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Aula 2 – O Discurso Histórico no Brasil Império
Nessa aula, vamos conversar sobre a historiografia brasileira no século XIX, que foi o início da construção do pensamento e da escrita da história nacional, de forma fluida e metodologicamente mais consciente do que tudo que fora feito até então. Para conhecermos uma obra historiográfica é necessário fazermos uma viagem no tempo. E levarmos em conta que os autores escreveram para o seu tempo. Sua vida era diferente, seu mundo era diferente. Por isso, devem ser analisados de forma coerente, e não preconceituosa.
Esses comentários fazem mais sentido ainda quando tratamos da obra de Varnhagen. Vamos juntos revisitar esse período que produziu tantos preconceitos acerca do que a cultura brasileira seria, mas que ao mesmo tempo demonstrou muito afinco em revelar a verdade histórica.
Os Institutos históricos e geográficos no Brasil foram pioneiros no levantamento, na coleta e na sistematização da documentação histórica, levantamentos geográficos e estudos etnográficos e linguísticos. Foram responsáveis pela produção de um saber científico na época em que a história reivindicava para si um estatuto de cientificidade, que fosse fundado em vasta e sólida pesquisa documental. Esse esforço foi direcionado para a elaboração de uma ideia de nação, notadamente, durante o período imperial, e seguiram produzindo durante o período republicano. 1838 - Ano da criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. A pesquisa histórica caracterizará o IHGB, e o seu mais notável representante Varnhagen.
Nação Brasileira
Para os intelectuais do IHGB coube a função de definir o projeto da nação brasileira. A elaboração desse projeto nacional reunia, no plano político e institucional, a defesa da Monarquia com o elogio da centralização política. Algo que se somava à pretensão científica do IHGB de ser o núcleo da onde se emanava a produção historiográfica brasileira. Completava esse projeto a defesa do catolicismo como alicerce da construção cultural da nacionalidade. Seriam esses os caminhos para o Brasil ser inserido na civilização ocidental. O IHGB fez uma história conforme o modelo europeu, e que vislumbrava na educação, um dos elementos essenciais na construção de uma identidade ideológica das elites que deveriam conduzir o projeto nacional brasileiro.
Von Martius
Foi com esse espírito que Von Martius apresentou o seu artigo "Como se deve escrever a História do Brasil" (O estudioso alemão não elaborou uma periodização da história brasileira, mas contribui de forma decisiva ao propor um método de abordagem que contivesse os temas e problemas que no percurso da construção do saber sobre a história do Brasil deveriam ser elucidados e sobre os quais se deveriam produzir interpretações para a compreensão geral.), em 1843 e que foi publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1845.
Salientou a importância do índio e do negro para a construção da sociedade brasileira, bem como a necessidade histórica de se conhecer e interpretar os seus costumes, as suas línguas e mitologias. Apontou a necessidade de se construir um discurso historiográfico sobre os elementos do cotidiano, tanto do colono português, do escravo africano e do índio, somente assim seria factível a compreensão dos mecanismos históricos do período colonial brasileiro.
Varnhagen
É preciso, entretanto destacar que ao exigir o retrato das outras raças como responsáveis pela construção da sociedade brasileira, Von Martius continuava assegurando ao branco a primazia e a responsabilidade de conduzir a civilização brasileira. Essa posição eurocêntrica característica do etnocentrismo dominante naquela época foi assumida pelo autor que primeiro, teve a intenção e a competência de responder aos desafios formulados por Von Martius, o nome dele é Varnhagen, o principal historiador produzido pelo IHGB.
Varnhagen, assim como Von Martius, não se interessou pela periodização da história brasileira, concentrou-se na documentação oficial (Antes de Varnhagen havia pouca documentação disponível e ela se encontrava dispersa e esperando um trabalho de inventário e de catalogação.  Existiam poucos meios para se estudar a história do Brasil Colônia. Pouco se sabia sobre os documentos do Nordeste holandês, ou qual seriam suas quantidades e a qualidade dos documentos que existiam se estivessem eles presentes na Bahia ou em Pernambuco, em Portugal ou na Holanda.) como fonte histórica. Ele foi, na sua época, um dos grandes compiladores de documentos da história brasileira, seu trabalho ofereceu subsídios práticos a várias gerações de historiadores, e isso realizou bem ao espírito do IHGB.
Varnhagen, além de compilar, foi um analista e propôs uma síntese da história brasileira por meio de sua obra "História Geral do Brasil" Vols. I e II (1854 e 1857). Varnhagen foi o iniciador da crítica histórica no Brasil levada a cabo de forma científica, com sua obsessão pela busca de documentos, em especial, aqueles presentes em arquivos na Europa. Varnhagen entende o Brasil comandado por uma elite nacional branca, católica, que será a fiadora dos conceitos de "progresso", "civilização" e "evolução". Esses conceitos eram influentes no imaginário nacionalista europeu do século XIX. O pensamento ortodoxo de sua historiografia partiu da escola metódico-documental, e no Brasil, Varnhagen foi o seu maior representante.
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