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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI APOSTILA SAÚDE DA MULHER ESPIRITO SANTO 2 2 INTRODUÇÃO http://s2.glbimg.com/yKWUjhuffkguY4ikoHvCS4QilHM=/s.glbimg.com/og/rg/f/original/2014/05/26/logo- saudemulher2-01.jpg A saúde-doença é um processo determinado pelas condições sociais, econômicas, culturais e políticas de cada sociedade, variando no tempo e no espaço. As condições que determinam esse processo configuram diferentes padrões de adoecimento e morte das populações ou subgrupos populacionais, conforme suas características de sexo, faixa etária, etnia, classe social, etc. Partindo deste conceito, pode-se dizer que a saúde da mulher é também um processo social e histórico. E os fatores que contribuem para a determinação da saúde ou dos agravos associados à sexualidade e à reprodução humanas vão além da condição biológica de homens e mulheres. Em todo esse processo destacam-se as relações de gênero, ou seja, o sistema de poder, de valores, de crenças que definem padrões de masculinidade e feminilidade, que estruturam e organizam as 3 3 relações entre homens e mulheres, definindo comportamentos, atitudes e posições no mundo. Pode-se dizer que as desigualdades nas relações de gênero contribuem para a configuração de padrões de adoecimento e morte específicos para homens e mulheres em cada região, país ou cultura. Entre as consequências dessas desigualdades, recaem sobre a população feminina a sobrecarga de trabalho doméstico e os maiores prejuízos para a saúde, em particular para a saúde sexual e reprodutiva, assim como para o desempenho de atividades privadas ou públicas. A melhoria das condições de saúde das mulheres está associada diretamente às suas possibilidades de exercer os direitos sexuais e reprodutivos, que incluem: O direito à vida, à liberdade e integridade pessoal; O direito à informação e educação sexual; O direito à atenção proteção da saúde; O direito ao planejamento da família; O direito a sexualidade prazerosa e saudável; O direito à vida privada e à vida em família; O direito a não discriminação por motivo de sexo ou idade; O direito de homens e mulheres a participar da criação dos filhos com igual responsabilidade Pela importância na promoção da igualdade social e do exercício da cidadania, a perspectiva de mudança nas relações de gênero e exercício de direitos deve ser levada em conta na elaboração, implantação e avaliação de políticas de promoção e atenção integral à saúde da mulher. Nesse sentido, as políticas devem visar à promoção de direitos, a ampliação do acesso a serviços de saúde de qualidade por um número cada vez maior de usuárias, e a inclusão dos homens em atividades historicamente consideradas femininas ou voltadas para esta população. Nesse processo deverão estar incluídos os principais interessados: mulheres, homens e adolescentes, para que as instituições que os acolhem valorizem o seu papel; possibilitem a tomada de decisões compartilhadas entre usuários e prestadores de serviços; levem em conta as demandas específicas de cada sujeito e 4 4 a maneira como deseja ser cuidado. Isso significa transformar os serviços públicos ou privados de assistência à saúde em instituições amigáveis, eliminar possíveis barreiras que dificultam a implantação das ações de saúde reprodutiva, contribuindo para maior impacto das media propostas. Várias experiências estão sendo desenvolvidas pelos países cooperantes, o que dá relevância à troca de conhecimentos, tecnologias, informações, processos gerenciais e experiências de controle social no campo da saúde reprodutiva. PRINCIPAIS PROBLEMAS RELACIONADOS À SAÚDE DA MULHER https://lh3.googleusercontent.com/-8kG7D3wSPBw/VYBo3gurPfI/AAAAAAAAAPk/ZSi1INWQKzQ/s640/blogger- image-1042383286.jpg Dentre os diferentes problemas de saúde, a população feminina é particularmente afetada pelos problemas que identificamos a seguir: a) Elevadas taxas de mortalidade materna. Indicador síntese, que nos ajuda a medir o grau de desenvolvimento de uma sociedade, revelando as condições 5 5 econômicas e sociais, grau de instrução, dinâmicas familiares e culturais e, sobretudo, a acesso a serviços de saúde e a qualidade desta oferta. b) Alta incidência e prevalência da violência doméstica e sexual - a violência sexual é um dos principais indicadores da discriminação de gênero contra a mulher. Praticada principalmente pelos parentes e protegida pelo silencio da família e circunstantes, a violência tem um efeito devastador na saúde física e mental das vítimas. Além das doenças sexualmente transmissíveis, das mutilações e incapacidades de graus variados, é frequente a síndrome da desordem do stress pós-traumático que provoca uma grande desorganização da vida pessoal e profissional da mulher. Quando iniciada na infância, as meninas ficarão muito mais expostas a comportamentos e situações de risco como abandono de casa, prostituição, drogas, criminalidade e outras violências. c) Doenças sexualmente transmissíveis e HIV/Aids - as consequências das DST são mais graves sobre as mulheres do que sobre os homens. Elas podem causar complicações da gravidez, danos e morte fetal, abortamentos e partos prematuros, infecções congênitas, infertilidade, câncer cervical, septicemia. Além disso, elas contribuem para o aumento do risco da infecção pelo HIV. d) Abortamento em condições de risco – o aborto é uma das principais causas de mortalidade materna e este problema está associado principalmente a ausência de orientações e métodos seguros para evitar a gravidez indesejada ou não planejada. A gravidez segue sendo percebida como de responsabilidade exclusiva das mulheres. A oferta de serviços de planejamento familiar que facilitem a participação e inclusão dos homens e adolescentes, com estímulo à paternidade responsável ainda representam experiências isoladas sem nenhum impacto sobre o problema como um todo. Além disso, problemas culturais e informações distorcidas ou desatualizadas sobre os métodos de alta eficácia e contracepção de emergência constituem barreiras para a aceitação e prática da anticoncepção. e) Elevada mortalidade por doenças crônico-degenerativas, em particular, pelo câncer de colo de útero e de mama. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima a ocorrência de 216.035 novos casos de câncer e 58.610 óbitos por esta causa na população feminina. O câncer de mama e o câncer de colo de útero 6 6 representam as principais causas de mortalidade por câncer entre mulheres, seguidos do câncer de cólon, reto e estômago. No mundo, o câncer de mama figura entre as primeiras causas de morte por câncer em mulheres. Até o momento não existem medidas de prevenção primária para a doença. Porém estudos observacionais indicam que é possível reduzir o risco de câncer de mama com mudanças de hábitos: redução do tabagismo, uso de álcool, obesidade e sedentarismo. http://www.geraldoresende.com.br/media/images/5000/5000/tmp/400x333x4- 531ba5d81ffa8ab4b769bf5e6af9c3057197c6f7d73dd.jpg O câncer de mama é diagnosticado tardiamente em cerca de 60% dos casos e mudar essa situação é um desafio necessário, pois a detecção precoce aumenta significativamente a sobrevida das mulheres que são acometidas pela doença. O câncer de colo, diferentemente do câncer de mama, pode ser prevenido com medidas de fácil execução e de baixo custo. Mas não basta introduzir a ofertados exames preventivos na rede assistencial, é preciso mobilizar as mulheres mais vulneráveis a comparecem aos postos de saúde. No Brasil, a busca do Papanicolau 7 7 parece estar associada a outras demandas de saúde reprodutiva, pois o maior número de mulheres que realizam o exame estão abaixo de 35 anos de idade, enquanto o risco para a doença aumenta a partir dessa idade. A prevenção do câncer ginecológico e fatores de risco, assim como o diagnóstico precoce e o tratamento requerem a implantação articulada de medidas como sensibilização e mobilização da população feminina; investimento tecnológico e em recursos humanos, organização da rede, disponibilização dos tratamentos e melhoria dos sistemas de informação. f) Gravidez na adolescência – este problema está associado a questões culturais, como a dificuldade das famílias em lidar com a orientação sexual dos adolescentes e aceitação da atividade sexual nesta faixa etária, barreiras para a anticoncepção; práticas culturais, e também a violência sexual. Na literatura sobre o tema há estudos que demonstram uma associação importante entre o abuso sexual, as relações incestuosas e a gravidez na adolescência. g) Dificuldade de acesso aos métodos anticoncepcionais – os governos não têm conseguido implantar estratégias adequadas de fornecimento dos métodos anticoncepcionais para a população. Identifica-se problemas na produção, controle de qualidade, aquisição, logística de distribuição, manutenção da oferta e capacitação de gerentes e profissionais de saúde. Isso tem resultado numa oferta assistemática, insuficiente para atender a demanda e excludente, com maior prejuízo das mulheres oriundas camadas mais pobres e das áreas rurais. Por outro lado a exclusão dos homens do processo de anticoncepção reitera os papéis tradicionais de maternidade a cargo da mulher e impede os homens de assumirem sua responsabilidade paternas. Uma vez que o único método reversível disponível para a população masculina é o preservativo, que oferece dupla proteção, sua ausência nos serviços de saúde aumenta o risco de infecção pelas doenças sexualmente transmissíveis e HIV/Aids. h) Precariedade da assistência materna – apesar da tecnologia disponível um grande número de mulheres não tem acesso ao parto hospitalar, as parteiras tradicionais não recebem treinamento adequado nem materiais para melhoria de sua prática em domicílio. Os modelos de assistência são marcadamente 8 8 intervencionistas e pouco humanizados, com privilegio da cesárea em detrimento do parto normal. Os serviços carecem de treinamentos e pessoal capacitado para o trabalho em equipe, o que resulta na fragmentação do atendimento, aumento dos riscos maternos e perinatais. A atenção ao puerpério na é uma preocupação do setor saúde e as mulheres não parecem ter a dimensão de sua importância, procurando os serviços mais para avaliação das crianças do que para revisão de parto ou orientação ao planejamento familiar e nutricional. As mulheres em com abortamento incompleto frequentemente são expostas a julgamentos morais e chegam a receber tratamentos pouco humanitários ou mesmo considerados como atos de violência institucional, como curetagens sem anestesia ou longas esperas, sangrando e aumentando os riscos de morte materna por infecção ou hemorragias. http://i.ytimg.com/vi/A7xeuWcf6Bs/maxresdefault.jpg i) Carência de serviços de atenção integral a vítimas de violência doméstica e sexual – a atenção à vítima de violência não faz parte da formação dos profissionais de saúde nem dos cursos de especialização voltados para a atenção a mulher. A dificuldade de lidar com o assunto tem relação com o medo dos profissionais pelo desconhecimento em relação às leis e sistema de segurança e justiça; às dificuldades de romperam com a idealização do núcleo familiar, considerada a base da sociedade e por isso intocável; assim como pelas dificuldades pessoais em lidar com o assunto, seja por incapacidade técnica, por falta de recursos e equipamentos sociais como abrigos e moradias protegidas, ou 9 9 ainda por identificação com a vítima, pois a prevalência da violência doméstica e sexual é tão elevada que frequentemente encontramos profissionais de saúde envolvidos nestas situações. QUALIDADE DA ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER http://www.acerteisaude.com.br/acertei/conteudo/files/2013/11/logo_CampanhaSaud eMulher_nov13.jpg A estruturação e organização da rede de saúde nos três níveis de saúde, assim como as ações comunitárias e de prevenção primária são tão importantes quanto o grau de qualidade que ela pode oferecer. Desta qualidade depende o impacto desejado para controle dos problemas identificados, assim como a satisfação e o empoderamento da clientela. Para conceituação da qualidade do atendimento integral à saúde da mulher pode-se levar em conta, pelo menos, os seguintes elementos: 10 10 Acesso da população aos serviços de saúde nos três níveis de assistência; Acolhimento humanitário em todos os níveis da assistência, buscando-se a orientação da clientela sobre os problemas apresentados e possíveis soluções, assegurando-lhe a participação nos processos de decisão em todos os momentos do atendimento e tratamentos necessários; Definição da estrutura e organização da rede assistencial, incluindo a formalização dos sistemas de referência e contra referência que possibilitem a continuidade das ações, a melhoria do grau de resolubilidade dos problemas e o acompanhamento a clientela pelos profissionais de saúde da rede integrada; Disponibilidade de recursos tecnológicos e uso apropriado de acordo com os critérios de evidência científica e segurança da clientela; Capacitação técnica dos profissionais e funcionários envolvidos nas ações componentes dos programas de saúde reprodutiva para uso da tecnologia disponível, acolhimento humanizado e práticas educativas voltadas a comunidade; Disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais educativos; Disponibilidade de informações e orientação da clientela, familiares e da comunidade sobre a promoção da saúde reprodutiva, assim como os meios de prevenção e tratamentos dos agravos a ela associados; Estabelecimento de mecanismos de avaliação continuada dos serviços com participação da clientela. A implantação de redes integradas com qualidade assistencial implica na avaliação continuada das políticas de saúde. Para isso é fundamental o recolhimento de dados para construção e análise de indicadores que permitam aos gestores monitorar o andamento das ações, o impacto sobre os problemas tratados e a redefinição de estratégias ou ações que se fizerem necessárias. 11 11 ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA http://images3.minhavida.com.br/imagensConteudo/16130/consultaed_16130_250_3 75.jpg A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. As equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. Atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. A responsabilidade pelo acompanhamento das famílias coloca para as equipes saúde da família a necessidade de ultrapassar os limites classicamente definidos para a atenção básica no Brasil, especialmente no contexto do SUS. A estratégia de Saúde da Família é um projeto dinamizadordo SUS, condicionada pela evolução histórica e organização do sistema de saúde no Brasil. A velocidade de expansão da Saúde da Família comprova a adesão de gestores estaduais e municipais aos seus princípios. Iniciado em 1994, apresentou um crescimento expressivo nos últimos anos. A consolidação dessa estratégia precisa, entretanto, ser sustentada por um processo que permita a real substituição da rede básica de serviços tradicionais no âmbito dos municípios e pela capacidade de produção de resultados positivos nos 12 12 indicadores de saúde e de qualidade de vida da população assistida. A Saúde da Família como estratégia estruturante dos sistemas municipais de saúde tem provocado um importante movimento com o intuito de reordenar o modelo de atenção no SUS. Busca maior racionalidade na utilização dos demais níveis assistenciais e tem produzido resultados positivos nos principais indicadores de saúde das populações assistidas às equipes saúde da família. PROGRAMA DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) é hoje considerado parte da Saúde da Família. Nos municípios onde há somente o PACS, este pode ser considerado um programa de transição para a Saúde da Família. No PACS, as ações dos agentes comunitários de saúde são acompanhadas e orientadas por um enfermeiro/supervisor lotado em uma unidade básica de saúde. Os agentes comunitários de saúde podem ser encontrados em duas situações distintas em relação à rede do SUS: a) ligados a uma unidade básica de saúde ainda não organizada na lógica da Saúde da Família; e b) ligados a uma unidade básica de Saúde da Família como membro da equipe multiprofissional. Atualmente, encontram-se em atividade no país 204 mil ACS, estando presentes tanto em comunidades rurais e periferias urbanas quanto em municípios altamente urbanizados e industrializados. 13 13 EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA http://aprece.org.br/wp-content/uploads/2015/08/sa%C3%BAdedamulher.jpg O trabalho de equipes da Saúde da Família é o elemento-chave para a busca permanente de comunicação e troca de experiências e conhecimentos entre os integrantes da equipe e desses com o saber popular do Agente Comunitário de Saúde. Cada equipe se responsabiliza pelo acompanhamento de cerca de 3 mil a 4 mil e 500 pessoas ou de mil famílias de uma determinada área, e estas passam a ter corresponsabilidade no cuidado à saúde. A atuação das equipes ocorre principalmente nas unidades básicas de saúde, nas residências e na mobilização da comunidade, caracterizando-se: - como porta de entrada de um sistema hierarquizado e regionalizado de saúde; - por ter território definido, com uma população delimitada, sob a sua responsabilidade; - por intervir sobre os fatores de risco aos quais a comunidade está exposta; - por prestar assistência integral, permanente e de qualidade; por realizar atividades de educação e promoção da saúde. - por estabelecer vínculos de compromisso e de corresponsabilidade com a população; 14 14 - por estimular a organização das comunidades para exercer o controle social das ações e serviços de saúde; - por utilizar sistemas de informação para o monitoramento e a tomada de decisões; - por atuar de forma intersetorial, por meio de parcerias estabelecidas com diferentes segmentos sociais e institucionais, de forma a intervir em situações que transcendem a especificidade do setor saúde e que têm efeitos determinantes sobre as condições de vida e saúde dos indivíduos-famílias-comunidade. A DESCRIÇÃO DA CLIENTELA DA USF A descrição da Unidade na Estratégia de Saúde da Família é feita através da definição da área de abrangência da unidade e do cadastramento da população que reside nesta área. Deve ser levada em conta a acessibilidade com os seguintes aspectos: - geográfico – distância a ser percorrida até a unidade e existência de barreiras geográficas a serem transportadas; - funcional – tipo de serviços pela unidade de saúde, seus horários de funcionamento e sua qualidade; - cultural – inserção do serviço nos hábitos e costumes da população; - econômico – disponibilidade do serviço a todos os cidadãos. TERRITORIALIZAÇÃO DA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA USF Para o processo de territorialização é necessário: 1. Construir a análise das condições de vida e saúde da população escrita à USF; 2. Realizar mapeamento da área e das micro áreas; 3. Realizar o planejamento local das atividades. 15 15 COMPOSIÇÃO E ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA http://www.sjc.sp.gov.br/pmsjc_imagens/conteudo/201106151322562a87a4b0-be6b-4ec1- 99a5-2b35654c8af4g.jpg As equipes são compostas, no mínimo, por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e 6 agentes comunitários de saúde. Quando ampliada, conta ainda com: um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene dental. ATRIBUIÇÕES DO MÉDICO - Prestar assistência aos indivíduos sob sua responsabilidade; - Valorizar a relação médico-paciente e médico-família como parte de um processo terapêutico e de confiança; - Oportunizar os contatos com indivíduos sadios e doentes, visando abordar os aspectos preventivos e de educação sanitária; - Empenhar-se em manter seus clientes saudáveis, quer venham às consultas ou não; - Executar ações básicas de vigilância epidemiológica e sanitária em sua área de abrangência; - Executar as ações de assistência nas áreas da atenção à criança, ao adolescente e ao idoso, realizando também atendimentos de primeiros cuidados nas urgências e pequenas cirurgias ambulatoriais, entre outros; 16 16 - promover a qualidade de vida e contribuir para que o meio ambiente seja mais saudável; - discutir de forma permanente, junto a equipe de trabalho e comunidade – o conceito de cidadania, enfatizando os direitos à saúde e as bases legais que os legitimam; - participar do processo de programação e planejamento das ações e da organização do processo de trabalho das USF. ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO - Executar, no nível de suas competências, ações de assistência básica de vigilância epidemiológica e sanitária nas áreas de atenção à criança, ao adolescente, à mulher, ao trabalhador e ao idoso; - Desenvolver ações para capacitação dos ACS e auxiliares de enfermagem, com vistas ao desempenho das suas funções junto ao serviço de saúde; - Oportunizar os contatos com indivíduos sadios ou doentes, visando promover a saúde e abordar os aspectos de educação sanitária; - promover a qualidade e contribuir para o meio ambiente torne-se mais saudável; - Discutir de forma permanente, junto a equipe de trabalho e comunidade o conceito de cidadania enfatizando os direitos de saúde e as bases legais que os legitimam; - Participar do processo de programação e planejamento das ações e da organização do processo de trabalho nas unidades de saúde da família. Em 28 de março de 2006, foi aprovada a Portaria Nº 648, da Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o Programa Saúde da Família (PSF) e o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS). 17 17 NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA PORTARIA Nº 154, DE 24 DE JANEIRO DE 2008 http://www.unimedlondrina.com.br/img/pages/gestantes/principal.jpg Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família são uma iniciativa que vai ampliar onúmero de profissionais vinculados às equipes do Saúde da Família (SF). Os núcleos reunirão profissionais das mais variadas áreas de saúde, como médicos (ginecologistas, pediatras e psiquiatras), professores de Educação Física, nutricionistas, acupunturistas, homeopatas, farmacêuticos, assistentes sociais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais. Esses profissionais atuarão em parceria e em conjunto com as equipes do Saúde da Família. O objetivo dos núcleos é ampliar a abrangência e o escopo das ações da atenção básica, complementando o trabalho das equipes do SF. Podem ser instituídos dois tipos de Nasf: Nasf 1 e Nasf 2. O Nasf 1 deve ter, no mínimo, cinco profissionais de diferentes áreas. Cada núcleo deverá estar vinculado a, no mínimo, oito e, no máximo, 20 equipes do SF. O Nasf 2 deve ter, no mínimo, três profissionais de diferentes áreas, estar vinculado a, no mínimo, três equipes do SF e só poderá ser implementado um núcleo por município. 18 18 O município precisa ter densidade populacional abaixo de 10 habitantes por quilômetro quadrado, de acordo com os dados do IBGE de 2007. Por mês, o ministério repassará R$ 6 mil a cada Nasf 2 implementado. Os Nasf devem: - desenvolver atividades físicas e práticas corporais; - proporcionar educação permanente em nutrição; - contribuir para a ampliação e valorização da utilização dos espaços públicos de convivência; - implementar ações em homeopatia e acupuntura para a melhoria da qualidade de vida; - promover ações multiprofissionais de reabilitação para reduzir a incapacidade e deficiências, permitindo a inclusão social; - atender usuários e familiares em situação de risco psicossocial ou doença mental; - criar estratégias para abordar problemas vinculados à violência e ao abuso de álcool; - e apoiar as equipes do SF na abordagem e na atenção aos agravos severos ou persistentes na saúde de crianças e mulheres, entre outras ações. A IMPLEMENTAÇÃO DO NASF Para implementar o Nasf, o município deve elaborar projeto, contemplando o território de atuação, as atividades que serão desenvolvidas, os profissionais e sua forma de contratação com especificação de carga horária, identificação das equipes do SF vinculadas ao Nasf, e a unidade de saúde que credenciará o Nasf. O projeto deverá ser aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde e pela Comissão Intergestores Bipartite de cada estado. 19 19 RESPONSABILIDADES DAS ESFERAS GESTORAS EM ATENÇÃO BÁSICA Federal - Elaborar as diretrizes da política nacional de atenção básica; - Co-financiar o sistema de atenção básica; - Ordenar a formação de recursos humanos; - Propor mecanismos para a programação, controle, regulação e avaliação da atenção básica; - Manter as bases de dados nacionais. Estadual - Acompanhar a implantação e execução das ações de atenção básica em seu território; - Regular as relações intermunicipais; - Coordenar a execução das políticas de qualificação de recursos humanos em seu território; - Co-financiar as ações de atenção básica; - Auxiliar na execução das estratégias de avaliação da atenção básica em seu território. Municipal - Definir e implantar o modelo de atenção básica em seu território; - Contratualizar o trabalho em atenção básica; - Manter a rede de unidades básicas de saúde em funcionamento (gestão e gerência); - Co-financiar as ações de atenção básica; - Alimentar os sistemas de informação; - Avaliar o desempenho das equipes de atenção básica sob sua supervisão. 20 20 SAÚDE E DOENÇA http://www.soduvidas.com/wp-content/uploads/2011/12/mulher.jpg Conceitos de Saúde e de Doença A “saúde” pode ser conceituada de maneira simplista como “ausência de doença” ou, mais elaboradamente, como “saúde é um completo estado de bem- estar físico, mental e social e não meramente ausência de doenças”, conforme feito pela OMS. É evidente que a saúde e doença não são completamente excludentes, na medida em que as doenças progridem de acordo com determinados padrões. A- Padrões de progressões das doenças São cinco as categorias principais, de progressão das doenças: a) evolução aguda, rapidamente fatal; b) evolução aguda, clinicamente evidente e com rápida recuperação na maioria dos casos; c) evolução sem alcançar o limiar clinico; 21 21 d) evolução crônica, que se exterioriza e progride para êxito letal após longo período; e) evolução crônica, com períodos assintomáticos entremeados de exacerbações clínicas. B – Duas concepções de história natural da doença As características de determinada doença podem ser facilmente analisadas durante a evolução do processo. Tal referencial convencionou-se chamar “história natural”, sendo que é considerada natural por não haver intervenção do homem. Normalmente, são utilizadas duas óticas para estudo da história natural de determinada doença: a partir dos serviços e a partir da comunidade. 1. Visão da doença, a partir dos serviços Comumente “história natural” é empregada como “investigações clínicas” que se presta a promover informações sobre a evolução de determinando evento, ou seja descrevem o “curso clinico”. Tais pesquisas que, normalmente ocorrem com a demanda de assistência médica especializada, consistem no acompanhamento de um determinando número de pacientes diagnosticados com a mesma doença, como ocorreu no caso da febre amarela em que mil pacientes foram observados durante 20 anos. 2. Visão da doença, a partir da comunidade Neste caso a busca por paciente não é exclusivamente sob demanda , é feita uma busca de paciente na comunidade. É possível descartar como objetivo principal deste estudo populacional- territorial é a medicina preventiva, uma vez que é capaz de analisar a fase “pré- 22 22 patologica” evidenciando diversos graus de risco e uma ocorrência de variedade de estado. Outros pontos a serem destacados são as taxas de morbidade e mortalidade geradas com bastante precisão. C. Fases da história natural em quatro fases Fase inicial (ou suscetibilidade) Na fase inicial ainda não há doença propriamente dita. No entanto, já se constatam condições que favorecem o aparecimento em decorrência dos fatores de riscos ou de proteção. Como exemplo de prevenção nesta fase, destaca-se a eliminação dos fatores de risco ou alteração da sua intensidade. Fase patológica pré-clínica Este momento, inicia-se como processo patológico e vai até o aparecimento de sintomas ou sinais da doença, podendo evoluir para a cura ou progredir para a fase da doença. O exemplo apresentado diz respeito à prevenção na fase pré-clínica, ou seja, rastreando triagem. Neste caso há um rastreamento de indivíduos enfermos ou em risco na população sadia e, através de testes, reduz-se gradativamente a quantidade de indivíduos efetivamente doentes, proporcionando maior cobertura populacional de serviços de saúde, protegendo o maior número de pessoas, com menor esforço. 23 23 Fase clínica Aqui a doença já está em estado adiantado. No entanto, há diferentes graus de acometimento do organismo, podendo variar desde leve até aguda ou crônica. Nesta fase uma pequena porcentagem dos afetados procura o sistema formal de atendimento impossibilitando a formação de estatísticas realistas. A atuação pode ser curativa ou preventiva como, por exemplo, no caso do infarto agudo do miocárdio que são utilizados recursos terapêuticos com intuito de limitar a área enfartadae, por outro lado, tornam-se medidas para prevenir a ocorrência de novos infartos. Fase de incapacidade residual No caso de sequelas é necessária a reabilitação de cunho físico, psicológico ou social visando à capacidade residual da pessoa afetada após a estabilização clínica. 2. Utilidade da divisão da história natural em fases. O propósito de segmentar a história natural em fases é enquadrar os indivíduos em diferentes categorias, em função dos riscos e danos à saúde que apresentem, bem como para localizar ações preventivas e curativas em diversos momentos. Em nível individual De acordo com as condições apresentadas por cada pessoa é possível diagnosticá-la com sadia, doente ou portadora de sequela 24 24 Em nível coletivo O objetivo aqui é conhecer o estado de saúde da população classificando os indivíduos sadios ou doentes gerando, desta forma, dados estatísticos que devem ser interpretados cuidadosamente, tendo em vista que não representam um retrato fiel das doenças que incidem na população. D. Etiologia e prevenção 1. Etiologia Etiologia na fase patológica Nesta fase, encontram-se os processos que ocorrem em época ainda anterior à resposta biológica inicial do organismo. Etiologia na fase patológica Nesta fase, encontram-se os processos que ocorrem no interior do corpo humano e que e sucedem a partir da resposta orgânica inicial. 2. Prevenção A prevenção também se apresenta em duas etapas: primárias e secundária. 25 25 Levando-se em consideração que o problema pode ser de natureza coletiva ou individual, o tratamento deve der diferenciado em função das fases de saúde ou de doença. III. Classificação das medidas preventivas http://projecao.net/site/wp-content/uploads/2013/05/SA%C3%9ADE-DA- MULHER.jpg São consideradas “medidas preventivas” todas aquelas utilizadas para evitar doenças ou suas consequências, bem como a que destinam, a interromper o processo da doença que já se instalou no organismo humano. As seguintes classificações de medidas preventivas são adotadas: A. Medidas inespecíficas e específicas São extensamente utilizadas. As medidas inespecíficas, também chamadas de gerais ou amplas, têm o objetivo de promover o bem-estar das pessoas. Já as específicas ou restritas dizem respeito às técnicas para lidar com cada dano em particular. 26 26 B. Prevenção primária, secundária e terciária 1. Prevenção primária As ações primárias são ampliadas em fase anterior ao inicio biológico da doença, trata-se da “prevenção da ocorrência”. É o caso, por exemplo, de educação para a saúde. 2. Prevenção secundária “Ações ocorrem no período patológico da doença, visando a „prevenção da evolução” na tentativa de fazê-lo regredir, não afastando do seu caráter curativo. 3. Prevenção terciária O objetivo da prevenção terciária é atenuar a invalidez e promover o ajustamento a condições intermediáveis diante das sequelas. Trata-se da reabilitação. C. Cinco níveis de prevenção As três fases de prevenção desdobram-se em cinco níveis, como veremos a seguir: Primeiro nível – Promoção da saúde: engloba as ações destinadas a manter o bem-estar, sem visar a nenhuma doença em particular. Exemplos das principais ações são: - educação sanitária; - alimentação e nutrição adequadas. 27 27 Segundo nível – Proteção específica inclui medidas para impedir o aparecimento de determinada afecção ou de um grupo de doenças afins. Exemplos das principais ações são: - vacinação; - exame pré-natal. Terceiro nível - Diagnóstico e tratamento precoce; trata-se da identificação do processo patológico antes do aparecimento de sintomas. Exemplos das principais ações são: - exame periódico de saúde; - intervenções médicas ou cirúrgicas precoces. Quarto nível- Limitações do dano: Como próprio termo indica, significa limitar as lesões e evitar os retardar o aparecimento de complicações. Neste momento, já surgiram os sinais e sintomas denunciadores da doença. Exemplos das principais ações são: - acesso facilitado a serviços de saúde; - tratamento médico ou cirúrgico adequados. Quinto nível- Reabilitação: Visa prover suporte físico, mental e social favorecendo a completa reintegração da pessoa na família, no trabalho e na sociedade. Exemplos das principais ações são: - terapia ocupacional; - treinamento do deficiente. 28 28 Sinonímia A prevenção tem o objetivo de evitar o estagio seguinte da doença e o fator tempo é determinante, ou seja, quanto mais precocemente as medidas forem instituídas, melhores as chances de êxito. Assim, é possível estabelecer uma correlação entre o termo prevenção e as classificações das medidas preventivas. No sentido de prevenção primária, o significado é afastar a doença, no de prevenção secundária, cura; e, em relação à prevenção terciária, reabilitação. D. Medidas universais, seletivas e individuais 1. Medidas universais Recomendadas a todas as pessoas como, por exemplo, dieta balanceada. 2. Medidas seletivas Aconselhadas a grupos específicos identificados por alguma característica marcante (faixa etária, sexo, ocupação, etc.). 3.Medidas individuais (ou indicadas caso a caso) Aplicadas no caso de condições que colocam o individuo em alto risco de desenvolvimento futuro para a doença. IV. Modelos para representar fatores etiológicos 29 29 A. Cadeia de eventos A representação é feita em forma sequencial. É expressa nos modelos simples nos quais são expressos os eventos mais significativos sendo, por conseguinte, concisa e clara. Ênfase na figura do agente das doenças Normalmente, a representação da cadeia está centrada na figura do agente e segue a sequência “fonte de infecção-micróbio-indivíduo suscetível”. Tipos de agente Diversas são as maneiras de classificar os agentes (biológicos e não- biológicos, animados e não-animados, etc.), sendo certo que suas características estão relacionadas à sua capacidade de produzir alterações no organismo humano. Utilidade do modelo em cadeia de eventos O valor didático deste modelo é evidente, na medida em que ajuda a compreender as relações entre os agentes e o homem e confere a noção de que a prevenção da doença pode ser realizada pelo rompimento de um dos elos da cadeia. Por outro lado, o modelo não é o suficiente para representar toda a realidade do processo saúde-doença. B. Modelos ecológicos 30 30 1. Tríade ecológica : agente, hospedeiro e meio ambiente De acordo com esse modelo as características do agente, do hospedeiro e do meio ambiente deve ser estudadas no caso de agravos à saúde. O modelo sofre crítica no caso de doenças em que não se conhecem os agentes específicos e são explicados por um complexo de fatores associados, como é o caso da doença coronariana. 2. Dupla ecológica: hospedeiro e meio ambiente O processo da doença, neste caso, é estudado com base no hospedeiro e no meio ambiente. Utilidades dos modelos ecológicos A seguinte esquematização se presta a orientar o processo saúde-doença: a) A analise do processo da doença. Os agravos à saúde podem ser investigados em relação a seus fatores determinantes, localizados no homem ou no meio ambiente. b) A localização racional das intervenções. As ações também podem estar dirigidas ao homem ou meio ambiente. Seguem algumas possíveis intervenções organizadasem função do hospedeiro e do meio ambiente a que se dirigem. 31 31 1. Fatores do hospedeiro (o homem) http://www.suadieta.com.br/Content/Img/QJOQRP.jpg a) Herança genética Muitas doenças ou predisposições a elas são transmitidas de pais para filhos. O patrimônio genético é visto como um potencial pré-determinado, que desenvolverá em função das oportunidades. Epidemiologia genética A epidemiologia genética é um campo de estudo em desenvolvimento que se presta a investigar com maior profundidade a interação entre genes e meio ambiente, tendo em vista que mesmo diante da possibilidade de resposta do organismo a agressões externas, alguns indivíduos postos de maneira semelhante desenvolve doenças e outros não. b) Anatomia e fisiologia do organismo humano. O organismo humano apresenta resistência às agressões em decorrência de suas características. Aos mecanismos inespecíficos sobrepõem-se outros, de imunidade específica, ligada á presença de anticorpos. 32 32 Além disso, o processo de crescimento, de desenvolvimento, de maturação e de envelhecimento das pessoas faz variar a proteção dada pelos mecanismos biológicos. c) Estilo de vida Normalmente, pessoas próximas possuem estilos de vidas semelhantes. Controle social e autocontrole O controle social pode se estender como a uniformização de padrões de comportamento. É chamado “controle social”. A fiscalização dos comportamentos pode se dar de forma formal ou informal, com forme o grau de formalidade dos prêmios sanções. Outra classificação é que o controle pode ser interno (autocontrole), ou externo, quando manifestado por demais pessoas. Prevenção através da mudança do estilo de vida Os hábitos de conduta são capazes de influenciar diretamente a saúde de cada indivíduo, bem como o surgimento ou não de doenças. É o caso das doenças de transmissão sexual, por exemplo. Assim sendo, estende-se que as mudanças de hábitos são meios eficazes de prevenção destas doenças e os ditos “estilos de vida” representam fatores de risco auto-inflingidos que, teoricamente, podem ser alterados. 33 33 Linha de pesquisa As linhas de pesquisa se prestam a esclarecer os aspectos ainda obscuros de determinadas doenças. 2. Fatores do meio ambiente O meio ambiente também desempenha seu papel no processo saúde- doença e refere-se tanto ao habitat natural quanto ao construído pelo homem São classificados em: a) Ambiente físico É evidente a influência do ambiente físico para facilitar ou dificultar a vida do homem. Para comprovar tal afirmativa basta analisarmos alguns exemplos, como: as grandes secas, inundações e terremotos. Da mesma forma que o homem tem logrado êxito em controlar alguns dos fatores físicos, tem gerado consequências deletérias sobre o meio ambiente. b) Ambiente biológico O meio ambiente biológico é representado pelos seres vivos existentes na terra e podem ser agentes, vetores e reservatórios de doença. Neste ambiente, o homem também exerce controle, e, assim como, no ambiente físico apresentar efeitos desejáveis e indesejáveis. 34 34 c) Ambiente social Este é o componente social dos fatores do meio ambiente (relacionados às características sociais, econômicas, políticas e culturais). Tendo em vista que pessoas e até mesmo comunidades não tem o mesmo nível, ou seja, são desiguais em relação em nível de ocupação, oportunidades de trabalho, saúde, saneamento ambiental, as medidas curativas e preventivas devem levar em consideração tais aspectos. C. Rede de causas Outro modelo utilizado é o modelo da rede, segundo o qual é levado em conta a natureza multicausal dos agravos à saúde. Se um fato for controlado ou eliminado a tendência é a redução da incidência da doença. A contrario senso, com a permanência dos fatores a tendência é o surgimento de novos casos. Também é possível verificarmos a “competição de risco” que ocorre quando o fator é controlado ou eliminado, mais outros permanecem, não sendo possível determinar o resultado. D. Múltiplas causas- múltiplos efeitos Podem ocorrer também situações em que determinadas ou múltiplas causam estejam condicionadas a mais um efeito. É o caso, por exemplo, de fumo associado a gases de veículos a motor, associado à exposição ocupacional a asbestos. 35 35 E. Abordagem sistêmica da saúde Neste modelo, leva-se em consideração os “sistemas", ou seja, o conjunto de elementos conectados entre si por alguma forma de relação coerente. Cabe, neste caso, analise do sistema, bem como suas relações internas ou externas. 1. Causas diretas e indiretas dos problemas de saúde Um mesmo sistema de observação pode apresentar causar direta e indireta. Normalmente, os investigadores da área da saúde sentem-se mais confortáveis em indicar causas diretas, ou seja, aquelas localizadas mais próximas aos efeitos. 2. Descrição do modelo sistêmico A fim de representar figurativamente são construídos modelos com base no fato de as causas poderem estar em diferentes sistemas de organização. A figura que serve de ilustração é composta por vários círculos de diâmetro progressivamente maiores, sendo que cada circulo constitui um sistema em si mesmo. De acordo com a visão biomédica ou técnica, quanto mais à busca de determinantes estiver no centro do circulo/ sistema, maior a redução da explicação do evento a aspectos biológicos. Já segundo a visão coletiva, holística ou social, quanto mais distante do centro, na mesma figura, estiver à explicação mais ela incorpora aspectos sociais. 36 36 SAÚDE DA MULHER http://www.cmbh.mg.gov.br/sites/default/files/imagecache/LightBox/imagens/destaqu es/cuidados-com-a-saude-da-mulher-81.jpg A assistência a saúde da mulher está organizada num programa do Ministério da Saúde, o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM). Este programa prevê a assistência à mulher de forma integrada, abordando-se as várias fases de sua vida, da adolescência à menopausa, incluindo a assistência ao pré- natal, parto e puerpério (ciclo gravídico-puerperal), planejamento familiar (ciclo reprodutivo), assistência clínico-ginecológica (prevenção e controle do câncer ginecológico e de mama e prevenção das DST) e climatério. O objetivo do programa é melhorar as condições de saúde da mulher e reduzir as taxas de morbidade e mortalidade maternas. Na assistência clínico-ginecológica há especial preocupação com a prevenção do câncer de mama e do câncer cérvico-uterino. A ocorrência destes tipos de neoplasias expressa a baixa cobertura dos exames preventivos e pouco investimento em atividades de educação em saúde. , 37 37 O câncer do colo do útero é uma doença possível de ser prevenida e curada. Entretanto, em nosso país representa a segunda causa de óbitos por neoplasia em mulheres, pois 70% dos casos diagnosticados já estão em fases avançadas. Ressalte-se, ainda, ser uma doença que incide mais em mulheres de baixo nível socioeconômico. Para reduzir a incidência e a mortalidade por câncer de colo do útero, o Ministério da Saúde desenvolveu o Programa Nacional de Controle de Câncer de Colo Uterino – o qual utiliza as estratégias de ações educativas e aumento da qualidade dos serviços prestados pelo sistema de saúde. Seu público-alvo são as mulheres entre 35 e 49 anos de idade, consideradas como a população de maior risco. http://observatoriofeminino.blog.br/wp-content/uploads/2013/03/mulher1.jpgAs etapas do Programa de Prevenção de Câncer do Colo do Útero (PCCU) são: – recrutamento, consiste em um conjunto de ações educativas que visam aumentar o conhecimento da população-alvo sobre o câncer de colo do útero; – descrição detalhada das atribuições de cada profissional no controle e tratamento, bem como treinamento e reciclagem constantes dos profissionais; – coleta de material para o exame de Papanicolaou (preventivo ou colpocitológico): consiste no preparo e orientação prévia da mulher, coleta do esfregaço, processamento e leitura do esfregaço no laboratório; – avaliação do resultado, tratamento e acompanhamento do tratamento do câncer de colo do útero, quando se fizer necessário. 38 38 Este programa, como os demais, é operacionalizado pelas unidades básicas de saúde. O câncer de mama é um grave problema de saúde pública, responsável por significativo número de óbitos entre mulheres adultas. É, provavelmente, o câncer mais temido pelas mulheres, tanto por sua alta frequência como, sobretudo, pelo impacto psicológico que provoca, visto envolver negativamente as percepções da sexualidade e autoestima. A principal e mais efetiva arma que contra ele dispomos é o seu diagnóstico precoce mediante realização do autoexame das mamas - procedimento que permite à mulher participar do controle de sua saúde, uma vez que possibilita a identificação precoce de quaisquer alterações das mamas. As questões referentes à saúde reprodutiva da mulher convergem para a abordagem sobre o exercício responsável do seu direito reprodutivo, como forma de vivenciar sua sexualidade e ter liberdade sobre a escolha de tornar-se mãe ou não. O Programa de Planejamento Familiar, do Ministério da Saúde, responsável pelo desenvolvimento das ações referentes ao ciclo reprodutivo, orienta-se especificamente por ações preventivas e educativas e pela garantia de acesso igualitário a informações, meios, métodos e técnicas disponíveis para a regulação da fecundidade, inclusive a esterilização voluntária - permitida tanto para homens como para mulheres com mais de 25 anos, ou pelo menos com dois filhos, ou quando há risco de vida à saúde da mulher ou do concepto. As ações básicas previstas neste Programa preconizam, ainda, que sejam repassadas informações sobre a anatomia e fisiologia do corpo feminino, métodos anticoncepcionais, seu funcionamento, vantagens e desvantagens – tudo isto realizado através de metodologia de práticas educativas e acesso a todos os métodos, para que a mulher possa fazer a opção que a ela melhor se adeque. A assistência à mulher durante as fases do ciclo gravídico-puerperal compreende todas as ações previstas no Programa de Assistência Pré- Natal – o qual deve ser estruturado com ações clínicas e educativas que visem garantir a saúde da mulher e de seu filho. Para operacionalizar essa assistência, há uma divisão pautada nas fases do ciclo: pré-natal (gestação), parto e puerpério (período até 6 semanas após a gestação). O objetivo destas atividades relaciona-se à redução das complicações durante a gestação, que podem resultar em óbito materno e/ou fetal. No Brasil, os 39 39 coeficientes de morte materna são considerados incompatíveis com o nível de desenvolvimento do país. Anualmente, cerca de 3.000 mulheres morrem em alguma fase do ciclo gravídicopuerperal, o que reflete desvalorização e desrespeito à vida, e baixa qualidade dos serviços de saúde. http://portal.saude.pe.gov.br/sites/portal.saude.pe.gov.br/files/media_crop/24/public/2 2_-_mulher_maior.jpg No puerpério, a mulher deve receber atendimento clínico e esclarecimentos sobre o retorno à vida sexual, planejamento familiar, incentivo ao aleitamento materno, práticas de puericultura e direitos previstos em lei para as mães que trabalham ou contribuem com a Previdência Social. Embora recente, a utilização de estratégias voltadas para a assistência no puerpério devem ser rotineiramente implementadas, pois neste período há uma concentração de morbimortalidade para a mãe, expressa em distúrbios psíquicos, infecção vaginal, mastite e doenças circulatórias obstrutivas, entre outros sintomas. A assistência à saúde da mulher no climatério, visando promover uma vida digna nesta faixa etária, passou a ser uma necessidade devido ao aumento da expectativa de vida da população brasileira como um todo - para 75 anos de idade, em média. Esta fase do ciclo vital feminino indica que a mulher passou da fase reprodutiva, o que não significa o fim de sua sexualidade. É um período de transformações e ocorre entre os 40 e 65 anos. O climatério inicia-se gradualmente e está associado a uma série de alterações em decorrência da perda de atividade dos ovários, causando mudanças metabólicas (modificações das lipoproteínas), hormonais (queda progressiva dos níveis de estrogênio), genitais (ressecamento da mucosa vaginal) e psicológicas (depressão), por exemplo. 40 40 Normalmente, não se faz necessário qualquer tratamento para a menopausa, mas sim acompanhamento às situações que possam oferecer algum risco à mulher ou impliquem perda de sua autonomia e/ou comprometimento de sua integridade física (como a predisposição à osteoporose) e emocional (baixa autoestima, receio de “não ser mais mulher como era antes”). Como o climatério é um período de transição, é importante ressaltar a atenção que deve ser dada às questões reprodutivas pelo menos até um ano após a menopausa - pois uma gestação nessa fase se caracterizaria em risco de vida tanto para a gestante como para o concepto. Nesta faixa etária deve-se atentar para o aumento da ocorrência de DST/Aids. Por não mais se preocupar com a hipótese de uma possível gravidez, a mulher sente-se mais livre para os relacionamentos sexuais, ficando exposta a adquirir uma DST/Aids caso não adote comportamento seguro. Outro aspecto é o fato de a mulher viver um relacionamento duradouro e estável, o que a faz acreditar que não corre o risco de adoecer. Orientá-la nesta fase é sempre um desafio, pois suas opiniões já estão formadas, sendo mais difícil mudá-las. A assistência à mulher vítima de violência sexual tornou-se uma necessidade devido ao aumento, tanto nos espaços urbanos como nos rurais, da violência contra homens, mulheres e crianças. A segurança, assim como a saúde, é dever do Estado, mas há muitas barreiras para enfrentar tal problema, cujas causas residem principalmente nas condições de desigualdade social e falta dos recursos necessários para reduzir as desigualdades, e de investimentos na segurança propriamente dita. Dentre todas as formas, a violência contra a mulher, tanto física quanto sexual, vem se destacando. Muitas vezes, ocorre dentro de sua própria casa, realizada por alguém conhecido (pai, marido, irmão, namorado, etc.). Ao ser procurado por uma mulher que sofreu violência, o profissional de saúde deve estar capacitado nos programas especiais de atenção, para garantir que o abuso por ela sofrido gere o mínimo de medo, culpa e baixa autoestima, seja nos aspectos físicos seja nos psicológicos. Além disso, o serviço de acompanhamento ginecológico e obstétrico das unidades de saúde deve estar estruturado para realizar as condutas e os encaminhamentos necessários. Durante o atendimento, é importante que os profissionais de saúde envolvidos sejam sensíveis às dificuldades que a mulher apresenta para relatar o acontecido, 41 41 havendo inclusive recusa em ser assistida por profissionais do sexo masculino. Cabe neste momento reforçamos a necessidade de que seja prestado um atendimento humanizado, valorizando as questões subjetivas expressaspela mulher (sentimentos, medo, dúvidas, incertezas), procurando proporcionar-lhe algum conforto para que possa sentir-se menos constrangida diante de toda a situação em que está envolvida. http://www.unimed.coop.br/portal/conteudo/materias/1271707328004saude%2 0da%20mulher.JPG A assistência a essa mulher compreende: – Atendimento psicológico - a presença de um psicólogo acompanhando o atendimento prestado à vítima imediatamente após a agressão, ou durante algum período após, além de necessária é muito importante para garantir os resgates da identidade e dignidade da mulher, auxiliando-a na superação do sofrimento gerado; – Prevenção das DST mais comuns - procurando garantir que a mulher não adquira algumas destas doenças, geralmente prescreve- se antibióticos de amplo espectro; – Prevenção da hepatite B - deve ser oferecida vacinação contra a hepatite B, além da gamaglobulina hiperimune contra a hepatite B (HBIg); – Prevenção da infecção pelo HIV - o médico deve prescrever os medicamentos antirretrovirais, desde que tomados num período curto (de 24 a 36 horas) após a exposição; – Contracepção de emergência - recurso utilizado para evitar a ocorrência de uma gestação totalmente indesejada, decorrente de um ato de violência sexual. São 42 42 prescritos hormônios num prazo de até 72 horas após o ocorrido, para impedir a implantação, no endométrio, de um possível óvulo fecundado; – Alívio da dor e tratamento das lesões - são indicados cremes ou pomadas para auxiliar na cicatrização das lesões, e cuidados para que a cliente se sinta menos desconfortável após a agressão. Às vezes, faz-se preciso realizar sutura do períneo ou vulva, em decorrência da violência do ato sexual;. – Apoio laboratorial - é necessário que a vítima de violência sexual seja acompanhada para avaliação tanto das repercussões do ato sexual em seu corpo como da eficácia do tratamento instituído. Periodicamente, devem ser realizadas pesquisas do vírus da hepatite B e do HIV, e sorologia para sífilis; – Exame de corpo delito – realizado por profissionais de saúde e por peritos policias, com coleta de sêmen e de outros materiais biológicos ou não, como cabelo, tecido de roupa e outros vestígios que possam viabilizar a identificação do agressor, quando este for desconhecido, constituindo-se em provas do crime. Apesar de todas as condutas implementadas, se a mulher vier a desenvolver alguma doença decorrente do ato sexual deve ter a garantia de que receberá tratamento. Questão fundamental é a gravidez indesejada decorrente de violência sexual. Este é um dos poucos casos em que a lei permite a interrupção da gravidez, mas é aconselhável que a mulher faça este procedimento com, no máximo, até 20 semanas de gestação; após este prazo pode vir a ter sérias complicações. Caso decida prosseguir com a gestação, a mulher deve ser encaminhada à assistência pré-natal. Se não quiser assumir a maternidade da criança, deve ser orientada quanto aos mecanismos disponíveis para o processo de adoção. 43 43 BIBLIOGRAFIA Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão de Investimentos em Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: saúde coletiva / Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão e Investimento em Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. – 2. ed. revista – Brasília: Ministério da Saúde, Rio de Janeiro: Fiocruz, 2002. KNAUTH D.R; de OLIVEIRA F.A. Capítulo 15 - Antropologia e atenção Primária à Saúde. Em: Medicina Ambulatorial. Fundamentos e Práticas em Atenção Primária à Saúde MINAYO M.C.S. Saúde – doença: uma concepção popular da etiologia. Cadernos de Saúde Pública, RJ. 4(4):363-381, 1988. PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Ed. Guanabara Koogan. 1995. Capítulo 3: Saúde e Doença. ROUQUAYROL, M.Z. Epidemiologia e Saúde. 6º edição. MEDSI, Rio de Janeiro, 2003, Capítulo 2: Epidemiologia, História Natural e Prevenção de Doenças.
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