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1 2 AULA 01: A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI E SEU PAPEL NO AMBIENTE CORPORATIVO 3 INTRODUÇÃO 3 CONTEÚDO 4 A EDUCAÇÃO E A EDUCAÇÃO PARA ADULTOS 4 OS PILARES DO SÉC. XXI: EDUCAÇÃO 8 EDUCAÇÃO CONTINUADA 12 EDUCAÇÃO CORPORATIVA 13 METODOLOGIAS E MEIOS: A EDUCAÇÃO NA CULTURA ORGANIZACIONAL 17 SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E CAPITAL HUMANO 19 ATIVIDADE PROPOSTA 21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 22 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 24 CHAVES DE RESPOSTA 34 ATIVIDADE PROPOSTA 34 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 36 3 Introdução A educação exerce para o homem um papel múltiplo, podendo ser um instrumento de transformação da sociedade e, também, um instrumento fundamental para a compreensão das transformações sociais. Certamente seu papel não é único e tampouco centralizado em etapas pontuais de formação do ser social, por isso precisamos compreender a educação dentro de sua perspectiva instrumental e também como “ponte” através da qual compreendemos nosso papel no mundo. Concebendo a educação como um processo de aprendizagem, aceitamos que esta deve variar em sua forma e concepção a fim de atrair atores cujas expectativas e experiências variam enormemente ao longo da vida, por isso não falamos da mesma educação ao nos referirmos ao processo educacional de uma criança e, em outro estágio, a capacitação profissional para atender a determinas estratégias de uma empresa para um adulto. Mas como então devemos entender a educação? Como concebê-la frente aos desafios do século XXI e a estratégia empresarial voltada para os resultados? Objetivos: 1. Apontar os pilares da educação no século XXI; 2. Analisar o papel da educação corporativa na estratégia das empresas. 4 Conteúdo A educação e a educação para adultos Curiosamente, vamos começar esta aula relembrando uma piada famosa, e que talvez você já tenha escutado. Ela menciona as mudanças vividas pelo 5 mundo nos últimos séculos, a evolução das ciências e as revoluções humanas, a modernização dos meios de transporte e das comunicações, os reflexos dos processos no saber e no “viver” do ser humano, e, em contrapartida, a permanência da escola dentro das mesmas estruturas, regras e configurações de outrora. “O mundo mudou, mas a escola permanece a mesma”. Será mesmo? Será que a educação (substantivo maior derivado da atividade escolar) “estacionou” ou, na verdade, fragmentou-se a fim de adaptar-se às variadas demandas pelo conhecimento e o novo papel da educação e do saber no final do séc. XX e início do séc. XXI? Para começo de conversa, precisamos aceitar que a educação não exerce nos tempos atuais um papel único e temporalmente localizado na vida de um ser humano. Ao contrário, a educação passa por uma reformulação – principalmente a partir da década de 1970 nos Estados Unidos – que a distribui ao longo de períodos não regularmente delineados ou tradicionalmente localizados ao longo da vida. Esse momento, talvez, seja o ideal para começarmos a compreender perspectivas tais como “educação continuada” e, consequentemente, “educação para adultos” – também chamada de andragogia. Para Malcolm Knowles, a andragogia se diferencia da pedagogia (educação para crianças) e pode ser compreendida como uma arte ou ciência de orientar adultos para o aprendizado. Com conhecimentos e expectativas diferentes dos de uma criança, o adulto é orientado a aprender através de suas próprias experiências, orientando o aprendizado para suas funções práticas, relevantes e fundamentais ao seu dia a dia. Dessa maneira, a andragogia se enquadra na concepção de educação continuada à medida que percebemos o papel da educação ultrapassando os “limites” da formação fundamental (infância e adolescência), percorrendo toda a vida adulta, exercendo um papel ferramental e necessário em diversas etapas e experiências da vida de um ser humano adulto (WAAL; TELLES, 2004). 6 Neste momento, é importante um esclarecimento: a educação ou a orientação para o aprendizado para adultos não deve ser compreendida apenas como um movimento instrumental limitado a responder às necessidades sociais ou profissionais do dia a dia, mas também como um meio amparado na experiência adulta que permita ao homem, inclusive, retornar à “inocência” do questionamento, razão fundamental na relação entre o homem e a sociedade. “(...) a ‘norma’ escolar não foi pensada e desenvolvida para acolher a diversidade de indivíduos, mas para a integração passiva, para a padronização. Sendo assim, refletir sobre a educação para o futuro pode supor a proposição de modificações significativas da instituição educativa e das relações que nela se produzem (...)”, (IMBERNÓN, 2002). Na educação para adultos, não há apenas um ator central – o professor – pois todos os participantes têm um papel fundamental na construção compartilhada do conhecimento. (Fonte: <http://blogdozecarlosferreira.wordpress.com/2011/06/27/saiba-a-diferenca-entre- pedagogia-e-andragogia/>) Voltemos, no entanto, à andragogia. Embora os “sinais” já estejam mais claros, vamos compreender melhor este conceito e como ele se enquadra na 7 ideia de educação no séc. XXI e o ambiente corporativo. Vejamos, a seguir, os princípios da educação para adultos, elementos fundamentais para diferenciá-la da educação para crianças: a) Por que saber? Diferente da pedagogia, na educação para adultos, entendemos que o ser humano precisa compreender o papel de um determinado conhecimento ou sua função em termos relevantes ao seu cotidiano, caso contrário não enxergará o processo de aprendizado como fundamental para ganhos reais. b) Autodireção e aprendizado. Embora o conhecimento conquistado possa ser relevante às mudanças na sua condução pessoal ou profissional, o adulto é em última análise sempre responsável por suas decisões, portanto, não pode ser compreendido como resultado autônomo do processo de aprendizado. c) Importância das experiências. Por já ter percorrido os passos fundamentais da formação social e cultural de um ser humano e acumular experiências resultantes da prática social e laboral, as experiências do adulto são a base do seu aprendizado, por isso deverão ser corretamente utilizadas como ferramentas de construção do conhecimento. d) Quando aprender? Além de compreender o papel de determinado processo de aprendizado, o adulto estará mais disposto a aprender quando a oportunidade coincidir com situações práticas do seu dia a dia em que o conhecimento poderá ser usado ou através do qual a compreensão da realidade seja mais clara. e) Aprendizagem orientada. 8 Para o adulto, a contextualização do conhecimento é fundamental, pois – além de compreender o papel e relevância do aprendizado no seu cotidiano – o adulto aprende melhor quando a aplicabilidade e utilidade evidenciam conceitos. f) Motivação e aprendizado. Necessidades profissionais compõem parcialmente a motivação adulta pelo aprendizado, podendo, inclusive, levar à reflexão sobre valores e condução de carreira. Desse modo, aliados às questões profissionais, o adulto se sentirá mais motivado caso valores sociais – amplamente compreendidos como diferenciais na qualidade de vida – estejam presentes no processo de construção do conhecimento. Os pilares do séc. XXI: educação Sim, caro aluno, o subtítulo desta aula realmente faz um trocadilho com o tema“os 4 pilares da educação no séc. XXI”, mas isso não é por acaso e tampouco por exercer as ricas possibilidades que o nosso português nos permite. A ideia, na verdade, mora no fato de que vivemos um tempo em que as demandas por educação como ambiente de construção de conhecimento nunca foram tão grandes. Não apenas em nosso país – que parece despertar de um “sono profundo” em direção a um objetivo que será factível apenas se formarmos recursos humanos fundamentais e estratégicos para o sucesso de nossas organizações – mas também no mundo, pois empresas e governos de toda ordem e tamanho precisam adaptar-se à velocidade das transformações sociais, sejam elas positivas ou negativas, sejam elas alimentadas pela ânsia do consumo capitalista ou pela renovação do pensamento quanto ao consumo responsável e à economia de verdade. A educação, pois, torna-se o alicerce das reformas nas organizações já maduras e a base das organizações em crescimento. Por essa razão, para compreender o papel estratégico do ser humano nas organizações no século XXI, precisamos compreender o papel da educação. 9 “À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permite navegar através dele.” (DELORS, 1999). A educação é o sustentáculo do mundo no século XXI. A ideia desta figura é mostrar como a educação que sustenta o mundo tem por base os quatro pilares da educação no século XXI. Segundo relatório publicado pela UNESCO em 1999, oriundo do trabalho desenvolvido pela Comissão Internacional sobre Educação no Século XXI e liderado pelo francês Jacques Delors, a educação para o século – então – EDUCAÇÃO NO SÉC. XXI A pren der a C on h ecer A pren der a Fazer A pren der a V iver A pren der a S er 10 vindouro será relevante apenas se direcionada para os quatro tipos fundamentais de aprendizagem, sejam eles: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser. Para o grupo de Delors, a prática pedagógica deve preocupar-se com a possibilidade e viabilidade de aprendizado por parte do individuo, pois o conhecimento decorrente do processo de acúmulo de informação será tangível apenas se o indivíduo estiver de fato aderente a este processo e com condições de receber os fluxos informacionais disponíveis. Assim, estes pilares podem ser, então, compreendidos: Aprender a conhecer => predispor-se ao conhecimento, interesse no abandono do estágio de ignorância e abertura às informações fundamentais à construção do conhecimento;, Aprender a fazer => influenciar a realidade através da aplicação de conhecimento adquirido, transformar através do conhecimento; Aprender a conviver => o conhecimento como fator de transformação nas atitudes e nos valores sociais, abrindo espaço para a cooperação dentro da inerente diversidade humana; Aprender a ser => pensar-se como ser humano autônomo, ativo e independente, mas encerrando em si os três pilares anteriores e compreendendo o papel transformador do homem na sociedade. Como podemos ver, o grupo liderado pelo francês Jacques Delors não compreende mais a educação apenas por seu papel de “construção” do ser social, mas também como instrumento fundamental na atuação do homem perante a sociedade em constante transformação. Assim, torna-se perceptível que o homem deve ser antes de tudo preparado para o conhecimento, posto que suas atitudes serão condicionais ao aproveitamento real do conhecimento adquirido. 11 (Fonte: Disponível em: <http://grupob-apresentacao.wikispaces.com/>. Acesso em: 23 maio 2014.) Ao relacionarmos o que estudamos sobre andragogia aos pilares da educação no século XXI, podemos concluir que a educação para adultos passa pela instrumentalização de um conhecimento voltado para a prática e relevante ao dia a dia do ser humano, contribuindo para que este homem tenha condições superiores de avaliar a realidade e transformá-la dentro de suas possibilidades sociais e profissionais. O homem, no entanto, não busca um conhecimento dissociado aos fatores presentes na sua atuação enquanto ser social, mas reconhecer o aprendizado como elemento de transformação e voltado para ampliar suas perspectivas de ação sobre sua vida social e profissional. Para concluirmos, então, esta primeira etapa, é preciso destacar que um processo de aprendizagem para adultos – levando-se em conta o que falamos sobre as ambições e interesses do homem na educação e no conhecimento – deve estar amparado em procedimentos didáticos que usufruam da experiência do aluno e de seu contexto social, orientados para o papel 12 coprotagonista do aluno em um ambiente de construção compartilhada e dialógica, com procedimentos voltados para a busca de soluções e resultados tangíveis e em harmonia e fomento com perspectivas de autoaprendizagem e aprendizado contínuo (RODRIGUES, 2013). Educação continuada Vimos até agora que a educação deve ser compreendida no séc. XXI como um instrumento fundamental na “adaptação” do homem às características que o cercam e, por sua vez, contribuindo para a construção de ferramentas (habilidades e conhecimentos) cruciais para a ação transformadora do ser humano sobre a realidade, seja ela social ou profissional. Ademais, compreendendo o adulto como o homem cuja formação escolar fundamental encontra-se completa e posicionamento profissional inserido em atividade laboral, chegamos ao ponto de virada entre a educação tradicional e os novos desafios na atualidade: a educação continuada. Quem nunca escutou aquela velha máxima de que “nunca é tarde para aprender”? Pois bem, o que há por trás da ideia de educação continuada é justamente essa perspectiva de que o homem deve estar sempre preparado para aprender, e em diferentes etapas de sua vida adulta, de acordo com suas necessidades, sejam elas pessoais e profissionais. Nas palavras de Alda Marin, [...] o uso do termo educação continuada tem a significação fundamental do conceito de que a educação consiste em auxiliar profissionais a participar ativamente do mundo que os cerca, incorporando tal vivência no conjunto dos saberes de sua profissão”. (MARIN, 1995). Como podemos perceber na citação anterior, é no ambiente compreendido como educação continuada que está o escopo propício para a educação voltada para o aperfeiçoamento profissional de adultos. Então, podemos dizer 13 que a educação corporativa é derivada de um processo de educação continuada com o objetivo de qualificar ou aperfeiçoar o adulto profissional de acordo com as demandas do mercado de trabalho, sobretudo se levarmos em conta as constantes mutações e emergência de novos temas e desafios no cotidiano profissional de qualquer área ou profissão. Educação corporativa Antes de darmos início a este subitem, vejamos algumas definições para educação corporativa: “um guarda-chuva estratégico para desenvolver e educar funcionários, clientes, fornecedores e comunidade, a fim de cumprir as estratégias da organização” (MEISTER, 1999). "(...) conjunto de ações integradas que possibilitam o desenvolvimento de pessoas com foco nas competências empresariais e humanas que são estratégicas para o sucesso do negócio" (EBOLI, 2004). “(...) uma cultura de aprendizagem contínua, proporcionando a aquisição de novas competências vinculadas às estratégiasempresariais” (QUARTIERO & CERNY, 2005). Estas três definições estão propositalmente apresentadas em ordem cronológica (sendo a primeira de 1999 e as seguintes de 2004 e 2005), e em todas percebemos a existência – e insistência no conceito – da palavra “estratégica”. Mas será por quê? Bom, voltemos um pouco ao tempo para entendermos o surgimento da chamada educação corporativa. 14 A ideia de modelos educativos oferecidos por empresas a seus funcionários surge nos Estados Unidos por volta da década de 1950, quando o tradicional modelo de Treinamento e Desenvolvimento começa a ser visto como incapaz de assimilar os novos padrões do modelo produtivo do pós-guerra e as mudanças no mercado de consumo e suas consequências nas empresas. (...) as características de um setor de Treinamento e Desenvolvimento padrão se tornaram tão desgastadas que melhorias ou mesmo uma reengenharia mais forte não seriam suficientes para adequá-lo às novas necessidades de educação no espaço das organizações. (QUARTIERO & CERNY, 2005). Desse modo, gradativamente as empresas foram se afastando da premissa inicial em que reinava a ideia de desenvolvimento de qualificações isoladas e o “como fazer”, passando a adotar programas que ambicionavam capacitar o funcionário além de sua função final, mas incorporando valores comuns e transversais a diversos setores da empresa. Mas é nas décadas de 1980 e 1990 que os modelos educacionais dentro das organizações ganham uma estrutura mais próxima ao que temos hoje. A razão disto? Bom, em termos gerais podemos dizer que as mudanças dentro das organizações foram resultado das mudanças ocorridas fora delas, principalmente nos padrões de consumo e na nova adequação – ou necessidade de adequar-se mais rapidamente – das relações entre empresas e clientes, concebendo então seus funcionários como estratégicos para o sucesso da organização. Eis, então, a ideia de estratégia. No “alvorecer” do séc. XXI, a compreensão de estratégia ganha ainda mais espaço no que tange a relação entre os objetivos da organização, a educação corporativa e a função de seus colaboradores. Para as empresas, não basta mais adotar modelos educacionais voltados para o treinamento ou qualificação, mas desenvolver condições autônomas de atuação profissional para pensar e agir em velocidade compatível com a dinâmica do mundo dos 15 negócios e as variáveis do mercado consumidor. No âmbito do mercado de trabalho, essa mudança de paradigma é ainda mais forte, pois mostra que as empresas preocupadas em oferecer condições para aprendizagem e crescimento profissional – também em termos acadêmicos – se tornam muito mais atrativas, em detrimento das organizações onde a função, mesmo sendo estável e segura, não oferece perspectivas de aprendizagem e crescimento como profissional. A este ponto da aula, certamente podemos fazer um rápido exercício reflexivo associando todo o conteúdo já estudado, afinal vimos que tanto a educação no século XXI como a perspectiva de educação para adultos – a andragogia – estão pautadas no conhecimento voltado para a prática e amparadas pela consciência do papel do homem em seu contexto social e o conhecimento relevante para a atuação do homem em seu espaço. Assim, a educação corporativa se encaixa harmoniosamente naquilo que compreendemos como a aprendizagem voltada para o profissional atuante na organização e através da qual o homem terá condições de atuar melhor e acumular conhecimentos vitais para seu crescimento no mercado de trabalho. Ao fomentar a aprendizagem através de programas de educação corporativa, a organização estará desenvolvendo e educando colaboradores, clientes e fornecedores de acordo com seus objetivos estratégicos, aperfeiçoando e atualizando para a melhor capacitação técnica e cultural do profissional (MUNDIM, 2002). Embora cada organização implemente seus modelos de aprendizagem de acordo com suas necessidades e condições operacionais, os modelos compreendidos como “universidades corporativas” são cada vez mais comuns, pois além de estruturarem sob um mesmo “guarda-chuva” todas as ações As universidades corporativas mais conhecidas no Brasil são justamente as criadas dentro das maiores empresas do país, tais como a Universidade Corporativa do Banco do Brasil, a Universidade Petrobras, as áreas de educação corporativa da Caixa Econômica Federal, da Datasul e do Serpro, entre outras. 16 planejadas e aplicadas no âmbito da educação corporativa e a estratégia da empresa, também podem atuar para o público externo a medida que se tornam referência de capacitação na sua área de atuação. Para Fleury e Oliveira, os pressupostos de uma universidade corporativa são os seguintes: 1) Desenvolver competências críticas em vez de habilidades; 2) Privilegiar o aprendizado organizacional, fortalecendo a cultura corporativa, e não apenas o conhecimento individual; 3) Concentrar-se nas necessidades dos negócios, tornando o escopo estratégico, e não focado exclusivamente nas necessidades individuais; 4) Atuando para o público interno e externo, e não somente funcionários; 5) Migrar do modelo de “sala de aula” para múltiplas formas de aprendizagem; 6) Criar sistemas efetivos de avaliação dos investimentos e resultados obtidos. (FLEURY & OLIVEIRA, 2011) O que fica evidenciado na proposta dos autores supracitados é que a educação corporativa – neste caso exemplificada pelo funcionamento de uma universidade corporativa – mesmo com uma visão mais ampla ao simples treinamento de funcionários, não pode abdicar da premissa de estratégia da empresa, por isso deve estar voltada para o fortalecimento da cultura corporativa e para as necessidades definidas ou em consequência do negócio da organização. Desse modo, é preciso pensar o papel da educação corporativa dentro da chamada cultura organizacional. 17 Metodologias e meios: a educação na cultura organizacional Como vimos até agora, a ideia de educação corporativa ultrapassa os limites do treinamento e desenvolvimento para habilidades fundamentais ao dia a dia da empresa, tornando-se então um importante instrumento estratégico para que a empresa tenha em seus colaboradores condições autônomas de pensar e agir dentro dos novos desafios e caminhos para o sucesso da organização. Pensar a educação corporativa significa estruturar processos organizacionais cujos objetivos estejam em torno da criação de uma cultura de aprendizado contínuo, mas não necessariamente idealizado apenas através do velho paradigma educacional – com docentes de alta titulação – mas, também, através de trocas de experiências com outros colaboradores – sejam eles seus pares, diretores, gestores, fornecedores ou clientes – que tenham condições de captar necessidades e expectativas e traduzi-las na forma de novos conhecimentos ou aprimoramento de determinadas habilidades. Assim, a educação corporativa poderá ser promovida através de inúmeras dinâmicas, passando por instrumentos teóricos – quando vitais – e se aproximando ao ambiente prático do próprio público-alvo para o qual está sendo desenvolvida e será ofertada. Um dos pontos importantes – e para o qual não podemos negligenciar, sob o risco de não promover as reais condições de aprendizagem – é que o ponto de partida da construção do conhecimento deve ser a própria experiência dos colaboradores, confrontada com propostas novas para a solução de problemas reais da empresa. A grande “matéria- prima” neste momento é a experiência de cada um,e agregaremos valor a esta “matéria-prima” justamente promovendo o compartilhamento de experiências e a orientação conjunta para o conhecimento vital. Compreendendo a educação como elemento estratégico na busca pelo sucesso empresarial, as organizações encontram amplas condições de testar novos instrumentos de aprendizagem e vinculá-las às metas organizacionais, abrindo espaço para a aferição de resultados diretos e em consequência da adesão de seus colaboradores aos programas educacionais em oferta. Para 18 tanto, e cientes de que as necessidades de aprendizagem de uma organização são proporcionais ao seu tamanho, estrutura e atuação no mercado, as empresas oferecem programas compatíveis com o perfil do seu colaborador, ou – estrategicamente pensado – com o perfil de colaborador que será vital para o sucesso da empresa, seja através de meios mais tradicionais de ensino presencial, seja através de plataformas eletrônicas ou virtuais de ensino a distância, ambos os modelos apresentam vantagens e desafios de acordo com a proposta de aprendizagem e os resultados esperados. Entre as características – métodos de aprendizagem e meios de vinculação destes programas – da educação corporativa, não podemos nos afastar das premissas deliberadas pela organização tendo em vista a construção de uma cultura organizacional voltada para o sucesso e busca por resultados. Por outro lado, há elementos comuns os quais podemos compreender como essenciais ou mínimos para a construção de plataformas de educação para colaboradores, tais como: Onde estudar? Há algumas décadas, qualquer empresa preocupada em desenvolver programas de educação para seus colaboradores também precisaria se preocupar com os custos operacionais de mobilizar um grupo de funcionários, retirá-los de seu ambiente de trabalho e organizá-los em um espaço físico com condições de recebê-los e voltado para o aprendizado. Além de custos efetivos, essa configuração de sala de aula limitava o alcance da aprendizagem por restringir fisicamente o acesso ao conhecimento ao número viável de colaboradores em reunião. Embora a sala de aula seja a primeira lembrada quando se fala em troca de experiência e interação entre as partes envolvidas no processo de construção compartilhada de conhecimentos, as novas tecnologias – tais como ensino a distância e aprendizado eletrônico – abriram novos horizontes para a educação corporativa e sua receptividade e atuação perante os colaboradores. Este tema será melhor explorado em uma 19 aula mais à frente, mas apenas para aguçar a reflexão, basta pensarmos na redução dos custos, a solução frente ao trânsito de pessoas e as dificuldades de uma agenda comum a todos os colaboradores, e o ensino a distância ou aprendizado eletrônico. Com quem estudar? Quando falamos em educação corporativa, quebramos um paradigma bastante comum na educação tradicional; a separação entre público-alvo e corpo docente. Isso porque, como vimos, a educação empresarial corresponde às construções de programas que permitam à empresa levar aos seus colaboradores e clientes conhecimentos vitais às suas estratégias e, também, essenciais para o desenvolvimento pessoal e profissional como forma de reter profissionais e capacitá-los para os desafios de mercado. Desse modo, além de professores com titulação acadêmica, a empresa deverá valer-se dos próprios colaboradores para, em conjunto com outros colaboradores de áreas definidas para cada programa, atuar no sentido de desenvolver processos de aprendizado voltados para o compartilhamento de experiências e busca por soluções para problemas enfrentados pela empresa. Assim, “alunos” também serão “mestres”, pois suas experiências serão a base para explorar possibilidades com outros colaboradores. Sociedade do conhecimento e capital humano Certamente, os termos que abrem este último subitem da nossa primeira aula já foram escutados por você, inclusive porque todos nós somos produtos da sociedade do conhecimento e conscientes do nosso potencial e papel perante o mercado de trabalho. O próprio fato de estarmos interagindo através de um texto em um curso de pós-graduação já nos coloca em uma experiência fundamental da era do conhecimento e a busca pelo crescimento deste importante bem, definido por muitos autores como o “capital humano”. 20 (Fonte: Disponível em: <http://blog.qualidadesimples.com.br/2012/09/03/educacao- corporativa/>. Acesso em: 23 maio 2014.) Embora haja divergência entre diferentes autores e corrente da sociologia, a sociedade do conhecimento compreende uma nova etapa da história social dos homens em que pese o conhecimento e a informação como bases fundamentais do desenvolvimento econômico e social. Para esta compreensão – vigente principalmente nas últimas três décadas e com ênfase no escalonar do capitalismo do final do séc. XX – o conhecimento passa a ser compreendido com valor crítico de sucesso para organizações, portanto, sendo o homem o protagonista na construção e compartilhando do conhecimento, fala-se também em capital humano como elemento central de poder e possibilidades de obtenção de sucesso. Ao falarmos do ser humano como um capital, logo nos vem à mente a ideia de depreciação deste capital – tal como ocorre a outros fatores de produção – , no entanto, é preciso compreender a depreciação do capital humano não como a depreciação do ser humano propriamente dito, mas sim do conhecimento como instrumento e ferramenta para atuar sobre a realidade e transformá-la. Assim, o elemento de rápida depreciação é, na verdade, o próprio conhecimento, que precisa estar constantemente em renovação ou 21 periodicamente confrontado com a realidade e as transformações na sociedade a fim de manter-se capaz de explicar ou apresentar “soluções” para os desafios do cotidiano social e profissional. O único caminho para os trabalhadores da sociedade do conhecimento manterem suas habilidades e conhecimentos e atuarem efetivamente como capital humano é se comprometendo com um aprendizado contínuo e vitalício, o que afetará todos os trabalhadores, tanto como indivíduos quanto como empregados ou empregadores. (CRAWFORD, 1994). A fim de manterem-se competitivas, as organizações passam então a vislumbrar o investimento na educação para desenvolvimento de capital humano não mais como uma despesa, mas como ação estratégica fundamental para garantir a vantagem competitiva a médio e longo prazo. O investimento no capital humano não passa pelo treinamento operacional apenas, mas na adoção de métodos que permitam envolver e inspirar pessoas para atuar em equipes e estabelecer alianças cruciais à atuação para resultados. Os seres humanos, portanto, deixam de ser vistos como transportadores dos ativos das empresas, já que eles próprios – os colaboradores – são ativos estratégicos que podem ser valorizados e mensurados. Por fim, cabe refletir sobre o papel das estratégias para recrutamento, desenvolvimento e compensação do capital humano, a medida que aceitando o ser humano como fator crítico de sucesso, é preciso pensar em tais estratégias como parte da própria valorização do capital humano, e não – e de maneira simplista – como instrumentos de seleção e recompensa (PONCHIROLLI, 2002). Atividade proposta Para fazer esta atividade, assista ao vídeo da Universidade do Hambúrguer, disponível em nossa galeria de vídeos. 22 Neste vídeo, você assistirá a uma apresentação sobre a universidade corporativa do McDonald's, conhecida como a Universidadedo Hambúrguer. Pegue um papel e uma caneta e elabore uma lista com palavras-chaves que descrevam processos fundamentais desenvolvidos pelo programa de educação corporativa do McDonald's e que nós vimos em nossa aula. Veja o vídeo mais de uma vez e reflita sobre comentários que exemplifiquem temas e questões estudadas em aula. Depois de elaborada a lista, compare com a listagem do seu professor. Material complementar Leia na íntegra o estudo elaborado pela UNESCO “Educação um tesouro a descobrir” - Disponível em nossa biblioteca virtual. Assista ao vídeo de um trabalho desenvolvido pela Universidade Corporativa do Banco do Brasil - Disponível em nossa galeria de vídeos. Referências Bibliográficas BIANCHETTI, L. (Orgs.) Educação corporativa: mundo do trabalho e do conhecimento: aproximações. São Paulo: Cortez, 2005. CRAWFORD, Richard. Na era do capital humano. São Paulo: Atlas, 1994. DELORS, Jacques (Coord.). Os quatro pilares da educação. In: Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortezo, 1999. EBOLI, M. Educação para as empresas do século XXI: coletânea de artigos sobre as universidades corporativas. São Paulo: FIA/FEA-USP, 1999. 23 FLEURY, Maria Tereza Leme; OLIVEIRA JR., Moacir de Miranda. Gestão estratégica do conhecimento. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2001. IMBERNÓN, F. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2002. MARIN, A. J. Educação continuada: introdução a uma análise de termos e concepções. In: Caderno Cedes. n. 36, 1995. Apud NEZ, E. de; ZANOTTO, M. A formação continuada em questão. In: Educere et Educere. Revista de Educação. v. 1, n. 1 jan/jun.2006, p. 257-262. MEISTER, Jeanne C. Educação corporativa: gestão do capital intelectual através das universidades corporativas. São Paulo: Makron Books, 1999. MUNDIM, Ana Paula Freitas. Desenvolvimento de produtos e educação corporativa. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2002. QUARTIERO, E. M.; CERNY, R. Z. Universidade Corporativa: uma nova face da relação entre mundo do trabalho e mundo da educação. In: QUARTIERO, E. M. & PONCHIROLLI, Osmar. Rev. FAE, Curitiba, v.5, n.1, p.29-42, jan./abr. 2002. RODRIGUES, Zuleide Bianco. Os quatro pilares de uma educação para o século XXI e suas implicações na prática pedagógica. Disponível em: <http://www.educacional.com.br/articulistas/outrosEducacao_artigo.asp?artig o=artigo0056>. Acesso em: 17 nov. 2013. WAAL, P. de e TELLES, M. (2004). Aprendizagem significativa (Ausubel). Disponível em: <http://www.dynamiclab.com/moodle/mod/forum/discuss.php?d=421>. Acesso em: 17 nov. 2013. 24 Exercícios de fixação Questão 1 No limiar do séc. XX para o séc. XXI as Nações Unidas, através da UNESCO, organizaram um amplo estudo sobre a educação no mundo. Seu objetivo era avaliar os processos de aprendizagem vigentes e sua adaptabilidade aos desafios do no novo milênio. De modo geral, os resultados desse estudo apontaram para o seguinte cenário: a) A globalização, nas décadas de 1980 e 1990, exerceu grandes mudanças nos processos de aprendizagem, contribuindo para uma adaptação da escola aos desafios do séc. XXI. 25 b) Embora o desafio não esteja apenas na infância, é a educação de jovens que mais preocupa, pois os processos educacionais estão preparados apenas para aqueles que desejam estudar. c) É preciso pensar a educação como um processo contínuo para diversas fases da vida e, para tanto, faz-se necessário preparar o ser humano para o aprendizado, e não apenas fornecer informações. d) A educação no séc. XXI está apartada dos processos de aprendizagem vigentes no final do século passado, por isso deve ser repensada como um grande fluxo de conhecimentos e informações para o ser humano. e) As transformações inerentes à sociedade do conhecimento apenas aprofundaram a necessidade de uma educação fortemente voltada para a infância e adolescência, pois é neste período que o ser humano “aprende a aprender”. Questão 2 Um dos elementos centrais do estudo liderado pelo francês Jacques Delors é a ideia de que a prática pedagógica deve preocupar-se com a possibilidade de aprendizado por parte do indivíduo, isso por que: a) A predisposição para o aprendizado é limitada, portanto não é viável estabelecer processos pedagógicos de aprendizagem para adultos cuja formação já esteja completa. b) O conhecimento decorrente do processo de acúmulo de informação será tangível apenas se o indivíduo estiver de fato aderente a este 26 processo e com condições de receber os fluxos informacionais disponíveis. c) O foco da educação deve ser elaborar fluxos informacionais fundamentais à formação ou atualização do indivíduo, independente de sua idade, origem ou expectativas. d) Embora o indivíduo esteja sempre preparado para o aprendizado, muitas vezes sua predisposição é menor quando não há expectativas para a utilidade do conhecimento adquirido. e) Assim como na educação para adultos, os processos de aprendizagem para jovens devem estar pautados na utilidade do conhecimento adquirido, caso contrário, não há possibilidades de aprendizado por parte do indivíduo. Questão 3 A divulgação do estudo realizado pela UNESCO foi organizada no que ficou conhecido “os 4 pilares da educação no séc. XXI”. Sobre estes, considere as seguintes assertivas: I. Aprender a conhecer: capacidade fundamental para consumir e guardar informações recebidas em processos de aprendizagem. II. Aprender a fazer: capacidade de compreender e influenciar a realidade através do conhecimento adquirido. 27 III. Aprender a conhecer: estimular e promover a disposição ao conhecimento, o interesse em sair do estágio de ignorância. IV. Aprender a fazer: desenvolver o ensino instrumental baseado na imediata necessidade do indivíduo. Estão CORRETAS as opções: a) I e II. b) III e IV. c) I e IV. d) II e III. e) I, II e III. Questão 4 “Andragogia é a arte ou ciência de orientar adultos a aprender”, Malcolm Knowles, 1970. De que forma é possível associar esta definição da década de 1970 aos pilares da educação no séc. XXI? I. Ambas as referências indicam que o adulto está mais predisposto a aprender aquilo que encontra justificativa na sua realidade. II. O conceito de andragogia trabalha com a ideia de que o adulto está permanentemente preparado para o aprendizado, por essa razão os 28 fluxos informacionais indicados para o séc. XXI se encaixam perfeitamente na educação para adultos. III. A educação para adultos deve ser pensada para atuar frente a um ser humano autônomo nas suas decisões, assim, o adulto deve estar preparado e aberto ao conhecimento. IV. Não há relação entre os conceitos apresentados, pois tratam de possibilidades apartadas de educação para adultos e crianças. Estão CORRETAS as opções: f) I e III. g) Apenas a IV. h) I, II e III. i) II e III. j) Apenas a I. Questão 5 “Uma das grandes distinções entre educação de adultos e a educação convencional é encontrada no processo de aprendizagem em si mesmo. Nenhum outro, senão o humilde, pode vir a ser um bom professor de adultos. Na classe de estudante adulto, a experiência tem o mesmopeso que o conhecimento do professor. Ambos são compartilhados par a par. De fato, em algumas das melhores classes de adultos é difícil se distinguir quem aprende mais: o professor ou o estudante. Este caminho duplo é refletido também na divisão de autoridade. Na educação convencional, o aluno se adapta ao 29 currículo oferecido, mas na educação de adultos, o aluno ajuda na formulação do currículo... Sobre as condições democráticas, a autoridade é do grupo. Isto é uma lição fácil, mas enquanto não for aprendida, a democracia não tem sucesso.” (LIDIMAM, 1926, p. 8-9 apud OLIVEIRA, Ari Batista de. Andragogia: facilitando a aprendizagem. Brasília: CNI/SESI, [1999]). Considerando o texto apresentando aspectos da educação para crianças e adultos, reflita sobre as seguintes afirmações: I. A construção de modelos de aprendizagem para adultos passa pelo crivo dos próprios alunos, pois estes deverão contribuir com as expetativas que estarão amparando a formação do currículo escolar. II. A educação para adultos pode ser percebida como o momento ideal para a construção compartilhada de conhecimentos, por isso o papel do docente deve carregar experiências vitais ao conhecimento e aprendizado do aluno. III. A autoridade do docente não deve ser sentida na imposição de um currículo final, mas na condução da aprendizagem, pois cabe ao professor definir os melhores métodos para a construção do conhecimento. IV. A adesão de adultos aos processos de aprendizagem dependerá da percepção de ganho qualitativo nas experiências, compartilhadas entre os outros alunos e o orientador da dinâmica educacional. Estão CORRETAS as opções: a) I e III. b) I, II e IV. c) II, III e IV. d) II e IV. e) Apenas a IV. Questão 6 30 Desde meado da década de 1990, a educação corporativa tem sido apresentada pelas empresas como uma alternativa ao antigo modelo de treinamento e desenvolvimento para aumentar a geração de valor em seus produtos e serviços através de colaboradores engajados no clima organizacional e com condições de crescimento profissional. Ademais, possibilita a vantagem competitiva por enxergar os recursos humanos como valores estratégicos na busca por resultados. Desse modo, podemos concluir que a educação corporativa: a) Respeita a autonomia no aprendizado adulto, mas incentiva o compartilhamento de experiências visando à construção de conhecimentos comum a todos. b) Está apartada da gestão de conhecimentos, pois volta-se para o treinamento de habilidades vitais ao bom andamento do negócio e prestação de serviço. c) Está focada no desenvolvimento de conhecimentos redundantes à prática profissional dos seus colaboradores, por isso tende a não atrair grandes públicos. d) Substitui a formação acadêmica tradicional, pois acaba por ofertar modelos de aprendizagem realmente voltados para a prática profissional de seus colaboradores. e) Pode ser identificada em campanhas para qualificação externa, pois em termos gerais, os custos para o desenvolvimento interno não são compatíveis com a atividade fim da empresa. Questão 7 Empresas e organizações de grande porte têm apostado nas últimas décadas na criação das chamadas universidades corporativas. Em relação à estratégia da empresa, essa iniciativa representa: a) Uma diminuição nos custos de educação empresarial, já que treinamentos e capacitações passam a ser realizados em parceria com tradicionais instituições de ensino. 31 b) Um novo enfoque na atividade fim da empresa, que passará estrategicamente a também se colocar como uma opção educacional para aprendizagem perante o mercado. c) Um avanço nos investimentos em educação corporativa, pois indicam o caráter estratégico no investimento em capital humano como diferencial competitivo da organização. d) Uma importante iniciativa no que tange treinar seus funcionários com vistas a diminuir os custos de produção, à medida que melhores práticas podem ser replicadas em outros setores. e) Um custo temporário, pois programas de educação corporativa tendem a funcionar apenas em momento em que se percebe carência de qualificação de um determinado setor ou na busca de melhores práticas para execução da atividade fim da empresa. Questão 8 Seguindo o exemplo de filiais em outros países, a filial brasileira de um grande grupo internacional decidiu investir em um modelo complexo e amplo de educação corporativa visando seus objetivos estratégicos de médio prazo. Podemos dizer que esta decisão está baseada: 32 a) Na crescente divergência entre suas operações e as operações desenvolvidas pelas filiais de outros países, portanto, buscando uma padronização nos seus processos. b) Na tendência surgida no Brasil de criação de centros de educação em substituição ao frágil aparato público de educação técnica e profissional. c) Na busca pelo compartilhamento de novas práticas e experiências em um ambiente de rápida obsolescência do conhecimento organizacional. d) Nos modelos organizacionais internacionalizados, nos quais a busca por padrões de qualidade estão acima das características regionais ou hábitos inerentes aos colaboradores de um determinado país e filial. e) Na dificuldade em encontrar colaborados com conhecimentos e habilidades vitais ao sucesso da empresa. Questão 9 "As organizações bem-sucedidas utilizam indicadores (...) para gerir e monitorar seus ativos intangíveis, pois o valor deles supera muitas vezes o valor dos seus ativos tangíveis. Percebe-se que administrar pessoas vem antes, durante e depois da administração de qualquer recurso organizacional, seja capital, máquinas, instalações, etc. Por essa razão, o investimento maior 33 está sendo feito (...) no conhecimento das pessoas. Muitas organizações desenvolvem esquemas de educação corporativa e universidades corporativas e virtuais para melhorar a gestão do seu capital intelectual" (CHIAVENATO, 2003). Como nos mostra Chiavenato, a educação corporativa percorre objetivos diversos e pode ser ofertada pela empresa por diferentes modelos. Desse modo, considere as afirmações a seguir: I. Por se tratar de um processo de aprendizagem, e não um local estabelecido, uma organização pode ofertar modelos de educação corporativa mesmo sem que haja uma infraestrutura própria. II. Ao valorizar seu capital humano, uma organização estará garantindo um importante pilar na busca por resultados: a sustentabilidade de seu crescimento. III. Modelos de educação corporativa precisam estar estruturados em ambientes próprios, como universidades corporativas, caso contrário há riscos de que o processo de aprendizagem seja comprometido pela dinâmica do dia a dia nas empresas. IV. A educação corporativa não está aliada à gestão do conhecimento, pois processos de capacitação estão voltados para o aprimoramento das funções visando ao desenvolvimento da organização, e não o crescimento individual. Estão CORRETAS as assertivas: a) I e II. b) II e III. c) III e IV. d) I e IV. e) Apenas a I. Questão 10 34 Equivocadamente, ainda há quem entenda a educação corporativa como sinônimo de "treinamento e desenvolvimento, no entanto, são modelos e opções estratégicas distintas na atuação das empresas”. Educação corporativa se diferencia por: a) Focar em clientes internos e externos, ser um meio de compartilhamento de conhecimento e criação de soluçõespara questões reais da empresa. b) Objetivar soluções de aprendizagem individual e voltada para o alto desempenho de setores estratégicos. c) Ser estrutura por instituições externas de reconhecida atuação no campo educacional. d) Determinar padrões de qualidade e estímulo à cultura organizacional. e) Ter currículos finais definidos pelos diretores das empresas e funcionar como mecanismo de adequação dos recursos humanos às estratégias empresariais. Atividade Proposta O vídeo dá destaque a princípios fundamentais de uma universidade corporativa, e que demonstram a preocupação do McDonald’s com a preparação dos colaboradores em todos os estágio e para inúmeros desafios. Podemos enumerar: 35 1. Tradição => criação no Brasil de um modelo já consagrado em outros países e que se torna referência em treinamento e capacitação na área em que atual o McDonald’s; 2. Formar talentos => não se trata apenas de um modelo de treinamento para habilidades específicas, mas voltado para criar e desenvolver talentos que poderão atuar em diferentes áreas da empresa; 3. Qualidade => modelo pensado para agregar conhecimentos com vistas a uma entrega de qualidade ao consumidor final. Grande preocupação com a qualidade do serviço prestado em todas as esferas da empresa; 4. Disposição e processos de aprendizagem => de um lado o profissional colaborador querendo aprender e crescer, de outro a empresa oferecendo um processo estruturado de treinamento e educação corporativa; 5. Corpo docente => professores com grande experiência de mercado e destaque em suas áreas de atuação profissional. Não há “professores profissionais”, mas profissionais de destaque em diversas áreas atuando, também, como professores; 6. Sustentabilidade => além de garantir princípios de sustentabilidade ambiental, o modelo de educação corporativa do McDonald’s também busca a sustentabilidade dos seus processos através da redução de custos e, acima de tudo, sustentabilidade do seu modelo de negócio; 7. Espaços => criação de espaços específicos para a aprendizagem, privilegiando uma infraestrutura amparada na educação para adultos; 8. Educação continuada => oferta de procesos contínuos de aprendizagem, atendendo colaboradores em diferentes momentos de 36 suas carreiras através das escolas (Escola de Excelencia Operacional, Escola de Negócios, Escola de Liderança); 9. Público externo => além de atuar frente aos seus colaboradores, a Universidade do Hambúrguer também está aberta para voluntários e envolvidos em grandes eventos apoiados pelo McDonald’s; 10. Estratégia => garantir a adesão dos colaboradores à cultura organizacional McDonald’s e criar recursos humanos fundamentais para o crescimento da empresa. Exercícios de Fixação Questão 1 - C Justificativa: O estudo elaborado pela UNESCO diagnosticou a necessidade de se repensar a educação como um processo contínuo para toda a vida, no entanto, não basta alimentar os fluxos de informações, pois é preciso criar condições para o aprendizado e execução do conhecimento adquirido. Questão 2- B Justificativa: Os resultados do estudo apontaram que o ser humano pode aprender sempre, mas deve ser preparado ou educado para o aprendizado, caso contrário se torna avesso aos fluxos informacionais. O adulto, no entanto, tende a aceitar melhor o conhecimento com foco na sua interação com a realidade, seja para compreendê-la, seja para transformá-la. Questão 3 - D Justificativa: Os pilares “aprender a conhecer” e “aprender a fazer” indicam que o homem deve prioritariamente estar aberto ao conhecimento para, então, poder compreender e transformar a realidade ao seu redor. Questão 4 - A 37 Justificativa: A andragogia entende que o adulto está predisposto ao conhecimento quando percebe a relevância dos fluxos informacionais, assim como coloca o pilar “saber fazer” no estudo desenvolvido pela UNESCO. Questão 5 - B Justificativa: O papel do docente é fundamentalmente o de orientador na construção do aprendizado, e deve estar aberto ao livre andamento da dinâmica educacional de acordo com as experiências compartilhadas e as expectativas do grupo. As experiências profissionais do docente na área em estudo serão fundamentais para a reflexão sobre soluções e interpretações de determinadas questões. Questão 6 - A Justificativa: A educação corporativa reúne colaboradores com experiências a processos estruturados de aprendizagem, permitindo uma construção compartilhada de conhecimentos vitais ao alto desempenho profissional. Tal conhecimento não está limitado às praticas do dia a dia, mas permitem ao colaborador enxergar ganhos qualitativos em sua atuação profissional. Questão 7 - C Justificativa: Recebem o nome de universidades corporativas processos bem estruturados e complexos de educação empresarial, nos quais colaboradores e clientes podem passar por programas diversos de acordo com as expectativas e estratégias da própria empresa. Organizações com universidades corporativas demonstram não enxergar o investimento em educação como um custo, mas como estratégico na atuação para resultados e desenvolvimento de gestão de alto desempenho. Questão 8 - C Justificativa: Modelos de educação corporativa adotados por empresas internacionais não buscam necessariamente formar padrões, mas compartilhar experiências visando ganhos comuns a todos os setores. Assim, 38 com as rápidas e grandes transformações no mercado, é fundamental que a empresa incentive seus colaboradores para que sejam eles os grandes promotores de conhecimento de ponta e melhores práticas. Questão 9 - A Justificativa: Um processo de educação corporativa não está baseado apenas, ou prioritariamente, na definição de um espaço físico, mas na disposição da organização em estruturar modelos de aprendizagem viáveis e adequados à atuação de seus colaboradores e voltados para o estímulo ao compartilhamento de experiências e desenvolvimento de novos conhecimentos organizacionais. Questão 10 - A Justificativa: A educação corporativa tem atuação interna e externa, e também é utilizada com fornecedores e clientes das organizações. Diferentemente dos métodos de “treinamento e desenvolvimento”, a educação corporativa visa compartilhar experiências na busca pela renovação dos conhecimentos organizacionais. Atualizado em: 09 jun. 2014
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