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Conceitos em Farmacocinética • Biodisponibilidade: medida da extensão de uma droga terapeuticamente ativa que atinge a circulação sistêmica e está disponível no local de ação. Ou ainda, a velocidade e extensão com que uma substância é absorvida a partir de uma forma farmacêutica e se torna disponível no local de ação. • Fatores que alteram a Biodisponibilidade: 1) Dose 2) Forma Farmacêutica (granulação, drageamento, compressão dos comprimidos) 3) Via de Administração 4) Propriedade físico-químicas da droga • Meia-Vida (T ½): tempo gasto para que determinada concentração da droga, se reduza à metade. Ex: inicialmente temos 20mg da droga em cada ml de sangue. Depois de 1 hora, temos 10mg em cada ml de sangue. Dizemos então que a Meia-vida é 1 hora. Droga não 1) Droga perdida pela dissolvida excreção biliar 2) Droga perdida pelo Dissolução e desintegração metabolismo 3) Droga ligada aos tecidos 1) Perdida no metabolismo Velocidade de esvaziamento gástrico 2) Droga ligada à Prot. Plasmáticas 1) Droga perdida por degradação intestinal ou 1) Droga ligada a ligação a alimentos ou órgãos e tecidos outras substâncias que não sejam 2) Droga não absorvida locais de ação 2) Droga perdida por metabolismo e excreção DROGA TOTAL POR VIA ORAL DROGA DISSOLVIDA FLUIDOS G.I. DROGA EM SOLUÇÃO NO INTESTINO DROGA EM SOLUÇÃO QUE É ABSORVIDA DROGA NO FÍGADO DROGA QUE ALCANÇA A CIRCULAÇÃO GERAL DROGA DISTRIBUIDA ORGANISMO DROGA NO LOCAL DE AÇÃO • MECANISMOS GERAIS DE AÇÕES DOS FÁRMACOS No que concerne ao mecanismo de ação, os fármacos podem ser classificados em dois grandes grupos. 1. Fármacos estruturalmente inespecíficos, cuja atividade resulta da interação com pequenas moléculas ou íons encontrados no organismo. As ações dessas drogas dependem, em última análise, de suas propriedades físico-químicas tais como a solubilidade, o pKa, o poder oxi-redutor e a capacidade de adsorção. As drogas desse grupo não apresentam como pré-requisito uma relação estrutura-atividade e necessitam de concentrações relativamente altas para se mostrarem efetivas. 2. Fármacos estruturalmente específicos, cuja atividade resulta da interação com sítios bem definidos apresentam, portanto, um alto grau de seletividade. As drogas desse grupo também apresentam uma relação definida entre sua estrutura e a atividade exercida. Como consequência, drogas de estrutura similar podem exercer o mesmo tipo de atividade. Esses fármacos atuam em concentrações muito baixas, por meio de interações com enzimas, proteínas carregadoras, ácidos nucleicos ou receptores farmacológicos. 2.1. Drogas que interagem com enzimas: o exemplo mais expressivo de drogas que interagem com enzimas é dado pelos anticolinesterásicos que, de forma reversível ou irreversível, inativam a acetilcolinesterase. Essa enzima, que biotransforma a acetilcolina, apresenta dois sítios ativos: o sítio aniôntico, ao qual se liga o grupo trimetilamônio da acetilcolina, e o sítio esterásico, ao qual se liga a carboxila desse neurotransmissor. Os inibidores da enzima conversora de angiotensina, representados pelo captopril, pelo enalapril e pelo lisinopril, atuam, basicamente, impedindo a formação da angiotensina II a partir da angiotensina I, por inibirem a peptidil-dipeptidase, enzima responsável por essa reação. 2.2. Drogas que interagem com proteínas carregadoras: a competição com diversas substâncias, na interação com proteínas carregadoras que facilitam o transporte através da membrana celular, é o mecanismo de ação de várias drogas pertencentes a grupos farmacológicos distintos. São exemplos as anfetaminas, a clorpromazina e os antidepressivos tricíclicos que bloqueiam, por esse mecanismo, a captacão de noradrenalina no terminal adrenérgico. Os antidepressivos tricíclicos intensificam a ação de aminas biogênicas no sistema nervoso central bloqueando a captação dessas aminas nos respectivos terminais nervosos. As ações simpatomiméticas da cocaína também são determinadas belo bloqueio de captação da noradrenalina e, em menor grau, da adrenalina. Os diuréticos de alça, representados pela furosemida e pelo ácido etacrínico, atuam interferindo com o transporte de Na+/K+/Cl- nas células epiteliais dos túbulos renais, no nível do ramo ascendente da alça de Henle. 2.3. Drogas que interferem com os ácidos nucleicos: alguns antibióticos, como as tetraciclinas, os aminoglicosídeos, o cloranfenicol e a eritromicina, interferem com a síntese proteica, ao nível dos ribossomas, dificultando a tradução da informação genética. 2.4. Drogas que interagem com receptores: a ativação ou o bloqueio de receptores desempenha um papel de extrema importância no mecanismo de ação de drogas. O conceito de receptor teve sua origem quando Paul Ehrlich apresentou a hipótese de que o protoplasma apresentava expansões nas quais se acoplavam drogas, toxinas e antígenos. Langley ampliou as idéias de Ehrlich ao propor que a ação da acetilcolina era conseqüente a sua fixação numa "substância receptiva" e que o curare tinha a capacidade de bloquear uma "área receptiva" do músculo esquelético ao estímulo promovido pela nicotina. RELEMBRANDO: O QUE É UM RECEPTOR ? Genericamente, receptor pode ser compreendido como componentes macromoleculares funcionais do organismo com o qual a molécula da droga se combina para produzir um efeito. Os receptores eram, inicialmente, uma entidade conceitual e passaram a ser uma realidade concreta depois de serem isolados e caracterizados, graças ao desenvolvimento de novas técnicas, como marcação com ligantes radioativos, clonagem de genes e procedimentos imunológicos. • INTERAÇÃO FÁRMACO-RECEPTOR • F + R FR EFEITO • F = FÁRMACO • R = RECEPTOR • Atividade intrínseca (α ) capacidade de ativação do receptor (0 a 1) a) Agonistas Totais podem produzir efeito máximo ocupando pequeno número de receptores. b) Receptores não ocupados = Receptores de Reserva c) Fármacos com pequena eficácia nunca produzem efeito máximo, mesmo se todos os receptores estiverem ocupados. • Fármacos Agonistas Totais • Têm afinidade pelo receptor • Produzem efeito máximo (α = 1 ou 100%) • Fármacos Agonistas Parciais • Têm afinidade pelo receptor • NÃO produzem efeito máximo (0< α <1 entre 0 a 100%) • Fármacos Antagonistas • Têm afinidade pelo receptor • NÃO produzem efeito algum (α =0 ou 0%) • Impedem a ligação do agonista total ou parcial ao receptor • AGONISTAS TOTAIS: produzem o efeito máximo ocupando um número pequeno de receptores. • AGONISTAS PARCIAIS: produz uma resposta parcial, mesmo ligado à todos os receptores. • AGONISTAS INVERSOS: atuam de modo a inibir (desativar) a atividade intrínseca do receptor livre. • ANTAGONISTA: molécula que liga ao receptor impedindo a ação do agonista, mas que não exerce nenhum efeito quando ligado ao receptor. • ANTAGONISTA COMPETITIVO: Compete com o agonista pelo sítio ativo do receptor. Liga-se reversivelmente ao sítio ativo do receptor. • ANTAGONISTA NÃO-COMPETITIVO: pode ligar ao sítio ativo do receptor ou em sua região alostérica. • Ligado ao sítio ativo do receptor: faz ligação covalente com o receptor que não pode ser superada mesmo em altas doses do agonista. • Ligado em sua região alostérica:liga ao sítio alostérico e impede a ativação do agonista, mesmo se o agonista já estiver ligado ao sítio ativo do receptor. Ou seja, NÃO ATUA COMPETINDO COM O AGONISTA. • MAS O QUE É UMA REGIÃO ALOSTÉRICA ? • Um local específico do receptor que, quando ligada a um modulador, faz com que a proteína sofra uma modificação conformacional (estrutural) que pode alterar suas propriedades catalíticas ou de ligação. • ANTAGONISTAS SEM RECEPTORES: • ANTAGONISMO QUÍMICO: interação química entre o agonista e o antagonista de modo a inativar o agonista. • Ex.: intoxicação - mercúrio (agonista) e mercaprol (antagonista), forma complexo inativo excretado na urina. • ANTAGONISMO FUNCIONAL (FISIOLÓGICO): interação entre dois agonistas que atuam de maneira independente e tendem a anular ou reduzir o efeito do outro. • Ex.: histamina estimula a secreção ácida pelas células parietais do estômago enquanto o omeprazol bloqueia este efeito inibindo a bomba de prótons. • ALGUNS CONCEITOS RELACIONADOS: • REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS (RAM): • A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem definido reação adversa a medicamentos (RAM), como: "qualquer efeito prejudicial ou indesejável, não intencional, que aparece após a administração de um medicamento em doses normalmente utilizadas no homem para a profilaxia, o diagnóstico e o tratamento de uma enfermidade.” • Classificação das reações adversas a medicamentos: • 1) SUPERDOSAGEM RELATIVA – Quando um fármaco é administrado em doses terapêuticas mas apesar disso suas concentrações são superiores às habituais, fala-se em superdosagem relativa. Dois exemplos ilustram bem esse conceito: a maior incidência de surdez entre pacientes com insuficiência renal tratados com antibióticos aminoglicosídeos e a intoxicação digitalíca em paciente com insuficiência cardíaca tratados com doses usuais de digoxina, uma vez que este paciente pode apresentar hipocalemia concomitante ou uma reduzida massa muscular, ou ainda, apresentar a função renal diminuída o que diminui a excreção do glicosídeo. Ambas as situações se devem à alterações funcionais, que podem aumentar o risco de concentrações elevadas do fármaco no organismo • 2. EFEITOS COLATERAIS – São os inerentes à própria ação farmacológica do medicamento, porém, o aparecimento é indesejável num momento determinado de sua aplicação. É considerado um prolongamento da ação farmacológica principal do medicamento e expressam um efeito farmacológico menos intenso em relação à ação principal de uma determinada substância. Alguns exemplos: o broncoespasmo produzido pelos bloqueadores b -adrenérgicos, o bloqueio neuromuscular produzido por aminoglocosídeos, sonolência pelos benzodiazepínicos, arritmias cardíacas com os glicosídios . • 3. EFEITOS SECUNDARIOS – São os devidos não à ação farmacológica principal do medicamento, mas como consequência do efeito buscado. Por exemplo, a tetraciclina, um antimicrobiano de ação bacteriostática poderá depositar em dentes e ossos, quando utilizada na pediatria, estas deposições podem descolorir o esmalte dos dentes decíduos assim como dos permanentes. A deposição óssea pode provocar redução do crescimento ósseo. • 4. IDIOSSINCRACIA – Reações nocivas, às vezes fatais, que ocorrem em uma minoria dos indivíduos. Definida como uma sensibilidade peculiar a um determinado produto, motivada pela estrutura singular de algum sistema enzimático. Em geral considera-se que as respostas idiossincrásicas se devem ao polimorfismo genético. Um exemplo seria a anemia hemolítica por deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD), um traço herdado na forma recessiva ligada ao sexo, esse tipo de anemia pode acontecer, por exemplo, em determinados indivíduos que utilizam a droga antimalárica primaquina. Esta droga é bem tolerada pela maioria dos indivíduos, no entanto, em 5 a 10% dos negros do sexo masculino, a droga causa hemólise, que conduz a grave anemia. • 5. HIPERSENSIBILIDADE ALÉRGICA – Para sua produção é necessária a sensibilização prévia do indivíduo e a mediação de algum mecanismo imunitário. Trata-se de reação de intensidade claramente não relacionada com a dose administrada. Um exemplo seria a hipersensibilidade do tipo I- anafilaxia, uma resposta súbita e potencialmente letal, provocada pela liberação de histamina e de outros mediadores. As principais características incluem erupções urticariformes, edema dos tecidos moles, broncoconstricção e hipotensão. • 6. TOLERÂNCIA – É fenômeno pelo qual a administração repetida, contínua ou crônica de um fármaco ou droga na mesma dose, diminui progressivamente a intensidade dos efeitos farmacológicos, sendo necessário aumentar gradualmente a dose para poder manter os efeitos na mesma intensidade. A tolerância é um fenômeno que leva dias ou semanas para acontecer. Exemplo, tolerância produzido pelos barbitúricos reduzindo seu efeito anticonvulsivante.
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