entre eles; e hoje são utilizados apenas na análise do caso concreto. ESCOLA DE CHICAGO: Marca o início da sociologia norte americana. Começaram a estudar a relação entre o desenvolvimento urbano/industrial desorganizado e a criminalidade. Observaram com estatísticas oficiais que a maioria dos delinquentes vinham de moradias baratas e deterioradas para onde se dirigiam os imigrantes e os grupos minoritários, como por exemplo, negros com baixa condição econômica. Pragmatismo: A cidade de Chicago foi dividida em zonas concêntricas. No centro (zona 1), ficavam as indústrias e os comércios. Ao redor (zona 2 ou zona de transição) era para onde se dirigiam os imigrantes e pessoas pobres. Ela não cria a delinquência, apenas a atrai. Na zona 3 ficavam os trabalhadores que não queriam morar longe do emprego. Na zona 4 estão as pessoas melhor situadas (equivalente a classe média). Na periferia (zona 5), era bairro residencial. A escola de Chicago foi caindo em decadência, mas ganhou outros pesquisadores que falaram que o que importa não é uma zona, mas sim uma determinada rua, um cruzamento e etc que atrai coisas ruins. Joffrey e Newmann (geógrafos do crime) analisam arquitetura da cidade e os crimes. à Criminoso aguarda local adequado, momento oportuno e vítima propícia. Juliana de Toledo Romero 7 TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS: pequenas desordens levam a pequenos delitos, e a falta de repressão leva a delitos violentos. Tolerância Zero. Rudolph Giuliani – NY. Polícia Comunitária: patrulhamentos a pé, policial morando na comunidade. TEORIAS ESTRUTURAIS FUNCIONALISTAS: Atribuem o crime ao modo como funcionam as estruturas sociais. As teorias estruturais funcionalistas tem um gancho econômico. à Teoria Da Anomia De Durkheim: ausência de normas e valores relacionada ao fato de que as E.S. não oferecem a todos os meios necessários de atingir os objetivos culturais (qualidade de vida, sucesso – sonho americano). Estas pessoas tendem a delinquir. Assim, crime nasce no cotidiano (normalidade do delito). É normal desobedecer regras, não é normal cometer crimes. TEORIA DA FRUSTRAÇÃO DE MERTON: Conformismo: mantém seus objetivos culturais e se adequa as normas, conformando-‐se com o que consegue. Inovação: também mantém seus objetivos culturais. Porém, renúncia as normas pois quer tudo a qualquer preço. Ritualismo: para fugir da frustração, se conforma com as normas mas renúncia os objetivos culturais pois desistiu de mudar de vida. Conduta comum na classe média. Evasão ou fuga do mundo: pessoas que, apesar de viver na sociedade, não fazem parte dela. Houve uma renúncia aos objetivos culturais e as normas. São os alcoólatras, os drogados. Rebelião: indivíduo rejeita normas e objetivos culturais. Ele vai buscar outro tipo de sistema. Teoria de Consenso: união de todos em torno de valores e normas comuns X Teoria de Conflito: o que mantém o sistema social é o conflito, que até certo ponto é benéfico, pois gera mudanças Relação: Criminologia x Política criminal x Direito Penal Embora adotando critérios autônomos, as três disciplinas se ocupam do delito. Criminologia. A Criminologia é uma ciência empírica, fática, do ser, que tem como objetivos evidenciar os fatores criminógenos, as razões que levam o homem ao crime, a sua personalidade anormal, que afeta a convivência na sociedade, e a oscilação da criminalidade. O crime é concebido como fenômeno real considerando seus elementos naturais e culturais, e explicado com o objetivo de compreensão. Além de descrever, explicar e prever, a Criminologia deve prescrever ações aos agentes que aplicam as normas e à sociedade, tanto a destinatários individuais como coletivos. Por isso, é também uma ciência de ação, como o Direito Penal, mas de forma diferente. Preocupa-‐se com a segurança das pessoas e com o combate à criminalidade, analisando as medidas mais benéficas à sociedade. A Criminologia está no mundo do ser, interessando-‐se pelas causas (fatores criminógenos), pelo nexo causal (o que levou o indivíduo a se tornar criminoso) e pelo efeito (criminoso). Tem objeto, método e fins próprios, valendo-‐se do conhecimento de outras ciências que também se preocupam com o ser humano como a Sociologia, a Biologia, a Medicina Legal e a Psicologia. Tem a característica da interdisciplinaridade, pois mantém estreitas relações comdisciplinas tanto criminais, como não criminais, visando a absorver e coordenar os conhecimentos de que necessita sobre o delinquente e o meio social. Utiliza o método indutivo, experimental e naturalístico, extraindo as verdades da realidade. Emprega técnicas de investigação criminológica como inquéritos sociais, estudos biográficos dos criminosos, estatística criminal e até exames clínicos para concluir precisamente sobre os fatores criminógenos. Política Criminal É a ciência que fornece, ao poder público, as opções científicas e eficazes de combate ao crime. Opera no espaço delimitado pelo Direito Penal, assim como a Criminologia, objetivando melhorar e racionalizar as estratégias de prevenção e repressão do crime. Não se trata apenas de saber como reagir, mas a que se deve reagir. Dessa forma, cabe à Política Criminal traçar os limites do punível, enquanto o Direito Penal identifica o comportamento punível dentro desses limites. Compõe um dos 3 (três) pilares, juntamente com a Criminologia e com o Direito Penal, do sistema das ciências criminais. Atualmente, há um entrelaçamento da dogmática jurídico penal com a Criminologia, seja de maneira direta, quando o julgador decide o tipo de reação a ser aplicada com base no prognóstico criminológico, seja de forma indireta, através da mediação da política criminal. Juliana de Toledo Romero 8 Direito Penal O Direito Penal é a ciência do espírito, cultural, normativa, jurídica e do dever ser. É formal, pois delimita, interpreta e analisa o delito, a persecução e as consequências de forma teórica e sistemática. Caracteriza-‐se como um conjunto de normas jurídicas. Possui objeto normativo e método dedutivo. Concebe o delito como uma realidade legal e jurídica que envolve valoração. Objetiva a paz, a ordem social, a tranquilidade e a segurança por meio da pena como vingança, castigo, pagamento do mal com o mal, retribuição, atacando apenas as consequências. Ignora fatores criminógenos, pois se baseia no livre arbítrio. Não se importa com as razões da criminalidade, nem com a sua expansão, porque tem por objetivo a solução dos conflitos através do poder punitivo do Estado. O Direito Penal está no mundo do dever ser, onde se tem o pressuposto (crime) e a relação jurídica (enquadramento normativo e processual) levando à consequência (punição). O método utilizado é o dedutivo ou lógico-‐abstrato, que parte das relações singulares para chegar à construção do sistema normativo. Baseia-‐se no livre arbítrio e no dogmatismo jurídico penal, ignorando os fatores criminógenos. Dogmas são preceitos com caráter de certeza absoluta, incontestáveis. O Direito Penal é material e formal. Seus fundamentos estão na teoria do pecado, que sedimentou o sentimento popular de vingança e pagamento do mal pelo mal, tendo como resultado o crescimento da criminalidade, pois quanto mais violenta a reação da sociedade, mais violento se torna o criminoso. Atualmente, há tendência de integrar Direito Penal e Criminologia, pois a compreensão e o controle eficaz da criminalidade requerem a consideração do normativo e do empírico. Resposta científica ao crime, desenvolve-‐se em três fases: Fase explicativa, na qual os conhecimentos empíricos e os fundamentos do crime são oferecidos pela Criminologia; Fase decisiva, quando essa informação proveniente da Criminologia é transformada em alternativas e programas científicos pela Política Criminal; Fase operativa ou instrumental, onde as opções são concretizadas na forma de normas gerais e obrigatórias pelo Direito Penal. Considerações finais: O estudo da Vitimologia atual, baseada numa tendência política criminal eficiente, privilegia a reparação dos danos e indenização dos prejuízos da vítima. Entende-‐se como sobrevitimização a vitimização secundária, a qual consiste em sofrimento causado à vitima pelas instâncias formais da justiça criminal. Para Garcia Pablo de Molina é entendido como o conjunto de instituições, estratégias e sanções sociais que pretendem promover e garantir a submissão dos indivíduos aos modelos e normas comunitárias, o texto se refere ao controle social. De acordo com a sociologia criminal, pode-‐se citar como exemplo da teoria de consenso como Teoria das Janelas Quebradas. A migração é um fenômeno comuns de países em desenvolvimento emergentes que propicia(m) a dificuldade de adoção de valores ético-‐morais comuns, com enfraquecimento do controle social informal, o desrespeito ao próximo e outros desvios comportamentais. De acordo com Benjamim Mendelsohn, as vítimas são classificadas em: Vítimas ideais, vítimas menos culpadas que os criminosos, vítimas tão culpadas quanto os criminosos, vítimas mais culpadas que os criminosos e vítimas como únicas culpadas. O comportamento inadequado da vítima que de certo modofacilita, instiga ou provoca ação de seu verdugo é denominado periculosidade vitimal. Não é função da criminologia moderna desenvolver estudos sobre a norma penal e respectivos métodos de interpretação. Teorias do conflito, tradição na Sociologia Criminal norte-‐americana, pressupõem a existência, na sociedade, de uma pluralidade de grupos e subgrupos, que, eventualmente, apresentam discrepâncias em suas pautas valorativas. A corrente de pensamento criminológico que critica a exibição, em televisão e cinema, de cena de abuso de drogas ilícitas, prática de roubos, sequestros, bem como outras condutas delituosas, alçando seus protagonistas o status de ''heróis'' ou ''justiceiros'', influenciando principalmente jovens a se reconhecerem neles, é a Teoria da Identificação Diferencial. O indivíduo incapaz de cuidar-‐se e bastar-‐se a si mesmo, com o QI abaixo de 20 e idade mental abaixo de 3, tem estado mental caracterizado como Idiota. Segundo Merton, É ERRADO afirmar que a conduta desviante inovação explica apenas a criminalidade das classes baixas, como resposta à frustração gerada por se sentirem obrigados a enriquecer. É CORRETO afirmar que o matador de aluguel é assassino serial mentalmente sadio. Os órgãos institucionais de controle da criminalidade são aqueles responsáveis pelo controle social formal. O sistema penitenciário corresponde a um deles. O termo cifra dourada é indicativo dos crimes denominados de ''colarinho branco''. A respeito dos fatores impulsionadores da criminalidade, tanto a pobreza quanto a ganância decorrente da riqueza excessiva podem levar à criminalidade. São teorias do consenso, as teorias do etiquetamento; da associação diferencial e do conflito cultural. Agradecimentos especiais à Mariana Leontina.