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Curso de Fisioterapia Aplicada a Cardiologia MÓDULO IV ANGIOPLASTIA E REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. MÓDULO IV A-ANGIOPLASTIA PERCUTÂNEA CORONÁRIA A angioplastia é um procedimento de reperfusão que utiliza um balão inflado dentro da artéria obstruída, além de utilizar também uma minitela de aço (stent) que, aberta, facilita a passagem do sangue. FIGURA 1 Fonte: http://www.hc.unicamp.br/laboratorios/lab-cateterismo.shtml FIGURA 2 Fonte: http://www.setfarma.com/infodoente.html A angioplastia transluminal coronária (ATC) é usada como forma alternativa de revascularização miocárdica. Ela passou a ser realizada a partir do final de 1977, quando foi realizada, pela primeira vez, por Andreas Gruentzig. A angioplastia 154 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 155 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores coronária foi usada inicialmente em pacientes com doença coronária sintomática de um único vaso e com obstrução nos segmentos proximais da rede coronária. Com a tecnologia a indicação da angioplastia para situações inicialmente consideradas desfavoráveis, como insuficiência coronária aguda (infarto agudo do miocárdio, angina instável), doença coronária multiarterial ou lesão de anatomia complexa já são totalmente aceitáveis. A angioplastia percutânea coronária é a modalidade de técnica de reperfusão mais empregada, sendo seus resultados comparáveis aos da cirurgia de revascularização miocárdica. Mesmo com índices de perviedade em longo prazo inferior à revascularização cirúrgica, a angioplastia vem mostrando ser um método alternativo ou complementar, principalmente em casos cujo tratamento cirúrgico é de alto risco. Os “stents” ou fixadores endovasculares também têm sido mais freqüentemente indicados, nos casos em que há falha da angioplastia, no tratamento da reestenose pós-angioplastia e em certas lesões arteriais graves. A dilatação arterial com balão objetiva o aumento do lúmen arterial melhorando a perfusão. No caso de lesões ateroscleróticas o balão proporciona a quebra da placa e afilamento das camadas vasculares. O acesso vascular geralmente é feito por via femoral, braquial ou axilar. A punção retrógada da artéria femoral é a mais comum, além de ser de fácil punção e de fácil compressão para hemostasia no final do procedimento. Outras vantagens incluem a presença de uma artéria alternativa contralateral, a facilidade de reparo arterial, caso a artéria seja lesionada durante a técnica, a possibilidade de punção anterógrada e a existência de uma de cateteres variados e instrumentos especificamente destinados para introdução neste local. As desvantagens serão conseqüências das dificuldades que ocorrem na presença de tortuosidades vasculares, estenoses e oclusões. FIGURA 3 Fonte: http://www.msd-brazil.com/msd43/m_manual/images/img_angioplastia.gif A punção da artéria braquial/axilar é segunda opção, sendo usada quando as femorais estão inadequadas. A artéria braquial esquerda é a mais utilizada, pois apresenta um risco menor de eventos cerebrovasculares relacionados à presença do cateter no trajeto da origem dos vasos cervicais. A desvantagem nesta artéria é o risco de trombose pelo menor calibre. Na punção axilar a pior complicação é o hematoma na bainha do feixe vasculonervoso, podendo causar neuropraxia braquial. A punção é feita com agulha e mandril, através do mandril da agulha uma guia é introduzida e avançada até as artérias ilíacas ou a aorta, sob controle fluoroscópio. Caso a guia não progrida, injeta-se contraste pelo mandril da agulha no sentido de se visualizar o percurso arterial. O paciente deve ser anticoagulado com heparina intravenosa e o cateter-balão deve ser introduzido sobre o guia. No local da 156 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores estenose ou oclusão, o balão é inflado pela injeção através do cateter de solução de contraste iodado e mantido por um período que varia entre 30 segundos e 3 minutos. FIGURA 4 Seqüência da técnica da angioplastia: passagem da guia e cateter, localização da lesão, posicionamento do cateter balão e insuflação. Fonte: http://www.lava.med.br/livro/pdf/adamastor_angioplastia.PDF O balão é retirado logo a seguir causando à ampliação da luz arterial estenosada, para o diâmetro normal. O procedimento é considerado bem-sucedido quando a obstrução residual pós-dilatação for inferior a 20% e o fluxo distal for normal, na ausência de infarto do miocárdio, morte ou cirurgia de revascularização miocárdica de urgência. 157 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 158 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores INDICAÇÕES DA ANGIOPLASTIA TRANSLUMINAL CORONÁRIA (ATC) O principal objetivo da ATC é aliviar a estenose vascular, normalizando o fluxo sanguíneo, para aliviar a isquemia miocárdica e seus sintomas, e evitar a oclusão total. A estenose coronária será significativa quando exceder 50% o diâmetro do vaso normal. A determinação da gravidade da lesão é expressa percentualmente pela relação do diâmetro do vaso sadio, em seu segmento proximal. A determinação é visual e quantitativa, objetivando maior confiabilidade e uniformidade dos dados. O sucesso do método é considerado se o diâmetro luminal mínimo (DLM) final for menor que 50%, na ausência de complicações maiores. Indicações: Doença uniarterial: Isquemia com obstrução arterial maior que 70% independente do grau de irrigação desta artéria. A ATC terá alta probabilidade de sucesso e baixo risco de complicações, em indivíduos sintomáticos ou assintomáticos com isquemia evidenciada por provas diagnósticas. Indica-se também para obstrução entre 50% e 70%, em artérias que irrigam grandes ou moderadas áreas miocárdicas, a angioplastia poderá ser feita quando não houver controle clínico dos sintomas. Em lesões complexas e maiores que 70%, indicam-se, porém, com menor probabilidade de sucesso e maiores índices de complicações. Doença multiarterial: Em obstruções maiores que 70% em duas artérias que irrigam grande ou moderada área miocárdica haverá alta probabilidade de sucesso e baixo risco de complicação, em indivíduos sintomáticos ou assintomáticos com isquemia evidenciada por provas diagnósticas. Indica-se também para obstruções de 70% em três ou mais artérias e na presença de obstrução maior que 70% com alta probabilidade de sucesso e baixos índices de complicações em uma artéria e entre 50% e 70% em uma ou mais das demais artérias. Já na presença delesão menor que 50% no tronco da coronária esquerda e de lesão maior que 70% na coronária direita a angioplastia poderá ser realizada nesta última artéria, desde que os testes funcionais mostrem que a isquemia é provocada por ela. 159 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Situações especiais; - Angina instável: Indicada precocemente e especialmente nos pacientes de alto risco, como com escore de risco TIMI maior que três, dor subentrante, alteração do eletrocardiograma ou da troponina sérica. - Pacientes com doenças sistêmicas graves: em pacientes multiarteriais, que não obtém resultados com o tratamento clínico, porém com elevado risco cirúrgico - insuficiência renal crônica ou doença pulmonar obstrutiva crônica ou limitantes de sobrevida (neoplasias), a angioplastia é feita dilatando-se somente a lesão causadora da isquemia. - Oclusão total crônica: este tipo de lesão é definido como a obstrução de duração maior que três meses, a angioplastia transluminal coronária só será indicada se houver área de miocárdio viável ou presença de extensa circulação colateral em paciente sintomático. - Lesões em enxertos de safena: Nestas lesões sempre há indicação, no entanto, persistem taxas mais elevadas de reestenose que as obstruções em artérias coronárias nativas e maior probabilidade de embolização distal, especialmente nas pontes de veia safena com mais de três anos de implantação. Embora os stents não tenham demonstrado diminuição significante das taxas de reestenose comparando ao balão, observou-se redução das taxas de eventos cardíacos intra-hospitalares e da sobrevida. - Infarto agudo do miocárdio: falamos de suas indicações no módulo V. Complicações Embora A ATC seja considerado um procedimento seguro e altamente eficaz, com baixas taxas de morte e infarto relacionadas ao procedimento, complicações como dissecções e oclusão arterial aguda levam a necessidade de retaguarda cirúrgica. Outro fator é a reestenose coronária, caracterizada pelo retorno da lesão, dentro de um período de seis meses. Quando o tratamento era feito só com o cateter-balão, o recolhimento elástico da artéria que ocorria imediatamente após a retirada do mesmo e, a freqüente dificuldade de se obter um diâmetro arterial 160 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores adequado ao final da técnica tornava as taxas de reestenose o maior problema a ser melhorado. Os preditores principais de reestenose são: diabetes mellito, angina instável, infarto do miocárdio, reestenose prévia, oclusão total, lesão localizada nas porções proximais da artéria descendente anterior, vasos de pequeno calibre (menor que 3,0 mm) e lesões longas (maior que 20 mm), lesões em ponte de veia safena, e obstrução residual pós-dilatação. Os stents surgiram e grande parte destes problemas é resolvida com os mesmos. As principais complicações nos dias atuais são de dois tipos: Aquelas decorrentes da necessidade de utilização de agentes de contraste, e aquelas inerentes à técnica do procedimento (acesso ao sistema vascular, à ultrapassagem da lesão pela guia, à manipulação de cateteres e a própria dilatação com balão). Reações ao contraste Nas arteriografias diagnósticas e nos procedimentos endovasculares, a utilização de agentes de contraste é obrigatória apesar de seus conhecidos efeitos sobre vários órgãos e sistemas. As reações alérgicas ocorrem em cerca de 20% dos pacientes e dentro de 5 minutos da administração do agente. As reações tardias são observadas numa minoria dos pacientes. As reações leves podem ser tratadas com antihistamínicos. Quando a reação é mais severa, utiliza-se adrenalina. Além disso, pode ser necessária a administração de corticesteróides ou até mesmo reanimação cardiopulmonar. Complicações da manipulação arterial 1) Hematoma: o hematoma no local da punção é a complicação mais comum. A utilização de cateteres de menor calibre diminui a incidência deste problema. Normalmente a lesão acontece após a remoção dos cateteres e bainhas. Quando os hematomas são pequenos e não expansíveis, resolvem espontaneamente em alguns dias. Pode-se preveni-lo pela aplicação adequada de pressão digital sobre o local de punção, por 15 a 20 minutos após a remoção da bainha introdutora. FIGURA 5 Fonte: http://www.scielo.br/img/fbpe/ramb/v47n4/7394f1.jpg 2) Espasmo arterial: é visto no local de acesso vascular ao longo do curso da artéria, ou perto da ponta do cateter. 3) Trombose: os principais fatores de risco são a associação da instrumentação prolongada e do vasoespasmo arterial. O uso de guias macias e cateteres de menor diâmetro, além da utilização concomitante de heparina, impedem esta complicação, além de ser mais comum quando se manipula artérias de pequeno calibre (renais, tibiais e fibulares). A formação de trombos é comum em procedimentos demorados. Neste caso, a indicação é a trombectomia cirúrgica pelo risco de sangramento através do orifício de punção. 161 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 4) Embolia: causada quando o cateter ou a guia desloca o trombo mural ou a placa. A formação de trombo pode levar a liberação de êmbolos. A maioria dos episódios são microembólicos e neste caso não há tratamento específico. Quando os êmbolos são grandes o tratamento é feito com trombólise ou embolectomia com cateter de Fogarty. A embolia por fratura do cateter é menos freqüente e se torna mais comum quando este é reutilizado várias vezes. 5) Hemorragia: A punção arterial pode causar hemorragia significativa, principalmente quando a compressão do sítio de punção pode ser dificultada pela obesidade do paciente. Utilizando uma técnica cuidadosa evita-se esta complicação. 6) Pseudoaneurisma: Causada por compressão inadequada após a retirada dos cateteres. O problema é corrigido com o reparo cirúrgico, a compressão guiada por ecografia ou a infusão de trombina diretamente no pseudoaneurisma. FIGURA 6 Fonte: http://www.scielo.br/img/fbpe/rbccv/v12n4/12n4a3g2.gif 7) Fístula artério-venosa: Não há como evitar esta complicação. Quando identificada logo após o procedimento, tenta-se a compressão guiada por ecografia. 162 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 7 Imagem angiográfica de uma fístula arterio-venosa no território femoral esquerdo. Fonte: http://www.embolution.com.br/img/emboloterapia/figura_15_fistulaAV.jpg 8) Dissecção pela guia: Esta lesão pode ser corrigida com a angioplastia da área dissecada através de outro sítio de punção. 9) Perfuração arterial: O vazamento sanguíneo resultante desta lesão é de pequena quantidade e resolve espontaneamente. Se o paciente foi anticoagulado, a heparina deve ser retirada e a anticoagulação revertida e o procedimento encerrado. 10) Ruptura arterial: Situação rara e o diagnóstico é confirmado quando se observa extravasamento de contraste. O paciente refere dor persistente pelo efeito irritante do sangue. O tratamento é o reparo cirúrgico. 11) Dissecção arterial pelo balão: Quando se repete a dilatação com um balão maiore a insuflação é dada por tempo mais prolongado pode haver selamento 163 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 164 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores do “flap” ou “falsa luz”. Assim, o uso do stent oferece a melhor chance de sucesso nesta situação. 12) Dilatação subintimal: Quando ocorre este tipo de lesão pode haver risco de trombose e formação de falsa luz. A correta posição da guia e nova dilatação é a conduta mais aceita. 13) Trombose no sítio de angioplastia: Esta lesão é tratada pelo uso de fibrinolíticos injetados por cateter no local da lesão. 14) Quebra do cateter: É muito raro acontecer, mas pode ocorrer durante o procedimento, se o cateter está angulado e é cortado pela guia. O desenvolvimento de métodos melhores vem sendo cada vez mais estimulado na tentativa de vencer as complicações da dilatação com balão e, dessa forma, reduzir as taxas de reestenose. Apenas a utilização de stents foi capaz de vencer esse desafio, e, atualmente, a angioplastia transluminal coronária com balão é o procedimento de exceção, estando restrita ao tratamento de vasos de pequeno calibre ou da reestenose intra-stent. STENTS INTRACORONÁRIOS O uso de stents em seres humanos foi descrito pela primeira vez em 1987. O stent é definido como uma micromalha metálica que recobre o balão, e que é liberado definitivamente com a insuflação do mesmo no local da obstrução coronária. São realmente próteses metálicas inseridas na luz vascular com função de manter a perviedade do vaso. A introdução dos stents intracoronários é o dispositivo de maior impacto, incorporados à angioplastia coronária convencional, revolucionando essa modalidade de revascularização do miocárdio. Os benefícios desses dispositivos têm dois efeitos: à diminuição da taxa de complicações durante o procedimento, ao reduzir as taxas de dissecção e oclusão aguda; e, tardiamente, à diminuição das taxas de reestenose. Porém, a novidade do stent, trouxe também uma complicação 165 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores chamada trombose subaguda, que aparecia no local do implante, em até 30 dias. Esse problema foi sanado com alguns procedimentos básicos, dentre eles o ajuste melhorado da endo-prótese, a utilização de drogas antiadesivas plaquetárias, como o AAS e derivados da Ticlopidina (Clopidogrel), e recentemente o abciximab, com potente efeito sobre o mecanismo plaquetário. Indicações a) Nas lesões "de novo" em artérias coronárias nativas com mais de 2,5 mm de diâmetro. b) No tratamento de lesões reestenóticas tratadas anteriormente com angioplastia transluminal coronária convencional. c) No tratamento de complicação da angioplastia transluminal coronária convencional (dissecção ou oclusão coronária). d) Nas lesões com alta probabilidade de reestenose: lesões em pontes de veia safena e oclusões totais em vasos de diâmetro maior que 2,5 mm. e) No infarto agudo do miocárdio. Complicações do stent A Trombose subaguda pode ocorrer nos primeiros 15 dias pós- procedimento, apresentando-se clinicamente com quadro de insuficiência coronária aguda. Nos dias atuais, a introdução de uma nova conduta antiplaquetária e o aperfeiçoamento das técnicas de liberação (uso de altas pressões e controle com ultra-som intracoronário) reduziu as taxas de trombose subaguda. O sangramento é outra complicação associada ao implante de stent. Essa taxa, no princípio, era elevada e estava relacionada ao tratamento com anticoagulação agressiva. Atualmente, essa taxa de sangramento reduziu e se assemelha à observada na angioplastia transluminal coronária convencional. 166 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Outras complicações são: oclusão de ramos com origem próxima ao stent implantado, dissecção coronária na borda do stent implantado, e, raramente, perfuração coronária. A reestenose ainda continua sendo a mais importante complicação tardia deste procedimento, apesar de reduzida esta taxa comparativamente à angioplastia com balão. Essas taxas de reestenose aumentam nos pacientes diabéticos, em vasos menores de que 2,75 mm, quando stents longos são utilizados e quando não se obtém resultado ótimo pós-procedimento. Acreditamos nos stents recobertos ser a grande esperança de tratamento ou de solução do problema. Stents Recobertos Os stents recobertos são stents com substâncias que inibem a proliferação tecidual responsável pela reobstrução intra-stent. Estes materiais estão prontos para serem introduzidos na prática clínica, com o objetivo de reduzir as taxas de reestenose. Uma dessas substâncias utilizadas é o sirolimo (rapamicina), uma potente droga imunossupressora de efeito citostático. Esta substância, além de possuir atividade antibiótica e antifúngica, também possui potente propriedade antiproliferativa, imunossupressora e comprovadamente inibidora do ciclo de proliferação celular. A proliferação dentro da íntima vascular em estudos animais com esse stent foi insignificante e as taxas de reestenose do stent, de reestenose de bordas e de eventos clínicos maiores foram iguais à zero. Outras substâncias com propriedades antiproliferativas estão sob estudo clínico: o taxol. FIGURA 8 Estenoses junto à bifurcação aórtica. Fonte: Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. 167 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 9 Tratamento da estenose da figura acima com a técnica do duplo balão. 168 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 10 Oclusão segmentar da femoral superficial em paciente com isquemia crítica. 169 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 11 Resultado após angioplastia com balão de 6 mm. Fonte: Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. ATERECTOMIA CORONÁRIA ou Angioplastia por Rotoblater Nova opção desenvolvida no final da década de 80. As técnicas ateroablativas tiveram o auge de sua utilização entre 1992 e 1994. Essas técnicas conseguem ampliar a luz coronária e conseqüentemente aliviar a sintomatologia pela fratura e pela remoção da placa de ateroma. A dilatação sozinha não tem o efeito potencial que a mesma associada à destruição da placa para evitar a reestenose. A Atecrotomia foi descrita pela primeira vez por Simpson e colaboradores. O cateter de aterectomia (aterótomo) apresenta sua extremidade confeccionada para "cortar" e remover tecido, usando um balão do lado oposto ao "housing", 170 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdosão dados aos seus respectivos autores representado por uma cavidade cilíndrica composta de uma janela em cujo interior possui um cortador "cutter". O cortador é móvel, manualmente, no sentido postero- antero-posterior e, quando acionado através do motor conectado a porção proximal do aterótomo, alcança cerca de 2.000 rotações por minuto. O cortador pode ser direcionado em posições distintas de acordo com a morfologia da lesão (aterectomia direcional). FIGURA 12 Fonte: http://www.iaao.com.ar/STENT.GIF As taxas de reestenose nesta técnica são de aproximadamente 30%, devido à remodelação arterial e a hiperplasia intimal. Mas ela é discretamente inferior à observada na angioplastia transluminal coronária convencional, porém, do ponto de vista clínico essa vantagem é perdida em vista da maior incidência de complicações no período periprocedimento como: dissecção coronária, oclusão de ramos arteriais, fenômeno de "no-reflow" e embolia de placa aterosclerótica. Indicações a) pacientes com doença coronária uniarterial, com estenose no segmento proximal do vaso que seja acessível ao cateter. b) nas reestenoses; 171 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 172 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores c) Em pacientes com cirurgia de revascularização miocárdica anterior, com lesão na anastomose proximal de ponte de safena ou em seu corpo, desde que não haja trombo. Contra-indicações a) lesão do tronco principal da coronária esquerda sem a presença de pontes de safena, artérias mamarias ou circulação colateral para um dos ramos da coronária esquerda; b) nas estenoses localizadas na porção distal; c) nos vasos tortuosos e finos ou com calcificação aumentada ao nível da estenose. Aterectomia rotacional Esta técnica consiste de um cateter com um dispositivo incrustado por partículas de diamante, que, quando girados a alta velocidade (aproximadamente 180 mil rotações por minuto), tem efeito abrasivo sobre a placa de ateroma, promovendo sua pulverização e, com isso, ampliando a luz vascular. Seu corte se diferencia, atuando, de preferência, sobre tecidos inelásticos, como placa fibrosa e cálcio. Partes de tecido distensíveis, não são atingidos, sendo defletidos durante a passagem do dispositivo. Em cerca de 90% dos casos é necessária a complementação com cateter-balão ou com stent. Aterectomia por extração transluminal Esta técnica é realizada por um cateter, que promove o corte da placa de ateroma e sua simultânea sucção por um mecanismo de vácuo gerado por um motor. Por causa do tamanho do cateter, ele é muito pouco utilizado para tratamento de obstruções em artérias coronárias nativas. 173 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores "EXCIMER LASER" ou Angioplastia por LASER A aplicação de laser ou de energia eletromagnética, na faixa de comprimento da luz ultravioleta, sobre a placa de ateroma tem efeitos fotoquímicos, fototérmico e fotomecânico, levando a sua vaporização. É uma técnica em fase experimental que se baseia na volatilização da placa aterosclerótica por Laser, o qual irá fazer a destruição da placa. Um sistema de computação analisa espectralmente a luz coletada pela emissão fluorescente do tecido, determinando a diferença entre parede normal do vaso e da placa. A seguir, o segundo Laser, dispara seletivamente sobre o ateroma, poupando o tecido normal. Fatores para o sistema ideal de laser: a) Reconhecer a placa ateromatosa; b) Ser capaz de remover rapidamente as diferentes composições de ateroma; c) Propiciar condições que forneça rápida endotelização, com mínima trombogênese; c) Permitir a recanalização dos vasos ocluídos. Por causa de seu elevado custo e pela ausência de superioridade sobre os demais métodos de revascularização percutânea, essa técnica tem sido pouco empregada. Ultra-som intravascular Através de cateteres delgados e flexíveis é possível a aquisição de imagens ultra-sonográficas sendo um método adicional à angiografia e um importante aliado da terapêutica coronariana percutânea. O ultra-som intravascular é utilizado para ajudar na escolha do método de tratamento, mas sua principal aplicação na intervenção é na verificação da adequação do resultado da angioplastia transluminal coronária, especialmente após o uso de stents. FIGURA 13 Fonte: http://www.scielo.br/img/revistas/abc/v81s2/a01fig01.gif 174 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO IV B-REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA A cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM ou “Bypass”) é indicada para pacientes com cardiopatia isquêmica, principalmente os que apresentam infarto do miocárdio (com falha da angioplastia com persistência de isquemia refratária à instabilidade hemodinâmica, isquemia refratária à terapêutica medicamentosa e choque cardiogênico). É indicada também na angina instável, na isquemia silenciosa com acometimento multiarterial, na persistência da isquemia mesmo com terapia medicamentosa, ou em pacientes que não obtiveram sucesso com outros tipos de cirurgia. A utilização da artéria radial como enxerto foi iniciado nos anos 70, mas esta apresentou alto índice de oclusão, passando a serem usadas como enxertos as artérias mamárias e a veia safena (ponte de mamária e ponte de safena). FIGURA 14 Fonte: http://www2.uol.com.br/debate/1303/regiao/regiao06.htm A cirurgia de revascularização miocárdica na doença coronária isquêmica constitui o tratamento-padrão. Pela possibilidade de substituição das artérias coronárias comprometidas faz com que a CRM seja o método de escolha quando comparada com outros tratamentos de reperfusão. Após a cirurgia ocorre o alívio 175 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 176 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores sintomático da angina pectoris, a melhora da tolerância ao exercício e da qualidade de vida, levando o paciente a retornar às atividades de vida diária normais. O aperfeiçoamento da técnica operatória e o desenvolvimento de novas tecnologias, nos últimos anos propiciaram uma sensível mudança no tipo de paciente escolhido para o tratamento cirúrgico. Estes passaram a ser mais velhos, multiarteriais e de envolvimento mais difuso, com acentuada disfunção ventricular esquerda e com maior associação de doenças, principalmente diabete mellitos. Isso faz com que haja redução da mortalidade e da morbidade perioperatórias. Os resultados têm sido cada vez melhores tanto imediatos quanto tardios. A evolução na utilização de enxertos com as artérias mamárias internas e o uso de CRM por meio de procedimentos minimamente invasivos sem circulação extracorpórea abriu, ainda, a perspectiva de redução adicionalna morbidade perioperatória. Além da terapia com antiagregantes plaquetários e o controle dos lipídios sanguíneos têm evitado a progressão da doença coronária e a degeneração dos enxertos venosos. Indicações 1) Alívio sintomático da angina com lesão uni ou biarterial, com idade inferior a 66 anos e com fração de ejeção de ventrículo esquerdo (FEVE) maior que 35%. 2) Aumento da sobrevida nos subgrupos de pacientes nos quais a doença coronária é mais grave, quando comparada a outros tipos de terapia: portadores de lesão de tronco de coronária esquerda, lesão triarterial ou biarterial com envolvimento proximal da artéria descendente anterior, combinada com disfunção contrátil do ventrículo esquerdo. 3) Doença significativa (maior que 50% de estenose da luz do vaso) do tronco da artéria coronária esquerda. 4) Lesão de tronco com estenose significativa (70%) dos segmentos proximais das artérias descendente anterior e circunflexa. 5) Lesão triarterial. 177 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 6) Estenose proximal da coronária descendente anterior com lesão uni ou biarterial, principalmente se houver documentação de isquemia miocárdica extensa em testes não invasivos ou FEVE menor que 50%. 7) Angina estável: a) lesão uni ou biarterial sem estenose proximal da coronária descendente anterior importante, mas grande área de miocárdio isquêmico viável; b) angina incapacitante apesar de medicação máxima e quando o risco cirúrgico é aceitável; c) lesão proximal da coronária descendente anterior com isquemia extensa documentada. 8) Angina instável: a) Com isquemia continuada não-responsiva à medicação máxima e com quadro hemodinâmico estável. 9) IAM sem onda Q: a) Isquemia residual continuada, apesar do uso de trombolíticos e/ou angioplastia . 10) Miocárdio viável, porém hibernante: a) Apresentam disfunção severa do VE, porém com significativa área de miocárdio viável não-contrátil. 11) Cirurgia de emergência após falha de angioplastia ou stent: a) isquemia continuada ou oclusão com significativa área de miocárdio em risco; b) comprometimento hemodinâmico; c) corpo estranho em posição anatômica crucial. Reoperação coronária A Reoperação coronária, quando necessária pode ter sucesso, mas o risco de mortalidade hospitalar é maior do que o da primeira cirurgia. Ela também está associada com menor expectativa de alívio da sintomatologia anginosa ou aumento da sobrevida em comparação com a primeira cirurgia. Técnica da CRM Os tipos de incisão cirúrgica na CRM são: Esternotomia mediana, toracotomia ântero-lateral, toracotomia ântero-posterior; minitoracotomia, abdominal e tóraco-abdominal. FIGURA 14 Esternotomia mediana Fonte: http://www.santalucia.com.br/esquele2.jpg Duas técnicas são comumente usadas: enxerto em retalho ou enxerto de uma veia, onde o enxerto ou transplante é feito com um retalho do pericárdio ou de uma veia para aumentar o lúmen de uma veia ocluída, fazendo-se uma incisão retilínea que se estende acima e abaixo do local ocluído na artéria coronária. O enxerto em veia é uma técnica que utiliza pedaços de uma veia calibrosa, geralmente a safena, para transpor pedaços comprometidos da artéria coronária. Para que o fluxo seja restabelecido entre a aorta e a artéria coronária abaixo da obstrução faz-se à anastomose ou junção de dois vasos ponta-a-ponta ou ponta- lateral. Nos dias atuais a artéria mamária interna ou torácica interna (ATI), tem sido usada para transpor uma artéria coronária, com melhor sucesso, do que o uso de um enxerto de veia. A ponte mamária vem sendo cada vez mais utilizada em substituição à tradicional ponte de safena nas CRM, por causa da oclusão progressiva desses enxertos. A vantagem do uso simultâneo das artérias mamárias 178 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores (esquerda e direita) é a durabilidade do enxerto em relação à ponte de safena. FIGURA 15 Fonte: http://www.incl.rj.saude.gov.br/incl/imagens/ponte_safena.gif 179 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 16 Fonte: http://www.incl.rj.saude.gov.br/incl/imagens/ponte_safena.gif 180 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 17 Ponte de safena para artéria coronária direita. A) Isolamento da coronária direita e preparação das safenas. B) Uma incisão é feita na coronária após clampagem. C) Início de sutura com a porção distal da safena. 181 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores D) Sutura da veia safena, anastomose. E) A sutura é completada. F) Retirada de ar da veia e sutura da parte proximal na aorta. Fonte: Medicine Cardiovascular third edition. Após incisão esternal, o tórax é aberto e a circulação transferida para a máquina de circulação extracorpórea (CEC) ou bomba cardíaca artificial. Os enxertos são realizados e após drenos são colocados na cavidade mediastínica e pleural, dependendo da necessidade. O esterno será suturado com fios de aço. FIGURA 18 Esquema da CEC: A circulação é transferida por meio das veias cavas para a Bomba (CEC) onde o sangue é oxigenado e nutrido e devolvida para as artérias Ilíacas. Fonte: Autor. 182 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 183 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Enxertos Arteriais A expansão da CRM foi conseqüência de seu grande sucesso no alívio da angina e na diminuição da morbimortalidade de alguns subgrupos. A sobrevida em grupos heterogêneos de pacientes, em 5 anos foi de 92 % e, em 10 anos, de 81 %. No caso dos enxertos venosos, aproximadamente 50% das veias safenas estão fechadas em 10 anos. Está demonstrada a superioridade da perviedade dos enxertos arteriais com artérias torácicas internas sobre os enxertos de veia safena. No decorrer de 10 anos de estudos, a perviedade dos enxertos de mamárias foi em torno de 90%, contrastando com os 41 % obtidos com os de veia safena. Além do mais, os pacientes que receberam enxertos arteriais tiveram menor índice de complicações perioperatórias e, em longo prazo, menor recidiva de angina, menor incidência de infarto do miocárdio, menor necessidade de reoperação ou angioplastia e maior sobrevida. O padrão de CRM é o uso da ATI esquerda para revascularizar a coronária descendente anterior (DA) e a utilização adicional de veias safenas para revascularizar outras artérias coronárias. O uso das artérias mamárias internas bilateralmente tem tido grande aceitação, principalmente quando se usam a artéria mamária interna direita direcionada para revascularizar os ramos marginais da artéria circunflexa, protegendo dessa forma,o sistema da artéria coronária esquerda. Este procedimento reduz a incidência de retorno da angina e do infarto do miocárdio e melhora a sobrevida após 10 anos da cirurgia, quando em comparação com a utilização só da artéria mamária esquerda. A artéria gastroepiplóica direita (AGD) foi inicialmente utilizada em 1987 e tem sido usada principalmente para revascularizar a artéria coronária direita e seu ramo descendente posterior. Porém ela não é tão popular devido a maior dificuldade técnica em sua utilização, apesar de os resultados em longo prazo serem comparáveis com os das artérias mamárias. FIGURA 19 Fonte: http://www.scielo.br/img/fbpe/bjvras/v35n1/1a03f4.jpg A artéria radial foi inicialmente utilizada como enxerto na década de 1970 e abandonada por causa da baixa perviedade. Em 1990 foi reiniciado o seu uso pelo aperfeiçoamento na técnica, que propiciou melhora nos resultados. A perviedade relatada na literatura em 5 anos é em torno de 80%. A artéria epigástrica inferior é utilizada desde o final da década de 1980, mas limita-se seu uso por causa de suas características anatômicas. Sua utilização é para enxertar coronárias de menor importância. 184 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 20 CRM em andamento. Fonte: http://www.hsvp.com.br/cardtorac/imagens/caso04/transop5.jpg Técnicas de proteção miocárdica A cardioplegia sanguínea é a técnica de proteção miocárdica. Ela pode ser tanto hipotérmica quanto normotérmica. Com seu uso houve evidente melhora dos resultados da cirurgia de CRM. Estudos do metabolismo miocárdico e endotelial, do controle da temperatura, da composição química e eletrolítica das soluções cardioplégicas, do uso de substratos e do controle das condições de reperfusão têm conduzido a importantes incrementos nos resultados satisfatórios da CRM. A taxa de sobrevivência atinge 96,1 %, índice que se aproxima daqueles observados em pacientes eletivos de baixo risco cirúrgico. Esta técnica também propiciou a melhora 185 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores dos resultados cirúrgicos em indivíduos com complicação aguda de angioplastia (isquemia), havendo significativa redução dos índices de IAM perioperatório com o uso de cardioplegia sanguínea. A Hipotermia com temperaturas de 20 a 350C durante a cirurgia tem as seguintes vantagens: proteção dos órgãos contra a isquemia; reduzir o fluxo sanguíneo sistêmico; reduzir o hematócrito evitando a necessidade de transfusões, reduzir o consumo de oxigênio e, conseqüentemente, do metabolismo celular. FIGURA 21 Fonte: http://www.ctsnet.org/graphics/experts/Congenital/OP-FIG-2.jpg 186 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 187 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Tempo de Circulação extracorpórea (CEC) O tempo de CEC influenciará diretamente no prognóstico do paciente em pós-operatório imediato (POI) de cirurgia cardíaca. A CEC faz com que o sangue originado das veias sistêmicas, geralmente das cavas, seja drenado para uma bomba oxigenadora que oferece oxigênio e retira gás carbônico. Deste modo o sangue arterializado volta para a raiz da aorta. Os circuitos da CEC são preenchidos por uma solução de perfusato, composto por cristalóides ou colóides, de acordo com o hematócrito desejado. Alterações durante a CEC Hipotermia: Já comentada anteriormente ela pode ser classificada como: Leve – temperatura entre 35 a 28o C. Moderada - temperatura entre 27 e 21o C. Profunda – abaixo de 20o C (parada cardiocirculatória total). A hipotermia leva a acentuada perda calórica e alterações sistêmicas, como hipóxia tecidual, acidose láctica e aumento da resistência vascular periférica. A recuperação dos tecidos é feita com um tempo de parada cardiocirculatória de até 45 minutos. Hemodiluição: Este processo acontece quando se utiliza cristalóides no perfusato para diminuir a viscosidade sangüínea. Isto faz com que diminua as resistências vasculares, periférica e pulmonar e a pressão coloidosmótica. Para evitar este último efeito, pode-se fazer uma hemodiluição parcial, acrescentando colóide no perfusato. Coagulopatia: Acontece pelo uso da heparina e neutralização inadequada com a protamina. Ocorrerá consumo de fatores da coagulação, destruição ou aderência plaquetária ao tubo e fibrinólise. Quanto maior o tempo de CEC maiores são as alterações. 188 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Síndrome da resposta inflamatória sistêmica: Durante a CEC ocorre aumento da permeabilidade vascular, com perda de líquidos, proteínas e aumento do líquido intersticial. Pelo contato do sangue nas superfícies não endotelizadas da máquina de CEC, há ativação de macrófagos, neutrófilos e plaquetas e liberação de citocinas como fator de necrose tumoral e interleucinas, provocando lesão endotelial e inflamação vascular sistêmica. Este processo pode levar ao choque circulatório e hipotensão severa. Retenção hídrica: É proveniente do aumento da permeabilidade vascular, diminuição da pressão coloidosmótica do plasma, do aumento da renina e do hormônio antidiurético. O edema ocorre no terceiro compartimento ou compartimento intersticial e invade o sistema pulmonar também. Intercorrências transoperatórias: Fatores como baixo débito ao sair de perfusão, hipoxemia, arritmias, acidose, lesão do ducto torácico, embolias, lesões de estruturas cardíacas, anomalias cardíacas não verificadas anteriormente podem ocorrer durante a CEC. Drogas vasoativas utilizadas na cirurgia O uso de drogas vasoativas durante a CRM é de vital importância na manutenção das atividades vitais estáveis. As drogas mais utilizadas são: a) Drogas vasoconstritoras usadas em casos de choque e hipotensão: adrenalina, dobutamina, dopamina, prostaciclina. b) Drogas vasodilatadoras usadas na hipertensão, angina e insuficiência cardíaca: Antagonistas do Cálcio, drogas que ativam os canais de potássio, dopamina, nitroprusseto ou Tridil. Complicações da CEC Como vimos anteriormente à circulação extracorpórea pode levar à diversas 189 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores alterações devido a sua complexidade, a multiplicidade de componentes mecânicos e as suas interações com o sangue são capazes de produzir uma grande variedade de complicações no organismo humano: hemorragias, hemostasia, baixo débito cardíaco, arritmias cardíacas, insuficiência respiratória, insuficiência renal, alterações neurológicas ou neuropsiquiátricas, alterações hidroeletrolíticas, alterações abdominais e outras, mais raramente observadas. Outro fator de risco importante é a duração da CEC. Mesmo com a sofisticação da aparelhagem modernamente em uso, quanto maior for o tempo de circulação extracorpórea, maiores serão as chances de ocorrerem complicações.O tempo de perfusão ideal seria igual ou menor que 100 minutos. Atenuação dos efeitos sistêmicos da circulação extracorpórea (CEC) Já foi relatado que o uso de corticosteróides alivia a resposta inflamatória iniciada pela CEC, diminuindo a ativação de complemento e a liberação de citocinas pró-inflamatórias. Assim, os pacientes irão apresentar melhores índices cardíacos, vão necessitar de menos drogas inotrópicas ou vasoativas e reposição volêmica e permanecerão por menor tempo na UTI e no hospital. Um composto chamado aprotinina, é um inibidor de protease, que se tem mostrado um bom agente antiinflamatório em CEC, diminuindo a liberação de mediadores inflamatórios e os efeitos adversos da CEC. Estudos recentes mostram que os oxigenadores ou bombas de CEC, com superfície revestida de heparina, parecem também reduzir a resposta inflamatória. Tratamento Pós-operatório O manejo pós-operatório são terapias que diminuem o processo aterosclerótico e aumentam a vida útil dos enxertos, destes incluem: a) Ácido acetil Salicílico: Seu uso reduz significativamente a oclusão dos enxertos de veia safena. Não foi demonstrado o mesmo efeito nos enxertos arteriais. 190 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A ticlopidina não oferece vantagens sobre a aspirina, exceto quando há contra- indicação ao uso desta. O dipiridamol não aumenta o benefício à utilização da aspirina, e a warfarina não tem melhorado a perviedade em longo prazo dos enxertos de veia safena. b) Controle farmacológico da hiperlipidemia: Isto é feito com o uso das estatinas. Elas proporcionam o retardamento da progressão das lesões ateroscleróticas nos enxertos venosos. c) Controle do tabagismo: Estudos mostram que o controle do tabagismo após a CRM proporciona redução da recorrência de angina, melhora a função cardíaca, diminui o número de reinternação hospitalar e aumenta a sobrevida. Fumantes têm mais IAM e necessidade de reoperações, com progressão mais rápida do processo de aterosclerose nos enxertos venosos. d) Outros procedimentos: Fisioterapia, reabilitação cardíaca com deambulação precoce no pós-operatório, exercícios físicos, educação familiar e aconselhamento sexual. O tratamento de disfunções emocionais e psicossociais é extremamente importante, já que esses dois fatores têm forte correlação com mortalidade no pós-operatório de CRM em pacientes idosos sem vida social ou religiosa. FIGURA 22 Miniesternotomia. Fonte: Revista brasileira de cirurgia cardiovascular, Volume: 19 Edição: 1 - Jan/Mar – 2004. Fatores que influenciam na sobrevida após a CRM Função ventricular É importante a diferenciação de quadro de disfunção ventricular causado por isquemia daquelas situações nas quais já ocorreu fibrose, devido a episódio anterior de infarto. A disfunção ventricular grave com área extensa de miocárdio fibrosado é fator de insucesso cirúrgico, com maior mortalidade no pré e pós-operatório. Os testes de cintilografia miocárdica radioisotópica são muito importantes, para confirmar o que é miocárdio isquêmico do que é miocárdio fibrosado, ou para contra- indicar uma cirurgia, durante a fase de exames pré-operatórios. 191 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 192 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Comparativamente pacientes pós-cirúrgicos que tiveram angina instável e frações de ejeção diminuídas, após um seguimento de 5 e de 8 anos, apresentam um aumento da sobrevida significativo em relação aos pacientes só tratados clinicamente. Sexo A taxa de mortalidade na cirurgia coronária tem se mostrado mais alta em mulheres e está mais associada com a ocorrência de diabetes mellitus do que com qualquer outro fator. Em dez anos de estudo, a sobrevida em pacientes diabéticos de ambos o sexos foi de 42% em mulheres e de 56% em homens. Também a recorrência da angina é maior nas mulheres do que nos homens, indicando uma possível maior oclusão de enxertos no sexo feminino no pós-operatório. Idade O índice de sobrevida hospitalar em pacientes pós-cirúrgicos com mais de 80 anos é de 62 a 82%. Além do que, o custo total do tratamento cirúrgico hospitalar nestes pacientes é 50% maior do que em pacientes de grupos etários menores. Este custo é devido a um aumento da morbidade e das complicações durante o período de hospitalização nestes pacientes. Insuficiência renal A associação de angina em repouso e insuficiência renal causa uma mortalidade hospitalar na CRM de 9%, e a incidência de complicações nestes pacientes é alta, de 48%. A sobrevida destes pacientes fica em torno de 45% a 65%. Naqueles que sobrevivem, há uma significativa melhora dos sintomas e em sua classe funcional. Uma alternativa para estes pacientes é a realização de revascularização miocárdica sem circulação extracorpórea. Outras patologias vasculares Quando existem outras doenças vasculares concomitantes como de carótida, oclusiva de membros inferiores, por exemplo, a mortalidade é maior. 193 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Preparo no pré-operatório A terapia medicamentosa dos pacientes no pré-operatório é: a) Bloqueadores de canais de cálcio: diminui a incidência de arritmias ventriculares no pré-operatório e protege a função ventricular. b) Beta-bloqueadores. c) Vasodilatadores coronarianos (orais ou por via intravenosa). d) Aspirina (ou outro antiadesivo plaquetário): deve ser suspensa cerca de 7 a 10 dias antes da cirurgia, para diminuir a possibilidade de sangramento. e) Anticoagulante (heparina ou dicumarínico): Anticoagulantes orais devem ser suspensos de 7 a 10 dias antes da data da operação; a heparina deve ser suspensa pelo menos 4 horas antes da cirurgia. f) Digital. Revascularização miocárdica sem circulação extracorpórea Quando é necessário evitar o uso da CEC e o clampeamento aórtico a CRM pode ser realizada sem circulação extracorpórea. Mas como nem todas as lesões coronárias é possível este procedimento. Buffolo e colaboradores, em São Paulo (1995), obtiveram resultados encorajadores (mortalidade de 1,7 %). As vantagens desta técnica estão numa menor mortalidade e morbidade, num menor custo, e menor necessidade de transfusão sangüínea. As desvantagens estão na necessidade de um maior apuro técnico, além disso, a cirurgia só é possível em cerca de 20% dos pacientes que se submetem à revascularização do miocárdio. É bom saber que os vasos das paredes, lateral e posterior do coração raramente se encontram acessíveis por esta técnica. A técnica consiste na realização das pontes de safena e de artéria mamária com o coração batendo, sem a utilização da máquina de circulação extracorpórea e sem necessidade de parar o coração. A CRM sem CEC produz menor trauma cirúrgico, com morbidade e mortalidade mais baixas. Essa técnica tem sido aplicada 194 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores em 30 a 40% dos pacientes com indicação de cirurgia de CRM, embora alguns grupos tenham expandido sua aplicação. A perviedadedos enxertos é igual a CRM com CEC. A CRM sem CEC pode ser também uma alternativa à angioplastia em alguns pacientes. Essa técnica tem sido empregada com sucesso em pacientes com alto risco para cirurgia convencional (insuficiência renal crônica, transplantes renais, doença pulmonar obstrutiva crônica, AVC prévio, idade avançada, obesidade mórbida e outros). Tem indicação também em situações especiais, como pacientes testemunhas de Jeová ou reoperações. Outra indicação inclui os casos de falha de angioplastia ou stent. Alguns autores têm se mostrado céticos quanto a esta técnica, devido a um maior número de oclusão precoce de enxertos, devido provavelmente à má técnica operatória (coração em movimento). Infecções operatórias - Mediastinite A incidência deste tipo de infecção mediastinal em pacientes submetidos à esternotomia mediana é baixa, ficando em torno de 1 a 2%, mas sua morbidade, mortalidade, e o custo da internação hospitalar permanecem muito elevados. As causas do surgimento desta afecção no pós-operatório de cirurgia cardíaca são a obesidade e um ato cirúrgico prolongado. O índice de mortalidade em pacientes que desenvolvem este quadro no pós-operatório de uma cirurgia cardíaca atinge 24%. Tratamento A irrigação mediastinal contínua fechada é usada para se tratar os casos mais brandos, enquanto que a utilização de um retalho do grande omento (grande dobra de peritônio que se pendura embaixo do estômago e se estende do estômago até o cólon transverso) é indicada para casos mais severos. FIGURA 23 Fonte: http://www.scielo.br/img/revistas/jbpneu/v31n4/26330f3.jpg ---------------------- FIM DO MÓDULO IV --------------- 195 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores