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Resposta à acusação

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SALTO/SC
Processo n.º ...
DANI BOY, já qualificados nos autos do processo em epígrafe, vem, por intermédio de seu procurador signatário, conforme procuração anexa, à presença de Vossa Excelência, apresentar 
RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com fundamento nos artigos 396 e 396-A, ambos do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos que passa a expor:
DOS FATOS
O acusado Dani Boy, foi denunciado pela suposta prática do delito de furto, conforme descrito na peça acusatória. 
O réu foi devidamente citado, sendo aberto o prazo para apresentar resposta à acusação. 
Em síntese, é o breve resumo dos fatos. 
DO MÉRITO
Primeiramente, sem analisar efetivamente o mérito a respeito das circunstâncias do fato, cabe mencionar que os fundamentos para a decretação da prisão preventiva não se fazem presentes, conforme será exposto na sequência.
Conforme consta na denúncia, o réu teria subtraído para si, boné da marca NIKEL e várias cargas de Gilette, pertencentes ao Hipermercado HIPERTUDO, no dia 07 de janeiro de 2013. 
Ocorre que a denúncia foi recebida no dia 03 de julho de 2017, tendo decorrido mais de 04 anos desde a data dos fatos até o recebimento da denúncia, nesse caso verifica-se a prescrição da pretensão punitiva estatal, uma vez que o artigo 155, caput, prevê a pena máxima de reclusão de 04 anos e conforme artigo 109, inciso IV, o crime prescreve em 08 anos e, combinado com o artigo 115, caput, todos do Código Penal, a prescrição se opera pela metade, uma vez que o acusado era menor de 21 anos à época dos fatos.
Assim, a prescrição punitiva estatal se opera em 04 anos, com base nos artigos 155, caput, 109, inciso IV c/c 115, caput, todos do Código Penal. 
Nesse sentido, requer seja decretada a extinção da punibilidade do agente pela prescrição, nos termos acima expostos. 
Subsidiariamente, em caso de não ser acatada a prescrição acima elencada, requer a defesa a análise dos fundamentos a seguir expostos.
Na inicial não constou o valor total dos bens supostamente furtados, sendo certo que pela própria descrição elaborada pelo parquet tratou-se de produtos comuns, de pouco valor.
A Constituição Federal logo em seu artigo 1º, inciso III, estabelece que a República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito, o qual tem como fundamento a dignidade da pessoa humana.
A descrição formal de um fato criminoso dentro de um Estado Democrático de Direito, tem de observar se o fato tem relevância e tutela os mais importantes interesses sociais, ou seja, aqueles identificáveis com os direitos humanos. Os direitos humanos e a dignidade da pessoa humana são fundamentais já que deles decorrem vários princípios penais.
O princípio da fragmentariedade trata-se de corolário do Princípio da Intervenção Mínima e do Princípio da Legalidade. Significa que o Direito Penal não deve sancionar todas as condutas lesivas aos bens jurídicos, mas tão-somente aquelas mais graves e danosas, incidentes sobre os bens mais relevantes.
O princípio da intervenção mínima, por sua vez, estabelece que o direito penal só deve atuar na defesa dos bens jurídicos relevantes para os indivíduos e para a sociedade, bens imprescindíveis à convivência pacífica dos homens e que não podem ser protegidos de outra forma. É medida de orientação e limitação do poder punitivo estatal. O princípio da insignificância é um princípio paralelo e corolário ao princípio da intervenção mínima.
O princípio da insignificância ou bagatela é um princípio penal limitador. Este princípio não está na dogmática jurídica, sendo certo que resulta da criação exclusivamente doutrinária e pretoriana.
A corrente que considera o princípio da insignificância como excludente de tipicidade é a mais difundida pela doutrina tradicional e é a que nos parece mais correta. Para os adeptos de tal teoria, consiste o princípio da insignificância na idéia de que o Direito Penal não deve se preocupar com bagatelas, do mesmo modo que não podem ser admitidos tipos incriminadores que descrevam condutas incapazes de lesar o bem jurídico, já que a tipicidade exige um mínimo de lesividade a esse.
Capez comenta que: “se a finalidade do tipo penal é tutelar um bem jurídico, sempre que a lesão for insignificante, a ponto de se tornar incapaz de lesar o interesse protegido, não haverá adequação típica”.
Corroborando com o entendimento de Fernando Capez, Carlos Vico Mañas também entende que o princípio da insignificância é causa de exclusão da tipicidade. Diz ele que o juízo de tipicidade, para que tenha efetiva significância e para que não atinja fatos que devam ser estranhos ao Direito Penal, por sua aceitação pela sociedade ou dano social irrelevante, deve entender o tipo, na sua concepção material, como algo dotado de conteúdo valorativo, e não apenas sob o seu aspecto formal, de cunho eminentemente diretivo. Para dar validade sistemática à irrefutável conclusão político-criminal de que o Direito Penal só deve ir até onde seja necessário para a proteção do bem jurídico, não se ocupando com bagatelas, é preciso considerar materialmente atípicas as condutas lesivas de inequívoca insignificância para a vida em sociedade. E arremata: a concepção material do tipo, em conseqüência, é o caminho cientificamente correto para que se possa obter a necessária descriminalização de condutas que, embora formalmente típicas, não mais são objeto de reprovação social nem produzem danos significativos aos bens jurídicos protegidos pelo Direito Penal.
Tentando dirimir a questão, o Supremo Tribunal Federal criou requisitos que devem ser observados na hora da aplicação do princípio da bagatela. O Supremo decidiu que o princípio da insignificância não deve ser aplicado tomando-se por base tão somente o valor do bem jurídico, mas também deve-se observar os seguintes requisitos: mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Na situação relatada nos autos, verifica-se que todos os requisitos para aplicação do princípio da insignificância encontram-se presentes.
Ademais, o acusado Dni Boy reserva-se no direito de elencar as razões de sua inocência em momento oportuno, por ocasião dos debates orais e/ou memoriais.
DO PEDIDO
Ante o exposto, requer-se:
Ante as considerações expendidas e outras que entender pertinentes, postula a Vossa Excelência seja o denunciado Dani Boy absolvido sumariamente das imputações constantes da peça inicial, em razão da prescrição da pretensão punitiva estatal, bem como em vista da preambular não estar em elementos indiciários que autorizem o seu recebimento;
Sucessivamente, em caso de persistir o recebimento da denúncia, requer o deferimento do rol de testemunhas ora apresentado, determinando suas intimações par fins de comparecer à audiência a ser oportunamente designada.
Nestes termos, pede deferimento.
ADVOGADO 
OAB 
Salto, 27 de setembro de 2017.

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