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Geografia e Ensino uma proposta interdisciplinar

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Ensino de Geografia: o uso da arte e da Literatura como uma proposta 
Interdisciplinar 
 
Ana Lucia Teixeira 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro 
analu.gheo@gmail.com 
Iara da Conceição Frederico 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro 
iarageografa@yahoo.com.br 
 
 
* Eixo Temático: Geografia e Interdisciplinaridade 
 
Resumo: 
 
A Geografia tem se utilizado cada vez mais das artes, do cinema, da música, e da 
literatura em suas pesquisas sobre o espaço geográfico. Por isso este estudo busca 
contribuir para a ampliação do debate sobre o uso destes recursos no ensino de 
Geografia e como a utilização destes meios nos permite realizar relações 
interdisciplinares. 
 
 
Introdução 
 
A realidade é composta por múltiplas relações que só podem ser apreendidas 
numa visão complexa e não fragmentária. Para superar as dissociações das práticas 
escolares, é necessária uma atitude interdisciplinar. A importância de construir um ensino 
interdisciplinar reside na integração do ensino à realidade, formando alunos capazes de 
compreender a sociedade da qual fazem parte como sujeitos. (ARALDI, 2000) 
As percepções que os indivíduos, grupos ou sociedades têm do lugar nos quais 
se encontram e as relações singulares que com ele estabelecem fazem parte do processo 
de construção das representações de imagens do mundo e do espaço geográfico. As 
percepções, as vivências e a memória dos indivíduos e dos grupos sociais são, portanto, 
elementos importantes na constituição do saber geográfico. 
De acordo com PCN’s (1999, p.39/40) a Geografia é em si um saber 
interdisciplinar abandonou a posição de se constituir como uma ciência de síntese, ou 
seja, capaz de explicar o mundo sozinha, por isso a necessidade de buscar relacionar-se 
com outras ciências, transcendendo seus limites conceituais sem, no entanto perder sua 
identidade e especificidade. Na sua busca por pensar o espaço enquanto totalidade, de 
estabelecer uma unidade na diversidade e de abrir outras possibilidades mediante a visão 
de conjunto a Ciência Geográfica pode ajudar a romper a fragmentação factual e 
descontextualizada. 
Ainda conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais a Geografia tem buscado 
um trabalho interdisciplinar, lançando mão de outras fontes de informação e que a relação 
da Geografia com a Literatura tem sido redescoberta, proporcionando um trabalho que 
provoca interesse e curiosidade sobre a leitura do espaço e da paisagem. 
 É possível aprender Geografia desde os primeiros ciclos do ensino fundamental 
pela leitura de autores brasileiros consagrados — Machado de Assis, Jorge Amado, Érico 
Veríssimo, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, entre outros — cujas obras retratam 
diferentes paisagens do Brasil, em seus aspectos sociais, culturais e naturais. Dessa 
forma acreditamos ser a literatura um importante meio para o entendimento do espaço 
geográfico como construção histórica. 
Também outras linguagens vêm sendo utilizadas pela Geografia na pesquisa 
sobre a construção/ organização do espaço geográfico. Nos últimos anos a Geografia 
vem se utilizando das artes, do cinema, da literatura como instrumento de análise do 
espaço geográfico. Sobre a utilização da arte e da literatura na Geografia Carlos (2002; p. 
175 - 176) declara: 
 
A geografia começou a refletir sobre o impensável, até bem pouco tempo. 
Hoje, muitos trabalhos se debruçam sobre a festa, a música, a literatura, o 
cinema, colocando em cena a relação entre a geografia e a arte, o que 
vem abrindo muitas possibilidades de pesquisa. 
 
 
No entanto a utilização destes recursos na maioria das vezes está relacionado 
especificamente ao conteúdo de geografia estando dissociado de outras disciplinas. O 
uso da arte, da literatura, da música e da produção cinematográfica também se faz 
presente em outras disciplinas, então porque este uso não é realizado de uma maneira 
que integre as diferentes áreas do conhecimento em uma abordagem interdisciplinar. 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais esclarecem que há diferença conceitual 
entre interdisciplinaridade e transversalidade. A interdisciplinaridade refere-se a uma 
abordagem epistemológica dos objetos do conhecimento - questiona a visão 
compartimentada disciplinar da realidade sobre a qual a escola tal como é conhecida, 
historicamente se constituiu. Refere-se por tanto a uma relação entre disciplinas; 
enquanto a transversalidade diz respeito principalmente à versão didática, a possibilidade 
de se estabelecer, na prática educativa, uma relação entre aprender na realidade e da 
realidade de conhecimentos teoricamente sistematizados e as questões da vida real. 
Conforme Bovo (s/d, p.2) a interdisciplinaridade surgiu no final do século XIX 
como resposta a fragmentação da ciência propostas pelo positivismo, pois esta foi 
subdivida dando origem a diversas disciplinas. Com os reducionismos causados pelo 
positivismo a interdisciplinaridade surgiu a fim de restabelecer um diálogo entre as 
diversas áreas do conhecimento científico. 
Apesar disto ainda hoje quando se fala em abordagem interdisciplinar nas escolas 
de modo geral esta se refere à Educação Ambiental. Ao contrário do que se aborda a 
interdisciplinaridade vai muito além da Educação Ambiental. Os Parâmetros Curriculares 
Nacionais apresentam inicialmente como temas transversais, a Ética, a Pluralidade 
Cultural, o Meio Ambiente, a Saúde e a Orientação Sexual que devem ser abordados nas 
escolas abrangendo todas as disciplinas em um trabalho coletivo do corpo docente e da 
comunidade. Somando-se a estes tem se ainda os Temas Locais que chamam atenção 
para as particularidades de onde a escola está inserida, pretendendo contemplar os 
temas de interesse específicos em diferentes escalas, Estado, cidade e/ou escola. 
Faz-se necessário ressaltar que a possibilidade de inserção dos Temas 
Transversais nas diferentes áreas do conhecimento não é uniforme, uma vez que precisa-
se respeitar as singularidade tanto dos diferentes temas quanto das áreas. Existem 
afinidades maiores entre determinadas áreas e determinados temas, como é o caso de 
Ciências Naturais e Saúde ou entre Historia, Geografia e Pluralidade cultural, em que a 
transversalidade é fácil e claramente identificável. Não considerar essas especificidades 
seria cair num formalismo mecânico. (PCN’s, 1997). 
No nosso entender é possível ir além da abordagem ambiental ou dos temas 
transversais propostos pelos PCN’s e aproximar a Geografia de disciplinas como a 
Literatura, a História, a Língua Portuguesa, as ciências Naturais, a Sociologia – neste 
caso em se tratando do ensino médio – a partir do uso de textos literários, letras de 
músicas, filmes, e das artes visuais. 
 A interdisciplinaridade normalmente é compreendida como a prática de 
cruzamento de disciplinas ou de partes do conteúdo disciplinar que eventualmente 
ofereçam ponto de contato nas atividades letivas, dessa forma as práticas 
―interdisciplinares‖ acontece geralmente entre professores cujas disciplinas possuam 
afinidades e que coincidam na organização dos horários de aulas facilitando a 
―integração‖ das mesmas disciplinas (CAICINO, 2000 p.67/68). 
Entretanto a interdisciplinaridade deveria ser uma proposta curricular elaborada 
em conjunto com todo o corpo escolar objetivando algo único que venha a oferecer 
perspectivas positivas na vida do aluno e melhorias no ensino e em sua qualidade de vida 
refletindo-se na comunidade em que este está inserido, sendo uma constante no cotidiano 
educacional. Por isto este estudo propõe uma aproximação ao cotidiano do aluno através 
da utilização de meios como a arte e a literatura buscando fazer com que os alunos 
percebam sua participação na construção do espaçogeográfico, pois a geografia se faz 
no dia a dia, a partir das praticas e das relações sociais que se materializam no espaço. 
 
 
 O uso da música e das artes como recurso no ensino de geografia 
 
Na atualidade se torna cada vez mais complexo a forma de se obter a atenção do 
aluno para os conteúdos referentes às matérias presentes em seus currículos, com a 
geografia não poderia ser diferente. Esta que por vezes se torna um amontoado de 
assuntos defasados distantes da realidade do aluno e de difícil compreensão faz com que 
o professor busque alternativas para facilitar o processo de ensino-aprendizagem. 
Ir além da aula descritiva e distante exige um esforço do professor, para trazer 
para realidade do aluno àquilo que está sendo estudado; Para ir além das descrições - 
sejam elas aulas expositivas realizadas pelo professor, escritas no livro didático ou 
apresentadas nos mapas - quando procura estudar o porquê do espaço se apresentar de 
um ou de outro modo. (CALLAI, 1998, p.60), é preciso que o professor esteja disposto a 
realizar um trabalho que mude a forma como o ensino de geografia vem sendo ministrado 
no Brasil nas ultimas décadas. 
Na busca para tornar as aulas mais atraentes muitos professores se baseiam e 
dão suporte as suas aulas através de recursos encontrados nas artes visuais e na 
música, no cinema e na literatura. 
Um dos recursos utilizados que chama e muito a atenção dos alunos são as 
músicas. Estas em suas letras e melodias ressaltam de diversas maneiras os temas 
presentes no cotidiano do aluno ou aqueles que ajudaram a compor o cenário atual no 
qual este está inserido. A música é um importante recurso no ensino de geografia, pois 
tem um poder de penetração que une as várias culturas, diminuindo distância e 
diferenças. 
A música pode ser um instrumento de difusão de idéias, valores e atitudes, e 
essas propriedades somadas a presença deste meio no cotidiano dos alunos, a torna um 
instrumento valioso no desenvolvimento de capacidades como contextualização, análise, 
expressão de idéias, produção de letras e músicas, construção de conhecimento e 
mudança de atitudes. 
Podemos considerar que a música ouvida no dia-a-dia é instrumento educador, já 
que difunde idéias em letras e sentimentos em melodias. E por estar presente quase que 
integralmente na vida de cada um, a música pode se tornar um recurso eficaz na 
educação formal. Sobre os recursos que podem ser utilizados em sala de aula Vieira 
(1995) declara, 
os recursos de ensino servem para a exposição do professor, para o 
trabalho independente do aluno, para a busca, exercitação ou 
problematização. Servem ao professor, ao aluno, para aprender ou 
controlar o aprendido. 
 
Dentre os recursos utilizados pelo professor os visuais tendem a atingir maior 
êxito no aproveitamento dos mecanismos sensoriais, a junção dos recursos visuais aos 
recursos auditivos podem promover um aproveitamento e uma retenção de 
conhecimentos ainda maiores. E neste caso a música é um mecanismo completo, pois 
une tanto a parte visual (letras, vídeos-clipe) quanto sonora, 
Um exemplo de utilização da música como recurso foi aplicado no Município de 
Duque de Caxias, RJ em uma escola do Terceiro Distrito, com o tema ―Se todos fossem 
iguais a você‖, foi desenvolvido na escola através do Projeto Tom Jobim. O projeto 
propunha uma série de atividades em diferentes áreas do conhecimento, desde os 
Conteúdos de educação Artística com a representação de trechos de músicas do artista, 
que ressaltam pontos turísticos do Rio de janeiro, análise das formas físicas da Cidade 
dentro da disciplina geografia, a interpretação e a analise gramatical das letras das 
músicas entre outras atividades. 
 O projeto que teve duração de dois meses e culminou com a exposição dos 
trabalhos desenvolvidos pelos alunos e apresentações artísticas, atuou em várias áreas 
do conhecimento demonstrando ao aluno como existem aplicabilidades entre os 
conteúdos que lhe são apresentados em classe e as produções culturais presentes em 
seu dia a dia. Dando lhes a oportunidade de um enriquecimento cultural através do 
contato com um gênero musical próximo de sua vida cotidiana. 
Outros artistas podem ser citados como mecanismos para tornar as aulas mais 
interessantes. No entanto devemos atentar para o fato de que isto não é o ponto principal, 
a utilização da música ou de qualquer outro recurso didático tem como finalidade 
aproximar da realidade dos alunos os temas que serão expostos pelo professor, e 
utilizando a fala de Kaercher (1998, p.19) esclarecemos que, 
 
o objetivo aqui não é simplesmente trabalhar com música em sala de aula. 
É chamar a atenção que as músicas ouvidas cotidianamente por nós e 
nossos alunos trazem a questão social/espacial em suas letras e que 
podemos começar alguns assuntos novos com esse ―chamariz‖. Desperta 
mais a atenção do que iniciarmos nossa fala, ainda que bem intencionada 
e de cunho progressista, com aulas expositivas abstratas e distantes do 
mundo do aluno [...] o objetivo não é (só) tornar a aula mais ―legal‖ [...] mas 
sim, a partir das letras, questionar o que o aluno já sabe a fim de superar 
visões de mundo conformistas, conservadoras ou ligadas somente ao 
senso comum. 
 
 
 
De acordo com os PCN’ as músicas podem ser utilizadas no ensino tendo como 
referencia três eixos: 
1. O eixo da produção - "expressão e comunicação em música, improvisação, 
composição e interpretação"; 
2. O eixo da fruição/apreciação - "apreciação significativa em música: escuta, 
envolvimento e compreensão da linguagem musical"; 
3. O eixo da reflexão/contextualização - "música como produto cultural e histórico: 
música e sons do mundo" ou compreensão da música como produto cultural e 
histórico. 
Para o ensino especificamente de geografia o terceiro eixo é o que mais nos 
interessa a música como produção histórico-cultural, mas em uma proposta 
interdisciplinar devemos levar em consideração todos os eixos propostos, pois desta 
forma poderia haver uma integração entre diferentes disciplinas a partir da utilização 
de uma determinada composição. 
Algumas músicas representam em suas letras momentos importantes no 
processo de construção do espaço geográfico, mesmo (e talvez principalmente) aquelas 
que têm temas específicos como os regionalismos ou retratam momentos da história 
política recente do Brasil. 
Artistas como Raimundo Fagner, Zeca Baleiro, Zé ramalho, Chico Science com 
seu movimento Mangue Beach, os tradicionais Luiz Gonzaga e Dominguinhos tratam em 
suas letras das características da região do nordeste e das questões sociais especificas 
desta região, mas que não podem entendidas sem se considerar a totalidade complexa 
do território brasileiro. 
 Nos anos de 1980 um novo estilo musical surgiu, as músicas tinham conteúdo 
critico e contestavam a ditadura militar e as questões sociais, o estilo ficou conhecido 
como Rock Brasil e teve como expoentes Cazuza e Renato Russo com o grupo Legião 
Urbana. Os artistas representaram em suas composições a insatisfação com o momento 
pelo qual o país estava passando. No entanto as músicas não são tão agressivas e 
violentas, o rock usa uma linguagem mais poética e suas mensagens são geralmente 
implícitas na letra. Mesmo assim as letras destes artistas são muito ricas e nos permitem 
trabalhas diversos temas em sala de aula, temas como democracia, ideologia, 
globalização, segregação sócio espacial e outros. 
Citamos artistas já consagrados na historia da cultura musical brasileira, mas 
existem outros gêneros que vêm crescendo muito nos últimos anos e com o qual os 
jovens muito se identificam - principalmente nas periferias das grandes cidades – o RAP(Rhythm and poetry), e o Hip Hop. 
 RAP surgiu entre os negros norte-americanos. É um gênero caracterizado por 
ritmo acelerado e quase inexistência de melodia e harmonia, com letras longas e 
entremeadas de gírias dos guetos e das gangues, que englobam a crítica social. Assim 
como o RAP, o Hip Hop também surgiu nos guetos e se baseia na denúncia de situações 
de injustiça social, de violência institucional, de preconceito e de descaso do estado em 
relação aos problemas sócio-culturais da periferia. Usam termos contundentes, e citam 
em suas letras nomes de pessoas e de instituições que no entender dos compositores 
praticam atos que prejudicam a população menos favorecida, contando estórias fictícias 
ou fatos reais de forma detalhista e integral. Por denunciar as injustiças sofridas pelas 
classes pobres, podemos considerar que estes gêneros atendem a esta classe, com a 
ideologia de não aceitação das condições vividas pela mesma e a mudança de atitudes 
que levariam à reversão de tais situações. 
Estes gêneros musicais têm no Brasil representantes famosos como Marcelo D2, 
MV Bill, RZO, o Grupo O Rappa, Os Racionais MC’s entre outros, trazem em suas letras a 
situação de miséria e abandono na qual a maioria das comunidades da periferia estão 
sujeitas, além de retratarem a forma preconceituosa e até mesmo violenta como a grande 
parte dos moradores destas é tratada. 
O movimento Hip Hop não é composto apenas do estilo musical, fazem parte dele 
todo um trabalho de reconhecimento e valorização da cultura da periferia, a arte visual 
também é uma característica marcante deste movimento, a partir dos grafites os jovens 
expressam suas percepções do lugar vivido. 
Neste ponto podemos relacionar o ensino de geografia e sua proposta 
interdisciplinar as artes visuais, obras de artistas como Candido Portinari, Tarsila do 
Amaral e até mesmo os mais tradicionais como Debret ou Rugendas podem ser utilizadas 
para abordar temas como escravidão, miscigenação, migrações, industrialização, 
consumismo e globalização e mesmos conceitos como de paisagem. 
 
Artes visuais e geografia 
 
As artes visuais permitem aos alunos realizarem uma abordagem mais subjetiva 
dos temas expostos, não ficando presos aos mecanicismos da abordagem racionalista. 
As obras de arte retratam momentos da sociedade em que o artista estava inserido 
podendo ser muitas vezes a única fonte de referência visual de determinados 
acontecimentos ou de momentos do processo de construção do espaço geográfico. 
 A esse respeito MARANDOLA JR (2008, p.1) explica que, 
 
A capacidade de produzir arte faz parte daquilo que torna o homem único. 
A ciência moderna, no entanto, tratou de dissociar arte de pensamento e, 
com isso, ciência de arte. A Geografia, enquanto ciência moderna 
respeitou essa separação, embora em certos momentos tenha se utilizado 
de descrições artísticas como ilustração para seus trabalhos, em especial 
as literárias. Nas reestruturações epistemológicas contemporâneas, no 
entanto, reconduzir a Geografia para seu encontro com a Arte é tanto 
necessário quanto imprescindível para seu desenvolvimento. Isso não 
ocorre apenas pela incorporação da arte como documento, mas, sobretudo 
como símbolo e marca de um espaço-tempo cultural. 
 
 
No processo histórico da formação da sociedade brasileira muitos foram os 
artistas que retrataram a paisagem, seja natural seja humanizada deste território em 
construção. Podemos citar como exemplo Johann Moritz Rugendas, pintor alemão que 
chegou ao Brasil em 1821, como desenhista da expedição do barão von Langsdorff1, 
desentendeu-se com os demais componentes da expedição, abandonou seu 
compromisso e passou a viajar por conta própria, anotando em seus magníficos desenhos 
os diversos aspectos da paisagem, dos tipos e dos costumes da sociedade brasileira do 
século XIX. (LEVY et al, 1994, p.29) 
As artes estiveram presentes retratando as transformações na paisagem em 
diferentes momentos históricos da sociedade brasileira e mesmo da sociedade mundial, 
haja vista a repercussão da tela Guernica2 (1937) de Pablo Picasso que retrata os 
horrores da Guerra Civil espanhola. Cabe ainda ressaltar ao aluno as datas significativas 
em que as obras foram produzidas. 
 
1
 Cientista e diplomata russo que atuou como encarregado de negócios e cônsul geral da Prússia no Rio de Janeiro. 
2
 Guernica é uma antiga aldeia da região basca da Espanha, país de origem de Pablo Picasso, que pintou a obra em 
poucas semanas, buscando denunciar e despertar a opinião publica pra a tragédia da Guerra Civil espanhola. 
A seguir selecionamos algumas telas que podem ser utilizadas como recurso no 
ensino de geografia: 
O lavrador de Candido Portinari: Nesta obra Portinari chama a atenção para o 
trabalho do negro lavrador realçando o gigantismo de seus braços e pernas e a pequenez 
de sua cabeça. Isso nos leva a refletir que o negro era sempre associado a trabalhos 
braçais e nunca ou quase nunca e trabalhos intelectuais. 
Café de Candido Portinari: É um exemplo de como as artes das décadas de 
1930 e 1940, conservando o interesse pelo tema nacional, buscavam retratar as varias 
faces de um país miserável e sofrido, 
Retirantes (1944) de Candido Portinari: Mostra uma família de retirantes 
nordestinos fugindo da seca, a tela representa uma forte critica social a situação de 
miséria e abandono das populações do nordeste brasileiro. 
Operários de Tarsila do Amaral: A tela representa um portão de uma fábrica 
onde estão vários operários de diferentes tipos físicos, percebemos a miscigenação do 
povo brasileiro e a forte presença de tipos europeus demonstrando ainda a pequena 
presença do elemento negro, pouco utilizado no inicio do processo de industrialização 
brasileiro. 
 Embora estas produções artísticas, ricas em traços e cores, sirvam de subsídios 
para uma visualização de fatos vividos e percebidos deve-se sempre ressaltar ao aluno 
que o fato de servirem como objeto de estudo, estas telas foram produzidas por vezes 
com intuito apenas de expressar a angústia ou contemplação do artista diante de 
determinada paisagem ou de algum fato social. Servindo acidentalmente, sem objetivos 
curriculares, de base para muitos estudos, desde as séries iniciais ao fim do ensino 
médio. 
 
A literatura e o ensino de Geografia. 
 
Conforme dito na introdução deste estudo a Geografia vem se utilizando nas 
últimas décadas de diferentes recursos na tentativa de aproximar os conteúdos e temas 
do currículo aos alunos e assim fazer com que os mesmos sintam-se inseridos na 
produção/organização do espaço geográfico. 
Na busca por aproximar o ensino de geografia a realidade do aluno alguns 
professores vem se utilizando de metodologias alternativas como a utilização da arte, da 
música, do cinema, mas é a literatura que tem tido especial destaque. 
Teixeira (2008) citando Mello esclarece que a literatura tem sido utilizada, embora 
timidamente, por geógrafos para empreenderem análises espaciais desde o início do 
século XX, por ser um meio eficaz de investigação, que relata em diferentes escalas os 
lugares, o cotidiano, a paisagem, o mundo vivido. Por isso a literatura pode ser um meio 
eficaz de investigação para os geógrafos, pois os textos literários evocam a alma dos 
lugares, neles os escritores captam, interpretam e divulgam os sentimentos, o 
desempenho dos seres humanos, a fixação aos lugares, às viagens, o cotidiano. 
Entretanto a Geografia brasileira, diferentemente da Geografia internacional, continua 
negligenciando os textos literários como fonte de informação, apesar de toda riqueza 
espacial representada pela Literatura brasileira. 
Apesar daliteratura ainda ser pouco utilizada nas análises do espaço geográfico 
esta tem sido apontada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais como possibilidade 
interdisciplinar com a Geografia. De acordo com os PCN’s é possível aprender Geografia 
a partir da leitura de autores consagrados de nossa literatura. 
Acreditamos realmente que isto seja possível, pois a produção literária brasileira é 
rica em autores que retratam em suas obras diversas paisagens, regiões e aspectos 
sociais e culturais da sociedade brasileira em diferentes temporalidades. 
 Muitos são os literatos que podem nos auxiliar na busca pelo entendimento da 
construção do espaço geográfico como produto histórico e social, pois para entendermos 
o espaço como ele é hoje devemos estar atentos aos processos que influenciaram e que 
de alguma forma continuam influenciando ainda hoje a produção do espaço como 
totalidade. 
Autores como José de Alencar e o romance indianista, O Guarani, que está 
inserido na corrente filosófica do Romantismo baseados nas idéias do pensador iluminista 
Jean Jacques Rousseau onde o Homem é visto como ser originalmente puro sendo 
corrompido pela sociedade, pode ser utilizado tanto pela Geografia quanto pela História, 
Sociologia ou Filosofia. Alencar tem outras obras que também podem ser utilizadas pela 
Geografia, o autor não se limitou a escrever romances classificados como indianistas há 
em sua produção literárias romances regionais e urbanos, como O gaúcho e Senhora 
respectivamente. 
Embora tenha sido feita referência à obra de José de Alencar, classificada na 
Literatura como Romântica, os estudos entre Geografia e Literatura tem sido realizados 
principalmente com autores das correntes Realista e Naturalista, justamente por estes 
buscarem dar a suas obras um caráter documental aproximando-as ao máximo da 
realidade. Temos como autores destas correntes Machado de Assis, Aluisio de Azevedo, 
Lima Barreto e outros que representam à cidade do Rio de Janeiro em seus romances. 
Conforme Teixeira (2007) no romance naturalista O Cortiço, Aluísio de Azevedo 
traça um painel da sociedade brasileira representando em seus personagens os fatos 
sociais e políticos da época. O romance retrata a transformação na organização espacial 
na Cidade do Rio de Janeiro, particularmente do bairro de Botafogo, a partir a construção 
d’O Cortiço. O autor descreve minuciosamente o cotidiano dos habitantes deste tipo de 
habitação popular, suas expectativas, seus hábitos, seus sentimentos em relação àquele 
ambiente, enfim seu mundo vivido. Azevedo dá a obra um enfoque de denúncia social, 
denuncia a miséria, a prostituição e a exploração, aponta as falhas do sistema ao 
denunciar a exploração dos cortiços, o romancista utilizou suas obras como veículos de 
divulgação do que se queria combater: a especulação imobiliária e o enriquecimento dos 
proprietários das habitações coletivas. Podemos afirmar que a obra de Azevedo é um 
importante meio para entendermos a produção do espaço geográfico carioca no final 
século XIX. 
No romance O triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto podemos 
identificar uma critica ao nacionalismo absurdo representado na figura de Policarpo 
Quaresma, e também ao nacionalismo extremo que pode se tornar perigoso nas mãos de 
ditadores autoritários, por isso alguns críticos literários acreditam que o livro de Lima 
Barreto escrito em 1911 é uma profecia sobre os regimes autoritários nazi-fascistas que 
cresceriam a partir de 1930. Em seus romances Lima Barreto também descreve o 
subúrbio carioca sua população e seu modo de vida e faz uma critica a forma como o 
Estado age em relação a essa parcela do espaço urbano. 
 No romance já citado o autor descreve o cotidiano do subúrbio, sua paisagem, a 
forma urbana a maneira como as casas são construídas, o movimento das pessoas 
andando pelas ruas, o trem que leva os trabalhadores do subúrbio para o centro, mas 
Barreto também critica a ausência dos municipais com a falta de infra-estrutura nos 
subúrbios. No romance Clara dos Anjos o autor nos diz que o ―subúrbio é o lugar dos 
infelizes”. Veja nestes fragmentos como Lima Barreto descreve o subúrbio em O triste fim 
de Policarpo Quaresma (p.86-87) : 
 
Os subúrbios do Rio de Janeiro são a mais curiosa coisa em matéria de 
edificação de cidade. A topografia do local, caprichosamente montanhosa, 
influi decerto para tal aspecto, mais influíram, porém os azares das 
construções. 
Nada mais irregular, mais caprichoso, mais sem plano qualquer, pode ser 
imaginado. As casas surgiram como se fossem semeadas ao vento, e 
conforme as casas as ruas se fizeram. Há algumas delas que começam 
largas como boulevards e acabam estreitas que nem vielas; dão circuitos 
inúteis e parecem fugir ao alinhamento reto com ódio tenaz e sagrado. 
 
 
 
No romance Clara dos Anjos (p.52- 55) o literato segue mostrando o processo de 
ocupação do subúrbio carioca e a falta do Estado neste processo. 
 
 
O subúrbio propriamente dito é uma longa faixa de terra que se alonga, 
desde o Rocha ou São Francisco Xavier até Sopopemba tendo para eixo a 
linha férrea da Central. 
Para os lados, não se aprofunda muito, sobretudo quando se encontra com 
colinas e montanhas que tenham a sua expansão; mas, assim mesmo, o 
subúrbio continua invadindo, com as azinhagas e trilhos, charnecas e 
morrotes. Passa-se por um lugar que supomos deserto, e olhamos, por 
acaso, o fundo de uma grota, donde brotam ainda árvores de capoeira, lá 
damos com um casebre tosco , que para ser alcançado torna-se preciso 
descer uma ladeirota quase a prumo. [...] 
Há casas, casinhas, casebres, barracões, choças por toda a parte onde 
possa fincar quatro estacas de pau e uni-las por paredes duvidosas. Todo 
o material para essas construções serve: são latas de fósforos distendidas, 
telhas velhas, folhas de zinco, e, para as nervuras das paredes a taipa, o 
bambu, que não é barato. [...] 
Mais ou menos é assim o subúrbio, na sua pobreza e no abandono em que 
os poderes o deixam. [...] 
O Rio de Janeiro, que tem, na fronte na parte anterior, um tão lindo 
diadema de montanhas e arvores, não consegue faze-lo coroa e cingi-lo 
todo em roda. A parte posterior, como se vê não chega a ser um 
neobarbante que prenda dignamente o diadema que lhe cinge a teta 
olímpica. 
 
 
 
Nos fragmentos citados dos romances de Lima Barreto destacamos as questões 
urbanas que mostram como a expansão da cidade em direção ao subúrbio segregou 
espacialmente a população mais pobre, e como a ausência do Estado neste processo de 
expansão ocupação do subúrbio carioca lhe conferiu características especificas. No 
entanto a contribuição deste autor para o ensino de geografia e das demais disciplinas é 
muito maior. Lima Barreto escreveu romances que denunciam a escravidão, criticam o 
ufanismo republicano e maneira como as mulheres eram educadas. Lessa (2001, p.224) 
nos fala que Lima Barreto em seus romances, 
 
 não se especializa nem é atraído pelos transgressores. Fala dos cinzentos 
e ―não-folclorizaveis‖, fala dos anônimos, que sustentam e mantêm viva a 
cidade. Fala com carinho e sem mistificação do povo dos subúrbios e do 
escalão humilde da pirâmide social. 
 
 
Diversos outros literatos representaram a cidade do Rio de Janeiro em suas obras 
para se fazer uma leitura do espaço geográfico da cidade e das relações sociais que se 
desenvolviam em um momento de construção da sociedade brasileira, sociedade esta 
que buscava uma identidade nacional o Rio de Janeiro foi referencia principal da literatura 
nacional. A cidade esta presente nas obras A moreninha de Manoel de Macedo, Senhora 
de José de Alencar, O encilhamento de visconde de Taunay, Casa de Pensão e O Cortiço 
de Aluisio de Azevedo entre outras.Mas há também os romances ditos regionalistas como Grandes Sertões Veredas 
d Guimarães Rosa, Vidas Secas de Graciliano Ramos, Morte e Vida Severina de João 
Cabral de Melo Neto e Meninos do Engenho de José Lins do Rego que retratam a região 
nordeste, o sertão e o povo nordestino e os diversos problemas sociais da região. Temos 
ainda Érico Veríssimo com sua obra o Tempo e o vento que trata da formação do Rio 
Grande do Sul, que nos permite fazermos uma leitura das questões sociais, da 
grandiosidade do território brasileiro e de sua diversidade natural e cultural. 
Em Vidas Secas Graciliano Ramos chama a atenção do leitor para as 
adversidades naturais e as injustiças sociais as quais o povo nordestino está exposto. O 
autor nos mostra os caminhos que seus personagens percorrem e como sofrem com a 
aridez do lugar, a exploração e o abuso por parte do poder dos coronéis, a humilhação 
cotidiana, e o pior a escassez de água e comida. A obra de Graciliano Ramos nos permite 
realizar uma aproximação com diversas disciplinas, assim como todas as obras literárias 
citadas neste estudo, pois as mesmas representam momentos da construção da 
sociedade brasileira que com sua integração com o meio físico e a partir das relações 
sociais estabelecidas pelos seus membros imprimiram ao longo do tempo características 
especificas ao espaço geográfico brasileiro. 
A partir do exposto acreditamos que os textos literários sejam eles do século 
XVIII, como os de José de Alencar, sejam do século XX como os de Lima Barreto ou 
Graciliano Ramos são importantes fontes de informação geográfica além de nos permitir 
uma interação com outras áreas do conhecimento cientifico. 
 
Considerações Finais 
 
Tendo em vista que ainda hoje o ensino de geografia é visto como uma coisa 
chata e enfadonha onde os conteúdos são apresentados de forma fragmentada e distante 
da realidade do aluno este estudo se propôs a apresentar mecanismos que permitissem 
uma maior interação entre o aluno e o professor e destes com o conteúdo a ser 
apresentado. Sim porque muitas vezes o conteúdo das aulas é chato e enfadonho para o 
professor também que fica preso às abordagens tradicionais de repetição e memorização. 
Por isso apresentamos em nosso estudo alguns recursos que pensamos ser de 
grande ajuda nesta empreitada, acreditamos que o processo de ensino aprendizagem 
deva se dar de uma forma interdisciplinar para que o aluno possa ter uma visão da 
totalidade. Para que isso seja alcançado a arte, a música e a literatura nos são de grande 
ajuda uma vez que através de suas representações permitem ao aluno realizar 
interpretações subjetivas onde podem expressar seus entendimentos sobre determinados 
assuntos de maneira mais espontânea. Acreditamos que a partir do uso da arte, e da 
literatura os alunos consigam relacionar os fatos apresentados em Geografia com as 
outras áreas do conhecimento, que tenham a noção de que o espaço Geográfico é 
construído por todos nós nas nossas praticas diárias e que ele vive isso cotidianamente, 
construindo e reconstruindo a cada ação o lugar onde vive, trabalha, estuda e se diverte, 
 
 
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