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ECV 107 Resistência dos Materiais I Prof.: Maila Pereira CAPÍTULO 05 Flexão 5 - Flexão • Por conta dos carregamentos aplicados, as vigas desenvolvem uma força de cisalhamento interna (força cortante) e o momento fletor que em geral variam de ponto a ponto ao longo do eixo da viga. 5.1 Diagrama de força cortante e momento fletor • Vigas - elementos estruturais que suportam forças em vários pontos ao longo do elemento. • Carregamentos transversais de vigas são classificados como forças concentradas ou como forças distribuídas. • Força cortante provoca tensões de cisalhamento e momento fletor provoca tensões normais de flexão. 5 - Flexão Classificação das vigas de acordo com seus apoios. 5.1 Diagrama de força cortante e momento fletor 5 - Flexão • Para a determinação das tensões normais e de cisalhamento é necessário conhecer o esforço cortante máximo absoluto e o momento fletor máximo positivo e negativo atuante na viga. • Força cisalhante e momento fletor em um ponto são determinadas pela passagem de um corte na seção de aplicação e uma análise de equilíbrio nas partes de cada lado do corte. • Existe convenção para as forças de cisalhamento V e V’ e o par de momento M e M’ 5.1 Diagrama de força cortante e momento fletor 5 - Flexão Exemplo 01 Para a viga de aço com o carregamento mostrado, trace os diagramas de força cortante e momento fletor. Conclusão: • Para carregamento concentrado o DEC é constante; • Para carregamento distribuído o DEC é linear • Nos apoios V é igual as reações de apoio • Para carregamento concentrado o DMF é linear; • Para carregamento distribuído o DMF é uma parábola • Nas extremidades o momento é igual a zero, exceto nos engastamentos 5 - Flexão 5.2 Relações entre Força, Força Cortante e Momento Fletor • Os diagramas de esforço cortante e momento fletor ficarão muito mais fáceis de serem traçados se forem levadas em consideração determinadas relações que existem entre força, força cortante e momento fletor. • Considere a viga AB simplesmente apoiada submetida à força distribuída w por unidade de comprimento. • Considere os ponto C e C’ situados a uma distância Dx um do outro. Traçando o diagrama da parte CC’ tem-se: • Força cortante em C = V • Força cortante em C’ = V + DV • Momento fletor em C = M • Momento fletor em C’ = M + DM • Resultante devido ao carregamento em CC’ : R = w Dx 5 - Flexão • Relações entre força e força cortante: • Para uma viga carregada conforme a figura, a inclinação da curva de força cortante (dV/dx) é negativa e igual ao carregamento distribuído. 0yF : 0V w x V V D D 0V w x V V V w x V w x D D D D D D (Dx aproximar-se de zero) dV w dx (1) 5.2 Relações entre Força, Força Cortante e Momento Fletor 5 - Flexão 5.2 Relações entre Força, Força Cortante e Momento Fletor • As equações (1) e (2) não são válidas no ponto no qual é aplicado uma força concentrada (a curva de força cortante é descontínua nesse ponto). • A equação (2) só pode ser aplicada entre forças concentradas sucessivas. área sob a curva de força distribuída entre e D CV V C D (2) • Integrando a equação entre os pontos C e D, tem-se: dV w dx dV wdx D D C C V x V x dV wdx D C x D C x V V wdx C 2 0 2 C A C A LV V w V wLV 5 - Flexão • Relações entre força cortante e momento fletor: • Para uma viga carregada conforme a figura, a inclinação da curva de momento fletor (dM/dx) é igual ao valor da força cortante, desde que não seja aplicada no ponto uma força concentrada. • Para V = 0, o momento é máximo. 0C'M : 02 xM V x w x M MD D D D 2 2 0 2 2 2 w xV x M w xM V x M w xV x D D D D D D D D D (Dx aproximar-se de zero) dM V dx (1) 5.2 Relações entre Força, Força Cortante e Momento Fletor 5 - Flexão 5.2 Relações entre Força, Força Cortante e Momento Fletor área sob a curva da força cortante entre e D CM M C D (2) • Integrando a equação entre os pontos C e D, tem-se: dM V dx dM V dx D D C C M x M x dM Vdx D C x D C x M M Vdx • Área (+) quando V(+) • Área (-) quando V(-) • A equação (2) é válida mesmo quando for aplicada uma força concentrada entre C e D, desde que o DEC tenha sido traçado corretamente • A equação (2) não é válida quando é aplicado um momento entre C e D. 5 - Flexão 5.2 Relações entre Força, Força Cortante e Momento Fletor área sob a curva da força cortante entre e D CM M C D (2) 2 2 8 8 0 C A C A w L w LM M M M • Momento em C é máximo pois o cortante é zero 5 - Flexão Exemplo 02 Trace os diagramas de força cortante e momento fletor para a viga e o carregamento mostrados. 5 - Flexão 5.3 Flexão Pura • Quando um elemento está submetido apenas a momentos fletores M e M’ iguais e opostos, atuando no mesmo plano longitudinal, estão esse elemento está em flexão pura. 5 - Flexão 5.4 Deformação em uma barra de seção simétrica • Considere a barra prismática AB possuindo um plano de simetria e submetida a conjugados M e M’ iguais e opostos atuando no plano de simetria • Devido a ação dos momentos fletores a barra sofrerá flexão, porém sua seção transversal continuará plana e simétrica. Como o momento fletor é o mesmo em qualquer seção transversal, a barra sofrerá flexão uniforme. • Assim, a linha AB, que originalmente era uma linha reta, será transformada em um arco de circunferência de centro C. • A linha AB diminuirá em seu comprimento (para M > 0) e A’B’ se tornará mais longa. • Desta forma, deve existir uma superfície paralela às faces superior e inferior da viga em que sx e ex são zero. Essa superfície é chamada Superfície Neutra. 5 - Flexão 5.4 Deformação em uma barra de seção simétrica • A superfície neutra intercepta o plano de simetria ao longo de um arco de circunferência DE e intercepta a seção transversal por meio de uma reta denominada Linha Neutra (LN). • Considerando a figura, tem-se: • y = distância de qualquer ponto até a LN • r = raio do arco DE • q = ângulo central correspondente a DE • L = comprimento da viga = comprimento de DE, pois DE pertence à superfície neutra e assim não sofre deformação • Assim: 2 2 L /tg q r 2 2 Lq r L rq 5 - Flexão 5.4 Deformação em uma barra de seção simétrica • Considerando o arco JK localizado a uma distância y acima da LN. • L’ = comprimento do arco JK 2 2 L'/tg y q r 2 2 L' y q r L' yr q Deformação: f iL L L' L y r q r q y q Deformação específica: x y L q rq x y r (A deformação específica varia linearmente com a distância y da superfície neutra). 5 - Flexão 5.4 Deformação em uma barra de seção simétrica • A deformação ex atinge seu valor absoluto máximo quando y é máximo (superfície superior e inferior). x y r (1) max max c c r r (2) x max y c Substituindo (2) em (1) 5 - Flexão 5.5 Tensões e deformações no regime elástico • Se o momento fletor M é tal que as tensões normais na viga permaneçam abaixo da tensão de escoamento (regime elástico), então é válida a Lei de Hooke. x xE • Sabemos que: (Multiplicando por E)x max y c x max yE E c x max y c (No regime elástico,a tensão varia linearmente com a distância y da superfície neutra). 5 - Flexão 5.5 Tensões e deformações no regime elástico • De acordo com a Teoria da Elasticidade a única componente de tensão que atua na seção transversal de uma barra submetida à flexão é a tensão normal sx. Posição da LN: LN • Para M > 0, temos: − Forças de compressão acima da LN: x dA − Forças de tração abaixo da LN: x dA x max y c − Assim: • 0x xF : dA 0max y c 0max y dA c 0y dA O momento estático da seção, em relação à LN, é igual a zero A LN passa pelo centroide da seção 5 - Flexão 5.5 Tensões e deformações no regime elástico Fórmula de Flexão no Regime Elástico: LN • Para M > 0, temos: x max y c − • 0y xM : z dA • z xM : y dA M max yy dA M c 2max y dA M c Fórmulas de flexão no regime elástico max I M c max M c I x M y I A relação I/c é chamada de Módulo de resistência da seção e só depende da geometria. max M W 5 - Flexão 5.5 Tensões e deformações no regime elástico Tensão normal devido à flexão e o Módulo de Resistência max M c I max M W IW c • Considere duas vigas de seção retangular com mesma área A: • O módulo de resistência é dado por: Ahbh h bh c IW 61 3 6 1 3 12 1 2 Considerando as duas vigas com mesma área A de seção transversal, a que tiver altura h maior terá um módulo de resistência maior e, portanto, terá maior capacidade para resistir à flexão 5 - Flexão A flexão ocorre em torno do eixo x, e o momento está aplicado em z (a LN está passando no eixo z), logo: x z M y I 5.5 Tensões e deformações no regime elástico Cuidado com os eixos: max M c I max M W IW c x M y I A flexão ocorre em torno do eixo z, e o momento está aplicado em y (a LN está passando no eixo y), logo: z y M x I A flexão ocorre em torno do eixo z, e o momento está aplicado em x (a LN está passando no eixo x), logo: z x M y I Cuidado: as coordenadas de x e y também podem ser negativas 5 - Flexão 5.5 Tensões e deformações no regime elástico Deformação da viga: É medida pela curvatura da superfície neutra, sendo que a curvatura é definida como o inverso do raio de curvatura r: Vimos que: max c r 1 max c r No regime elástico: maxmax E 1 max Ec r 1 1 Mc Ec Ir 1 M EIr 5 - Flexão 5.6 Propriedades dos Perfis 5 - Flexão Exemplo 03 A peça de máquina de ferro fundido é atendida por um momento M = 3 kN m. Sabendo-se que o módulo de elasticidade E = 165 GPa e desprezando os efeitos dos adoçamentos, determine : a) As tensões máximas de tração e compressão; b) O raio de curvatura. 5 - Flexão 5.7 Flexão Assimétrica • Até agora consideramos em nossa análise de flexão pura que as barras estavam submetidas a momentos fletores atuando em um plano de simetria e assim a LN coincidia com o vetor momento. • No estudo de flexão assimétrica, o vetor momento não atua num plano de simetria da barra, isto porque: − A barra não possuiu plano de simetria. − O momento atua fora do plano de simetria da barra • Nessas situações, o eixo neutro da seção não coincide com a direção do momento e a equação de flexão não é aplicável x M y I 5 - Flexão 5.7 Flexão Assimétrica • Considere a figura. As forças internas elementares devem satisfazer: 0x xF : dA • • 0y xM : z dA 0max yz dA c 0max z y dA c 0yzI Isso significa que y e z são eixos principais de inércia • z xM : y dA M x M y I Se o vetor momento fletor M estiver direcionado ao longo de um dos eixos principais de inércia da seção transversal, a LN coincidirá com a direção do momento fletor M e as equações de flexão são válidas. 5 - Flexão 5.7 Flexão Assimétrica • Em ambos os casos, o momento deverá ser decomposto em relação aos eixos principais e o princípio da superposição aplicado • Quando um dos eixos da seção principal for eixo de simetria, o produto de inércia será zero e os eixos serão eixos principais. • Quando a barra não possui nenhum eixo de simetria, os eixos principais deverão ser determinados. 5 - Flexão 5.7 Flexão Assimétrica • O vetor M formará o mesmo ângulo q com o eixo horizontal z. • Considere a barra com um plano de simetria submetida aos momentos M e M’ atuando em um plano formando um ângulo q com o plano vertical • Decompondo M nas direções y e z, temos: z y M M cos M M sen q q • Como os eixos x e y são eixos principais, podemos aplicar a equação de flexão: z x z M y I yx y M z I • Aplicando a superposição: yz x z y M zM y I I • Como os sinais de cada termo da equação depende da direção do momento M, podemos escrever a equação: yz x z y M zM y I I 5 - Flexão 5.7 Flexão Assimétrica • Como já sabemos, na flexão assimétrica, a posição da LN não coincide com a direção do momento fletor Posição da LN: z y Iy tg z I q z y M M cos M M sen q q • Substituindo (Equação da LN) • Na equação da LN, a parcela é a inclinação da reta.z y I tg I q • O ângulo f que a LN faz com o eixo z é dado pela inclinação da reta, assim: z y Itg tg I f q 0yz z y M zM y I I y yz z z y z y M z MM y Iy z I I M I • Também sabemos que a tensão normal é zero em qualquer ponto da LN, logo: 5 - Flexão Exemplo 04 Um momento de 180 N.m é aplicado a uma viga de madeira retangular em um plano que forma um ângulo de 30 graus com a vertical. Determine : a) A tensão máxima na viga, b) O ângulo que o eixo neutro forma com o plano horizontal. 5 - Flexão 5.8 Caso geral de carregamento axial excêntrico • Considere um elemento reto AB submetido a forças axiais iguais e opostas P e P’ • Sejam a e b distâncias da linha de ação das forças até os eixos principais de inércia da seção transversal da barra. • O sistema representado em (a) pode ser substituído pelo sistema (b) pois eles são estaticamente equivalentes, onde: ey zM P a M Pb • Assim, a tensão de flexão será: yzx z y M zM yP A I I • Os sinais de cada temo na equação está relacionado à figura acima. • Os sinais de cada termo na equação varia de acordo com a força P (compressão ou tração) e com a posição da força P em relação aos eixos principais y e z. • Assim, é mais correto escrever: yz x z y M zM yP A I I • Como a tensão é igual a zero na LN, e posição da LN será: 0yz z y M zM yP A I I 5 - Flexão Exemplo 05 Uma força vertical de 4,8 kN é aplicada em um poste de madeira de seção transversal de 80 x 120 mm, conforme mostra a figura. Determine as tensões nos pontos A, B, C e D.
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