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As Caravanas e a Burguesia A classe mais diretamente interessada era, sem duvida, a burguesia. Mas esse processo não se resume aos interesses entre governo e burgueses. Ele envolve a nobreza, que concede apoio politico, a população em geral, em busca de ocupação e meios de prosperar e, é claro, a igreja interessada na expansão do catolicismo. A igreja ocupa um papel determinante nas navegações, sobretudo pelo fundamento ideológico que ela concede. Se, por um lado, havia o desejo de enriquecer, por outro, expandir a fé católica era um motivo mais do que legitimo para organizar as expedições. Vejam, não usamos a palavra pretexto. A religião não é um pretexto para as navegações pois pretexto nos remete a ideia de algo usado para um determinado fim, mas que não possui, necessariamente, um fundamento sólido. Neste caso, a religião funciona como motor e impulso as grandes navegações pois tanto os navegadores como Cristóvão Colombo quanto os reis espanhóis eram católicos fervorosos e acreditavam realmente no ideal de salvação das lamas cristas. Essa ideia também não é nova, pois as cruzadas medievais foram organizadas exatamente com este mesmo fim. Portugal já era um reino independente desde o século XII e no século XIV, com a revolução de Avis, Dom João I assume o trono, apoiado, sobretudo, pela burguesia mercantil. Esta burguesia havia acumulado grande capital, pois tinha intensas relações com as regiões de Flandres e Genova, dois dos maiores centros mercantis da época. Além disso, Portugal tinha uma localização geográfica privilegiada, com saída direta para o Atlântico. Para melhor explorar os recursos marítimos, Dom Henrique, no século XV, criou a Escola de Sagres, que reunia vários estudiosos que se dedicaram a estudos náuticos. A Escola de sagres não era um local, ela não possuía um prédio, como o que conhecemos tradicionalmente como escola. O termo “Escola de Sagres” refere-se, na verdade, ao conjunto do conhecimento produzido por estes estudiosos. Portugal desejava chegar ao Oriente contornando a África. Em 1415, a conquista de Ceuta mostrou que este era um objetivo possível. Em 1487, Bartolomeu Dias cruzou o cabo das Tormentas, mais uma denominação que foi guiada pela superstição, que depois disso se chamou cabo da Boa Esperança. Os portugueses estavam muito perto de seu intento, mas só em 1498 ele foi realizado, com a chegada de Vasco da gama ás Índias. Os lucros da expedição de Vasco da gama foram enormes. Muito maiores do que qualquer outra caravana que tivesse feito o caminho pela via terrestre. Isso estimulou a organização de novas expedições, como a de Pedro Alvares Cabral que, como sabemos, acabou por chegar aos Brasil, em 1500. Neste contexto, a chegada do Brasil se tornou algo menor, pois o comercio com o Oriente já era lucrativo o suficiente. Só com a decadência deste comercia e com a concorrência de outros países europeus que Portugal iniciou de fato um projeto colonial, em 1530.
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