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Sidney Ferreira de Moraes Neto Módulo Perda de Peso Campo Grande 2017 Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Resumo de Perda de Peso Problema 1 Hemácias A principal função das hemácias, também conhecidas como eritrócitos,consiste no transporte de hemoglobina que por sua vez leva oxigênio dos pulmões para os tecidos. Em alguns animais inferiores, a hemoglobina circula como proteína livre no plasma, não como integrante das células da linhagem vermelha. Quando livre no plasma do ser humano, cerca de 3% do total da hemoglobina extravasa, através da membrana capilar para o espaço intersticial, ou através da membrana glomerular do rim para o filtrado glomerular, a cada vez que o sangue passa pelos capilares. Assim, a hemoglobina deve permanecer dentro dos glóbulos vermelhos para executar eficazmente as suas funções nos seres humanos. As hemácias desempenham outras funções, além do transporte da hemoglobina. Por exemplo, contêm grande quantidade de anidrase carbônica, enzima que catalisa a reação reversível entre o dióxido de carbono (CO,2) e a água para formar ácido carbônico (H2C03), aumentando, por milhares de vezes, a velocidade dessa reação. A rapidez dessa reação possibilita que a água do sangue transporte quantidade enorme de CO,2 na forma de íon bicarbonato (HC03“), dos tecidos para os pulmões, onde é reconvertido em C02 e eliminado para a atmosfera como produto do metabolismo corporal. A hemoglobina nas células é excelente tampão acidobásico (como é o caso da maioria das proteínas); devido a isso, a hemácia é responsável pela maior parte da capacidade do tamponamento acidobásico de todo o sangue. Forma e Dimensões das Hemácias As hemácias normais são discos bicôncavos com diâmetro médio de cerca da 7,8 micrômetros e espessura de 2,5 micrômetros, em sua área mais espessa, e 1 micrômetro ou menos no centro. O volume médio das hemácias é de 90 a 95 micrômetros cúbicos. A forma das hemácias pode variar muito conforme as células sejam espremidas ao passarem pelos capilares. De fato, a hemácia é um “saco” que pode ser deformado, assumindo praticamente qualquer forma. Além disso, como a célula normal tem excesso de membrana celular em relação à quantidade de material interno, a deformação, em termos relativos, não distende muito a membrana e, consequentemente, não causa ruptura da célula, como aconteceria com muitas outras células. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Concentração de Hemácias no Sangue No homem saudável, o número médio de hemácias por milímetro cúbico é de 5.200.000 (± 300.000); e, na mulher, é de 4.700.0 (± 300.000). As pessoas que vivem em grandes altitudes apresentam número maior de hemácias, como será discutido adiante. Quantidade de Hemoglobina nas Células As hemácias têm capacidade de concentrar a hemoglobina no líquido celular por até 34 gramas em cada 100 mililitros de células. A concentração não ultrapassa esse valor por se tratar do limite metabólico do mecanismo celular formador de hemoglobina. Além disso, em pessoas normais, a porcentagem de hemoglobina é, em geral, sempre próxima do nível máximo em cada célula. Todavia, quando a produção de hemoglobina é deficiente, a porcentagem de hemoglobina nas células pode diminuir consideravelmente abaixo desse valor, e o volume da hemácia pode também diminuir, devido à falta de hemoglobina para encher a célula. Quando o hematócrito (a porcentagem de células que está no sangue — normalmente, 40% a 45%) e a quantidade de hemoglobina em cada célula respectiva estão normais, o sangue total do homem contém, em média, 15 gramas de hemoglobina por 100 mililitros de células; nas mulheres, o sangue contém 14 gramas por 100 mililitros. Em relação ao transporte de oxigênio pelo sangue, cada grama de hemoglobina pura é capaz de se combinar com 1,34 mL de oxigênio. Por conseguinte, no homem normal, o máximo de cerca de 20 mililitros de oxigênio pode ser transportado em combinação com a hemoglobina por 100 mililitros de sangue, enquanto na mulher normal podem ser transportados 19 mililitros de oxigênio. Produção de Hemácias Áreas do Corpo Que Produzem Hemácias Nas primeiras semanas da vida embrionária, hemácias nucleadas primitivas são produzidas no saco vitelino. Durante o segundo trimestre da gestação, o fígado passa a constituir o principal órgão de produção de hemácias, embora número razoável também seja produzido pelo baço e pelos linfonodos. Posteriormente, durante o último mês de gestação e após o nascimento, as hemácias são produzidas exclusivamente na medula óssea. Como mostrado na Figura 32-1, a medula óssea de praticamente todos os ossos produz hemácias até que a pessoa atinja a idade de 5 anos. A medula óssea dos ossos longos, exceto pelas porções proximais do úmero e da tíbia, fica muito gordurosa, deixando de produzir hemácias aproximadamente aos 20 anos de idade. Após essa Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 idade, a maioria das hemácias continua a ser produzida na medula óssea dos ossos membranosos, como vértebras, esterno, costelas e íleo. Mesmo nesses ossos, a medula passa a ser menos produtiva com o avanço da idade. Gênese das Células Sanguíneas Células-tronco Hematopoéticas Pluripotentes, Indutores do Crescimento e Indutores da Diferenciação – As hemácias iniciam suas vidas, na medula óssea, por meio de tipo único de célula referido como célula-tronco hematopoética pluripotente, da qual derivam todas as células do sangue circulante. A Figura 32-2 mostra as divisões sucessivas das células pluripotentes para formar as diferentes células sanguíneas periféricas. À medida que essas células se reproduzem, pequena parcela permanece exatamente como as células pluripotentes originais, retidas na medula óssea como reserva, embora seu número diminua com a idade. Todavia, a maioria das que se reproduziram se diferencia formando outras células, mostradas à direita na Figura 32-2. As células em estágio intermediário são bastante parecidas com as células-tronco pluripotentes, apesar de já estarem comprometidas com uma linhagem particular de células, referida como células-tronco comprometidas. As diferentes células-tronco comprometidas, quando crescem em cultura, produzem colônias de tipos específicos de células sanguíneas. A célula-tronco comprometida produtora de hemácias é referida como unidade formadora de colônia de eritrócitos e a sigla CFU-E (colony-for-ming unit-erythrocyte) é usada para designar esse tipo de célula-tronco. De forma análoga, as unidades formadoras de colônia produtoras de granulócitos e de monócitos têm a designação CFU-GM e assim por diante. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 O crescimento e a reprodução das diferentes células-tronco são controlados por múltiplas proteínas, denominadas indutores de crescimento. Descreveram-se quatro indutores de crescimento principais, cada um tendo características diferentes. Um desses indutores, a interleucina-3, promove o crescimento e a reprodução de praticamente todos os diferentes tipos de células-tronco comprometidas, ao passo que os outros induzem o crescimento de apenas tipos específicos de células. Os indutores de crescimento promovem o crescimento das células, mas não sua diferenciação. Essa é a função de outro grupo de proteínas, denominado indutores de diferenciação. Cada um desses indutores determina a diferenciação do tipo de células- tronco comprometidas em um ou mais estágios de desenvolvimento, em relação à célula final adulta. A formação dos indutores de crescimento e de diferenciação é, por sua vez, controladapor fatores externos à medula óssea. Por exemplo, no caso de hemácias (células da linhagem vermelha), a exposição do sangue a baixas concentrações de oxigênio, por longo período, resulta na indução do crescimento, da diferenciação e da produção de número muito aumentado de hemácias, como discutido adiante neste capítulo. No caso de alguns leucócitos, as doenças infecciosas causam crescimento, Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 diferenciação e formação final de tipos específicos de leucócitos necessários ao combate de cada infecção. Estágios da Diferenciação das Células do Sangue A primeira célula que pode ser identificada como pertencente à linhagem vermelha é o proeritroblasto. Na presença de estimulação apropriada, grande número dessas células é formado por células-tronco CFU-E. Uma vez formado o proeritrobasto, ele se divide por diversas vezes, até, por fim, formar muitas hemácias maduras. As células da primeira geração são denominadas eritroblastos basófilos, por se corarem com substâncias básicas; nesse estágio, a célula só acumula pequena quantidade de hemoglobina. Nas gerações sucessivas, as células ficam cheias com hemoglobina, na concentração de cerca de 34%; o núcleo se condensa até tamanho muito pequeno e seu resíduo final é absorvido ou excretado pela célula. Ao mesmo tempo, o retículo endoplasmático também é reabsorvido. A célula nesse estágio é designada reticulócito, por ainda conter pequena quantidade de material basofílico, consistindo em remanescentes do aparelho de Golgi, das mitocôndrias e de algumas outras organelas citoplasmáticas. Durante esse estágio de reticulócito, as células saem da medula óssea, entrando nos capilares sanguíneos por diapedese (modificando sua conformação para passar pelos poros das membranas capilares). O material basófilo remanescente do reticulócito, normalmente, desaparece de 1 a 2 dias e, a partir daí, a célula passa a ser referida como hemácia madura. Devido ao curto período de vida dos reticulócitos, sua concentração, entre as outras células da linhagem vermelha do sangue, é, em condições normais, de pouco menos que 1%. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Regulação da Produção das Células do Sangue – Papel da Eritropoetina A massa total de células sanguíneas da linhagem vermelha no sistema circulatório é regulada dentro de limites estreitos, de modo que: 1) O número adequado de hemácias sempre esteja disponível para o transporte adequado de oxigênio dos pulmões para os tecidos; 2) 3) As células não sejam tão numerosas a ponto de impedir o fluxo sanguíneo. Esse mecanismo de controle é mostrado, em forma de diagrama, na Figura 32-4, podendo ser descrito como se segue. Oxigenação Tecidual é o regulador mais essencial da produção de Hemácias. Qualquer condição que cause diminuição da quantidade de oxigênio transportado para os tecidos normalmente aumenta a intensidade da produção de hemácias. Assim, quando a pessoa fica extremamente anêmica, como consequência de hemorragia ou de outra condição, a medula óssea, de imediato, inicia a produção de grande quantidade de hemácias. Além disso, a destruição de grandes porções de medula óssea, por qualquer meio, em especial pela terapia por raios X, acarreta hiperplasia da medula óssea Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 remanescente, caracterizando a tentativa de suprir a demanda por hemácias pelo organismo. Nas grandes altitudes, onde a quantidade de oxigênio no ar está bastante diminuída, o oxigênio é transportado para os tecidos em quantidade insuficiente e ocorre aumento significativo da produção de hemácias. Nesse caso, não é a concentração de hemácias no sangue que controla sua produção, mas sim a quantidade de oxigênio transportado para os tecidos, em relação à demanda tecidual por oxigênio. Diversas patologias circulatórias que causam a redução do fluxo sanguíneo tecidual e particularmente as que promovem redução da absorção de oxigênio pelo sangue, quando passa pelos pulmões, podem também aumentar a intensidade de produção de hemácias. Isso é especialmente aparente na insuficiência cardíaca crônica e em muitas doenças pulmonares, nas quais a hipoxia tecidual, resultante dessas condições, aumenta a produção das hemácias, com o consequente aumento do hematócrito e em geral do volume total de sangue. Eritropoetina estimula a produção de Hemácias e sua formação aumenta em resposta à Hipoxia. O principal estímulo para a produção de hemácias nos estados de baixa oxigenação é o hormônio circulante referido como eritropoetina, glicoproteína com peso molecular de cerca de 34.000. Na ausência de eritropoetina, a hipoxia tem pouco ou nenhum efeito sobre a estimulação da produção eritrocitária. Porém, quando o sistema da eritropoetina está funcional, a hipoxia promove aumento importante da produção de eritropoetina, e por sua vez a eritropoetina aumenta a produção eritrocitária até o desaparecimento da hipoxia. Função dos Rins na Formação de Eritropoetina Normalmente, cerca de 90% de toda eritropoetina é produzida pelos rins, sendo o restante formado em sua maior parte no fígado. Não se sabe exatamente onde, nos rins, a eritropoetina é produzida. Alguns estudos sugerem que a eritropoetina seja secretada, principalmente, por células intersticiais semelhantes a fibroblasto, em torno dos túbulos do córtex e medula exterior e secrete onde ocorre grande parte do consumo renal de oxigênio. É provável que outras células, incluindo as células do epitélio renal em si, também secretem a eritropoetina em resposta à hipoxia. A hipoxia do tecido renal leva ao aumento dos níveis teciduais do fator induzível por hipoxia-1 (HIF-1), que serve como fator de transcrição para grande número de genes induzíveis por hipoxia, incluindo o gene da eritropoetina. O HIF-1 se liga a elemento de Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 resposta a hipoxia, residente no gene da eritropoetina, induzindo a transcrição de mRNA e, por último, aumentando síntese de eritropoetina. Algumas vezes, a hipoxia, em outras partes do organismo, mas não nos rins, também estimula a secreção renal de eritropoetina, o que sugere a existência de algum tipo de sensor não renal que envia sinal adicional para os rins, para a produção desse hormônio. Em particular, tanto a norepinefrina como a epinefrina, além de diversas prostaglandinas, estimulam a produção de eritropoetina. Quando os dois rins são removidos ou destruídos por doença renal, a pessoa invariavelmente fica muito anêmica, visto que os 10% de eritropoetina normal produzidos em outros tecidos (principalmente no fígado) só são suficientes para estimular de um terço à metade da produção eritrocitária necessária ao organismo. Efeitos da Eritropoetina na Eritrogênese Quando animal ou pessoa é colocado em atmosfera com baixa concentração de oxigênio, a eritropoetina começa a ser formada dentro de alguns minutos a horas, atingindo sua produção máxima dentro de 24 horas. Contudo, quase nenhuma hemácia nova aparece no sangue circulante até cerca de 5 dias depois. Com base nesse fato, bem como em outros estudos, foi estabelecido que o efeito principal da eritropoetina consiste na estimulação da produção de proeritrobastos a partir das células-tronco hematopoéticas na medula óssea. Além disso, uma vez formados os proeritrobastos, a eritropoetina também estimula a diferenciação mais rápida dessas células pelos diferentes estágios eritroblásticos, em relação ao processo normal, acelerando ainda mais a produçãode novas hemácias. A rápida produção de células continua, contanto que a pessoa permaneça no estado de baixo teor de oxigênio ou até que hemácias suficientes tenham sido produzidas para transportar quantidades adequadas de oxigênio para os tecidos, apesar da baixa concentração de oxigênio; nesse momento, a intensidade da produção de eritropoetina diminui para o nível adequado para manter a quantidade necessária de hemácias sem nenhum excesso. Na ausência de eritropoetina, ocorre formação de poucas hemácias pela medula óssea. Em contrapartida, quando grande quantidade de eritropoetina é produzida e fica disponível, caso exista quantidade abundante de ferro e outros nutrientes necessários disponíveis, a intensidade da produção eritrocitária talvez possa aumentar por 10 vezes ou mais em relação à normal. Por conseguinte, o mecanismo da eritropoetina para controle da produção de hemácias é bastante potente. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Maturação das Hemácias – Necessidade de Vitamina B12 (Cianocobalamina) e de Ácido Fólico (B9) Devido à contínua necessidade de reposição das hemácias, as células eritropoéticas da medula óssea estão entre as células de mais rápidos crescimento e reprodução de todo o corpo. Assim sendo, como seria de se esperar, sua maturação e intensidade de produção são acentuadamente afetadas pelo estado nutricional da pessoa. Duas vitaminas, a vitamina B12 e o ácido fólico, são de grande importância para a maturação final das células da linhagem vermelha. Ambas são essenciais à síntese de DNA, visto que cada uma delas, por modos diferentes, é necessária para a formação de trifosfato de timidina, uma das unidades essenciais da produção do DNA. Por conseguinte, a deficiência de vitamina B ou de ácido fólico resulta em diminuição do DNA e, consequentemente, na falha da maturação nuclear e da divisão celular. Além disso, as células eritroblásticas da medula óssea, além de não conseguirem se proliferar com rapidez, produzem hemácias maiores que as normais, referidas como macrócitos, que têm membrana muito frágil, irregular, grande e ovalada em vez do disco bicôncavo usual. Essas células recém-formadas, após entrarem na circulação sanguínea, são capazes de transportar normalmente oxigênio, porém sua fragilidade faz com que tenham sobrevida curta, de metade a um terço da normal. Assim sendo, diz-se que a deficiência de vitamina B12 ou de ácido fólico provoca falha de maturação durante o processo da eritropoese. Maturação anormal causada pela deficiência da absorção de Vitamina B12 no TGI – Anemia Perniciosa Uma causa comum da maturação anormal das hemácias é a falta de absorção da vitamina B12 pelo trato gastrointestinal. Esse defeito é encontrado, com grande frequência, na anemia perniciosa, onde a anormalidade básica consiste na atrofia da mucosa gástrica que é incapaz de produzir as secreções gástricas normais. As células parietais das glândulas gástricas secretam a glicoproteína referida como fator intrínseco, que se combina à vitamina B12 dos alimentos, tornando-a disponível para a absorção intestinal. O processo ocorre da seguinte maneira: 1) O fator intrínseco se liga fortemente à vitamina B12. Neste estado ligado, a vitamina B12 fica protegida da digestão pelas secreções gastrointestinais. 2) Ainda no estado ligado, o fator intrínseco se liga a locais receptores específicos na membrana da borda em escova das células da mucosa do íleo. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 3) Assim, a vitamina B12 é transportada para o sangue nas próximas horas pelo processo de pinocitose, que transporta, juntos, o fator intrínseco e a vitamina através da membrana. Por conseguinte, a falta do fator intrínseco diminui a disponibilidade de vitamina B12, devido à falha da absorção da vitamina no intestino. Uma vez que a vitamina B12 tenha sido absorvida pelo trato gastrointestinal, ela é a seguir armazenada em grande quantidade no fígado e, então, liberada posteriormente de forma lenta, conforme necessitada pela medula óssea. A quantidade mínima de vitamina B12, necessária a cada dia para a manutenção da maturação eritrocitária normal é de apenas 1 a 3 microgramas, e a reserva hepática normal e em outros tecidos é de cerca da 1.000 vezes essa quantidade. Por conseguinte, são, em geral, necessários de 3 a 4 anos de absorção deficiente de vitamina B12; para causar anemia por falha na maturação. Maturação Anormal Causada pela Deficiência de Ácido Fólico (Ácido Pteroilglutâmico) O ácido fólico é constituinte normal dos vegetais verdes, de algumas frutas e de carnes (em especial, fígado). Entretanto, é facilmente destruído durante o cozimento. Além disso, as pessoas com absorção gastrointestinal anormal, como ocorre com frequência na doença do intestino delgado denominada espru, muitas vezes apresentam grande dificuldade em absorver ácido fólico e vitamina B12. Por conseguinte, em muitas situações de maturação anormal, a causa consiste na deficiência da absorção intestinal de ácido fólico e de vitamina B12. Formação da Hemoglobina A síntese de hemoglobina começa nos proeritrobastos e prossegue até mesmo no estágio de reticulócitos. Por conseguinte, quando os reticulócitos deixam a medula óssea e penetram na corrente sanguínea, continuam formando quantidades diminutas de hemoglobina, até que após 1 dia ou mais se transformem em hemácias maduras. A Figura 32-5 mostra as etapas químicas básicas da formação de hemoglobina. Em primeiro lugar, a succinil-CoA, formada no ciclo de Krebs, se liga à glicina para formar a molécula de pirrol. Por sua vez, quatro pirróis se combinam para formar protoporfirina IX que, a seguir, se combina com o ferro, para formar a molécula do heme. Por fim, cada molécula de heme se combina com a longa cadeia polipeptídica denominada globina, sintetizada pelos ribossomos, formando a subunidade da hemoglobina referida como cadeia de hemoglobina. Cada uma dessas cadeias tem peso molecular de cerca de Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 16.000; por sua vez, quatro dessas cadeias se ligam frouxamente para formar a molécula completa de hemoglobina. Existem diversas variações sutis nas diferentes subunidades da cadeia de hemoglobina, dependendo da composição em aminoácidos da porção polipeptídica. Os diferentes tipos de cadeias são designados como cadeias alfa, beta, gama e delta. A forma mais comum de hemoglobina no humano adulto, a hemoglobina A, é a combinação de duas cadeias alfa e duas cadeias beta. A hemoglobina A tem peso molecular de 64.458. Pelo fato de cada cadeia de hemoglobina ter um grupo prostético heme contendo um átomo de ferro, e como existem quatro cadeias de hemoglobina em cada molécula completa de hemoglobina, são encontrados quatro átomos de ferro em cada molécula de hemoglobina. Cada um desses átomos pode se ligar a uma molécula de oxigênio, perfazendo o total de quatro moléculas de oxigênio (ou oito átomos de oxigênio) que podem ser transportadas por molécula de hemoglobina. A natureza das cadeias de hemoglobina determina a afinidade de ligação da hemoglobina com o oxigênio. A ocorrência de anormalidades nas cadeias também pode alterar as características físicas da molécula de hemoglobina. Por exemplo, na anemia falciforme, o aminoácido valina é substituído pelo ácido glutâmico em um ponto em cada uma das duas cadeias beta. Quando esse tipo de hemoglobina é exposto a baixos teores de oxigênio, formam-se cristais alongados no interior das hemácias que por vezes chegam a 15 micrômetros de comprimento. Como consequência,essas células são incapazes de passar por capilares pequenos, e as extremidades pontiagudas dos cristais podem romper a membrana celular, causando anemia falciforme. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Combinação da hemoglobina com o Oxigênio A característica mais importante da molécula de hemoglobina consiste em sua capacidade de combinação, frouxa e reversível, com o oxigênio. Essa capacidade é discutida de modo pormenorizado no Capítulo 40, em relação à respiração, pelo fato de que a função primária da hemoglobina no organismo reside em sua capacidade de se combinar com o oxigênio nos pulmões e depois liberá-lo imediatamente nos capilares teciduais periféricos, onde a tensão gasosa do oxigênio é muito mais baixa que nos pulmões. O oxigênio não se combina com as duas valências positivas do ferro na molécula de hemoglobina. Na verdade, ele se liga frouxamente a uma das chamadas ligações de coordenação do átomo de ferro. São ligações extremamente frouxas, de modo que essa combinação é com grande facilidade reversível. Além disso, o oxigênio não se transforma em oxigênio iônico, mas é transportado na forma de oxigênio molecular (composto de dois átomos de oxigênio) para os tecidos, onde, devido à sua frouxa ligação prontamente reversível, é liberado nos líquidos teciduais ainda na forma de oxigênio molecular e não como oxigênio iônico. Metabolismo do Ferro Devido à importância do ferro na formação não apenas da hemoglobina, mas também de outros elementos essenciais do corpo (p. ex., mioglobina, citocromos, citocromo oxidase, peroxidase, catalase), é essencial a compreensão do modo como o ferro é utilizado pelo corpo. A quantidade total de ferro no corpo é em média de 4 a 5 gramas, com cerca de 65% na forma de hemoglobina. Cerca de 4% estão na forma de mioglobina, 1% na forma de vários compostos heme que promovem a oxidação intracelular, 0,1% está combinado com a proteína transferrina no plasma sanguíneo, e 15% a 30% estão armazenados para uso futuro, em sua maior parte no sistema reticuloendotelial e nas células parenquimatosas do fígado, sobretudo na forma de ferritina. Transporte e Armazenamento de Ferro O transporte, o armazenamento e o metabolismo do ferro no corpo são mostrados, em forma de diagrama, na Figura 32-7, podendo ser explicados da seguinte maneira: quando o ferro é absorvido pelo intestino delgado, ele imediatamente se combina, no plasma sanguíneo, com a beta globulina apotransferrina para formar transferrina, que é em seguida transportada pelo plasma. O ferro, na transferrina, está ligado frouxamente e, por conseguinte, pode ser liberado para qualquer célula, em qualquer ponto do corpo. O Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 excesso de ferro no sangue é depositado, de modo especial, nos hepatócitos, e, em menor quantidade, nas células reticuloendoteliais da medula óssea. No citoplasma das células, o ferro se combina principalmente com a proteína apoferritina, formando ferritina. A apoferritina tem peso molecular de cerca de 460.000, e a quantidade variável de ferro pode se combinar, por meio de aglomerados de radicais de ferro, com essa grande molécula; dessa maneira, a ferritina pode conter de pequenas a grandes quantidades de ferro. Esse ferro armazenado, sob a forma de ferritina, é referido como ferro de depósito. Pequenas quantidades de ferro no reservatório de depósito são armazenadas sob forma extremamente insolúvel, denominada hemossiderina. Isso ocorre, de modo particular, quando a quantidade total de ferro no organismo é superior à que pode ser acomodada no reservatório de depósito da apoferritina. A hemossiderina forma aglomerados bastante grandes nas células e, portanto, pode ser observada ao microscópio como grandes partículas. Por outro lado, as partículas de ferritina são tão pequenas e dispersas que, em geral, só podem ser visualizadas no citoplasma celular por meio da microscopia eletrônica. Quando a quantidade de ferro no plasma diminui, parte do ferro no depósito de ferritina é mobilizada com facilidade e transportada sob forma de transferrina pelo plasma Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 para as áreas do corpo onde é necessária. A característica singular da molécula de transferrina consiste em sua forte ligação aos receptores das membranas celulares das hemácias na medula óssea. A seguir, junto ao ferro ligado, ela é ingerida pelo eritroblasto por endocitose. Nos eritroblastos, a transferrina libera diretamente o ferro para as mitocôndrias, onde o heme é sintetizado. Nas pessoas que não têm quantidade adequada de transferrina no sangue, a deficiência do transporte de ferro para os eritroblastos pode provocar anemia hipocrômica grave (i. e., hemácias contendo quantidade de hemoglobina muito menor que a normal). Quando as hemácias completam seu tempo de vida de aproximadamente 120 dias e são destruídas, a hemoglobina liberada pelas células é fagocitada pelas células do sistema de monócitos-macrófagos. O ferro é liberado e, a seguir, em sua maior parte armazenado no reservatório de ferritina para ser usado conforme seja necessário, para formação de nova molécula de hemoglobina. Perda Diária de Ferro O homem excreta cerca de 0,6 mg de ferro por dia, principalmente nas fezes. Quantidades adicionais de ferro são perdidas toda vez que ocorrem hemorragias. Para a mulher, a perda adicional sanguínea menstruai leva, a longo prazo, à média de cerca de 1,3 mg/dia. Absorção de Ferro no Trato Intestinal O ferro é absorvido em todas as porções do intestino delgado, principalmente pelo mecanismo a seguir. O fígado secreta quantidades moderadas de apotransferrina na bile, que flui pelo dueto biliar até o duodeno. No intestino delgado, a apotransferrina se liga ao ferro livre e também a certos compostos férricos, como a hemoglobina e a mioglobina da carne, que constituem as duas fontes mais importantes de ferro da dieta. Essa combinação é referida como transferrina. Ela, por sua vez, é atraída e se liga a receptores na membrana das células epiteliais intestinais. A seguir, pelo processo de pinocitose, a molécula de transferrina, com seu armazenamento de ferro, é absorvida pelas células epiteliais e posteriormente liberada para os capilares sanguíneos situados abaixo dessas células, sob a forma de transferrina plasmática. A absorção de ferro no intestino é extremamente lenta, com máximo de apenas alguns miligramas por dia. Isso significa que, mesmo quando grande quantidade de ferro está presente na dieta, somente pequena proporção pode ser absorvida. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Regulação do Ferro corporal total pelo controle da intensidade de absorção. Quando o corpo fica saturado com ferro e todas as apoferritinas das áreas de reserva de ferro já estão combinadas ao ferro, a absorção de ferro adicional pelo trato intestinal diminui acentuadamente. Por outro lado, quando as reservas de ferro estão deple- tadas, a intensidade da sua absorção pode ser acelerada provavelmente por cinco ou mais vezes o normal. Assim sendo, o ferro corporal total é regulado em grande parte pela variação da intensidade de sua absorção. O Tempo de vida das Hemácias é de aproximadamente 120 Dias Quando as hemácias são transportadas da medula óssea para o sistema circulatório, elas normalmente circulam por 120 dias em média antes de serem destruídas. Embora as células maduras da linhagem vermelha não tenham núcleo, mitocôndrias ou retículo endoplasmático, elas contêm enzimas citoplasmáticas capazes de metabolizar glicosee formar pequenas quantidades de trifosfato de adenosina (ATP). Essas enzimas também mantêm: 1) A flexibilidade de sua membrana celular, 2) O transporte de íons através da membrana, 3) O ferro das hemoglobinas na forma ferrosa, em vez de na forma férrica, 4) Além de impedirem a oxidação das proteínas presentes nas hemácias. Mesmo assim, o sistema metabólico das hemácias senis fica de forma progressiva menos ativo, e as células ficam cada vez mais frágeis, presumivelmente devido ao desgaste de seus processos vitais. Quando a membrana das hemácias fica frágil, a célula se rompe durante sua passagem por algum ponto estreito da circulação. Muitas das hemácias se autodestroem no baço, onde os espaços entre as trabéculas estruturais da polpa vermelha pelos quais deve passar a maioria das hemácias medem apenas 3 micrômetros de largura, em comparação com o diâmetro de 8 micrômetros das hemácias. Quando o baço é removido, o número de hemácias anormais e de células senis circulantes no sangue aumenta consideravelmente. Destruição da Hemoglobina. Quando as hemácias se rompem e liberam hemoglobina, ela é fagocitada praticamente de imediato pelos macrófagos em muitas partes do organismo, mas de modo especial pelas células de Kupffer, no fígado, e pelos macrófagos, no baço e na medula óssea. No decorrer das próximas horas a dias, os macrófagos liberam o ferro da hemoglobina de volta para o sangue, para ser transportado pela transferrina até a medula óssea, para produção de novas hemácias, ou para o fígado e outros tecidos, para armazenamento sob a forma de ferritina. A porção porfirina da Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 molécula de hemoglobina é convertida pelos macrófagos por meio de diversas etapas no pigmento biliar bilirrubina, que em seguida é secretada pelo fígado na bile. Anemias Anemia significa deficiência de hemoglobina no sangue que pode ser causada pela redução do número de hemácias ou pela redução do teor celular de hemoglobina. A seguir, são discutidos alguns tipos de anemia e suas causas fisiológicas. Anemia por Perda Sanguínea Após a hemorragia rápida, o corpo repõe a porção líquida do plasma em 1 a 3 dias, mas isso leva à diminuição da concentração de células vermelhas da linhagem sanguínea. Se outra hemorragia não ocorrer, a concentração de hemácias em geral se normaliza dentro de 3 a 6 semanas. Na perda crônica de sangue, a pessoa com frequência não consegue absorver ferro suficiente no intestino para formar hemoglobina na mesma velocidade em que ela é perdida. As células vermelhas produzidas são, então, muito menores que as normais, contendo menor quantidade de hemoglobina e dando origem à anemia microcítica hipocrômica. Anemia Aplástica Aplasia de medula óssea significa falta de funcionamento da medula óssea. Por exemplo, pessoa exposta à alta dose de radiação ou quimioterapia para tratamento de câncer pode danificar as células- tronco da medula óssea, seguido em algumas semanas por anemia. Da mesma forma, altas doses de alguns agentes tóxicos, como inseticidas ou o benzeno na gasolina, podem causar o mesmo efeito. Em distúrbios autoimunes, como lúpus eritematoso, o sistema imune ataca células saudáveis, como as células-tronco da medula óssea, que podem levar à anemia aplástica. Em aproximadamente metade dos casos de anemia aplástica, a causa é desconhecida, condição chamada de anemia aplástica idiopática. Pessoas com anemia aplástica grave morrem se não forem tratadas com transfusões de sangue, o que pode aumentar temporariamente o número de células vermelhas do sangue, ou por transplante de medula óssea. Anemia Megaloblástica Com base nas discussões anteriores sobre a vitamina B12, o ácido fólico e o fator intrínseco da mucosa gástrica, pode-se compreender facilmente que a perda de qualquer um desses fatores pode levar à reprodução lentificada dos eritroblastos na medula óssea. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Como consequência, as hemácias crescem de modo excessivo, assumindo formas anômalas, sendo denominadas megaloblastos. Por conseguinte, a atrofia da mucosa gástrica, como a que ocorre na anemia perniciosa, ou a perda do estômago após gastrectomia total podem levar ao desenvolvimento de anemia megaloblástica. Além disso, pacientes com espru intestinal, em que o ácido fólico, a vitamina B12 e outros compostos da vitamina B são muito pouco absorvidos, desenvolvem com frequência anemia megaloblástica. Como os eritroblastos não conseguem se proliferar de forma suficientemente rápida para formar o número normal de hemácias, as células vermelhas produzidas são, em sua maioria grandes, com formas bizarras e membranas frágeis. Essas células se rompem com facilidade, de modo que a pessoa precisa com urgência de quantidades adequadas de hemácias. Anemia Hemolítica Diversas anormalidades das hemácias, muitas das quais hereditárias, tornam as células frágeis a ponto de se romperem facilmente quando passam pelos capilares e, de forma especial, pelo baço. Embora o número formado de hemácias seja normal ou até mesmo maior do que o normal em algumas doenças hemolíticas, o tempo de vida das hemácias frágeis é tão curto que as células são destruídas muito mais rapidamente do que podem ser formadas com o consequente desenvolvimento de anemia grave. A seguir, são discutidos alguns desses tipos de anemia. Na esferocitose hereditária, as hemácias são muito pequenas e esféricas, em lugar dos discos bicôncavos normais. Essas células são incapazes de suportar as forças de compressão por não terem a estrutura flexível e frouxa, como uma bolsa, da membrana celular dos discos bicôncavos. Ao passarem pela polpa esplênica e por outros leitos vasculares, são facilmente rompidas até por leve compressão. Na anemia falciforme, que ocorre em 0,3% a 1,0% dos negros da África ocidental e dos afro-americanos, as células contêm tipo anormal de hemoglobina, denominada hemoglobina S, produzida por cadeias beta anormais da molécula de hemoglobina como explicado anteriormente neste capítulo. Quando essa hemoglobina é exposta a baixas concentrações de oxigênio, ela precipita em longos cristais no interior das hemácias. Esses cristais alongam a célula, conferindo-lhe o aspecto de foice, em vez de um disco bicôncavo. A hemoglobina precipitada também danifica a membrana celular, de tal forma que as células ficam extremamente frágeis, resultando em anemia grave. Tais pacientes frequentemente experimentam um círculo vicioso de eventos referido como “crise” da anemia falciforme, na qual a baixa tensão de oxigênio nos tecidos produz afoiçamento (sickling), levando à ruptura das hemácias, o que por sua vez provoca redução ainda Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 maior da tensão de oxigênio, com maior afoiçamento e destruição das hemácias. Uma vez que o processo se inicie, ele progride rapidamente, promovendo redução acentuada da massa de hemácias em poucas horas e, em alguns casos, morte. Na eritroblastose fetal, as hemácias Rh-positivas do feto são atacadas por anticorpos da mãe Rh-negativa. Esses anticorpos fragilizam as células Rh-positivas, resultando em rápida ruptura e levando ao nascimento de criança com anemia grave. A formação extremamente rápida de novas hemácias, para compensar as células destruídas na eritroblastose fetal, leva à formação de grande número de formas precoces blásticas das hemácias para serem liberadas da medula óssea para o sangue. Efeitos da Anemia sobre o Sistema Circulatório A viscosidade do sangue, discutida no Capítulo 14,depende muito da concentração das hemácias. Na anemia grave, a viscosidade do sangue pode cair por até 1,5 vez a da água em relação ao valor normal de cerca de 3. Isso diminui a resistência ao fluxo sanguíneo nos vasos periféricos, de modo que quantidade de sangue muito maior do que a normal flui pelos tecidos e retorna ao coração, aumentando de modo considerável o débito cardíaco. Além disso, a hipoxia resultante do transporte diminuído de oxigênio pelo sangue faz com que os vasos sanguíneos dos tecidos periféricos se dilatem, permitindo aumento ainda maior do retorno de sangue para o coração, o que aumenta o débito cardíaco para níveis ainda mais altos — algumas vezes, por três a quatro vezes o normal. Por conseguinte, um dos principais efeitos da anemia consiste no grande aumento do débito cardíaco, bem como no acentuado aumento da sobrecarga do bombeamento cardíaco. O aumento do débito cardíaco na anemia compensa em parte seu efeito de redução do transporte de oxigênio na anemia, visto que, apesar de cada unidade de sangue transportar apenas pequenas quantidades de oxigênio, a velocidade do fluxo sanguíneo pode ficar aumentada o suficiente para a liberação de quantidade quase normal de oxigênio para os tecidos. Entretanto, quando a pessoa com anemia começa a se exercitar, o coração não é capaz de bombear maior quantidade de sangue do que já bombeia. Consequentemente, durante o exercício físico, que aumenta de modo acentuado a demanda por oxigênio dos tecidos, pode resultar hipoxia tecidual extrema com desenvolvimento de insuficiência cardíaca aguda. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Anemias – Conceitos Básicos Anemia é uma palavra latinizada (anaemia) proveniente do significado grego de aima (sangue) e o prefixo an (falta de), resultando a palavra anaima (pessoa com falta de sangue). Atualmente considera-se por anemia a constatação clínica e laboratorial de uma pessoa com valor de hemoglobina abaixo do esperado para sua faixa etária, conforme mostra a tabela 3, a seguir: As causas que induzem o estado de anemia em uma pessoa são muito diversas, entretanto as principais delas se observam como consequências de vários tipos de doenças (ex.: hemorragias, câncer, aplasia de medula, etc), bem como por alterações decorrentes de insucessos biológicos da própria eritropoiese. Por essas razões, a definição de anemia é a redução de concentração do teor de hemoglobina. O estado de anemia, notadamente a anemia crônica, tem consequências ao portador e que podem ser resumidas em dois mecanismos que alteram processos fisiológicos resultantes de sua ação normal, a saber: a) O transporte deficitário de oxigênio pela redução da hemoglobina diminuem as atividades metabólicas de todas as células e induz em disfunções orgânicas generalizadas, cujos principais sintomas caracterizam-se por cansaço, fraqueza e mal estar geral. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 b) Particularmente nos processos crônicos de anemia, o organismo procura se adaptar à situação patológica com evidentes desgastes fisiológicos, especialmente para o sistema cardiorrespiratório. Deve-se ressaltar que ao considerarmos o estado anêmico de uma pessoa é necessário que, além de avaliar a concentração do teor da hemoglobina, é preciso a avaliação completa do hemograma, observando com detalhe os resultados do eritrograma e, com especificidade, os valores dos índices hematimétricos de VCM (volume corpuscular médio) e HCM (hemoglobina corpuscular média). Justamente esses dois índices determinam a classificação laboratorial das anemias em microcíticas/hipocrômicas, normocíticas/normocrômicas, e macrocíticas. Além dos valores do eritrograma é importante ressaltar a essência da morfologia eritrocitária que se obtém da criteriosa análise citológica efetuada em microscópio. Por mais parâmetros que tenha o mais moderno contador automatizado de células, jamais ele alcançara as centenas de parâmetros que a mente humana de um profissional experimentado poderá realizar. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Classificação das Anemias A classificação das anemias pode obedecer vários critérios, entre os quais, os mais utilizados na prática laboratorial, destacam-se a classificação laboratorial e a classificação fisiopatológica. A classificação laboratorial da anemia se suporta nos resultados dos índices hematimétricos (VCM e HCM), resultando em três tipos de anemias: ➔ Normocítica/normocrômica, ➔ Microcítica/hipocrômica; ➔ Macrocítica; Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 A classificação laboratorial de anemias é, portanto, a forma mais comum na comunicação entre laboratório e médico, entretanto há de se destacar que nem sempre a anemia normocítica/normocrômica é indicativo que os eritrócitos estejam normais em seus tamanhos, formas e cromias. Na realidade a maioria das anemias normocíticas/normocrômicas tem diversidades morfológicas caracterizadas por macrócitos, micrócitos e poiquilócitos, em que o valor médio do volume eritrocitário (VCM) resulta normal. Da mesma forma a diferença de cromia, por exemplo, micrócitos hipocrômicos e macrócitos normocrômicos resulta em valor médio de hemoglobina intraeritrocitária (HCM) normal. Por fim, em casos de anemia normocítica/normocrômica com alterações morfológicas de eritrócitos, esses fatos devem ser relatados, por exemplo: “anemia normocítica/normocrômica com morfologia eritrocitária composta por micrócitos hipocrômicos, esquisócitos, células em alvo e macrócitos”. O valor de RDW (porcentagem de variação de tamanho entre as hemácias) quando associado ao VCM facilita a configuração da morfologia eritrocitária que poderá ser encontrada na análise morfológica, conforme o quadro a seguir: Quando se tem informações clínicas do paciente, a classificação laboratorial se torna mais fácil de ser compreendida, porém, nem sempre essas informações são prestadas ao laboratório, conforme a exposição a seguir: a) Situações patológicas mais comuns nas anemias normocíticas/normocrômicas: câncer, doença renal, invasão tumoral da medula óssea, hemorragia aguda, inflamação, anemia hemolítica adquirida, anemia falciforme e fase inicial da deficiência de ferro. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 b) Situações patológicas mais comuns nas anemias microcíticas/hipocrômicas: deficiência crônica de ferro, hemorragia crônica, talassemias menor, intermédia e maior, S/beta talassemia, S/alfa talassemia e anemia sideroblástica. c) Situações patológicas mais comuns nas anemias macrocíticas: deficiências de vitamina B12 e folatos, mielofibrose, doenças hepáticas e anemia megaloblástica, anemia hemolítica com reticulocitose. Por outro lado as anemias classificadas por meio das alterações fisiopatológicas do paciente determina o que denominamos por classificação fisiopatológica da anemia, conforme mostra o esquema a seguir: As causas de cada um dos processos que originam as falhas fisiopatológicas são muito variadas, mas as principais são: ➔ Hemorragia aguda: sangramento volumoso, interno ou externo. ➔ Hemorragia crônica: sangramento contínuo, de pequeno volume, nos tratos gastrointestinal, urinário ou reprodutivo. ➔ Hemolítica hereditária: hemoglobinopatias, enzimopatias e doenças de membrana. ➔ Hemolítica adquirida: malária, queimadura, autoimune, hiperesplenismo, hemoglobinúria paroxística noturna, doença hemolíticado recém-nascido e transfusão ABO incompatível. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 ➔ Hipoproliferativa por deficit nutricional: deficiências de vitamina B12, ácido fólico ou ferro. ➔ Hipoproliferativa por deficit de absorção: deficiência de receptor celular para vitamina B12 (fator intrínseco), deficiência de transferrina, síndrome de mal absorção e gastrectomia. ➔ Aplástica por insuficiência de produção medular: destruição do tecido medular por vírus, toxicidade, mieloftise (mielofibrose, mieloma, metástase e leucemia). De todas as situações apresentadas as dificuldades mais frequentes se devem à diferenciação laboratorial das duas principais causas das anemias microcíticas e hipocrômicas, ou seja, anemia ferropriva e talassemias alfa ou beta menor. Diagnóstico Laboratorial das Anemias Microcíticas e Hipocrômicas O diagnóstico laboratorial das anemias microcíticas e hipocrômicas inicia-se com a avaliação do eritrograma, conforme mostra a tabela 5. O caso 1 exemplifica um eritrograma típico de anemia ferropriva, enquanto que o caso 2 exemplifica a anemia microcítica e hipocrômica de talassemia beta menor. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 As avaliações específicas com a utilização de técnicas que dimensionam o “status” de ferro, as eletroforeses qualitativa e quantitativa de hemoglobinas e a contagem de reticulócitos, são capazes de diferenciar a grande maioria dos casos de anemia microcítica e hipocrômica. O “status” de ferro no processo da investigação laboratorial é composto por três dosagens bioquímicas (ferro sérico, ferritina e capacidade total de ligação do ferro ou CTLF) e uma avaliação obtida por cálculo matemático que resulta na saturação de transferrina (Ferro sérico x 100/CTLF). Por meio do painel de avaliação de Ferro sérico, Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 ferritina, CTLF e saturação da transferrina é possível supor as principais causas de anemia microcítica e hipocrômica (tabela 6). Muitas vezes, entretanto, os resultados da avaliação do ”status” de ferro não consegue identificar a causa da anemia microcítica e hipocrômica. Nessas situações as eletroforeses qualitativas e quantitativas de hemoglobinas podem auxiliar a definição do diagnóstico. A consulta à tabela 6 facilita essa interpretação. A contagem de reticulócitos auxilia o diagnóstico laboratorial da anemia microcítica e hipocrômica. Nas situações decorrentes da deficiência de ferro e na anemia sideroblástica, os valores de reticulócitos se situam abaixo da normalidade (< 0,5%). Nas talassemias alfa e beta menor é comum observar discreta reticulocitose (> 2,5% a 3,5%). Nas talassemias interativas (Tal. Beta/Hb S e Tal. Beta/Hb C) há evidente reticulocitose (> 3,5%). Nos casos por intoxicação de chumbo a contagem de reticulócitos pode estar normal, porém é mais frequente a sua diminuição. Finalmente, o diagnóstico diferencial para anemia microcítica e hipocrômica em pessoas intoxicadas pelo chumbo se faz por meio da dosagem de chumbo sanguíneo. Para a anemia sideroblástica é comum os procedimentos da coloração dos eritrócitos e eritroblastos de esfregaços de sangue medular com o corante azul da Prússia. Anemias A anemia é definida como síndrome caracterizada por diminuição de massa eritrocitária total. Laboratorialmente, definimos anemia como hemoglobina menor que 12 g/dl em mulheres ou 13 g/dl em homens. Na gravidez existe anemia relativa, por hemodiluição, além daquela por carência nutricional, principalmente, por deficiência de ferro e ácido fólico. Na gestação os limites considerados normais para o valor da hemoglobina caem para 10g% e os do hematócrito para 30%. Diagnóstico A avaliação inicial do paciente com anemia inclui anamnese e exame físico minuciosos, além de exames laboratoriais. Os sintomas relacionados à anemia dependem da idade, da capacidade física, do grau de anemia e do tempo de evolução. Pacientes com evolução aguda apresentam sintomas com valores mais altos de hemoglobina, enquanto que os de evolução crônica exibem valores mais baixos. Os sintomas usuais incluem astenia, cansaço, fraqueza, falta de ar e palpitações. No exame físico o achado mais característico é a palidez mucocutânea. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 A investigação laboratorial inicial consiste na realização dos seguintes exames: ➔ Hematócrito, hemoglobina e contagem de eritrócitos para avaliar o grau de anemia. ➔ Índices hematimétricos (VCM, HCM e CHCM) para determinar se os eritrócitos são, em média, normocíticos, macrocíticos (VCM > 100) ou microcíticos (VCM < 80) e se são hipocrômicos. O aumento da amplitude de distribuição do volume dos eritrócitos (RDW) é uma medida de anisocitose. ➔ Contagem de reticulócitos para estimar se aresposta medular sugere incapacidade da produção – ou hemólise – ou perda sanguínea recente. ➔ Exame microscópico da distensão sanguínea (lâmina de sangue periférico) para avaliar o aspecto dos eritrócitos e as alterações concomitantes dos leucócitos e das plaquetas. Classificação As síndromes anêmicas podem ser classificadas quanto à proliferação (pelo índice de reticulócitos) e quanto à morfologia (pela ectoscopia da hemácia ou valores de VCM e HCM). Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Anemia Ferropriva A deficiência de ferro representa a causa mais comum de anemia. Diagnóstico – Hemograma com anemia microcítica e hipocrômica. Ferritina < 10 ng% Ferro sérico < 30mcg%, o que denota baixo estoque Capacidade de ligação ao ferro (TBIC) alta. Profilaxia – Deverá ser feita com ferro oral, durante a gestação e a lactação, e mantida por 3 a 6 meses após a recuperação dos níveis hematimétricos, com a finalidade de manter reserva mínima de ferro: 300mg/dia de sulfato ferroso (60mg de ferro elementar).\ Tratamento – Suporte nutricional Reposição de ferro, preferencialmente por via oral: 900mg/dia (180mg de ferro elementar), divididos em 3 tomadas. Nos casos de intolerância gastrointestinal ou falha de resposta ao ferro oral, pode ser utilizado ferro por via parenteral: 10ml ou 200mg de hidróxido de ferro, diluídos em 200ml de soro fisiológico, durante uma hora. Administração semanal, em ambiente hospitalar. Anemia megaloblástica Pode ser causada por deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, que ocorre por baixa ingesta (deficiência de folato) ou por impacto na absorção, como é o caso da anemia perniciosa (deficiência de vitamina B12). Diagnóstico – Neutrófilos plurissegmentados no sangue periférico. A deficiência de vitamina B12 pode cursar com pancitopenia. A investigação inicia-se pela dosagem de ácido fólico e vitamina B12. As dosagens séricas de ácido metilmalônico e homocisteina são usadas para confirmação diagnóstica. Profilaxia – Reposição rotineira de ácido fólico, 5 mg/ dia, via oral. Conduta – Investigar as principais causas da deficiência de ácido fólico: nutricional, má absorção intestinal e uso de anticonvulsivantes, pirimetamina, trimetropim e álcool. Tratar com ácido fólico via oral, 5 mg/dia via oral e/ou vitamina B12 intramuscular. Talassemia É doença hereditária resultante de um defeito genético na síntese de uma ou mais cadeias globínicas da hemoglobina. Há dois principais tipos de talassemia - alfa e beta – que podem se manifestar como minor (ou traço talassêmico), intermédia ou major. Diagnóstico – hemograma com microcitose, hipocromia e reticulócitos aumentados a eletroforese de hemoglobina apresenta elevação da hemoglobina a2 nas beta-talassemias.Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Conduta – O tratamento varia de simples observação e acompanhamento, nas formas mais brandas (alfa talassemia ou beta talassemia minor), até transfusões sangüíneas freqüentes e esplenectomia, nas formas mais severas (beta talassemia major). Condutas gerais: Controlar a infecção urinária. Prescrever ácido fólico: 5mg/dia, VO. Não administrar suplementos ferruginosos. Não prescrever drogas oxidativas como as sulfas. As pacientes com talassemia devem ser encaminhadas para aconselhamento genético. Anemia falciforme Ocorre por mutação que substitui o ácido glutâmico por valina na posição 6 da cadeia ß da globina. A hemácia com a globina mutante quando desoxigenada torna a clássica forma de foice, perdendo a flexibilidade necessária para atravessar os pequenos capilares. Os heterozigotos para a mutação apresentam uma entidade benigna (traço falciforme), sem ocorrência de anemia ou obstrução vascular. Diagnóstico – Anemia crônica, crises de dor osteoarticular, icterícia e história familiar freqüentemente positiva. O diagnóstico é feito pela eletroforese de hemoglobina que detecta a presença da hemoglobina mutante (Hemoglobina S). Conduta – Investigar infecção urinária. Suplementar ácido fólico: 5mg/dia, VO. Ferro é contraindicado. Transfusões com concentrado de hemácias lavadas nos casos de hemoglobina < 7g%. Evitar a ocorrência de fatores que precipitam a crise falcêmica, como desidratação, acidose, hipotensão arterial, hipoxemia e infecção. A indicação de operação cesariana está condicionada a fatores obstétricos. As pacientes com anemia falciforme devem ser encaminhadas para aconselhamento genético. Crise falcêmica – Internação. Hidratação. Transfusão de concentrado de hemácias lavadas (o objetivo é reduzir o porcentual de HbS para < 40% e elevar a Hb para cerca de 10g/dl Sedação e analgesia com 50mg IM de Meperidina, se necessário. Investigar possíveis focos de infecção, ocorrência que precipita a crise falcêmica. Analise de Hemograma O hemograma corresponde a um conjunto de testes laboratoriais que estabelece os aspectos quantitativos e qualitativos dos elementos celulares do sangue: eritró- citos (eritrograma), leucócitos (leucograma) e plaquetas (plaquetograma). Deve ser colhido em tubo contendo anticoagulante EDTA (tampa roxa) e pode ser feito manualmente (contagem de glóbulos no microscópio, centrifugação para o hematócrito - Ht -, colorimetro para a hemoglobina - Hb - e análise do sangue periférico) ou de forma Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 automatizada (contadores eletrônicos). A contagem de eritrócitos, leucócitos e plaquetas, de forma automatizada, é feita basicamente por meio de leitor óptico que interpreta o volume (tamanho) e a complexidade (granulação) de cada célula. Mesmo os contadores mais modernos não dispensam a microscopia, pois, quando apresentam dúvidas (alertadas pelo aparelho como bandeiras ou flogs) na identificação das células, elas precisam ser esclarecidas. Eritrograma Contagem de eritrócitos – Determinação do número de eritrócitos por mm* de sangue. Pode-se ter anemia com contagem normal ou aumentada de eritrócitos, esta última situação especialmente nas talassemias. Normal: ➔ Homem: 4.400.000 a 6.000.000/mm3; ➔ Mulher: 3.900.000 a 5.400.000/mm3. Dosagem de Hemoglobina Determinação da quantidade total de Hb por meio da lise das hemácias e da determinação do valor por espectrofotometria. Em crianças com idade entre 6 e 14 anos, têm-se em média 12g/dL e, em gestantes e crianças entre 6 meses e 6 anos, média de 11g/dL. É importante destacar que esses valores são uma média mundial, podendo haver variedades geográficas e populacionais. Quando abaixo do valor normal para idade, sexo e altitude, diz-se estar diante de quadro de anemia; quando acima, trata-se de poliglobulia, que pode ser primária (no caso das doenças mieloproliferafivas crônicas, em especial a policitemia vera) ou secundária (aumento da eritropoetina em situações de hipoxemia crônica ou tumores produtores de eritropoetina). Normal: ➔ Homem: 14 a 18g/dL; ➔ Mulher: 12 a 16g/dL. Hematócrito É a proporção que o volume da massa eritrocitária ocupa na amostra de sangue, estabelecida pela relação percentual entre a massa eritrocitária e o plasma. Pode ser determinado diretamente, por centrifugação, ou indiretamente, pelo cálculo: Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Valores abaixo do normal podem significar anemia ou hemodiluição, enquanto aqueles acima do normal podem corresponder a poliglobulia ou a desidratação. Indivíduos desidratados com Ht normal podem estar anêmicos. Normal: ➔ Homem: 40 a 54%; ➔ Mulher: 38 a 49%. Volume Corpuscular Médio (VCM) Refere-se à média do volume de uma população de eritrócitos. Pode ser obtido diretamente por impedância elétrica ou dispersão óptica, ou indiretamente, pelo cálculo: O VCM pode estar falsamente aumentado (sem macrocitose) pela presença de paraproteínas ou crioglobulinas, que provocam aglutinação de hemácias (hemácias “em rouIeaux” ou hemácias empilhadas). Hemoglobina corpuscular média (HCM) Hemoglobina Corpuscular Média (HCM) é a média do conteúdo (em peso) de Hb em uma população de eritrócitos. Pode ser obtida por método automático por meio da Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 derivação do VCM e da Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM) pelo laser ou pelo cálculo: Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) A CHCM corresponde à média das concentrações internas de Hb de uma população de eritrócitos, sendo responsável pela cor deles. Atualmente é um índice menos utilizado do que o HCM, sendo obtido de forma direta, a laser, e de forma indireta, pelo cálculo: O conteúdo de Hb em um eritrócito depende do seu volume e da concentração de Hb dentro dele; portanto, pode haver aumento de HCM com CHCM normal (na macrocitose), sem caracterizar hipercromia, ou diminuição de HCM com CHCM normal (na microcitose), sem caracterizar hipocromia. Red cell distribuition width (RDW) O Red cell Distribution Width (RDW) é um coeficiente que revela numericamente a variação de volume dos eritrócitos (grau de anisocitose). Logo, quanto maior a variação das células entre si, maior o RDW. É bastante importante na classificação e no diagnóstico das anemias, pois é o 19 índice a ser alterado nas anemias carenciais, auxiliando na suspeita da presença de fragmentos celulares e de aglutinação. Atenção – Valores abaixo do normal não têm significado clínico. Valores acima do normal indicam alteração na maturação eritrocitária ou fragmentação eritrocitária. Via de regra, anemias carenciais por ferro, folato e B12 estão associadas a RDW elevado. Além dos valores hematimétricos mencionados, alguns contadores automáticos fornecem histogramas ou citogramas que possibilitam a avaliação do VCM e da CHCM de Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 forma gráfica, possibilitando a identificação de pequenas subpopulações, ou seja, populações eritroides com tamanhos e cores diferentes. VCM e CHCM são medidas que representam uma população de glóbulos e, portanto, não dão ideia de divergência de cor ou de tamanho dos eritrócitos, sendo necessária a complementação com a análise do sangue periférico. Os índices hematimétricos mencionados, associados à contagem de reticulócitos e à análise do sangue periférico, concluem o raciocínio clinico para o diagnóstico etiológico das anemias. Algumas alterações morfológicasda série eritrocitica podem estar descritas no hemograma após a análise do sangue periférico. Apresentação Clínicas das Anemias O termo 'anemia' traduz um estado em que a concentração de hemoglobina se encontra abaixo dos limites normais, frequentemente acompanhado de queda do hematócrito e da contagem de hemácias no sangue. A concentração de hemoglobina é medida em g/dl, sendo normal entre 12-15 g/dl nas mulheres e entre 13,5-17 gldl nos homens. Estudos epidemiológicos mais precisos colocam uma faixa de normalidade um pouco diferente: 11,8-14,8 g/dl nas mulheres e 13,2-16,7 g/dl nos homens. O hematócrito é a fração volumétrica ocupada pelos eritrócitos no sangue, obtido através do processo de centrifugação. Os valores normais do hematócrito são: 36-44% nas mulheres e 39-50% nos homens. De uma forma geral, o hematócrito está em torno de 3 vezes o valor da Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 hemoglobina. A contagem de hemácias normal varia entre 3,8-5 milhões/mm3 nas mulheres e 4,3-5,6 milhões/ mm3 nos homens. A dosagem de hemoglobina possui maior acurác ia quando comparada ao hematócrito e à contagem de hemácias, devendo, portanto, ser a medida de escolha utilizada para o diagnóstico de anemia. As consequências tisiopatológicas do quadro anê·mico estão diretamente relacionadas à diminuição dos teores de hemoglobina. É importante ressaltar que os valores nom1ais de hemoglobina, hematócrito e contagem eritrocítica sào baseados em estudos populacionais, existindo ampla faixa de "nom1alidade". Thl faixa inclui 95% da população, de acordo com a ·curva de Gauss·. Os extremos (2,5% para cada lado) estão fora da faixa considerada normal, apesar de serem pessoas normais. Esse fato pode (e deve) ser considerado na hora de interpretar uma dosagem de hemoglobina discretamente baixa ou discretamente alta, pela possibilidade de representar . apenas uma variação da normalidade. Os pacientes anêmicos geralmente procuram cuidados médicos devido a: 1) Sinais e sintoma~ da doença de base, independentes da anemia; 2) Sinais e sintomas decorrentes da anemia. ou 3) As duas situações juntas. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Mais comumente, entretanto, o paciente é oligossintomático ou mesmo assintomático, e o diagnóstico de anemia é feito somente após a análise dos exames "de rotina", como parte de um check up, por exemplo. No geral, os sintomas do quadro anêmico provêm do prejuízo na capacidade carreador.a de O, do sangue, [predispondo à hipóxia tecidual e estimulando o coração a aumentar o débito cardiaco de tom1a compensatória. Se o paciente for cardiopata pl'évio, ou então em casos de anemia aguda grave, pode surgir lUll estado de I CC de alto débito, que J>Ode ser fatal. Se o paciente for um cerebro1)ata prévio ou tiver mais de 80 anos, uma anemia moderada a grave pode induzir sonolência, torpor, e raramente coma. Quando a anemia se instala de f01ma insidiosa, como ocorre na insuficiência renal crônica, na anemia megaloblástica e nas mielodisplasias, o paciente pode pe1manecer oligossintomático, mesmo com hematócritos bastante baixos. No entanto, dificilmente um hematócrito < 24% ou uma hemoglobina< 8g/dl cursam assintomáticos! A capacidade tisica está quase sempre prejudicada em tais pacientes. Investigação Etiológica A investigação de um quadro anêmico começa com uma boa anamnese e exame físico. O que procurar? Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 A anamnese deve pesquisar algumas pistas importantes: 1) Tempo de instalação dos sintomas: as anemias carenciais (ferropriva e megloblástica), a anemia aplásica, as mielodisplasias, a anemia de doença crônica e o mieloma múltiplo são caracteristicamente de instalação insidiosa, enquanto a anemia hemorrágica aguda e a anemia hemolítica autoimune geralmente têm início abrupto; a anemia ta lciforme, as talassemias e a esferocitose hereditária são anemias crônicas de origem familiar, que têm, portanto, o seu início desde a infancia; 2) Sintomas associados: muitas vezes não relacionados ao quadro anêmico, podem denunciar a existência de wna doença de base (ex.: crises álgicas na anemia tàlcilorme; comemorativos de hipotireoidismo; dor óssea no mieloma múltiplo; febre prolongada nas infecções crônicas). O examefisico também ajuda bastante: 1) Ao encontrar glossite e que.ilite angular, o médico deve pensar nas anemias carenciais; 2) A icterícia é um achado comum nas anemias megaloblásticas e hemoliticas; 3) Esplenomegalia significativa sugere anemia hemolítica, hiperesplenismo ou neoplasias hematológicas; 4) Petéquias indicam possível plaquetopenia, presente na anemia aplásica e nas leucemias agudas; 5) Deformidades ósseas na làce e crânio falam a favor de talassemia. Exames Complementares A investigação laboratorial complementar é timdamental para a confi1mação do diagnóstico etiológico das anemias. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Rediculócitos A contagem de reticulócitos é utilizada como marcador da eritropoese eficaz, pois são formas jovens da hemácia recentemente liberadas pela medula óssea. Diante do quadro de anemia, se a EPO e a função medular estão preservadas, a produção eritroide aumenta em 2 a 3 vezes o valor normal dentro de 10 dias do início da anemia. Desta forma, se o valor normal da contagem não for ampliado dessa maneira, será indicada resposta medular inadequada. O valor do reticulócito pode ser expresso em número absoluto ou relativo (em porcentagem). Com a avaliação dos reticulócitos, pode-se dividir a função medular em: ➔ Medula hipoproliferativa: apresenta contagem de reticulócito corrigida <2% ou <100.000/mm3; ➔ Medula hiperproliferativa: quando a contagem atinge valores 22% ou 210O.0OO/mm3, indicando resposta medular normal à perda de sangue ou à destruição excessiva dos eritrócitos. Com esses dados, pode-se estabelecer a classificação fisiopatológica das anemias: ➔ Anemias hipoproliferativava: diagnosticada pela reticulocitopenia, resulta da baixa taxa de produção de hemácia. Causas mais comuns são: ➢ Deficiência nutritiva (entre crianças e adultos) por falta de absorção, ingesta inadequada ou perda crônica; ➢ Falta de estímulo com diminuição de hormônios estimulantes da eritropoese - EPO (disfunção renal), hormônio tireoidiano, androgênio; ➢ Doenças da célula-tronco (anemia aplástica, mielodisplasia) ou infiltração medulartumoral; ➢ Supressão medular: quimioterápicos, medicamentos; ➢ Anemia de doença crônica secundária a processos inflamatórios, infecciosos ou neoplásicos. ➔ Anemias hiperproliferativas: diagnosticadas pela reticulocitose, ocorrem em razão da perda ou destruição excessiva dos eritrócitos, com resposta adequada Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 da medula óssea. Hemólise é a destruição prematura de hemácias e pode ser de causa congênita ou adquirida. ➔ Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Avaliação da Morfologia A avaliação morfológica das anemias baseia-se, principalmente, na Hemoglobina Corpuscular Média (HCM), no Volume Corpuscular Médio (VCM) e no RDW (Red cell Distribution Width). O VCM (que mostra o tamanho médio dos eritrócitos) e o HCM (que mostra o valor médio de Hb nas hemácias representada morfologicamente pela cor do eritrócito) podem ser calculados com base nos valores de hematócrito, número de eritrócitos e Hb. Segundo o VCM, a anemia pode ser: ➔ 96fL: macrocítica; ➔ 80a 96fL: normocítica; ➔ <80fL: microcitica. Segundoo HCM, a anemia pode ser: ➔ >31g/dL: hipercrômica; ➔ <31g/dLa >27g/dL: normocrômica; ➔ <27g/dL: hipocrômica. Com esses dados, pode-se estabelecer a classificação das anemias, segundo a morfologia, em: ➔ Hipocrômicas e microcíticas: São caracterizadas por células pequenas e de coloração menos intensa, pelo pouco conteúdo de Hb, que pode ser decorrente de: ➢ Diminuiçãodadisponibilidadedoferro:deficiência de ferro, anemia de doença crônica, deficiência de cobre; ➢ Diminuição da síntese do heme: intoxicação por chumbo, anemia sideroblástica; ➢ Diminuição na síntese de globinas: talassemia, outras hemoglobinopatias. ➔ Normocrômicas e normocíticas: A média dotamanhoeda coloraçãodas hemáciasé normal. Nessa situação, a análise do sangue periférico é importante, pois pode tratar-se de estágio inicial de anemia microcítica ou macrocítica. Podetambém ocorrer pela falta de estímulo da eritropoese (insuficiência renal, endocrinopatia), da anemia de doença crônica ou das anemias por infiltração medular, entre outros. ➔ Normocrômicas e macrocíticas: Trata-se de hemacias grandes e de coloraçao normal, maiores que a média, porém com conteúdo globínico normal. Ocorre frequentemente em: Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 ➢ Anemias com metabolismo anormal do ácido nucleico - megaloblásticas por deficiência de vitamina B12 ou ácidofólico, medicamentos (zidovudina, hidroxiureia); ➢ Reticulocitose importante, pois o reticulócito é uma célula grande - anemia hemolítica, resposta à perda sanguínea aguda; ➢ Alteração da maturação do eritrócito: mielodisplasia; ➢ Outras causas: hepatopatia, hipotireoidismo, alcoolismo. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Síndrome Astênica (Fadiga) Fadiga pode ser definida como uma sensação de cansaço generalizado ou falta de energia que não está relacionada exclusivamente à exaustão. Pode ser dividida nas seguintes entidades, conforme duração e apresentação dos sintomas: ➔ Fadiga prolongada – fadiga incapacitante e prolongada com duração de, pelo menos, um mês; ➔ Fadiga crônica – fadiga incapacitante e prolongada, com duração de, pelo menos, seis meses. Quando a fadiga crônica é inexplicada por outras condições médicas ou psicológicas, ela se subdivide em idiopática ou Síndrome da Fadiga Crônica (SFC), nesse último caso quando preenche critérios específicos. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Anemias Carenciais A partir da definição de carência nutricional, como a falta, relativa ou absoluta, de um nutriente que, se persistente, pode provocar uma enfermidade carencial, podemos considerar a anemia carencial como o estado patológico em que ocorre anemia como resultado da carência de um ou mais nutrientes essenciais. O glóbulo vermelho tem como principal função o transporte de oxigênio e, para isso, utiliza uma proteína específica, a hemoglobina, sintetizada no eritroblasto, o precursor do eritrócito. Para que esta síntese ocorra, vários elementos são essenciais, como o ferro (cuja carência determina a anemia ferropriva), a vitamina B12 e o ácido fólico (que causam a anemia megaloblástica). Outras vitaminas também são importantes na eritropoese, como a vitamina A, vitamina C, vitamina E, vitamina B2 e vitamina B6, por levar à anemia ou por interferir no metabolismo do ferro. Entretanto, mais estudos são necessários para determinar a exata importância dessas substâncias. Anemia Ferropriva A primeira descrição de deficiência de ferro, conhecida na época como clorosis ou doença verde, antecede a Idade Média. O conhecimento relativo ao seu tratamento também é antigo, Pierre Blaud ao descrever a clorosis, em 1832, referia boa resposta terapêutica com suas famosas pílulas compostas de sulfato ferroso e carbonato de potássio. A partir do conhecimento do metabolismo do ferro, a clorosis foi atribuída, entre outras causas, à demanda do crescimento, ao início das perdas menstruais, à dieta inadequada e ao estoque de ferro diminuído no nascimento devido à mãe deficiente em ferro. Apesar do conhecimento remoto, a deficiência de ferro é, ainda hoje, problema de saúde pública, observada em até 51% das crianças de zero a quatro anos nos países em desenvolvimento). Calcula-se que mais de meio bilhão de pessoas no mundo inteiro apresentem deficiência de ferro, em especial nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. O ferro é componente essencial de todos os seres vivos. Um homem adulto tem cerca de 50 mg de ferro por quilo de peso e a mulher 35 mg de ferro por quilo de peso. O ferro é adquirido a partir da alimentação e se calcula que a dieta de um norte-americano adulto contenha de 10 a 30 mg/dia e, do total ingerido na dieta, apenas 5% a 10% seja absorvido. Numa situação ideal, as perdas são balanceadas pela absorção do ferro da dieta. A perda de ferro ocorre pela urina, suor e, principalmente, descamação de células do trato gastrointestinal em sua maioria. Isto corresponde a mais ou menos 0,6 a 1,6 mg/dia no homem normal e o dobro nas mulheres devido à adição das perdas menstruais. Sidney Ferreira de Moraes Neto - Med2020 - 2017 Na gravidez, a necessidade de ferro chega a ser 3,5vezes maior que a do homem. Quando os estoques de ferro estão depletados, a absorção pode aumentar de três a cinco vezes, já que o balanço de ferro é controlado pela absorção e não pela excreção. O ferro alimentar pode apresentar-se de duas formas: heme, ligado a proteínas globínicas (hemoglobina e mioglobina) que representa 10% a 15% da dieta e é a melhor forma para absorção; e não heme, restante do ferro alimentar e que necessita ser convertido para a forma ferrosa para ser absorvido. A absorção do ferro não heme é influenciada pela presença de diversas substâncias, sendo considerados como fatores estimuladores de sua absorção a presença de ácido ascórbico, carne e leite humano na alimentação. Dentre os fatores inibitórios, podemos considerar a clara de ovo, a proteína do leite de vaca, os fosfatos e fosfoproteínas, os fitatos (vegetais, aveia, fibras), os polifenóis (legumes, chá, café, vinho) e o cálcio, entre outros). O ferro é absorvido pelos enterócitos duodenais e circula ligado a uma proteína de transporte, a transferrina. A maior parte do ferro absorvido é incorporada aos precursores eritróides, embora ele também esteja presente nas fibras musculares (mioglobina) e em outros tecidos (enzimas e citocromos). Cerca de 30% do ferro corporal é encontrado nas células parenquimatosas do fígado e macrófagos do sistema reticuloendotelial. Estes macrófagos são os responsáveis pelo fornecimento da maioria do ferro obtido através da degradação de hemácias. A deficiência de ferro é manifestação tardia de um balanço de ferro negativo e prolongado e, na maioria das vezes, é sinal de outra doença). Isto é, a anemia é a consequência final da deficiência de ferro, pois devido à dinâmica de seu metabolismo, ela aparecerá somente após a extinção dos estoques de ferro. Devido à instalação insidiosa, os pacientes se acomodam à anemia, o que provoca atraso na procura de assistência médica, podendo chegar a 3,3 anos no homem e 1,7 ano na mulher. A dieta pobre em ferro, o aumento da sua necessidade (como crescimento e gravidez) ou de aumento de sua perda (como sangramentos e parasitismo) estão entre as principais causas. Dos pacientes com anemia
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