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LEI DE COULOMB E INTENSIDADE DO CAMPO ELE´TRICO 1. Revisa˜o - coordenadas cilı´ndricas e esfe´ricas • Coordenadas cilı´ndricas: podemos definir os vetores unita´rios (ver- sores) nas direc¸o˜es ρ, φ e z como aˆρ, aˆφ e aˆz; os versores devem sempre apontar no sentido crescente dos valores das coordenadas. 1 As varia´veis dos sistemas de coordenadas retangulares e cilı´ndricas podem ser facilmente relacionadas, x = ρ cosφ, y = ρ sinφ, z = z. (1) As varia´veis cilı´ndricas tambe´m podem ser expressas em termos de x, y e z, ρ = √ x2+ y2 (ρ ≥ 0), tanφ = y x . (2) • Coordenadas esfe´ricas: podemos definir os vetores unita´rios em qual- quer ponto - aˆr na direc¸a˜o radial r, aˆφ no sentido de crescimento do aˆngulo φ, e aˆθ no sentido de crescimento do aˆngulo θ (os versores devem sempre apontar no sentido crescente dos valores das coorde- nadas). A passagem do sistema de coordenadas esfe´ricas para cartesianas pode ser feita da seguinte maneira: x = r sin θ cosφ, y = r sin θ sinφ, z = r cos θ. (3) A transformac¸a˜o no sentido inverso e´ realizada com a ajuda das relac¸o˜es r = √ x2+ y2+ z2 (r ≥ 0), (4) cos θ = z√ x2+ y2+ z2 (0◦ ≤ θ ≤ 180◦), (5) tanφ = y x . (6) 2. Campos ele´tricos de distribuic¸o˜es contı´nuas de carga • Vamos agora considerar distribuic¸o˜es contı´nuas de carga ao longo de linhas, superfı´cies e volumes. O objetivo e´ calcular o campo ele´trico gerado por tais distribuic¸o˜es. • Densidades: – ρL: densidade linear de carga (C/m); – ρS: densidade superficial de carga (C/m2); – ρV : densidade volume´trica de carga (C/m3). • A intensidade de campo ele´trico devido a cada uma dessas distribui- c¸o˜es pode ser obtida a partir da soma das contribuic¸o˜es elementares de campo devido a cada um dos numerosos ”elementos” de carga que constituem a distribuic¸a˜o. Lembrando que o campo gerado por uma carga pontual pode ser escrito como E = Q 4piε0R2 aˆR. (7) • Linha de cargas: ρL = dQ dl → dQ = ρLdl→ Q = ∫ L ρLdl, (8) logo E = ∫ L dQ 4piε0R2 aˆR = ∫ L ρLdl 4piε0R2 aˆR. (9) • Superfı´cie de cargas: ρS = dQ dS → dQ = ρSdS → Q = ∫ S ρSdS, (10) logo E = ∫ S dQ 4piε0R2 aˆR = ∫ S ρSdS 4piε0R2 aˆR. (11) • Volume de cargas: ρV = dQ dV → dQ = ρV dV → Q = ∫ V ρV dV, (12) logo E = ∫ V dQ 4piε0R2 aˆR = ∫ V ρV dV 4piε0R2 aˆR. (13) Exemplo 1: Ca´lculo do campo ele´trico gerado por uma linha de carga− considere uma linha de carga com densidade uniforme ρL localizada ao longo do eixo z e estendendo-se de A ate´ B (figura abaixo). Uti- lizando a simetria do problema, podemos tomar dl = dz′, logo: dQ = ρLdz ′. Para calcular o campo ele´trico gerado pela linha em um ponto P (x, y, z) qualquer atrave´s da equac¸a˜o (9) precisamos tambe´m identificar o ve- tor R e seu mo´dulo, ale´m do vetor aˆR. Identificando o vetor posic¸a˜o de um elemento qualquer como (x′, y′, z′) = (0,0, z′), podemos es- crever R = (x, y, z)− (0,0, z′) = xaˆx+ yaˆy+ (z − z′)aˆz (14) ou R = ρaˆρ+ (z − z′)aˆz. (15) Logo, R2 = |R|2 = [√ ρ2+ (z − z′)2 ]2 = ρ2+ (z − z′)2 (16) e R = √ ρ2+ (z − z′)2. (17) Temos enta˜o E = ∫ L ρLdl 4piε0R2 aˆR = ρL 4piε0 ∫ L dz′ R2 aˆR = ρL 4piε0 ∫ L dz′ R3 R (18) E = ρL 4piε0 ∫ L ρaˆρ+ (z − z′)aˆz[ ρ2+ (z − z′)2 ]3/2dz′. (19) Pela figura podemos definir sinα = (z − z′) R = (z − z′) [ρ2+ (z − z′)2]1/2, (20) cosα = ρ R = ρ [ρ2+ (z − z′)2]1/2, (21) e tanα = sinα cosα = (z − z′) ρ → z − z′ = ρ tanα (22) z′ = z − ρ tanα→ dz ′ dα = −ρ sec2α→ dz′ = −ρ sec2αdα. (23) Tambe´m temos, da equac¸a˜o (21), R = ρ cosα = ρ secα. (24) Com o auxı´lio das equac¸o˜es (17) e (20)-(24), a equac¸a˜o (19) torna-se E = ρL 4piε0 ∫ L ρaˆρ+ (z − z′)aˆz[ ρ2+ (z − z′)2 ]1/2 dz′[ρ2+ (z − z′)2] = ρL 4piε0 ∫ L (cosαaˆρ+ sinαaˆz) (−ρ sec2αdα) R2 = −ρL 4piε0 ∫ L (cosαaˆρ+ sinαaˆz) (ρ sec2αdα) ρ2 sec2α = −ρL 4piε0ρ ∫ α2 α1 (cosαaˆρ+ sinαaˆz) dα. (25) Logo, para uma linha finita de carga, E = −ρL 4piε0ρ (sinαaˆρ − cosαaˆz)α2α1 = ρL 4piε0ρ (− sinαaˆρ+ cosαaˆz)α2α1 E = ρL 4piε0ρ [(sinα1 − sinα2) aˆρ+ (cosα2 − cosα1) aˆz] . (26) Para uma linha infinita de carga, α1 → pi/2 e α2 → −pi/2, logo E = ρL 4piε0ρ [(sinpi/2+ sinpi/2) aˆρ+ (cospi/2− cospi/2) aˆz] , E = ρL 2piε0ρ aˆρ, (27) i.e., o campo ele´rico gerado por uma linha infinita tem apenas a com- ponente na direc¸a˜o de aˆρ∗. ∗Se a linha na˜o estiver sobre o eixo z, ρ deve ser entendida como a distaˆncia, tomada perpendicularmente a` linha, da distribuic¸a˜o de carga ate´ o ponto de interesse e aˆρ deve ser entendido como o vetor unita´rio ao longo dessa direc¸a˜o perpendicular. Exemplo 2: Campo ele´trico gerado por uma laˆmina infinita de carga− considere uma laˆmina infinita de carga no plano xy, a qual possui uma densidade uniforme de carga ρS. A carga associada a um elemento de a´rea dS e´ dada por dQ = ρSdS, e portanto Q = ∫ S ρSdS. (28) A contribuic¸a˜o do elemento de a´rea 1 para o campo ele´trico E no ponto P (0,0, h) e´ dada por dE = dQ 4piε0R2 aˆR = ρSdS 4piε0R2 aˆR. (29) Verificamos que R = −(xaˆx+yaˆy)+haˆz = −ρaˆρ+haˆz, R = √ ρ2+ h2, (30) e dQ = ρSdS = ρSdρ(ρdφ) = ρSρdρdφ. (31) Portanto, dE torna-se dE = ρSdS 4piε0R3 R = ρSρdρdφ (−ρaˆρ+ haˆz) 4piε0 ( ρ2+ h2 )3/2 . (32) Devido a` simetria da distribuic¸a˜o de carga, verificamos que para cada elemento 1 existe um elemento 2 cuja contribuic¸a˜o ao longo de aˆρ se cancela com a contribuic¸a˜o do elemento 1. Quando consideramos toda a distribuic¸a˜o de carga, as contribuic¸o˜es na direc¸a˜o aˆρ se can- celam e portanto Eρ = 0, restando apenas a componente de E na direc¸a˜o z. Logo, E = ∫ S dEz = ∫ S ρSρdρdφ (haˆz) 4piε0 ( ρ2+ h2 )3/2 = ρSh4piε0 ∫ S ρdρdφ( ρ2+ h2 )3/2aˆz. (33) Considerando os limites de integrac¸a˜o, φ varia entre 0 e 2pi, enquanto ρ vai de 0 a infinito: E = ρSh 4piε0 ∫ 2pi 0 dφ ∫ ∞ 0 ρdρ( ρ2+ h2 )3/2aˆz = 2piρSh 4piε0 ∫ ∞ 0 ρdρ( ρ2+ h2 )3/2aˆz = ρSh2ε0 ∫ ∞ 0 ρdρ( ρ2+ h2 )3/2aˆz. (34) Fazendo u = ρ2 + h2, temos du = 2ρdρ, com u variando de h2 (quando ρ = 0) a infinito (quando ρ→∞). Enta˜o, E = ρSh 2ε0 ∫ ∞ h2 du 2u3/2 aˆz = ρSh 4ε0 aˆz ∫ ∞ h2 u−3/2du = ρSh 4ε0 u−1/2 (−1/2)| ∞ h2 aˆz = −ρSh 2ε0 1 u1/2 |∞ h2 aˆz = −ρSh 2ε0 aˆz [ 1 ∞ − 1 (h2)1/2 ] = −ρSh 2ε0 aˆz ( 0− 1 h ) , (35) logo, E = ρS 2ε0 aˆz. (36) Portanto, o campo ele´trico gerado pela laˆmina e´ normal a mesma e independente da distaˆncia entre a laˆmina e o ponto onde estamos calculando o campo. Em geral, para uma laˆmina infinita de carga, temos E = ρS 2ε0 aˆn, (37) onde aˆn e´ um vetor unita´rio normal a` laˆmina. Uma aplicac¸a˜o da expressa˜o acima e´ o ca´lculo do campo ele´trico en- tre as placas de uma capacitor de placas paralelas. Na regia˜o entre as placas (carregadas com cargas iguais e opostas) o campo e´ dado por (figura abaixo) E = −2 ρS 2ε0 aˆz = −ρS ε0 aˆz. (38) Exemplo 3: Uma laˆmina finita 0 ≤ x ≤ 1, 0 ≤ y ≤ 1, sobre o plano z = 0, tem uma densidade de carga dada por ρS = xy(x2+ y2+ 25)3/2 nC/m2. Determine (a) a carga total na laˆmina; (b) o campo ele´trico em (0,0,5); (c) a forc¸a experimentada por uma carga de - 1 mC localizada em (0,0,5). (a) A carga total na laˆmina e´ dada por Q = ∫ ρSdS = ∫ 1 0 ∫ 1 0 xy(x2+ y2+25)3/2dxdy, (39) onde Q esta´ em nC. Podemos integrar primeiramente em x e depois em y. Tomando u = x2+ y2+25, temos du = 2xdx e Q = ∫ 10 ∫ 1 0 y(x2+y2+25)3/2xdxdy = ∫ 1 0 y [∫ y2+26 y2+25 u3/2 2 du ] dy = 1 2 ∫ 1 0 y (u5/2 5/2 )y2+26 y2+25 dy = (40) 1 5 ∫ 1 0 y [ (y2+26)5/2 − (y2+25)5/2 ] dy = 1 5 [∫ 1 0 y(y2+26)5/2dy − ∫ 1 0 y(y2+25)5/2dy ] . (41) Fazendo substituic¸a˜o de varia´veis em cada uma das integrais acima (por exemplo, v = y2+26, dv = 2ydy e w = y2+25, dw = 2ydy), teremos 1 10 [ (y2+26)7/2 (7/2) − (y 2+25)7/2 (7/2) ]1 0 = 2 70 [ (27)7/2 − (26)7/2 − (26)7/2+ (25)7/2 ] = 1 35 [ (27)7/2 − 2(26)7/2+ (25)7/2 ] = 1 35 (102,3− 179,2+ 78,1) 103 = 34,3, (42) i.e.,Q = 34,3 nC. (b) O campo ele´trico gerado pela laˆmina sera´ E = ∫ S dQ 4piε0R2 aˆR = ∫ S ρSdS 4piε0R3 R, (43) onde R = r− r′ = (0,0,5)− (x, y,0) = (−x,−y,5). Portanto, R = √ x2+ y2+25, (44) e E = 10−9 ∫ S xy(x2+ y2+25)3/2(−xaˆx − yaˆy+5aˆz)dxdy 4piε0(x2+ y2+25)3/2 = 10−9(9× 109) ∫ S xy(−xaˆx − yaˆy+5aˆz)dxdy = 9 ( − ∫ S x2yaˆxdxdy − ∫ S xy2aˆydxdy+5 ∫ S xyaˆzdxdy ) = 9 ( − ∫ 1 0 y ∫ 1 0 x2dxdyaˆx − ∫ 1 0 y2 ∫ 1 0 xdxdyaˆy+5 ∫ 1 0 y ∫ 1 0 xdxdyaˆz ) = 9 ( −1 3 ∫ 1 0 ydyaˆx − 1 2 ∫ 1 0 y2dyaˆy+ 5 2 ∫ 1 0 ydyaˆz ) = 9 ( −1 6 aˆx − 1 6 aˆy+ 5 4 aˆz ) = −1,5aˆx − 1,5aˆy+11,25aˆzV/m, (45) ou E = (−1,5;−1,5; 11,25) V/m. (c) Se uma carga com q = −10−3 C for colocada em (0,0,5), a forc¸a eletrosta´tica sobre ela sera´ F = qE = −10−3(−1,5;−1,5; 11,25) = (−1,5;−1,5; 11,25)mN. (46) Exemplo 4: Os planos x = 2 e y = −3 esta˜o carregados com 10 nC/m2 e 15 nC/m2, respectivamente. DeterminarE em (1,1,-1) devido a`s duas distribuic¸o˜es de carga. O campo E no ponto (1,1,-1) nada mais e´ que a soma vetorial dos campos gerados por cada disribuic¸a˜o de carga nesse ponto. Con- siderando E1 o campo gerado pelo plano infinito x = 2 (−aˆx) e E2 o campo gerado pelo plano infinito y = −3 (aˆy) no ponto (1,1,-1), temos E = E1+ E2, (47) onde E1 = − ρS 2ε0 aˆx = − 10× 10 −9 2× 8,854× 10−12aˆx = −565aˆx, (48) E2 = ρS 2ε0 aˆy = 15× 10−9 2× 8,854× 10−12aˆy = 847aˆy, (49) logo E = −565aˆx+847aˆyV/m. (50) Figuras: • http://slideplayer.com/slide/5286049/ • https://www.wyzant.com/resources/lessons/science/physics/magnetism Refereˆncias: • SHADIKU, M. N. O., Elementos de Eletromagnetismo. Editora Bookman, 5a edic¸a˜o, 2012.
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