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Livro Areas_Degradadas_para_REV_VALIDO_R_O-final

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ÁREAS DEGRADADAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Unidade Curricular Áreas Degradadas objetiva fornecer os conhecimentos 
aplicados aos processos de recuperação de áreas degradadas, seja por meio 
químico, físico, ou processos ecológicos. Dessa forma, o profissional de Meio 
Ambiente poderá atuar na gestão de áreas degradadas, em suas diferentes 
etapas: investigação, recuperação e monitoramento. 
 
2 
 
SUMÁRIO 
Capítulo 1 .......................................................................................................................... 3 
1. CARACTERIZAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ............................................. 3 
1.1. Áreas degradadas ....................................................................................................... 3 
1.2. Áreas contaminadas ................................................................................................... 6 
Capítulo 2 ........................................................................................................................ 10 
2. PRINCIPAIS FONTES DE POLUIÇÃO DO SOLO, ÁGUA SUBTERRÂNEA E 
SUPERFICIAL ............................................................................................................... 10 
Capítulo 3 ........................................................................................................................ 14 
3. ÁREAS DEGRADADAS E LICENCIAMENTO AMBIENTAL ......................... 14 
3.1 Suporte legal e normas técnicas pertinentes .............................................................. 16 
3.1.1 Legislação Federal ....................................................................................... 16 
3.1.2 Legislação Estadual de São Paulo: .............................................................. 16 
3.1.3 Normas Técnicas ................................................................................................ 16 
Capítulo 4 ........................................................................................................................ 19 
4. METODOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ........... 19 
4.1 Metodologias de Investigação de Áreas Contaminadas ...................................... 19 
4.1.1 Avaliação Preliminar - Fase I ............................................................................. 21 
4.1.2 Investigação Confirmatória - Fase II .................................................................. 23 
Capítulo 5 ........................................................................................................................ 34 
5. TECNOLOGIAS DE RECUPERAÇAO DE ÁREAS DEGRADADAS ............... 34 
5.1 Áreas contaminadas ............................................................................................ 34 
5.2 Seleção das Técnicas de Remediação ....................................................................... 35 
5.3 Processos Erosivos .................................................................................................... 43 
5.4 Métodos em Restauração Ecológica ......................................................................... 45 
5.4.1 Adensamento ...................................................................................................... 45 
5.4.2 Enriquecimento .................................................................................................. 46 
5.4.3 Condução da regeneração .................................................................................. 46 
5.4.4 Isolamento da área e retirada dos fatores de degradação ................................... 46 
5.4.5 Desbaste de Competidores ou Eliminação Seletiva ........................................... 47 
5.4.6 Indução do banco de sementes do local ............................................................. 47 
5.4 .7 Plantio de módulos sucessionais ....................................................................... 47 
5.4.8 Plantio de mudas de espécies atrativas para a fauna .......................................... 48 
5.4.9 Considerações gerais sobre método de restauração ........................................... 49 
Capítulo 6 ........................................................................................................................ 50 
6.PLANO DE MONITORAMENTO ............................................................................. 50 
6.1 Áreas Contaminadas .............................................................................................. 50 
6.2 Processos erosivos ..................................................................................................... 54 
6.3 Restauração Ecológica .............................................................................................. 56 
6.4 Monitoramento em Restaurações Ecológicas ........................................................... 57 
Capítulo 7 ........................................................................................................................ 59 
7. FERRAMENTAS DE TRATAMENTO DE DADOS (GEOPROCESSAMENTO, 
GEOESTATÍSTICA, ESTATÍSTICA) ........................................................................... 59 
7.1 Geoestatística ............................................................................................................ 60 
7.2 Interpolação de dados ................................................................................................ 60 
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 62 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
Capítulo 1 
1. CARACTERIZAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS 
 
Uma área degradada pode ser definida como uma área que sofreu processos de 
alteração das suas propriedades ecológicas, físicas e/ou químicas em um ou mais 
compartimentos ambientais (solo, água, biota). Estritamente do ponto de vista físico 
e/ou químico, áreas degradadas podem ocorrer em duas formas principais: as áreas 
degradadas predominantemente por processos físicos e as áreas degradadas 
predominantemente por processos químicos, que são um caso particular, as áreas 
contaminadas (CETESB, Manual de Gerenciamento, 2001). Vale ressaltar que, em 
determinadas áreas, os dois processos podem ocorrer simultaneamente. 
 
 
 
Figura 1. Área degradada por processos físicos (erosão do solo devido ao desmatamento). 
Fonte: SENAI, 2012 (Foto de Alexandre de Almeida) 
 
É muito comum confundir o significado de degradação e contaminação. No entanto, 
lembre-se de que uma área contaminada é sempre uma área degradada, mas nem 
toda área degradada está contaminada. 
 
Segue texto descritivo sobre o conceito de áreas degradadas e áreas contaminadas. 
 
1.1. Áreas degradadas 
 
O termo área degradada é normalmente encontrado na literatura especializada, 
principalmente quando se trata de áreas mineradas e de grandes obras civis, incluindo 
a construção de barragens. A Figura 2 ilustra uma área de mineração e a extensão de 
degradação que pode atingir esta atividade. 
 
 
 
4 
 
 
Figura 2. Exemplo de Área Degradada pela mineração 
Fonte: Conama/MMA (www.mma.gov.br) 
 
 
Como exemplos, citam-se os processos erosivos do solo (sulcos, ravinamento e 
voçorocamento - denominações em função do tamanho do processo erosivo, em 
ordem crescente); desmatamentos – com a degradação de áreas preservação de 
matas ciliares e/ou nativas; além de manguezais ou áreas costeiras contaminados por 
refinarias de petróleo. 
 
Em suma, uma área degradada é aquela que sofreu perturbações ecologicamente 
relevantes em sua integridade. Como regra, ocorrem perdas na estrutura (biomassa) 
e na função do ambiente (interações entre espécies, conservação do solo e dos 
recursos hídricos), podendo haver, também, em áreas muito degradadas, 
comprometimento da capacidade do ambiente se recuperar naturalmente. Nestes 
casos,a intervenção humana, através da restauração ecológica, é imprescindível. 
 
Do ponto de vista ecológico, aspectos mais comuns de áreas degradadas são: i) a 
destruição da flora e da fauna, havendo perda de biomassa; ii) perda da camada 
superficial (horizonte A) do solo, que é a sua parte fértil; iii) alterações na qualidade e 
na vazão do sistema hídrico. Geralmente, estes aspectos decorrem de impactos 
antrópicos, que proporcionam alterações físico-químicas no solo e na água, como 
acidificação e perda de matéria orgânica, podem ter implicações biológicas, a exemplo 
da perda de biodiversidade e de interações entre espécies, como será visto a seguir. 
 
A degradação de extensas áreas naturais, terrestres ou aquáticas, pode acarretar em 
comprometimento de processos ecológicos, também conhecidos como serviços 
ambientais ou serviços ecossistêmicos, tais como a conservação dos solos e dos 
recursos hídricos. 
 
A degradação também pode resultar em extinções locais de espécies biológicas, 
afetando a biodiversidade da região, principalmente se os danos ocorrerem na escala 
da paisagem, geralmente na ordem de centenas de hectares, como tem acontecido na 
Mata Atlântica e na Amazônia. Muitas paisagens destes biomas, antes recobertas por 
exuberantes florestas, vêm sendo queimadas e derrubadas. 
 
Quando isso ocorre, as espécies que dependem evolutivamente das florestas 
abandonam a área desflorestada ou morrem, havendo perda de biodiversidade. 
Devido às intensas chuvas típicas destas regiões, geralmente ocorrem erosões do 
 
5 
 
solo. O escorrimento superficial das chuvas carreia enormes quantidades do solo 
superficial fértil para os corpos d’água, causando assoreamentos e impactando a biota 
aquática. As águas ficam lamacentas, diminuindo a entrada de luz, o que compromete 
a fotossíntese propiciada pelas algas e plantas e, com isso, pode haver redução da 
quantidade de oxigênio disponível, dificultando a vida aquática. Diminuindo a 
fotossíntese, a produção primária realizada pelas plantas e algas também pode ser 
comprometida, o que se repercute negativamente ao longo de toda a teia alimentar da 
região degradada pelo desmatamento. 
 
A perda ou extinção local de espécies legitimamente florestais (que evoluíram nas 
matas e delas dependem) implica em comprometimento de interações ecológicas, 
como dispersão de sementes e polinização, que são essenciais para que o 
ecossistema tenha meios de se restabelecer dos impactos da degradação. Até mesmo 
a ação de espécies predadoras, conhecidas como ‘organismos reguladores’, é 
importante. Estas espécies interagem controlando as populações de presas que, sem 
serem predadas, podem maximizar a degradação. 
 
Por exemplo, muitas áreas naturais da Austrália foram (e ainda estão sendo) 
convertidas em campos que são intensamente pastados por ovelhas (sobrepastejo), 
uma espécie exótica no continente. O sobrepastejo vem deixando os campos erodidos 
e os corpos d’água assoreados. A situação se complicou com a introdução dos 
coelhos, mais uma espécie exótica, que também sobrepasteja as áreas. As ovelhas e 
os coelhos são espécies que não são predadas, pois os possíveis consumidores 
carnívoros foram extintos ou estão em tão baixa abundância que não há controle ou 
interação ecológica efetiva entre presa e predador. Assim, há perdas preocupantes de 
fertilidade do solo e dos recursos hídricos, que fazem australianos gastarem quantias 
enormes de dólares para recuperar suas áreas degradadas e controlar os coelhos 
asselvajados. As ovelhas, que são criadas, estão sendo controladas pelo governo, 
gerando gastos públicos. O escoamento do solo para os rios e daí para o oceano está 
danificando e matando a Grande Barreira de Corais, um dos mais notáveis criatórios 
naturais de peixes do planeta e uma das principais atrações turísticas da Austrália 
(Diamond, 2010). 
 
Em ambientes tropicais e neotropicais, os predadores controlam uma quantidade 
incrível e muitas vezes imprevista de outras espécies, incluindo pragas agrícolas. 
Quando há perda por extinção local dos predadores, pode haver explosões 
populacionais de pragas, o que leva os agricultores a recorrerem mais vezes a 
pesticidas (agrotóxicos), que podem, por sua vez, contaminar quimicamente o solo, a 
água e a biota. Dependendo do pesticida, há envenenamento dos seres vivos através 
da teia trófica – e até do homem – uma espécie que, como toda espécie predadora do 
topo da cadeia alimentar, geralmente acumula notáveis quantidades de contaminantes 
químicos. 
 
Como visto, para que um ambiente degradado possa se recuperar, é necessário haver 
interações ecológicas, ou seja, espécies interagindo, polinizando as plantas, 
dispersando as sementes, controlando o nível de populações. Um ambiente 
ecologicamente íntegro, por apresentar interações efetivas entre espécies biológicas, 
presta serviços valiosos para o homem e possui melhores chances de suportar ou se 
restabelecer de fatores de degradação. 
 
A recuperação de áreas degradadas se faz pela definição de um plano, com objetivos 
de recuperar ou restaurar sua integridade física, química e biológica e, ao mesmo 
tempo, recuperar sua capacidade produtiva (função). 
 
 
6 
 
Mais recentemente, a utilização do termo ‘Restauração Ecológica’ para definir 
intervenções objetivando recuperar a estrutura, a função e a capacidade regenerativa 
dos ecossistemas, vem sobrepujando o emprego de outros termos mais antigos, como 
recuperação de áreas degradadas, revegetação, reabilitação etc. A ‘Restauração 
Ecológica’ se tornou uma área de conhecimento multidisciplinar no campo da Ecologia 
Aplicada, atraindo atenção dos mais altos níveis governamentais em decorrência dos 
prejuízos e perdas ocasionadas pela degradação de áreas naturais em todo o planeta. 
 
 
1.2. Áreas contaminadas 
 
Uma área contaminada pode ser definida como uma área, local ou terreno onde há 
comprovadamente poluição ou contaminação causada pela introdução de quaisquer 
substâncias ou resíduos que nela tenham sido depositados, acumulados, 
armazenados, enterrados ou infiltrados de forma planejada, acidental ou até mesmo 
natural. Nessa área, os poluentes ou contaminantes podem concentrar-se em 
subsuperfície ou subsolo nos diferentes compartimentos, como por exemplo, no solo, 
nos sedimentos, nas rochas, nos materiais utilizados para aterrar os terrenos, nas 
águas subterrâneas. De uma forma geral, em se tratando de áreas contaminadas, 
além do solo superficial afetado, o meio ambiente subterrâneo é o de maior impacto – 
envolvendo muitos estudos hidrogeológicos de diagnóstico do problema. A Figura 3 
traz, de forma ilustrativa, as distintas camadas ou zonas de um ambiente subterrâneo. 
 
Em áreas contaminadas, os contaminantes também podem afetar a vegetação local, 
causar emissões atmosféricas, além de poderem concentrar-se nas paredes, nos 
pisos e nas estruturas de construções próximas ou logo acima da contaminação 
(intrusão de vapores em edificações). 
 
No subsolo, a zona insaturada – chamada também de zona vadosa (rasa) ou ainda 
zona de aeração– situa-se entre a superfície do terreno e a superfície freática e, nesta 
zona, os poros do solo estão parcialmente preenchidos por gases (ar e vapor d’água) 
e por água. Por outro lado, na zona saturada situada abaixo do nível freático, todos os 
vazios do terreno são preenchidos por água. A franja capilar estende-se do nível 
freático até o limite de ascensão capilar da água – sua espessura depende da 
distribuição do tamanho dos poros e da homogeneidade do terreno, sendo controlada 
pela diferença de pressão (tensão superficial) na interface água e solo. Os diferentes 
tipos de aquíferos existentes, bem como sua conformação (litologia, estratigrafia e 
estrutura) podem ser estudados em Feitosa, F. A. C. (2008). 
 
 
7 
 
 
 
 
Figura 3 - Esquema ilustrativodas regiões em um ambiente subterrâneo 
e as diferentes proporções de água/ar e solo existentes no aquífero. 
 
Fonte: Adaptado de Bedient, 1994 
 
 
 
 
 
Para trabalhar com áreas subsuperficiais ou ambientes subterrâneos contaminados é 
necessário conhecer hidrogeologia! Na prática de uma investigação ambiental de 
áreas contaminadas, é realizada, em campo, uma série de procedimentos e ensaios 
hidrogeólogicos que serão reportados nas etapas de gerenciamento a continuação. 
Desta forma, sugere-se um maior aprofundamento destes estudos a partir de livros 
textos-base como Feitosa F. A. C. et. al., 2088; e Fetter C. W., 1993 e 1994 e Maciel 
Filho, C. L., 2008. 
 
 
 
 
Os poluentes ou contaminantes podem ser transportados a partir dos meios 
supracitados, propagando-se por diferentes vias, como o ar, o próprio solo, as águas 
subterrâneas e superficiais, alterando suas características naturais de qualidade e 
determinando impactos negativos e/ou riscos sobre os bens a proteger, localizados na 
própria área ou em seus arredores (Cesteb, 2001). 
 
Segundo a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), são considerados bens 
a proteger: • a saúde e o bem-estar da população; 
• a fauna e a flora; 
• a qualidade do solo, das águas e do ar; 
• os interesses de proteção à natureza/paisagem; 
 
8 
 
• a ordenação territorial e planejamento regional e urbano; 
• a segurança e ordem pública. 
 
A Figura 4 ilustra potenciais fontes e vias de contaminação de áreas impactadas 
(industriais ou disposição de resíduos). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4. Ilustração das fontes e vias de contaminação de áreas impactadas (industriais ou disposição de resíduos). 
Fonte: AHU, 1987, apud CETESB, 2001. 
 
O enquadramento de uma área como contaminada é realizado através de uma 
investigação preliminar e confirmatória, como será visto mais adiante nas etapas de 
gerenciamento de áreas contaminadas (itens 3.1 e 3.2), com análises químicas dos 
compostos químicos de interesse (CQI) levantados no local em estudo. Quando estas 
concentrações dos CQIs ultrapassam os padrões de referência legais de qualidade no 
meio (ar, solo, água), confirma-se que a área está contaminada. Vale ressaltar que, 
muitas vezes, em uma inspeção de campo, são verificados indícios táteis e visuais de 
contaminação (ex. presença de fase livre de produto no solo ou nível freático), o que já 
pode ser registrado por fotografia. 
 
 
 
Fontes de Perigo 
1 - Vazamento de tanques; enterrados e sistema de tubulação 
2 - Valas com barris enferrujados com resíduos tóxicos 
3 - Percolações no subsolo de antigos vazamentos 
4 - Resíduos abandonados lançados sobre o solo 
 
Cenários 
5 - Poluição do solo 
6 - Poluição de água subterrânea 
7- Percolação de poluentes na água subterrânea em direção ao rio 
8 - Fluxo superficial e subterrâneo de poluentes em direção ao rio 
9 - Arraste de resíduos sólidos tóxicos em direção ao rio+22 
10 - Deposição de metais pesados no fundo do rio 
12 - Emissão de gases tóxicos 
13 - Ação tóxica na vegetação (biota) 
 
Medidas de Identificação 
31 - Investigação Confirmatória 
 
9 
 
Posteriormente a esta confirmação, prossegue-se com uma investigação detalhada na 
área e análise de risco toxicológico, a qual irá estabelecer as concentrações meta para 
remediação, seja no solo ou água subterrânea, que não ofereçam risco à saúde 
humana ou aos bens a proteger identificados na área em estudo, baseados no uso 
atual ou futuro - para o caso de áreas contaminadas abandonadas - que serão 
remediadas para uso definido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
Capítulo 2 
 
2. PRINCIPAIS FONTES DE POLUIÇÃO DO SOLO, 
ÁGUA SUBTERRÂNEA E SUPERFICIAL 
 
 
Um estudo encomendado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 
(Pnuma), divulgado pelo Jornal britânico The Guardian, aponta que as maiores 
empresas globais (com ações negociadas nas principais bolsas de valores do mundo) 
perderiam 1/3 de seus lucros – o equivalente a US$ 2,2 trilhões – se tivessem que 
arcar com os custos da poluição, mudanças climáticas e outros impactos ambientais 
(VIALLI, 2010). 
 
O levantamento foi realizado em 3000 empresas globais, com o objetivo de mostrar 
que realmente o mercado não paga nada pelo uso, perdas e esgotamento a que o 
ambiente é submetido pela atividade econômica. Estes impactos, segundo 
reportagem, já atingem proporções de crise também econômicas – a partir de perdas 
em reservas de água, solo fértil, e estoques pesqueiros. Um exemplo é o que ocorreu 
em 2011 com o setor agrícola da Califórnia (EUA), com a perda estimada de 20 mil 
empregos e US$ 1 bilhão pela escassez de água. 
 
Pode-se dizer que, para alguns estados brasileiros como São Paulo e Minas Gerais, 
este mapeamento está sendo realizado, seja pelo aumento da consciência ambiental 
nos diversos setores da sociedade, seja pelo aumento da fiscalização ambiental de 
órgãos reguladores para determinadas atividades comerciais ou produtivas. O 
conhecimento ou mapeamento de áreas degradadas é de suma importância para 
preservação dos insumos ou recursos naturais. 
 
Uma relação de cadastro de áreas contaminadas e reabilitadas para, por exemplo, o 
Estado de São Paulo ou Minas Gerais, respectivamente, é publicada bianualmente no 
endereço eletrônico da CETESB ou FEAM; neste documento, constata-se os 
principais grupos de contaminantes e a distribuição por atividade. A CETESB, 
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, contabilizou, em dezembro 
de 2010, a existência de 3661 áreas contaminadas - entre postos de combustíveis, 
acidentes com fonte desconhecida, resíduos, indústria e setor comercial no Estado. 
 
Segundo este relatório da CETESB (2010), os postos de combustíveis estão entre as 
atividades que mais poluem (79% da contribuição total das áreas), seguidos das 
atividades industriais (13%), atividades comerciais (4%), instalações para destinação 
de resíduos (3%) e casos de acidente e fontes de contaminação de origem 
desconhecida (1%). Esta distribuição percentual das áreas contaminadas se mantém 
semelhante para o Estado de Minas Gerais (FEAM). A Figura 5 ilustra a distribuição 
referente ao Estado de São Paulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
Figura 5. Distribuição de áreas contaminadas por tipo de atividade 
Fonte: Cetesb, 2010. 
 
 
Será que em seu estado ocorre o mesmo perfil de distribuição quanto aos 
contaminantes e atividades? O pioneirismo no cadastramento de áreas contaminadas 
destes órgãos reguladores supracitados apresenta-se como exemplo a ser seguido 
para outros estados – para um mapeamento do problema e priorização de um 
programa de gerenciamento das áreas contaminadas. 
 
O principal grupo de contaminantes encontrados nas áreas registradas, como era de 
se esperar, é o dos combustíveis líquidos, seguido pelos solventes aromáticos, 
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), metais e solventes halogenados. 
 
De uma forma mais geral, em uma área potencialmente contaminada, pode-se 
investigar um conjunto de eventuais contaminantes compreendendo as seguintes 
análises químicas: Compostos Orgânicos Voláteis, estes envolvendo os compostos 
BTEX (Benzeno, Tolueno, Etil-Benzeno, e Xilenos); Compostos Orgânicos 
Semivoláteis, HPAs (Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos, PCB (Policlorobifenilas), 
Pesticidas, Metais, análises microbiológicas etc. A seleção destes parâmetros é 
indicada em função dos tipos de fontes de contaminantesadvindas do histórico 
ocupacional da respectiva área. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
Um indicativo mais provável de contaminantes em uma área pode ser observado na - 
CETESB (Manual de Gerenciamento, 2001), em que se observa a relação destes 
contaminantes prioritários em função da atividade ou processo industrial. É necessário 
ressaltar a importância deste documento, assim como da norma ABNT NBR 10004, de 
resíduos sólidos, que apresenta os principais contaminantes a serem investigados de 
acordo com a atividade desenvolvida. 
 
Esta pesquisa preliminar dos possíveis contaminantes a serem investigados em uma 
área, mesmo com base nos documentos supracitados, não implica na não existência 
de outros compostos que devam ser avaliados na área em estudo. Esta decisão é 
resolvida, muitas vezes, com um levantamento histórico inicial da área, uma vez que 
anteriormente à atividade atual, pode ter existido outro tipo de atividade. 
 
Cita-se também, para orientar a investigação de potenciais contaminantes em uma 
área, a ficha de informação de segurança do produto químico – FISPQ – que 
apresenta informações sobre a composição, características físico-químicas, 
toxicidade, transporte e, até mesmo, informações sobre o impacto ecológico causado 
pelo produto químico utilizado no processo ou atividade em questão e seus eventuais 
subprodutos ou constituintes. Na prática, esta FISPQ pode ser fornecida pela empresa 
investigada. 
 
Este passo de escolha dos parâmetros químicos a serem analisados parece simples, 
no entanto uma escolha inadequada - sem um plano de amostragem assertivo e 
representativo - pode comprometer todo o trabalho de investigação. Em se tratando de 
áreas contaminadas, se o plano de amostragem para solo ou água está fora de foco, a 
premissa básica está comprometida, e uma análise química de um ponto pode não ser 
o de maior concentração. Desta forma, pode-se inferir, por exemplo, que uma área 
não está contaminada ou está com concentrações em níveis aceitáveis, colocando em 
risco a saúde de eventuais receptores existentes no local. 
 
 
 
A agricultura intensiva, além das atividades industriais e postos de serviços de 
combustíveis citados anteriormente, é outra fonte de contribuição para o aumento de 
passivos ambientais, como o uso de fertilizantes ou agrotóxicos. Cita-se, por exemplo, 
uma contribuição da agricultura para a contaminação das águas subterrâneas por 
nitrogênio na forma de nitrato. O nitrato apresenta alta mobilidade na água 
subterrânea por ser pouco adsorvido e, por isso, pode impactar extensas áreas. 
 
A agricultura, além da contaminação propriamente dita, contribui para a degradação 
das propriedades físicas do solo ou de sua estrutura. Um exemplo típico desta 
degradação física do solo pela agricultura intensiva é, atualmente, o voçorocamento 
causado pelas lavouras nos municípios de Goiás, da região centro-oeste do Brasil. 
Outro impacto ambiental da agricultura é o déficit hídrico causado pela intensa 
atividade de irrigação. 
 
Os impactos causados por atividades de mineração, principalmente minerações de 
carvão a céu aberto, podem resultar em uma área de influência muito maior que a 
 
13 
 
área de lavra, causando a degradação de recursos hídricos, o que vai refletir em toda 
a bacia. Neste caso, a oxidação de sulfetos metálicos que acompanham o minério 
promove a ocorrência de drenagem ácida e a solubilização de metais pesados, 
podendo trazer consequências danosas para uma área de influência muito além da 
área de lavra. Ainda assim, ao avaliar a extensão de degradação causada por estas 
atividades, verifica-se que ela é mínima se comparada ao desmatamento e atividades 
agropastoris (Tavares, S. R. L., 2008). 
 
 
No Brasil, apesar de não se ter avaliações exatas sobre a extensão de áreas 
degradadas, algumas estimativas apontam o desmatamento e as atividades 
agropecuárias como os principais fatores de degradação dos nossos solos – aliado ao 
déficit hídrico causado pela agricultura intensiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Busque, no You Tube, uma reportagem do Jornal Hoje do dia 29 de dezembro/2011 
em relação a áreas de voçoroca no município de Mineiros em Goiás: “Crateras 
engolem quilômetros de terras produtivas no Centro-Oeste”. Crateras imensas, 
chamadas de voçorocas, estão engolindo quilômetros de terras produtivas no Centro-
Oeste do país. “É um alerta a todos que se preocupam com o meio ambiente. Do alto, 
um imenso tapete verde. É lavoura de soja que só acaba na cabeceira de uma 
voçoroca”. 
A voçoroca é resultado do desmatamento e do crescimento descontrolado das 
plantações. “Sempre as consequências são as mesmas: vão assoreando os cursos 
da água e olha só a morte e o assoreamento de todo o manancial”, diz o delegado 
Luziano de Carvalho. A delegacia do Meio Ambiente de Goiás sobrevoou nove 
municípios do estado, localizando 50 voçorocas de todos os tamanhos. Algumas 
ganharam nome para facilitar a identificação - Uma delas, no município de Mineiros, é 
a Urtiga. Dentro dela cabem cinco estádios de futebol. 
Um agricultor gastou R$ 800 mil reais na tentativa de controlar a Chitolina, uma das 
maiores voçorocas do país, que possui 2,5 km de extensão e até 80 metros de 
largura. 
 
 
14 
 
Capítulo 3 
 
3. ÁREAS DEGRADADAS E LICENCIAMENTO 
AMBIENTAL 
 
A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81) - que introduz instrumentos de 
planejamento ambiental e determina a responsabilização e penalidades para casos de 
poluição, em seus artigos 2º e 4º - apresenta como objetivo a "recuperação de áreas 
degradadas e ao poluidor a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos 
causados". 
Portanto, é importante que as áreas contaminadas sejam enquadradas como um tipo 
de área degradada, pois assim pode-se utilizar a legislação federal para se obrigar a 
adoção de medidas de remediação destas áreas que colocam em risco a saúde da 
população. 
Em função do crescente aumento do número de áreas contaminadas identificadas ou 
até mesmo de uma relativa conscientização em melhorias das práticas e indicativos 
ambientais, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) publicou, em 2009, a 
Resolução 420, que estabelece critérios e valores orientadores referentes à presença 
de substâncias químicas no solo e fornece diretrizes e procedimentos para o 
gerenciamento destas áreas. 
Neste sentido, a investigação de passivos ambientais tem sido utilizada como fator 
decisivo em negociações comerciais, principalmente quando relacionada com a 
aquisição de imóveis e privatizações, visto que a responsabilidade e a obrigação da 
restauração recaem sobre os novos proprietários, conforme previsto na Lei 13577/09, 
do estado de São Paulo. 
Por esta realidade de especulação imobiliária, já vivenciada por vários centros urbanos 
e, principalmente na cidade de São Paulo, a CETESB (2003) vem se articulando com 
diferentes segmentos da sociedade, como a Câmara Ambiental da Indústria da 
Construção, disponibilizando, atualmente, em seu endereço eletrônico, o “Guia para 
Avaliação do Potencial de Contaminação em Imóveis”. Este documento oferece a 
necessária orientação para a aquisição de terrenos, evitando problemas ambientais e 
legais em casos de indícios de contaminação do solo ou da água subterrânea. 
Constatada a contaminação, procede-se com os planos de recuperação e/ou 
remediação como medida mitigadora. A Remediação Ambiental, que envolve a 
aplicação de uma técnica ou conjunto de técnicas em uma área contaminada, visa à 
remoção da fonte de contaminação, contenção ou redução da concentração dos 
contaminantes presentes. Muitas vezes, é necessária a eliminação do risco imediato 
de exposição no local (medidas institucionais ou de engenharia) para assegurar uma 
utilizaçãosegura da área, com limites aceitáveis de risco aos bens a proteger em 
cenário específico ou padronizado (CETESB, 2001). Um exemplo de medidas 
institucionais refere-se à retirada de pessoas da área devido ao risco imediato de 
explosão pela emissão de vapores, presença de solo contaminado exposto, e a 
própria restrição da ingestão de água no local. 
Anteriormente ao plano de remediação, são preconizadas as etapas sequenciais de 
identificação do passivo, investigação confirmatória e detalhada, conforme será 
abordado no item 4.3 de gerenciamento de áreas contaminadas. Entretanto, sugere-se 
já iniciar o estudo destas etapas através do Manual de Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas da CETESB, totalmente disponibilizado em seu endereço eletrônico. O 
 
15 
 
mesmo se encontra dividido em módulos, pois pode assim ser continuamente 
atualizado. 
O Plano de Revegetação, Recuperação ou Enriquecimento de Vegetação (PREV) ou o 
PRAD - Plano de Recuperação Áreas Degradadas (NBR ABNT 13030/1999), que teve 
sua origem no setor de mineração, atualmente já é incorporado a muitos estudos e 
condicionantes ambientais de órgãos reguladores, e está muito relacionado a aspectos 
do solo e vegetação, em que pode precisar de estudos geomorfológicos, geoquímicos 
e de conformação do solo antes da revegetação e consequente estudo da ecologia 
das espécies botânicas locais. 
Nem sempre um PRAD deve contemplar apenas plantios. Dependendo da degradação 
e/ou de condicionantes impostas por órgãos ambientais, outras intervenções devem 
ser contempladas pelo PRAD, como por exemplo, a necessidade de se fazer taludes, 
terraplanagens, contenções de processos erosivos e, às vezes, até 
descontaminações. Em outras situações, pode ser solicitado e/ou necessário dar-se 
maior ênfase aos plantios, que podem ser planejados em contexto da Restauração 
Ecológica. 
Quais as diferenças entre PRAD e PREV? O PREV é apenas um plano de 
revegetação, que pode ser um simples gramado ou plantio de braquiárias; já um 
PRAD geralmente envolve intervenções de engenharia, como taludes, terraplanagens 
e contenções de processos erosivos. Também pode incluir descontaminações do solo 
(remediação) e plantios mais complexos, podendo haver pretensão de se restaurar o 
potencial regenerativo da vegetação no contexto da Restauração Ecológica. 
Os projetos de remediação – termo comumente utilizado para áreas contaminadas– 
estão muito relacionados às áreas industriais, em que geralmente não se preconiza 
revegetação posterior, ou áreas urbanas industriais abandonadas, os chamados 
brownfields, com algum tipo de passivo ambiental. Estas áreas inativas ou 
abandonadas, muitas vezes, são alvo de projetos para construção de conjuntos 
habitacionais, condomínios ou residências. (Este tema será abordado a seguir, porém 
você já pode ir se aprofundando no gerenciamento destes casos em CETESB, 2003 - 
Guia para avaliação do potencial de contaminação em imóveis, disponível no site da 
Companhia). 
Vale ressaltar que a maior contribuição de contaminação por tipo de atividade para a 
atividade de postos de combustíveis - conforme reportado acima (item 2), do total de 
áreas registradas no cadastro da CETESB - é o resultado do programa de 
licenciamento que se iniciou em 2001 com a publicação da Resolução Conama 
273/2000. A partir desta resolução, houve uma maior fiscalização desta atividade e, 
dentre outras ações, a CETESB exige uma investigação confirmatória com o objetivo 
de verificar a situação ambiental do empreendimento a ser licenciado, bem como a 
troca de tanques com mais de 15 anos de operação. 
Em geral, no processo licenciamento de uma área contaminada ou de atividades com 
potencial de contaminação do meio ambiente, em nível de órgãos reguladores, são 
solicitados os termos da declaração da existência destas áreas quando da Renovação 
de Autorização Ambiental de Funcionamento. No caso da Licença ou Renovação de 
Licença de Operação, é solicitado um Relatório de Avaliação de Desempenho 
Ambiental, assim como as informações sobre ações de gerenciamento de áreas 
suspeitas de contaminação ou contaminadas (Gerenciamento de áreas contaminadas, 
FEAM). 
 
 
 
 
16 
 
 
 
Pesquise, em seu Estado, a legislação específica para o tema de áreas contaminadas 
ou busque em outros Estados que sejam referência, como São Paulo. 
 
 
3.1 Suporte legal e normas técnicas pertinentes 
 
A seguir, será apresentado o suporte legal a nível federal de interesse para o tema de 
áreas contaminadas e também as normas pertinentes. 
 
3.1.1 Legislação Federal 
 
• Resolução Conama nº 420, de 28/12/2009 – Dispõe sobre critérios e valores 
orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e 
estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por 
essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas. 
 
• Resolução Conama nº 396, de 03/04/2008 – Dispõe sobre a classificação e diretrizes 
ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas e dá outras providências. 
 
Como a cidade de São Paulo, notoriamente através da CETESB, órgão responsável 
pelas ações de controle ambiental do estado, é referência para o setor de áreas 
contaminadas, vale reportar as respectivas legislações do estado supracitado, a saber: 
 
3.1.2 Legislação Estadual de São Paulo: 
 
• Lei Nº 13.577, de 08/07/2009 – Dispõe sobre diretrizes e procedimentos para a 
proteção da qualidade do solo e gerenciamento de áreas contaminadas. 
 
• Decreto nº 54.544, de 08/07/2009 - Regulamenta o inciso XIII do artigo 4º e o inciso 
III do artigo 31 da Lei nº 13.577, de 8 de julho de 2009, que dispõe sobre diretrizes 
desta Lei. 
 
• Decisão de Diretoria CETESB nº 103-2007-C-E, de 22/06/2007 – Dispõe sobre o 
procedimento para gerenciamento de áreas contaminadas. 
 
3.1.3 Normas Técnicas 
 
O Brasil dispõe de normas técnicas (ABNT) para a recuperação de áreas degradadas 
pela mineração, como a NBR 13030 (1999), e também para orientar as primeiras 
etapas do gerenciamento de áreas contaminadas (Investigação Preliminar e 
Confirmatória), assim como para amostragem de solo e águas subterrâneas. Outras 
 
17 
 
normas técnicas visam orientar preventivamente e estabelecer medidas para o correto 
manuseio, armazenamento e transporte de produtos e resíduos perigosos (FIEMIG, 
Gerenciamento de Áreas Contaminadas). 
 
 
 
 
ABNT NBR 15515-1 
Passivo ambiental em solo e água subterrânea. A norma estabelece os procedimentos 
mínimos para avaliação preliminar de passivo ambiental visando à identificação de 
indícios de contaminação de solo e água subterrânea. 
 
A norma ABNT indicada, a seguir, para projeto e construção de poços de 
monitoramento é importante para o setor de áreas contaminadas, uma vez que nos 
processos de investigação ambiental, os poços são considerados fontes potenciais de 
contaminação subterrânea caso não possuam um perfil construtivo adequado ou não 
tenham proteção. 
 
ABNT NBR 15495-1 
Poços de monitoramento de águas subterrâneas em aquíferos granulados. Norma que 
estabelece parâmetros para projetos e construção de poços de monitoramento de 
água subterrânea. 
 
ABNT NBR 15847 
Amostragem de água subterrânea em poços de monitoramento – Métodos de purga. A 
norma apresenta os métodos de purga com remoção de volume determinado, purga 
de baixa-vazão e métodos passivos de amostragem. 
 
ABNT NBR 10004 
Critérios de classificação e os ensaios para a identificação dos resíduos conforme 
suas características. A norma classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos 
potenciais para o meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados 
adequadamente. 
 
ABNT NBR 11174 
Armazenamento de resíduos classes II - não inertes e III – inertes procedimento. 
 
ABNT NBR 13221 
Transporte terrestre de resíduos. EstaNorma especifica os requisitos para o 
transporte terrestre de resíduos, de modo a evitar danos ao meio ambiente e a 
proteger a saúde pública. 
 
ABNT NBR 12235 
Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos - procedimento. Fixa as condições 
para armazenamento adequado de resíduos sólidos perigosos de forma a proteger a 
saúde humana e o meio ambiente. 
 
ABNT NBR 14725 
Produtos Químicos – Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente. Norma 
que define os termos empregados no sistema de classificação de perigo de produtos 
químicos, na rotulagem de produtos químicos perigosos e na ficha de informações de 
segurança de produtos químicos (FISPQ), estabelece as informações de segurança 
relacionadas ao produto químico perigoso a serem incluídas na rotulagem e 
informações para a elaboração de uma ficha de informações de segurança de produto 
químico (FISPQ). 
 
18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estamos vivendo um “boom” imobiliário e no mercado de construção civil tem-se 
observado transações comerciais com a aquisição de passivos! Para o empreendedor 
a palavra de ordem é o prazo e, na maioria dos casos, se existe uma suspeita de 
contaminação na área, faz-se ou solicita-se uma amostragem do solo e raramente da 
água subterrânea. Por desconhecimento ou agilidade para negociação, o problema 
futuramente pode se tornar mais grave, haja vista o que ocorre atualmente em São 
Paulo, onde centros comerciais (Shopping Center Norte) foram construídos em cima 
de lixões ou áreas industriais abandonadas. Muitos casos são emblemáticos, 
envolvendo famílias que sonhavam com a casa própria e acabaram adquirindo imóveis 
assentados sobre verdadeiros coquetéis de rejeitos químicos industriais, cujas 
emanações passaram a constituir verdadeiras ameaças à sua saúde, transformando a 
antiga esperança da casa própria em pesadelo (CETESB, 2003 – Guia para avaliação 
potencial de contaminação em Imóveis). Cita-se, também, a título de informação, os 
conjuntos habitacionais Jardim Juliana e Palmeiras II, em Ribeirão Preto, que 
enfrentam problema semelhante ao que vem ocorrendo com o shopping Center Norte, 
na capital paulista. 
 
 
 
 
Esta dinâmica dos brownfields (áreas industriais contaminadas abandonadas) está 
muito bem discutida no Seminário Internacional sobre Remediação e Revitalização de 
Áreas Contaminadas (Moeri, E. N. et. al., 2007), realizado pelo Instituto EKOS Brasil 
em parceria com a GTZ – Agência Alemã de Cooperação técnica, em que se tem o 
estado da arte, abordagens técnicas e de gestão, além de experiências bem 
sucedidas tanto no Brasil quanto internacionalmente. 
 
Este Seminário foi organizado inicialmente em 2002 e, nesta época, os casos 
polêmicos de passivos ambientais como o do Aterro Mantovani, Barão de Mauá, 
Recanto dos Pássaros e Vila Carioca ocuparam as manchetes da grande imprensa. O 
intuito do Seminário tem sido juntar consultores, empresas industriais, academia, e 
órgãos ambientais estaduais para apresentar casos de experiências práticas nacionais 
e internacionais bem-sucedidos em diagnosticar e remediar áreas contaminadas, 
debater metodologias e comparar abordagens de gestão estratégica (pública ou 
privada) dos passivos ambientais nos diversos países – e que contribuem para o 
progresso da gestão ambiental no âmbito do desenvolvimento urbano. Já foram 
realizados 08 encontros, tendo o último (VIII Seminário Internacional Sobre 
Remediação e Revitalização de Áreas Contaminadas), ocorrido em Outubro de 2012. 
Todos os seminários podem ser encontrados no site do instituto EKOS Brasil ou 
também na biblioteca do SENAI. 
 
 
 
19 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 4 
4. METODOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO DE ÁREAS 
DEGRADADAS 
 
4.1 Metodologias de Investigação de Áreas 
Contaminadas 
 
As diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas abrangem o solo 
e o subsolo, com todos seus componentes sólidos, líquidos e gasosos. Já os critérios 
para prevenção, proteção e controle da qualidade das águas subterrâneas possuem 
legislação específica (Conama 420/09). 
 
O gerenciamento de áreas contaminadas (ACs) tem como objetivo minimizar os riscos 
ou minimizar riscos aceitáveis aos quais a população e o meio ambiente estão sujeitos 
pelas diversas vias de exposição e compartimentos ambientais (solo, ar, água) em 
vista de um cenário real ou potencial para cada tipo de contaminação e receptores 
(homem, rios, lagos, nascentes, biota) envolvidos. 
 
Este gerenciamento compreende um conjunto de medidas ou técnicas que asseguram 
o conhecimento das características da área e dos impactos associados, 
proporcionando os instrumentos necessários à tomada de decisão quanto às formas 
de intervenção mais adequadas (CETESB, Manual Gerenciamento, 2001). 
 
A estratégia ou metodologia utilizada no gerenciamento de ACs é constituída por 
etapas sequenciais, em que a informação obtida em cada etapa é a base para a 
execução da etapa posterior, com o objetivo de otimizar recursos técnicos, 
econômicos e promover uma caracterização adequada da extensão da contaminação. 
 
A identificação e a recuperação constituem a base dos dois processos para o 
gerenciamento de ACS. O processo de identificação de áreas contaminadas tem 
como objetivo principal a localização das áreas contaminadas, sendo constituído por 
quatro etapas: 
• Definição da região de interesse; 
• Identificação de áreas potencialmente contaminadas; 
• Avaliação preliminar e a 
• Investigação confirmatória (CETESB, 1999). 
 
No entanto, este processo inicial está muito associado ao registro ou cadastramento 
de áreas potencialmente impactadas pelo setor público e, a partir dos levantamentos – 
através das características da fonte de contaminação (tipo de contaminante, tamanho 
da fonte de contaminação), as vias de transporte dos contaminantes e a importância 
dos bens a proteger – procede-se com uma priorização de áreas. Por outro lado, na 
 
20 
 
prática de consultoria ambiental, as etapas de investigação preliminar e confirmatória, 
muitas vezes, são realizadas conjuntamente e de forma mais dinâmica. 
 
O processo de recuperação de áreas contaminadas tem como objetivo principal a 
adoção de medidas corretivas nessas áreas que possibilitem recuperá-las para um 
uso compatível com as metas estabelecidas a serem atingidas após a intervenção, 
adotando-se, dessa forma, o princípio da “aptidão para o uso”. Esse processo é 
constituído por seis etapas, a saber: 
 
• Investigação detalhada; 
• Avaliação de risco; 
• Investigação para remediação; 
• Projeto de remediação; 
• Remediação; 
• Monitoramento para reabilitação para uso declarado. 
 
Todas as etapas do gerenciamento de áreas contaminadas, desde o cadastramento 
até o encerramento do caso com a área apta para uso declarado, após a remediação 
e monitoramento, são ilustradas no fluxograma abaixo (Figura 6). 
 
 
 
 
21 
 
Figura 6. Fluxograma ilustrativo das etapas de uma investigação e remediação ambiental. 
Fonte: www.cetesb.sp.gov.br 
 
De acordo com a execução das etapas do processo de identificação e do 
gerenciamento de AC, em função do nível de informação existente referente a cada 
uma das áreas em estudo, as mesmas podem ser classificadas ou reclassificadas 
como: áreas potencialmente contaminadas (AP), áreas suspeitas de contaminação 
(AS) ou áreas contaminadas (AC). Estes conceitos podem ser estudados na íntegra e 
de forma mais aprofundada no Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
(CETESB, 2001). 
 
Segundo a Resolução do Conama 420/09, o gerenciamento de áreas contaminadas, 
similarmente ao Manual da CETESB, compreende as seguintes etapas: 
 
Identificação: Serão identificadas áreas suspeitas de contaminação com base na 
avaliação preliminar e, para aquelas em que houver indícios de contaminação,deve 
ser realizada uma investigação confirmatória. 
 
Diagnóstico: Inclui a investigação detalhada e avaliação de risco, com objetivo de 
subsidiar a etapa de intervenção após a investigação confirmatória que tenha 
identificado substâncias químicas em concentrações acima do valor de investigação. 
 
Intervenção: Execução de ações de controle para a eliminação do perigo ou dedução 
a níveis toleráveis dos riscos identificados na etapa de diagnóstico, considerando o 
uso atual e futuro da área. 
 
Monitoramento: acompanhamento e verificação da eficácia das ações executadas. 
 
O responsável por uma área contaminada, seja por exigência legal ou através de 
diagnóstico para aquisição, venda ou levantamento voluntário, deverá comunicar ao 
órgão ambiental o inicio da execução de cada etapa de investigação ambiental, bem 
como apresentar os estudos correspondentes imediatamente após a conclusão de 
cada etapa. 
 
4.1.1 Avaliação Preliminar - Fase I 
 
A avaliação preliminar é realizada através de um levantamento de informações 
disponíveis e visíveis na inspeção de campo, de modo a subsidiar o desenvolvimento 
das próximas etapas do gerenciamento de AC (Investigação Confirmatória). 
Recomenda-se uma planilha de campo (Visita Inicial) que funciona como um checklist 
para o levantamento a ser realizado. Já existe uma planilha para este objetivo de 
acordo com a Norma ABNT NBR 15515 – Avaliação Preliminar. É importante também, 
nesta etapa, sempre verificar a necessidade da adoção de medidas emergenciais na 
área. 
 
Adicionalmente, é realizado um levantamento histórico de uso e ocupação da área 
(entrevistas na vizinhança, funcionários da empresa); Relatos de antigos funcionários 
ou atuais; Reformas realizadas na área; Licenças ambientais; Documentos legais; 
Análise multitemporal de fotos aéreas; estudos anteriores na área. 
 
O perfil geológico do terreno – de suma importância para previsão de vulnerabilidade 
do aquífero local e do transporte de contaminantes em subsuperfície – pode ser obtido 
a partir de dados secundários, como por exemplo, no Serviço Geológico do Brasil 
(CPRM). 
 
22 
 
 
Os dados coletados devem ser interpretados com o intuito de formular hipóteses sobre 
as características da fonte de contaminação, as prováveis vias de transporte dos 
contaminantes (meios por onde podem se propagar), a distribuição espacial da 
contaminação e os prováveis receptores ou bens a proteger atingidos. 
 
Dessa forma, pode-se estabelecer um modelo conceitual inicial da área (Modelo 
Conceitual de Risco). Caso sejam encontrados indícios de contaminação, a avaliação 
deverá prosseguir de forma mais aprofundada, dando início à investigação 
confirmatória e, neste caso, o Modelo Conceitual de Risco é revisado ou atualizado a 
cada etapa de investigação e confirmação ou não da contaminação, conforme 
ilustrado na Figura 7. 
 
O modelo conceitual de risco, definido após a investigação preliminar, constitui-se 
numa síntese das informações obtidas, devendo representar a situação da área 
quanto à possível contaminação existente e sua relação com a vizinhança, incluindo 
os bens a proteger nela existentes. Tal modelo pode ser documentado através de 
texto explicativo ou representado por uma ilustração em que se encontram 
identificados as fontes de contaminação, os bens a proteger, as vias de transporte e 
as possíveis vias de exposição entre os poluentes provenientes da área e os bens a 
proteger (Manual de Gerenciamento, CETESB, 2001). 
 
Sempre que for realizar uma inspeção de campo para caracterização de uma área, é 
de suma importância mapear ou verificar: 
 
● Vapores em níveis explosivos – medido com explosivímetro ou outros 
equipamentos portáteis de campo para medição de vapores orgânicos - presentes em 
sistema(s) de utilidade(s) subterrânea(s) ou construção, residência potencialmente 
afetadas (para adoção de medidas emergenciais); 
● Fase Livre de produto, por exemplo de combustível, pode estar presente na 
superfície do solo, em corpos d’água superficiais, em outras linhas de utilidades ou em 
poços de monitoramento de água; 
● Habitat sensível (rios, nascentes, manguezais, restinga, mata atlântica, áreas de 
produção de alimentos etc.), áreas de proteção ambiental ou receptores sensíveis 
(espécies economicamente importantes, espécies em perigo ou ameaçadas) 
impactados ou afetados no interior ou proximidades; 
● Um poço de captação e produção de água em operação, uma linha de 
abastecimento de água ou uma captação superficial de água para consumo humano 
estão impactados ou potencialmente ameaçados. 
 
Toda a itemização ou checklist a ser verificado em uma inspeção de campo para 
caracterização de uma área potencialmente impactada pode ser consultado na Norma 
ABNT NBR 15515 – Avaliação Preliminar. Estes itens de inspeção inicial também 
podem ser vistos de uma forma resumida em FIEMG (Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas). 
 
A Figura 7 ilustra um cenário de risco hipotético comumente encontrado em sites 
contaminados. 
 
 
23 
 
 
Figura 7. Cenário hipotético de fontes de contaminação, bem como vias de exposição e receptores potenciais. 
Fonte: Maranhão et al., 2007 
 
4.1.2 Investigação Confirmatória - Fase II 
 
O que fazer? 
 
Após o levantamento e mapeamento preliminar de caracterização da área em estudo e 
as possíveis áreas-fonte, bem como os riscos identificados em relação aos receptores 
existentes e potenciais no site e circunvizinhança, esta etapa de investigação tem 
como objetivo confirmar ou não a existência da contaminação de origem antrópica nas 
áreas suspeitas. 
 
Esta Investigação confirmatória, na prática de consultoria, (e não para cadastro de 
áreas contaminadas) muitas vezes é realizada juntamente com a preliminar, em que a 
confirmação da contaminação é alcançada a partir da amostragem do solo e da água 
(subterrânea, e superficial quando necessário) e análises químicas. A partir dos 
resultados das análises químicas, confirma-se ou não se as concentrações 
encontradas no local investigado estão acima dos padrões legais de referência – como 
exemplos, a Portaria de Potabilidade 2914/2011 e Conamas 357/05, 396/08, 420/09. 
 
Para a amostragem do solo e água subterrânea, deve-se proceder com um plano de 
amostragem em função dos levantamentos preliminares da área e possíveis áreas-
fontes. Uma amostra é uma análise pontual e deve ser justificada tecnicamente sua 
localização e objetivo. Eventualmente, pode ser necessária a amostragem da água 
superficial no local ou proximidades da área em estudo. 
 
Anteriormente à amostragem de solo e água subterrânea, podem ser realizados vários 
serviços, a partir dos métodos Screening e Geofísicos. iluastrados na Figura 8, na 
área a ser investigada para subsidiar a assertividade nos pontos de coleta de 
amostras de solo (através de sondagens de reconhecimento) e instalação de poços de 
monitoramento para amostragem da água subterrânea. 
 
Estes métodos Screening e Geofísicos podem ser estudados no Manual de 
Gerenciamento de Áreas Contaminadas. Um exemplo prático para áreas 
contaminadas por derivados de petróleo, como para os postos de serviços ou 
combustíveis, é o mapeamento screening através de um detector portátil de vapores 
orgânicos no solo superficial. Estes vapores orgânicos (VOC) podem ser mapeados, 
 
24 
 
uma vez que os compostos mais voláteis da gasolina ou óleo diesel, como os BTEX 
(Benzeno, Tolueno, Etil-benzeno e Xilenos), acumulam-se nos poros vazios da zona 
insaturada do solo superficial. O mapeamento das concentrações de vapores 
orgânicos (Soil Gas Survey) no solo superficial auxilia na melhor localização dos furos 
de sondagem de reconhecimento para estas áreas, para o plano de amostragem, além 
do julgamento profissional para a área como um todo. 
 
 
Figura 8 - Fluxograma ilustrativode uma etapa de investigação confirmatória 
Fonte: www.cetesb.sp.gov.br 
 
Após a confirmação da contaminação, pode-se realizar a proposição de uma 
investigação detalhada para a área, juntamente com uma Avaliação Risco Específica 
para a Área (Etapa 2 ou Tier 2) – de acordo com a metodologia ASTM, American 
Society for Testing and Material (1998), Standard Provisional Guide for Risk-Based 
Corrective Action -, principalmente tendo em vista os riscos observados para os 
receptores reais no site ou potenciais, de acordo com a verificação da taxa de 
transporte dos contaminantes. 
 
Na prática de consultoria, existem softwares específicos (RBCA – Risk-Based 
Corrective Action) para o cálculo e estabelecimento das concentrações meta 
aceitáveis (CMAs) que não oferecem risco aos receptores identificados e potenciais na 
área em estudo (residentes, trabalhadores comerciais ou de obras, ou receptores 
ecológicos). A CETESB, com base nestas metodologias de análise de risco 
toxicológico à saúde humana, já estabeleceu alguns valores específicos padronizados 
para o estado de São Paulo, inclusive para postos de serviços de combustíveis. As 
planilhas de risco - ACBR - estão disponibilizadas no site da CETESB. 
 
O uso de legislações internacionais deve ser evitado como critério de qualidade, uma 
vez que não representam ou caracterizam as condições ambientais e hidrogeológicas 
locais. As mesmas devem ser utilizadas como sugestão de avaliações futuras em 
relação a um risco potencial para a área, dependendo de cada caso, quando não se 
tem nacionalmente o limite legal para determinado parâmetro. 
 
Os valores de investigação, de acordo com o Conama (420/2009), são as 
concentrações de determinadas substâncias no solo ou água subterrânea acima da 
qual existem riscos potenciais, diretos ou indiretos, à saúde humana e, desta forma, 
 
25 
 
confirmam a contaminação. Estes valores de investigação do CONAMA 420, para a 
CETESB, 2001 - Valores Orientadores, são chamados de valores de intervenção. No 
entanto, a despeito destas denominações distintas pelas respectivas legislações, são 
utilizados com o mesmo objetivo: inferir a contaminação ou não da matriz em questão, 
solo ou água subterrânea, e a proposição de um plano de intervenção ou 
monitoramento, de acordo com o cenário de risco aceitável observado. 
 
De forma complementar, a seguir, são reportados, resumidamente, os serviços 
demandados em uma investigação confirmatória: 
 
– Envolve a realização de sondagens de reconhecimento do solo, em áreas 
prioritárias de acordo com o potencial de existência da contaminação, para 
amostragem de solo e instalação de poços de monitoramento para amostragem 
da água subterrânea – Estes pontos de amostragem, geralmente, estão perto dos 
receptores potenciais ou das áreas-fonte e à jusante das mesmas de acordo com a 
direção de fluxo da água subterrânea, pontos na divisa da empresa e corpos de 
d’água superficiais vulneráveis; 
– Análises químicas específicas (compostos orgânicos voláteis, semivoláteis, 
organoclorados, metais, análises microbiológicas etc.) em função do tipo de fonte ou 
fontes de contaminantes – conforme levantamento preliminar realizado na área em 
estudo – priorização de custos; 
– Obtenção e interpretação de dados hidrogeológicos (ensaios de 
permeabilidade, amostragem geotécnica) e levantamento topográfico básico para 
previsão dos riscos associados e extensão de área impactada; 
– A finalidade é confirmar ou não a existência de contaminação nas áreas-fonte 
potenciais/meio físico; 
– No caso de concentrações acima dos valores de investigação, o proprietário 
comunica ao órgão ambiental e, assim, tem-se inicio o processo de investigação 
detalhada para a remediação ou reabilitação da área contaminada para uso 
declarado. 
 
Sempre, quando identificada presença de produto em fase livre, o responsável pela 
área deverá elaborar um plano de remoção da mesma de forma imediata e, 
posteriormente, um plano de remediação da área, além da comunicação ao órgão 
ambiental pertinente. 
 
Os serviços para uma investigação ambiental são especializados, possuem normas 
específicas e demandam experiência técnica e de campo. Desta forma, deve-se 
prezar pela contratação de uma empresa idônea para garantia da qualidade dos 
serviços e principalmente dos resultados obtidos e interpretados. 
 
A ABAS (Associação Brasileira de Águas Subterrâneas) já possui uma rede de 
empresas qualificadas e credenciadas para prestação de serviços em hidrogeologia e 
águas subterrâneas. Esta associação acredita que a qualificação das empresas 
provocará grandes mudanças no mercado, incentivando o controle e fiscalização mais 
eficientes das empresas do setor, favorecendo a utilização racional do precioso 
manancial subterrâneo. 
 
Um poço de monitoramento mal-instalado pode ser uma fonte de contaminação para o 
nível freático. 
 
4.1.3 Investigação Detalhada e Projeto de Remediação 
 
Constatada a contaminação no solo ou água subterrânea, deverá ser realizada uma 
investigação detalhada na área e análise de risco. Resumidamente, os estudos que 
 
26 
 
compreendem uma investigação detalhada deverão indicar toda a distribuição espacial 
dos contaminantes nos meios físicos envolvidos para subsidiar a avaliação de risco à 
saúde humana (ASTM, 1995) e definição do projeto de remediação da área 
contaminada, em função do uso atual e futuro. 
 
A análise de risco para uma área contaminada estabelece as concentrações máximas 
permitidas (para solo ou água subterrânea) que não oferecem risco ao cenário 
identificado, com base na fonte de contaminação, vias de exposição (Ex. contato 
dermal, inalação de vapores, ingestão) e receptores locais. Este cenário poderá ser 
diferente para cada área estudada, e a partir da análise de risco serão estabelecidas 
as CMA – Concentrações-Meta Aceitáveis para a remediação. A definição do projeto 
de remediação dependerá do tipo de contaminação identificada e a forma de 
gerenciamento da mesma. 
 
Uma investigação detalhada de um projeto de remediação realizada previamente é 
bem complexa e carece de conhecimento e de experiência prática na área. Desta 
forma, os estudos para a execução dos serviços ambientais nesta etapa de 
gerenciamento devem ser aprofundados. Documento de referência em nível de Brasil 
é o Manual de Áreas Contaminadas da CETESB, com suporte legal a partir da 
publicação da Resolução do Conama 420/09. 
 
A avaliação de risco toxicológico é baseada na metodologia RBCA (Risk Based-
Corrective Action), que foi desenvolvida pela ASTM (AMERICAN SOCIETY FOR 
TESTING AND MATERIAL), sendo que, para o cálculo das CMA (Concentrações Meta 
Aceitáveis para a remediação), são utilizados modelos matemáticos, como por 
exemplo, o software RBCA Tool Kit for Chemical Releases v. 2,5 (da Groundwater 
software, dos EUA). 
 
Também existe a metodologia desenvolvida pela USEPA (Agencia de proteção 
ambiental dos Estados Unidos), dentro da filosofia do Superfund – CERCLA, Risk 
Assessment Guidance for Superfund (1989). Este documento funciona como uma 
orientação do processo e diretrizes da análise toxicológica de risco à saúde humana. 
Um estudo mais aprofundado das aplicações da análise de risco ao ambiente e à 
saúde humana em decisões de remediação pode ser observado em Guiseppi, E. A. et 
al (2007). 
 
O programa Superfund norte-americano é um fundo para financiar a remediação de 
áreas contaminadas quando não são identificados facilmente os responsáveis (áreas 
contaminadas abandonadas). Este é um problema econômico enfrentado no Brasil, 
porém o governo federal já estuda a criação de fundos de financiamento nos moldes 
Superfund dos EUA. 
 
A seguir, tem-se como exemplo uma itemização básica de um Plano de Remediação 
de uma Área Contaminada – PRAC (FIEMIG apud DN Conjunta COPAM/CERH nº 
02/10):• Ações Institucionais; 
• Medidas de controle ou eliminação das fontes de contaminação; 
• Caracterização do uso do solo atual e futuro da área objeto e sua circunvizinhança; 
• Resultados da avaliação de risco à saúde humana; 
• Avaliação técnica e econômica das alternativas de intervenção em função da massa 
de contaminantes existentes e suas consequências, da eficiência; 
• Prazos envolvidos na implementação das ações de intervenção propostas para 
atingir as metas estabelecidas; 
• Projeto da alternativa de intervenção selecionada; 
 
27 
 
• Programa de monitoramento das ações executadas; 
• Necessidade de medidas de restrição quanto ao uso; 
• Anotação de Responsabilidade Técnica. 
 
 
 
 
Estudos de casos nacionais e internacionais dos setores público, privado e acadêmico 
podem ser encontrados na série de livros do Seminário Internacional sobre 
Remediação e Revitalização de Áreas Contaminadas, do Instituto Ekos Brasil - 
GTZ/Grupo Ecogeo, ou podem ser consultados todos os artigos na íntegra no seguinte 
endereço eletrônico: http://www.ekosbrasil.org/seminario/default.asp. . 
 
 
4.2 Processos Erosivos 
 
A erosão representa um conjunto de ações, incluindo a desagregação, o transporte e a 
deposição das partículas de solo causada por agentes erosivos, tais como o gelo, o 
vento, a gravidade e a água. (BERTONI E LOMBARDI NETO, 1985). 
 
Foi na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em 
Estocolmo em 1972, o primeiro momento em que o tema erosão, suas causas e 
consequências foi abordado pela comunidade internacional. Desde então, a erosão, 
juntamente com a erodibilidade, vem sendo estudada em diversas áreas de 
conhecimento, como Agronomia, Geologia, Geografia e Engenharia Civil (Hidráulica e 
Geotecnia) (Lacerda et al. 2001, Guerra 2002). 
 
Através da influência das ações antrópicas, o impacto inicial sobre o solo, através da 
ruptura do equilíbrio natural do meio, acarreta o desajuste progressivamente 
incrementado pelas formas de uso e ocupação das terras. A erosão natural, própria da 
evolução da paisagem, cede lugar à erosão acelerada, resposta do meio na busca de 
novas condições de estabilidade. Nesse contexto, dois conjuntos básicos de fatores 
condicionam os processos erosivos: o natural, referenciando o meio físico por meio de 
clima, substrato rochoso, relevo e solo, e o antrópico, representado pelas formas de 
ocupação e uso das terras, extremamente variado ante as muitas possibilidades 
criadas pelas atividades humanas (Stein, 1987). 
 
A erosão do solo ocorre em função de diversos fatores e todos interligados. Os 
principais fatores são: o potencial erosivo das precipitações (energia cinética de 
impacto das gotas d´água e do escoamento superficial); a suscetibilidade à erosão do 
solo quanto ao impacto e ao escoamento; a topografia, representada pelo 
comprimento e declividade do terreno; a taxa de cobertura vegetal do solo e práticas 
conservacionistas (Tommaselli et al., 1999). O estudo desses fatores permite a 
elaboração de modelos prognósticos que são importantes para a prevenção e controle 
de processos erosivos. Uma das metodologias mais utilizadas é a Equação Universal 
de Perdas de Solos - USLE (Wishmeier & Smith, 1978). 
 
A EUPS foi desenvolvida em 1954, pelo National Runoffand Soil Loss Data Center e 
pela Agricultural Research Service em colaboração com a Universidade de Perdue 
(USA) e revisada por Wischmeier& Smith (1965 e 1978), incorporando novos dados 
 
28 
 
tais como: (a) índice de erosão de chuva; (b) um método para avaliar os efeitos do 
manejo de uma cultura levando em consideração as condições climáticas; (c) um fator 
quantitativo de erodibilidade do solo; (d) um método que leva em consideração os 
efeitos da associação de certas variáveis, tais como nível de produtividade, sequência 
de culturas e manejo dos resíduos (BERTONI & LOMBARDI NETO, 2008). A EUPS é 
descrita pela seguinte equação (WISCHMEIER & SMITH, 1978): 
 
 
 
 
 
Onde “A” é a perda de solo, em ton/ha.ano; “R” é o fator de erosividade das chuvas, 
em Mj.mm/ha.h.ano; “K” é o fator de erodibilidade do solo, em ton.h/Mj.mm; “L” é o 
fator comprimento de rampa (m); “S” é a declividade (%); “C” é o fator uso e manejo 
(adimensional) e “P” é o fator práticas conservacionistas (adimensional). 
 
A modelagem da erosão do solo é uma forma de descrever matematicamente o 
processo de desprendimento, transporte e deposição de partículas. Assim, torna-se 
uma ferramenta eficaz para avaliar as estratégias de ação a serem adotadas visando 
ao controle da degradação dos solos. 
 
Em termos de procedimentos práticos, a investigação das ocorrências de processos 
erosivos consiste na sequência das etapas de: 
 
• Trabalho em gabinete ou escritório; 
• Investigação de campo 
• Execução dos ensaios de laboratório. 
 
A etapa dos trabalhos em gabinete ou escritório incide no levantamento de dados 
sobre a área a ser trabalhada. Contempla a construção de um arcabouço teórico das 
variáveis que são importantes como: Geologia da área, Pedologia, cobertura vegetal, 
tipo climático e comportamento meteorológico (período chuvoso, período seco, 
amplitude térmica, precipitação pluviométrica e regularidade das chuvas). Deve-se, 
durante essa etapa, buscar informações nas literaturas clássicas e em artigos 
científicos. Outro passo importante nessa etapa é a construção de uma base de dados 
espaciais, composta por mapas temáticos, fotografias aéreas, imagens de satélite e 
base cartográfica em escala compatível com o objetivo do trabalho. Aspectos 
topográficos e geomorfológicos são imprescindíveis para a compreensão do sistema 
natural, bem como para identificação, cadastramento e monitoramento dos focos 
erosivos. 
 
O planejamento para a etapa seguinte, investigação de campo, deve ser apoiado em 
documentos cartográficos visando: 
• Calcular itinerários, otimizando tempo; 
• Combinação de informações necessárias para elaboração de mapa de 
suscetibilidade à erosão; 
• Realizar estimativa de potencias fatores de risco para equipe de campo; 
 
A investigação de campo consiste na visita aos focos erosivos ou nas áreas com maior 
suscetibilidade à erosão. Durante esta etapa, deve-se efetuar: 
• Cadastramento do posicionamento geográfico dos focos erosivos através de 
Sistema de Posicionamento Global GPS. 
• Fazer a classificação do processo erosivo; 
A= R x K x L x S x C x P 
 
 
29 
 
• Fazer um descritivo das características do foco erosivo (dimensão, 
profundidade); 
• Fotografar o foco erosivo; 
• Coletar amostra do solo ao longo da vertente (quando necessário). 
 
Os ensaios laboratoriais contemplam a etapa posterior aos trabalhos de campo 
quando há a necessidade de se coletar amostras do solo da região em estudo visando 
à realização de ensaios laboratoriais para a caracterização do material coletado e à 
avaliação direta e indireta de erodibilidade. A necessidade e aprofundamento dos 
ensaios irão depender de cada situação a ser investigada. 
 
Alguns empreendimentos, para obter licença ambiental para a sua instalação, têm que 
elaborar um programa de monitoramento de processos erosivos, devido à exigência 
do órgão ambiental. 
 
4.3 Métodos Investigativos em Restauração Ecológica 
 
A restauração ecológica de uma área degradada visa restabelecer a diversidade e 
composição da estrutura da vegetação e suas funções no ecossistema que ocupava 
aquele local originalmente. O objetivo deste processo é copiar a dinâmica dos 
ecossistemas específicos. 
 
Segundo Engel e Parrota (2003), restauração florestal é a ciência, arte e prática de 
assistir e manejar a recuperação da integridade ecológica de ecossistemas, incluindo 
um nível mínimo de biodiversidade e de variabilidade na estrutura e funcionamento 
dos processos ecológicos, considerandoseus valores naturais, econômicos e sociais. 
 
Entretanto, áreas muito degradadas e distantes de fontes de colonização de fauna e 
flora podem apresentar sérias limitações quanto a sua capacidade regenerativa, sendo 
mesmo improvável que a Restauração Ecológica seja capaz de lhe restituir certas 
características originais do ecossistema primitivo. Nestas condições, mesmo tornando-
se diferente do ambiente original, a Restauração pode ser efetiva em recuperar 
funções ecológicas. Por exemplo, ocorrendo restituição de fertilidade no solo, através 
do acúmulo e incorporação de biomassa vegetal, em âmbito da ciclagem de 
nutrientes, ou ainda, conservando recursos hídricos, evitando o escorrimento 
superficial da água da chuva causando a lixiviação do solo e o assoreamento de 
corpos d’água adjacentes. 
 
Nem sempre uma área restaurada, conservando solo e recursos hídricos, consegue 
ter capacidade regenerativa. Se as condições de vida para a flora e fauna nesta área 
forem precárias, havendo solo infértil, terrenos muito íngremes, ausência de fontes de 
colonização da fauna e da flora e, principalmente, contaminações químicas no solo, há 
grande chance do ambiente não se regenerar, mesmo sendo restaurado inicialmente 
com plantios diversos de espécies nativas. Nestes casos, se não houver colonização 
de mais plantas, com o envelhecimento e morte dos espécimes plantados, a tendência 
é que a área volte a se degradar com chuvas e erosões, havendo necessidade de 
mais intervenções, com mais gasto de recursos financeiros e humanos. 
 
Um das frentes de maior importância em Restauração é o desenvolvimento de 
métodos que proporcionem capacidade regenerativa ao ambiente degradado, de 
maneira que os gastos com as intervenções sejam mínimos, mas os ganhos em 
termos de i) aporte de biomassa (estrutura), ii) função (serviços ecossistêmicos) e iii) 
regeneração natural (em contexto da sucessão ecológica), sejam máximos. 
 
 
30 
 
Entretanto, a recuperação de áreas degradadas tem resultado principalmente em 
comunidades simplificadas, que muitas vezes não mantêm capacidade regenerativa. 
Atualmente, com a preocupação sobre a diversidade biológica, o restabelecimento de 
espécies e comunidades tem se transformado em uma das principais metas dos 
planos de recuperação (Primack & Rodrigues 2001). A ecologia da restauração pode 
ser vista como uma metodologia experimental, em que se descobre se sua teoria 
básica e prévia está correta com a implantação do projeto e sua manutenção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalhos semanais de restauração de áreas degradadas tiveram origem em 
intervenções de caçadores esportivos dos Estados Unidos, buscando melhorar o 
habitat para caça. Estas intervenções até hoje são usuais e conhecidas como 
Melhoramento de Habitat. Infelizmente, este histórico vem sendo esquecido e muitos 
projetos de recuperação de áreas degradadas não levam em conta o fornecimento de 
habitat e de alimentos para a fauna. 
 
Identificar os fatores limitantes da regeneração natural, caracterizando o potencial de 
uma área ser restaurada, é a primeira etapa em um projeto de recuperação de áreas 
degradadas. Este diagnóstico é fundamental para orientar as formas de se intervir ou 
manejar o ambiente degradado através de restauração. 
 
O diagnóstico também pode ser chamado de ‘coleta de informações de referência’ ou 
caracterização como ‘marco zero’, ou seja, o diagnóstico deve caracterizar as 
condições bióticas e abióticas do local degradado, de maneira que os métodos de 
restauração a serem escolhidos sejam adequados, mas não é só isso, o diagnóstico é 
importante para se registrar as condições de conservação do ambiente e, assim, 
permitir comparações entre o estado de conservação antes e depois da intervenção. 
 
Muitas vezes, é possível que haja uma avaliação adequada do ambiente original de 
uma área degradada, analisando áreas do entorno, que ainda se mantiveram mais 
íntegras ecologicamente (conservadas). Assim, pode-se projetar a restauração para 
que seus resultados se aproximem das condições dos remanescentes naturais e, caso 
isto ocorra, pode-se considerar que a restauração foi efetiva, ou seja, obteve sucesso. 
 
Ao se elaborar o diagnóstico, é importante abordar os seguintes aspectos. 
 
i) Como era o ambiente original? Que tipo de ambiente era? Floresta, campo 
rupestre, cerrado, caatinga. Que tipo de floresta, de cerrado, de restinga? 
Etc. 
 
ii) Trata-se de uma vegetação ciliar? O solo é originalmente raso, hidromórfico, 
pedregoso ou ácido? Qual é o tipo de solo original? Seria fértil? Quais suas 
características originais? 
 
31 
 
 
iii) Como é o clima da região? Considerando que a vegetação é uma expressão 
do solo e do clima, haveria alguma limitação edáfica (solo) ou climática 
(ventos, temperaturas, pluviosidade, insolação) que restringiria a 
exuberância da vegetação e que poderia, ainda, limitar a restauração da 
área? 
 
iv) Há relatos ou documentos antigos, por exemplo, registros do estado de 
conservação da área ora degradada? Há estudos, fotos, imagens de 
satélite, análises antigas e recentes do solo, considerando a fertilidade e 
seus aspectos estruturais? Há históricos da ocorrência de pragas, como 
formigas cortadeiras, lagartas, lebres, coelhos ou capivaras? Algum tipo de 
gado pode invadir a área? 
 
v) Quais teriam sido os impactos ambientais que levaram à degradação da área? 
Corte total da vegetação ou corte apenas seletivo? A área já foi pasto ou 
plantação? O solo fértil (horizonte A) foi removido ou tem sido exposto a 
queimadas, ficando pobre e ácido? Houve erosão? Houve contaminação do 
solo? Houve depósito de entulhos de construção? O solo está 
compactado? 
 
vi) Há vegetação na área degradada? Que tipo de vegetação é? Em que estágio 
de regeneração natural (sucessão) ela se encontra: pioneiro, inicial, médio 
ou avançado? Qual a aparência das plantas? Parecem bem nutridas ou se 
apresentam com folhas murchas, com manchas tipo ferrugem e com 
pragas? Há reprodução das plantas (frutos)? Há bancos de plântulas 
nascendo? As espécies que ocorrem são típicas de sol (heliófitas) ou são 
de sombra, típicas de florestas (umbrófilas). 
 
vii) Há fontes de colonização de biodiversidade no entorno? Estão distantes? 
Estão bem conservadas? São remanescentes grandes e bem conservados 
ou são pequenos fragmentos empobrecidos? De forma geral, as chances 
de sucesso com a restauração de áreas degradadas aumentarão quando 
as fontes de colonização estiverem mais próximas, quanto maiores elas 
forem (em unidade de área) e quanto melhor conservadas estiverem. 
 
viii) Há espécies da fauna que possam interagir ecologicamente com as plantas 
quando da restauração, por exemplo, polinizando flores e dispersando 
sementes (como artrópodes, aves, morcegos, primatas? As espécies da 
fauna nos remanescentes naturais de entorno são espécies típicas de 
ambientes bem conservados ou são tolerantes a ambientes degradados? 
 
ix) Como é a paisagem onde se inserem a área degradada e os remanescentes 
naturais? Ela seria permeável aos organismos, de maneira que as espécies 
dos remanescentes possam transitar, colonizando a área a ser restaurada? 
 
x) Considerando a dinâmica de escorrimento de águas superficiais, topografia, 
origem e presença de corpos d’água e vulnerabilidade a processos 
erosivos, como é a geomorfologia da área degradada e do seu entorno? 
 
xi) Qual o enquadramento legal da área degradada, ou seja, como ela se 
caracteriza no que tange à legislação ambiental vigente na cidade, estado e 
no seu país? 
 
 
32 
 
xii) Qual o tamanho – em unidade de área – da região a ser restaurada? Quais as 
coordenadas geográficas de seus vértices, pelo menos? (O ideal é obter as 
coordenadas geográficas que delimitam toda a área). 
 
A elaboração

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