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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL QUALIDADE DO SOLO PROFESSOR: GLEIDSON MARQUES PEREIRA AGOSTO – 2014 Unidade I - Ambiente Agrícola Capítulo 1 - Fatores e Processos de Formação do Solo 1. INTRODUÇÃO Conceitualmente o solo é um corpo natural, ocupando porções na superfície terrestre, suportando plantas e edificações e que apresentam propriedades resultantes da atuação integrada do clima e dos organismos atuando sobre o material de origem, condicionado pelo relevo durante um período de tempo (Soil Survey Staff, 1999). Está em constante evolução e alteração. Esta natureza dinâmica e evolucionária está englobada na definição do solo, como sendo, material mineral inconsolidado na superfície da terra que tem estado sujeito e influenciado por fatores ambientais e genéticos, tais como: clima, material de origem, macro e microrganismos e topografia. Todos estes fatores atuam no tempo e produzem um produto chamado solo que difere do material originário em muitas propriedades e características físicas, químicas e biológicas. Desta forma cada tipo de solo apresenta uma morfologia própria resultante de uma combinação única de clima, seres vivos, material de origem, topografia e tempo de ação. As rochas, com exceção de algumas sedimentares, são formadas em ambientes muito diferentes daqueles encontrados na superfície do planeta. Os minerais que formam estas rochas estão em equilíbrio com estes ambientes, onde geralmente as temperaturas e pressões são elevadas, há ausência de ar e de organismos vivos. Quando expostas à superfície, estas rochas ficam sujeitas a condições ambientais muito diferentes daquelas em que se encontravam, com temperaturas e pressões mais baixas, presença de organismos vivos e ar, etc. Devido a estas modificações, as rochas sofrem uma série de transformações por processos físicos, químicos e biológicos, no sentido de entrar em equilíbrio com estas novas condições, resultando no corpo diferenciado que chamamos SOLO. O limite entre o que é rocha em estádio avançado de decomposição e o que é solo em estádio inicial de formação é bastante duvidoso e, em seguida, serão apresentados e discutidos alguns fatores e processos de formação do solo. 2. FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO O sistema solo pode ser considerado como um ecossistema, formado por materiais com e sem vida. O ecossistema é um sistema aberto com entrada e saída de fluxos de energia e de matéria. O solo é o elemento mais típico da paisagem por ser a resultante da interação dos diferentes caracteres físicos que distinguem as diversas regiões naturais do globo: cobertura vegetal, topografia, clima e idade das superfícies. O conjunto destes efeitos conjugados resultará às diferentes paisagens naturais. Em 1941, JENNY, analisando os estudos de Dokuchaev nas planícies russas, estabeleceu a seguinte fórmula para explicar a formação dos solos (JENNY, 1941): S = f (material de origem, relevo, clima, organismos vivos e tempo), conforme figura 1. Todos os fatores são interdependentes, e o estudo de um determinado fator é realizado deixando-se todas as variáveis constantes, exceto a variável de interesse. No caso do solo isto apresenta incorreções, por exemplo, o fator hídrico e o material de origem não podem ser quantificados; a maioria das vezes eles podem ser descritos em termos qualitativos. Os organismos vivos são dependentes do clima e as características do solo não podem ser consideradas como variáveis independentes. No início da formação do solo existe uma variação muito grande em suas propriedades. Após algum tempo estas estabilizam, tendo poucas variações, apesar de que as reações tenham continuidade. Isto significa que o solo alcançou um equilíbrio dinâmico (Steady-state). O perfil pode ser considerado em equilíbrio dinâmico quando suas propriedades diagnósticas estão cada uma no Steady-State. 2.1. Material de origem Material de origem é o termo usado para identificar o material do qual um determinado solo se desenvolveu. O material de origem pode ser a rocha subjacente, material coluvial ou aluvial, sedimentos ou mesmo materiais originados de pedogênese anterior. Solos desenvolvidos da rocha ou do material encontrado na sua forma original, a alguma profundidade abaixo dos perfis, são denominados solos autóctones; enquanto que os originados de sedimentos deposicionais, sem relação com a rocha subjacente, são solos alóctones. Solos desenvolvidos de materiais de pedogênese anterior são denominados solos policíclicos. Em regiões tropicais, o solo pode estar separado da rocha inalterada subjacente, por algumas dezenas de metros de espessura de material intemperizado denominado regolito. Neste caso, o regolito é material de origem do solo. A formação do solo é em última análise, a transformação da rocha ou de material sedimentar em solo. O material de origem influencia as propriedades dos solos nos mais variados graus, tais como a textura e a composição mineralógica. Sua influência é muito grande nos estados iniciais de intemperização, diminuindo à medida que a camada intemperizada cresce. Nas condições de clima tropical úmido a influência do material de origem é relativamente pequena, enquanto que, no clima semi-árido sua influência é grande. Os primeiros 16 km da crosta terrestre ou litosfera são denominados de SIAL pela predominância de Silício (Si) e Alumínio (Al), os quais junto com o Oxigênio (O) e o Ferro (Fe) perfazem 87% de seu volume total. As rochas, das quais se originam os solos, se dividem em três grandes grupos de acordo com a sua origem. 2.1.1. Rochas Ígneas As Rochas Ígneas formam a maior parte da crosta terrestre, em torno de 75 % do volume da crosta e, se chamam também de rochas eruptivas, endógenas (do interior da terra) ou magmáticas (magma, lava). É produto do esfriamento e solidificação das massas de lavas ou magma fundido. O local de solidificação do magma é fator fundamental para a distinção e classificação de dois tipos de rochas ígneas: as rochas ígneas intrusivas ou plutônicas e as rochas ígneas extrusivas ou vulcânicas. Nas rochas intrusivas ou plutônicas o magma situado a uma profundidade considerável na crosta terrestre resfria muito vagarosamente, oportunizando uma lenta cristalização dos minerais, possibilitando o crescimento e a diferenciação desses na rocha. A rocha resultante possui textura fanerítica, ou seja, com minerais visíveis a olho nu. Por exemplo, Granito, que possui uma ótima cristalização e textura grossa. Nas rochas extrusivas ou vulcânicas, o magma extravasa sobre a superfície terrestre (lava) e o seu resfriamento e solidificação é rápido, não há tempo suficiente para que os minerais dissolvidos no magma cresçam e se diferenciam, formando uma rocha de granulação fina (textura afanítica), com minerais não diferenciáveis a olho nu (p. ex. Basalto). Em determinadas situações, o resfriamento é tão rápido que o material sólido não possui ordenação atômica tridimensional, formando o chamado vidro vulcânico. Um outro grupo de rochas ígneas pode ser distinguido por apresentar uma textura intermediária, ou seja, mas fina que as plutônicas (intrusivas) e mais grossa que as vulcânicas (extrusivas), chamadas de rochas Hipoabissais. Esse grupo de rochas se forma próximo a superfície da Terra e se apresenta na forma de diques. As rochas ígneas podem também se classificar de acordo com o seu teor de sílica, assim denominados: rochas ácidas: >66% de SiO2; rochas intermediárias: 66-62%; rochas básicas: 45-52% e rochasultrabásicas: 62- 52%. Quanto à cor as rochas ígneas são classificadas em félsicas quando são ricas em minerais claros como o quartzo e feldspatos, máficas , ricas em mineris escuros como piroxênios e anfibólios e, ultramáficas quando apresentarem mais de 90 % de minerais escuros. De forma esquemática a variação na composição química das rochas ígneas é a seguinte: O granito é uma rocha plutônica, ácida com mais de 66% SiO2 que se caracteriza ao mesmo tempo, por seu alto conteúdo de elementos alcalinos (Na, K) e seu baixo teor em elementos alcalinos terrosos (Ca, Mg). É a rocha mais freqüente na crosta terrestre. 2.1.2. Rochas Sedimentares São aquelas que resultam da alteração (intemperização) de rochas pré- existentes que produzem sedimentos, os quais são transportados e depositados em bacias sedimentares e sofrem um processo de compactação gerando uma nova rocha (Figura 2). O transporte dos sedimentos pode ser realizado pela ação do gelo, do vento e mais freqüentemente, pela água. A decomposição da rocha é chamada de intemperismo, que pode ser dividido em processos físicos, químicos e biológicos. A ação desses processos se dá de maneira conjunta, sendo que em regiões secas e frias, há o predomínio do intemperismo físico e em regiões quentes e úmidas há o predomínio do intemperismo químico. A classificação das rochas sedimentares se dá conforme a origem dos sedimentos, sendo classificados em: sedimentos clásticos ou mecânicos, sedimentos químicos e sedimentos orgânicos. Quadro 2. Classificação simplificada das rochas sedimentares, levando em conta a origem, a composição mineralógica e outras características. 2.1.3. Rochas Metamórficas Nas regiões de movimentos geológicos de placas tectônicas, as rocas ígneas e sedimentares podem ser levadas a partes mais profundas da crosta terrestre onde pressões, temperatura e ambiente químico alteram a composição dessas rochas. Nesse ambiente, os minerais não sofrem fusão, mas recristalizam-se e deformam-se, arranjando-se paralelamente à direção dos esforços do movimento tectônico, provocando na rocha um aspecto laminar (xistosidade) ou em bandas. Na classificação das rochas metamórficas são consideradas a presença e o tipo das feições planares, a xistosidade, a composição mineralógica, a origem e a granulação (Quadro 3). Quadro 3. Classificação das rochas metamórficas. O ciclo das rochas pode ser resumido na figura 3. As características do material de origem que influenciam o desenvolvimento dos solos são: grau de consolidação, granulação e composição química e mineralógica. a) Grau de consolidação: condiciona a velocidade de sua intemperização. Rochas pouco consolidadas favorecem o desenvolvimento de solos mais profundos que rochas consolidadas (Figura 4a), sob as mesmas condições ambientais. Por exemplo, em regiões áridas os solos profundos ocorrem apenas em depósitos superficiais, enquanto que sobre as rochas consolidadas formam-se Neossolos (Figura 4b). b) Granulação: a granulação da rocha associada à composição mineralógica pode determinar a textura do solo. Esse é o caso de materiais com elevado teor em quartzo, como granitos e arenitos, que dão origem a solos com textura mais arenosa, em comparação a rochas básicas, como o basalto, que dão origem a solos argilosos (Figura.5a). c) Composição química e mineralógica: influencia na composição química e mineralógica do solo, por exemplo: solos desenvolvidos de granito, portadores de mica, tendem a originar solos com teor de potássio (K+) mais elevado. Solos desenvolvidos de rochas basálticas possuem maior concentração de óxidos de ferro (Fe) e teores mais elevados de cálcio (Ca) e magnésio (Mg). Solos derivados de arenitos ricos em quartzo apresentam textura arenosa e baixa reserva em nutrientes. De modo geral, na medida em que o solo vai se tornando mais desenvolvido a relação entre a composição do solo e a do material de origem diminui, com a composição final dos solos tendendo a se aproximar química e mineralogicamente. Entretanto, mesmo em solos em estágio muito avançado de intemperização muitas relações ainda são encontradas. 2.2. Relevo O relevo refere-se às formas do terreno que compõem uma paisagem. Sua ação se reflete, principalmente, sobre a dinâmica da água (infiltração e deflúvio) e, indiretamente, sobre a temperatura e radiação. Algumas superfícies estão mais sujeitas ao processo erosivo, aquelas mais declivosas, enquanto que outras recebem o material erodido, superfícies deposicionais. Em certas superfícies a água infiltra rapidamente, originando solos bem drenados, ao passo que em outras a água é retida, originando solos mal drenados. As características do relevo são determinadas pela estrutura geológica, pelo clima e pelo estágio de evolução em que se encontra. Vales em forma de “V” são considerados mais jovens que vales em forma de “U” e rios em formatos mais sinuosos (Figura 6). Uma paisagem bem desenvolvida, em geral, apresenta os seguintes elementos da paisagem: interflúvio, ombro ou escarpa, encosta, pedimento e planície aluvial (Figura 7). O interflúvio é a parte mais elevada, que separa os sistemas de drenagem. Quando esse é amplo e plano ou suave ondulado, formando um platô, em geral são encontrados solos profundos, lixiviados e ácidos, devido a uma maior infiltração da água e, portanto, um intemperismo químico mais profundo. Quando é estreito, formando uma crista, há menor infiltração e maior escoamento superficial e, portanto, maior erosão, sendo nele encontrados geralmente solos rasos e/ou afloramentos de rocha. O ombro constitui uma superfície bastante declivosa onde o processo erosivo é mais intenso, tendendo a formar solos rasos. Nos casos onde a superfície é muito inclinada, ocorrem desmoronamentos e deslizamentos, impedindo a formação de solos; nesse caso, a superfície é chamada de escarpa. A encosta é uma superfície ainda inclinada, onde a relação entre a parcela da água que infiltra e a que escorre pode gerar um certo equilíbrio entre a taxa de erosão e a de formação de solos, geralmente originando solos rasos. No pedimento, com a diminuição da declividade, ocorre a deposição do material erodido do ombro e da encosta, favorecendo a formação de solos medianamente profundos. Os solos nessa posição podem, dessa maneira, formar-se sobre material pré-intemperizado e possuir fragmentos de rocha erodidos das partes superiores. Com o rebaixamento geral da superfície, a tendência é de diminuir a área do ombro e da escarpa, com recobrimento pelo colúvio do pedimento. A planície se forma nos vales mais largos, em forma de “U”, constituindo a planície de inundação dos rios. Se a diferença de nível entre ela e o rio for pequena, os solos serão mal drenados, exibindo reações de redução. 2.3. Clima É o conjunto dos elementos meteorológicos (temperatura, precipitação, vento, regime hídrico, insolação, umidade relativa do ar, evapotranspiração, etc...) que caracterizam o estado médio da atmosfera em um determinado local. Especificamente é o clima do solo, e não o clima atmosférico, que influi nos processos pedogenéticos; mas, como as informações sobre o clima do solos são escassas em relação ao clima atmosférico, extrapolam-se dados deste último para o solo. Isto é possível, pois variações no clima atmosférico afetam o clima do solo. O clima e os organismos são os dois fatores essencialmente ativos nos processos pedogenéticos. 2.3.1. Temperatura É um dos elementos do clima, cujos reflexos na pedogênese, são dos mais diretos, pois grande parte dos processos pedogenéticos é dependente de reações bioquímicas, isto é, de microrganismos que por sua vez são influenciadospela temperatura. Assim, em regiões intertropicais úmidas, onde a cobertura vegetal protetora ameniza os extremos térmicos, tem-se a expressão máxima dos processos pedogenéticos: formação de camadas espessas de alteração, grau de lixiviação de minerais primários, mobilização de óxidos de Fe livres (inclusive acúmulo), altos teores de fração argila sobre o silte e metabolismo de matéria orgânica. Em regiões áridas ou semi-áridas, em condições tropicais, com temperaturas elevadas (> 45°C), pode paralisar as transformações biológicas, do mesmo modo como ocorre em regiões frias devido ao congelamento da água no solo. A temperatura atua também sobre algumas reações químicas. Assim, entre os fenômenos ligados ao intemperismo químico, a hidrólise é um dos mais agressivos. As temperaturas elevadas o grau de dissociação relativo da água é maior, de tal forma que as regiões tropicais podem apresentar um grau de intemperismo três vezes superior às regiões temperadas e nove vezes às regiões árticas. A quantidade de argila, bem como sua natureza depende da temperatura. O teor de argila tende a crescer com o aumento da temperatura. Da mesma forma a relação SiO2 / Al2O3 e o teor de matéria orgânica diminuem com a elevação da temperatura. 2.3.2. Precipitação A precipitação pluviométrica que atinge o solo e que participa da formação do mesmo pode: (a) ser retirada pelas forças matriciais do solo; (b) percolar através do solo, translocando ou removendo partículas (eluviação, iluviação) ou elementos (lixiviação) ou (c) escorrer superficialmente causando erosão. Para avaliar-se o efeito das chuvas sobre o solo, é necessário considerar que uma parte da água é interceptada pela vegetação, ou, ainda, é eliminada por evapotranspiração. Por isso, considera-se a diferença entre a precipitação pluviométrica e a evapotranspiração como a água excedente disponível para a intemperização. Em pedogênese este é o fator que determina a importância da água como elemento atuante nos processos de lixiviação. A percolação da água através do perfil, cuja quantidade está ligada ao clima, renova a água através do perfil e por sua vez renova a água que circunda os minerais que estão sofrendo hidrólise, mantendo-se a remoção dos cátions liberados. Nas regiões com lixiviação deficiente, os minerais subsistem por grandes períodos de tempo e a pedogênese é então menos intensa. A formação de solos salinos é uma conseqüência da escassez de chuvas aliadas a grandes perdas por evaporação direta. A água caminha em sentido ascendente nos perfis, originando a deposição de sais (cátions básicos) proximamente a superfície do solo, com conseqüente elevação do pH. Por outro lado, nas regiões tropicais e subtropicais úmidas, principalmente com cobertura vegetal espessa, grande quantidade de água participa ativamente na pedogênese. A lixiviação, às vezes excessiva, de cátions alcalinos e básicos, promove a desbasificação do solo, com conseqüente acidificação. Os teores de argila tendem a aumentar com o aumento das precipitações, o que é lógico, uma vez que a água é um potente fator do intemperismo dos minerais primários à síntese de minerais secundários (minerais de argila). A CTC aumenta com o aumento das precipitações em função do aumento da formação das argilas. As bases trocáveis que num primeiro estágio é crescente com o aumento das precipitações, diminui a partir de valores médios de 670 mm.ano-1, evidenciando um complexo de troca saturado. A partir deste ponto começa a crescer o H+ trocável e o solo deixa de estar saturado, isto é, a lixiviação começa a ser efetiva. O clima, além de influir diretamente na alteração das rochas e minerais e na erosão dos materiais alterados, atua no desenvolvimento de organismos vivos, que, por sua vez, afetam o solo. Assim, comparando-se solos de regiões com diferentes temperaturas, observa- se que o acúmulo de matéria orgânica nos solos alcança o nível máximo ao redor de 25 ºC, decrescendo após. Este decréscimo coincide com o aumento da atividade microbiana, que atinge o seu máximo a 35 ºC. Em conseqüência, solos de regiões quentes e úmidas contém menos matéria orgânica que os solos de regiões mais frias e úmidas. A temperatura e a umidade do solo têm influência na mineralogia dos solos. Em climas frios e secos predominam os processos físicos ou mecânicos de alteração das rochas, com manutenção dos minerais primários; por sua vez, sob climas úmidos e quentes, os processos químicos e biológicos causam alteração mais intensa, com formação de minerais secundários. A influência do clima pode ser ilustrada comparando-se os solos originados da mesma rocha, como, por exemplo, do basalto, nas regiões fisiográficas dos Campos de cima da Serra e Campanha, do Rio Grande do Sul (Quadro 3). Na primeira, a quantidade de água excedente (precipitação menos evapotranspiração potencial) é de aproximadamente 1.850 mm ano-1; enquanto que na região da Campanha é de apenas 350 mm ano-1. Esta diferença na água disponível para a intemperização reflete-se na composição química e mineralógica, significativamente distinta, entre os solos de ambas as regiões. Os solos da região dos Campos de cima da serra são extremamente ácidos, com elevados teores de alumínio trocável e baixos teores em cátions básicos; a sua mineralogia é constituída por minerais dos últimos estádios de intemperização, como caulinita e óxidos de ferro, sem vestígios de minerais primários, exceto o quartzo; enquanto que, na região da campanha, os solos tem pH próximo a neutralidade e alto teor em bases, a sua composição mineralógica apresentando dominância de esmectitas, além de concreções de CaCO3 e minerais primários pouco resistentes, como plagioclásios. A menor quantidade de água disponível para o intemperismo nesta região reflete-se no menor grau de alteração dos minerais, e na menor lixiviação dos cátions básicos (Ca, Mg, Na e K), permitindo inclusive o acúmulo de concreções de CaCO3 e a preservação dos plagioclásios. Quadro 4. Influência do clima nas características de solos basálticos no Rio Grande do Sul. 2.3.3. Vento Age diretamente sobre o balanço hídrico do solo, removendo água das camadas de ar atmosférico próximo ao solo, ressecando os horizontes superficiais. Tem ação ecológica sobre as coberturas vegetais, pelas modificações no clima, transporte de massas de ar quente e fria que promove. Tem ação abrasiva e erosiva contribuindo nos processos de perdas, adições e remanejos mecânicos (sais, poeiras, partículas, etc.). 2.4. Organismos Os fatores biológicos são dos mais ativos na pedogênese, atuando principalmente na fixação e transporte de energia, intervindo nos processos de transporte, transformação e transferência de materiais. Os organismos compreendem a microflora, a microfauna, macroflora, macrofauna e o homem, o qual pelas suas manifestações de vida, quer na superfície, quer no interior do solo, atuam como agentes pedogenéticos. 2.4.1. Microrganismos As transformações de matéria orgânica e o ciclo do nitrogênio, bem como, sua ação na agregação das partículas unitárias do solo exemplificam sua importância. Fungos, algas e liquens colonizam as superfícies das rochas, penetram em suas fendas, decompondo-as paulatinamente, através de extração de nutrientes, da absorção de silício, de excreção de H+ e de ácidos orgânicos formadores de complexos de alumínio e ferro que se tornam solúveis e sujeitos a lixiviação. 2.4.2. Cobertura vegetal Num estágio inicial, líquens e musgos povoam as rochas (material de origem), extraindo elementos pelo contato direto com as mesmas. Esta microflora troca H+ e HCO- pelos íons dos minerais, como K+, causando a instabilidade nos minerais, que se alteram e acidificam o meio. Quando umapequena camada de material original se altera, surgem as gramíneas, que incorporam húmus ao mesmo. Posteriormente, se as condições climáticas forem favoráveis, surgem outras espécies superiores. Parte dos nutrientes retirados pelas plantas retorna ao solo através dos restos vegetais. Este processo de biociclagem é identificado pela maior concentração de certos elementos nos horizontes superficiais do solo. Nas florestas tropicais, este processo é muito importante, pois mantém os nutrientes disponíveis as plantas. Quando esta cobertura vegetal é removida, os nutrientes podem ser rapidamente lixiviados ou perdidos por erosão. A incorporação de material orgânico ao solo é o efeito mais importante da vegetação. Este material se decompõe pela atuação dos microorganismos, originando ácidos húmicos, húmus e elementos diversos, que atuam diferentemente na decomposição do material de origem. A incorporação e decomposição de material orgânico é muito variável nas diferentes regiões climáticas. As adições anuais são de aproximadamente 5 Mg ha-1 de matéria seca em florestas tropicais e de 1 Mg ha-1 em florestas temperadas. As savanas tropicais adicionam de 0,5 a 1,5 Mg ha-1, enquanto as pradarias temperadas, cerca de 1,5 Mg ha-1. A maior adição pelas florestas tropicais deve-se ao seu crescimento mais rápido. Entretanto, como a taxa de decomposição da matéria orgânica do solo nestas regiões é cerca de 5 vezes mais rápida do que nas regiões temperadas, os teores de matéria orgânica nos solos praticamente se equivalem. O tipo de vegetação também influi na distribuição de matéria orgânica no solo. Na vegetação de florestas, a maior contribuição é dada pela deposição de restos vegetais na superfície do solo, enquanto que na vegetação de campo há uma rápida ciclagem do sistema radicular, com uma maior incorporação de material orgânico ao solo, originando horizontes “A” mais espessos do que nas regiões florestais. A vegetação protege o solo do efeito erosivo das chuvas, do vento, da insolação e da evaporação. A eficiência desta proteção depende da densidade da cobertura vegetal, sendo portanto maior sob vegetação de floresta do que na savana ou de uma cultura aberta, como, por exemplo, milho. A vegetação interfere nos processos de troca catiônica quer pelo contato direto das raízes com as superfícies coloidais, quer pela absorção dos cátions da solução do solo, que retornam ao solo ou são exportados pelas colheitas. As plantas superiores também são fatores do intemperismo através da absorção de elementos nutritivos como o K, Ca, Mg que são substituídos por hidrogênio nos minerais tornando-os menos estáveis, e através da enorme pressão radicular nas fendas das rochas e nos poros do solo. 2.4.3. Fauna A fauna age na pedogênese pelas atividades de escavação, criando galerias, transportando materiais, enfim, homogeneizando os perfis. Esse processo é chamado de bioturbação, é realizado pelas minhocas, térmitas e formigas e é um fator importante na formação de solos tropicais. Os animais transportam substâncias dos locais onde se alimentam e adicionam onde morrem ou excretam, alterando as características físico-químicas do meio. Além da transformação dos compostos orgânicos, os microorganismos contribuem para a formação de agregados estruturais estáveis no solo, unindo as partículas individuais através de secreções e micélios. 2.4.4. Homem O homem com suas técnicas cada vez mais avançadas, renova e aperfeiçoa a todo instante sua ação modificadora dos fatores pedogenéticos a tal ponto que já se propôs o termo “metapidogênese” para o estudo da influência do homem sobre o solo. O papel do homem na formação dos solos provoca alterações rápidas de toda a ordem nas características naturais, merecendo, dessa forma, ser citado como um fator em separado. As mais evidentes são: (a) a degradação química e física dos solos devido à erosão acelerada, levando muitas vezes até ao abandono do uso do solo; (b) a irrigação, até mesmo em áreas de desertos; e (c) as atividades de mineração e de construções de grande porte (como estradas e barragens). Nas últimas citadas, atualmente, por força da legislação ambiental, se deve fazer a reabilitação e a recuperação das áreas, atuando na “construção” de solos. Os efeitos da ação humana podem ser benéficos ou prejudiciais, afetando uma série de propriedades do solo como mudanças no teor da matéria orgânica, composição química (nutrientes ou poluentes), regime de umidade do solo, estrutura e textura do solo. A interferência humana é observada na ação de todos os principais fatores através das seguintes atividades: (a) material de origem: calagem, adubação, descarte de resíduos e produtos tóxicos; (b) clima: preparo do solo, irrigação, drenagem, desmatamento; (c) organismos: preparo e cultivo do solo, queimadas; (d) relevo: nivelamento e sistematização, terraceamento, preparo excessivo (voçorocas); (e) tempo: aceleração ou retardamento dos processos naturais de erosão ou assoreamento e decomposição dos minerais e matéria orgânica. 2.5. Tempo Os solos estão sendo continuamente alterados. As mudanças são geralmente lentas e pouco perceptíveis em curto espaço de tempo, bem como diminuem gradativamente com o avanço do estádio de intemperização dos solos. É um dos fatores de formação do solo mais passivo, pois não adiciona nem exporta matérias como também não gera energias. Contudo, o estado do sistema solo não é estático, variando com o tempo. Em pedogênese deve-se distinguir entre idade e maturidade (grau de intemperismo) de um solo. Um solo pode apresentar pequena idade absoluta e ser bem mais maduro do que outro com idade absoluta bem maior. 2.5.1. Idade absoluta É a medida dos anos passados desde o seu início de formação até agora ou até um momento qualquer a ser considerado. Pouco se conhece sobre a idade absoluta dos solos porque é difícil determinar o início de atuação dos processos pedogenéticos, ou seja, o tempo zero de formação dos solos. Por exemplo, datações de fósseis de mamíferos por medições radiométricas do isótopo 14C e evidências arqueológicas da região da Campanha do rio Grande do Sul indicam que sedimentos fluviais foram depositados nas planícies de rios entre 20.000 e 4.000 aP e que, entre 4.000 aP e a atualidade, efetuou-se a pedogênese nesta região, originando solos classificados como Argissolos. Além disso o uso de medições radiométricas do 14C, informações arqueológicas e paleontológicas, a determinação da idade do solo pode ser feita por contagem de anéis de árvores. Mas, a principal técnica é a estratigrafia, que estuda a formação, composição, seqüência de deposição e correlação de sedimentos e rochas estratificadas. Uma grande diferença de idade existe, entre a maioria dos solos de regiões tropicais e subtropicais em relação aos de regiões temperadas. Devido às glaciações ocorridas no hemisfério norte, os solos locais apresentam idades máximas de 10.000 – 15.000 anos, enquanto que nas regiões tropicais e subtropicais, a idade dos solos é estimada em algumas centenas de milhares e até milhões de anos, correspondendo à idade das superfícies geomórficas nestas regiões. Isto é refletido pela intemperização mais avançada e, conseqüentemente, pela fertilidade mais baixa dos solos tropicais. 2.5.2. Maturidade do solo É a evolução sofrida pelo solo com respeito ao seu equilíbrio. Assim, o solo provém do material de origem, passa a ser um solo jovem ou imaturo, evolui para um solo maduro que está em equilíbrio com as condições ecológicas. No estádio jovem, origina seqüência de horizontes A e C ou A e R, quando evoluído, inicia-se a formação do horizonte B, inicialmente inicipiente, evoluindo para o pleno desenvolvimento com a formação do horizonte B texturalou B latossólico. A estimativa do grau de maturidade ou idade relativa dos solos é baseada na diferenciação de horizontes. Porém, esta idéia é um tanto relativa. Em certos processos pedogenéticos, a homogeneização de perfis é um efeito específico e bastante ativo, principalmente em climas tropicais. Por outro lado existem características que resultam de processos rápidos e outros de processos lentos. O solo alcança sua maturidade quando estabelece um equilíbrio entre o tempo e a característica considerada do solo, ou seja, quando as propriedades não mudam mais no tempo. 3. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO Os processos de formação do solo ou pedogênese são reações ou mecanismos de caráter químico, físico e biológico que produzem no solum zonas características cuja combinação é particular em cada caso e estão correlacionadas com os “fatores de formação do solo”. São processos que lavam a constituição dos horizontes ou camadas particulares a cada situação ambiental (Vieira, 1988). Os processo pedogenéticos são condicionados pela combinação dos fatores de formação de solos. Os processos pedogenéticos podem imprimir determinadas feições aos solos, observáveis em um perfil ou corte. Estas feições são chamadas de características e propriedades morfológicas do solo, como cor, espessura de horizontes, quantidade de areia, silte, argila, matéria orgânica, etc. Deste modo, conhecendo-se as feições morfológicas e os processos que as geraram, é possível se fazer uma reconstituição da historia do solo, de como ele se formou. O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos considera muito importante o processo pelo qual o solo se formou, ou seja, sua gênese. Assim as classes de solos são em grande parte definida tendo por base o processo pelo qual o solo se formou, o que pode ser inferido a partir de suas feições morfológicas. É muito importante, então, entendermos que existe um encadeamento, uma sucessão de fenômenos desde o inicio do intemperismo sobre a rocha até a classe em que o solo se encaixa atualmente, porque esta compreensão nos habilita a fazer previsões melhores do comportamento do solo em relação a determinado manejo. No estudo dos processos pedogenéticos alguns conceitos são usados para indicar o comportamento geral dos materiais que compõem o perfil e/ou horizontes: O alto grau de interdependência dos fatores de formação do solo acarreta a existência de processos de formação do solo bem complexos, de modo que é difícil analisar cada fator isoladamente. RitaBarbosa Realce Assim os processos de diferenciação de um Argissolo seriam os mesmos de um solo latossólico, ou outros, porém, a importância relativa de cada processo não seria uniforme em todos os solos. Como exemplo pode-se citar que a movimentação de sesquióxidos de Fe dos horizontes superficiais para os inferiores é muito mais importante na diferenciação de horizontes dos Argissolos do que dos Latossolos. As adições de matéria orgânica são importantes no desenvolvimento do horizonte A do Chernossolos e muito menos importante nos Argissolos. Assim, os processos pedogenéticos, compreendem ações desenvolvidas no interior ou na superfície dos perfis, por ADIÇÕES, PERDAS, TRANSFORMAÇÕES e TRANSPORTE DE MATERIAL, que podem ser considerados processos gerais na formação dos solos. O balanço final destes processos individuais, em determinadas combinações, daria a formação de um solo específico. Dividi-se em processos Gerais e Processos Específicos. 3.1. Processos Gerais 3.1.1. Adições É todo material que é adicionado ao perfil do solo vindo do meio exterior, por qualquer mecanismo. Conforme o agente transportador tem-se: a) Adições eólicas Ocorrem na superfície do solo. É uma função da velocidade do vento e da massa das partículas. b) Adições pelas chuvas São considerados tanto a água como os materiais em solução ou transportados por ela. c) Adições por difusão Compreende a relação ar/água no sistema porosidade, com adição de O2, CO2, N2, etc. d) Adições pelo lençol freático, drenagem oblíqua e ascensão capilar Ocorrem no interior do perfil. As adições laterais ou oblíquas ocorrem nas encostas, como migrações de sesquióxidos de Fe que são mobilizadas em água de percolação oblíqua formando bancadas lateríticas. A ascensão capilar, transporta para os horizontes superiores sais ou íons. e) Adições pelos rios Compreende os depósitos aluviais e deltáicos. f) Adições pelos mares Compreende as adições de areia e sais formando os solos tiomórficos. g) Adições coluviomares São resultantes do transporte gravitacional ou não, de matérias extraídas de áreas mais elevadas e depositadas em superfícies mais baixas da vertente. h) Adições dependentes dos fatores biológicos Compreende as adições superficiais promovida pelas florestas densas, resto de seres vivos, transporte de cupins e minhocas; adições pelo homem como fertilizantes, corretivos, matéria orgânica, etc.. 3.1.2. Perdas ou Remoção É o processo pelo quais constituintes do solo deixam o perfil, podendo ser pela superfície ou em profundidade. As perdas em profundidade podem ocorrer de diferentes formas, sendo as principais são a Lixiviação de partículas e íons e a erosão superficial. A lixiviação é a migração de partículas ou íons carregados na água de percolação para as camadas mais profundas do perfil ou para os aqüíferos. A perda de nutrientes nos solos tropicais, com conseqüente redução na saturação de bases (V%) é um caso típico de perda na formação dos solos. As perdas podem acontecer por deslocamento horizontal e ressurgindo em pontos laterais. Nestes pontos de ressurgimento ocorrem oxidação e endurecimento de alguns compostos de ferro (bancadas lateríticas). As perdas na superfície podem ocorrer pela extração realizada pelas plantas e a remoção das mesmas pela colheita. O fogo contribui com a volatilização de alguns elementos químicos (N) e redução da matéria orgânica. A erosão superficial, tanto hídrica como eólica contribui para as perdas de grandes quantidade de partículas dos solos. 3.1.3. Translocação Por translocação, transporte ou redistribuição entendem-se os movimentos de alguns materiais e substâncias dentro do perfil do solo produzindo acumulações e modificações visíveis da distribuição desses materiais no perfil. A água é o principal agente, porém não há a remoção desses constituintes do solo, devido a um retardamento do fluxo hídrico, seja por quantidade insuficiente, ou por camadas de impedimento. As transferências dentro do perfil do solo são as principais causas da diferenciação dos horizontes do solo. a) Translocação de Sais. Os sais mais comuns que são translocados são os bicarbonatos, carbonatos, cloretos e sulfatos. Estes acumulam quando o balanço entre a sua produção e lixiviação é positiva na direção da produção, produzindo manchas brancas, linhas ou camadas a diferentes profundidades. b) Translocação de Argila. A argila coloidal é uma das substâncias mais importantes que é arrastada da parte superior do perfil e se deposita na parte inferior na forma de películas argilosas ao redor ou entre as partículas do solo. c) Translocação de Sesquióxidos além dos sais de cátions alcalino e alcalino-terrosos, compostos de Fe, Al e Mn encontrados na solução do solo, transferem-se na forma de quelatos da camada orgânica superior do perfil e posteriormente se decompõem e precipitam no horizonte subsuperficial como óxidos. d) Translocação de Matéria Orgânica O movimento de matéria orgânica no solo pode ocorrer na forma física por diversos agentes. Através dos poros, fendas e por efeito da lixiviação, a matéria orgânica pode ser carregadapara camadas mais profundas. A atividade biológica também pode carregar e produzir matéria orgânica em diferentes posições no perfil. Os ácidos húmicos e fúlvicos da matéria orgânica formam complexos com determinados íons (AL, Fe, Mn, Zn, Ca,...) e são transportados na forma de quelatos. A constituição da zona de acumulação provoca a destruição dos quelatos pela ação microbiana, adsorção pela argilas e mudanças de pH do solo. 3.1.4. Transformações Compreende um dos processos pedogenéticos mais extensos e de suma importância nodesenvolvimento dos solos. Podem ser divididos em: a) Transformações físicas: cristalização de sais, ação mecânica de raízes A variação da temperatura provoca tensões superficiais nas superfícies das rochas duras promovendo sua decomposição. O crescimento radicular aproxima partículas facilitando certas reações ou transformações químicas e formação de uma incipiente estrurua do solo. A atividade biológica do solo movimentam partículas e camadas do solo que, aliado a adição de matéria orgânica, promovem a estabilização de agregados do solo. A cristalização de certos sais insolúveis passa a fazer parte das partículas unitárias do solo. b) Transformações químicas: dissolução, oxi-redução, hidrólise Os principais agentes de decomposição das rochas são a água e o ar. Os processos de transformações químicas mais importantes são a hidrólise, hidratação, oxidação, redução e carbonatação. c) Transformações biológicas: mineralização, imobilização, síntese de compostos orgânicos Compreende também a síntese das enzimas e as transformações organo- minerais. Em síntese, basicamente, são todos os processos do intemperismo físico e químico, isto é, modificações dos constituintes do solo, sejam residuais, neoformados, ou importados. A transformação da matéria orgânica compreende o processo de transformação da matéria orgânica até húmus. 4. PROCESSOS PEDOGENÉTICOS ESPECÍFICOS 4.1. PODZOLIZAÇÃO Este processo, freqüente nas nossas condições tropicais, se refere à gênese de um grupo de solos que apresentam diferenciação marcante entre os seus horizontes, e consiste na transferência vertical de colóides (principalmente inorgânicos, mas também orgânico em associação) e sua deposição em horizontes subsuperficiais. Este transporte se dá, geralmente, em três fases: a) dispersão; b) transporte e c) deposição. Pode produzir gradiente textural no perfil (gênese do B textural), e ainda o aparecimento do horizonte E, de perda mais intensa de material. O horizonte onde existe perda de material (geralmente o A ou E) é chamado de horizonte ELUVIAL, e o horizonte onde existe ganho (o B textural) é chamado de ILUVIAL. Os principais solos formados por este processo estão classificados na classe dos Argissolos. Alguns autores empregam este termo também para descrever um processo, raro nas condições tropicais, que origina horizontes espódico, típico de ambientes temperados sob florestas. A decomposição do material orgânico deposita na superfície do solo é muito ácida, formando complexos com o alumínio e ferro, que se solubilizam e são o transportados para zonas mais profundas no perfil, onde a acidez é menos acentuada, precipitando-se. O horizonte que se empobrece com a saída do material chamado de álbico, porque fica bastante claro devido à ausência de materiais pigmentantes (óxidos de ferro e matéria orgânica) e o horizonte de acúmulo é chamado de espódico Os solos assim formados estão classificados na classe dos Espodossolos. Origina solos que são encontrados sob variadas condições climáticas, da vegetação e do material parental, de acordo com a maior ou menor predominância dos processos pedogenéticos. Nesse processo, há uma considerável quantidade de matéria orgânica que se acumula das florestas nos lugares onde ocorrem os solos originados nesse processo, em parte devido à alta precipitação pluviométrica e ao crescimento de uma vegetação densa e nas regiões frias, devido à baixa temperatura que favorece este acúmulo. Conseqüentemente, há um aumento considerável da liteira sobre o solo, que em áreas frias permanece espessa devido à velocidade de sua decomposição ser baixa. Nessas regiões com bosques de coníferas, vegetais que possuem baixo conteúdo de bases em suas folhas, a reação da matéria orgânica é marcadamente ácida. Nas regiões de climas tropicais o acúmulo de matéria orgânica é menor, isto porque a temperatura e a precipitação elevadas favorecem uma intensa decomposição com conseqüente perda dos elementos mais solúveis. A remoção é mais ou menos contínua, pois nas áreas de ocorrência desses solos a precipitação excede regularmente a evapotranspiração potencial. As remoções dizem respeito principalmente aos cátions. A descalcificação é, na realidade, a primeira etapa na formação desses solos, sendo mais rápida em materiais de origem deficiente em minerais cálcicos e com textura arenosa, o que favorece a lixiviação. A translocação, transferência ou redistribuição de constituintes no perfil de solo é o processo de maior importância e caracteriza os solos desse processo. Aqui podem ser distinguidos três tipos principais de redistribuição ou translocação: 1) translocação de sesquióxidos; 2) translocação de argila; e 3) translocação ou transferência de húmus. a) Translocação de sesquióxidos por quelatos — A característica desse processo de formação do solo, é a presença de um horizonte eluvial que apresenta cores claras devido à completa remoção dos compostos de ferro. Este processo de remoção do ferro esta envolvida com os quelatos, compostos estes que são capazes de formar compostos com o ferro e possivelmente, com outros elementos importantes como o Al, o Mn, o Ca, o Mg e outros. Esses quelatos são translocados para os horizontes subsuperficiais, acumulando-os. A causa desta acumulação do Fe, Al e Mn geralmente se explica pela troca de pH de ácido a neutro ou alcalino na zona de saturação intermitente. b) Translocação da argila — Outra importante característica do processo de podzolização é a transferência de argila coloidal de horizontes superficiais (chamados “eluviais”) para o horizonte subsuperficial (chamados “iluviais”). A deposição ocorre entre as partículas do solo na forma de películas argilosas. Estas deposições são denominadas de cerosidade. Dessa maneira a textura do subsolo se torna mais argilosa e o horizonte é chamado de B textural. Essa presença de horizonte B textural é a principal característica deste grupo de solos e que deve servir para a sua identificação. c) Translocação de húmus — além da argila coloidal, com freqüência a matéria orgânica é também translocada da parte superior do perfil para se depositar no horizonte B. Esta matéria orgânica é translocada na forma de húmus coloidal e de compostos húmus-ferro, nos quais o Fe se encontra no estado ferroso (Fe2+) . A precipitação no horizonte B se explica como resultado da mudança de pH favorecida pela iluviação de bases neste horizonte, bem como do secamento periódico do solo. d) Transformação — As transformações ocorrem quando se encontram no solo materiais não intemperizados, originando as argilas, principalmente as do grupo 1:1. 4.2. LATOLIZAÇÃO É um processo em que o intemperismo químico, especialmente a hidrólise e a oxidação, e a lixiviação são muito intensos, ou atuaram durante um período bastante longo, gerando dessilicação média (MONOSSILIALTIZAÇÃO) ou forte (ALITIZAÇÃO). Os solos onde este processo predomina este são ricos em caulinita e/ou óxidos de Ferro e Alumínio, dependendo do grau (intensidade) da dessilicação. O perfil do solo geralmente é profundo e homogêneo e o gradiente textual, se existente, é pequeno devido à estabilização dos argilominerais pelos óxidos dificultandoseu transporte para outros horizontes. O relevo é suave ondulado e não há sinais de redução do ferro por deficiência de oxigênio. As condições ambientais envolvem precipitação maior que a evapotranspiração potencial durante a maior parte do ano e em climas quentes. Ocorre onde à velocidade de decomposição da matéria orgânica iguala à de sua produção, não havendo acumulação orgânica apreciável sobre o solo e de húmus no perfil. A adição de matéria orgânica, apesar de produzida em grande quantidade nas florestas tropicais úmidas e muito úmidas, como é o caso da floresta amazônica, se decompõe rapidamente devido à intensa ação microbiana proporcionada pela elevada temperatura e precipitação existentes, que, ao haver livre drenagem, condicionam a lixiviação de uma parte bastante significante do material resultante da humificação e mineralização da matéria orgânica. A mineralização, portanto, é também extremamente rápida e os nutrientes liberados são rapidamente absorvidos pelas raízes das plantas, adsorvidos pelos colóides e em parte perdidos por lixiviação. Assim se estabelece um verdadeiro ciclo de nutrientes minerais entre a vegetação e o solo. A remoção constitui processo bastante importante, isto devido a grande velocidade de lixiviação. Com as condições climáticas propícias (alta precipitação e excelente capacidade de infiltração de água no perfil) há uma rápida dissolução de sais solúveis de Ca, Mg, Na e K, que podem ser eliminados por lixiviação. A acidez é alta (pH baixo) é acentuada pela destruição rápida da matéria orgânica e pela separação imediata das bases das combinações orgânicas, de modo que há aumento da solubilidade da sílica, que juntamente com elas é intensamente lixiviada, proporcionando também retardamento da solubilidade de Al, Fe e Mn. A remoção, portanto, não é somente de bases, mas também de sílica que se perde no lençol freático quando a drenagem é livre. Como resultado o perfil do solo, com a continuidade, torna-se em geral pobre em bases e intensamente ácido. Possivelmente, a sílica é eliminada em solução, na forma de silicatos de Na e K, liberados por hidrólise dos minerais ou em forma de sílica coloidal, a qual permanece em suspensão aquosa sempre que a reação se mantenha ácida. Assim, ao adiantar-se a edafização, há grande perda de sílica e notável acúmulo de sesquióxidos. A translocação ou redistribuição não é importante neste processo, isto devido a elevada lixiviação que faz com que todas as substâncias móveis sejam perdidas no lençol freático. Possivelmente nos processos de formação dos Latossolos, devido à intensidade da decomposição da matéria orgânica e da lixiviação, os quelatos são rapidamente destruídos não podendo assim exercer a sua atividade na translocação do Fe. Esta talvez seja uma das razões da não existência de horizontes eluviais nestes solos. A transformação nos solos originados nesse processo de formação não há a presença de minerais de fácil decomposição, haja vista que a maioria dos minerais primários foram alterados para os minerais secundários, exceto aqueles de difícil decomposição, tais como o quartzo e a hematita. 4.3. LATERIZAÇÃO É um caso de extrema acumulação de Ferro, envolvendo reações de hidrólise, oxiredução e solução. Alguns autores consideram esse processo semelhante ao processo de Latolização. Consideramos que o termo Laterização consiste na hidrólise e liberação do Fe+2 da estrutura de minerais primários ricos em Ferro, seu transporte em solução até locais aerados, onde o Fe se oxida, precipita e acumula. Ciclos alternados de umedecimento e secamento podem endurecer este material, formando as chamadas lateritas. Apresenta cor de laranja, típica da ferrihidrita. Este material foi primeiramente descrito no século passado por um pesquisador inglês, que em uma viagem à Índia observou que as pessoas de uma determinada aldeia cortavam em blocos, com a pá, um material macio, deixando-os secar ao Sol, após o que este endurecia irreversivelmente, sendo então o usado para construção, e daí o nome laterita, do latim Láter = TIJOLO. Morfologicamente, este processo pode gerar várias feições, desde apenas coloração diferenciada no perfil (manchas), chamadas de mosqueados; nódulos macios, chamados plintita; até materiais extremamente duros, a laterita ou petroplintita. 4.4. GLEIZAÇÃO É um processo típico de ambiente com condições de redução, o que ocorre quando há saturação por água na maior parte do tempo, sendo então um indicativo desta condição. Quando as condições são aeróbicas, o aceptor final da cadeia respiratória dos microrganismos do solo é oxigênio, e sua eficiência na decomposição de materiais orgânicos pode chegar à decomposição completa em CO2. Quando as condições são de excesso de água (falta de oxigênio), as populações de microrganismos aeróbios são substituídas por populações de anaeróbios, com menor eficiência na decomposição de materiais orgânicos e usando outros elementos como aceptores finais dos elétrons da cadeia respiratória. Este fato gera duas conseqüências importantes para a gênese do solo: o aumento na concentração de agentes complexantes orgânicos e maior abundância de elétrons no meio, havendo então uma redução intensa de Nitrogênio primeiramente, e logo após de Ferro e Manganês. Com isto, estes elementos são transportados para fora do perfil, e como os principais agentes pigmentantes são os óxidos e matéria orgânica, os horizontes superficiais ficam com coloração acinzentada, que é a coloração típica dos outros argilominerais que permanecem no perfil. Por isto, a coloração acinzentada no perfil é um forte indicativo de drenagem lenta ou impedida. 4.5. CALCIFICAÇAO Denomina-se calcificação aos processos combinados que levam à concentração de carbonato de cálcio no solo. Este processo de formação do solo ocorre onde a precipitação, apesar de ser acentuada, é menor que a evapotranspiração potencial durante a maior parte do ano. O tipo geral de vegetação onde se dá este processo é muito característico e consiste principalmente de gramíneas e o relevo é plano. Os fatores pedogenéticos que contribuem neste processo de formação do solo, com maior ou menor intensidade, são: Remoção — diz respeito principalmente a compostos de ferro e depende do feito de que os compostos ferrosos são mais solúveis que os férricos e portanto mais facilmente removidos do perfil do solo, ainda que a completa remoção só possa ocorrer lentamente e não tão facilmente na forma vertical devido à drenagem impedida. A perda de compostos férricos por redução e solução, juntamente com a movimentação lenta da água, dão uma aparência descolorida ao horizonte A que faz com que, em determinados casos, se assemelhe muito ao processo de Podzolização. Translocação — A transferência de Fe, Al, Mn e matéria orgânica ocorre igualmente como na podzolização, porém, a zona de acumulação toma uma aparência manchada e não estriada como na podzolização, devido não haver infiltração vertical da água. Os sais solúveis tendem a ser translocados da parte superior para a parte inferior do perfil, onde se acumula, aumentando a quantidade de sais alcalinos, aí encontrados nas formas de carbonatos, bicarbonatos, cloretos e nitratos. Portanto, a acidez do solo diminui (aumenta o pH) e com freqüência se obtém valores de pH em torno de 6,0 ou até maiores. 4.6. SALINIZAÇAO Salinização é um processo típico de climas áridos onde a precipitação é bastante menor que a evapotranspiração potencial, durante uma grande parte do ano. Nos solos salinos os sais solúveis são o reflexo de alguma condição local e nos períodos secos abundam sulfatos e cloretos de Na, Ca, Mg e K, que chegam a formar crostas brancas à superfície dos solos. Geralmente predomina o cloreto de sódio. Ossolos formados nesse processo possuem reação alcalino e seu horizonte B caracteriza-se por possuir uma estrutura colunar ou prismática. As adições de materiais são insignificantes. A matéria orgânica se apresenta em pequena quantidade ou não existe devido à falta de vegetação. Às vezes agregam-se materiais eólicos à superfície do solo. A remoção completa não ocorre na salinização por falta de água de percolação. E a translocação causa a maioria das trocas e resulta na deposição de sais na superfície do solo na forma de incrustações brancas, cristalinas e brilhantes, produzidas pelo movimento capilar. Os carbonatos e sulfatos são geralmente transportados para cima e depositados a pouca profundidade no horizonte B na forma de pontuações brancas, capas delgadas ou manchas. Nos lugares onde existe pouca matéria orgânica e as condições são salinas, a matéria orgânica forma superficialmente uma delgada capa húmica de cor negra intensa que em parte se dissolve durante os períodos ocasionais de chuva ou quando se faz irrigação, formando manchas negras na superfície do terreno. As transformações nos solos salinos e alcalinos consistem principalmente da formação de minerais argilosos do tipo 2:1, especialmente montmorilonita que, se não está presente no material originário, se forma no solo quando as condições de umidade favorecem a síntese dos minerais secundários. A estrutura destes solos é colunar e prismática devido ao alto grau de concentração dos minerais argilosos do tipo 2:1. Este processo fica caracterizado quando mais de 2% da CTC está saturada por sais e a condutividade elétrica é maior que 4mS. 4.7. SODIFICAÇÃO OU SOLONIZAÇÃO É um processo que resulta numa alta SATURAÇÃO da CTC por sódio. Na salinização a presença de outros íons não desestabiliza a estrutura, mas neste caso o predomínio do sódio dispersa os argilominerais gerando um horizonte B textural impermeável chamado de B nátrico. Este processo é caracterizado por um valor de pH entre 8,5 e 10, saturação de sódio na troca maior que 15% e condutividade elétrica maior que 4mS. 5. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA BRADY, N.C. & WEIL, R. The Nature and Properties of Soils. 11th edition. Macmillan Publsh. Company. 1999. BRASIL. Ministério da Agricultura. Departamento Nacional de Pesquisa Agropecuária. Divisão de Pesquisa Pedológica. 1973. Levantamento de reconhecimento dos solos do Estado do Rio Grande do Sul. Recife. 431p. (Boletim Técnico, 30) BUOL, S.W.; HOLE, F.D.; McCRACKEN, R.J. & SOUTHARD, R.J. Soil Genesis and Classification. Fifth edition. Iowa State University Press. Ames, EUA. 520 P. 2003. CASTRO, S.S. Micromorfologia de solos - Pequeno guia para descrição de lâminas delgadas. Dep. De Geografia, FFLCH/USP. 1988. 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