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Chapter 11 ESCOAMENTO EXTERNO: ARRASTO E SUSTENTAÇÃO 2 A esteira de um Boeing 767 pertuba o topo de uma nuvem e claramente mostra os vórtices contra-rotativos de ponta de asa. 3 Objetivos • Entender intuitivamente os vários fenômenos físicos como arrasto, arrasto de atrito e arrasto de pressão, redução de arrasto e sustentação. • Calcular a força de arrasto associada com o escoamento sobre geometrias comuns. • Entender os efeitos do regime de escoamento sobre os coeficientes de arrasto associados com o escoamento sobre cilindros e esferas. • Entender os fundamentos do escoamento sobre aerofólios e calcular as forças de arrasto e de sustentação agindo sobre aerofólios. 4 11–1 ■ INTRODUÇÃO O escoamento de fluido sobre corpos sólidos ocorre frequentemente na prática, e é responsável por inúmeros fenômenos físicos, tais como • a força de arrasto age sobre os automóveis, linhas de energia, árvores e oleodutos subaquáticos; • a sustentação desenvolvidas pelas asas de um avião ou pássaro; • ascensão da chuva, neve, granizo e partículas de pó em ventos fortes; • o transporte de células vermelhas do sangue pela corrente sanguínea; • o espalhamento de gotículas líquidas pelos sprays; • a vibração e o ruído gerado por corpos movendo-se em um fluído; e • a força gerada em turbinas eólicas. Um fluido que se move ao longo de um corpo estacionário (tais como o vento que sopra sobre um edifício), e um corpo em movimento por meio de um fluido em repouso (tais como um carro que se desloca através do ar) são conhecidos como escoamento sobre corpos ou escoamento externo. 5 Escoamento sobre corpos é normalmente encontrado na prática. 6 7 Os campos de escoamento e geometrias para a maioria dos problemas de escoamento externo são muito complicados e temos que confiar em correlações com base em dados experimentais. Velocidade de corrente livre: A velocidade de um fluido que se aproxima de um corpo (V or u or U) Escoamento bidimensional: quando o corpo é muito longo, tem seção transversal constante e o escoamento é normal ao corpo. Escoamento axissimétrico: Quando o corpo possui simetria de rotação em torno do eixo na direcção do escoamento. O escoamento, neste caso, também é bidimensional. Escoamento tridimensional: Escoamento ao longo de um corpo que não pode ser modelado como bidimensional ou com simetria axial , tais como o escoamento ao longo de um carro. Escoamento incompressível: (ex., escoamento sobre um carro, submarinos, e edifícios) Escoamento compressível: (ex., escoamento sobre sobre uma aeronave em alta- velocidade, foguete, e mísseis). Corpo aerodinâmico ou carenado: Se um esforço consciente é feito para alinhar a sua forma com as linhas de corrente previstos no escoamento. Corpos aerodinâmicos, como carros de corrida e aviões parecem ser contornados e elegantes. Rombudo: Se um corpo (por exemplo um prédio) tende a bloquear o escoamento. Em geral, é muito mais fácil para forçar um corpo aerodinâmico através de um fluido. 8 9 10 11–2 ■ ARRASTO E SUSTENTAÇÃO • Um corpo encontra alguma resistência, quando ele é forçado a passar através de um fluido, especialmente um líquido. • Um fluido pode exercer forças e momentos sobre um corpo em várias direcções. • Arrasto: A força que um fluido em movimento exerce sobre um corpo na direção do escoamento. • A força de arrasto pode ser medida diretamente apenas predendo-se o objeto que está submetido ao escoamento do fluido a uma mola calibrada e medindo o deslocamento na direção do escoamento. • O arrasto é geralmente um efeito indesejável, como o atrito, e nós fazemos o nosso melhor para minimizá-lo. • Mas em alguns casos o arrasto produz um efeito muito benéfico e tentamos maximizar (ex., freios de automóveis). Os ventos fortes derrubar árvores, linhas de energia, e até mesmo pessoas como resultado da força de arrasto. 11 Sustentação: Os componentes da pressão e forças de cisalhamento de parede na direção normal ao escoamento tendem a mover o corpo nessa direção, e a sua soma é conhecida como Sustentação. As forças do fluido pode gerar momentos e fazer com que o corpo gire. Momento de rolagem: Momento em relação a um eixo na direção do escoamento. Momento de guinada: Momento em relação a um eixo na direção da sustentação. Momento de arfagem: Momento em relação a um eixo na direção da força lateral. A forças de pressão e viscosas agindo sobre um corpo bidimensional e as forças de sustentação e arrasto resultantes. 12 (a) A força de arrasto atuando em uma placa plana paralela ao escoamento depende somente do cisalhamento na parede. (b) A força de arrasto atua sobre uma placa plana normal ao escoamento depende apenas da pressão e é independente do cisalhamento na parede, que atua normal ao escoamento da corrente livre. Airplane wings are shaped and positioned to generate sufficient lift during flight while keeping drag at a minimum. Pressures above and below atmospheric pressure are indicated by plus and minus signs, respectively. 13 As forças de arrasto e de sustentação dependem da densidade do fluido, da velocidade a montante, do tamanho, forma e orientação do objeto. É mais conveniente trabalhar com números adimensionais apropriados que representam as forças de arrasto e de sustentação características do objeto. Estes números são: coeficiente de arrasto CD, coeficiente de sustentação CL. Durante a queda livre, um corpo alcança a velocidade terminal onde a força de arrasto é igual a força peso do corpo menos força de empuxo. A Área frontal Pressão dinâmica Nos cálculos das forças de sustentação e arrasto de alguns corpos delgados, tais como aerofólios, A é considerado como a área planiforme, que é a área visto por uma pessoa olhando para o corpo a partir de cima na direção normal ao objeto. 14 15 11–3 ■ ARRASTO DE ATRITO E PRESSÃO • A força de arrasto é a força líquida exercida por um fluido sobre um corpo na direção do escoamento, devido aos efeitos combinados das forças de cisalhamento de parede e de pressão. • O termo de arrasto que é devido diretamente à tensão de cisalhamento na parede é chamado de arrasto de atrito superficial (ou apenas arrasto de atrito) pois ela é causada por efeitos de atrito, o termo que é devido diretamente à pressão é conhecido como arrasto de pressão (também chamado de arrasto de forma devido à sua forte dependência da forma do corpo). • O arrasto de atrito é a componente das força de cisalhamento da parede na direção do escoamento, e, portanto, depende da orientação do corpo, bem como da magnitude da tensão de cisalhamento. • Para um escoamento paralelo sobre uma superfície plana, o coeficiente de arrasto é igual ao coeficiente de arrasto de atrito. • O arrasto de atrito é uma função que depende muito da viscosidade e aumenta com o aumento da viscosidade. 16 Arrasto é inteiramente devido ao arrasto de atrito para uma placa plana paralela ao escoamento; é inteiramente devido à pressão de arrasto para uma placa plana normal ao escoamento; e é devido a ambos (mas, principalmente, ao arrasto de pressão) para um cilindro normal ao escoamento. O coeficiente de arrasto total CD é menor para uma placa plana paralela, maior para uma placa plana vertical e intermediário (mas próximo à aquele de uma placa plana vertical) para um cilindro. 17 Reduzindo o Arrasto pelo Carenamento O carenamento diminui o arrasto de pressão, atrasando a separação da camada limite e reduzindo, assim, a diferença de pressão entre a frente e a parte de trás do corpo, mas aumenta a resistência de atrito, aumentando a área de superfície. O resultado final depende de qual efeito domina. A variação dos coeficientes de atrito, pressão e arrasto total deuma estrutura carenada com a relação entre espessura e comprimento da corda para Re = 4×104. Note que CD para aerofólios e outros corpos delgados é baseado na área planiforme e não na área total. 18 A variação do coeficiente de arrasto de um cilindro elíptico longo com relação de aspecto. Aqui CD é baseado na área frontal bD onde b é a largura do corpo. O coeficiente de arrasto diminui drasticamente conforme a elipse torna-se mais delgada. A redução do coeficiente de arrasto em relação aos altos aspectos de razão é devido à camada limite ficar ligada à superfície por mais tempo e a recuperação da pressão resultante. O carenamento tem o benefício adicional de reduzir a vibração e o ruído. O carenamento deve ser considerado somente para corpos rombudos que estejam submetidos a escoamento de fluído em alta velocidade (e, portanto, altos números de Reynolds) para os quais a separação do escoamento é uma possibilidade real. O carenamento não é necessário para corpos, que tipicamente, envolvem escoamentos com baixos números de Reynolds. 19 Separação de Escoamento Separação do escoamento: Em velocidades suficientemente altas, a corrente de fluido se separa da superfície do corpo. A localização do ponto de separação depende de vários fatores como, o número de Reynolds, a rugosidade da superfície e o nível de flutuação da corrente livre, e, normalmente, é difícil prever com exatidão onde ocorrerá a separação. Flow separation in a waterfall. Flow separation over a backward- facing step along a wall. 20 • Região de separação: Quando um fluido separa de um corpo, ele forma uma região separada entre o corpo e a corrente de fluido. • Essa é uma região de baixa pressão atrás do corpo onde recirculação e fluxos de retorno ocorrerem. • Quanto maior for a região de separação, maior será a pressão de arrasto. • Os efeitos de separação de escoamento são sentidas mais a jusante, sob a forma de velocidade reduzida (em relação à velocidade a montante). • Esteira: A região do escoamento à direita do corpo, onde os efeitos do corpo sobre a velocidade são sentidos. • Efeitos viscosos e rotacionais são os mais significativos na camada limite, a região separada e na esteira. Flow separation and the wake region during flow over a tennis ball. Em grandes ângulos de ataque (normalmente, maiores que 15°), o escoamento pode se separar completamente da superfície superior de um aerofólio, reduzindo a sustentação drasticamente e fazendo o aerofólio entrar em regime de estol. Uma consequência importante da separação de escoamento é a formação e desprendimento de porções de fluidos em rotação, chamadas de vórtices, na região de esteira. A geração periódica destes vórtices a jusante de um corpo é conhecida como desprendimento de vórtices. As vibrações geradas pelos vórtices próximo ao corpo podem fazer o corpo entrar em ressonância atingindo níveis perigosos de vibração se a frequência dos vórtices estiver próxima da frequência natural do corpo. 21 22 11–4 ■ COEFICIENTE DE ARRASTO PARA GEOMETRIAS COMUNS O comportamento de arrasto de vários corpos naturais e de origem humana é caracterizado por seus coeficientes de arrasto medidos em condições normais de funcionamento. Normalmente é registrado o coeficiente de arrasto total (atrito+pressão). O coeficiente de arrasto para a maioria das geometrias (mas nem todas) permanece essencialmente constante com o números de Reynolds acima de de, aproximadamente, 104. O coeficiente de arrasto apresenta um comportamento diferente no baixo (lento), moderada (laminar), e nas regiões elevadas (turbulento) do número de Reynolds. Os efeitos de inércia são desprezados na região de baixo número de Reynolds(Re < 1), conhecido como escoamentos lentos, e o fluído de distibui ao redor do corpo uniformemente. Escoamento lento, esfera Lei de Stokes A lei de Stokes é muitas vezes aplicável a partículas de poeira no ar e partículas sólidas suspensas na água . 23 24 25 26 27 28 Observações das tabelas de coeficiente de arrasto A orientação do corpo em relação à direção do escoamento tem uma grande influência sobre o coeficiente de arrasto. Para corpos rombudos com arestas agudas como, por exemplo, o escoamento sobre um bloco retangular ou uma placa plana normal ao escoamento, a separação ocorre nas bordas das superfícies da frente e de trás, sem uma alteração significativa nas características do escoamento. Portanto , o coeficiente de arrasto de tais corpos é quase independente do número de Reynolds . O coeficiente de arrasto de uma haste retangular longa pode ser reduzido quase pela metade a partir de 2.2 para 1.2 arredondando os cantos. O coeficiente de arrasto de um corpo pode alterar drasticamente alterando-se a orientação do corpo (e, portanto, a forma) em relação à direção do escoamento. 29 Sistemas Biológicos e Arrasto As aves nos ensinam uma lição sobre a redução de arrasto, estendendo seu bico para a frente e dobrar seus pés para trás durante o voo O conceito de arrasto também tem consequências importantes para os sistemas biológicos. Os corpos de peixes, especialmente os que nadam rápido por longas distâncias (como os golfinhos) , são altamente carenados para minimizar o arrasto (o coeficiente de arrasto dos golfinhos com base na área superficial molhada é de cerca de 0,0035, comparável ao valor de uma placa plana em escoamento turbulento ). Aviões, que se parecem um pouco com pássaros grandes, retrai suas rodas após a decolagem, a fim de reduzir o arrasto e, portanto, o consumo de combustível . A estrutura flexível de plantas que lhes permite reduzir o arrasto em ventos fortes, alterando suas formas. Folhas largas se enrolam em uma forma cônica de baixo coeficiente de arrasto durante ventos fortes e os galhos se juntam para reduzir o arrasto. Troncos flexíveis dobram sob a influência do vento para reduzir o arrasto e o momento fletor é reduzido pela redução da área frontal. Cavaleiros e ciclistas inclinam-se o máximo para a frente para reduzir o arrasto. 30 Coeficiente de arrasto de Veículos Este elegante Toyota Prius tem um coeficiente de arrasto de 0,26 – um dos menores para automóveis de passageiros . Os coeficientes de arrasto de veículos variam de cerca de 1,0 para grandes carretas a 0,4 para minivans, 0,3 para automóveis de passageiros e 0,2 para carros de corrida. O limite teórico inferior é cerca de 0,1. Em geral, quanto mais rombudo for o veículo, maior será o coeficiente de arrasto. Instalar uma carenagem reduz o coeficiente de arrasto das carretas de carga em aproximadamente 20%, tornando a superfície frontal mais carenada. Como regra prática, a percentagem de economia de combustível devido à redução do arrasto é de aproximadamente metade da percentagem de redução do arrasto. As linhas de corrente em torno de um carro moderno com design aerodinâmico se assemelham as linhas de corrente ao redor do carro no escoamento potencial ideal (assume o atrito desprezível), exceto na proximidade da extremidade traseira , resultando em um coeficiente de arrasto baixo 31 O coeficiente de arrasto de corpos que seguem outros corpos em movimento pode ser consideravelmente reduzidos devido ao drafting (isto é, entrando na região de baixa pressão criada pelo corpo que está na frente). A resistência aerodinâmica é desprezivel para baixas velocidades , mas torna-se significativa a velocidades superiores 50 km/h. Em estradas de velocidade, um motorista muitas vezes pode economizar combustível em clima quente, ligando o ar condicionado em vez de dirigir com as janelas abertas. A turbulência e o arrasto adicional gerado pelas janelas abertas consomem mais combustível do que o ar condicionador. SuperposiçãoAs formas de muitos corpos encontrados na prática não são simples. Mas esses corpos podem ser tratados convenientemente nos cálculos da força de arrasto por considerando-os como composto por dois ou mais corpos simples. Uma antena de satélite montado num telhado com uma barra cilíndrica, por exemplo, pode ser considerada como sendo uma combinação de um corpo hemisférico e um cilindro. Em seguida, o coeficiente de arrasto do corpo pode ser determinado aproximadamente usando-se a superposição. 32 33 34 35 11–5 ■ ESCOAMENTO PARALELO SOBRE PLACAS PLANAS O desenvolvimento da camada limite do escoamento sobre uma placa plana e os diferentes regimes de escoamento. Camada limite dinâmica: A região do escoamento acima da placa limitada por na qual são sentidos os efeitos das forças de cisalhamento viscoso causadas pela viscosidade do fluido. A espessura da camada limite é a distância y a partir da superfície na qual u = 0.99V. A linha hipotética de u = 0.99V divide o escoamento em duas regiões: Região da camada limite: Os efeitos viscosos e as alterações de velocidade são significativas. Região de escoamento irrotacional: Os efeitos de atrito são desprezíveis e a velocidade permanece essencialmente constante. 36 O desenvolvimento da camada limite em uma superfície é, devido à condição de ausência de deslizamento e de atrito. Para o escoamento paralelo sobre uma placa plana, o arrasto de pressão é igual a zero, e, assim, o coeficiente de arrasto é igual ao coeficiente de atrito e a força de arrasto é igual à força de atrito. Coeficiente de atrito em uma placa plana Força de atrito em uma placa plana A camada limite turbulenta pode ser considerados como formada por quatro regiões, caracterizadas pela distância em relação à parede: • subcamada viscosa • camada amortecedora • camada intermediária • camada turbulenta 37 A transição do escoamento laminar para escoamento turbulento depende da geometria da superfície, da rugosidade da superfície, da velocidade de corrente livre, da temperature da superfície, e o tipo do fluído, entre outras coisas; e é melhor caracterizado pelo número de Reynolds. O número de Reynolds a uma distância x a partir da borda de uma chapa plana é expressa como V velocidade de corrente livre x comprimento característico da geometria (para uma placa plana, é o comprimento da placa na direção do escoamento) Para o escoamento sobre uma placa plana e lisa, a transição de laminar para turbulento começa a Re 1105, mas não se torna plenamente turbulenta antes do número de Reynolds atingir valores muito mais elevados, normalmente em torno de Re=3106. Na análise de engenharia, um valor geralmente aceito para o número crítico de Reynolds é O valor real do número de Reynolds crítico de engenharia para uma placa plana pode variar um pouco entre 105 e 3106 dependendo da rugosidade da superfície, o nível de turbulência, e a variação da pressão ao longo da superfície. 38 Coeficiente de Atrito • O coeficiente de atrito para escoamento laminar sobre uma placa plana pode ser determinado teoricamente, resolvendo numericamente as equações de conservação da massa e equação de momento. • Para o escoamento turbulento, deve ser determinada experimentalmente e expresso por correlações empíricas. A variação do coeficiente de atrito para locais de fluxo sobre uma placa plana. Note-se que a escala vertical da camada limite é muito exagerada neste esboço. 39 Coeficiente de atrito médio ao longo de uma placa plana O coeficiente médio de atrito sobre uma superfície é determinado através da integração do coeficiente de atrito locais ao longo de toda a superfície. Os valores aqui apresentados são para uma camada limite de placa plana laminar. Quando a região do escoamento laminar não é ignorada 40 Para o escoamento turbulento, a rugosidade da superfície pode fazer o coeficiente de atrito aumentar várias vezes. Para escoamento laminar, o coeficiente de atrito depende apenas do número de Reynolds, a rugosidade da superfície não tem nenhum efeito. Para escoamento turbulento, a rugosidade da superfície faz com que o coeficiente de atrito aumente várias vezes, até o ponto em que o regime totalmente turbulento o coeficiente de atrito é uma função apenas da rugosidade da superfície e é independente do número de Reynolds. rugosidade da superfície L o comprimento da placa na direção do escoamento. Esta relação pode ser usada para o escoamento turbulento em superfícies rugosas para Re > 106, especialmente quando /L > 104. Este diagrama da placa plana é análogo ao diagrama de Moody para o escoamento em tubos. Cf aumenta várias vezes com a rugosidade no escoamento turbulento. Cf é independente do número de Reynolds na região totalmente rugosa. This chart is the flat-plate analog of the Moody chart for pipe flows. 41 42 43 44 11–6 ■ ESCOAMENTO SOBRE CILINDRO E ESFERA O escoamento sobre cilindros e esferas é frequentemente encontrado na prática. Os tubos em um trocador de calor do tipo casco-e-tubo envolvem tanto o escoamento interno através dos tubos quanto escoamento externo sobre os tubos. Muitos esporte como o futebol, tennis, e golf envolvem escoamento sobre esferas. Separação da canada limite laminar com uma esteira turbulenta; escoamento sobre um cilindro circular em Re = 2000. Em velocidades muito baixas, o fluido se envolve completamente em torno do cilindro. O escoamento na região de esteira é caracterizada pela formação de vórtices periódicos e baixas pressões. 45 Para o escoamento sobre o cilindro ou esfera, tanto o arrasto de atrito quanto arrasto de pressão pode ser significativo. A alta pressão na vizinhança do ponto de estagnação e a baixa pressão no lado oposto produz uma força resultante sobre o corpo na direção do escoamento. A força de arrasto é principalmente devido ao arrasto de atrito em baixos números de Reynolds (Re<10) e para números elevados de Reynolds (Re>5000) a força de arrasto é devido ao arrasto de pressão. Ambos os efeitos são significativos a números de Reynolds intermédios. Coeficiente de arrasto médio para o escoamento transversal sobre um cilindro circular liso e uma esfera lisa. 46 • Para Re<1, temos o escoamento lento, e o coeficiente de arrasto diminui com o aumento do número de Reynolds. Para uma esfera, este valor é CD=24/Re. Não há separação de escoamento. • Acima de Re=10, a separação começa a ocorrer na parte posterior do corpo com a formação de vórtices a partir de Re=90. A região de separação aumenta com o aumento do número de Reynolds acima de Re=103. Neste ponto, o arrasto é devido (acima de 95%) ao arrasto de pressão. O coeficiente de arrasto continua diminuindo com o aumento do número de Reynolds na faixa de10<Re<103. • Na faixa moderada 103<Re<105, o coeficiente de arrasto permanece relativamente constante. Esse comportamento é característico de corpos rombudos. O escamento na camada limite é laminar neste intervalo, mas o escoamento na região de separação depois do cilindro ou esfera é altamente turbulento com uma vasta esteira turbulenta. • Há uma queda brusca no coeficiente de arrasto em algum ponto no intervalo de 105<Re<106 (normalmente, acima de 2105). Esta grande redução do CD, é devido ao escoamento na camada limite que vai se tornando turbulenta movendo ainda mais o ponto de separação na parte de trás do corpo, reduzindo o tamanho da esteira e reduzindo, assim, a intensidade do arrasto de pressão. Isso está em contraste com os corpos carenados, que experimentam um aumento ao coeficiente de arrasto (principalmente, devido ao arrasto de atrito) quando a camada limite se torna turbulenta. • Há um regime de “transição” para 2105<Re<2106, noqual CD alcança um valor mínimo e então, lentamente, cresce para seu valor turbulento. Observações sobre as curvas CD 47 Visualização do escoamento sobre (a) uma esfera lisa com Re = 15,000, e (b) uma esfera com Re = 30,000 com um inductor de turbulência. O atraso da separação da camada limite é claramente visto através da comparação das duas fotografias. A separação do escoamento ocorre por volta = 80° (medida a partir do ponto de estagnação de frente de um cilindro) quando a camada limite é laminar e cerca de = 140° quando é turbulento. O atraso de separação no escoamento turbulento é causado pelas flutuações rápidas do fluido na direção transversal, permitindo que a camada limite turbulenta avance mais ao longo da superfície antes de ocorrer a separação, resultando em uma esteira mais estreita e um arrasto de pressão menor. 48 Efeito da Rugosidade da Superfície Superfícies rugosas, em geral, aumenta o coeficiente de arrasto no escoamento turbulento. Esse é, especialmente, o caso dos corpos carenados. Para corpos rombudos como um cilindro circular ou uma esfera, no entanto, um aumento na rugosidade da superfície pode, na realidade, diminuir o coeficiente de arrasto. O efeito da rugosidade da superfície sobre o coeficiente de arrasto de uma esfera. 49 A rugosidade da superfície pode aumentar ou diminuir o coeficiente de arrasto de um objeto esférico, dependendo do valor do número de Reynolds. A rugosidade da superfície pode ser utilizado com grande vantagem na redução do arrasto. As bolas de golfe são intencionalmente rugosas para induzir a turbulência com um número de Reynolds mais baixo a tirar vantagem da queda acentuada do coeficiente de arrasto devido ao aparecimento da turbulência na camada limite (a faixa de velocidade típica de bolas de golfe é 15 à 150 m/s, e o número de Reynolds é inferior a 4105). A ocorrência do escoamento turbulento nesse número de Reynolds reduz o coeficiente de arrasto de uma bola de golfe em aproximadamente a metade. Para uma certa tacada, isso significa uma distância mais longa a ser percorrida pela bola. Para uma bola de ténis de mesa, no entanto, as velocidades são mais lentas e a bola é menor — ela nunca atinge velocidades na faixa turbulenta. Portanto, as superfícies das bolas de ténis de mesa são lisas. Relação da força de arrasto Área frontal para um cilindro e uma esfera 50 51 52 11–7 ■ SUSTENTAÇÃO Sustentação: A componente da força resultante (devido as forças viscosas e atrito) que é perpendicular à direção do escoamento. Coeficiente de sustentação A área planiforme: a área que seria visto por uma pessoa olhando para o corpo a partir de cima na direção normal ao corpo. Definição de vários termos associados com um aerofólio. Para uma aeronave, a envergadura é a distância total entre as extremidades das duas asas, que inclui a largura da fuselagem entre as asas. A sustentação média por unidade de área planiforme FL/A é chamada de carga da asa, que é simplesmente a relação entre o peso da aeronave e a área planiforme das asas (pois asustentação é igual ao peso do avião durante o voo a uma altitude constante). 53 Aerofólios são projetados para provocar a elevação, mantendo o arrasto mínimo. Alguns dispositivos, como os spoilers e aerofólios invertidos em carros de corrida são projetados para evitar a elevação ou gerar empuxo negativo para melhorar a tração e o controle. A sustentação na prática pode ser considerada como devido, inteiramente, à distribuição de pressão nas superfícies do corpo, e, assim, a forma do corpo tem uma influência primária sobre a sustentação. Em seguida, a principal consideração na concepção de aerofólios é minimizar a pressão média na superfície superior e maximizar na superfície inferior. A pressão é baixa em locais onde a velocidade de escoamento é elevada, e a pressão é elevada em locais em que a velocidade do escoamento é baixa. A sustentação para moderados ângulos de ataque é praticamente independente da rugosidade da superfície uma vez que a rugosidade afeta o cisalhamento na parede, não a pressão. Para aerofólios, a contribuição dos efeitos viscosos para a sustentação é geralmente desprezível, já que o cisalhamento na parede é paralelo à superfície e, portanto, praticamente normal à direção da sustentação. 54 Escoamento irrotacional e real ao redor de aerofólios bidimensionais simétricos e não-simétricos. Logo após um aumento brusco no ângulo de ataque, um vórtice inicial anti- horário é formado à partir do aerofólio, enquanto aparece a circulação no sentido horário ao redor do aerofólio, causando o aparecimento da sustentação. 55 É desejável que as superfícies de sustentação devem gerar o máximo de elevação enquanto produz o mínimo de arrasto. Portanto , uma medida de desempenho para aerofólios é a relação sustentação- arrasto, o qual é equivale à razão entre os coeficientes de elevação e de arrasto CL/CD. A variação da relação sustentação-arrasto com ângulo de ataque para um aerofólio bidimensional. A relação CL/CD aumenta com o ângulo de ataque até que o aerofólio entre em regime de estol, e o valor da relação sustentação-arrasto pode ser da ordem de 100 para um aerofólio bidimensional. 56 Uma maneira de alterar as características de sustentação e arrasto de um aerofólio é mudar o ângulo de ataque. Em um avião, levanta-se o nariz para aumentar a sustentação, uma vez que as asas são fixas em relação à fuselagem. Outra abordagem é mudar a forma do aerofólio utilizando-se flaps móveis nos bordos de ataque e de fuga. Os flaps são usados para alterar a forma das asas durante a decolagem e pouso para maximizar a sustentação em baixas velocidades. Uma vez em altitude de cruzeiro, os flaps estão retraídos , e a asa é devolvido à sua forma "normal ", com coeficiente de arrasto mínimo e coeficiente de sustentação adequada para minimizar o consumo de combustível. Note-se que mesmo um pequeno coeficiente de sustentação pode gerar uma grande força de sustentação durante a operação normal por causa das grandes velocidades de cruzeiro das aeronaves, a proporcionalidade da sustentação é quadrática em relação a velocidade do escoamento. A sustentação e o arrasto característicos de um aerofólio durante a decolagem e pouso pode ser alterado mudando a forma do aerofólio pelo uso de flaps móveis 57 Efeito dos flaps nos coeficientes de sustentação e arrasto em um aerofólio. Os aumentos máximos do coeficiente de sustentação é cerca de 1,5 para o aerofólio sem flaps a 3,5 para o caso do flap com slot duplo. Os aumentos máximos do coeficiente de arrasto é cerca de 0,06 para o aerofólio sem flaps para cerca de 0,3 para o caso de flap com duplo slot. O ângulo de ataque dos flaps pode ser aumentada para maximizar o coeficiente de sustentação. 58 A velocidade mínima do voo pode ser determinada a partir da exigência de que o peso totalW da aeronave deve ser igual a sustentação CL = CL, max: Um aerofólio com flap e com uma ranhura para impedir a separação da camada limite a partir da superfície superior e para aumentar o coeficiente de sustentação. Para um dado peso, a aterrisagem ou descolagem de velocidade pode ser minimizado através da maximização do produto do coeficiente de sustentação e a área da asa, CL, maxA. Uma maneira de fazer isso é usar flaps. Outra maneira é a de controlar a camada limite, o que pode ser conseguido simplesmente por deixar seções de escoamento (slots) entre os flaps. Slots are used to prevent the separation of the boundary layer from the upper surface of the wings and the flaps. Isto é feito permitindo que o ar se mova a partir da região de alta pressão sob a asa para a região de baixa pressão na superfície superior.59 The variation of the lift coefficient with the angle of attack for a symmetrical and a nonsymmetrical airfoil. CL aumenta quase linearmente com o ângulo de ataque , atinge um máximo próximo a =16°, e, em seguida, começa a diminuir acentuadamente. Esta diminuição da sustentação com aumento adicional do ângulo de ataque é chamada estol, e é causada pela separação do escoamento e a formação de uma região de sequência de largura sobre a superfície superior do aerofólio. Estol é altamente indesejável, uma vez que também aumenta a resistência. No ângulo de ataque zero ( = 0°), o coeficiente de sustentação é zero para aerofólios simétricos, mas diferente de zero para os não simétrica com maior curvatura na superfície superior. Portanto, aviões com seções das asas simétricas deve voar com suas asas em ângulos mais elevados de ataque, a fim de produzir a mesma sustentação O coeficiente de sustentação pode ser de várias vezes aumentada através do ajuste do ângulo de ataque (a partir de 0.25 com =0° para um aerofólio não- simétrico e para 1.25 com =10°). 60 O coeficiente de arrasto aumenta com o ângulo de ataque na forma exponencial. Portanto, grandes ângulos de ataque deve ser usado com moderação por curtos períodos de tempo para a eficiência de combustível. A variação do coeficiente de arrasto de um aerofólio com o ângulo de ataque. 61 Asas Finitas e Arrasto Induzido Para asas de avião e outros aerofólios de extensão finita, os efeitos finais nas pontas tornam-se importantes por causa do vazamento de fluido entre as superfícies inferior e superior. A diferença de pressão entre a superfície inferior (região de alta pressão) e a superfície superior (região de baixa pressão), impulsiona o fluido para cima nas pontas enquanto ele é varrido para trás devido ao movimento relativo entre o fluido e a asa. Isso resulta em um movimento em turbilhão que forma espirais ao longo do escoamento, chamadas de vortices de ponta, nas pontas de ambas das asas. Vórtices são também formados ao longo do plano aerodinâmico entre as pontas das asas. Esses vórtices distribuídos se movem na direção das extremidades após serem desprendidos pelos bordos de fuga das asa e se combinarem com os vórtices das pontas para formar duas esteiras de vórtices de fuga (trailing vortices) muito fortes ao longo das pontas das asa. 62 Vórtices de fuga visualizadas em várias formas: (a) s. linhas de emissão de fumaça em um túnel de vento mostram os vórtices deixando o bordo de fuga de uma asa retangular; (b) linhas de condensação de água causadas pela baixa pressão na região atrás dos motores acabam se juntando e formando os dois vórtices contra-rotativos de fuga que persistem a jusante da aeronave; (c) um avião agrícola voa através do ar esfumaçada que forma um dos vórtices de ponta de asa. 63 (a) Gansos voando em sua formação V característica para economizar energia. (b) Jatos militares imitando a natureza. Foi determinado que as aves de um bando típico pode voar para o seu destino na formação V com um terço menos energia (utilizando a corrente de ar ascendente gerada pelo pássaro na frente). Jatos militares também, ocasionalmente, voar em formação V, pela mesma razão Vórtices de ponta de que interagem com o escoamento livre impõe forças sobre as pontas das asas em todas as direções, incluindo a direção do escoamento. A componente da força na direção do escoamento contribui com o arrasto e é chamada arrasto induzido. O arrasto total de uma asa é a soma dos arrasto induzido (efeitos 3-D) e o arrasto da seção aerodinâmica (efeitos 2-D). 64 Razão de aspectos: A relação entre o quadrado da envergadura média de um aerofólio e a área planiforme retangular de corda c e envergadura b, A razão de aspecto é uma medida de quão estreita é um aerofólio na direção do escoamento. O coeficiente de sustentação das asas, em geral, aumenta o coeficiente de arrasto enquanto diminui com o aumento da razão de aspecto. Corpos com grandes razões de aspecto voar de forma mais eficiente, mas elas são menos manobráveis por causa do seu maior momento de inércia (devido à maior distância do centro). O arrasto induzido é reduzido (a) penas de ponta de asa nas asas de aves e (b) aletas ou outros dispositivos nas asas de aviões 65 Sustentação Gerada Pela Rotação Efeito Magnus: O fenómeno de produzir sustentação pela rotação de um corpo sólido. Quando a bola não está girando, a sustentação é zero por causa da simetria de cima para baixo. Mas quando o cilindro é girado em torno do seu eixo, o cilindro arrasta um pouco de fluido ao redor dele devido à condição de não escorregamento e o campo de escoamento reflete a superposição dos escoamentos com rotação e sem rotação Geração de sustentação sobre um cilindro circular rotativo para o caso de “idealizado" escoamento potencial (o escoamento real envolve a separação do escoamento na região de esteira). 66 Note-se que o coeficiente de sustentação depende fortemente da velocidade de rotação, especialmente a baixas velocidades angulares. O efeito da velocidade de rotação sobre o coeficiente de arrasto é pequeno. A Rugosidade também afeta os coeficientes de arrasto e de sustentação. Num determinado intervalo do número de Reynolds, a rugosidade produz o efeito desejável de aumentar o coeficiente de sustentação ao diminuir o coeficiente de arrasto. Portanto, bolas de golfe com a quantidade certa de rugosidade viajam mais alto e mais longe do que bolas lisas com a mesma tacada. 67 68 69 70 71 72 73 Os irmãos Wright alçam o vôo em Kitty Hawk. Embora não possa ser creditado a eles o desenvolvimento dos conceitos de sustentação e arrasto, eles utilizaram esses conceitos para construir um dos primeiros objeto voador controlado mais pesado do que o ar. Eles tiveram sucesso, enquanto tantos antes deles falharam, porque avaliaram e projetaram as partes separadamente. Antes dos Wrights, experimentadores estavam construindo e testando aviões inteiros. Os irmãos Wright são verdadeiramente a equipe de engenharia mais impressionantes de todos os tempos. Autodidatas, eles foram bem informados sobre a teoria e prática contemporânea em aeronáutica. Ambos corresponderam com outros líderes no campo e publicaram em revistas técnicas.
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