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CICLO SONO - VIGÍLIA(1)

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CICLO SONO - VIGÍLIA
NEUROANATOFISIOLOGIA
PSICOLOGIA 
PATRÍCIA COELHO
2012
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Apesar de sua pequena dimensão, o tronco encefálico é uma estrutura que reúne uma quantidade significativa de funções, sendo sua estrutura interna bastante diversificada, ou seja:
Vias ascendentes e descendentes  conectar o cérebro às áreas segmentares;
Núcleos dos nervos cranianos = sistema extrapiramidal;
Núcleos da formação reticular  controle do ciclo da atividade consciente = ciclo do sono - vigília
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FORMAÇÃO RETICULAR (FR)
Conjunto de fibras brancas que se entrecruzam ricamente no nível do tronco encefálico, entremeando corpos celulares neuronais de diferentes dimensões e aspectos, formando um padrão anatômico com aspecto de rede.
Essa estrutura se estende desde os níveis mais altos da medula espinhal cervical até a base do diencéfalo.
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Na FR são encontrados 2 tipos de neurônios com funções distintas:
Neurônios magnocelulares  corpos de grandes dimensões e axônios longos, que se bifurcam em direção cortical e medular, fazendo integração entre os níveis segmentares e supra-segmentares, nos 2 sentidos.
Neurônios parvocelulares  corpos pequenos, dendritos e axônios curtos e altamente ramificados, caracterizando a função de associação típica dos neurônios internunciais.
A FR pode ser dividida em 2 partes: FR ativadora ascendente e FR descendente.
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FR ATIVADORA ASCENDENTE
Conjunto de áreas reticulares (mesencefálicas, pontinas e bulbar superior) de onde originam fibras que ascendem para áreas supra-segmentares, responsáveis pela ativação difusa do córtex cerebral e de estruturas subcorticais encarregadas da reação de despertar.
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FR DESCENDENTE
Formada por um centro pontino e um outro bulbar.
O pontino funciona como ativador da atividade motora reflexa e o bulbar como inibitório.
São centros reguladores do tônus muscular  papel importante no controle da função motora antigravitacional envolvido com a postura bípede e a locomoção.
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O FENÔMENO DA ATENÇÃO = VIGÍLIA
A vigília pode se apresentar em todas as gradações possíveis, desde estado de total distração até a vigília extremamente elevada, na qual a pessoa reage instantaneamente a qualquer estímulo sensorial.
O controle da atenção geral é exercido pelo mecanismo que controla a vigília, localizado no mesencéfalo e na porção superior da ponte.
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O direcionamento da atenção para aspectos específicos sensoriais imediatos ou memorizados se deve a ativação de áreas específicas do córtex por regiões específicas do tálamo (núcleos talâmicos).
Tal ativação permite ao indivíduo destacar de forma bem evidenciada um objeto dentre todas as informações que entram pelas vias sensoriais ou que transitam pelo córtex = “o objeto da atenção se torna o elemento em foco”.
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ELETROENCEFALOGRAMA - EEG
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ELETROENCEFALOGRAMA - EEG
Registro da atividade elétrica total do cérebro.
As ondas cerebrais são as ondulações que compõem esse registro elétrico e podem ser captadas a partir da superfície do cérebro ou do couro cabeludo.
Exame realizado através da colocação de eletrodos no couro cabeludo do paciente concectados a um amplificador de voltagem que aumenta a amplitude do sinal elétrico gerado pelo cérebro possibilitando a sua apresentação em uma tela ou registro gráfico.
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Técnica de exame cerebral usada desde 1929, depois da descoberta, pelo psiquiatra alemão Hans Berger, de que o cérebro gerava uma atividade elétrica capaz de ser registrada.
A característica das ondas elétricas cerebrais variam conforme a atividade cerebral, sendo a amplitude e frequência do EEG diferentes para os diversos estados de consciência: sono, vigília, sonolência, coma, etc.
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As suas investigações iniciais foram realizadas em absoluto segredo e só 5 anos após o seu primeiro EGG é que publicou, em 1929, os resultados. Na realidade, este cientista procurava o segredo da natureza psicofisiológica do Homem – a ligação entre o cérebro e a psique – e não uma ferramenta de diagnóstico.
Berger suicidou-se em 1941, na sequência de uma longa depressão.
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Primeiro EEG registrado por Hans Berger, aproximadamente em 1928.
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TIPOS DE ONDAS ENCONTRADOS NO EEG
Ondas alfa: características do estado de repouso vigil (acordado de olhos fechados), resultado da diminuição da atividade da conexão córtex-talâmica, envolve o sistema tálamo-cortical geral, colhidas na região occipital.
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Ondas beta: colhidas nas regiões frontais e parietais durante a vigília, se dividem em:
Beta 1: desaparecem com a atividade metal, surgindo em seu lugar ondas assincrônicas de baixa voltagem;
Beta 2: aparecem durante a atividade do SNC e durante a tensão nervosa.
Ondas teta: características da regiões parietais e temporais, normalmente aparecem em crianças, em adultos estão associados a estados de estresse emocional, desapontamento e frustração e em distúrbios mentais.
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Ondas delta: colhidas estritamente no córtex, independentemente da atividade das regiões inferiores, parecem ter origem em mecanismos sincrônicos relacionados com neurônios corticais, sendo inteiramente independentes das estruturas inferiores do córtex. Sua presença no sono profundo sugeres que o córtex está liberado das influências do sistema ativados reticular (SRA).
São ondas características de sono profundo no lactente e de enfermidades cerebrais orgânicas mito graves.
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USO CLÍNICO DO EEG
Neurologia: focos epilético, localização de tumores e doenças vasculares focais do cérebro(malformações arteriovenosas, isquemias e derrames), monitoração dos efeitos de abstinência de drogas psicoativas, de infecções cerebrais, de estado de coma, distúrbios da consciência e vigilância (narcolepsia) e acompanhamento pós-cirúrgico cerebral.
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Psiquiatria: diagnóstico diferencial de diversos transtornos, tais como: demências senis, esquizofrenia, depressão, atrofia cerebral, hiperatividade e distúrbios da atenção em crianças.
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O SONO E SUAS FASES:
A indução ao estado de sono pressupõe uma necessidade biológica deste e as observações feitas em indivíduos que são privados das fases mais profundas do sono confirmam isto.
Como primeiro passo na busca do estado de sono, o indivíduo procura por uma posição confortável, ambiente propício (baixo índice de estímulo somestésico, visual e auditivo etc), fecha os olhos gradualmente e vai entrando em um relaxamento somático e visceral, decaindo pouco a pouco a atividade mental, com obnubilação do raciocínio e desligamento da realidade circunjacente.
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A partir desse momento, se estabelece uma transição da atividade beta de alta frequência e randômica (típica da vigília sob estimulação visual massiva) para a atividade alfa modulada.
Todas essas modificações compõem uma fase de preparação para a entrada no ritmo delta de ondas lentas e amplas, característico do processo hípnico genérico.
Uma elevação progressiva dos limiares sensoriais acompanha toda essa fase, com o fim de propiciar a entrada nas fases sucessivas do sono.
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SONO SUPERFICIAL (NÃO - REM)
Caracterizado pela ocorrência de ondas de grande amplitude e baixa frequência = sono de ondas lentas e sono sincronizado.
Há 4 estágios eletrofisiológicos sucessivos referentes ao sono superficial, sendo cada um deles progressivamente mais profundo.
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Estágio 1 = estágio alfa: transição do estado de vigília para o sono, relacionado com o estado de relaxamento psicofísico, olhos fechados, introdutor da atividade de sono, pode duras de 1 a 8 minutos e corresponde normalmente a 5% do sono.
Estágio 2 = estágio dos fusos de sono: maior parte do sono superficial, 45 a 50% do seu total com presença de descargas corticais periódicas de grande amplitude.
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Estágios 3 e 4: representam 10 a 20% do período total do sono, associados com a recuperação de todo organismo, crescimento corporal e restauração tecidual, ocorrendo
aumento da liberação de hormônios estimulantes da síntese protéica e RNA e da absorção de aminoácidos (GH, melatonina, cortisol, androgênios) e aumento da atividade do sistema imunológico.
Um indivíduo despertado durante esta fase do sono poderá relatar ausência de atividade mental ou falar sobre pensamentos e percepções fragmentas e vagas, ocorrem as seguintes alterações orgânicas:
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Redução da frequência e da força de contração dos batimentos cardíacos, redução da demanda circulatória do sangue e diminuição da atividade física;
Queda da PA sistêmica, com vasodilatação periférica;
Diminuição da frequência e da amplitude respiratórias, com momentos de aprofundamento;
Queda da temperatura corporal  diminuição do metabolismo;
Diminuição da produção de urina, do peristaltismo e das secreções gástricas;
Aumento dos níveis plasmáticos de certos hormônios (GH, melatonina e cortisol).
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SONO PROFUNDO OU PARADOXAL (REM)
Apresenta comportamento eletroencefálico do tipo beta, com similar aos traçado de vigília = sono de ondas rápidas.
Constitui aproximadamente 20% do total do tempo de sono para um ser humano adulto normal.
Nesta fase do sono, o levantamento da pálpebra do indivíduo adormecido permite a observação do aparecimento de movimentos oculares rápidos.
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Possui 2 estágios que se alternam:
Sono tônico: relacionado com o ritmo de base beta;
Sono fásico: com fenômenos dos movimentos oculares rápidos e do sonho.
Em geral o primeiro estágio do sono profundo costuma ocorrer aproximadamente 90 minutos após o início do sono superficial iniciador do sono. Raramente ocorre REM antes de completados 40 minutos de sono superficial.
As fases REM e não-REM do sono de alternam em ciclos, em uma noite de sono ocorrem em média de 4 a 6 ciclos, pois a cada superficialização do sono, inicia-se um novo ciclo e cada ciclo dura de 90 a 120 minutos.
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Assim a maior parte do sono superficial (não-REM) ocorre na primeira metade da noite, enquanto a grande parte dos episódios de sono REM se dá na segunda metade da noite.
Além dos movimentos rápidos oculares podem ocorrer:
Elevação da PA; Taquicardia e hiperpnéia;
Ereção peniana, podendo haver ejaculação noturna (polução noturna);
Verbalizações; Movimentos simples automáticos;
Fenômeno do sonambulismo; Enurese noturna.
 Se um indivíduo for despertado no sono REM, a chance de relato preciso do sonho é de 70%, sendo rara a ocorrência de recordação de sonhos na fase do sono não-REM. Sonhos = experiências previamente armazenadas na memória, mesmo que remotas !
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TRANSTORNOS DO SONO
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TRANSTORNOS DO SONO !
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DISSONIAS
Transtornos primários da iniciação ou manutenção do sono, caracterizando um distúrbio na quantidade, qualidade ou regulação do rítmo do sono:
Insônia primária;
Hipersonia primária;
Narcolepsia – cataplexia;
Apnéia do sono;
Transtorno do ritmo circadiano do sono.
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DISSONIAS
Redução do número total de horas de sono, levando a uma redução do potencial físico e psíquico da pessoa.
INSÔNIA PRIMÁRIA
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DISSONIAS
Sonolência diurna excessiva e ataques de sono ou transição prolongada para o estado plenamente vigil após despertar.
HIPERSONIA PRIMÁRIA
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DISSONIAS
Ataques repetidos e irresistíveis de sono reparador, cataplexia e intrusões recorrentes de elementos do sono REM no período de transição entre o sono e a completa vigília.
NARCOLEPSIA
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DISSONIAS
Despertares freqüentes durante o sono, enquanto o indivíduo tenta respirar normalmente.
Sonolência excessiva ou insônia.
APNÉIA DO SONO
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DISSONIAS
Perda de sincronia entre o ciclo sono-vigília do indivíduo e o ciclo desejável pela demanda social.
TRANSTORNO DO RITMO CIRCADIANO DO SONO
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PARASSONIAS
Eventos comportamentais ou fisiológicos anormais, ocorrendo em associação com o sono ou com a transição do sono para a vigília:
Pesadelo
Terror noturno
Sonambulismo
Sonilóquio
Paralisia familiar do sono
Bruxismo
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PARASSONIAS
Experiências oníricas carregadas de ansiedade ou pavor, com recordação bem detalhada.
Despertar a partir do sono REM infalivelmente o provoca.
PESADELO
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PARASSONIAS
Episódios noturnos de extremo terror e pânico associados com intensa vocalização, motilidade e altos níveis de descarga autonômica.
Ocorre durante o sono lento profundo.
TERROR NOTURNO
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PARASSONIAS
Interrupção súbita do sono lento profundo, no decorrer da qual o indivíduo se senta no leito ou deambula, sem estar consciente.
EEG apresenta um misto de atividade de vigília e sono.
SONAMBULISMO
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PARASSONIAS
Fala incompreensível.
SONILÓQUIO
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PARASSONIAS
Forma benigna de narcolepsia, muito angustiante.
Ao despertar, o indivíduo fica paralisado, incapaz de se mover, apesar de totalmente desperto.
PARALISIA FAMILIAR DO SONO
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"A paralisia do sono corresponde a um estado não usual de consciência no qual atingimos lucidamente o limiar entre a vigília e o sonho. Em outras palavras: nossa consciência se encontra em um ponto limítrofe entre o mundo vígil e o mundo onírico." 
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PARASSONIAS
Ranger de dentes.
BRUXISMO
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SÍNTESE PSICOTATOLÓGICA DOS TRANSTORNOS DO SONO
 
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 Vigilia
 Primeiro ano de vida:dificuldade para dormir, acorda várias vezes por noite, ¨sono invertido¨. 2o ano de vida: aumento constitucional das angústias persecutórias ou devido a uma enfermidade orgânica. 
Aumento angústia de perda de fatores ambientais ou da angústia paranóide por causas traumáticas. (Soifer, Ajuriaguerra))
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Terrores noturnos 
18 meses até os 5-6 anos. A criança desperta aterrorizada todas as noites e várias vezes por noite. Angústia paranóide e de perda objetal aumentadas, mecanismos de projeção e deslocamento; depois dos 3 anos, ansiedade de castração; desorganização egóica; simbolização defeituosa. Em idades posteriores regressão defensiva. 
 
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 Rangido de dentes
 Angústia paranóide aumentada, fixação oral canibalistica, vivência de perda do objeto de amor, situação depressiva com características persecutórias ( ficar desprotegido à mercê dos objetos persecutórios). 
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Sonilóquia
 Falar ou gritar em sonhos.
Pré-consciente organizado: defesa frente às angústias derivadas do conflito edipiano (pouca importância patológica). A partir da pré-puberdade: a repetição do sintoma, que vai acompanhado de gritos e brigas imaginárias, mostra o perigo do aparecimento de um surto psicótico.
Babar no travesseiro:
 pode ter relações com angústia /Regressão defensiva.
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Sonambilismo:
 A partir dos 7 anos Caminhar ou realizar atos dormindo. Angústia paranóide, de castração e confusional.
Deficitária elaboração do complexo de Édipo; persistência do narcisismo infantil; menor grau de organização egóica; defesas onipotentes e maníacas frente à frustração, controle onipotente (trauma). Vivência de ser exigido como um adulto.
 
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Insônia
 Puberdade e adolescência.
Não pode dormir a noite inteira ou grande parte dela.Intensas vivências persecutórias (angústia de castração), angústia de perda (luto pelo corpo infantil e pelos pais da infância) e medo de ter pesadelos. Denota a existência de uma situação crítica, pré-psicótica.
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RITMOS BIOLÓGICOS
Cronobiologia =estudo da organização temporal dos seres vivos.
Podem ser classificados e 3 grandes grupos, de acordo com o período de ocorrência do evento.
1) Ritmos circadianos: as flutuações se completam a cada 24 h todas as variáveis fisiológicas e comportamentais dos mamíferos.
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2) Ritmos ultradianos: apresentam mais de 1 ciclo completo a cada 24 h  secreções hormonais.
3) Ritmos infradianos: período de repetição é maior do que 28h  ciclo menstrual feminino
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Os ritmos são caracterizados por:
Período = intervalo entre as repetições;
Amplitude = valor médio – valor
máximo ou mínimo;
Ciclo = todos os valores de uma variável ao longo de um período;
Fase = qualquer instante ao longo de um ciclo.
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As demonstrações de que o ciclo vigília/sono persiste em condições de isolamento temporal (pessoas mantidas em cavernas por períodos de várias semanas ou meses continuam dormindo e acordando com uma periodicidade de aproximadamente 25h) nas mais diversas espécies sugeria a existência de "relógios biológicos", ou seja, mecanismos capazes de gerar ciclos independemente da presença de estímulos ambientais.
 Relógios são os mecanismos geradores de ciclos e seu produto final, diretamente observável, são os Rítmos biológicos. 
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Os núcleos supra-quiasmáticos do hipotálamo anterior em mamíferos constituem o exemplo mais divulgado de relógios que controlam a ritmicidade circadiana (ritmos da ordem de grandeza do dia de 24h). Sabe-se também atualmente da determinação genética desses controles temporais. 
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Os rítmos diários dependem dos núcleos supra-quiasmáticos receberem sinais sensoriais acerca da duração do dia (níveis de luz) dos olhos e da temperatura da pele. 
Este núcleo então integra o rítmo do corpo de 24 horas, os quais incluem níveis hormonais, temperatura, alerta geral e saída de urina. 
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