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Introdução à Fruticultura

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CURSO: INTRODUÇÃO À FRUTICULTURA
Profa. Dra. Adriana Graciela Desiré Zecca
HISTÓRICO
A vida humana seria impossível se não existissem as árvores. As plantas, especificamente as árvores, fornecem ao homem lazer, abrigo, perfume, remédio, comida, combustível, tinta, além de permitir a confecção de instrumentos para as mais distintas utilidades.
Segundo alguns historiadores, a fruticultura tem sido praticada há milhões de anos e dentre as espécies mais antigas, são citadas a Macieira, Videira, Cítricos, Figueira e Pereira. A dispersão das frutíferas ocorreu com os vários deslocamentos do homem, seja por guerras, ou por novas conquistas.
A partir dos centros de origem, as plantas foram disseminadas em todo o mundo, primeiramente, através de pequenas viagens realizadas pelo homem e pela necessidade de utilização para os vários objetivos, destacando a alimentação. No início, as plantas frutíferas, quando levadas aos locais fora dos centros, sofreram algumas mudanças, pois sua adaptação foi progressiva. Daí, devido às alterações no seu 'habitat', várias mudanças podem ter surgido, repercutindo muitas vezes em variações genéticas, através de mutações espontâneas e hibridações naturais. O homem, então, com seu espírito de selecionar as espécies de interesse, foi através dos tempos escolhendo aquelas espécies ou variedades que apresentavam características superiores. Sabe-se que inúmeras variedades e cultivares hoje existentes são, na sua maioria provenientes de mutações e hibridações naturais. A disseminação das espécies e variedades, na verdade, ocorreu primeiramente no velho mundo e daí para o novo mundo e o canal foi a ansiedade dos povos mais antigos em descobrir novos horizontes. Através dessas aventuras, a tripulação inicialmente em caravelas e posteriormente com meios de transporte mais adequados, levavam material genético, principalmente em forma de sementes, além de frutos e até mudas, que deixavam nos locais como forma de registrar a sua presença ou de dominância nos novos locais, bem como o objetivo de produzir frutos destinados ao uso na alimentação, visando as próximas viagens.
De lá para cá, grandes avanços têm sido alcançados, colocando o Brasil na posição privilegiada de maior produtor de frutos frescos e maior exportador de suco de laranja concentrado congelado. Em termos gerais, o Brasil, com seu potencial para produção, ainda está aquém de sua capacidade. Entretanto, o que se tem observado é um grande incremento na produção de frutos, tanto para consumo como fruta fresca, quanto para industrialização.
Quase todos, senão todos os Estados exploram a fruticultura; algumas regiões se destacam, a exemplo de São Paulo, que é o maior produtor de cítricos e manga, com aproximadamente um milhão de hectares de cítricos; Santa Catarina mostra sua potencialidade, sendo o maior produtor de maçã. O Rio Grande do Sul ocupa a primeira posição na produção de uva, principalmente para a produção de vinhos. 
DISTRIBUIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA FRUTICULTURA
De acordo com alguns pesquisadores, pode-se definir as espécies, geográfica e didaticamente, de acordo com as condições climáticas. Assim sendo, pode-se definir as frutíferas em três grandes grupos: frutíferas de clima tropical, subtropical e temperado.
As frutíferas de clima tropical são aquelas que encontram boas condições para desenvolvimento e produção em clima quente, exigindo, de preferência, pluviosidade regular e temperatura média anual superior a 22ºC. Nesta faixa, não há muita variação nas estações do ano, chegando a temperatura mínima de 15ºC, em média. Frutíferas que apresentam crescimento quase que contínuo. Dentre as inúmeras espécies cultivadas nessa faixa, pode-se citar: abacaxizeiro, bananeira, cajueiro, coqueiro, goiabeira, gravioleira, jaqueira, mamoeiro, mangueira, maracujazeiro, sapotizeiro e tamareira.
O segundo grande grupo é composto pelas frutíferas de clima subtropical. Esse grupo de plantas se adapta melhor em condições intermediárias com temperaturas médias anuais variando entre 15 e 22ºC. Grande parte dessas plantas possuem folhagem permanente, desde que tenham solo com água disponível e sem períodos prolongados de seca. A maioria delas apresenta alguns surtos de crescimento durante o ano. Algumas plantas desse grupo são caducifólias, com um surto de crescimento mais acentuado na primavera. De forma geral, as frutíferas de clima subtropical apresentam um curto período de repouso vegetativo provocado por baixas temperaturas ou por seca prolongada. 
Algumas espécies desse grupo apresentam pequena tolerância às geadas, sendo que essa tolerância aumenta para aquelas que possuem as folhas caducas, resistindo por pouco tempo a temperaturas inferiores à 4ºC. Dentre as frutíferas desse grupo destacam-se: abacateiro, cajueiro, figueira, jabuticabeira, laranjeira, lichieira, limeira, limoeiro, marmeleiro, nespereira, tangerineira, entre outras.
O terceiro grande grupo é composto pelas frutíferas de clima temperado. Essas, contrastando com as duas anteriores se adaptam a baixas temperaturas. Exigem para melhor desenvolvimento e produção, temperatura média anual baixa, variando de 5 a 15ºC. Apresentam um período denominado de repouso vegetativo ou dormência, sendo que durante esse tempo apresentam alta resistência a baixas temperaturas. 
As espécies desse grupo são caducifólias, condição essa provocada por baixas temperaturas ou por falta de água disponível no solo. Comparando-se com outras frutíferas, pode-se considerar, de maneira geral, que essas plantas apresentam somente um surto de crescimento. 
As principais espécies dentre as inúmeras desse grupo são: ameixeira, cerejeira, damasqueiro, framboeseira, macieira, nogueira-européia, pereira, pessegueiro, videira-européia, videira-americana. 
A classificação das frutíferas em três grandes grupos (tropicais, subtropicais e de clima temperado) serve para indicar, de maneira geral, as melhores condições para sua exploração. Entretanto, com os trabalhos de melhoramento, tem sido possível adaptar fruteiras classificadas num determinado grupo para o cultivo em locais de condições climáticas diferentes daquelas de sua origem. A videira européia (fruteira de clima temperado) e a figueira (classificada como subtropical que exige altas altitudes) estão sendo cultivadas com muito sucesso no Nordeste do Brasil, onde o período de repouso vegetativo e provocado pela falta de água no solo, enquanto nos Estados do Sul ele é provocado pela baixa temperatura durante o inverno.
Fruteiras típicas de clima tropical, como abacaxi, bananeira, goiabeira e maracujazeiro, são cultivadas comercialmente em climas subtropicais e temperados, desde que protegidas contra ventos frios e cultivadas em locais sem geadas ou com ocorrência de geadas fracas.
Os citros encontram melhores condições para a produção de ótimos frutos nas regiões subtropicais, mas são cultivados também nas tropicais e temperadas, onde não ocorram geadas ou estas sejam de curta duração.
DISTRIBUIÇÃO NO BRASIL
O Brasil, por ser um país de dimensões continentais, possui uma diversidade climática muito grande. Há regiões que chegam à temperaturas inferiores a 0ºC no período de inverno, como a serra gaúcha, propícia para a fruticultura de clima temperado. No nordeste do país, encontram-se regiões semi-áridas com precipitações médias anuais abaixo de 400 mm e com temperaturas médias ao redor dos 30ºC, regiões que, bem manejadas, poderão produzir frutos tropicais de ótima qualidade, além de permitir a adaptação de espécies de clima temperado como a videira.
Por ser um extenso território fica difícil determinar regiões bem definidas para esta ou aquela cultura. Existem, nas diversas regiões, microclimas que dão condições ao estabelecimento de frutíferas que pelas suas exigências climáticas, não se adaptariam. No Sul do país, Santa Catarina mais especificamente, onde se produz maçãs de alta qualidade, também já se cultiva banana com muito sucesso na região do Vale do RioItajaí, graças às condições locais de clima. 
Assim como em Santa Catarina, no vale do Rio São Francisco, região de clima quente, o cultivo da videira, considerada por muito tempo como típica de clima frio, está sendo explorada de maneira intensiva com resultados econômicos significativos.
Tendo em vista que nas diversas regiões ocorrem variações climáticas características, pode-se, a partir desse conhecimento, definir de um modo geral as grandes regiões produtoras de frutos no Brasil. Como mencionado no item anterior, a distribuição das frutíferas segue basicamente a distribuição do clima.
No Sul do país, pelos fatores mencionados, com grande potencial, produz frutos de clima temperado como a maçã em Santa Catarina representada por Fraiburgo (que é a capital dessa pomácea) e São Joaquim. O pêssego se destaca no Rio Grande do Sul, na região de Porto Alegre (frutos para consumo 'in natura'), e de Pelotas (frutos para indústria), enquanto a uva vem sendo cultivada há muito tempo em Bento Gonçalves e Garibaldi. O cultivo de videiras encontra-se expandido para outras regiões, sendo que a região Sudoeste do Rio Grande do Sul tem destaque no cultivo de uvas viníferas. 
De acordo com estudos agronômicos realizados, constatou-se que toda a Região Norte do Estado é recomendada para fruticultura. Nesta Região existe a possibilidade de implantação de uma grande gama de frutíferas, devido à ampla diversificação edafoclimática, isto é, condições de clima (desde temperado até tropical em algumas microrregiões) e solo de excelente qualidade que permitem a exploração de frutas de clima tropical, subtropical e temperado.
A Região do Alto Médio Uruguai possui solo e clima que permitem o cultivo de frutíferas de caroço com a vantagem de que o inverno é ameno, o que permite a ocorrência de floração e maturação mais cedo, com entrada de frutas mais cedo nos mercados o que possibilita a obtenção de preços maiores, comparados com outras regiões produtoras de frutas do Rio Grande do Sul.
IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA
A fruticultura é uma das atividades mais importantes do setor primário, em praticamente todo mundo. A relevância do setor frutícola em cada região é variável, mas pode-se afirmar que a potencialidade para uma ou mais espécies frutíferas ocorre em cada região. No Brasil, mais especificamente, há condições adequadas para cultivo de um grande número de espécies, desde plantas frutíferas de clima tropical (muitas das quais tem seu centro de origem no próprio Brasil) até de espécies de clima temperado, cuja adaptação de um grande número de cultivares é bastante satisfatória, tornando viável o seu cultivo comercial.
Com base nesta potencialidade, a corrida para a fruticultura no Brasil e a tradição do cultivo de espécies frutíferas são realidade. Cada vez mais o setor frutícola tem aumentado sua significância, na medida em que cresce a consciência: a) do valor alimentar das frutas e da necessidade de sua inclusão na dieta; b) da importância das espécies frutíferas em sistemas de diversificação na propriedade; c) da necessidade da capitalização do produtor rural utilizando a fruticultura; d) da relevância da fruticultura como geradora de empregos; e) da importância das frutas como componentes da balança comercial e na geração de divisas; f) do aumento do interesse de produtores tanto em nível doméstico quanto em nível empresarial. Na verdade, a fruticultura é uma das grandes geradoras de recursos, pois as frutas possuem alto valor agregado, ou seja, possuem alto valor por unidade colhida, permitindo a obtenção de uma receita elevada em uma pequena área.
Observa-se que, de um modo geral, a receita por unidade colhida para frutas é superior à alcançada em culturas anuais. O valor agregado torna-se tanto maior em espécies destinadas ao consumo ‘in natura’ das frutas, como é o caso de maçã, pêssego de mesa, ameixa e tangerina e é menor em produtos provenientes de frutas após processamento, como é o caso do suco de laranja e de conservas de pêssego.
Além do que já foi mencionado, o interesse do consumidor em adquirir frutas consideradas exóticas é um dos fatores que têm estimulado a produção frutícola. 
VALOR ALIMENTAR
As frutas têm grande importância na composição da dieta. Regiões subdesenvolvidas ou em desenvolvimento, principalmente a Ásia, África e Américas Central e Sul apresentam clima favorável ao cultivo de uma diversidade muito grande de espécies, dentre as quais as espécies frutíferas. O quadro de desnutrição, entretanto, é freqüentemente alarmante, denotando uma alimentação carente e/ou inadequada. Esse panorama contraditório se estabelece tanto por falta de cultivo dos alimentos dentre os quais as frutas, quanto ao alto custo dos mesmos. As frutas, muitas vezes são oferecidas a preços incompatíveis com o baixo poder aquisitivo da maioria da população. A melhoria do estado nutricional nestas e outras regiões passa obrigatoriamente pelo aumento da oferta de frutas, bem como pela sua inclusão na dieta cotidiana.
Mesmo em países desenvolvidos ou outras regiões tradicionalmente consumidoras de frutas, o consumo das mesmas deve ser incrementado. Na verdade, isso já vem ocorrendo. O perfil do consumidor vem se alterando, ciente de que as frutas têm equilibrada distribuição de nutrientes e podem complementar uma boa alimentação.
Freqüentemente, o consumo de frutas é motivado apenas pelo sabor, aroma e aparência das mesmas e não pelo seu valor nutritivo. Daí a importância do estudo e divulgação do valor alimentar das frutas. Neste sentido, dois aspectos são fundamentais: o teor de nutrientes e a quantidade de produto consumido.
As frutas como componentes na alimentação não podem ser a única forma de fornecimento desses elementos, mas devem ser utilizados para complementar a dieta do dia-a-dia. Uma nutrição baseada no consumo de frutas como componentes de uma boa alimentação é essencial, pois, de modo geral, as frutas contêm, de forma equilibrada, muitos elementos fundamentais para uma boa alimentação.
O consumo variado de frutos é importante não apenas para quebrar a monitoria alimentar, mas também para permitir que sejam aproveitados em maior quantidade em alguns frutos do que em outros.
No que se refere ao conteúdo de água, as frutas podem ser classificadas em: frescas, que apresentam entre 60 e 90% de água, e secas (2 a 10%). As frutas secas apresentam cerca de 3 a 25% de carboidratos, fração composta basicamente de açúcares simples, pectina, amido e celulose (fibra). O elevado teor de água na maioria das frutas é importante para prevenir a desidratação, fornecendo água ao organismo.
Em segundo lugar, de modo geral, situam-se as substâncias energéticas, dadas em calorias. A maioria dos frutos não são bons fornecedores de calorias (carboidratos, açúcares e gorduras), exceto os frutos mais ricos tais como abacate, castanha de caju, coco e outros. Substâncias energéticas são importantes para o metabolismo basal, síntese de tecidos, atividade física, etc. As frutas, aliadas ao seu baixo valor calórico, de grande importância em dietas de emagrecimento, são importantes fontes de ácidos graxos tais como o linoleico e o linolênico, essenciais para o organismo humano. Os ácidos graxos poliinsaturados “Omega 3” são importantes na prevenção da obstrução de artérias e na inibição de tumores cancerígenos. Abacate, framboesa e morango, crus, apresentam cerca de 0,1 g/100 g de porção comestível de ”Omega 3”.
As proteínas são encontradas em maiores quantidades em frutos como a castanha-do-Pará, fruta-do-conde, abacate, banana, figo, goiaba, jaca, coco e maracujá. O valor biológico de uma proteína expressa a sua eficiência em ser absorvida pelo organismo. Embora na maioria das frutas o teor de proteínas seja proporcionalmente baixo, muitas delas são de alto valor biológico.
As frutas são excelentes fontes de vitaminas, sendo a(s) vitamina(s) predominante(s) variáveis com a espécie. Assim, predomina a vitamina A (mais precisamente), a pró-vitamina A (caroteno),principalmente em frutas de polpa amarela. Aproximadamente 90% do requerimento de vitamina C (ácido ascórbico) é oriundo de frutas e hortaliças, embora esta vitamina seja apenas um dos componentes comumente encontrados neste tipo de alimento. 
O abacate (100 g de polpa) pode fornecer até metade de vitamina A necessária para um dia, enquanto a banana pode fornecer cerca de 5 a 10% do necessário e outras frutas, como mamão, goiaba e suco de maracujá, de 50 a 100%. Frutos ricos em vitaminas C, como a acerola, a goiaba, o abacaxi e os frutos cítricos podem fornecer toda a quantidade necessária. Outras vitaminas como B1 e B3 são fornecidas em cerca de 5 a 20% do necessário pela maioria das frutas.
Os minerais estão presentes nos frutos em maior ou menor quantidade. Nozes, limão e caqui são fontes de cálcio, ao passo que o ferro é encontrado em espécies como o figo, abacate e maracujá. O total de minerais em geral corresponde a 0,5 a 1% das frutas. O potássio, cálcio, magnésio e ferro são encontrados com mais freqüência e em qualidades razoáveis. Nas frutas secas, os compostos ficam mais concentrados, de forma que o teor de nutrientes é mais elevado.
A quantidade de fibras na maioria das frutas é bastante significativa e importante para o consumo humano. A fibra é um componente não absorvido pelo organismo humano que auxilia nos movimentos peristálticos para eliminação do bolo fecal. A dieta do homem moderno é freqüentemente pobre em fibras e o consumo de frutas pode contribuir para o incremento dessa fração na alimentação, útil na prevenção de diversas doenças da atualidade.
A melhor forma de consumir uma fruta, considerando seu valor nutricional é na forma ‘in natura’. Toda e qualquer forma de processamento acarreta modificações na sua composição, por mínima que seja. Sucos de frutas extraídos pouco tempo antes de seu consumo, têm praticamente todos os componentes de frutos, exceto a celulose. Com o tempo após o preparo, reações de fotodegradação e oxidação reduzem significativamente o seu valor nutricional. Toda vez que há uso de aquecimento da fruta, há perdas principalmente de vitaminas, como C que é altamente termoinstável (degrada-se com o aumento de temperatura). Em frutas enlatadas, por exemplo, a perda de vitaminas é em torno de 50% de pró-vitamina A e vitamina B, sendo maior em vitamina C.
IMPORTÂNCIA SOCIAL
O cultivo de espécies frutíferas tem como principal característica a elevada exigência de mão-de-obra. Isso porque não apenas são necessários cuidados na condução do pomar, como também na colheita e manejo dos frutos. Assim, compreende-se porque a fruticultura tem um importante papel social, como fonte geradora de empregos. A complexidade da fruticultura faz com que sejam exigidos tratos culturais especiais e para isso, deve-se dispor de mão-de-obra especializada em grande quantidade. Em comparação, uma cultura anual exige, para condução de um hectare, uma quantidade de mão-de-obra relativamente baixa, inclusive porque a mecanização é altamente adotada, ao contrário da fruticultura. Por outro lado, são necessárias muitas pessoas (mão-de-obra familiar e concentrada) para realização de tarefas tais como podas, raleio de frutos, colheita e apenas para citar alguns exemplos. Ainda no que se refere à mão-de-obra, a fruticultura é uma fonte geradora de empregos não apenas diretamente no pomar, mas também indiretamente, no processamento dos frutos e manejo de produtos industrializados. Estima-se que, para cada hectare cultivado com frutíferas, são criados 3 a 5 novos postos de trabalho.
Face ao elevado rendimento por área e ao alto valor agregado de frutos, como citados anteriormente, a fruticultura pode atuar, uma vez otimizando o sistema de produção, como um agente de capitalização do produtor, especialmente se a fruticultura estiver dentro de um plano de diversificação de cultura da propriedade. Dessa forma a fruticultura é um importante fator de fixação do homem à terra, pois possibilita a exploração intensiva e lucrativa das áreas produtivas.
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
As frutas apresentam alto valor agregado, proporcionando um volume de recursos alocados e gerados para as atividades muito significativas.
Para entender-se a importância econômica da fruticultura, deve-se compreender três fases:
a) Antes da produção - por ser uma atividade de exploração intensiva, o custo de implantação de pomares é elevado, envolvendo desde preparo de solo; aquisição de mudas e a mão-de-obra do plantio. Estes recursos, de forma indireta, beneficiam os setores que podem ser incluídos na jusante do volume de recursos. 
b) Durante a produção - os custos de manutenção de um pomar e os recursos alocados pelo produtor beneficiam os setores de fertilizantes, defensivos, maquinarias e a própria mão-de-obra concentrada.
c) Após a produção - nesta fase, os custos estão representados basicamente pela mão-de-obra para a colheita, além dos setores de embalagens, transportes e sistemas de beneficiamento, refrigeração e processamento.
Isto ocorre porque a fruticultura exige tecnologia de alto custo e mão de obra intensiva e especializada. Na Tabela 2, é apresentada a quantidade média de insumos para manutenção de pomares de algumas espécies frutíferas, utilizando-se como exemplo o estado de Minas Gerais.
Até agora, entretanto, estas considerações econômicas apenas computaram as despesas. As receitas geradas por um pomar eficiente e com a adoção de tecnologia são significativas, especialmente após encerrado o período improdutivo, quando inicia-se a fase de estabilização da produção e amortização dos recursos.
O volume de recursos gerados pela fruticultura, apenas considerando a comercialização dos frutos frescos é muito significativo.
Uma consideração econômica a ser feita ainda é quanto a exportação de frutos, uma atividade crescente no Brasil, especialmente em frutas tropicais. Isto favorece o equilíbrio ou mesmo o superávit de balança comercial. As perspectivas para a exportação são promissoras, uma vez que o Brasil atinja patamares de qualidade aceitável e compatível com a exigência dos importadores.
Nas tabelas 3 e 4 é mostrada a rentabilidade da fruticultura no Estado do Rio Grande do Sul.
Tabela 3: Renda bruta/ha (R$) e produção por ha de algumas atividades desenvolvidas no RS (dados de 2001).
	ATIVIDADES
	RENDA BRUTA/HA (R$)
	PRODUÇÃO/HÁ
	Pecuária de corte
Pecuária de leite
Trigo
Milho
Soja
Sorgo
Fruticultura
	150
420
300
350
720
400
10.000
	150 Kg
2.000 litros
35 sacos
50 sacos
40 sacos
70 sacos
20.000 Kg
Tabela 4: Rentabilidade da Fruticultura (dados de 2001)
	FRUTA
	QUANTIDADE KG/HA
	VALOR em R$
	Pêssego
Ameixa
Amora-preta
Figo
Citros de mesa
Caqui
Abacaxi
Manga
Abacate
	15.000
12.000
14.000
12.500
25.000
25.000
30.000
20.000
15.000
	7.500
18.000
14.000
8.750
5.000
12.500
18.000
10.000
10.500
SITUAÇÃO ATUAL
Apesar de ser um setor fundamentado em plantas perenes, a fruticultura é uma atividade muito dinâmica, com constantes alterações nas áreas de produção, volumes produzidos, comercializados e industrializados, espécies, regiões de produção, entre outros. 
Pode-se afirmar que, tanto em nível mundial quanto nacional, a fruticultura está aumentando de importância, principalmente visando o mercado de frutas frescas. O hábito do consumidor vem sendo modificado no sentido de incluir mais frutas em sua dieta. Este fenômeno acarreta o crescimento de toda a cadeia produtiva de frutas.
PANORAMA MUNDIAL
Em termos mundiais, a fruticultura é uma atividade muito importante, movimentando mercados, gerando grandes montantes em divisas e proporcionando o desenvolvimento de muitos países. O Brasil aparece como o 1º produtor mundial de mamão e laranja, o 2º de banana, e o 4º de abacate e abacaxi. Isso qualifica o Brasil como um grande produtor e impõe um grande desafio para a expansão dafruticultura.
PANORAMA NACIONAL
Atualmente, o Brasil é o maior produtor mundial de frutas. O Brasil responde por 7,5% da produção mundial de frutas. Isso é reflexo de aspectos positivos para o cultivo de frutas, tais como água, extensão territorial, sol e diversidade climática, os quais podem, em alguns casos, proporcionar várias safras por ano. De toda a área destinada à agricultura no Brasil (55 milhões de hectares), apenas 4% (2,2 milhões de hectares) são usados para a fruticultura.
A grande parte da produção brasileira de frutas é destinada ao mercado interno. Embora o Brasil seja o maior produtor, somente cerca de 1% da produção é exportada na forma de fruta fresca. O mercado para exportação, entretanto, pode ser triplicado, uma vez solucionados alguns problemas de qualidade, canais de distribuição, infra-estrutura e barreiras não-tarifárias. O aumento da produção para exportação, aliado ao incremento do mercado interno pode se traduzir em um desenvolvimento muito grande da fruticultura nacional.
As condições edafoclimáticas muito variáveis de região para região permitem o cultivo de diversas espécies. Entretanto, alguns problemas em comum são observados: deficiência em qualidade da produção, o que dificulta especialmente a exportação, perdas da ordem de 15 a 40%, grande utilização de pesticidas, provocando problemas de resíduos na fruta, carência de tecnologia e deficiência na transferência da mesma, problemas de adaptação de cultivares, entre outros.
A região Sul do Brasil é uma tradicional produtora de frutas, muitas delas trazidas junto com os imigrantes europeus que a colonizaram. Pelas suas condições climáticas favoráveis, a região apresenta a liderança nas principais espécies de clima temperado, tais como maçã, uva, pêssego, nectarina, figo, caqui, etc. A fruticultura desempenha, em muitas regiões, uma grande importância econômica. Muitas frutas são destinadas à exportação, bem como outras para o processamento. O pêssego, embora tenha passado por uma condição de diminuição da área em produção, principalmente por problemas com a indústria processadora, é hoje ainda uma boa alternativa. Um grande número de cultivares foram lançadas pelo CPACT/EMBRAPA (Pelotas, RS), abrangendo um longo período de maturação e cultivares com excelentes características, tanto para o consumo ‘in natura’ como para o processamento ou ainda, com dupla finalidade. A cultura da macieira é uma das mais tecnificadas, pois seu cultivo demanda alta tecnologia para obtenção de frutos de boa qualidade - isso tem permitido que o produto sul-brasileiro atinja o mercado internacional com boa aceitação. As regiões de produção de Fraiburgo e São Joaquim (SC) e Vacaria (RS) têm tido modificado o seu panorama econômico em função da cultura da macieira. A uva é destinada predominantemente para a produção de vinhos. Embora a produção esteja concentrada na região da serra gaúcha (Bento Gonçalves, Caxias do Sul), melhores condições de clima e solo têm sido encontradas na fronteira oeste do Rio Grande do Sul (Santana do Livramento), onde a produção de uvas viníferas têm proporcionado a obtenção de vinhos de excelente padrão. Em Santa Catarina, algumas regiões como Videira e outras de colonização italiana, principalmente, se destacam na produção de vinhos.
Mesmo que na região Sul predomine a fruticultura de clima temperado, espécies subtropicais como os citros, goiabeira e abacateiro são bastante cultivadas. A temperatura amena e a amplitude térmica elevada entre o dia e a noite favorecem a qualidade dos frutos cítricos para consumo ‘in natura’. As regiões dos vales dos rios Caí e Taquari (RS) são tradicionais produtoras de frutos cítricos para consumo ‘in natura’, ainda que parte da produção seja destinada ao fabrico de sucos. Em Santa Catarina, a região oeste tem crescido em importância na citricultura. Com a instalação fábricas de suco de laranja para produção de suco concentrado, o cultivo tem sido incrementado. Espécies tropicais também são cultivadas na região Sul. Em Santa Catarina, mais de 5000 produtores rurais têm na bananicultura sua principal fonte de renda. A produção é destinada aos Estados do Sul do Brasil, porém os países do Mercosul surgem com boas potencialidades para consumo. O mesmo ocorre com a cultura no Rio Grande do Sul, na região Litoral Norte. Abacaxi, acerola, goiaba e manga em breve estarão sendo cultivados no litoral de Santa Catarina, onde a amplitude térmica favorece a obtenção de frutas com sabor atrativo e elevada qualidade. Em alguns microclimas do Rio Grande do Sul estão sendo produzidas manga, maracujá, abacaxi e mamão com boa qualidade.
POTENCIAL E PERSPECTIVAS
O Brasil possui regiões com enorme potencial para a produção de frutíferas. Apesar de possuir vocação frutícola, são poucas as culturas que têm significativa importância na balança comercial do país. Entre as culturas de grande importância pode-se citar a manga, maçã e citros na forma, principalmente, de suco de laranja concentrado congelado (SLCC).
Em diversas espécies, especialmente essências nativas, ainda que a produção seja abundante, esta não é orientada para o mercado consumidor. Isto porque a exploração ainda é feita em grande parte de forma extrativista, ou seja, não se aplicam técnicas culturais de forma a garantir a qualidade e a produtividade da cultura, apenas colhe-se o que a planta oferece naturalmente. Neste sentido, o próprio padrão de qualidade não é implementado, seja pela falta de orientação técnica, seja pela falta de exigência do consumidor brasileiro.
Entretanto, nos últimos anos tem-se verificado uma tendência de aumento do consumo de frutas (processadas ou não), tanto no âmbito mundial como nacional, visto que os aspectos relacionados à saúde estão sendo encarados com mais seriedade, e as frutas de um modo geral são fornecedoras de vitaminas e proteínas indispensáveis a dieta alimentar.
Motivado por estas e outras razões, vêm-se utilizando técnicas de manejo adequadas à cada cultura, que em associação às introduções, seleção e hibridações de variedades, estão possibilitando o aumento da oferta de produtos. Aliada a este manejo, técnicas de conservação pós- colheita vêm assegurar a maior vida útil do fruto mantendo suas características inalteradas.
A modernização do país e a globalização das atividades faz com que questões como qualidade, competitividade, geração de empregos, qualidade de vida e funções do Estado sejam discutidas. A agricultura representa, neste contexto, um conjunto de setores que apresentam condições para auxiliar na crescente modernização e competitividade da economia brasileira no mercado mundial. Entretanto, o que se observa é uma desatenção por parte das autoridades, no sentido de incentivar a fruticultura no Brasil. Países com áreas muito menores têm maior expressão no contexto mundial, como o Chile que exporta quase 1 bilhão de dólares em frutas frescas, ao passo que o Brasil exporta 150 milhões.
O Brasil sendo o maior produtor mundial de frutas, deve ordenar a produção, voltando seus objetivos para a qualidade do produto ofertado. A partir dessa conscientização, com certeza a potencialidade da fruticultura brasileira será reconhecida e virá a ser uma das principais atividades econômicas do país.
Nos últimos anos, vem se observando, de uma maneira geral, um processo de profissionalização da fruticultura como atividade econômica. De uma situação em que o cultivo de frutas era algo caseiro e “de fundo de quintal”, com predominância de pomares domésticos, passou-se para a exploração de áreas mais extensas, com incremento de tecnologia, visando elevada produção e qualidade dos frutos. Embora uma parte significativa da produção de frutas ocorra em pomares de pequeno porte, muitas vezes envolvendo mão-de-obra familiar, mesmo nestas situações o empirismo vêm cedendo lugar à tecnologia e o amadorismo vem sendo substituído pela fruticultura vista como uma profissão, conferindo cada vez mais um caráter empresarial à atividade. Além disso, para diversasculturas, a exploração em grandes áreas é uma realidade.
A profissionalização da fruticultura é um fenômeno saudável, pois permite que ela se consagre como atividade econômica viável, além de constituir-se em uma excelente alternativa de diversificação na propriedade rural.
Historicamente, observa-se que a fruticultura, como outras áreas do setor primário, passou (e periodicamente passa) por momentos de euforia para determinadas culturas. É um comportamento cíclico, do qual podem ser citados como exemplos a laranja em São Paulo e a maçã em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os primeiros momentos de euforia caracterizam-se por um aumento abrupto da área cultivada, muitas vezes sem tecnologia apropriada e sem maiores preocupações com o mercado, alardeado nesta fase como abundante e lucrativo. Aos poucos, vai sendo verificado que nem todos os produtores apresentam condições para manter a cultura com viabilidade de produção, o que provoca a desistência e o abandono dos pomares. Após este processo de ‘seleção natural’, os fruticultores que sobreviveram à crise buscam profissionalizar-se, procurando uma maior racionalização no uso de recursos e insumos. 
As lições do passado têm feito com que este fenômeno cíclico venha ocorrendo com menor freqüência, o que é benéfico ao produtor, que cada vez mais procura atingir um bom nível de conhecimento técnico e econômico da cultura antes de formar um pomar. Assim, a profissionalização torna-se algo cada vez mais comum, necessária e cujo surgimento não é obrigatoriamente derivado de uma crise anterior. O produtor deve considerar, além dos aspectos agronômicos, os mercadológicos, devendo se assessorar com um exportador habilitado, caso seja este o destino da fruta, para acompanhamento em marketing e vendas, face às exigências da atividade e sua complexidade.
A busca por uma dieta mais saudável, crescente em uma sociedade cada dia mais exigente tem aumentado a procura por frutas, tanto na forma ‘in natura’ quanto após o processamento, não apenas das chamadas ‘frutas tradicionais’, mas também de frutas exóticas, até então desconhecidas. O aumento da eficiência produtiva dos pomares tem permitido que as frutas sejam oferecidas a preços mais compatíveis com o poder aquisitivo do consumidor.
Embora considerando a incerteza para o futuro, especialmente em nível nacional, a fruticultura, como qualquer outra atividade humana, trabalha calcada em perspectivas e projeções, fruto de estudos sobre os fenômenos passados e sobre as tendências de consumo e produção. A tônica da organização do processo produtivo tem sido a busca da elevada produtividade, associada ao crescimento da qualidade do produto final. Estreitamente relacionadas com o fenômeno da profissionalização da fruticultura, podem ser mencionadas as seguintes tendências, tanto em nível nacional quanto internacional:
a) Redução de custos - esta tem sido uma das maiores preocupações, pois afeta diretamente o produto final e a facilidade de venda do produto. Embora a margem de lucro seja variável conforme a cultura, muitas vezes trabalha-se com uma faixa estreita de lucro, em sistema de alto risco devido a fatores não-previsíveis (chuva, granizo, ventos, doenças, pragas). Portanto, um dos maiores desafios é a redução de custos de produção, sem que isso implique em redução de tecnologia, mas sim pela otimização dos insumos. Os principais meios de redução dos custos em fruticultura são os defensivos, a mão-de-obra e a redução do período improdutivo.
b) Aumento da qualidade - a qualidade de um produto hortifrutícola inclui características, atributos e propriedades que dão valor alimentício do mesmo ao homem, de modo a satisfazer o consumidor ou um segmento que esteja interessado no produto. A competitividade depende do custo mas, mais do que tudo, depende diretamente da qualidade. A qualidade em frutos inclui redução de pesticidas, ausência de resíduos, aspecto visual, aroma, sabor, sanidade, maturação, tamanho, e outros, que se traduzem, em última análise, na satisfação do consumidor. Os princípios da Qualidade Total, aplicados a muitas atividades, podem e devem ser aplicados à fruticultura. Atualmente, trabalha-se com um consumidor cada vez mais exigente em qualidade e cabe ao fruticultor fornecer um produto compatível com esta exigência. 
Frutas tropicais com qualidade e preço competitivo têm excelente mercado. Além disso, quanto maior a qualidade dos frutos, maior o seu valor agregado. Embora no Brasil, em relação ao mercado de frutas, o consumidor não esteja habituado a exigir muita qualidade dos produtos que adquire, especialmente se produtos de alta qualidade são comercializados a preços mais altos, a necessidade de aumento da qualidade das frutas produzidas é necessária e irreversível. Em alguns setores da fruticultura têm-se observado que, após um incremento muito grande de áreas de cultivo de um produtor, este tende a diminuir a área visando incrementar a qualidade das áreas restantes. 
c) Fortalecimento do consumo interno - o mercado interno mostra-se como a grande fronteira comercial para a produção brasileira de frutas, especialmente se associado com o crescimento e melhor distribuição da renda em uma economia estabilizada. Se as experiências de exportação são importantes para modernizar as bases produtivas de frutas, as compras internas serão ainda mais relevantes, inclusive para sustentar uma escala maior de produção. Embora o Brasil seja tido como o maior produtor mundial de frutas, o consumo ‘per capita’ da maior parte das frutas pelo brasileiro é baixo (como por exemplo, maçã, 3,5 kg/habitante/ano) em comparação a muitos países. O baixo poder aquisitivo da maior parte da população e a falta de hábito de consumo deste tipo de alimento no dia-a-dia são os principais fatores que restringem a demanda nacional de frutas. O Plano Real, especialmente quando da sua implantação, permitiu um aumento do poder aquisitivo, com reflexos positivos no consumo interno de frutas, demonstrando a importância do primeiro fator no volume comercializado. Na verdade, frutas e legumes tendem a ser os primeiros produtos a serem eliminados da lista de compras quando de períodos inflacionários. O hábito de consumo é um componente muito arraigado do comportamento humano, porém poderá ser modificado na medida em que uma adequada estratégia de ‘marketing’ for adotada. Para tanto, deve-se apontar os principais aspectos favoráveis do consumo de frutas: valor nutritivo, importância medicinal e dietética, sabor, etc. Freqüentemente, são encontradas algumas estimativas de que um pequeno incremento no consumo ‘per capita’, aliado à grande população brasileira, seria responsável por um grande aumento do volume de consumo, absorvendo não apenas toda a produção nacional, como também exigindo o aumento da área cultivada. Se o consumo atual de maçã (cerca de 3,5 kg/habitante/ano) fosse incrementado em 15%, atingindo 4,0 kg/habitante/ano, considerando uma produtividade de 20 t/ha e uma população de 150 milhões de habitantes, seria necessário um acréscimo de 3750 ha à atual área cultivada. 
d) Crescimento das exportações - a restrita demanda interna por frutas tem feito com que o Brasil busque o mercado externo, atuando como exportador, tanto de frutas para consumo ‘in natura’ como industrializadas. Há uma grande demanda por frutas no mercado internacional e a remuneração é bastante elevada, especialmente quando a produção brasileira é colocada no mercado em períodos de entressafra dos países importadores. A comunidade econômica européia e os Estados Unidos são grandes importadores dos produtos brasileiros. Os denominados “tigres asiáticos” são alguns dos países com maior potencial para importação de frutas brasileiras. Entretanto, medidas protecionistas internas de cada país têm feito com que a entrada do produto seja mais difícil. Um dos maiores desafios a serem enfrentados é o da qualidade, pois são crescentes as exigências em padrões de qualidade (peso, tamanho, aparência) e fitossanitários (ausência de pragas,especialmente quarentenárias), o que exigirá um esforço cada vez maior dos fruticultores e exportadores. As principais barreiras não tarifárias à exportação das frutas brasileiras estão relacionadas a aspectos fitossanitários. EUA e Japão proíbem a importação de figo, goiaba e caqui e impõem exigências especiais para a aquisição de manga e uva. Em alguns casos, é dada preferência para aquisição de frutas de ex-colônias dos principais importadores. As perspectivas para exportação de frutas são, de modo geral, promissoras. Uma das estratégias a serem adotadas é a da formação de ‘pools’ de empresas produtoras, as quais, juntas, podem lançar o produto no mercado internacional com padronização e garantia de qualidade.
e) Exploração de áreas marginais - ‘áreas marginais’ são aquelas cujas condições edafoclimáticas são desfavoráveis à adaptação plena de cultivares de uma certa espécie. Embora estas regiões dificilmente venham a competir com as áreas preferenciais para cultivo, a exploração nestas condições pode permitir a oferta de um fruto mais cedo ou mais tarde no mercado, a valores mais elevados. A introdução com sucesso de uma espécie frutífera em áreas marginais depende dos seguintes fatores: a) fatores sócio-econômicos, relacionados ao mercado, à proximidade de centros consumidores e à disponibilidade de mão-de-obra; b) disponibilidade de cultivares com capacidade de adaptação para áreas marginais, incluindo resistência a baixas temperaturas, estresse hídrico e a doenças, baixa exigência em frio hibernal para quebra da dormência, etc.; c) condições edafoclimáticas que permitem a adaptação de algumas cultivares. Estas condições edafoclimáticas podem ser encontradas tanto em áreas extensas quanto em microclimas, localizados em vales de rios, montanhas, regiões próximas a barreiras naturais, d) tecnologia de produção apropriada para estas regiões, diferenciada das áreas mais tradicionais de cultivo. Assim, o incremento do cultivo está associado a uma intensificação da pesquisa. f) Diversificação da fruticultura - além das espécies frutíferas consideradas como ‘tradicionais’, há uma tendência de ampliação do leque de espécies cultivadas, tanto com espécies exóticas quanto nativas. A flora brasileira é muito rica em espécies frutíferas nativas e muitas delas já se encontram em cultivo comercial, além de outras tantas, que se encontram em fase de melhoramento e desenvolvimento de tecnologia. Estas poderão vir a se tornar boas fontes de renda para o produtor. Além disso, o mercado internacional é ávido por frutas ‘exóticas’, dentre as quais se incluem estas espécies. Observa-se um aumento no interesse por frutas com elevado teor de um ou outro componente da dieta humana, como a vitamina C, caso da acerola, do camu-camu e de outras tantas espécies. g) Redução do uso de insumos - a questão do meio ambiente está cada vez mais presente na agricultura e produtos “ecologicamente corretos” são cada vez mais procurados. Também como componente da qualidade, isto inclui a necessidade de se buscar tecnologias capazes de associar um mínimo de insumos com a obtenção de um fruto de bom padrão. Os insumos, neste caso, envolvem especialmente inseticidas, acaricidas, fungicidas e adubos químicos (ou mesmo orgânicos) capazes de deixarem resíduos nos frutos. A agricultura biológica prevê a produção de frutos com um mínimo de custo, alto valor biológico e bom aspecto comercial, com uso de tecnologia. Esta técnica é uma tendência mundial, relacionada com o aumento da demanda de produtos isentos de resíduos, com o seu maior valor de mercado e com uma boa estratégia de marketing e com a conscientização de que os limites de resíduos de agrotóxicos são cada vez menores.
MERCADOS
O conhecimento do mercado de frutas é essencial para quem produz, bem como para quem assessora tecnicamente o produtor e, obviamente, para quem comercializa a produção. A falta de planejamento para colocação do produto final, seja ele na forma de fruta fresca ou processada acarreta grandes dificuldades, podendo até mesmo inviabilizar o empreendimento.
No Brasil, vários fatores contribuem para que o principal destino da produção seja o mercado interno de frutas frescas. A importância do mercado externo como consumidor da fruta brasileira está muito aquém do potencial do País. O processamento das frutas é uma atividade bastante desenvolvida em algumas espécies, como a laranja, pêssego e coco, porém necessita ser incrementada como forma alternativa de absorver frutas em excesso ou mesmo de baixo padrão para comercialização na forma de fruta fresca.
IMPORTAÇÃO
	
A fruticultura brasileira, apesar de ocupar a primeira posição mundial em produção, ainda importa boa parte dos produtos aqui consumidos como acontece com a ameixa, uva, kiwi, maçã, pêra, entre outras. No Rio Grande do Sul, a situação não é diferente, trantando-se de tradicional importador de frutas de outros países e/ou estados. Mesmo no caso dos citros, o Estado só consegue atender 60 % do consumo nas épocas de maior demanda e tem dificuldade de abastecer e fornecer matéria-prima para suprir as industrias de suco instaladas.
A produção brasileira de frutos está estimada em 35 milhões de toneladas por ano, valor esse que corresponde a 10% da produção mundial, a qual equivale a um montante de 25 bilhões de dólares. De acordo com esses dados, era de se esperar que o Brasil não tivesse necessidade de importação de frutos; entretanto, isso não se concretiza. 
As importações de frutas podem ser divididas em frutas frescas, frutas secas (desidratadas) e de frutas de casca rija (castanhas, amêndoas e avelãs).
A importação de frutos é feita de acordo com necessidades de cada país, entretanto, em alguns casos ela se realiza devido à acordos bilaterais de cooperação entre países. 
Outro produto importante é a uva, pois apesar de apresentar valores abaixo da maçã e pêra, seu volume é significativo. Estima-se que esses valores serão menores ao longo dos anos, devido ao aumento considerável que está ocorrendo nas produções e plantio de novas áreas, principalmente para uvas de mesa, como é o caso do Norte de Minas e Nordeste do Brasil.
De maneira geral, com o aumento de consumo devido à estabilidade da moeda, aumento da renda, valorização cambial e redução de tarifas aduaneiras, além da maior abertura de mercados, a tendência é de aumento nas importações de diversas frutas. A falta de condições para suprir o mercado nacional e as facilidades para liquidação de câmbio nas importações favorecem este quadro. Outro fator importante dessa abertura é o acordo entre os países do Mercosul, acarretando um incremento dos produtos que já são importados e outros que os consumidos exigirão. Sabe-se que além dos países da América do Sul, Central e Norte, outros da Europa, Ásia e África também são grandes fornecedores de frutos para o Brasil. Algumas frutas que ainda são consideradas como exóticas, vêm tendo um incremento significativo no volume de importações. Dentre essas, pode-se destacar o kiwi, pêra, maçã, ameixa, nectarina, framboesa, damasco, algumas variedades de uvas sem sementes e muitos outros que a população exige em decorrência do aumento do poder de compra. Além das frutas frescas, produtos industrializados de inúmeras formas são importados dos diferentes países e das diversas regiões do globo.
O aumento da importação acarreta alguns problemas. Em se tratando de frutas sem similar nacional (ou com pequeno volume produzido no Brasil), não há grandes dificuldades. Entretanto, considerando os frutos que também são produzidos no Brasil, o fruticultor nacional geralmente é prejudicado, pois, muitas vezes, a importação representa uma concorrência desleal com o produto brasileiro. Freqüentemente, produtos nacionais e importados são colocados em condições equivalentes de vendas (preço e exposição nas prateleiras), ou até favoráveis ao produto estrangeiro, caso típico do pêssego enlatado importado da Grécia. O aumento da importação de frutos e derivados tem reduzido o consumodo produto nacional. Tem-se observado, também, que o aumento no consumo de vinhos importados, tem prejudicado enormemente o consumo de vinhos nacionais, levando, até mesmo, alguns produtores do Rio Grande do Sul erradicarem seus vinhedos, devido à indústria vitícola não ter capacidade de absorver mais frutas para processamento.
Se por um lado, a importação traz problemas, por outro, impõe desafios ao fruticultor. O maior deles é, sem dúvida, a necessidade de aumentar a qualidade das frutas brasileiras, aliando-se a um mero custo de produção. Dessa forma, há maior capacidade de competição frente aos produtos importados. Além disso, convém incentivar a difusão, através de técnicas de marketing, da qualidade do produto nacional e das suas demais propriedades, incentivando o consumidor a adquirir, preferentemente, o produto brasileiro. Cabe aos fruticultores, ainda batalhar para que a importação não seja substituta do produto nacional, mas sim, complementar a ele, visando atender o mercado brasileiro com frutas sem similar nacional e/ou em épocas de entressafra.
EXPORTAÇÃO
O Brasil é o maior produtor mundial de frutas. Porém, quando se refere a exportações, os volumes e cifras brasileiras no setor frutícola são bastante modestos. Nos últimos 10 (dez) anos, o volume de frutas exportadas pelo Brasil não ultrapassou 300.000 t (menos de 1% da produção nacional). Dessa forma, o Brasil figura como o 20º em volume de frutas exportadas. 
As principais frutas exportadas são a laranja, manga, maçã, uva, abacaxi e banana (vendida somente para a Argentina e Uruguai).
A expansão da população mundial e o aumento da demanda por alimentos, daí decorrente, é uma realidade. A modificação do perfil do consumidor, cada vez mais direcionado para uma alimentação saudável e equilibrada, ávido por novidades (entre elas, frutas exóticas) e exigente quanto à qualidade do produto que adquire, traduz-se na necessidade dos principais países consumidores de frutas (em geral, os países mais desenvolvidos) importarem volumes bastante expressivos. América Latina, África e Ásia constituem-se em reserva de terras, e fontes para produção de frutas, não apenas para a sua subsistência, mas também para a exportação. O Brasil enquadra-se nesta condição de “potencial exportador”. Neste sentido, o estudo de assuntos relativos à exportação é extremamente importante, pois as frutas apresentam alto valor agregado e a exportação pode ser uma excelente fonte de divisas para o país.
Nos últimos anos, o interesse pela exportação tem aumentado em função do caráter empresarial que vários setores da fruticultura têm alcançado, da possibilidade de alcançar mercados que podem absorver maiores qualidades de frutas e da melhor remuneração pelo produto por parte do mercado externo. De modo geral, descontados embalagem e frete, a remuneração ao produtor com frutas exportadas, é cerca de 10% superior ao comércio interno. Além disso, embora o poder aquisitivo do brasileiro venha aumentando, aspectos culturais e econômicos fazem com que o consumo interno de frutas seja ainda incapaz de absorver toda a produção nacional - dessa forma, a exportação é uma boa alternativa para a comercialização.
A significância e o maior volume de informações refere-se a exportações de frutas frescas. Apesar disso, o Brasil é o principal exportador de SLCC (Suco de Laranja Concentrado e Congelado), bem como exporta outros produtos derivados de frutas. Falta atingir-se ainda um padrão de qualidade elevada, compatível com as exigências dos principais importadores - este é o caso, por exemplo, do pêssego enlatado, que ainda não atingiu os consumidores estrangeiros devido à qualidade do produto.
PLANEJAMENTO E IMPLANTAÇÃO DE POMARES
INTRODUÇÃO
Quando pensa-se em instalar um pomar, deve-se responder alguns questionamentos: O que plantar? Onde plantar? Qual será o mercado existente ou potencial? Em quanto tempo teremos o retorno do investimento?
Hoje, a fruticultura deve ser vista como um negócio e assim, todas as etapas que envolvem questões técnicas, econômicas e ecológicas devem ser consideradas antes da decisão de plantar, pois os custos são elevados, os mercados são exigentes em qualidade e muito competitivos. Portanto, todos os riscos devem ser calculados e analisados antes da implantação do pomar.
	Deve-se ter em mente que a maioria das frutíferas são perenes ou semi-perenes, esperando-se com isso retorno econômico por um período mais longo possível. Na moderna fruticultura, não se admite improvisações, pois os erros cometidos só surgirão após alguns anos, o que acarretaria grandes prejuízos. Observa-se, então que uma das fases mais importantes na implantação do pomar é o planejamento. Como via de regra, deve-se planejar a implantação com, no mínimo, dois anos de antecedência. Esse tempo permite ao fruticultor analisar todos os aspectos que envolvem um bom planejamento. O bom planejamento permite garantir o desenvolvimento de uma cultura racional e altamente rentável.
PLANEJAMENTO
O planejamento visa, dentre outros objetivos, garantir um desenvolvimento da cultura de forma ordenada e precisa e que deve levar em considerações os inúmeros fatores, a exemplo de:
	
a) clima favorável, deve-se avaliar os vários aspectos de altas e baixas temperaturas, ventos fortes, quentes, secos ou frios, umidade relativa do ar, baixa, a quantidade de chuvas e a sua distribuição;
b) solo, analisando os aspectos químicos, físicos, biológicos, topografia, compactação e uniformidade;
c) localização do pomar, principalmente em relação ao mercado consumidor, principais vias de acesso, ausência de problemas fitossanitários restritivos à cultura, existência de água abundante e de qualidade, proximidade de centros com mão-de-obra suficiente e de preferência especializada;
d) seleção de cultivares, copas e porta-enxertos, iniciando pelo destino de produção, época de maturação, produtividade, tamanho das plantas, tamanho dos frutos, resistência à pragas e doenças, uniformidade de produção, adaptabilidade aos diferentes tipos de solos, rendimento industrial;
e) fatores técnicos, tais como: aquisição ou formação de mudas, distribuição dos talhões de acordo com o relevo, sistema de plantio, espaçamento, tratos culturais, irrigação, maquinarias, equipamentos e principalmente infra-estruturas;
f) fatores comerciais, como: comercialização das safras, capital investido (necessário), número conveniente de plantas, problema de super oferta, plano de desembolso.
CUSTO DE IMPLANTAÇÃO
O pomar requer grandes investimentos no momento da implantação. Os custos envolvem o valor da terra e seu preparo, mudas, insumos, equipamentos, infra-estrutura e mão-de-obra, entre outras, fazendo com que esta atividade tenha um alto investimento inicial. Deve-se considerar o período de carência da espécie, a vida útil, o mercado e a produtividade do pomar. Com isso é possível realizar uma análise apurada da viabilidade técnica e econômica.
Deve-se levar em conta todos os aspectos de ordem técnica e financierira para que o produtor tenha garantia no empreendimento, melhoria na sua condição sócio-econômica e um aproveitamento racional no uso da terra.
De uma maneira geral, o custo de um hectare de pessegueiro ou amaixeira está em torno de 2.000 dólares, ao passo que para a cultura da macieira e pereira o valor sobe para 3.000 dólares. Esta diferença, em parte, é atribuída à quantidade das mudas utilizadas; para pessegueiro em torno de 400 e para macieira em torno de 1.000 mudas/ha. Estes valores não consideram o valor da terra. 
Normalmente, as plantas frutíferas só iniciam a produção a partir do terceiro ano e alcançam ótimos rendimentos a partir do sétimo e oitavo anos de produção.
MÃO-DE-OBRA
As práticas realizadas no pomar necessitam de mão-de-obra qualificada e em quantidade, pois, praticamente todas as atividades que envolvem o manejo da planta, são realizadas manualmente.
A fruticulturaé uma atividade típica para pequenas propriedades. A mão-de-obra familiar nem sempre é suficiente e, na maioria das vezes, necessita ser complementada, especialmente no período da poda hibernal, raleio e colheita das frutas.
MERCADO
Antes de instalar um pomar deve-se ter informações sobre as demandas regionais, estaduais, nacionais e internacionais; os períodos do ano que as frutas alcançam melhores preços; sobre a preferência do consumidor, principalmente com relação ao tamanho, cor e sabor das frutas.
As frutas destinadas ao mercado in natura alcançam preços mais elevados do que as frutas destinadas à industria, porém requerem embalagens adequadas e maiores cuidados no manuseio por parte dos produtores.
Deve-se, também, considerar a distância do pomar ao centro de consumo, a perecibilidade das frutas e a existência de agroindústrias para o aproveitamento do excedente.
VENTOS
A ação do vento, pode beneficiar ou prejudicar as fruteiras. Tudo dependerá de sua velocidade, temperatura, da época do ano e, principalmente, do estádio de desenvolvimento da planta. 
Os ventos frios e intensos oriundos do Sul, prejudicam a formação de novos brotos, desidratam e podem queimar as folhas, dificultam o florescimento e a polinização. No entanto, em determinados locais, em época fria, o vento pode provocar a mistura de ar quente com ar frio e impedir a formação de geadas.
Ventos quentes e secos produzem efeitos desastrosos nas plantas, como derrubada de flores, frutas e folhas, queimaduras ou mesmo destruição. Durante o inverno, o aparecimento de ventos quentes chega a provocar o início antecipado do florescimento e da brotação das plantas. Os prejuízos podem ser maiores no caso de surgimento de geadas tardias, quando a planta está em plena brotação e florescimento. As raízes têm de fornecer maiores quantidades de água à planta e o solo resseca-se mais rapidamente.
Ventos muito violentos provocam queda de folhas, ramos, flores, fruta e da própria planta. Além disso, esses ventos podem alterar o porte e a forma da copa e ocasionar deformações e grande diminuição na produção de frutas. Observa-se em muitos locais, após a incidência de ventos fortes, que as plantas amarelecem e as frutas não atingem o tamanho normal, ficando pequenas e péssimas para consumo.
Para evitar os efeitos negativos do vento, recomenda-se instalar o pomar no local mais abrigado do terreno (face contrária à direção dos ventos fortes). Além disso, é aconselhável escolher porta-enxertos que formem plantas pequenas e poda sistêmica para diminuir a altura das plantas.
Outra medida é colocar tutores ou estacas ao lado das mudas pequenas.
Em pequenas áreas, com pomar de frutíferas pequenas, pode-se fazer a cerca viva (quebra-vento) com uma fila de árvores apenas. O mais indicado, no entanto, é plantar de duas a três linhas com as plantas desencontradas, pois assim crescem melhor e impedem a passagem dos ventos. É importante que as mudas frutíferas fiquem distanciadas do quebra-vento (10 metros da primeira fila do pomar), para que não concorram no consumo de água, luz e nutrientes. Quando se deseja fechar a área para evitar a entrada de animais ou de pessoas, além do quebra-vento planta-se o maricá ou Poncirus trifoliata.
O quebra-vento protege 4 vezes sua altura e até 15 vezes a sua área.
Características do quebra-vento:
De preferência plantas melíferas;
Crescimento rápido;
Boa ramificação;
Folhas não caducas
Floração não coincidente com a frutífera.
O eucalipto tem crescimento rápido, é bastante rústico, alcança grande altura, fornece madeira e pode ser plantado como quebra-vento, desde que as frutíferas estejam um pouco distanciadas. Renques de bambu ou taquara também são uma boa opção, quando alinhadas à distância de 5 metros. Essas plantas podem atingir de 15 a 20 metros de altura, servido de boa proteção para o pomar.
Para locais de clima frio, o cipreste tem apresentado bons resultados como quebra-vento.
A formação de cercas vivas deve ser iniciada antes de se implantarem as mudas frutíferas no campo.
As plantas escolhidas para esse fim devem ter porte elevado e possuir ramos desde a base do tronco, além de um sistema radicular vigoroso e profundo, para resistir aos ventos e competir menos com as frutíferas. Elas devem crescer rapidamente, em qualquer solo, e apresentar resistência à seca, doenças e pragas. De quebra, podem fornecer madeira e lenha.
EXPOSIÇÃO DO TERRENO E TOPOGRAFIA
Além da topografia, a orientação do terreno altera as condições climáticas. Um terreno voltado para o sul tende a ser mais úmido, mais frio e menos iluminado do que aquele orientado para o norte. Então, o terreno onde será instalado o pomar deve ter orientação norte-sul, de maneira que as plantas possam ter maior aproveitamento da luz solar e, conseqüentemente, serão mais produtivas e com frutas de melhor qualidade.
Os pomares devem ser instalados preferencialmente na meio encosta (em caso de terrenos declivosos), pois em noites de inverno rigoroso ocorre esfriamento da superfície do solo, fazendo com que se forme uma zona próxima ao solo com ar frio e denso, que empurra o ar mais quente para cima, favorecendo os pomares que estão na meia encosta. 
Inclinação do terreno
Para pomares, o ideal é que a inclinação do terreno não ultrapasse 20 %, pois terrenos declivosos apresentam facilidade de escoar o excesso de água, têm solos muito superficiais e mais pobres em elementos nutritivos. Com menor capacidade de retenção de água, esses terrenos sofrem maior erosão e vivem o período mais crítico nas secas, necessitando de medidas de controle antes da instalação do pomar, como camaleões, plantio em curvas de nível, e evitando-se a capina de plantas daninhas. Deixa-se o solo coberto de vegetação, durante a estação das chuvas, passando uma roçadeira nas entrelinhas e capinando apenas em coroa ao redor das plantas.
Os terrenos com topografia mais plana, resultarão em pomares com maior uniformidade e mais facilidade no cultivo, principalmente quanto ao emprego de máquinas; geralmente são terrenos mais ricos em elementos químicos e sofrem menos nos períodos secos. Mas há problemas, com o excesso de água nos períodos de chuva.
Nesse caso, a solução é a drenagem superficial ou a drenagem a uma profundidade de 1 metro e valetas com espaço de 10 a 15 metros.
Nos terrenos planos ou levemente inclinados, com declividade de até 2 %, é desnecessário o trabalho de conservação de solo, e as mudas podem ser plantadas em linha reta. Nas áreas com declividade entre 2 e 5 %, controla-se a erosão com o plantio de mudas em nível.
INSTALAÇÃO
A partir da definição dos parâmetros anteriores considerando um planejamento adequado deve-se então fazer a implantação do pomar.
Preparo do Solo
O preparo do solo requer cuidados específicos, especialmente se nunca foi cultivado. Notadamente, nesse caso, deve-se desmatá-lo (de acordo com as necessidades), fazer a distribuição das leiras com os restos da derrubada, após a retirada de madeira e lenha. Algumas precauções devem ser tomadas no sentido de não se arrastar a camada fértil de solo utilizando-se de garfos para o enleiramento. A destoca deve ser bem feita, prevenindo problemas futuros com cupim ou fungos dos gêneros Rizoctonia e Armillaria, comuns em áreas recém-desbravadas. Logo em seguir fazer duas arações profundas (geralmente são suficientes), seguidas de duas gradagens. Entretanto, em terrenos recém-desbravados não se recomenda o plantio de frutíferas, devendo-se cultivar durante, no mínimo, dois anos com cultura anuais. Nessa ocasião também se faz o combate sistemático às formigas. Nessa fase deve-se observar, com detalhes se o solo é sujeito a compactação, caso afirmativo fazer então a subsolagem. No caso de renovação de pomares adotar o mesmo procedimento anterior.
Calagem
Em quaisquer dos casos deve-se fazer a calagem, de acordo com a análise do solo. Esta é a única oportunidade de se corrigiro solo em profundidade sem danificar o pomar. Quando a cultura já esta implantada e houver necessidade de calagem a profundidade máxima que se coloca o calcário atinge 10 cm, com a agravante de danificação do sistema radicular das plantas. para realização da calagem em terrenos recém-desbravados, dar preferência ao calcário dolomítico e distribuí-lo em área total, com antecedência mínima de 20 dias. A incorporação deve ser feita em duas etapas, cinqüenta por cento antes da aração e a outra metade na gradeação. Algumas frutíferas exigem além da distribuição em área total a colocação de calcário nas covas.
Sistema de Plantio
O sistema a ser utilizado dependerá do tipo de pomar a ser implantado e da declividade do terreno. De maneira geral, pode-se optar pelos seguintes sistemas de plantio: quadrado, retangular, hexagonal, quincôncio e triangular. Caso a área de plantio seja plano pode-se optar por linhas retas, não utilizando curvas de nível, facilitando os tratos culturais. Terreno com declive maior que 15%, deve-se utilizar curvas de nível, com espaçamento retangular O quadrado seria o mais simples, sendo que nesse caso dará um menor número de plantas por área.
O sistema retangular permite um maior número de plantas por área, facilitando também os tratos culturais. O sistema hexagonal, que é baseado no triângulo equilátero, permite o cultivo em três sentidos.
 O sistema de quincôncio, que propicia um maior número de plantas inicialmente, é um sistema que para espécies de porte alto, necessita um desbaste no futuro e pode ser adotado para pomar doméstico, com plantio de espécies de menor porte no meio, evitando o desbaste no futuro. O sistema triangular é o mais difícil de se usar, porém oferece a vantagem de um maior número de plantas por área.
A determinação do número de plantas para o sistema em retângulo: é feita pela seguinte fórmula:
	Nº de plantas = S/L x l
S = área a ser plantada
l = lado menor
L = lado maior
 
No sistema em quadrado o número de plantas é determinado pela fórmula:
 
	Nº de plantas = S/L x L
S = área a ser plantada
L = lado do quadrado
A figura 1 ilustra os diferentes sistemas de plantio utilizados, citados.
Marcação das Covas
	Antes da demarcação das covas deve-se definir qual o espaçamento a ser utilizado. Quando o terreno é plano adota-se o alinhamento em retas paralelas aos carreadores (ESQUEMA). 
Quando o terreno apresenta com declive uniforme pode-se utilizar linhas retas paralelas às linhas de nível (cortando as águas) (ESQUEMA). Nos dois casos anteriores a demarcação das covas é utilizado com o auxílio de linhas intermediárias, distanciadas 40 metros umas das outras.
	
Em terrenos com declive acentuado recomenda-se a utilização de uma nivelada básica fazendo o primeiro sulco com trator e sulcador de cana. Os outros poderão ser feitos a partir deste com o uso de uma vara, ou bambú, com o espaçamento determinado nas entrelinhas, com dois bambús, de maneira que o primeiro homem caminhe sobre o sulco já aberto e o segundo paralelamente. O trator seguirá as pegadas do segundo homem abrindo os sulcos (ESQUEMAS).
 ESPAÇAMENTO
O espaçamento é a distância existente entre plantas da mesma fileira (espaçamento entre plantas) ou entre plantas de fileiras diferentes (espaçamento entre linhas). Os espaçamentos recomendados para as principais culturas são apresentados na Tabela 5.
Tabela 5: Espaçamentos recomendados para as principais espécies frutíferas.
	CULTURA
	DISTÂNCIA ENTRE PLANTAS (m)
	DISTÂNCIA ENTRE LINHAS (m)
	ESPAÇAMENTO MAIS UTILIZADO (m)
	Abacaxieiro
Ameixeira
Bananeira
Citros
Figueira
Goiabeira
Kiwi
Macieira
Mamoeiro
Mangueira
Maracujazeiro
Marmeleiro
Pereira
Pessegueiro
Videira
	0,3
3,0 a 4,0
2,5
2,0 a 7,0
2,0 a 3,0
3,0 a 11,0
4,0 a 6,0
1,2 a 5,0
2,0
8,0 a 12,0
2,5
3,0
4,0 a 10,0
1,0 a 4,0
1,0 a 2,5
	0,8 a 1,0
5,0 a 7,0
3,0
5,0 a 8,0
3,0 a 5,0
6,0 a 11,0
4,0 a 6,0
4,0 a 7,0
3,0
8,0 a 12,0
3,0
4,0
5,0 a 10,0
5,0 a 7,0
2,5 a 3,0
	0,3 x 0,9
4,0 x 6,0
2,5 x 3,0
4,0 x 6,0
3,0 x 5,0
5,0 x 7,0
5,0 x 5,0
2,0 x 5,0
2,0 x 3,0
10,0 x 10,0
2,5 x 3,0
3,0 x 4,0
4,0 x 6,0
4,0 x 6,0
2,5 x 3,0 e 2,0 x 3,0
O espaçamento é bastante variável entre as espécies e, mesmo para uma mesma espécie, entre as cultivares. Esta também relacionado com fatores como tecnologia adotada, maquinário disponível, vigor do porta-enxerto e da cultivar-copa, disponibilidade de área, entre outros.
Abertura e preparo das Covas
Independente do tipo de marcação da abertura das covas deve obedecer algumas recomendações, como por exemplo a dimensão mínima de 50 x 50 x 50 cm, para frutíferas perenes e semi-perenes. A abertura das covas pode ser feita manualmente ou mecanicamente com sulcador acoplado ao trator ou outro equipamento similar. Na abertura da cova, obedecer a separação do solo da superfície e do fundo da cova (Figura 2). O preparo da cova deve anteceder o plantio, com, no mínimo 60 dias.
	A adubação deve ser feita obedecendo os resultados da análise de solo e as necessidades de cada cultura. Para assegurar um bom desenvolvimento da planta recomenda-se a utilização de matéria orgânica (esterco de curral, de galinha, composto de lixo, torta de mamona ou similares) a adubação química com macros e micronutrientes(Figura 2).
	
Deve-se, no enchimento da cova, inverter a ordem de retirada do solo e misturar a terra de superfície com a adubação orgânica e calcário. Depois do fechamento da cova deve ser colocada novamente a estaca para demarcação do centro de cova e efetuar o plantio após 60 dias.
PLANTIO
Seleção das mudas
A muda é a base de toda a fruticultura e a garantia de produção abundante e de frutas de excelente qualidade.
O dinheiro gasto na aquisição de mudas é um investimento muito baixo em comparação aos cuidados permanentes que um pomar exige, considerando-se que uma planta pode produzir frutas durante dez ou quarenta anos.
Na fase de planejar o pomar – cinco ou seis meses antes do plantio – devem-se encomendar as mudas e ter certeza de que serão entregues na época certa. Elas devem ser adquiridas diretamente de viveiristas idôneos, credenciados junto a órgãos oficiais e recomendados por especialistas no assunto. 
Muitos pomares fracassam pelo uso de mudas doentes, com vírus, especialmente os citros, por isso, não se devem comprar mudas de intermediários ambulantes, sem endereço fixo ou tradição na produção de plantas de qualidade garantida.
Quando as mudas chegarem ao pomar, tudo já deve estar preparado, as covas prontas e adubadas. Aí é só colocar a muda na cova.
Em fruticultura, sempre que a planta permitir, devem-se utilizar mudas enxertadas em vez de mudas propagadas por sementes. Da muda enxertada obtêm-se: produção precoce, plantas de menor porte e garantia da qualidade das frutas produzidas.
As mudas previamente encomendadas podem ser transportadas do viveiro até o local de plantio na embalagem coletiva (embalagem em raiz ou lavada) ou nas embalagens individuais (bloco, torrão, cesto de taquara ou bambu, saco plástico).
Regra geral: as fruteiras de folhas caducas são transportadas em raiz nua ou lavada, durante o repouso vegetativo, e as plantas de folhas permanentes em embalagens individuais, com as raízes protegidas.
Ameixeira, caquizeiro, figueira, laranjeira, limeira, limoeiro, macieira, marmeleiro, nectarineira, nogueira-de-pecã, nogueira-européia, pereira, pessegueiro, tangerineira e videira são fruteiras que podem ser transportadas sem folhas, durante o repouso vegetativo (fim do outono e inverno), na embalagem coletiva com raiz nua ou lavada.
As mudas de abacaxi, coqueiro, figueira-da-índia e tamareira podem ser transportadasem embalagens individuais e sem proteção.
As mudas com folhas permanentes – como abacateiro, cherimólia, goiabeira, lechieira, macadâmia, maracujazeiro, nespereira e romãzeira – devem ser transportadas nas embalagens individuais, com as raízes protegidas, durante o período de crescimento vegetativo.
Durante o transporte do viveirista ao local de plantio, as mudas não devem ficar expostas ao sol e/ou ao vento, e o plantio deve ocorrer assim que elas cheguem.
ÉPOCA DE IMPLANTAÇÃO
O plantio das mudas pode-se tornar uma prática muito traumática para certas espécies devido a condições especiais de luminosidade e umidade que as mudas recebem nos viveiros. Por isso, a época de plantio depende de alguns fatores como a biologia da planta, o tipo de muda utilizada e a região.
Mudas de raiz nua devem ser plantadas preferencialmente no período de repouso vegetativo, que corresponde ao período de fim de outono e inverno. Para mudas produzidas em embalagens, o plantio pode ser realizado em qualquer período do ano, desde que haja irrigação freqüente.
Espécies de folhas persistentes (citros, abacate) podem ser plantadas no inverno desde que não seja rigoroso ou que haja proteção contra as baixas temperaturas e geadas.
A alteração da época de plantio só é indicada quando as mudas se encontram envasadas, ou seja, com seu sistema radicular protegido.
Colocação da Muda na Cova		
Para o plantio propriamente dito é necessário a utilização da tábua de plantio. Maiores cuidados devem ser dispensados para mudas de raiz-nua, para essas dar preferência para dias nublados, com chuva e com uma boa rega após o plantio. Para o plantio de mudas com recipientes ou embalagens, deve-se atentar para a retirada destes, antes do plantio. Na retirada da embalagem tomar o máximo cuidado possível para não destorroá-la, expondo e destruindo raízes. Nunca levantar ou transportar a muda pegando-se na haste principal, usar sempre as duas mãos apoiadas no torrão, preservando-o. A altura do plantio deve obedecer o nível do solo, recomendando que a planta seja colocada a 5 cm acima do nível do solo. Após a colocação da muda, com todos os cuidados já citados, deve-se ter o cuidado de apertar bem, evitando deixar espaços vazios. Logo a seguir, de preferência fazer o tutoramento da muda com uma estaca de 60 a 80 cm visando protegê-la contra ventos fortes e principalmente orientar o seu crescimento vertical .
Logo após a colocação da muda deve-se construir em volta desta uma bacia com aproximadamente 50 a 80 cm de diâmetro para facilitar as irrigações e proteção da muda. Uma prática recomendada é a colocação de cobertura morta (capim seco, bagaço de cana ou similares), protegendo assim a muda com maior aproveitamento de água e já impedindo o crescimento de plantas indesejáveis. Finalmente, fazer irrigação logo após o plantio e nos dias subsequentes até o seu completo pegamento. Após essas operações deverão ser realizados uma série de tratos culturais que serão discutidos em outro capítulo e para cada cultura específica.
ESCOLHA DE ESPÉCIES E VARIEDADES
Quanto ao clima, as espécies frutíferas são classificadas em tropicais, subtropicais e temperadas. Esta é uma divisão didática, pois há possibilidade de cultivar espécies tropicais em regiões de clima tendendo a subtropical ou, com uso da tecnologia, cultivar espécies de clima temperado em regiões tipicamente tropicais. Apesar disso, é importante, para que se possa verificar a adaptação em diferentes condições, considerando-se as exigências de cada espécie.
Portanto, o primeiro cuidado na escolha das espécies e variedades de frutíferas é observar aquelas que apresentam maior adaptação à região ou ao microclima onde se encontrará o pomar doméstico. Esta informação pode ser obtida junto a produtores, escritórios da EMATER, Universidades ou Instituições de Pesquisa. 
Deve-se considerar que, dentro de cada espécie, existem variedades ou cultivares com diferentes capacidades de adaptação ao clima e ao solo do local do pomar. Assim, os limites para escolha das espécies e variedades que compõem um pomar são muito amplas. A preferência do proprietário, a resistência a pragas e doenças e a facilidade de manejo são outros critérios também importantes nesta definição. Dentro de uma espécie, a combinação adequada das variedades pode permitir a produção durante um longo período no ano.
As espécies e variedades de clima temperado devem ser escolhidas de acordo com a sua exigência em frio (número de horas com temperaturas menores ou iguais a 7,2oC. Aquelas que são muito exigentes em frio só se adaptam bem em regiões frias do Sul do Brasil. Algumas frutíferas exigem também que se intercalem variedades polinizadoras para que possam produzir bem, como acontece com ameixeiras, abacateiros, macieiras e caquizeiros.
Em regiões de clima ameno, com inverno frio e seco, as espécies tropicais sofrem algumas restrições, aumentando o ciclo e produzido menos, com frutas de pior sabor.
Valor comercial
Diz respeito à preferência do mercado, tamanho, cor, aspecto da fruta e o destino da produção. Tradicionalmente, em qualquer parte do mundo, as frutas destinadas ao consumo in natura, alcançam melhores preços que aquelas destinadas à industria.
Época de amadurecimento
No caso das frutas destinadas ao consumo in natura, deve-se procurar utilizar espécies que apresentem o pico de maturação em épocas diferentes das cultivares existentes na região, por exemplo, no caso de laranjas, deve-se dar preferências às cultivares tardias, como a Valência e a Pêra, pois para as cultivares precoces e de meia estação, o mercado já está saturado. Já no caso de pomares destinados à industria, que geralmente se caracterizam por serem pomares mais extensos, normalmente se recomenda utilizar cultivares com época de maturação diferente, pois com isso evita-se a concentração de atividades no mesmo período. Além disso, diminui-se o risco de grandes perdas devido à ocorrência de geadas, granizos, estiagens, entre outros.
Sempre que possível, recomenda-se fazer um escalonamento da produção, plantando cultivares precoces, medianas e tardias. Lembrando sempre que as cultivares precoces, ou seja, aquelas que suas frutas amadurecem mais cedo, necessitam de menores gastos com a produção, pois geralmente escapam ao ataque das pragas e doenças. Um exemplo típico acontece com a mosca das frutas, onde as frutas das cultivares precoces de pessegueiros, de ameixeiras e de nectarineiras são pouco afetadas, pois as gerações desta praga ainda são insuficientes para um ataque mais severo, devido à baixa soma térmica que ocorre no período. O planejamento da colheita das frutas aproveita melhor o equipamento e a mão-de-obra disponível.
TRATOS CULTURAIS APÓS PLANTIO
Após o plantio, é fundamental a realização de tratos ou práticas culturais que visam dar ao pomar uma vida longa, com grande produção e frutas de boa qualidade.
As mudas devem ser tutoradas. No início da brotação, deve-se ter cuidado com o controle de formigas, plantas daninhas no pomar e alguns roedores que poderão causar danos na casca das mudas.
Normalmente, a percentagem de reposição das mudas é da ordem de 5 %. Este percentual deve ser adquirido com antecedência para reposição em ocasião oportuna.
De uma maneira geral, os 3 a 4 primeiros anos de um pomar são considerados de formação. Posteriormente, entra-se na fase de produção. Porém, as mudas enxertadas, podem começar a produzir cerca de 6 meses após o plantio, embora a formação da planta continue por cerca de 3 a 4 anos.
Para a correta execução destas atividades, deve-se ter uma orientação de um técnico, que deverá traçar um esquema para todo o ano.
Entre as atividades a serem realizadas na condução do pomar, têm-se:
	* irrigação - na fase logo após o plantio, a muda tem poucas raízes e estas estão superficiais e mais sujeitas à falta de água no solo. Apesar do plantio em período chuvoso, a ocorrência de veranicos obriga a irrigação uma vez

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