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aula 7

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Ciência Política e Teoria Geral do Estado
 (D 102)
prof. Jackson Bitencourt
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□Conceitos gerais:
 ●Estado;
 ●Democracia;
 ●Indivíduo.
Síntese da aula
□Democracia (história):
 ●Revoluções modernas
 ●Democracia;
 ●Indivíduo.
□Democracia (Lincoln):
 ●”governo do povo”;
 ●”governo pelo povo”;
 ○legalidade.
 ○igualdade. 
 ○justicialidade.
 ●”governo para o povo”;
□Democracia na CF/88:
 ●Sujeitos da democracia;
 ●Funcionamento da democracia;
 ●Indivíduo.
□Estado democrático de direito na CF/88:
 ●Legalidade;
 ●Igualdade;
 ●Justicialidade.
□Finalidade da democracia no Estado democrático de direito:
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Estado & indivíduo
□Estado → indivíduos transferem prerrogativas para o poder central → surgimento de uma entidade de natureza pública e com o objetivo de falar em nome de todos. 
□Essa transferência de poderes para um centro não é absoluta → o indivíduo não é anulado → há a possibilidade de participação nos assuntos do Estado.
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□O termo democracia tem origem na Grécia antiga e é formado a partir dos vocábulos demos (“povo”) e kratós (“poder”, “governo”). O conceito começou a ser usado no século V a.C., em Atenas.
Democracia
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Democracia grega → moderna
□Democracia grega: direta e pura; um dos pressupostos da sociedade.
 ●Revolução Liberal; 
□Democracia moderna: indireta (representativa), com origem na Inglaterra.
□Evolução da democracia: 
 ●Revolução Gloriosa; 
 ●Revolução Americana;
 ●Revolução Francesa.
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□Inglaterra: fim das estruturas feudais; propriedade absoluta da terra e o cercamento dos campos → liberalismo econômico.
Revolução Liberal (1642-1645)
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□Inglaterra: submissão da Coroa ao Parlamento.
Revolução Gloriosa (1688-1689)
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□EUA: limitação do poder do Estado → consolidação dos direitos fundamentais.
Revolução Americana (1776-1783)
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□França: democracia é ampliada; fim da escravidão.
Revolução Francesa (1789-1799)
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Participação
□Expressões da participação:
□“Participatio” é participar, lutar por direitos, a busca daquilo que lhe deve ser concedido, como ordem pública, a vida humana almeja a organização política.
 ●Eleitoral: votação e candidatura; 
 ●Corporativo: interesses privados nos sistemas estatais;
 ●Organizacional: espaço ao não-institucionalizado da política → movimentos sociais.
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□Democracia: objeto de filosofia política, ao fazer parte do texto constitucional, torna-se um conceito jurídico. 
Democracia
□A democracia é vista como um regime de governo, mas a presença desse conceito nos textos constitucionais exige uma interpretação que elucide seu significado jurídico.
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Democracia (Abraham Lincoln)
□“A democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo” → conceito. 
□Sujeito da democracia (Quem governa? Governo do povo); Funcionamento da democracia (Como se governa? Governo pelo povo); Finalidade da democracia (Para quem sem governa? Governo para o povo) → concepções. 
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Três concepções
□Concepção Plebiscitária: Rousseau;
□Concepção Deliberativa: Aristóteles.
□Concepção Procedimental: Kelsen;
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□Democracia é o governo da vontade geral. O ser humano é concebido como cidadão. 
□O poder do povo é incontestável, ele é soberano e não está limitado pelo direito. O povo decide as questões mais importantes, não pode errar e não pode desejar o mal a si mesmo. 
Concepção plebiscitária
□A lei é a expressão da vontade do povo e ela não pode ser injusta.
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□Democracia é o governo da maioria. O ser humano é auto-interessado e anti-social (sua vontade colabora para formar a vontade do Estado). 
□Impera o ideal da legalidade dado que este protege a minoria da maioria e a maioria de si mesma. 
Concepção procedimental
□O direito positivo é produto da maioria ou de um conjunto de interesse de todos. A ideia de bem comum é irracional, pois a maioria decide o que deve ser o bem.
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□Democracia é o governo dos muitos. 
□A pluralidade dos pontos de vista sobre bem comum, que são comunicados no debate público, dão à democracia um caráter deliberativo, racional. O homem é concebido como um animal dotado de logos (palavra/razão).
Concepção deliberativa
□Cabe à democracia canalizar os diversos pontos de vista e argumentos para deliberar coletivamente. O direito é produto da razão prática.
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□Concepção holística: o homem é um ser social, é produto da sociedade e existe em função dela. O povo é dotado de vontade própria e deve se adequar ao todo social. O Estado é o órgão do todo e não se diferencia do povo.
□Concepção individualista: o homem é concebido como um ser pré-social e como um ser de carências, sua ação é compreendida na perspectiva da satisfação de suas necessidades. O mercado é o meio pelo qual os indivíduos podem buscar a maximização do seu bem-estar.
 O governo do povo 
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□Concepção comunitarista: cada ser humano tem sua identidade dependente dos bens que orientam a sua ação. Fora da busca destes bens, não há existência humana. No caso da comunidade política, sua existência depende do consenso em torno do bem de todos, do bem comum.
 O governo do povo 
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□A democracia possui uma estreita relação com a estrutura jurídica-política do chamado "Estado de Direito", que tem seu fundamento com base nos princípios da legalidade, igualdade de forma e justicialidade.
 O governo pelo povo 
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□Lei: mandato daquele ou daqueles que têm o poder soberano (Hobbes) → regra última do que o súdito deve ou não fazer. 
□A legalidade é fundamental para Kant, sem ela não pode haver Estado. A lei sendo emanada do povo não pode ser injusta para o povo, pois ninguém é injusto para consigo mesmo.
 Princípio da legalidade 
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□Os súditos são iguais perante o soberano → todos estão submetidos às leis emanadas deste. 
□Quem não obedece a essas leis é considerado inimigo público → a desobediência à lei instala o estado de natureza, o estado de guerra de todos contra todos, a anarquia e o caos.
 Princípio da igualdade 
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□Como legitimar as decisões dos juízes face à decisão do soberano incorporada à lei? 
□É preciso que o soberano seja considerado o juiz supremo e o juiz de cada caso → o juiz é uma materialização do soberano. 
 Princípio da justicialidade 
□O juiz deve ater-se às leis estabelecidas e não pode, sob nenhuma hipótese, fundar-se em outro princípio que não a lei.
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□Concepção coletivista: a democracia deve buscar o bem do povo considerado com ente coletivo, a parte e acima de seus membros.
□Concepção holística: o indivíduo não possui autonomia perante a sociedade. O cidadão, enquanto membro do povo, não possui critério racional para determinar o bem do povo, deve-se, portanto, imaginar, a existência de um órgão do todo social para dizer a vontade do povo.
 O governo para o povo 
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□Concepção individualista: o povo é um agregado de indivíduos → as metas devem ser coletivas. É impossível conhecer o bem, uma vez que ele depende de escolhas arbitrárias de sujeitos.
□Personalismo: concebe a sociedade como uma comunidade voltada à realização da pessoa humana como tal. O bem comum se coloca como finalidade da sociedade e consiste no conjunto partilhado de bens que permitem a cada um dos seus membros alcançar a plena realização humana. 
 O governo para o povo 
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□Elemento central da nova ordem constitucional → democracia deliberativa. 
 Democracia na CF/88 
□Sujeito da democracia é o povo (comunidade), o funcionamento da democracia é regido por uma concepção institucionalista do Estado de Direito e a finalidade da democracia é o bem comum como um bem de todos.
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□Art. 1º, parágrafo único (CF/88): “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”
□Quem é o povo a que se refere o constituinte
como sujeito de poder?
 O sujeito da democracia 
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□Concepção de povo como uma comunidade de pessoas humanas → um "bem comum" que se impõe como finalidade para a sociedade e o Estado. 
□As relações no interior da comunidade são pautadas pelo que Aristóteles chama de "amizade" (visão comum de bem).
□O constituinte brasileiro utiliza expressões que se aproximam da "amizade" aristotélica: "fraternidade" (Preâmbulo) e "solidariedade" (art. 3º, I). 
 O sujeito da democracia 
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□Conceito de ser humano: (art. 1º, III) a pessoa humana é um ser irredutível na sua singularidade e individualidade, ao mesmo tempo em que é essencialmente relacional ou social. 
□Assumir o ser humano como pessoa significa excluir a concepção holística de povo, que nega uma dimensão individual irredutível no ser humano. 
 O sujeito da democracia 
□Democracia constitucional brasileira → democracia deliberativa → regime baseado na razão prática, em conformidade com a concepção de povo.
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□A democracia só funciona em um Estado de Direito (art. 1º, CF) → o direito é algo racional, inteligível; está ligado à noção de justiça → dar a cada um o lhe é devido (tradição clássica).
 O funcionamento da democracia na CF/88 
□Justiça social: utilizado para refletir o conceito de "justiça legal" (Aristóteles e Tomás de Aquino) → determina os deveres dos cidadãos e dos governantes em relação à comunidade. 
□A justiça legal é chamada de "social" pois determina à sociedade a realização de seu fim, o bem comum.
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□Concepção institucionalista do direito: fundada na justiça, o que impõe o modelo deliberativo de democracia. 
 O funcionamento da democracia na CF/88 
□Valores elencados no Preâmbulo e em todo texto constitucional: liberdade, segurança, bem-estar, desenvolvimento, igualdade, justiça, solidariedade, justiça social, função social, etc. 
□Democracia deliberativa é o regime em que o conteúdo dos valores são determinados pelo povo em deliberação conjunta.
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□Igualdade: conceito complexo → o direito à igualdade (art. 5º) altera-se de acordo com as relações de justiça na qual o indivíduo está concretamente inserido. 
 Princípios do Estado de Direito na CF/88
 
□A igualdade como valor, a partir da idéia de dignidade de todas as pessoas humanas, deve-se fazer as diferenciações exigidas pela justiça nos casos concretos.
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□Legalidade: não é vista de modo formal no Estado de Direito → o valor legalidade não se vincula aos ideais de segurança e de certeza como no liberalismo, mas sim à expressão de justiça que encontra seu fundamento último na constituição. 
 Princípios do Estado de Direito na CF/88
 
□Os atos em conformidade com a lei são exigidos por razões de justiça, sendo a lei o objeto mais apropriado para impor as exigências.
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□Justicialidade: o juiz não pode pensar sua atividade como mera adesão a normas positivadas, mas está obrigado a dar continuidade a discussão democrática que se expressa nas leis e nos decretos dos poderes legitimados pelo voto popular.
 Princípios do Estado de Direito na CF/88
 
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□Dignidade da pessoa humana (texto constitucional) → o ser humano é merecedor ou credor dos bens necessários para que ele alcance a vida boa como pessoa → valores que integram o bem comum. 
 A finalidade da democracia na CF/88 
□A realização dos valores "supremos" é a condição para a realização dos "direitos sociais e individuais" → finalidade última do Estado Democrático.
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□Pessoa humana é um ser relacional ou social → cada pessoa, formando um todo, é igual na sua essência, a outra pessoa humana. Daí a igualdade ser definida como um direito (art. 5º, caput) e como um valor (Preâmbulo).
 A finalidade da democracia na CF/88 
□Há várias espécies de bens (físicos, morais, intelectuais), como o fato de o mesmo bem ser vivido de maneiras distintas em situações distintas. 
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 A finalidade da democracia na CF/88 
□É devido ao caráter plural que o bem, apesar de objetivo não exclui, mas exige a deliberação. A deliberação sobre o bem, portanto, deve conter mais ampla participação possível. Ela deve ser, portanto, democrática.

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