Buscar

Linguística Slides de Aula II


Continue navegando


Prévia do material em texto

Unidade II
LINGUÍSTICA
Profa. Márcia Selivon
Fonologia e morfologia
 Nesta unidade, serão abordados os 
objetos de estudo de duas disciplinas 
específicas dos estudos linguísticos: 
fonologia e morfologia. 
 Fonologia: estudo específico das 
unidades sonoras distintivas 
de uma língua.
 Morfologia: analisa a forma e a estrutura 
das palavras de uma língua. 
 Essa abordagem começou a partir dos g ç p
séculos XV e XVI, quando o interesse era 
encontrar a sistematicidade nos aspectos 
físicos da linguagem (WEEDWOOD,1995).
Fonologia e morfologia: 
contribuições para o ensino-
aprendizagem
 Além das especificidades de cada 
disciplina, abordaremos a influência que 
uma exerce sobre a outra e suas 
contribuições para o ensino-
aprendizagem de línguas.
Fonologia e fonética
A fonologia estuda 
e descreve o plano 
sonoro dos 
sistemas 
linguísticos. Vale 
ressaltar que
Fonética Fonologia
Signifi Signifiressaltar que, 
apesar de a 
fonologia servir-se 
dos conhecimentos 
advindos da 
fonética, seus
Signifi-
cante 
(fala)
Signifi-
cado
(língua)
Unidade Unidade fonética, seus 
objetos de estudo 
são distintos. 
de análise
Fones
[t]
de análise
Fonemas
/t/
Fonologia e fonética: objetivos 
distintos
A fonologia analisa 
os sons que 
produzem 
significado em uma 
língua; a fonética 
analisa como se dá
Fonética Fonologia
Signifi Signifianalisa como se dá 
a produção dos 
sons por meio do 
aparelho fonador. 
Portanto, para a 
fonologia, o foco é
Signifi-
cante
(fala)
Signifi-
cado
(língua)
Unidade Unidade fonologia, o foco é 
a produção de 
significado, e para a 
fonética, é a 
produção dos sons.
de análise
Fones
[t]
de análise
Fonemas
/t/
A fonologia e as unidades fônicas 
distintivas
À À fonologia, cabe analisar os sons 
característicos de determinado sistema 
linguístico: as unidades fônicas 
distintivas de uma língua. 
 Por exemplo, em português, a palavra 
caça ['kasa] diferencia-se de casa ['kaza] 
pelo uso de uma consoante fricativa 
alveolar surda /s/ em caça e de uma 
sonora /z/ em casa.
 As unidades /s/ e /z/ diferenciam 
significados. 
A fonologia e as vogais
 As línguas possuem fonemas 
específicos; por exemplo, no português 
existem sete vogais; no espanhol, cinco, 
e no inglês, onze.
 Esse fato explica a dificuldade que 
muitos alunos apresentam para 
pronunciar vogais, no inglês, que não 
são reconhecidas em sua língua materna. 
O som de [i], no inglês, apresenta uma 
ocorrência em “leave” e outra em “live”.
Fonemas
 A teoria fonêmica americana define o 
fonema como a menor unidade 
fonológica da língua. 
 Os teóricos da Escola de Praga 
consideram os fonemas como traços 
distintivos simultâneos.
Exemplos de fonemas
 /p/ e /b/ são considerados fonemas, pois 
apresentam um mesmo modo de 
articulação (oclusivos - obstrução total 
de ar), um mesmo ponto de articulação 
(labiais) e apresentam a distinção surdo e 
sonoro (vibração do som)sonoro (vibração do som).
 A análise ocorre pela permuta de um som 
por outro, na composição das palavras: 
“bata” e “pata”.
Alofones e sílabas
 Alofone: um mesmo fonema é realizado 
de forma variada, como no caso do /s/ 
produzido pelos cariocas. O alofone, 
portanto, é uma variante fonética de um 
mesmo fonema.
Sílaba: unidade básica que nos informa 
acerca de como está organizado o 
sistema fonológico de uma língua: ela é 
estritamente fonológica e não pode ser 
confundida com uma unidade da 
gramática ou da semânticagramática ou da semântica.
A organização da sílaba
 A sílaba pode ser formada por mais de 
um fonema. 
 A sílaba é divisível. 
 A sílaba organiza o sistema fonológico de 
uma língua.uma língua. 
 A forma mais conhecida de divisão 
silábica, nas línguas do mundo, é a 
estrutura conhecida por CVC (consoante 
+ vogal + consoante).
Estruturas silábicas
 Na estrutura silábica do português, as 
vogais formam o “centro da sílaba” 
(amora); as consoantes nunca aparecem 
como núcleo de sílaba. 
 Essa ocorrência explica o motivo de 
falantes da língua portuguesa terem 
dificuldade para pronunciar palavras de 
outras línguas que admitem outra 
configuração.
Vejamos alguns exemplos de estrutura 
silábica do português:
 CVC: cor;
 CV: de;
 CCV: grupo.
Interatividade
Indique a alternativa correta:
a) A fonologia estuda e descreve o plano 
sintático dos sistemas linguísticos.
b) A fonologia estuda e descreve o plano 
sonoro dos sistemas linguísticos.sonoro dos sistemas linguísticos.
c) Fonética e fonologia estudam as 
unidades sonoras significativas.
d) A fonologia estuda os morfemas de uma 
língua.
) A f l i d lé i de) A fonologia estuda o léxico de uma 
língua.
Classificação das palavras pelo 
número de sílabas
 As monossílabas apresentam apenas 
uma vogal (já).
 As dissílabas apresentam duas vogais 
(ca-da).
 As trissílabas apresentam três vogaisAs trissílabas apresentam três vogais 
(es-co-la).
 As polissílabas apresentam quatro ou 
mais vogais (a-mi-gá-vel).
Classificação das palavras segundo 
a intensidade
 As sílabas também podem ser 
classificadas segundo a intensidade da 
voz (tônicas e átonas).
 Oxítonas: quando a última sílaba é tônica 
(Pa-ra-ná).
 Paroxítona: penúltima sílaba tônica (pa-
re-de).
 Proparoxítona: antepenúltima sílaba 
tônica (mé-di-co).
Consoantes do português: modo de 
articulação
 Para classificar os fonemas, utilizamos 
critérios dos estudos fonéticos sobre a 
produção dos sons por meio do aparelho 
fonador (articulação dos sons).
 Modo de articulação: maneira como a 
corrente de ar proveniente dos pulmões 
supera os obstáculos. Por exemplo, uma 
consoante oclusiva é produzida por uma 
obstrução total à passagem do ar: /p/.
Consoantes do português: ponto de 
articulação
 Ponto de articulação: local em que ocorre 
a obstrução ou o estreitamento por meio 
das pregas vocais. O /p/ é um som labial.
 Sonoridade: quando as pregas vocais 
vibram, a consoante é descrita como 
sonora /b/; caso contrário, é surda /p/.
Linguística e estruturalismo no 
Brasil 
Joaquim Mattoso Câmara Jr. foi o pioneiro 
da linguística e do estruturalismo no Brasil. 
Fez uma descrição detalhada do sistema 
fonológico do português. Vejamos um 
exemplo da classificação do autor para as 
consoantes do português:consoantes do português:
Modo de articulação
oclusivas fricativas
surdas sonoras surdas sonoras
p b f vp b f v
Ponto de articulação
labial ântero-linguais
p/b t/d
Contribuição de Mattoso Câmara Jr. 
 Sua contribuição foi de extrema 
importância, pois a partir do mapeamento 
dos fonemas que formam o sistema 
fonológico da nossa língua, podemos 
identificar suas variações.
Vogais do português
 O sistema vocálico do português 
compreende sete vogais orais (a corrente 
de ar passa pela cavidade oral) e cinco 
nasais (ressonância nasal produzida pela 
influência das consoantes “n” ou “m”ou 
marcadas pelo “til”)marcadas pelo “til”). 
 As vogais [e] e [o] podem distinguir 
significados, por exemplo, nas palavras 
s[e]de (necessidade de beber) 
e s[Є]de (lugar).
Importância do conhecimento 
fonológico
 O conhecimento fonológico serve para 
caracterizar o plano sonoro de um 
sistema linguístico, contribuindo para a 
aprendizagem de aspectos significativos 
das línguas.
Morfologia: formação das palavras
 A morfologia é a disciplina que estuda a 
forma e a estrutura das palavras. 
 Antes do Renascimento, cada palavra era 
vista como uma unidade semântica; não 
se decompunha em unidades menores. Muito antes, porém, os semitas já 
possuíam o conceito de raiz (núcleo com 
conteúdo semântico básico). 
 A palavra “infelizmente” pode ser 
dividida em unidades menores: prefixo p
(in); raiz (feliz); mente (sufixo).
Morfologia e estruturalismo
Para o estruturalismo, a morfologia é uma 
disciplina essencial porque:
a) a morfologia tenta explicar como 
reconhecemos palavras nunca ouvidas 
antes;
b) a morfologia procura identificar os 
morfemas que compõem cada língua 
falada no mundo.
Interatividade
Indique a alternativa correta:
a) A morfologia estuda a forma e a 
estrutura das palavras.
b) Todas as línguas apresentam os 
mesmos fonemas.mesmos fonemas.
c) O estruturalismo não se interessa pelos 
aspectos morfológicos de uma língua.
d) A morfologia estuda as unidades 
sonoras mínimas de sentido.
) A ã de) As consoantes não podem ser 
classificadas de acordo com o modo de 
articulação.
Morfemas lexicais
Morfemas são unidades abstratas que 
constituem a menor unidade significativa na 
composição das palavras. Podem ser 
lexicais e gramaticais.
 Os morfemas lexicais possuem 
significado e podem ocorrer como 
palavras separadas ou usados na 
formação de novas palavras. Por 
exemplo: feliz – felizmente.
Morfemas gramaticais e alomorfes
 Os morfemas gramaticais (afixos, 
preposições, artigos etc.) exprimem 
relações gramaticais. Por exemplo: 
alunos de Letras.
 Alomorfes: variantes de um mesmo 
morfema. 
Processo de formação de palavras 
em português: prefixação e 
sufixação
Existem vários processos de formação de 
palavras no português. Os principais são os 
seguintes: 
 Derivação: consiste no acréscimo de 
morfemas a um radical já existente 
(afixos). Pode ocorrer por:
 Prefixação: consiste em adicionar à 
palavra um prefixo. Exemplos: feliz –
infeliz; ligar – desligar etc. 
 Sufixação: consiste em adicionar à ç
palavra um sufixo. Exemplos: laranja –
laranjeira.
Processo de formação de palavras 
em português: parassíntese
Parassíntese (derivação parassintética): 
consiste em adicionar, ao mesmo tempo, 
um sufixo e um prefixo:
 Exemplo: “desalmado”.
Processo de formação de palavras 
em português: prefixação e 
sufixação
 Prefixação e sufixação: não são 
consideradas parassínteses palavras 
como “decodificação”, uma vez que 
existe a palavra “codificação”, sendo o 
prefixo independente do sufixo. 
 Quando isso ocorre, a palavra sofreu 
tanto prefixação quanto sufixação. 
Processo de formação das 
palavras: regressão e conversão
 Regressão: geralmente são substantivos 
que provêm de verbos, sem as 
desinências verbais. 
Exemplo: consumir – consumo.
 Conversão: consiste apenas em mudar a 
classe gramatical, geralmente 
transformando o verbo em substantivo.
Exemplo: o amar.
Processo de formação das 
palavras: justaposição e 
aglutinação
 Composição: processo que consiste em 
unir dois ou mais radicais para formar 
uma nova palavra.
Existem quatro processos de composição:
 Justaposição: não há mudança nasJustaposição: não há mudança nas 
palavras originais; são unidas sem 
perder letras ou fonemas, com ou sem 
hífen. Exemplo: couve-flor. 
 Aglutinação: parte do elemento original 
das palavras se perde. Exemplo: planalto. p p p p
Processo de formação das 
palavras: hibridismo e onomatopeia
 Hibridismo: consiste na união de 
elementos originados de idiomas 
diferentes. 
Exemplo: automóvel.
 Onomatopeia: reprodução imitativa de 
certos sons. 
Exemplo: blém-blém.
Interatividade
Indique a definição correta para o processo 
de derivação parassintética:
a) Acréscimo de sufixo.
b) Acréscimo de prefixo.
c) Acréscimo de raiz e sufixo ao mesmoc) Acréscimo de raiz e sufixo, ao mesmo 
tempo.
d) Acréscimo de fonemas.
e) Acréscimo de sufixo e prefixo, 
ao mesmo tempo.
Morfologia e ensino-aprendizagem
 Conhecer a estrutura das palavras e seus 
componentes mínimos, conforme 
estudados pela morfologia, pode 
propiciar um entendimento mais amplo 
sobre o significado das palavras, 
inclusive daquelas que nunca ouviraminclusive daquelas que nunca ouviram 
antes.
Fonologia e ensino-aprendizagem
 A variedade linguística é uma marca de 
identificação de sotaque que 
corresponde à região geográfica do 
falante. Pode ajudar a despertar, nos 
alunos, a percepção e o respeito à 
diversidade presente no modo de falardiversidade presente no modo de falar 
dos brasileiros.
Fonologia e língua estrangeira
 O professor de língua estrangeira pode 
resolver problemas de interferência, 
desenvolvendo estratégias que auxiliem 
o estudante a superar a tendência de 
transpor o sistema fônico de sua língua 
materna para a língua estrangeiramaterna para a língua estrangeira.
Fonologia e ortografia
 Há uma relação entre os fonemas e os 
símbolos gráficos que os representam. 
Porém, algumas ocorrências são claras e 
demonstram que letra não é fonema.
 Por exemplo, o fonema /s/, em português, 
é grafado de diferentes maneiras: cedo, 
cresça, passar, sintaxe etc.
Fonologia e ortografia
 Ao saber que letra não é fonema, pode-se 
explicar, por meio dos conhecimentos da 
fonologia, as questões que envolvem a 
ortografia das palavras.
Ensino-aprendizagem de línguas 
estrangeiras
 O estudo das línguas estrangeiras recebe 
o estatuto de disciplina tão importante 
como qualquer outra do currículo. Por 
isso, é necessário ressaltar o papel do 
professor no processo de ensino-
aprendizagemaprendizagem. 
Ensino-aprendizagem de línguas 
estrangeiras
 Se os alunos forem estimulados a 
comparar dois sistemas linguísticos 
distintos, certamente encontrarão 
diferenças de vários tipos.
Ensino-aprendizagem de línguas 
estrangeiras
 Por exemplo: no inglês, a estrutura 
silábica é mais econômica do que no 
português (trip – viagem). 
 Na construção das frases, a ocorrência 
fica ainda mais evidente: “let’s work
(duas sílabas) e “va-mos tra-ba-lhar” 
(cinco sílabas). 
Reflexões sobre a aprendizagem de 
línguas
 Vários aspectos podem ser abordados 
por meio dos estudos da fonologia e 
morfologia para despertar a reflexão 
crítica de professores e de alunos quanto 
à aprendizagem de línguas e à 
diversidade linguística presente nadiversidade linguística presente na 
própria língua. 
Interatividade
Indique a alternativa incorreta: 
a) A variedade é uma marca responsável 
pela identificação de sotaque.
b) Pelos estudos realizados, pode-se dizer 
que fonema é sinônimo de letra.que fonema é sinônimo de letra.
c) A aprendizagem de uma língua 
estrangeira pode se beneficiar do 
conhecimento da fonologia.
d) Ao aprender uma língua, é comum usar 
os fones da língua materna na pronúnciaos fones da língua materna na pronúncia 
daquela que se está aprendendo.
e) Morfemas não são sinônimos de 
fonemas.
ATÉ A PRÓXIMA!