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ANESTESIOLOGIA TIPOS DE ANESTESIA: Escolha da técnica conforme tipo de cirurgia e paciente. Não há técnica superior Se dúvida, escolher geral: mais segura pela V.A. assegurada e monitorização obrigatória 1. Geral → Há perda da consciência. Fases: indução – manutenção – recuperação 2. Regional A. Bloqueios de Neuroeixo: peridural e raquianestesia B. Bloqueios de Nervos Periféricos: anestésico local em nervos ou plexos (mais na ortopedia) 3. Local 4. Sedação Consciente GERAL → Mais comum a anestesia balanceada: anestesia venosa + agentes inalatórios A) Geralmente a indução é precedida por medicação pré-anestésica (BZD = midazolam IV) + O2 por máscara B) Indução anestésica: 1º = Opióide 2º = Hipnótico-sedativo (propofol, etomidato) 3º = Relaxante muscular (succinilcolina, rocurônio) ** Depois vem a ventilação pré-anestésica com máscara e, então, pode-se intubar C) Manutenção com inalatórios: produzem os 3 efeitos (exceto NO2) por ativar receptores GABA-A, mas com altas doses ** CAM (concentração alveolar mínima): 1 CAM (ponto central da curva de Gauss) = 50% tem os 3 pilares inibidos Hipnótico sedativo: Opióide: Relaxante muscular (consciência) (dor) (movimento) Antagonistas: - Naloxona Neostigmina Avaliação: Índice bispectral: 40 - 60 = hipnose OK FC e PA Se aumenta = não OK TOF (respostas ao estímulo periférico): total = 4 Até 2 = ainda OK ** TOF: eletrodo branco + proximal e marrom + distal • Capnógrafo: mede a ETCO2 (nível de CO2 ao término da expiração) – PaCO2 permitida = 35 - 45 mmHg → a ETCO2 é cerca de 5 mmHg menor que PaCO2 REAL, pois é o CO2 é diluído no equipamento – A diminuição da ETCO2 significa aumento da resistência da V.A. (↑ resistência = ↓ ar expirado = ↓ CO2 captado) – A gasometria arterial não deve ser substituída por capnógrafo + oximetria (obs: esta não diferencia Hb ligada a CO e O2) • Cal soldada (mistura de óxido de cálcio e hidróxido de sódio): absorve o CO2 expirado • PAM invasiva sempre que cirurgia cardíaca com CEC ** Regra dos 3 para indução anestésica com sevoflurano: – 3 L/min de fluxo com gás a 3% → Depois de 3 min abaixa para 1 L/min → Depois de 3 min abaixa para 2% – Com 8 minutos vai atingir 0,5 CAM. (Até 30 minutos mantém 0,5 CAM. Após 30 minutos: elevação muito lenta.)? ** Manobra de compressão da cricóide para facilitar IOT: BURP (Back, Up, Right Pressure) Anestésicos inalatórios: ** ↑ Solubilidade = ↑ Difusão do gás pelos compartimentos (inclusive músculo e gordura) = ↑ Tempo necessário para eliminá-lo 1. Óxido nitroso: mais fraco. Difunde-se muito em locais fechados com gás, logo, C.I. se: pneumotórax, obstrução de delgado, cirurgias de ouvido médio e retina (nestas há risco de formar bolhas) 2. Halotano: mais potente. Risco de hepatite grave e rara. Não usar de novo no espaço de 1 ano! 3. Enflurano: pouco usado. Risco de disfunção renal. C.I.: epilepsia 4. Isoflurano: um dos mais usados. Menor depressão miocárdica que o halotano. Aumenta a PIC. Odor insuportável 5. Sevoflurano: mais rápido e com menor duração 6. Desflurano 7. Éter 8. Xenon 9. Nitrogênio Anestésicos venosos: Tiopental - midazolam - propofol - etomidato - quetamina (aumenta a PA e FC; único hipnótico e analgésico) Opióides: só em dose 20 - 30x maior tem efeito hipnótico sedativo. Ef. colaterais: prurido, depressão respiratória, hipotensão, íleo paralítico 1. Fentanil: 100 vezes a potência da morfina (100 mcg de Fentanil eqüivale a 10 mg de morfina). Meia vida = 1 - 2 horas 2. Alfentanila: 50 - 70 vezes a potência da morfina. Meia-vida = 30 - 60 min 3. Remifentanil: Meia-vida = 1 - 3 min Relaxantes musculares: a. Succinilcolina → C.I.: história pessoal ou familiar de miopatias, queimaduras graves, intoxicação por digital, doença neuromuscular degenerativa ou distrófica, paraplegia, doença na ME, TRM ou trauma múltiplo b. Agentes não despolarizantes: maior duração; escolha para manutenção BLOQUEIOS DE NEUROEIXO: Anatomia: Espaço epidural / extradural = sangue arterial (aa. meníngeas) 1. Dura-máter Espaço subdural = sangue venoso (vv. ponte) 2. Aracnoide Espaço subaracnóide = LCR 3. Pia-máter Término da medula espinhal na população: 30% no bordo superior de T12 60% L2 10% L3 a) Peridural = no espaço epidural (lombar ou torácico). Preferível quando maior tempo cirúrgico (deixa cateter) b) Raquianestesia (anestesia espinhal) = no espaço subaracnóideo. Anestésico local c/ ou s/ opióide (prolonga analgesia) – Ordem de eventos no bloqueio: ↑temperatura - ↓dor - ↓propriocepção - ↓tato e pressão - ↓força motora – O bloqueio simpático é 2 a 7 espaços vertebrais mais alto que o sensitivo – Complicações pós-anestésicas: • Hipotensão (mais comum) → Pelo efeito de simpatectomia (↓ tônus vascular, ↓ RV), prevalecendo o SNA PS • Cefaleia que melhora ao deitar (mais clássica) Tratamento: deitar + hidratação + AINE. Se não adiantar: tampão sanguíneo epidural ** Isobárica: maior duração e estabilidade cardiovascular. Melhor opção ao se operar um único membro • Diminuem o risco de íleo paralítico, pois bloqueiam estímulo nervoso para SNC e diminuem a REMIT • Risco de extensão cefálica do bloqueio = péssimo (PCR de mau prognóstico) • C.I.: A) Absolutas: – Coagulopatia (inclusive uso de anticoagulantes) – Aumento de PIC – Hipovolemia grave – Infecção no local da punção – Recusa do paciente – Estenose mitral grave – Estenose aórtica grave → B) Relativas: – Sepse / bacteremia – Distúrbios neurológicos persistentes – Deformidade grave na coluna – Cirurgia prévia no local da punção – Tratamento com heparina C.I. porque bloqueia SNA simpático e parassimpático, mas como o efeito do 1º é o que prevalece sobre o tônus vascular, a inibição dele causa vasodilatação → ↓RV → ↓pós-carga → PCR ANESTESIA LOCAL Anestésicos locais: a. Aminoamidas: 1. Lido (Dose máxima = 4,5 - 5 mg/Kg e 7 mg/Kg com AD**) 2. Bupi (3) 3. Ropicaína (3) 4. Mepicaína (5) b. Aminoésteres: 5. Procaína ** AD (vasoconstritor): ↓ absorção do AL (↓ toxicidade e ↑ ação). Não usar em extremidades • São bases fracas: quanto maior o pH = menor a dissociação (ionização) = maior a difusão (penetração) = maior a ação • Geralmente tem pKa alto → Obs: pKa = pH em que metade da dose está na forma ionizada e metade não-ionizada (atuante) – O aquecimento ↓pKa = efeito do anestésico local sobe mais na raquianestesia • Sinais de toxicidade: a) Neurológicos: parestesia de língua/ lábios, gosto metálico, cefaleia, turvação visual, convulsão b) CV c) Respiratórios: apnéia DOSES: ** Uso venoso: • Midazolam 5mg /5 ml • Citrato Fentanila 0,0785 mg/ml 5 ml → Calcular com PESO CORRIGIDO = peso ideal + 20 a 40% do (peso real - peso ideal) • Propofol (Lipuro 1%) 10 mg/ml 20 ml → Calcular com o PESO REAL • Cisatracúrio (Nimbium) 10 mg/5 ml → Calcular com o PESO IDEAL (altura - 100 cm (105 se mulher)) • Neostigmina (Normastig) 0,5 mg/ml • Atropina 0,5 mg/ml • Etilefrina 10 mg/ml 1 ml → Dilui em 10 de água e faz 3 ml. Dose (adulto): 2 - 3 mg • Cefazolina 1g pó • Dexametasona 4 mg/ml (2,5 ml) → Se EV rápido = prurido (diluir em soro sempre que paciente acordado) • Cetoprofeno 100 mg → Nunca fazer EV rápido (sempre diluir no soro) • Ondansetrona e dipirona: sempre diluir pra 10 e pode fazer EV ** De modo geral, todas as drogas "permitidasEV direto" fazer diluído pra 10 e devagar ** Raquianestesia: • Dimorf 0,2 mg/ml • Neocaína (Bupivacaína 5 mg/ml + glicose 8%) → Pode fazer no máximo 4 ml (20 mg) • Lidocaína 2% (20 mg/ml) local ** Pneumoperitônio: risco de bradi / taqui / hipot e hipert COMPLICAÇÕES (1) IAM perioperatório - Costuma ser silencioso e grave (2) Febre no contexto operatório Febre perioperatória: pensar em – Infecção pré-existente – Reação à droga ou à transfusão – Hipertermia maligna → Tem caído muito em prova nos últimos 3 anos!! • É uma síndrome muscular hereditária fármaco-induzida, ou seja, se manifesta no músculo, tem causa genética (alteração no receptor de rianodina na superfície do retículo) e é precipitada por drogas específicas: anestésicos inalatórios (voláteis; halotano, isoflurano, sevoflurano) e succinilcolina. Essas drogas promovem abertura de canais de cálcio; ocorre um influxo maciço de cálcio (do retículo sarcoplasmático para o citoplasma da célula) e o músculo começa a se contrair (contração muito forte do masseter = é difícil intubar depois) • Há um hipermetabolismo muscular: sobe cerca de 1 o C a cada 5 minutos → Resultado: 1. Hipertermia, tetania, disautonomia com arritmia cardíaca 2. Hipercapnia → Alteração da capnografia: maior liberação de CO2 (faz acidose respiratória) e liberação de ác. láctico (acidose metabólica) = ocorre acidose mista!! 3. Rabdomiólise → Aumento de potássio e de enzimas musculares • Tratamento: – Suspender a droga (cessar exposição) – Hiperventilação com O2 100% – Resfriamento → Pode infundir soro gelado ou fazer compressas geladas na axila/virilha. Não reduzir para < 38 - 39 o C – Infusão de bicarbonato – Tratamento específico = Administrar o antídoto: dantrolene → É um relaxante muscular Febre com 24 - 72 horas de pós-operatório: pensar em – Atelectasia pulmonar → Facilmente identificada pelo raio-X • Aparece mais após cirurgias torácicas e abdominais de andar superior, pois o paciente fica hipoventilando no PO. Ou seja, não está relacionado ao procedimento cirúrgico em si. • Tratamento: fisioterapia ventilatória – Infecção necrosante de ferida → Por Clostridium ou Streptococcus (é uma infecção atípica): não são cobertos com a ATB profilaxia ** Obs: taquicardia no PO pode ser por dor, desidratação, hipertermia Febre com > 72 horas de pós-operatório: pensar em – Infecção → Principalmente da ferida operatória, mas também pode ser outra (ITU, pneumonia) – Parotidite supurativa → Por S. aureus. Ocorre mais em idosos com má higiene bucal – TVP