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DEFINIÇÃO Os bastidores da produção da notícia para a televisão. A divisão clássica das funções na linha de montagem da notícia: apuração, produção, chefia, reportagem e edição. Os formatos da notícia para a TV e a lógica na elaboração dos espelhos. As técnicas para os diferentes tipos de entrevista: povo-fala, sonora com um especialista, sonora com um denunciado, sonora com um personagem. Equipamentos. O novo texto para a TV. Dicas para a construção de roteiros e edição. PROPÓSITO Identificar o mecanismo de produção de um telejornal, avaliando seus diferentes elementos e sua lógica. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever a produção de um telejornal MÓDULO 2 Definir elementos, princípios e práticas da reportagem para a televisão INTRODUÇÃO Fonte: Arquivo Nacional Figura 1. Célio Moreira à frente do telejornal da Rede Tupi (1956). No dia 19 de setembro de 1950, a extinta TV Tupi levou ao ar o primeiro telejornal do Brasil. Chamava-se Imagens do Dia. Durou um ano e foi o embrião dos telejornais que, ao longo de décadas, mantiveram papel de credibilidade na produção de notícias. Não se trata de “achismo”. É o que dizem os números! Pesquisa divulgada pelo DataFolha, em março de 2020 — 26 dias após o primeiro caso de Covid-19 confirmado, no Brasil —, revelou que 61% das pessoas confiavam na cobertura sobre a pandemia feita pelos telejornais. O índice superou a confiança atribuída a outros veículos tradicionais, como os jornais impressos (56%) e o rádio (50%). Ainda, segundo a pesquisa, apenas 12% dos entrevistados disseram acreditar em notícias veiculadas pelo Facebook e grupos do WhatsApp. Da primeira edição de Imagens do Dia até a virada para o século XXI, os jornalistas gozaram do chamado “monopólio do furo”. Era do repórter e da sua equipe o primeiro olhar sobre o fato, a partir do qual nasceria a notícia. Nada restava ao telespectador senão o papel de elemento passivo no processo de produção de conteúdo, enquanto, timidamente, a TV ensaiava as primeiras iniciativas de interatividade com o público. Em 2001, a fabricante japonesa Sharp lançou no mercado um dispositivo que iria revolucionar a comunicação de massa no planeta: o telefone celular J-SH04, o primeiro com câmera acoplada. Oito anos depois, ia ao ar a primeira reportagem para a TV brasileira feita, exclusivamente, com imagens capturadas por um telefone. Desde então, todo cidadão de posse de um telefone tornou-se um potencial produtor de conteúdo. Fonte: Paapaya / Shutterstock Nessa nova realidade, em que o telespectador é um colaborador extremamente ativo e a web pauta e dita diretrizes, a velha e boa credibilidade se mantém, a despeito da virulência dos ataques virtuais — e físicos — contra jornalistas. A informação de qualidade, apurada e trabalhada com cuidado para chegar ao telespectador, mostra-se o principal antídoto contra as mentiras que desorientam a sociedade e ameaçam a democracia. MÓDULO 1 Descrever a produção de um telejornal e as diferentes funções do jornalista APURAÇÃO O setor mais desvalorizado de uma redação de TV é, exatamente, um dos mais importantes para a produção da notícia: a apuração. Costuma ser — e não deveria — o lugar onde se recebem os salários mais baixos. Pela salinha dos apuradores chegam informações preciosas da rua, como: • Registros de ocorrências policiais. • Atendimentos do Corpo de Bombeiros. • Queixas do consumidor. • Denúncias dos telespectadores. • Flagrantes enviados por meio de aplicativos. Cabe ao apurador “passar a peneira” nessas informações, separando fatos que julgar corriqueiros de acontecimentos que, por sua relevância e seu interesse público, possam interessar à chefia de reportagem. Isso requer, claro, sensibilidade e experiência, pois um erro da apuração compromete todas as etapas seguintes da linha de montagem. Apesar de sua importância na dinâmica das redações, a apuração (berçário da notícia) é delegada, essencialmente, a dois perfis bem paradoxais: os estagiários, que ainda cursam a faculdade, e os profissionais mais experientes que, por algum motivo, não se encaixaram no setor da produção — também conhecida como “pauta”. A pauta corresponde às orientações iniciais e gerais sobre uma reportagem, a começar pelo assunto e alguns enfoques possíveis. A pauta varia de meio para meio, conforme sua lógica de produção. No jornalismo impresso, por exemplo, a pauta pode nem ser escrita, mas apenas explicada verbalmente pelo editor. No telejornalismo, a pauta é usada também como sinônimo de produção. Em suma, é a porta de entrada para os iniciantes e, muitas vezes, de saída para os colegas que não galgaram outros espaços dentro da emissora. Os fatos de aparente interesse público levantados pelos apuradores são submetidos à chefia de reportagem, que abastece de notícias os diferentes telejornais da emissora — cada um deles com sua linha editorial (ou sua “pegada”, como se diz em TV). No entanto, a informação que vem da rua normalmente carece de novas apurações, agendamentos de entrevistas, autorizações para gravação etc. Enfim, a transformação do fato em notícia exige o trabalho de outros colegas: os produtores ou pauteiros. Fonte: Jacob Lund / Shutterstock Atualmente, diferentes funções no departamento de jornalismo se confundem, dado o enxugamento dos quadros nas emissoras e também em outros veículos de comunicação. Sigamos o modelo clássico de divisão dos setores de uma redação, entendendo que o novo jornalista já nasce um profissional multitarefas, preparado para dialogar com múltiplas plataformas da web. PRODUÇÃO OU PAUTA Fonte: llee_wu / Flickr Figura 4. Redação da CNN em Atlanta (EUA). Uma pauta bem executada facilita o trabalho da equipe de reportagem. Entretanto, uma produção mal elaborada torna-se um tormento para o repórter e seus parceiros de externa, expondo, inclusive, a equipe a perigos reais nas grandes cidades. Em regiões metropolitanas, como a do Rio de Janeiro, áreas imensas são controladas por facções criminosas, formadas por traficantes e milicianos. A não checagem dos locais de gravação, por exemplo, pode levar o repórter, o cinegrafista e o auxiliar técnico (que acumula função de motorista) a regiões dominadas por bandidos, que não costumam ser gentis com jornalistas. Uma boa pauta no telejornalismo deve ter: 1 Uma análise criteriosa de cada local das marcações. 2 A estimativa do tempo gasto entre os deslocamentos. 3 Uma pesquisa sucinta do tema da reportagem. 4 Os nomes e um breve currículo dos entrevistados. 5 Os contatos dos entrevistados e seus assessores. 6 Sugestões para a gravação das imagens. A pauta, porém, oferece um primeiro direcionamento à equipe de externa. Na rua, é comum que fatos novos mudem o enfoque inicialmente aprovado, oferecendo outro olhar e, não raro, um novo “norte” para a reportagem. Quer conhecer um caso de “virada” de pauta? Assista ao vídeo a seguir. CHEFIA DE REPORTAGEM Como vimos, o chefe de reportagem abastece de notícias os diferentes telejornais, como um fornecedor que possui diversos clientes, cada qual com sua identidade. Nem sempre, contudo, ele se debruça apenas sobre o conteúdo que vai ao ar. “Descascar pepinos” é praxe na rotina do chefe, como: Solucionar problemas de equipamento. Elaborar a escala das equipes. Dirimir eventuais conflitos entre colegas. Aprovar orçamentos pontuais para as reportagens. Fazer a conexão entre o jornalismo e outros departamentos da emissora. O chefe de reportagem tem ainda uma tarefa diária de extrema relevância: conduzir a reunião de pauta ou as reuniões. Nesses encontros, estagiários, produtores, repórteres, editores e editores-chefes dos telejornais aprovam as pautas que serão realizadas nas horas ou nos dias seguintes. Fonte: Rawpixel.com / Shutterstock Vale citar os sete pecados cometidos em uma reunião de pauta no interior da redação: 1 Falta de ideias. 2 Sugestões inexequíveis. 3 Abuso da “Gillette Press” (uso de recortes de jornais).4 Esquecimento de que, em TV, a pauta precisa de boas imagens. 5 Desdém com as sugestões dos colegas. 6 Debate inócuo, pouco objetivo. 7 Ideias “tapa-buraco” (sugestões descabidas, mas mesmo assim aprovadas na reunião e, eventualmente, passadas para uma equipe de reportagem). COMENTÁRIO Para o chefe de reportagem, pior do que uma pauta fraca é ter equipes paradas na redação. Então, na falta de uma pauta interessante, uma sugestão tola ou de pouco interesse público pode, também não raro, cair “no colo” do repórter e da sua equipe, mas apenas para tapar buraco. REPORTAGEM Não há como descrever a linha de montagem de um telejornal sem citar a função do repórter. Conheça algumas modificações do telejornalismo, nas últimas décadas, com o relato pessoal de Vinícius Dônola. As equipes de externa, inicialmente compostas por cinco integrantes (repórter, cinegrafista, operador de VT, iluminador e motorista), foram progressivamente reduzidas, até a adoção do MoJo (Mobile Journalism) — a versão do jornalista solo. Com o telefone celular, o repórter faz (ou procura fazer) a função antes desempenhada por uma equipe completa. Adiantemos aqui os elementos básicos da reportagem televisiva: Off: o texto do repórter coberto por imagens. Passagem: o momento em que o repórter fala para a câmera. Sonora: sinônimo de entrevista para a TV. Sobe som: uso do som ambiente no roteiro final de uma reportagem. Respiro: espaço aberto no roteiro, sem som ambiente, para auxiliar o telespectador na compreensão do conteúdo. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Fonte: Microgen / Shutterstock O telejornalismo também tem lançado mão de outra ferramenta: as entradas ao vivo ou o “vivo”, como se fala no meio. Com a velocidade crescente no tráfego de dados pela internet, o “vivo” deixou de ser um recurso caro e tecnicamente limitante. Os velhos caminhões de link, como eram chamados os veículos usados nas transmissões em tempo real, foram trocados pelo aparelho celular, que conecta o repórter à emissora em um simples clicar de botão. A reportagem mudou e vem mudando, impulsionada pelas novas tecnologias e pautada pela pressão da web sobre o conteúdo produzido pela TV. EDIÇÃO Fonte: Stock image / Shutterstock Aplicativos de telefone já são capazes de montar conteúdo audiovisual a partir de imagens, passagens e sonoras gravadas pelo repórter solo. Grandes emissoras do Brasil adotaram o celular para determinadas coberturas e isso rompeu a dinâmica clássica de edição das matérias, que veremos adiante. Na rotina do telejornal diário, a corrida contra o deadline (o horário de fechamento das matérias para serem levadas ao ar) causa demasiado estresse e leva os editores à beira de um ataque de nervos! Há, essencialmente, quatro maneiras de se entregar ao editor de texto o material gravado pela reportagem: Fonte: StepanPopov / Shutterstock Entrega em mãos, com a volta da equipe para a emissora. Fonte: Christian Mueller / Shutterstock Envio de um motoqueiro, muito comum nas grandes cidades com trânsito engarrafado. Fonte: S. Pech / Shutterstock Transmissão do conteúdo gravado via sinal de link, a partir da rua. Fonte: 1000 Words / Shutterstock Transmissão simultânea, em tempo real, por aparelhos que conectam a câmera aos servidores do jornalismo. Uma vez que o material é inserido (em TV, fala-se “ingestado”) na chamada ilha de edição, o jornalista responsável por montar a matéria terá pouco tempo para construir uma narrativa lógica a partir do off gravado pelo repórter. Esse texto pode ser escrito de diferentes maneiras: pelo repórter, pelo repórter em parceria com o editor de texto ou apenas pelo editor. Cabe ao editor selecionar os melhores trechos das entrevistas e, na companhia de um segundo editor, responsável pela cobertura das imagens (editor de imagem), fazer o “casamento” entre o off do repórter e os takes captados pelo cinegrafista. Fonte: Watch The World / Shutterstock Em uma situação ideal, ambos os editores devem conhecer o material gravado pela equipe, fazendo a chamada “decupagem” da mídia, ou seja, a transcrição das falas mais significativas e a identificação das principais imagens gravadas pelo repórter cinematográfico (ou pelo próprio repórter). Obviamente, durante o fechamento dos telejornais diários, os editores não têm tempo para assistir ao conteúdo das mídias, o que compromete, rotineiramente, o resultado final da edição. Também é função do editor de texto escrever a primeira versão da “cabeça” que será lida pelo apresentador. Cabeça, em televisão, é o nome que se dá ao texto que precede a reportagem, contendo informações que possam atrair o interesse do público. Enfim, o telejornal está pronto para ser levado ao ar. FORMATOS DA NOTÍCIA PARA TV Para facilitar a compreensão, dividimos aqui o conteúdo jornalístico para a TV em dois grandes grupos: Fonte: michaeljung / Shutterstock ENTRADAS AO VIVO Fonte: Gorodenkoff / Shutterstock REPORTAGENS GRAVADAS Do segundo grupo, o das reportagens gravadas, listamos a seguinte subdivisão: Reportagem. Reportagem especial. Suíte. Série de reportagens. REPORTAGEM Fonte: SpeedKingz / Shutterstock Tradicionalmente, a reportagem de TV é composta pelos cinco elementos citados acima: off, sonora, passagem, sobe som e respiro. Costumava ter entre um e dois minutos, no máximo, mas o tamanho dos VTs (videotapes) pode variar bastante. Não é raro assistir a matérias de até cinco minutos. VTs mais longos acabam por ganhar outra denominação: reportagem especial. REPORTAGEM ESPECIAL Fonte: bixstock / Shutterstock A diferença entre uma reportagem e uma reportagem especial não está apenas em seu tamanho. Um VT especial pressupõe um investimento maior de tempo e dinheiro em determinada produção. Reportagens especiais são mais comuns em programas dominicais que combinam entretenimento e jornalismo, como o Fantástico, da Rede Globo, e o Domingo Espetacular, da RecordTV. SUÍTE “Suitar” uma matéria é, tão somente, desdobrar uma reportagem principal exibida no dia ou na semana anterior. Uma suíte, portanto, é um segundo VT feito a partir de uma reportagem já exibida. Normalmente, as suítes trazem revelações ou desdobramentos do caso em si. SÉRIE DE REPORTAGENS Fonte: Wikipedia Fonte: Arquivo Pessoal Figura 17. O Jornalista Vladimir Herzog, assassinado durante o regime militar brasileiro. / Figura 18. O Jornalista Tim Lopes, assassinado por traficantes de Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, em 2002. As séries tornaram-se um espaço destinado a produções mais bem elaboradas e, consequentemente, mais propensas a faturar os cobiçados prêmios de jornalismo, como o Vladimir Herzog e o Tim Lopes de Jornalismo Investigativo. LÓGICA NA CONSTRUÇÃO DE UM ESPELHO DE TELEJORNAL No meio televisivo, há pessoas que carregam a reputação de serem “doutores da audiência”. Em outras palavras, são jornalistas experientes que, após tentativas e erros, encontraram alguma lógica na elaboração dos espelhos de um telejornal, com a intenção de obter bons resultados de audiência. O espelho está para a TV assim como o prefácio está para um livro. Ele é, na prática, uma planilha com os diferentes elementos que compõem um programa jornalístico: Escalada (leitura das principais manchetes do dia). Notas peladas (notícias lidas pelo apresentador sem imagens). Notas cobertas (notícias lidas pelo apresentador cobertas, parcialmente, por imagens). Reportagens. Passagens de bloco (texto que precede o intervalo comercial). Encerramento (texto final de despedida). Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Fechar uma primeira versão do espelho é fundamental para se estimar o tempo de produção de um telejornal, excetuando-se os chamados breaks (intervalos comerciais). Logicamente, ao longo do dia (no caso dos telejornais diários) ou da semana (no caso dos programas dominicais),o espelho muda conforme o andamento das gravações, bem como do desenrolar dos fatos no Brasil e no mundo. Notícias entram e saem da versão original da planilha com uma velocidade assombrosa! Até mesmo para um apresentador experiente, a “dança das cadeiras” dos VTs impressiona e assusta. Creia, o espelho pode virar de cabeça para baixo durante a exibição do telejornal! Normalmente, a reportagem de abertura é o grande destaque de uma edição. Vide o Jornal Nacional, da Rede Globo. O “abre” do JN costuma trazer a grande notícia do dia. Não há lógica alguma em começar o noticiário com uma matéria “fria”, deslocada do calor da cobertura factual. Há, porém, estratégias mais agressivas na construção dos espelhos, que visam fragilizar o concorrente em seu momento de maior vulnerabilidade: o break. Durante os intervalos comerciais, a audiência dos canais tende a apresentar queda, e é nessa queda que os adversários despejam sua força máxima. Eles esperam o canal concorrente chamar o break para anunciar sua principal atração. Assim, esperam capturar o público que zapeia entre um bloco e outro do espelho. É o que faz o Domingo Espetacular, da RecordTV, para atrair o público dos dois principais adversários nas noites de domingo: o SBT, de Sílvio Santos e, naturalmente, o Fantástico, da Globo. PAG NOTAS RETRANCA tMAT TEMPO OKPAG NOTAS RETRANCA tMAT TEMPO OK 20:15 Jornal XYZ – 16/03/21 0:00 0:00 OK 01 ***** ESCALADA ***** 1:00 0:00 OK 01A INTERVALO EXTRA 0:00 1:00 OK 03 VT RIO VOLTA FERIADO 2:00 1:00 OK 04 VT SPO ESTRADAS SP E BRASIL 1:20 3:00 OK 05 VT BHE AEROPORTO 1:20 4:20 OK 06 VT SPO GOLPES PREVEÇÃO 1:20 5:40 OK 07 VT SPO/RIO CRIMINALIDADE 1:40 7:00 OK 10 ***** PASSAGEM UM ***** 0:09 8:40 OK 10A ***** INTERVALO UM ***** 0:00 8:49 OK 12 VT SAL FESTIVAL 1:30 8:49 OK 13 VT SAL IVETE 1:20 10:19 OK 14 VT RIO COPACABANA 1:30 11:39 OK 15 VT RIO IND. ENTR. 1:30 13:09 OK PAG NOTAS RETRANCA tMAT TEMPO OK 16 NOTA SPO MOTOBOYS 0:15 14:39 OK 17 NOTA SPO DESEMPREGO 0:20 14:54 OK 20 ***** PASSAGEM DOIS ***** 0:09 15:14 OK 20A ***** INTERVALO DOIS ***** 0:00 15:23 OK 21 VT PRS CONFLITO GEÓRGIA 0:50 15:23 OK 22 VT ROM PAPA 0:20 16:13 OK 23 VT NYC ELEICÕES 0:20 16:33 OK 25 VT NYC IMIGRANTES 1:20 16:53 OK 26 VT AFS PRISÃO 0:25 18:13 OK 27 VT TOQ PESCA 0:20 18:38 OK 28 VT ROM CONFERÊNCIA 0:25 18:58 OK 30 ***** PASSAGEM TRÊS ***** 0:08 19:23 OK 30A ***** INTERVALO TRÊS ***** 0:00 19:31 OK 32 VT BSB COMISSÃO 0:20 19:31 OK PAG NOTAS RETRANCA tMAT TEMPO OK 33 NOTA BSB SAÚDE 0:15 19:51 OK 34 VT RIO ALERJ 1:10 20:06 OK 35 VT SPO PROTESTOS 0:20 21:16 OK 36 VT VIT POLUIÇÃO 0:30 21:36 OK 37 VT BHE MEIO AMBIENTE 1:30 22:06 OK 38 ***** PASSAGEM QUATRO ***** 0:09 23:36 OK 39 ***** INTERVALO QUATRO ***** 0:00 25:16 OK 40 VT MAPA TEMPO 1:20 26:36 OK 40A VT RGS VITAMINA C 1:40 26:45 OK 43 VT SPO RECEITAS CASEIRAS 0:30 26:45 OK 44 VT RIO POR DO SOL 0:40 28:05 OK 45 ***** BOA NOITE ***** 0:00 29:45 OK 46 ***** ENCERRAMENTO ***** 0:12 30:15 OK Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Exemplo de espelho de telejornal. Minuto a minuto, no switcher (ponte de comando de um telejornal), o editor-chefe monitora o sobe-desce da audiência. Por vezes, é cobrado, diretamente, pela direção de jornalismo, que se manifesta, principalmente, ao notar oscilações negativas. SAIBA MAIS A cobrança por resultado é cada vez mais implacável, pois os números do Ibope são referência para o mercado publicitário. Quanto maior a audiência, mais valorizado é o espaço; quanto mais valor tem o espaço, mais se pode cobrar de um anunciante. Por fim, ainda que a TV tenha formado “doutores” no assunto, a audiência não segue, necessariamente, fórmulas exatas e inequívocas. Funciona como o esquema tático de um técnico que, por vezes, emplaca vitórias, mas que, vez ou outra, amarga o dissabor de derrotas inesperadas. Quem inventar a “receita de bolo” será o futuro bilionário da TV do Brasil! VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A DINÂMICA DE UMA REDAÇÃO ASSEMELHA-SE À LINHA DE MONTAGEM DE UMA FÁBRICA, COM DIFERENTES ETAPAS E, CONSEQUENTEMENTE, DIFERENTES FUNÇÕES EXERCIDAS PELO JORNALISTA. AO OBSERVAR ESSE PROCESSO, DURANTE O QUAL O FATO É TRANSFORMADO EM NOTÍCIA PARA A TV, PODEMOS DIZER QUE: I. A APURAÇÃO INICIAL É UMA DAS ETAPAS MAIS IMPORTANTES, POIS É QUANDO SE DÁ A SEPARAÇÃO DOS FATOS CORRIQUEIROS DOS ACONTECIMENTOS RELEVANTES QUE, PROVAVELMENTE, RENDERÃO UMA BOA MATÉRIA. II. UMA VEZ RECEBIDA A INFORMAÇÃO PELOS APURADORES, OS PRODUTORES, TAMBÉM CONHECIDOS COMO PAUTEIROS, PODEM INICIAR A MARCAÇÃO DAS ENTREVISTAS, INDEPENDENTEMENTE DA ANUÊNCIA DA CHEFIA DE REPORTAGEM. III. OS EDITORES DE TEXTO SÃO OS ÚNICOS PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NA MONTAGEM DA MATÉRIA, NO INTERIOR DA REDAÇÃO. A ELES, EM PARCERIA COM UM EDITOR DE IMAGEM, CABE A RESPONSABILIDADE PELA EDIÇÃO DE UM VT E A ESCRITA DA PRIMEIRA VERSÃO DA CABEÇA QUE SERÁ LIDA PELO APRESENTADOR. SÃO CORRETAS AS AFIRMAÇÕES: A) I B) II C) I e III D) II e III 2. A NOTÍCIA PARA A TV POSSUI DIFERENTES FORMATOS, QUE VARIAM CONFORME A RELEVÂNCIA DO FATO E A DISPONIBILIDADE DE MATERIAL CAPTADO NA RUA, COMO IMAGENS E ENTREVISTAS. O ESPELHO DO TELEJORNAL COMBINA ESSES DIFERENTES FORMATOS, EM UMA SEQUÊNCIA LÓGICA ESTABELECIDA PELO EDITOR-CHEFE. NATURALMENTE, O ESPELHO PODE SOFRER MUDANÇAS, INCLUSIVE COM O TELEJORNAL JÁ NO AR. SÃO EXEMPLOS DE NOTÍCIA PARA A TV: I. AS REPORTAGENS CONSTRUÍDAS POR APENAS QUATRO ELEMENTOS: OFFS, PASSAGENS, RESPIROS E SOBE SONS. II. AS NOTAS COBERTAS. COMO O PRÓPRIO NOME SUGERE, SÃO TEXTOS LIDOS PELO APRESENTADOR E PARCIALMENTE COBERTOS POR IMAGENS. III. AS CHAMADAS NOTAS PELADAS, QUANDO NÃO SE USAM IMAGENS. APARECE APENAS A IMAGEM DO APRESENTADOR — OU APRESENTADORES — LENDO A NOTÍCIA. SÃO CORRETAS AS INFORMAÇÕES: A) Do item I apenas. B) Do item II apenas. C) Dos itens II e III. D) Do item III apenas. GABARITO 1. A dinâmica de uma redação assemelha-se à linha de montagem de uma fábrica, com diferentes etapas e, consequentemente, diferentes funções exercidas pelo jornalista. Ao observar esse processo, durante o qual o fato é transformado em notícia para a TV, podemos dizer que: I. A apuração inicial é uma das etapas mais importantes, pois é quando se dá a separação dos fatos corriqueiros dos acontecimentos relevantes que, provavelmente, renderão uma boa matéria. II. Uma vez recebida a informação pelos apuradores, os produtores, também conhecidos como pauteiros, podem iniciar a marcação das entrevistas, independentemente da anuência da chefia de reportagem. III. Os editores de texto são os únicos profissionais envolvidos na montagem da matéria, no interior da redação. A eles, em parceria com um editor de imagem, cabe a responsabilidade pela edição de um VT e a escrita da primeira versão da cabeça que será lida pelo apresentador. São corretas as afirmações: A alternativa "A " está correta. A produção de um telejornal passa pela apuração e preparação da pauta, pela reportagem em si e pela edição. A apuração é fundamental na hora de se fazer uma primeira seleção dos fatos que serão notícia para a TV (item I). O item II, porém, contém um equívoco: é de responsabilidade da chefia de reportagem fazer a ponte entre os setores da apuração e da produção. O chefe deve ter conhecimento das pautas que estão sendo feitas. No item III também há imprecisão, pois, atualmente, com a utilização do celular, muitos jornalistas enviam as matérias da rua já editadas. Ou seja, o editor deixou de ser o único responsável pela montagem dos VTs, dividindo esse papel com os repórteres de televisão. 2. A notícia para a TV possui diferentes formatos, que variam conforme a relevância do fato e a disponibilidade de material captado na rua, como imagens e entrevistas. O espelho do telejornal combina esses diferentes formatos, em uma sequência lógica estabelecida pelo editor-chefe. Naturalmente, o espelho pode sofrer mudanças, inclusive com o telejornaljá no ar. São exemplos de notícia para a TV: I. As reportagens construídas por apenas quatro elementos: offs, passagens, respiros e sobe sons. II. As notas cobertas. Como o próprio nome sugere, são textos lidos pelo apresentador e parcialmente cobertos por imagens. III. As chamadas notas peladas, quando não se usam imagens. Aparece apenas a imagem do apresentador — ou apresentadores — lendo a notícia. São corretas as informações: A alternativa "C " está correta. O item I contém um erro grave: a não citação da “entrevista” com um quinto elemento da estrutura de uma reportagem para a TV. As sonoras, como são chamadas as entrevistas no meio televisivo, são cada vez mais valorizadas na edição final dos VTs. Os demais itens apresentados estão corretos, pois descrevem, de forma sucinta e precisa, as duas formas de notas lidas pelo apresentador de um telejornal. MÓDULO 2 Definir elementos, princípios e práticas da reportagem para a televisão DIFERENTES TIPOS DE ENTREVISTA NA TV Fonte: Wikipedia Figura 19. José Alencar entrevistado no programa Roda-Viva da TV Cultura. O conceito “entrevista” pode ser dividido conforme o seguinte critério: o tipo de interação entre o repórter e seu(s) entrevistado(s). É importante conhecer e identificar as diversas formas de sonora listadas a seguir: povo-fala; sonora com especialista; sonora com denunciado; sonora com personagem. POVO-FALA O povo-fala, como o próprio nome sugere, é a entrevista com pessoas anônimas, feita em ambiente público, como a rua e os corredores de um shopping center. Pode ser uma ferramenta poderosa para uma reportagem, principalmente em um país como o nosso, onde as pessoas são muito expressivas ao falar. Fonte: DW labs Incorporated / Shutterstock Quer saber mais sobre o povo-fala? Clique e confira. SONORA COM UM ESPECIALISTA Com as ferramentas de busca pela web, não há desculpa. O entrevistador tem de estar bem informado a respeito de seu entrevistado. Não é, contudo, o que sempre acontece. Alguns jornalistas chegam à entrevista sem conhecer a história da pessoa que está à sua frente. Além de estudar a respeito do entrevistado, é importante demostrar para o especialista que você, entrevistador, empenhou-se em buscar conhecimento sobre ele. Isso muda, completamente, o andamento da conversa-prévia, antes do início da gravação propriamente dita. O entrevistado respeita quem o respeita! SONORA COM UM DENUNCIADO A postura, diante de uma pessoa suspeita, requer cuidados especiais. Desde o momento da chegada da equipe de reportagem, o encontro com o entrevistado pode estar sendo captado por câmeras e microfones ocultos. Qualquer declaração do jornalista, fora de contexto, poderá ser usada contra ele. Uma das táticas usadas pelo denunciado é intimidar o repórter, seja pela fala ou pela comunicação não verbal. Trata-se de um recurso de defesa. Nessas horas, o jornalista deve manter a calma e a firmeza. O papel de acuado não cabe ao jornalista, mas sim à pessoa que anda em desacordo com a lei. SONORA COM UM PERSONAGEM “Personagem”, em TV, é aquele entrevistado cuja história, em si, renderia uma bela reportagem ou, quem sabe, um livro. Vide o caso da Mãe Abigail, já citada. Sua história de vida transcendia a esfera de um entrevistado comum. Mãe Abigail era mesmo um personagem inesquecível! Ter a capacidade de enxergar os potenciais personagens para suas matérias é uma das principais qualidades de um bom jornalista de TV. EQUIPAMENTOS Fonte: Nick Starichenko / Shutterstock Os equipamentos broadcast, usados pelas equipes de reportagem, sempre foram caríssimos, sobretudo as câmeras e lentes. Juntas, podiam — e ainda podem — valer algumas dezenas de milhares de dólares. A partir dos anos 1980, outras câmeras começaram a chegar ao mercado, com preços acessíveis, mas com resolução de imagem muito inferior à dos equipamentos profissionais da TV. À época, os vídeos caseiros não passavam pelo controle de qualidade das emissoras, como a Rede Globo, que tanto prezava por seu padrão de excelência. Já nos anos 2000 ocorreu a grande revolução tecnológica que impactaria o telejornalismo: o desenvolvimento das câmeras conhecidas como DSRL (Digital Single Lens Reflex). Elas possuíam um formato de máquina fotográfica, bem diferente do modelo original adotado pelas emissoras. Contudo, já gravavam com maior resolução, se comparadas às primeiras versões digitais disponíveis para venda. Muito sensíveis à luz, as DSLRs eram capazes de obter boas imagens a partir de ambientes mal iluminados. Pouco a pouco, emissoras e produtoras independentes passaram a substituir as câmeras convencionais — e caras — pelos modelos mais compactos, mais leves e mais baratos. Puderam, com isso, aumentar o número de câmeras usadas em uma única gravação. Atualmente, para gravar uma entrevista, a equipe pode dispor de uma série de câmeras, em diferentes enquadramentos: Fonte: Wikipedia Figura 22. Estúdio da Sigma TV, no Chipre. 1 Uma câmera para o entrevistado 2 Uma câmera para o entrevistador (contraplano) 3 Uma câmera mostrando entrevistado e entrevistador (plano geral) Além das câmeras, o equipamento básico de uma equipe de TV dispõe de: Tripés. Kit de microfones. Kit de iluminação. Rebatedores (para a luz). Mídias para armazenamento de vídeos. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Em 2007, com o início da adoção do MoJo (Mobile Journalism), o equipamento básico passou — inclusive, nas grandes redes de televisão — a ser substituído por um único aparelho: o celular. Isso impactou o mercado de dispositivos profissionais, mas não só. O grupo japonês CIPA (Camera & Imaging Products Association), formado pelas empresas Nikon, Canon e Olympus, vendeu, em 2010, 121 milhões de câmeras digitais. Oito anos depois, os negócios haviam despencado, com uma queda de 84% no volume de unidades comercializadas. O motivo provável foi a melhoria na qualidade das câmeras dos smartphones. No ano seguinte, 2019, de acordo com a consultoria IDC, foram vendidas 322 milhões de unidades de celulares no mundo. Na prática, a revolução tecnológica que mudou a vida do consumidor teve eco nos corredores da TV. Fonte: AnnaStills / Shutterstock NOVO TEXTO PARA A TV O texto para a TV é, como nos outros veículos de comunicação, a base da estrutura de uma reportagem. Porém, ao contrário do que acontece em jornais impressos, no rádio e na própria web, o off do repórter de televisão muitas vezes é escrito por outro profissional: o editor de texto. Isso ocorre, sobretudo, durante o fechamento de matérias especiais ou de série de reportagens para os telejornais diários. Embora o domínio da escrita seja uma habilidade sine qua non do bom jornalista, na televisão o editor acaba por assumir a tarefa de redigir os textos que, mais tarde, o repórter irá gravar na rua ou na cabine de locução. Editor e repórter também podem dividir a autoria dos textos, um colaborando com o outro. Por “texto” para a TV, entendamos dois elementos diferentes: Passagem Quando o repórter conversa com a câmera. Off A parte do texto, com a voz do repórter, coberta por imagens. PASSAGEM Para o repórter de televisão, a passagem é o elemento mais desafiador na construção de uma narrativa. Muitos têm dificuldade de entender a função da passagem na estrutura de um VT, bem como não conseguem enxergar a função estratégica do “falar para câmera” dentro de uma vídeo-reportagem. A passagem tem utilidades muitos específicas, como: Fonte: StF-management / Shutterstock Marcar a presença do repórter e do veículo de comunicação no local dos acontecimentos. Fonte: Manoej Paateel / Shutterstock Expressar, por meio do repórter, sensações como gosto, calor, frio e medo. Fonte: Su Justen / Shutterstock Usar o corpo do repórter como referência para tamanho e altura de objetos e outros marcos físicos. Existe uma velha máxima em televisão que diz: o repórterdeve recorrer à passagem quando “não tem imagens para cobrir determinado trecho de off”. Isso apequena a função da passagem e impede o repórter de enxergar outras possibilidades citadas anteriormente. A passagem é o único momento da matéria em que o repórter “fala” com o telespectador, olho no olho. Por isso, seu uso deve ser criterioso e estratégico. Aparecer por aparecer mina a credibilidade do repórter. OFF O novo texto para a TV contempla muito menos off e muito mais tempo para as entrevistas — as chamadas sonoras em televisão. Ao longo do tempo, entendeu-se que, para a narrativa, as sonoras têm mais impacto e são mais reveladoras — em determinadas circunstâncias — do que o próprio texto do jornalista. O off tem, como a passagem, funções específicas na estrutura de uma reportagem, tais como: Fazer a “liga” entre passagens, sonoras, respiros e sobe sons. Concentrar os números do VT, com a possibilidade de uso de legendas para facilitar a compreensão do telespectador. Destacar as melhores imagens feitas pelo repórter cinematográfico. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal A leitura do texto para a TV, seja na passagem ou no off, depende, naturalmente, do conhecimento de técnicas de locução. Uma delas é o uso da ênfase na “palavra-valor” ou nas “palavras-valor” de cada frase. Veja exemplos de destaque nas palavras-valor. DICAS PARA CONSTRUÇÃO DE ROTEIROS A maneira como se dá a construção do roteiro pode ser determinante para o desempenho de audiência de uma vídeo-reportagem. A seguir, descreveremos técnicas que, comprovadamente, são capazes de atrair o público para uma matéria de TV. Também serão listadas dicas para facilitar o trabalho de edição — a montagem de um quebra-cabeça composto por offs (cobertos por imagens), passagens, sonoras, sobe sons e respiros. “TÉCNICA DOS VINTE SEGUNDOS” Os primeiros segundos de uma reportagem são decisivos para manter a atenção do público e seu interesse em assistir a uma matéria do começo ao fim. Sentado na poltrona de casa, o telespectador está munido da arma exterminadora de audiência: o controle remoto! Se, de imediato, não for “seduzido” pelo conteúdo do VT, trocará de canal. Consequentemente, a performance daquela reportagem será impactada. É importante lembrar que, no switcher (a sala de controle), o editor-chefe monitora, minuto a minuto, o sobe e desce da audiência, comparando o desempenho de seu telejornal com os números obtidos pela concorrência. No caso dos programas dominicais, quando são exibidas reportagens mais longas, de até 30 minutos, as oscilações são realmente expressivas. Um VT mal construído pode derrubar a audiência em tempo real e comprometer a performance média do programa inteiro. Durante a construção do roteiro, o repórter e o editor devem dar especial atenção aos instantes iniciais da matéria. “Diga logo a que veio” na abertura da reportagem, pois a cabeça, lida pelo apresentador, pode não ser suficientemente forte para despertar o interesse daquele que assiste ao programa — seja pela TV ou pelo celular. OBSERVE DOIS EXEMPLOS: ABERTURA CONVENCIONAL ABERTURA COM FORTE IMPACTO NOS PRIMEIROS 20 SEGUNDOS Não há, essencialmente, uma mudança na estrutura do VT. Apenas algumas informações são extraídas, como o número de feridos; e a versão apresentada pelas testemunhas são extraídas do começo, abrindo espaço para um off que valorize o flagrante capturado pela câmera. “TÉCNICA DO VEJA E REVEJA” No exemplo anterior, o repórter e o editor lançaram mão de uma técnica de efeito poderoso: o “veja e reveja” de uma imagem. “Quando, de repente, um segundo veículo cruza o sinal. [veja]. Veja de novo momento da batida. [reveja]” As palavras “veja” e “reveja” não precisam, necessariamente, constar do off. A mesma informação poderia ser escrita assim: “Quando, de repente, um segundo veículo cruza o sinal. [veja]. O impacto da batida foi ouvido a um quilômetro de distância. [reveja]” Um dos erros mais comuns, na construção de um roteiro para a TV, é a não valorização de uma boa imagem. Se houver a necessidade de repeti-la, o repórter e o editor podem, sim, usar a imagem mais de uma vez dentro de um mesmo VT. Ou quantas vezes julgarem necessário para a compreensão do conteúdo. DICAS PARA EDIÇÃO ACOMPANHAR A PRODUÇÃO O bom editor acompanha a produção dos VTs que irá montar para um determinado telejornal. É um erro inteirar-se da matéria apenas na hora de entrar na ilha de edição. ANTECIPAR A PESQUISA DE ARQUIVOS E ARTES Enquanto as equipes de reportagem estão na rua, o editor deve antecipar a busca de imagens de arquivo, bem como os pedidos de ilustrações no departamento de arte. Na “arte” são feitos gráficos, legendas e mapas. Deixar para última hora compromete o fechamento do VT. DEBATER A TRILHA SONORA A fase final da edição de um VT é a eventual inserção de trilha sonora. Isso pode ser feito pelo editor, pelo produtor musical ou pelo sonoplasta. A pessoa responsável por trilhar uma vídeo-reportagem deveria participar de todo o processo de elaboração de um VT, desde a produção até a montagem, na ilha. Raras vezes isso acontece, o que prejudica, sobremaneira, o trabalho de sonorização das matérias. O ideal é envolver o editor, o produtor musical ou o sonoplasta desde o princípio, logo após a reunião de pauta. Assim, ele terá mais tempo — e mais inspiração — para propor uma trilha sonora que se encaixe com a “pegada” da reportagem. ORGANIZE AS MÍDIAS javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Fonte: Nosyrevy / Shutterstock Com o uso de múltiplas câmeras, o trabalho dos editores aumentou bastante. Atualmente, ele dispõe de diversas fontes de gravação: As câmeras. As microcâmeras (ex.: Go Pro). As câmeras com estabilizadores (ex.: Osmo). O drone. Os vídeos de arquivo. Os vídeos baixados da internet. Os vídeos recebidos por aplicativos. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Ao entrar na ilha, os editores devem ter todo o material devidamente “decupado”. RELEMBRANDO A “decupagem” é a transcrição do conteúdo das mídias. Sem uma organização criteriosa do material bruto, o trabalho na ilha torna-se mais penoso e, por vezes, infrutífero. O bom editor, salvas raras exceções, é um editor organizado. DICA Assista a telejornais e procure identificar as técnicas que aqui foram elencadas. Busque reportagens disponíveis em canais de vídeo, como o YouTube. Procure atentar para as diferenças existentes entre uma entrevista e outra e para a lógica na construção dos roteiros. Preste especial atenção aos textos cobertos por imagens, na voz do repórter, e identifique as diferentes funções do off na estrutura da matéria. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O QUE É UMA PASSAGEM NO TELEJORNALISMO? A) É o momento em que o apresentador chama o repórter ao vivo. B) É a parte da vídeo-reportagem em que o jornalista fala com o público. C) É o envio de imagens via smartphones para edição da reportagem. D) É a oscilação da audiência, mensurada pelo Ibope. 2. O CONCEITO “ENTREVISTA” PODE SER DIVIDIDO CONFORME A RELAÇÃO DO ENTREVISTADO COM SEU ENTREVISTADOR. TEMOS ASSIM: O POVO-FALA, AS SONORAS COM OS ESPECIALISTAS, AS SONORAS COM OS DENUNCIADOS E A SONORA COM OS PERSONAGENS — AQUELAS PESSOAS CUJAS HISTÓRIAS, POR SI SÓ, RENDEM UMA REPORTAGEM, INDEPENDENTEMENTE DA PARTICIPAÇÃO DE OUTROS ENTREVISTADOS. OBSERVANDO A DESCRIÇÃO DOS DIFERENTES TIPOS DE SONORA PODEMOS DIZER QUE: I. EXTRAIR BOAS DECLARAÇÕES DE UM POVO-FALA DEPENDE EXCLUSIVAMENTE DA SORTE. II. É DEVER DO ENTREVISTADOR CONHECER A HISTÓRIA DO ESPECIALISTA QUE IRÁ OUVIR. O ENTREVISTADO RESPEITA QUEM O RESPEITA. III. O ENTREVISTADOR NÃO DEVE TER CUIDADOS ESPECIAIS AO ENTREVISTAR UMA PESSOA ENVOLVIDA EM SUPOSTO DELITO. É CORRETO O QUE SE AFIRMA EM: A) I B) II C) III D) II e III GABARITO 1. O que é uma passagem no telejornalismo? A alternativa "B " está correta. A passagem é o momento em queo repórter “fala para a câmera”, ou seja, para o telespectador, e é essencial para marcar a presença do repórter e do veículo de comunicação no local do acontecimento noticiado, expressar determinadas sensações melhor comunicadas com a imagem do jornalista, ou ainda usar seu corpo como referência para tamanho e altura de objetos e outros marcos físicos. 2. O conceito “entrevista” pode ser dividido conforme a relação do entrevistado com seu entrevistador. Temos assim: o povo-fala, as sonoras com os especialistas, as sonoras com os denunciados e a sonora com os personagens — aquelas pessoas cujas histórias, por si só, rendem uma reportagem, independentemente da participação de outros entrevistados. Observando a descrição dos diferentes tipos de sonora podemos dizer que: I. Extrair boas declarações de um povo-fala depende exclusivamente da sorte. II. É dever do entrevistador conhecer a história do especialista que irá ouvir. O entrevistado respeita quem o respeita. III. O entrevistador não deve ter cuidados especiais ao entrevistar uma pessoa envolvida em suposto delito. É correto o que se afirma em: A alternativa "B " está correta. Extrair boas declarações de um povo-fala não depende apenas de sorte. O entrevistador deve abordar o anônimo, na rua, com extremo respeito, informando à pessoa que será ouvida sobre o teor da reportagem. Ou seja, o item I está incorreto. Já o item II contém uma afirmação precisa, pois, como dito neste módulo, o entrevistador tem o dever de estudar a respeito da pessoa que irá ouvir. Por fim, o item III apresenta uma informação incorreta porque são necessárias precauções em sonoras feitas com denunciados. Do começo ao fim do encontro, a conversa pode estar sendo gravada por meio de dispositivos escondidos. Qualquer declaração fora de contexto pode ser usada contra o jornalista. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Você conheceu diversos elementos do telejornalismo, tanto os do espelho do telejornal (escalada, notas peladas ou cobertas, reportagens, passagens de bloco e encerramento), quanto os da sua lógica, equilibrando a preocupação com interesse público, audiência e técnica. O desenvolvimento tecnológico tem impactado diretamente a dinâmica das redações de TV, e o jornalista — já não mais o detentor do “monopólio do furo” — tem de se adaptar à novas realidades, mas sem abrir mão dos princípios que norteiam a produção da notícia. Para produzir reportagens, suas suítes, ou ainda reportagens especiais e séries de reportagens para o telejornalismo, o rigor na apuração dos fatos e a busca pela isenção independem de recursos tecnológicos ou de redes sociais disponíveis para produção e distribuição de conteúdo. Ainda nesse âmbito, apesar de algumas emissoras conservarem a divisão clássica das funções (apuração, produção, chefia, reportagem e edição), mais e mais o mercado procura o profissional multitarefas, capaz de atuar em um cenário de múltiplas plataformas. Em especial, com o distanciamento social no Brasil provocado pela Covid-19, a partir de março de 2020 o processo de inovação tecnológica foi fortemente impulsionado, acelerando transformações que levariam anos. De forma aparentemente definitiva, aplicativos de celular e diversas plataformas de colaboração foram incorporados à produção dos telejornais, rompendo velhos padrões estéticos adotados pela TV. Por fim, ainda que todo cidadão possa ser um produtor e distribuidor de conteúdo pela web, dois conceitos jamais serão sinônimos: registro e reportagem. O segundo, por ora, é primazia do jornalista. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BARBEIRO, H.; LIMA, P. R. Manual de jornalismo para rádio, TV e outras mídias. São Paulo: Campus, 2012. DÔNOLA, V. Histórias das histórias que contei. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019. MARQUES, J. TVs e jornais lideram índice de confiança em informações sobre coronavírus, diz Datafolha. Folha de S. Paulo, São Paulo, 23 mar. 2020. Consultado em meio eletrônico em: 9 set. 2020. TALESE, Gay. Fama & anonimato. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. EXPLORE+ Quer ver um exemplo do risco a que se submetem as equipes de reportagem em uma área comandada pelo tráfico? Faça uma busca por Carro blindado da PM é alvejado por tiros com equipe de reportagem dentro e assista ao vídeo de como foi recebida uma equipe do Jornal da Record, no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Vale conhecer as páginas na internet dos prêmios jornalísticos Vladimir Herzog de Direitos Humanos e Cidadania e Tim Lopes de Jornalismo Investigativo. Faça uma busca e confira os vencedores ano a ano. A série de telejornalismo Encarcerados, feita dentro da primeira penitenciária de segurança máxima do Brasil, Bangu 1, foi a vencedora da edição de 2013 do Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo. Vale conferir. Como descobrir um belo personagem, sabendo, inicialmente, apenas seu nome e sua profissão? Busque Marcílio do Matte, da série Todo mundo é um livro, e reflita sobre essa possibilidade no telejornalismo. CONTEUDISTA Vinícius Dônola LINKEDIN javascript:void(0);
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