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COMUNICAÇÃO EM TELEVISÃO: CADERNO DE COMUNICAÇÃO EM TV (2013)

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Comunicação em televisão 
 
Jornalismo: 2º período 
Professor Ms. Enzo De Lisita 
2013/02 - 3ª edição 
 
Matutino 
2ª e 5ª: 07h10h-08h40h 
Sala 108-b 
Laboratório na 5ª 
AO2-COS1019 
 
Noturno 
3ª e 6ª: 18h45-20h15 
Sala 106-b 
Laboratório na 3ª e 5ª 
CO2-COS1019 
Face: jornalismo Puc 2013 
Jornalismopuc2013@hotmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
Se esse veículo servir apenas para divertir as pessoas e alienar, a TV estará 
em perigo e logo veremos que a luta foi em vão, este veículo pode ensinar, 
pode esclarecer e ate mesmo inspirar, mas só poderá fazer isso se todas as 
pessoas ousarem com esse objetivo, ou será apenas um aglomerado de fios 
e luzes numa caixa... boa noite e boa sorte. 
 
Frase final do filme Boa noite e boa sorte (direção de George Clonei), que conta o caso verídico do 
jornalista Edward Murrow, que nos anos de 1950 desafiou a emissora (CBS), patrocinadores e o 
senador Joseph McCarthy, um dos expoentes da extrema-direita dos Estados Unidos, contra a censura 
e em nome da verdade. 
 
 
A televisão é, antes de tudo, cultura popular. Isso não quer dizer que seja 
sinônimo de monopólio, mesmice, baixarias, ou comodismo. [...] A TV 
brasileira é muito, muito ruim. 
 
 Antônio Carlos Brasil - Antimanual de Jornalismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
CAPÍTULO I 
 Televisão: Conceito 
 
O que é televisão? Como ela é feita? 
 
Definição técnica 
SOM (texto) + IMAGEM 
 
Definição sociológica 
DISCURSOS + IDEOLOGIAS + PONTOS DE VISTA 
 
Definição mercadológica 
PRODUTO PARA SE VENDER 
 
 
Não se faz televisão sem imagens, mas, não se faz televisão só com imagens. Eu 
 
Os signos da mensagem televisiva 
Multissensorial 
Multidimensional 
 
Verbais 
Oralidade 
Escrita 
 
Sonoros 
Falas 
Ruídos 
Melodias 
 
Imagéticos 
Imagens em movimento 
Fotografias 
Ilustrações 
Grafismos 
 
 
Televisão exige instantaneidade. 
Isto é bom? A pressa não é inimiga da perfeição? 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
A MENSAGEM NÃO PODE DEIXAR DÚVIDAS. O texto de TV é visto e não lido. 
 
Características - ISENÇÃO 
 - INVESTIGAÇÃO 
 - CHECAGEM 
 - OUVIR OS DOIS LADOS 
 - EMOÇÃO/RAZÃO * 
 
* Os outros fatores são comuns a qualquer tipo de mídia. A TV distingue-se pelo maior 
aproveitamento da emoção, que por sua vez, não pode imperar absoluta. Devido a esta carga de 
emoção a televisão pode se transformar em uma ferramenta extremamente perigosa, se for mal 
usada, ou, usada para o mau. Guilherme Jorge Rezende define com propriedade este poder. 
 
A mensagem televisiva multidimensional e multissensorial tende a atuar com mais 
intensidade sobre o receptor, repercutindo quase diretamente em sua afetividade, 
sem passar pela mediação do intelecto. Na comunicação audiovisual, portanto, 
registra-se o predomínio da sensação sobre a consciência, dos valores emocionais 
sobre os racionais (REZENDE, 2000 p. 40). 
 
Mais ácido, o sociólogo francês Pierre Bourdieu define em poucas linhas o poder da 
imagem e o poder que ela propicia a quem tem o poder de usá-la, ou de manipulá-la. 
 
Os perigos políticos inerentes ao uso ordinário da televisão devem-se ao fato de 
que a imagem tem a particularidade de poder produzir o que os críticos literários 
chamam de efeito de real, ela pode fazer ver e fazer crer no que se faz ver 
(BOURDIEU, 1997 p. 28). 
 
Risco 
 
Devido a amplitude da audiência de TV, o telejornalismo pode transformar a notícia em 
espetáculo, em um show da vida. 
Temos como exemplo os programas sensacionalistas e/ou policiais, Aqui Agora, Cidade 
Alerta, Balanço Geral, Chumbo Grosso etc. 
 
Emissor/receptor 
 
O receptor de uma informação emitida pela TV não lê, ele vê/ouve, por isso: 
- A linguagem e a forma de escrever são peculiares. 
 
 
 
 
 
 
 
3 
- A TV não é nem melhor e nem pior do que as outras mídias, apenas é específica, assim 
como as outras (impresso, rádio, internet) também são. 
- A linguagem televisiva trafega por uma via de informação imediata, que não permite a 
reflexão no momento em que é recebida, diferente do impresso que permite uma releitura. 
- A incoerência e o descompasso entre o texto e a imagem podem levar o telespectador a 
não entender a mensagem ou ter dificuldades de decifrá-la. Na TV não há a possibilidade de 
voltar atrás, dessa forma as informações, devido a própria rapidez da emissão, não deixam tempo 
para o receptor traduzi-la. “O público não tem tempo para decifrar charadas e se deleitar – ou não 
– com o estilo de escrita do redator” (CURADO, p.20). 
 
O telejornalismo e sua inserção na programação de TV 
 
Jornal - Análise objetiva: Embora seja um negócio, é um negócio focado na notícia, na 
informação. 
Televisão - Análise objetiva: Negócio focado no entretenimento, que tem entre suas 
mercadorias o telejornalismo. 
 
Credibilidade 
 
- O telejornalismo dá credibilidade a uma emissora de televisão. Facilita e encarece a venda de 
espaço publicitário. 
- O outro lado: segundo Thompson (1998, p. 224) os produtos da mídia vão atrás do trivial, do 
sensacional. Para ele não há diferença ética entre o consumo de informação do consumo de 
batatas, refrigeradores ou de qualquer outra mercadoria. 
 
Manutenção de hegemonias/ Relação com o poder 
 
- O jornalismo, seja em um telejornal ou em programas de auditório ou de entretenimento, é útil 
na manutenção de hegemonias políticas. Políticos, parentes ou pessoas ligadas a eles utilizam 
concessões de TV (e de rádio), como forma de sobreviverem politicamente. 
- Empresários são donos de emissoras de TV visando ficar mais próximos dos governantes. 
- O telejornalismo proporciona ao(s) dono(s) de emissoras uma aproximação com o poder. 
(Famílias: Barbalho, Magalhães, Bornhausen, Collor etc) 
 
Jornalismo e entretenimento 
 
- Programa do Gugu, Mais você (Ana Maria Braga) Hoje em Dia (Record) são exemplos da 
inserção do jornalismo dentro do entretenimento. 
 
 
 
 
 
 
 
4 
- O departamento de jornalismo é o responsável pela produção do conteúdo, com profissionais 
que geralmente não fazem o jornalismo ‘tradicional’. 
- A inserção de conteúdo jornalístico nestes programas visa dar peso a eles. 
 
Grade de programação 
 
- São considerados aspectos de audiência e de faturamento. 
- Sílvio Santos nunca respeitou o jornalismo na grade do SBT. 
- Jornal Nacional: Foi inserido entre duas novelas no sentido de ter mais audiência. Hoje tem o 
horário mais caro da televisão brasileira. 
- Programação local: Com o surgimento das grandes redes de televisão, perdeu espaço. Os 
telejornais se adequaram à grade da rede. 
 
Mercadoria reaproveitada 
 
- Emissoras possuem canal fechado (e pago) de notícias: 
Globo (Globo News), Record (Record News), Band (BandNews). 
- Aproveitamento da mão-de-obra: O trabalho de uma equipe é aproveitado em dois canais. 
- Reaproveitamento da ‘mercadoria’. Ex: notícias do Jornal Nacional são veiculadas na Globo 
News. Globo Repórter é repetido na Globo News. 
 
Violência 
 
- Farsa: Episódio do programa do Gugu/ PCC (1993). 
- Casos de violência ultrapassam a cobertura dos telejornais, vão por toda a programação, são 
discutidos em programas de entretenimento e de auditório de forma banalizada. 
-Sempre ocorreu na TV brasileira: Flávio Cavalcanti – Hebe Camargo – Fantástico. 
- Exemplos recentes: Caso Isabela Nardoni – Sequestro de Santo André (Caso Eloá) – Márcia 
Nakajima – Bruno.Crime-causa e crime-efeito. 
 
- A análise é superficial, repetitiva, pautada no senso comum. 
- Na busca de audiência, as tevês estão mais preocupadas com o que a concorrência mostra do que 
mostrar com qualidade e respeito ao telespectador (Bourdieu). 
- Exibem os efeitos sem analisar as causas. Denunciam, julgam e condenam. Geralmente os mais 
pobres são o alvo principal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
Boa qualidade 
 
- A televisão é capaz de produzir produtos de boa qualidade. Arlindo Machado (2005) defende 
este ponto de vista e aponta exemplos. Crê que a televisão “é e será aquilo que nós fizermos dela. 
A análise esquece as relações subterrâneas que envolvem a distribuição de concessões e os 
interesses dos detentores destas concessões. 
 
Novas tecnologias/ novas mídias 
 
- O surgimento de novas mídias esta provocando alterações na televisão aberta que perde 
audiência. 
- Pesquisas apontam que jovens ficam mais no computador do que a frente de um televisor. 
- Murilo Ramos e Laurindo Leal Filho levantam a questão: Qual será o futuro da televisão aberta 
com chegada das novas mídias e a queda de faturamento? 
- A informação está disponível o tempo todo (internet, twitter, facebook). É preciso repensar o 
modelo atual de informação na televisão mundial. 
 
Breve história da tv no Brasil (Do filme ao videotape 
1
 até a era digital) 
 
1ª fase (implantação) 
18 -09- 1950, Assis Chateaubriand (Diários e Emissoras Associadas – Diário da Noite, 
Diário de São Paulo, Revista O Cruzeiro e Rádio Tupi), inaugura em São Paulo a PRF-3 TV 
Difusora, depois TV Tupi de São Paulo (Hoje SBT). A pioneira da América Latina. Passaria ser o 
primeiro império de comunicação d Brasil. 
Período marcado pelo improviso. Leia Chatô
2
, (p. 496) e seguintes e você vai entender. - 
Câmera quebrou, atraso de 40 minutos, 200 aparelhos de TV instalados em vários pontos de São 
Paulo. Mazzaropi, Hebe Camargo, Lima Duarte, Lolita Rodrigues, Walter Foster, etc. 
- Primeiros seis meses: cinco horas de programação à noite, com filmes, auditório e noticiário. 
Janeiro de 1951: Segunda emissora do País: TV Tupi, seguida pela TV Paulista 1952; Record 
1953; Itacolomy (BH) 1956; Excelsior (Rio) 1959. 
No Brasil imperou exclusivamente o filme entre 1950 e meados dos anos 1960, o que 
atrasou muito a evolução do telejornalismo devido a falta de agilidade. E olha que a nossa 
televisão é a quinta mais antiga no mundo. 
 
1 Sobre o início da TV leia também Paternostro (capítulos – Iconoscópio: A história da TV / PRF : A TV no Brasil) Squirra 
(Capítulo Televisão: Cinema + Fotografia + Teatro - item televisão) 
2
 Neste livro, o autor Fernando Morais conta que Chatô contrabandeou 200 aparelhos para que a estreia da TV no 
Brasil fosse vista por alguém. 
 
 
 
 
 
 
 
6 
O aparelho de TV, era caro e importado, era pouco acessível para a maior parte da 
população. Uma forma de socialização encontrada na época foi o “televizinho”, ou seja, a pessoa 
que possuía televisão recebia os amigos para, juntos, assistir à programação. 
 
2ª fase (consolidação) 
Aos poucos emissoras chegam a outros Estados, atraindo agências de publicidade e 
anunciantes. 
- Setembro de 1961, é inaugurada a primeira televisão de Goiânia, a TV Rádio Clube (atual 
Record), pertencente aos Diários Associados . A segunda TV, a Anhanguera, foi ao ar no dia 
24/10/1963. Elas funcionavam no máximo sete horas por dia. 
- Abril de 1960, inauguração de Brasília, primeira tentativa de transmissão via satélite. 
- Os nomes dos programas eram programas associados ao patrocinador: Gincana Kibon, Cine 
Max Factor, Boliche Royal, Teatro Walita. No jornalismo: Repórter Esso, Mappim Movietone, 
Telenotícias Panair. 
- Videotape: racionalização da produção, economia de custo e de tempo, melhor qualidade. 
Transmitir sem links (caro). O VT deu grande impulso às telenovelas. TV Excelsior – primeira 
novela diária 2-5499 Ocupado, com Glória Menezes e Tarcísio Meira. 
- Programas de auditório: O Fino da Bossa com Elis, Jovem Guarda com Roberto Carlos, 
Festivais. 
- Abril de 1965 surge a TV Globo (RJ), de Roberto Marinho. 
- 1966: TV Globo compra TV Paulista, se associa ao grupo norte-americano Time-Life, compra e 
contrata emissoras pelo País (afiliadas), expandindo o sinal. 
- 1966: Surge a Embratel, interliga o país com microondas, consórcio internacional uso de 
satélites de telecomunicações Intelsat. 
- 1969: Primeiro programa em rede nacional, Jornal Nacional, retransmitido ao vivo, via Embratel 
para as emissoras de rede. O segundo programa em rede foi o Fantástico, em 1973. 
Marcada por crises (causadas por motivos políticos, financeiros e administrativos) que 
abalaram Tupi, Record e Excelsior e pela crescente hegemonia do modelo criado pela Rede 
Globo. Vai até meados da década de 1970. 
Era impossível fazer telejornalismo nas ruas com aqueles aparelhos. A cobertura básica era 
feita com filmes 8 milímetros mudos. Eles tinham que ser revelados antes de ir ao ar, isso 
comprometia a agilidade. A edição era demorada, primeiro a revelação depois o corte literal da 
fita (com tesoura mesmo) para montagem na moviola. Era o tesourão! Com todas estas etapas a 
serem superadas, muitas vezes não dava tempo de a reportagem ser mostrada no mesmo dia do 
fato reportado. 
A exibição de programas telejornalísticos no Brasil só veio a ser regulamentada em 1963 
pelo Decreto 52.795 (artigo 28, letra 12, inciso C) que obriga as emissoras de televisão “destinar 
um mínimo de 5% do horário de sua programação diária à transmissão de serviço noticioso”. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
3ª fase (censura - segmentação) 
Década de 1970 
- Ditadura militar, investe em tecnologia e aperta o cerco na censura, através do AI-5 e da Lei de 
Imprensa. 
- Primeira transmissão ao vivo de uma Copa do Mundo, México 1970. 
- Primeira transmissão em cores, 1972, no Rio Grande do Sul. 
- Final dos anos 1970: Abertura política. Globo: Séries brasileiras – Malu Mulher, Carga pesada. 
Década de 1980 
- Governo cassa a concessão da Rede Tupi, mergulhada em uma crise financeira e administrativa. 
Surgem SBT (popular) e TV Manchete (documentários). 
- Edir Macedo compra a TV Record. 
- Final dos anos 1980 – SBT vice-líder de audiência, cria o Telejornal Brasil, introduz a figura do 
âncora no telejornalismo brasileiro com Bóris Casoy. 
A reportagem de rua usando vídeo-teipe no Brasil só se tornou realidade entre o final da 
década de 1970. Antes disso tudo não passava de um pequeno filme mudo, sem entrevista, que 
chegava a gastar até duas horas para ser editado. Imagine essa demora na correria das grandes 
cidades em conflito com o imediatismo da televisão
3
. Com a mobilidade e o barateamento de 
custos de produção obtidos, ganha força a segmentação da programação televisiva no Brasil que 
se faz sentir com um relativo aumento produção regional, embora ainda insipiente. Parte desta 
segmentação deve-se também à chegada ao país da TV por assinatura. 
 
4ª fase – O futuro! – 
Década de 1990 
- Com a TV por assinatura (1991) TV aberta muda programação: programas de auditório 
apelativos, discutem em público a privacidade das pessoas, talk-shows, entrevistas. Vale-tudo pela 
audiência. Aqui Agora. 
- Em 1996 a Globo cria a Globo News – primeiro canal brasileiro de notícias 24 horas. 
- Em 1997 é criada a Anatel para fiscalizar as telecomunicações. 
- Em 1999 é criada a TV Globo Internacional, que transmite via satélite para EUA e Japão. 
Década de 2000 
- 2000: Estreia primeiro reality show no país: No Limite. Depois surgem Casa dos Artistas, BigBrother Brasil. 
-2001: Bandeirantes cria mais dois canais: Band News e Band Kids. 
- 2002: Primeira TV via Internet – AllTV. (www.alltv.com.br) 
 
3
 O livro Telejornalismo no Brasil, de Guilherme Jorge de Rezende, dedica um capítulo inteiro, 9, para contar e 
analisar a história do telejornalismo no Brasil. Leitura obrigatória para quem quer entender a TV brasileira 
 
 
 
 
 
 
 
8 
2003: Record comemora 50 anos. TV mais antiga da América Latina em atividade. 
- AllTV retransmite o sinal para o Canal 8 TVA. Primeira TV virtual a invadir o meio televisivo 
convencional. 
- Em 2 de dezembro de 2007, acontece a primeira transmissão oficial de sinal de TV digital no 
Brasil, em São Paulo, através do SBT. 
- TV digital em Goiás: TV Anhanguera/Goiânia (4 de agosto de 2008) e mais Anápolis e 
Luziânia, 2 de agosto de 2010. Em Goiânia também já transmitem com o sinal digital a Record, 
Serra Dourada e Rede TV. 
Vivemos o mundo digital, a internet e as redes sociais estão disputando espaço com a 
televisão. Alguns chegam a temer pelo futuro da televisão, como é o caso do pós-doutor em 
Comunicação pela Unicamp, Doutor em Comunicação pela University of Columbia (EUA) e 
coordenador do Laboratório de Comunicação da UNB, Murilo Ramos, que deu o seguinte 
depoimento ao autor: 
 
A TV aberta tem dois problemas: um é reconhecer que ela é muito 
centralizada, o outro é saber se ele vai saber sobreviver após a 
digitalização. Qual é o modelo de negócio da TV aberta? Nós temos que 
falar dela no Brasil, ela é comercial. Ela só tem uma fonte de receita, o 
intervalo comercial. Com o avanço da TV paga, com avanço da internet, 
dos blogues, das redes sociais esta situação tende a se agravar. Nos EUA é 
nítido, está despencando mais ainda a audiência da TV aberta, o modelo de 
negócio está entrando em colapso, a NBC, uma rede poderosa foi 
comprada por uma empresa de cabo, a Comcast é como se a NET 
comprasse a Globo. Primeiro tem que pensar se a TV aberta vai 
sobreviver, como vai ser o modelo de fomento dela (depoimento ao autor). 
 
 Outra característica desta fase decorre da maior acessibilidade pela população a 
mecanismo de gravação de imagens através de celulares ou filmadoras. Como é impossível para 
uma emissora estar em todos os lugares ao mesmo tempo, principalmente em tragédias, acidentes, 
crimes, tumultos que não têm hora marcada para acontecer tem sido cada vez mais recorrente o 
uso pelas emissoras de imagens capturadas pelo cidadão. 
 Tal recurso amplia e democratiza a cobertura, mas não pode ser usada de forma populista 
para a emissora propagandear que abre espaço para a população quando não verdade acaba 
usando o cidadão para preencher seu espaço sem a utilização de profissionais (jornalistas) 
qualificados. 
 
Telejornais no Brasil 
 
Primeiro telejornal – Imagens do Dia – 1950 – TV Tupi: 
Locução em OFF, texto estilo radiofônico. Entre nove e meia e dez da noite. 
 
 
 
 
 
 
 
9 
Rui Rezende: locutor, produtor, redator. Notas com imagens, filme preto e branco, sem áudio. 
 
Repórter Esso - Primeiro telejornal de sucesso. 1953, TV Tupi, no ar por quase 20 anos. 
Apresentado por Kalil Filho, em São Paulo. No Rio, Gontijo Teodoro. Oito da noite, texto 
objetivo. 
Abertura: “aqui fala o seu repórter Esso, testemunha ocular da história”. 
 
Edição extra - Primeiro telejornal vespertino. TV Tupi, São Paulo. Primeiro repórter de vídeo: 
José Carlos de Morais 
 
Jornal de vanguarda - TV Excelsior, 1962. 
Passou por várias emissoras: Tupi, Globo, Continental e Rio. 
Retirado do ar pela censura em 1968. 
Criado por Fernando Barbosa Lima, vários locutores, Cid Moreira. 
Prêmio Espanhol de melhor do mundo em 1963. 
 
Show de notícias TV Excelsior, 1963 a 1964. 
Mesma linha do Jornal de Vanguarda. 
 
Jornal Nacional - Telejornal no ar a mais tempo, desde 1969. 
Rede Globo, líder de audiência no horário. 
Criado por Armando Nogueira. 
Primeiro a apresentar reportagens em cores, a mostrar imagens via satélite, de acontecimentos 
internacionais. 
Modelo americano de narrativas e a figura do repórter de vídeo. 
Subserviência para com a censura. 
 
Bom Dia São Paulo - Rede Globo, 1977, primeiro telejornal matutino. 
Primeira vez: Unidade Portátil de Jornalismo (UPJ), com repórteres entrando ao vivo de vários 
pontos. Praças e afiliadas criam o Bom Dia Praça, depois, Bom Dia Brasil. 
 
TJ Brasil - SBT, 1988. Bóris Casoy, âncora e credibilidade do jornal suprimiram deficiências 
técnicas. Comentários: representavam o sentimento do povo. Em 1997 Bóris se transfere para a 
Record. 
 
Aqui e Agora - SBT, 1991. Classes C, D e E. 
Sensacionalista, apelativo, flagrantes, denúncias, violência e tensão. 
Duas horas de programa. 
 
 
 
 
 
 
 
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Fórmula cansou e foi tirado do ar no final de 1997. 
 
Jornal da Band - TV Bandeirantes, 1997. Paulo Henrique Amorim deixa escritório da Globo em 
Nova York. Apresentador, repórter e editor-chefe. 
Estilo forte e opinativo, informações exclusivas e ao vivo. 
Em 1999 Paulo Henrique Amorim deixa a emissora. 
Hoje é apresentado por Carlos Boechat, Joelmir Beting e Ticiana Villas-Boas. 
Alguns estudiosos creditam a Joelmir Betting o primeiro âncora da TV brasileira fazendo tímidos 
comentários econômicos no telejornal noturno da TV Bandeirantes, no final da década de 1970. 
 
Jornal da Cultura - TV Cultura, 2010. Formato diferente, menos comercial e sensacionalista. 
Voltado para o jornalismo público, se diferencia pelos temas diferenciados da cobertura. 
Destacam-se as notícias e reportagens sobre cidadania (prestação de serviços, política, direitos 
humanos e saúde), conhecimento (educação, ciência e tecnologia) e meio ambiente 
(sustentabilidade, clima e meteorologia). Uma linha de jornalismo que Vladimir Herzog tentou 
implantar na década de 1970 na mesma emissora, até ser morto nos porões da ditadura. 
 
Jornal da Record - Apresentado por Ana Paula Padrão e Celso Freitas. 
Assim define o sítio da emissora: “Além das principais notícias do dia, toda semana, o Jornal da 
Record exibe uma série de reportagens especiais sobre os mais variados assuntos de interesse da 
população brasileira e dos brasileiros que acompanham, em 150 países, o telejornal através da 
Record Internacional”. 
 
Os generais da comunicação e abertura 
 
Em 1964 aconteceu o golpe militar, que perdurou até 1985. Nesse período, calou-se a 
imprensa com o AI-5 e a Lei de Segurança Nacional. Censores compunham o cenário das 
redações. E é bom que se diga, muitos donos de emissoras de televisão não se sentiram 
desconfortados com os incômodos visitantes. 
Foi um período de paradoxo. No poder, os militares censuraram, além de matar jornalistas 
4
. De outro lado, investiram em tecnologia como nunca antes. Um exemplo foi a chegada da TV 
em cores em 1972, cuja primeira transmissão foi a Festa da Uva, no Rio Grande do Sul, terra do 
general Médici, que era o ditador de plantão. 
 
4 O diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo, Vladmir Herzog foi uma das vítimas. Morreu dentro de uma cela do 
Dói/Codi (polícia política), em 25/10/1975. A causa mortis foi de que ele teria se enforcado, “amarrando o nó na primeira barra 
da grade, a 1,63 m do piso, e ficara sem espaço para que seu corpo pendesse. Tinha os pés nos chãos e as pernas curvadas. 
Suicídios desse tipo são possíveis, porem raros”. (GASPARI, 2004, p.177). Herzog foi preso acusado de ser filiado ao PCB e de 
praticar um jornalismo voltado para os problemas da comunidade, inspirado no modelo da BBC de Londresonde trabalhou. 
 
 
 
 
 
 
 
11 
Através do satélite e da transmissão via micro-ondas foi possível unir todo o país ao 
mesmo tempo. O pioneirismo advindo com o Jornal Nacional, em 1º de setembro de 1969, com a 
transmissão via satélite foi um marco. O investimento veio através de um acordo entre a TV 
Globo e o grupo multinacional estadunidense Time-Life que financiou a modernização tecnológica 
da TV brasileira possibilitando o surgimento do Padrão Global. 
O acordo gerou uma CPI que não deu em nada
5
. Era proibida a participação de capital 
estrangeiro em empresa de telecomunicação
6
. O regime militar acariciou com uma mão, 
investindo em tecnologia e bateu forte com a outra cerceando a livre expressão. 
Durante a ditadura militar, censuradas, as emissoras de televisão se viram obrigadas a 
diminuir a importância do jornalismo em suas grades de programação. “O telejornalismo, 
sobretudo o praticado na Globo, líder de audiência, acabou se afastando da realidade brasileira. 
Despolitizada, a emissora encontrava nos programas de entretenimento atalho para se aproximar 
afetivamente de sua audiência” (REZENDE, 2000, p. 115). 
Nos final dos anos 1970 a sociedade foi se mobilizando e forçando o relaxamento do 
regime militar, que ainda reprimia. Um breve resumo mostra como foram os avanços e os 
retrocessos nesse período. 
1975/79 - Governo do General Ernesto Geisel inicia a abertura lenta, gradual e irrestrita. 
1975 - Morte de Wladmir Herzog nos porões do Doi-Codi. 
1976 – O terror continua vivo: Bomba explode na sede da ABI, no Rio de Janeiro. 
1978 – No dia 12 de dezembro de 1978, acaba o AI-5. A imprensa começa a se livrar das 
amarras. Os metalúrgicos fazem greve, surge Lula. 
1979 – Os anistiados começam voltar, dentre eles muitos jornalistas, a imprensa cobre. 
1979 – Após um longo processo de decadência e com a Globo cada vez mais forte, a Rede 
Tupi é fechada pelo governo. Era o fim de uma era da TV brasileira que surgiu na base do 
pioneirismo, improviso e muita chantagem e jogo rasteiro. 
Dos restos da Tupi surgiram a Manchete e o SBT. A Manchete trouxe uma nova 
linguagem de jornalismo, com a mesma plasticidade global, mas contendo mais análise, além da 
ousadia de colocar no ar um telejornal de duas horas de duração no horário nobre. O SBT foi um 
presente a Sílvio Santos que fazia agrados ao regime mostrando A semana do presidente em seu 
programa dominical. 
1980 - Programas de entrevista ou de debates surgem. Em Goiânia, 1980, o senador 
Henrique Santillo (MDB) e o prefeito nomeado da capital, Índio Artiaga, fazem na TV Goyá 
(hoje Record) o primeiro debate político após a abertura. 
 
5 Sobre o Jornal Nacional vez Rezende, p. 109/113 
6 A Emenda Constitucional 36 alterou o artigo 222 da atual CF e permitiu que empresas constituídas no Brasil e sob as leis 
brasileiras sejam proprietárias de empresas de radiodifusão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
Na TV Bandeirantes, Fernando Barbosa Lima lança o Canal Livre, que semanalmente 
acolhia um entrevistado, geralmente personalidades do mundo político que antes não tinham 
acesso à televisão. 
1984 – Vexame: A Globo ignora a mobilização Diretas Já. O provo protesta, “o povo não 
é bobo, abaixo a rede Globo”. No dia 25 de janeiro, um comício na Praça da Sé reunia milhares 
de pessoas pedindo eleições diretas. A Globo citou o fato no final do Jornal Nacional referindo-se 
ao episódio apenas como um dos eventos comemorativos do aniversário da cidade, sem conotação 
política. 
1985 – O martírio de Tancredo é acompanhado até o enterro na cidade natal dele, São João 
Del Rey, Minas Gerais. Segundo Rezende “a mais intensa e extensa cobertura jornalística da 
história da TV brasileira” (op. cit. p.125) 
1988 – No dia 5/10 é promulgada a nova Constituição, denominado por Ulisses Guimarães 
de constituição cidadã. Com ela acaba a censura. A nova carta garante o direito de resposta, 
preserva o sigilo da fonte e proíbe o anonimato. (Art. 5
o
, incisos IV, V, IX, X e XIV). Foi criado 
pela primeira vez um capítulo exclusivo para a Comunicação, o Capitulo V (arts. 220/224). 
 
 
CAPÍTULO I I 
Quem faz um telejornal 
 
Nas grandes emissoras de TV é comum repórteres e apresentadores terem, merecidamente, 
grandes salários pelo trabalho que desempenham. Mas eles não trabalham sozinhos. O produto 
final que é mostrado por eles passa antes por uma linha de montagem que envolve muita gente, 
não só jornalistas, mas técnicos e o pessoal operacional. Em televisão o trabalho dos profissionais 
é interdependente. Mesmo executando suas funções em turnos diferentes ou até em locais 
distintos, todos precisam de todos. 
Imagine aquele superapresentador que ganha uma fortuna, que conversa com o presidente 
da República na hora que quer e que conhece o mundo. Pois bem, o que seria dele se um humilde 
assistente de estúdio não fizesse o trabalho direito? Se ao chegar para o trabalho este assistente 
não checar se os cabos estão em ordem, se alguma lâmpada não foi queimada, se as pilhas dos 
microfones não estão fracas? Todo o trabalho do dia e da véspera, desse apresentador e da equipe 
pode não servir para nada. 
O problema de algumas pessoas que aparecem na tela é acharem que são melhores do que 
as outras, isto acontece por aqui como também em outras paragens, como nos Estados Unidos. 
Brasil (2007, p.85) assim descreve os âncoras estadunidenses: “Na redação, os âncoras são 
facilmente reconhecíveis. Chamam a atenção pelo visual exagerado e pelo comportamento 
extravagante. Falam alto, em tom sempre estranho e impostado”. 
 
 
 
 
 
 
 
13 
Por isso, o jornalista tem que ter em mente que se a sua atividade dentre de um telejornal é 
atividade fim, o trabalho que executa não terá resultado se não houver sinergia com o pessoal da 
atividade meio. 
A composição de uma equipe de telejornalismo é variável, depende do tamanho da cidade, 
se a emissora é cabeça de rede, da linha editorial e do tempo que o Jornalismo tem dentro da 
programação da emissora. Mesmo uma TV pequena necessita ter alguns cargos de comando para 
realizar um bom trabalho. Seguem as funções principais, apresentadas de forma hierárquica 
 
Diretor de jornalismo - É a função mais alta na hierarquia de um departamento de 
Telejornalismo, é o elo entre a redação e o comando da empresa. É do titular dessa função a 
última palavra sobre a linha editorial, contratação, demissão e os mais variados atos de gestão. 
Para ocupar essa cadeira, o candidato necessita ser um jornalista com conhecimento em 
gerenciamento e relações humanas, ética e liderança. Não pode ser um mero repassador de ordens 
da direção ou de reivindicações do grupo. 
Passam pelas mãos do Diretor de Jornalismo os perfis editorial e de trabalho da equipe, 
fazendo que a forma de atuação do grupo e o conteúdo que o telespectador assiste, tenham uma 
linguagem uniforme. Não pode se omitir em cobrar as falhas, mas também deve compartilhar com 
o grupo as vitórias obtidas por esse mesmo grupo. 
Mesmo em uma estrutura democrática, onde as decisões são discutidas e não impostas 
verticalmente, deve exercer a liderança. Uma postura inadequada, ou a falta de postura refletem 
na redação e geram brechas para interferências de interesses político e/ou econômico. 
Devido às necessidades da função, o diretor ocupa boa parte de seu tempo cuidando de 
questões administrativas (e políticas). Essas atribuições não podem afastá-lo da redação sob o 
risco de cada um fazer a seu modo o quê desejar. 
Depende muito de sua postura evitar a desmotivação, o bater cabeça e principalmente as 
fofocas, transmitidas pela rádio peão, comumem locais de estrutura rígida e não democrática. 
 
Diretor executivo (chefe de redação) - Parte do dia do Diretor é dedicada a contatos fora 
do departamento, ainda que dentro da emissora. Por isso ele precisa de uma pessoa que tome, com 
autonomia, decisões que são suas. Essa função é exercida pelo Diretor Executivo, ou, Chefe de 
Redação. Para economizar um salário que não é baixo, é comum algumas emissoras eliminarem 
essa função distribuindo suas atribuições entre o Diretor de Jornalismo e outros cargos. 
 
Editor-chefe – Tem a responsabilidade de fechar o telejornal. Ele define o que vai e o que 
não vai ao ar. Na estrutura horizontal que dá chances a toda equipe de opinar, o Editor-Chefe além 
ter de que saber tudo de jornalismo deve ter ouvidos para receber sugestões e críticas do grupo. 
 O editor-chefe deve “colocar ordem na casa”, distribuindo as reportagens por blocos 
específicos, amarrando-as de acordo com o assunto e de forma que consiga prender a atenção do 
 
 
 
 
 
 
 
14 
telespectador. Começar o telejornal com uma notícia forte, de impacto é uma técnica que prende a 
audiência, mas para isto não precisar ser sensacionalista. 
 
Chefe de reportagem – Executa e distribui as pautas. Coordena o trabalho dos repórteres, 
define quem vai fazer o quê e de acordo com o perfil e a capacidade de cada repórter. Faz a escala 
de trabalho do final de semana e feriados. Atua em sintonia com o Editor-Chefe, cobrando dos 
repórteres as necessidades da edição como, por exemplo, ouvir o outro lado em uma denúncia. 
 O Chefe de Reportagem sabe onde e o quê os repórteres estão fazendo. Em muitas 
oportunidades uma decisão necessita ser tomada na hora, por isso requer conhecimento do que 
esta acontecendo, capacidade de decisão, rapidez e até noção geográfica da cidade para saber qual 
equipe deslocar para determinada cobertura. 
Devido ao nível de estresse da função, é recomendável que exista um Chefe de 
Reportagem por turno. As pessoas que exercem essa função devem falar a mesma linguagem, em 
horários diferentes. Não são precisos nem 15 minutos para a troca de guarda, quando o da manhã 
passa para o da tarde o relatório escrito, e verbal de tudo que aconteceu no período. Nas emissoras 
maiores de cidades maiores, existe também o chefe de reportagem do período noturno. 
 
 Coordenador - Quando o telejornal está no ar o Coordenador é o contato da redação com 
quem o apresenta. Através do ponto eletrônico, informa sobre o tempo que falta para entrar o 
comercial, sobre a importância do VT que vai entra no ar, ou até para chamar uma reportagem 
importante que acaba de chegar. Quanto mais objetivo, articulado e com boa dicção, melhor será a 
comunicação e menor a possibilidade de falhas. 
Nos programas que têm entrevista ao vivo, através do ponto, passa informações que 
ajudam no andamento da entrevista. Precisa saber tudo que está programado para ir ao, com o 
telejornal em andamento pode decidir pela inversão da entrada de alguma reportagem ou pela 
retirada de outra. A função de Coordenador comumente é acumulada com a de Editor-Chefe. 
 
Apurador - Em tese, a notícia começa a ser preparada pelo apurador. Internet, rádio-escuta, 
agenda telefônica, agências de notícias. Essas são as principais ferramentas de trabalho deste 
profissional. Ele faz os primeiros contatos com a fonte, autoridades, distrito policial, pronto 
socorro, assessorias de imprensa governamentais, de ONGs, iniciativa privada. Muitas vezes esta 
função é exercida pelo estagiário. 
Informações precisas diminuem a possibilidade de erro na execução de uma reportagem. 
Uma boa pauta tem início com uma boa apuração. As perguntas Quem? O quê? Quando? Onde? 
Como e Por quê, começam a ser feitas pelo apurador. Detalhes aparentemente sem significância 
que não são apurados ou mal apurados podem derrubar uma pauta. 
 
 
 
 
 
 
 
15 
Esta é uma das funções que entram na mira de proprietários e administradores na hora de 
reduzir o pessoal. Nessas situações a função acaba sendo exercida, com acúmulo, pelo pauteiro ou 
por um estagiário remunerado com um salário-mínimo. 
 
Pauteiro e Produtor - São funções diferentes, embora com algumas similaridades. Nas 
grandes emissoras, principalmente nas cabeças de rede, profissionais distintos executam essas 
funções. Mas a realidade é diferente em grande parte das TVs que para economizar, fundem as 
duas atribuições para um só profissional exercitar, pagando um só salário. 
O pauteiro é o profissional que reúne informações suficientes e de forma objetiva, que 
podem se transformar em uma reportagem. Ele transforma divagações filosóficas ou ideológicas, 
em subsídios que devem se materializar em informações que vão virar notícia. Segundo Curado 
(2002, p. 41) “o pauteiro não pode ser um burocrata da agenda e dos calendários [...] ele lê além 
do obvio que está estampado nas primeiras páginas dos jornais”. 
O bom pauteiro fareja notícia de longe. Mesmo que a emissora tenha levado barriga no 
primeiro momento de um fato, ele pode dar o troco, superar os concorrentes e presentear a 
audiência com informações novas e relevantes. 
Cabe ao pauteiro diferenciar a pauta, dar um plus ao que foi levantado pelo apurador e que 
a concorrência vai mostrar apenas o trivial, sem grandes novidades ou criatividade. É o pauteiro o 
profissional responsável para extrair fatos novos de um acontecimento já explorado. 
Um bom pauteiro pode transformar uma data morta de uma agenda em um furo nacional. 
 
 O produtor operacionaliza a execução de uma reportagem. Ele trabalha principalmente 
para fazer com que outros profissionais otimizem o tempo de trabalho. 
Ele ‘perde’ tempo para evitar que o pauteiro perca tempo fazendo contatos e marcações ao 
invés de se ocupar em pensar uma pauta nova. 
Ele ‘perde’ tempo marcando ou checando entrevistas para que o repórter não perca tempo 
entrevistando pessoas desnecessárias ou que atravesse a cidade em busca de uma entrevista 
desnecessária ou para gravar cenas desnecessárias. 
Ele ‘perde’ tempo para que o editor não perca tempo vendo entrevistas gravadas sem 
necessidade e para que o editor de VT não perca tempo vendo cenas desnecessárias. 
Em reportagens que são fruto de grandes eventos o papel dele é importante. Imagine um 
dia de votação polêmica na Câmara ou no Senado. Ao agendar as entrevistas com as pessoas 
envolvidas, evita que o repórter perca tempo em busca de um entrevistado. 
 
O produtor de externa é um profissional indispensável nas coberturas ao vivo e nos 
grandes eventos (carnaval, futebol, votações no parlamento, manifestações populares etc). 
Na transmissão ao vivo o repórter nem sempre tem tempo de buscar entrevistados, de 
colher informações adicionais ou conversar com a coordenação que está na sede da TV. Tudo 
 
 
 
 
 
 
 
16 
isso, e mais um pouco, cabe ao produtor de externa. Ele deve chegar ao local da transmissão mais 
cedo para definir o melhor lugar para o repórter ficar, confirmar a participação dos entrevistados, 
acertar com a coordenação quantas entradas serão e o tempo cada uma. 
Em parceira com a técnica, define se um local é apropriado para a externa, como por 
exemplo, a inviabilidade técnica de transmissão do sinal da emissora, ou até a falta de segurança 
para a equipe. O produtor de externa é útil também para reportagens gravadas, mas são exceções 
que ocorrem mais nas grandes emissoras das grandes cidades ou em reportagens de grande porte. 
 
O repórter - É a cara e a voz da equipe. Ele trabalha em parceria com o cinegrafista e 
dependendo da emissora e da necessidade, com um auxiliar, um iluminador, e com um motorista. 
Ele vai a campo executar um trabalhoque começou com as informações levantadas pelo apurador 
ou discutidas na reunião de pauta, ou pelo que foi idealizado pelo pauteiro, amarrado pelo 
produtor e posteriormente será finalizado pela edição. Mas, de nada vale todo esse apoio se o 
repórter não fizer a parte dele. Como saliente Rossi (1980). 
 
Muitas vezes os repórteres se sentem muito pouco responsáveis pelo produto que 
estão ajudando a confeccionar. E cria-se, então, um certo automatismo 
característico de linha de montagem industrial, que colide com a visão (ou desejo) 
de um trabalho intelectual, como o jornalismo deve ser. (ROSSI, 1980, p.21). 
 
Os esforços e a competência de toda a equipe podem resultar em nada se o repórter não der 
conta do recado. Se não der emoção (real e não sensacionalista) em seu trabalho, se não contar a 
notícia de forma compreensível o telespectador não vai compreender o que viu e mudar de canal. 
Pelo fato de mostrar a cara, de aparecer para o público, o repórter fica vulnerável à picada 
da mosca azul da vaidade. A humildade é a melhor vacina para não deixar a fama, às vezes 
momentânea, subir à cabeça. O repórter é o representante da emissora quando está na rua e por 
isto deve seguir certas regras de conduta. Necessita se apresentar bem e com urbanidade. É ele 
quem entra na casa das pessoas, ninguém quer receber uma visita com má aparência ou que não 
transmita credibilidade. 
 
Editor de texto - Dentro da linha de montagem que é a feitura de uma reportagem de TV, a 
edição é a última etapa antes da apresentação. O editor não tem o direito de errar. Ele transforma 
em um discurso unificado e coerente o material trazido pela reportagem. O produto final é de sua 
responsabilidade. É ele quem corrige os erros do repórter, escolhe a passagem mais apropriada 
separa e inclui na reportagem os trechos mais importantes de uma entrevista. 
 
O apresentador do modelo tradicional é aquele que chama as reportagens. Só isso? Não. 
Ele coloca a cara no vídeo, ao vivo, qualquer falha compromete a imagem da emissora. Por isso 
 
 
 
 
 
 
 
17 
precisa ser um profissional com amplo domínio da voz, que dê a entonação correta para a notícia 
que lê. A notícia de uma catástrofe não pode ser lida com um sorriso. 
A tranquilidade é outro requisito do apresentador. Ele tem que ter desenvoltura para não se 
perder quando tropeçar uma linha de leitura ou surgir um problema operacional e assim dar 
continuidade ao trabalho da equipe, não ficar com cara de bobo no ar sem ter o que dizer. O you 
tube está cheio de exemplos de falhas de apresentadores. 
 
O âncora é um modelo de apresentação copiado da TV estadunidense valoriza a figura do 
apresentador que deixa de ser aquela pessoa de voz forte e empostada que não foge do roteiro. 
A figura do âncora busca dar peso ao telejornal ao emitir opinião, fazer entrevista e 
complementar informações. É uma função que exige experiência, ampla cultura, maturidade e 
credibilidade. Necessita conhecer todo o processo de feitura de um jornal e possuir credibilidade 
junto ao público, ao meio político, ao empresariado e as lideranças trabalhistas. 
O âncora deve estar preparado para falar de tudo sem falar besteira. Aquele que constrói 
uma boa rede de fontes pode, através desse acesso, opinar sobre todos os assuntos desde que 
consulte essas pessoas, cada uma dentro de sua área. 
 Normalmente o âncora é também é o editor-chefe do telejornal. Isso pode ser perigoso, 
principalmente se forem concentrados muitos poderes nas mãos de uma pessoa vaidosa e ou 
autoritária. Isso repercute negativamente no trabalho. 
 
Atividades meio 
 
 O telejornal é um trabalho de equipe, depende de pessoas que não são necessariamente 
jornalistas. Se fossemos falar dessas funções teríamos que elencar quase todas as existentes em 
uma emissora minimamente estruturada. Câmera de estúdio, coordenador de estúdio, auxiliar de 
cinegrafista, operador de vt, motorista, editor de arte, diretor de imagem, sonoplasta, técnicos, 
engenharia pessoal de externa, arquivista etc. Enfim, todos eles têm importância. 
Duas funções trabalham diretamente com o jornalismo, o cinegrafista e o editor de VT. 
Depende da emissora eles são subordinados ao Departamento de Jornalismo. 
 
O cinegrafista também chamado de repórter cinematográfico é o parceiro do repórter. É 
ele quem produz as imagens que assistimos no dia-a-dia dos telejornais. 
Voltemos aos primórdios da TV no Brasil onde os telejornais eram basicamente lidos por 
locutores de voz empostada, estilo radiofônico sem emoção. Imagine uma reportagem sobre a 
chegada da primavera, flores, muito verde, crianças, música. É possível transmitir alguma emoção 
sem mostrar essa cena, só através da bela voz de um apresentador no estúdio? 
 
 
 
 
 
 
 
18 
Para ser cinegrafista não é preciso formação jornalística, se tiver melhor ainda. O 
cinegrafista deve ser bem informado. Além de mão firme, olho sensível tem que conhecer o 
mundo onde vive. 
Repórter e cinegrafista têm que ter uma intimidade profissional. O bom cinegrafista fica 
atento para fazer as cenas que o repórter precisar para a reportagem, ou até para alertá-lo de que 
determinada cena é impossível de ser feita. 
Até meados dos anos 1990, a maioria das equipes de externa era composta pelo repórter, 
cinegrafista, auxiliar e o motorista. Para diminuir custos e devido a redução do tamanho dos 
equipamentos, atualmente uma equipe tem o cinegrafista (que também dirige o carro) e o repórter. 
Em reportagens mais complexas, grandes eventos, em locais muito grandes, o trabalho do auxiliar 
é importante, ele colabora com a iluminação. 
 
Editor de imagem – O editor de texto não trabalha sozinho, ele tem o seu escudeiro fiel 
que é o editor de imagem. Exercida por uma pessoa que não tem a obrigação de ter formação 
superior, a função, exige que este profissional seja bem informada, que saiba se situar no mundo 
em que vive e que raciocine com lógica. 
 
O editor de imagem executa o que é determinado pelo editor de texto montando a 
reportagem. É ele quem cobre o off da reportagem inserido as imagens na narração do repórter. A 
determinação da cobertura das imagens é uma atribuição do editor de texto, mas na prática isso é 
deixado para o editor de imagem. 
 
 
CAPÍTULO III 
A pauta 
 
Linha de montagem 
O trabalho de elaboração de uma reportagem televisiva funciona como uma linha de 
montagem, na seguinte ordem: Pauta - Reportagem - Edição – Apresentação. 
 
A produção 
- A produção de TV é diferente da produção do impresso e da produção do rádio. A imagem é o 
fator que gera esta diferença. 
- O pessoal da produção marca a gravação de entrevistas e de cenas, questiona sobre as 
condições do local onde vai ser a reportagem, orienta os entrevistados sobre a postura diante 
do vídeo, busca dados no arquivo. 
- A produção deve evitar agendar a gravação de entrevistas e/ou cenas desnecessárias. 
 
 
 
 
 
 
 
19 
- Deve oferecer condições para otimizar o tempo da equipe de externa. 
 
Curado (2002, p. 44), lembra que o produtor não pode ser a babá do repórter, ou seja, não 
pode fazer tudo pelo repórter. E olha que tem repórter famoso que não dá conta de fazer uma 
grande reportagem sem uma “babá” ao lado7. 
 
A pauta 
- É o conjunto de dados que dão partida a uma reportagem. 
- Necessita ser objetiva. É fruto de um fato ou de uma notícia, deve abordar outros aspectos além 
do que já foi noticiado. 
- A pauta de televisão exige do profissional que a redige, a necessidade de lembrar que a imagem 
deve estar presente em todos os momentos da execução dela. 
- O bom pauteiro deve ter fascínio pela notícia,ver além do que já foi mostrado. 
Barbeiro e Lima (2002, p.111) ao abordarem que a pauta de televisão tem importância 
maior do que em outras mídias, observam que a pauta “deve fugir do conceito enraizado ao longo 
do tempo de que o veículo eletrônico quando não está cobrindo o factual se limita a repercutir os 
jornais, é preciso criar”. 
 
Quem faz a pauta? 
Existem duas etapas na elaboração de uma pauta, primeiro ela é pensada. É um trabalho 
que exige mais do intelecto de quem o executa, que exige também boas fontes e muita 
informação. O bom pauteiro não se faz da noite para o dia, geralmente é um profissional 
experiente e com muita bagagem. Necessita também de muita inspiração. 
O bom pauteiro vê além! Ele não esquece as perguntas básicas do jornalismo: 
Quem? O quê? Quando? Onde? Como e Por quê? 
 
 A segunda etapa é mais funcional. Com o assunto definido, é preciso colocá-lo em 
prática, marcar com entrevistados, solicitar autorizações de acesso, avisar a cinegrafia, solicitar 
material de apoio no arquivo da TV e etc. 
O ideal seria que as funções de pautar e a de produzir fossem executadas por pessoas 
diferentes, todavia não é o que acontece na prática, principalmente nos centros menores. Também 
não é um desastre esse acúmulo de funções em um só profissional. 
“A pauta deve incluir uma pesquisa com dados relevantes avivando os antecedentes dos 
fatos para contextualizar a matéria” (Curado, 2002, p. 44). 
 
7
 Ver o filme Nos bastidores da notícia 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 Em nossas televisões a função de pauteiro/produtor é desvalorizada em detrimento do 
repórter, que põe a cara no vídeo e recebe os louros do trabalho (e também as críticas) e em 
função do editor, que tem o poder de definir o que vai, como vai, e o que não vai ao ar. 
Ao comparar a nossa realidade com a realidade das redações dos EUA, Brasil (2007. p. 
83) lembra que “Nos Estados Unidos, os produtores são responsáveis pelo conteúdo, paginação e 
estratégias da produção. São mais poderosos dos que os nossos editores de texto”. Por aqui, 
lembra ele, o produtor é confundido com quebra-galho de repórter, secretário, enfim não é muito 
diferente da definição dada por Curado, “babá de repórter”. 
 
Fontes de uma pauta (ler Curado, p.40/41). 
Jornais. (não repetir a notícia, passar a frente, descobrir o novo). Tenha ética, não chupe o 
conteúdo de outro profissional. Dê crédito. 
 
Internet. Checar, ver o que é real. Existe muita mentira ou notícia desatualizada. A 
internet pode ser a maior aliada ou a maior inimiga do pauteiro. Consulte sítios oficiais. Muito 
cuidado com a internet, ela contém também muitas informações erradas. Tenha ética, não chupe o 
conteúdo de outro profissional. Dê crédito. 
 
Contatos pessoais/ fontes. O telefone é um grande aliado. Não tenha preguiça, use o 
telefone. Por meio dele a fonte tira dúvidas, esclarece, informa, atualiza. O jornalista não sabe 
tudo. Uma rápida consulta evita a divulgação de uma notícia errada. 
 
Estamos falando de pauta, mas vale uma dica do repórter Caco Barcelos. Ele ressalta que a 
principal fonte de descoberta de notícias é o telefone. 
 
As pessoas me telefonam e eu gosto de atender a todas as chamadas. Mas não 
gosto de cultivar fontes. Prefiro manter uma convivência respeitosa com a fonte, 
mas mantendo um certo distanciamento. Em geral essa convivência dura enquanto 
estivermos envolvidos no processo de produção da reportagem (apud KAPLAN, 
1994. p, 24). 
 
A visão de Barcelos é estritamente profissional, as relações são mantidas 
profissionalmente, por meio de confiança e sem misturar com a vida privada. É uma pena que 
nem tudo mundo segue esta máxima. 
 
A concorrência. Sim, a concorrência pode servir de fonte para uma pauta. Se você perdeu 
aquele assunto que outra(s) emissora(s) mostra(ram), não arranque os cabelos. O telespectador 
não vai te condenar se você perdeu um furo. Passe a frente fazendo uma boa cobertura, 
atualizando os fatos, trazendo fatos novos. 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
Assessoria de imprensa. A assessoria de imprensa é uma ferramenta importante dentro de 
uma redação de televisão. É uma fonte primária de informações. Se bem usada contribui para o 
trabalho do pauteiro, mas deve ser sempre recebida com uma dose de desconfiança. O assessor de 
imprensa cumpre a sua missão vendendo bem a imagem do assessorado. Ao pauteiro cabe fazer 
uma triagem das informações e avaliar se estas são de relevância para a comunidade e não apenas 
para o assessor, o assessorado e para o profissional preguiçoso. 
Como quase tudo na vida o material vindo de uma assessoria de imprensa possui aspectos 
positivos e negativos para uma redação de telejornalismo. Vamos elencar os principais pontos de 
cada um: 
 
Positivos 
-A assessoria de imprensa é uma fonte de notícias. 
-Ela permite ao pauteiro estar por dentro da agenda, dos acontecimentos, dos fatos. 
-Agiliza o trabalho do pauteiro ao enviar informações sobre os fatos e eventos. 
 
Negativos 
-O interesse da assessoria nem sempre é o interesse da redação. 
-O interesse da assessoria nem sempre é interesse público. 
-Toda assessoria de imprensa é por natureza parcial. 
 
Agências de notícias. Curado (2002, p. 37), resume em poucas palavras o que são as 
agências de notícias: “veículos de divulgação que se comprometem a atualizar permanentemente 
os assuntos da pauta, e em algumas coberturas fazem isso quase simultaneamente ao 
desenvolvimento dos fatos”. 
 As grandes agências, (France Press, UPI, Reuters etc), estão em toda a parte do planeta e 
oferecem informações imediatas ao acontecimento do fato e ao mesmo tempo. É recomendável 
que uma emissora contrate os serviços de mais de uma agência. Isto vai possibilitar uma seleção 
mais apurada das informações, diminuindo a possibilidade de a emissora “comprar” algum 
conteúdo incompleto ou tendencioso. Por exemplo, em uma guerra, a agência tende a ter uma 
visão favorável ao seu país, além de sofrer eventual censura. 
 
Tipos de pauta 
Factual - É o dia-a-dia, é o que está no calendário, aquilo que as assessorias mandam, ou 
até que o povo sugere, muito em moda nestes tempos de convergência de mídias e de ‘mídias 
sociais’. Se o produtor conferir datas que não mudam nunca, que estão na lei, as coberturas 
política e a de governo ficam mais afinadas. 
 
 
 
 
 
 
 
22 
A pauta factual surge também daquilo que a concorrência, inclusive em outras mídias, 
divulgou. O importante é não apenas reproduzir o que já foi noticiado, mas servir-se dessas 
informações para ir adiante. Um defeito grave das redações é a esquizofrenia em se preocupar 
mais com que a concorrência está fazendo do que executar o próprio trabalho. 
 
Produzida - Não é só a pauta bonitinha, aquela que serve para fechar o jornal com música 
e imagens de crianças e bichinhos. A pauta produzida vai além dos fatos, enxerga o que a maioria 
não percebeu. Ela busca fatos não mostrados ainda, gera polêmica, vira manchete, pauta a 
concorrência (ex: uma simples votação no Congresso pode gerar várias pautas produzidas). 
 Tem também a pauta produzida de comportamento. Com uma simples conferência no 
calendário, você pode descobrir, por exemplo, que desde o ano de 1307, os supersticiosos têm 
medo da sexta-feira 13. Não pode sair daí uma boa pauta de comportamento? 
 Uma pauta produzida não é necessariamente uma pauta fria (de gaveta) usada para cobrir 
buraco na programação durante o final de semana. Ela pode ser planejada para um evento factual 
que está programado para acontecer. 
 Uma pauta produzida pode ser tambéminvestigativa ou denúncia. Exemplo recente foi a 
reportagem denunciado do SBT sobre médicos de um hospital de São Paulo que vão ao trabalho 
só para bater o ponto e não trabalham. 
 Link: http://www.youtube.com/watch?v=-AeT7pqOihE 
 
De ação – É aquela que acompanha um fato que está acontecendo na hora, geralmente 
informada pela população, pelo rádio escuta ou pelas fontes. O repórter é comunicado pela 
produção na rua (via telefone, rádio) para se descolar para o local do fato. Não há tempo para 
burocracia, para ir até a redação pegar papel. As informações iniciais são transmitidas oralmente, 
depois podem se complementadas virtualmente. 
Pode ser transmitida ao vivo ou ser gravada. Exemplo: Assalto com reféns numa loja ou 
banco da cidade. O fato é acompanhado até que tenha uma solução, dando novas informações a 
todo o instante ao vivo. Outros exemplos: WTC em New York, sequestro da Eloá em SP. No 
telejornal o assunto é tratado em diversas reportagens constituindo um bloco do jornal, mostrando 
vários aspectos do caso. 
 
 
Estrutura de uma pauta 
Proposta e objetivo da matéria – texto curto, oferece um encaminhamento da produção. 
Marcações – entrevistados, local e horário. 
Dados – Informações, estatísticas, personagens, comparações, exemplos. 
 
O que faz a diferença... 
 
 
 
 
 
 
 
23 
Agilidade, dividir a informação. 
Caminhos alternativos para apuração quando a informação não vem pelos canais oficiais. 
Disponibilidade e interesse para investigar, memória, sólida formação cultural. 
Ser sempre crítico diante dos fatos. 
 
Pesquisa 
Reportagens históricas 
Resultado de pesquisa (IBGE, Econômica) 
Pesquisas científicas 
 
No dia-a-dia leitura obrigatória 
Jornais de circulação regional e nacional 
Revistas semanais 
Revistas segmentadas 
Internet/ Redes sociais 
Releases de Assessorias de imprensa 
E-mails 
Ligação de telespectador 
 
Organização da produção/ logistíca 
Administrando o previsível e o imprevisível 
Pautas do dia – factuais e produzidas 
Agendamento diário dos fatos previstos para acontecer 
Notícia súbita, acontecimento de última hora (mudar a pauta do repórter). Pauta de 
evento. 
 
Exigências legais 
Autorização para gravação 
Pagamento de direito autoral 
Vacinação da equipe (tétano e febre amarela) 
Passaporte 
 
Planejar o dia seguinte 
Produção de pautas para todos os telejornais 
Fim de semana: diminui o factual, prever matérias produzidas 
Feriado: matérias produzidas e serviço (rodovias, postos de saúde, o que funciona) 
 
Grandes eventos 
 
 
 
 
 
 
 
24 
Tomar providências para a cobertura com antecedência. 
Envolve planejamento, pesquisa, escalas especiais dos repórteres, roteiro de reportagens e 
de entradas ao vivo nos telejornais. 
 
Pesquisa sobre o evento 
Olimpíadas, Carnaval, Copa do Mundo, Eleições. 
Dados históricos das olimpíadas, informações sobre a cidade sede, atletas. 
Roteiro da programação, participantes, autoridades, atletas, apresentações artísticas. 
 
Dias antes do evento 
Reunião com toda a equipe para tirar dúvidas. 
Passar a função de cada um. 
No dia do evento chegar mais cedo, checar imprevistos de última hora, andamento da 
programação, pautas extras. 
 
Telejornais anteriores 
(Barbeiro e Lima, 2002) Para dar sequência a algum assunto em andamento. Suitar. 
Artigos de opinião de assunto polêmico – reportagem ou entrevista 
 
 
CAPÍTULO IV 
A reportagem 
 
A reportagem 
- É o conteúdo que mais abastece de informação um telejornal. 
- A equipe de reportagem está em contato direto com a notícia, está no front de guerra. 
- O repórter não pode se acomodar e receber tudo mastigado de sua babá (a produção). 
- As fontes alimentam uma boa reportagem. O repórter não sabe tudo e nem pode esperar que a 
produção faça o trabalho dele. 
 
A ditadura do tempo é um grande entrave para um profissional de televisão. 
Devido ao alto custo de uma TV (e a interesses comerciais); devido ao fato de na TV a 
audiência receber a mensagem de forma instantânea, sem condições de reler o conteúdo, o 
repórter de TV deve utilizar algumas técnicas diferentes. 
Escrever para TV não é emburrecer o texto. Seguindo alguns procedimentos, o texto do 
repórter fica claro, compreensível. O repórter deve redigir com uma linguagem mais simples, 
mais coloquial, compreensível a todos os públicos, de A a Z. 
 
 
 
 
 
 
 
25 
O repórter deve construir o texto pensando nas imagens feitas pelo cinegrafista. Isso não 
quer dizer que ele deve seguir apenas o que foi feito pelo cinegrafista. A informação é mais 
importante, por isto a hipervalorização da estética deve ser relativizada. 
 Ao analisar o modelo de reportagens feitas nos EUA, Antônio Cláudio Brasil (2007) 
lembra que os norte-americanos dão muito valor ao padrão de qualidade, em consequência disto a 
experimentação fica limitada e que o formato “está sempre acima do conteúdo e se impõe. Não é 
à toa que a audiência dos telejornais diminui em todo o mundo, inclusive nos Estados Unidos”. 
Portanto, seja criativo, inteligente, não se prenda a uma camisa de força estética. 
 
Falta de cenas 
 O problema da falta de cenas para determinada reportagem pode ser resolvido em três 
momentos: antes -durante - depois da gravação. 
 Antes 
Recorrer ao arquivo da emissora. 
Recorrer ao departamento gráfico. 
Durante 
Gravar uma passagem. 
Depois 
Decupar
8
 o material gravado (ver cenas, entrevistas, som, passagem). Nem sempre a 
correria do dia-a-dia, permite isso, mas o ideal é o repórter ver o que foi gravado antes de redigir o 
texto dele. A margem de erro e as imprecisões da reportagem vão ser bem menores. A edição 
agradece! 
Não graves coisas desnecessárias, principalmente as entrevistas. Atrasa o trabalho da 
edição e pode fazer com que ela não aproveite o que de melhor foi feito. 
O ex-diretor de Jornalismo da Rede Globo, Armando Nogueira lembra que muitas pessoas 
não sabem: 
 
[...] a diferença entre coloquial e vulgar, entre vulgar e chulo, entre chulo e 
indigente [...] que a superestimação da expressão visual é tão nociva que leva 
qualquer telejornal a se expressar com uma linguagem de mendigo, achando que o 
povo não sabe ler, que o povo não gosta de linguagem difícil (apud Rezende 2000, 
p 28). 
 
Sobre a entrevista de televisão, Barbeiro e Lima (2002) distinguem a diferença dela com a 
entrevista do impresso, destacando que por ser mostrada, revela com mais profundidade a 
intimidade do entrevistado. A exteriorização da emoção, de sentimentos tanto do repórter como 
do entrevistado tem o poder de revelar mais que uma entrevista impressa pode revelar. 
 
8
 Dividir (o roteiro) em cenas, sequências e planos numerados, para facilitar a gravação. Do frances découper 'cortar em pedaços', couper 'cortar'. 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Os gestos, o olhar, o tom de voz, o modo de se vestir, a mudança no semblante 
influenciam o telespectador. Esses maneirismos também mudam a ação do 
entrevistador, que na medida em que adquire experiência consegue tirar do 
entrevistado mais do que ele gostaria de dizer. Boas entrevistas são as que revelam 
conhecimentos, esclarecem fatos e marcam opiniões (BARBEIRO e LIMA, 2002, 
p.84). 
 
Discurso uniforme 
Uma reportagem pode ser resumida como um discurso uniforme, relatado por diversos 
agentes, mais ou menos na seguinte sequência: 
 
Cabeça ou lead – o apresentador. 
Off – o repórter. 
Sonora – o entrevistado. 
Passagem - o repórter. 
Nota de pé (ou rodapé) – oapresentador. 
 
Este discurso não deve ser contraditório. Além de casar o texto com a imagem, não pode 
ser repetitivo. É uma continuidade, mesmo que haja confronto de ideias entre dois agentes. Deve 
ser bem amarrado. Por isso, a importância do texto do repórter, que ao criá-lo não pode ser 
repetitivo, deve ser coerente com as imagens e não confundir a audiência. 
As perguntas dão o tom a uma entrevista. A má condução deles fatalmente gera respostas 
ruins. Como a entrevista está gravada, não tem como corrigi-la, portanto é necessário que as 
perguntas sejam: Claras – Diretas – Curtas – Encadeadas. 
 
O sobe som (som ambiente) 
Na reportagem factual o sobe som dá o clima da rua, do acontecimento. 
Na reportagem produzida é o sobe som que dá um colorido especial à matéria. 
Oriente o cinegrafista para colher o melhor áudio na gravação: a emoção de um 
reencontro, a explosão de uma barragem, a comemoração de um gol, a vitória nas eleições. 
Na matéria ecológica os sons dos animais ou da natureza “falam” muito ao telespectador. 
O sob som deve acompanhar a lógica do casamento texto/imagem. 
Aspectos técnicos da reportagem 
A música funciona como uma representação simbólica do que queremos, é como se 
resumisse a alma do nosso raciocínio e é um recurso extremamente interessante na reportagem 
especial, não só na composição plástica, mas também como informação. Com letras pode ser 
usada no sobe som para não atrapalhar o entendimento do off. 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
Uma boa imagem requer 
Foco 
Iluminação 
Enquadramento 
Firmeza na mão 
Composição do cenário 
Cenário limpo 
 
Um bom áudio requer eliminar 
Ruídos 
Som ambiente quando ele concorre com a entrevista (Eliminar Mic.da câmera) 
Cuidados com o vento lateral 
Evitar eco (Ambiente fechado sem circulação do som). 
 
O Stand up ( do inglês – ficar em pé) 
Existem situações onde não é possível, no momento, fazer uma reportagem completa, por 
exemplo, uma reunião ministerial, um encontro político, a chegada de uma personalidade 
importante em um lugar. Nesses casos, o repórter grava uma passagem (ou entra ao vivo), por 
exemplo, na porta do ministério, fazendo um resumo da notícia e, se possível, até entrevistando 
um envolvido no assunto. 
Também é usado para a cobertura de grandes eventos inseridos no calendário: Eleição, 
carnaval, final de campeonato etdc. 
O stand up tem, obrigatoriamente, vida curta. Feito para o telejornal do horário matinal ou 
do almoço, não pode ser exibido à noite. Vira pão amanhecido, tem coisa pior? 
 
Características de um stand up 
- Requer articulação ao falar. 
- Exercita a memória. 
- Exige uma comunicação fluente e segura. 
- Exige grande capacidade de síntese do repórter. 
- Mostra ao telespectador que o repórter está mesmo no local do fato. 
 
Teaser 
O teaser é a pequena manchete, gravada ou ao vivo, apresentada pelo próprio repórter no 
local do acontecimento. Em relação à manchete que é redigida na redação tem a vantagem de 
mostrar imagens e revelar o ambiente onde o fato reportado aconteceu. 
Não confundi-la com o stand-up, que é uma notícia, ainda que resumida. 
 
 
 
 
 
 
 
28 
Guilherme Jorge de Rezende define o teaser como a intervenção “de um repórter sob a 
forma de um texto breve em que se busca incitar a curiosidade do telespectador por uma 
determinada matéria que vai ser divulgada no telejornal” (2000, p.147). 
 
Reportagem de ação (Vide pauta de ação). 
 
Reportagem documental ou produzida 
É escolhido um tema da atualidade e se trabalha o assunto em profundidade. Exemplos: 
Moradores de rua, cirurgia feita com orientação de videoconferência, a epidemia do crack etc. 
Pode ser ainda interpretativa ou investigativa. 
 
I – reportagem interpretativa 
Dar ao telespectador elementos suficientes relacionados à raiz e à essência dos fatos, para 
que ele forme opinião. Acrescentar aos fatos do dia comportamentos anteriores, leis e 
regulamentos que se aplicam ao tema, posições conhecidas de pessoas ou instituições. Verificar o 
que está por trás da informação. Ex: Economia, Política e Judiciário. 
 
II – Reportagem investigativa 
Evidenciam-se problemas presentes ou passados da sociedade, injustiças cometidas, 
denúncias. 
1º Passo – Atentar para pequenos fatos inexplicáveis ou curiosos, pistas dadas por fontes, 
leituras, notícias novas e observação da realidade; 
2º Passo – Estudo da viabilidade, se existem documentos disponíveis ou fontes, recursos e 
tempo, que resultados podem ter a investigação? 
3º Passo – familiarizar-se com o assunto, pesquisa e consulta a fontes secundárias; 
4º Passo – Desenvolver um plano de ação, incluindo custos, métodos de captação e 
cruzamento das informações; 
5º Passo – Gravação da reportagem, entrevistar as fontes, mostrar documentos e provas 
das denúncias; 
6º Passo – Ao chegar na redação reavaliar o material apurado e preencher os vazios de 
informação. 
Etapas seguintes: avaliação final, fazer o relatório da reportagem. Edição e apresentação 
da matéria. Estar atento para fazer a suíte da reportagem, com os fatos novos que surgirem após a 
divulgação da denúncia. 
 
Reportagem feita pelo produtor 
Programa Fantástico, Domingo Espetacular: O produtor investiga o fato, muitas vezes 
usando câmera escondida, o texto é feito pelo produtor, pelo editor ou pelos dois juntos, e depois 
 
 
 
 
 
 
 
29 
é gravado pelo apresentador. Não tem passagem. Reportagem: Geneton Morais Neto, Eduardo 
Vieira. No cinema, o filme Nos bastidores da notícia (EUA 1987) é um exemplo de reportagem 
onde a mão do produtor é mais intensa. 
 
Reflexão 
O que torna uma reportagem especial é o tratamento muito mais primoroso, tanto de 
conteúdo quanto plástico. Ela nos permite aprofundar assuntos de interesse público, que podem 
estar retratados em uma única reportagem ou em uma série. De 2000 para cá as emissoras 
passaram a investir mais em reportagens especiais. 
Por um lado percebe-se o desejo do profissional em fazer bom jornalismo, com histórias 
impactantes, personagens representativos, com tempo e acabamento mais cuidadoso. 
Por outro lado, há a questão mercadológica, a competição entre os veículos de 
comunicação, em que cada um busca diferenciais para atrair o público, seja ele leitor, ouvinte, 
internauta ou telespectador. 
 
Edição 
Repórter e editor caminham na mesma direção. O diálogo constante permite que o produto 
final tenha um eixo claro. No caso de reportagens com ganchos factuais o editor abastece o 
repórter de informações. Também passa pelo editor a maior parte das soluções estruturais e 
plásticas da reportagem. 
A edição de uma série de reportagens exige que você enxergue todas as matérias antes de 
começar a escrever e defina o que vai em cada uma. É preciso ter uma linha condutora e uma 
sequência que prenda o telespectador, o leve a assistir até o final. 
 
CAPÍTULO V 
Especificidades 
 
Chulo não 
O ex-diretor de Jornalismo da Rede Globo, Armando Nogueira disse que muitas pessoas 
não sabem a diferença entre coloquial e vulgar, entre vulgar e chulo, entre chulo e indigente. 
E mais: que a superestimação da expressão visual é tão nociva que leva qualquer telejornal 
a se expressar com uma linguagem de mendigo, achando que o povo não sabe ler, que o povo não 
gosta de linguagem difícil (apud REZENDE, 2000 p.28). 
Sobre a entrevista de televisão, Barbeiro e Lima distinguem a diferença dela com a 
entrevista do impresso, destacando que por ser mostrada, revela com mais profundidade a 
intimidade do entrevistado. A exteriorização da emoção, de sentimentos tanto do repórter comodo entrevistado tem o poder de revelar mais que uma entrevista impressa pode revelar. 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
Os gestos, o olhar, o tom de voz, o modo de se vestir, a mudança no semblante 
influenciam o telespectador. Esses maneirismos também mudam a ação do 
entrevistador, que na medida em que adquire experiência consegue tirar do 
entrevistado mais do que ele gostaria de dizer. Boas entrevistas são as que revelam 
conhecimentos, esclarecem fatos e marcam opiniões (BARBEIRO e LIMA, 2002, 
p. 84). 
 
Vocabulário técnico básico 
Todo processo comunicacional parte de uma fonte que emite uma mensagem através de 
um canal para um destino ou receptor da mensagem. Partindo de tal premissa, evidencia-se que na 
mídia impressa a fonte é o jornalista, o canal é o jornal e o receptor é o leitor. 
Na televisão, se o emissor e o receptor são, em regra, os mesmos agentes que existem no 
impresso, o canal é outro. Literalmente o canal é um canal de televisão. Nele, a mensagem é 
transmitida instantaneamente e de forma imediata. Por isso requer cuidados para não ocorrer o 
que Santaella (2001) denomina de ruído, impedir que a mensagem chegue ao receptor. 
O quadro abaixo dá uma dimensão de como trafega e como chega uma mensagem 
televisiva limpa - e - como trafega e como chega uma mensagem cheia de ruídos. 
 
 E (emissor) R (receptor) 
 
 
 E R E R 
 
Analisando ainda as particularidades sobre fluxo de mensagem entre as duas mídias, 
Rezende reporta-se à Irving Fang para mostrar as diferenças entre o jornalismo impresso e o 
telejornalismo. 
 
A imprensa é o meio no qual o leitor deve estar ativamente envolvido ao receber a 
mensagem. O leitor precisa concentrar-se. Ele precisa dirigir sua atenção para a 
palavra impressa, e deixar fluir sua imaginação e com o olhar da mente elaborar 
uma imagem correspondente ao que o texto descreve (REZENDE,2000, p. 82). 
 
Já sobre o telespectador a análise é a seguinte: 
 
O telespectador tem uma atitude passiva. Ele não pode ir até as notícias, como 
poderia fazê-lo virando as páginas de um jornal. As notícias vêm até ele. Seguem-
no se ele levantar-se de sua cadeira [...] seguem-no onde o som estiver ao alcance 
de seu ouvido. Enquanto ele olha para o vídeo, seu sentido de visão é capturado, 
mas sua imaginação não é despertada. No entanto as notícias de tevê não 
demandam atenção total do telespectador (REZENDE, 2000, 82). 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
Diante dessas peculiaridades, quem escreve para TV deve buscar certas especificidades do 
texto audiovisual. A televisão é um veículo instantâneo, a informação é imediata, o telespectador 
não tem a oportunidade de ler outra vez como ocorre no texto impresso. Por isso, o texto para TV 
deve ser claro, conciso, não pode gerar dúvida no receptor. O que é escrito para TV acaba sendo 
ouvido, e não lido. 
 
O casamento texto e imagem 
Na TV a matéria pode começar de diferentes maneiras. Em alguns casos, o melhor para 
abrir o VT pode ser uma boa imagem de impacto. Ou, quem sabe, um barulho revelador. Ou, 
ainda, uma declaração importante, poética ou completamente inusitada. Tudo vai depender do 
assunto abordado. Pode parecer subjetivo, e é. 
Escrever é a arte de cortar palavras, já dizia Carlos Drummond de Andrade. Escrever para 
a TV é a arte de cortar palavras, frases e, às vezes, o parágrafo inteiro. Mas não confunda 
economia de palavras com pobreza de estilo. Um texto curto não precisa ser sem graça, 
desinteressante, burocrático. O ideal é prender a atenção do telespectador já no início da matéria. 
Em televisão, construir a matéria é como montar um quebra-cabeça. Algumas peças se 
encaixam melhor na passagem do repórter, outras, nos trechos selecionados das entrevistas. E as 
restantes compõem o off, que será coberto com imagens. 
O segredo é saber o que merece ir para a passagem, o que vai ficar mais forte na fala do 
entrevistado e como encadear tudo isso no texto. É preciso, inclusive, abrir uma “deixa9” para 
incluir a sonora. Aliás, desconfie de sonoras longas. Com elas as matérias ficam arrastadas. Há 
exceções, mas nos telejornais diários elas não passam de 15 segundos cada uma. 
 
O texto 
Uma fotografia revela emoção, a imagem em movimento carrega uma dose muito maior 
de emoção. Por isso é preciso respeitar a força da informação visual e descobrir como associá-la à 
palavra, porque a informação na TV funciona a partir da relação texto/imagem. 
O texto precisa ser coloquial, claro e preciso. Objetivo, direto. Informativo, simples e 
pausado. Desafios para quem quer escrever para TV. A mensagem que vai atingir as pessoas 
depende da razão e da emoção do jornalista que a escreve. 
Em telejornalismo o texto é escrito para ser falado. Leia em voz alta para descobrir 
possíveis problemas. Evite rimas e palavras com a mesma terminação por causa do efeito sonoro 
das frases. Procure sinônimos para as palavras. Não permita que os cacófatos invadam seu texto. 
Leia em voz alta para perceber a boa sonoridade das palavras. 
 
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 Deixa é a frase que antecede a sonora, sem antecipar – ainda que com outras palavras – o que será dito. Ela 
encaminha a matéria para a declaração e tem a função de facilitar a compreensão ou permitir sonoras mais curtas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Frases curtas 
 Ajudam a compreensão. Uma série de frases curtas dá um sentido de ação à notícia e 
passa informação sem rodeios. Use também palavras curtas, desde que não comprometam a 
informação. Mas também é preciso variar o tamanho das frases no texto, para não parecer uma 
lista de compras. Por outro lado, um texto constituído por frases curtas e com palavras curtas pode 
parecer telegrama ou redação infantil. Cuidado! 
 
 
Pontuação 
Dá o embalo ao texto. Uma pontuação bem colocada vai indicar as pausas e o tom em que 
esse texto deve ser lido. Vírgula e ponto final são os mais usados. Em algumas situações também 
pode ser usado o dois pontos e as reticências. Uma dose certa deles permite intervalos, pausas, 
entonação da voz que vão ajudar na compreensão do texto e também ajudam na respiração do 
repórter. Evite as frases intercaladas, entre vírgulas, elas são inimigas do texto de televisão. 
 
O texto coloquial 
 
Quanto mais as palavras forem familiares ao telespectador, maior será o grau de 
comunicação. As palavras e a estrutura das frases devem estar o mais próximo possível de uma 
conversa. Devemos usar palavras simples e fortes, elegantes e bonitas, apropriadas ao significado 
e à circunstância da história que queremos contar. 
Usar frases na ordem direta ajuda a simplificar e também ajuda muito na compreensão do 
texto. Sujeito, verbo e predicado. Sujeito é o termo sobre o qual se declara alguma coisa. É o 
termo com que o verbo deve concordar. Predicado é o que se declara do sujeito. O predicado 
possui um verbo – que pode ou não ser seu núcleo – os complementos, termos integrantes da 
oração e os adjuntos, termos acessórios. 
“O telespectador deve pegar a informação de uma só vez” (Paternostro, 1987, p. 45). 
Seguindo algumas regras teremos um caminho adequado na busca de um bom texto de TV: 
 
Faça, use, abuse 
- A linguagem direta (verbo/sujeito/predicado). 
- Use o verbo na voz ativa. 
- A linguagem deve ser coloquial, vulgar não! 
-

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