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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena GRAU A DIREITO: Conjunto de regras e princípios para reger a paz e o bem social; fenômeno, fato social; conjunto de disciplinas jurídicas; linguagem técnica; justiça; equilíbrio contratual; ordenamento jurídico; sistema de normas ou regras que traçam as orientações do comportamento humano; tipo de ciência que o estuda; impositividade ao homem. PRINCIPIOS DO DIREITO CIVIL 2002: 1. Personalidade 2. Autonomia da vontade 3. Liberdade de estipulação negocial (contratar) 4. Propriedade individual 5. Intangibilidade familiar 6. Legitimidade da herança DIREITOS ABRANGIDOS PELO CC ATUAL: 1. Pessoais 2. Obrigacionais 3. Associativos 4. Reais 5. Família 6. Sucessão ESTRUTURA DO CÓDIGO: Artigo (1º), parágrafo (§1º), inciso (II), alínea (a’), item (1). MUNDO FÁTICO X MUNDO JURÍDICO: O Estado -legislativo- valora fatos e, através das normas jurídicas que adota, os eleva a categoria de fato jurídico. Isso é, FATO JURÍDICO é aquilo que tem relevância para as relações humanas. Nem todo fato tem o mesmo valor para a sociedade, logo, nem todo fato é jurídico. CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS: • Eventos: Fatos da natureza independentemente da ação humana. • Condutas: Decorre de atos volitivos. O que determina se um fato é ou não jurídico? QUANDO HÁ INCIDÊNCIA DO SUPORTE FÁTICO. ABSTRAÇÃO: O Direito se interessa pela linguagem social que é regulada pelo Direito Positivo (norma). A norma jurídica se realiza com concreção do seu suporte fático (SP). Ocorrência dos fatos previstos. A norma jurídica é abstrata em parte já que cria uma hipótese em relação a qual se estima a ocorrência de determinado fato ou situação fática. QUAL O SUPORTE FÁTICO DO ARTIGO 2º DO CC? Nascimento com vida; concepção (nascituro). NORMA E O ORDENAMENTO JURÍDICO 1. Explícitas: Artigo 402; 389, CC – descreve o direito As normas são típicas de ordenamentos escritos. Essa escrita se dá por meio de texto (CC). Nem sempre o Suporte Fático (SF) e o que se denomina preceitos (efeitos) estarão presentes em uma mesma norma. Em relação ao exemplo, se observa que o art. 402 não diz o que são as perdas e danos (menciona apenas o SF), precisa de um outro art. que complementará a explicação. 2. Integrativas: Artigo 1196, CC; 1210 CC - conceitual 3. Remissivas: Artigo 240, 239 CC; 436, parágrafo único CC – retorna a um artigo anterior 4. Implícitas: lacunas UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena ELEMENOTS DA ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA 1. Suporte Fático (SF) 1.1. Conceito Quando falamos em SF fazemos referência a um evento ou conduta que pode acontecer, e que por ser considerado relevante, tornou-se objeto de normatividade jurídica. O SF é um conceito do Mundo dos Fatos que só se vai tornar jurídico depois de ocorrer no plano da realidade os elementos previstos na hipótese de incidência. Assim: quando tudo isso acontece, nós temos o que os civilistas chamam de experiência juridicizante. 1.2. Espécies de SF Abstrato/hipótese de incidência: O SF será abstrato ou hipotético quando descrito apenas no enunciado (art. do CC) da norma jurídica. Ex.: Art. 2o CC: A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Concreto: O SF concreto por sua vez ocorre quando aquilo que está previsto pela norma de incidência ocorre no mundo dos fatos. Ex.: a existência de um nascituro. 1.3. Elementos do SF 1.3.1. Relevância dos fatos 1.3.2. Fatos da natureza/animal 1.3.3. Atos Como elemento do SF interessam os atos que são de conhecimento das pessoas. A Norma Jurídica pode conceder determinado ato jurídico e qualifica-lo como lato senso ou considerar como ato avolitivo (resultado) 1.3.4. Dados psíquicos Como elemento do SF dados psíquicos são manifestações que embora seja interna do ser humano são relevantes – ex. dolo x culpa 1.3.5. Estimações valorativas São expressões que exprimem determinados valores 1.3.6. Probabilidade Não apenas os acontecimentos concretos, mas as probabilidades podem ser objeto do SF –art.1281 CC: o proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém tenha direito de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as necessárias garantias contra o prejuízo eventual. 1.1.1. Tempo – art. 205, 206 – art. 205 CC: a prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. 2. Preceito 2.1. Conceito Corresponde à parte da norma jurídica onde são prescritos os efeitos atribuídos ao fato jurídico – ex. o preceito de um homicídio 2.2. Classificação 2.2.1. Preceito abstrato: como efeito que está previsto na norma. Ex.: Art. 186 CC: aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar o direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, cometa ato ilícito; art. 927 CC aquele que por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem fica obrigado a repará-lo. 2.2.2. Preceito concreto: ocorre quando há a efetivação do preceito previsto na norma. Ex.: “Juiz concede indenização a funcionário da empresa X”. UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena DOUTRINA versus NORMA JURÍDICA SANCIONISTAS (Kelsen) NÃO SANCIONISTAS (Pontes de Miranda) A NJ completa teria uma estrutura dúplice, constituída por uma norma primária e uma secundária; A coação, representada pela sanção é o elemento essencial caracterizador da NJ. As proposições jurídicas são incompletas; Se F então deve ser P. Se não P a conduta humana contrária ao preceito, isto é, o descumprimento da norma (SF) então S (sanção) pelo descumprimento. A norma é uma proposição completa quando contém apenas a descrição do SP e a prescrição do preceito e lhe corresponde, independentemente de esse fazer referência ou não a uma sanção. Exercício: • Qual o preceito contido no artigo 186 CC? Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. PRECEITO: o preceito está tipificado no art. 927 do CC. SF: violar direito/causar dano a outrem • Identifique o preceito abstrato previsto no artigo 927 CC. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. PRECEITO: obrigação de reparar o dano. • Observe o artigo 927 CC e classifique nas normas jurídicas. Remissiva pois se refere aos atos ilícitos de art. 186 e 187 do CC. UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena FENÔMENO DA JURIDICIZAÇÃO: Essa fórmula demonstra que antes da incidência nem a NJ sozinha nem ao FJ é possível atribuir efeitos jurídicos e, portanto, efeitos vinculantes em relação ao homem. Por essa razão diz-se que o FJ cria, modifica e extingue direito na ordem jurídica. CARACTERÍSTICAS DA INCIDÊNCIA: 1. Logicidade: a incidência não se dá num mundo sensível, fácil visualização, mas podes vislumbrar os efeitos que lhe são imputados na ordem civil. 2. Incondicionalidade: a incidência não depende da adesão das pessoas. O que importa é que o SF da NJ se realize (materialização no mundo). 3. Inesgotabilidade:a incidência não se esgota por ter ocorrido uma vez. Ao contrário, estando a norma vigente, toda vez que o SF ocorrer haverá incidência da NJ. 4. Multiplicidade: a NJ incidirá tantas vezes for concretizado ao SF, independentemente da simultaneidade da ocorrência. Art. 2o CC (muitos nascimentos com vida). 5. Obrigatoriedade: a incidência torna a norma obrigatória. Essa obrigatoriedade implica em coercibilidade (obrigação). OBS: Em suma, pode-se dizer que enquanto não ocorre a incidência não há FJ, e, portanto, não há que se falar em obrigatoriedade da NJ. CONSEQUÊNCIAS DA INCIDÊNCIA: 1. Juridicização: a norma incide sobre os fatos da vida para juridicizar, ou seja, sua característica fundamental é a criação de FJ (criar FJ). 2. Pré-exclusão de juridicidade: são normas que tem a finalidade de impedir que o SF seja juridicizado no sentido que tradicionalmente o seria. Art. 186 CC, 187 CC, 188 CC (contrariedade ao direito). 3. Invalidação: quando infringidas/desrespeitadas as NJ podem ter a consequência de tornar inválido os FJ, tornando-os nulos ou anuláveis. Art. 48CC (autonomia da vontade) 4. Deseficacização: São NJ que atuam no plano de existência. A incidência da NJ cria um FJ que tem um efeito de desfazer a incidência que outro FJ já produziu, sem, contudo, afetar sua existência ou validade (plano da eficácia). Ex.: prescrição (perda de pretensão), decadência (perda do direito) e preclusão (perda do prazo). 5. Desjuridicização: são NJ que em vez de juridicizar criando um FJ acabam eliminando a juridicidade atribuída por outra norma à certo fato. Ex.: revogação, rescisão. VALIDADE DA NJ: Como sei que uma norma é compatível com o ordenamento jurídico? Observando as condicionantes formais e materiais de produção normativa estabelecidas pela CF. • Validade formal: proposição órgão competentes. Diz respeito ao atendimento do processo legislativo constitucional previsto na legislação. • Validade material: assunto a ser tratado. Está relacionada com a matéria passível de normatização por cada ente federado (União, DF, UF, Município). Uma vez publicada diz-se que a norma é vigente. Vigência é um termo técnico pelo qual se demarca o tempo de validade de uma norma, que vai até sua revogação. Para reconhecer a validade de uma NJ, precisamos que a norma esteja integrada ao ordenamento jurídico. Que tenha ocorrido o processo de elaboração normativa, de acordo com os requisitos do próprio ordenamento. Esse processo vai desde a propositura do PL, aprovação até a sanção, publicação. Feito isso – temos uma norma válida. OBS: vigência e validade não se confundem, uma norma pode ser válida sem ser vigente, mas uma norma não pode ser vigente sem ser válida. EFICÁCIA DA NJ: Uma NJ válida pode ser vigente, mas não ser eficaz, ou seja, não produzir efeitos. Vigência e eficácia são qualidades distintas. A primeira refere-se ao tempo de validade e a segunda aos efeitos. A eficácia da NJ pode ser social ou técnica. Diz-se que uma norma é eficaz do ponto de vista social com a produção concreta de seus efeitos pois a NJ encontra na realidade condições adequadas para produzir seus efeitos. NJ FJ SF UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena OBS: para a concretização da sua eficácia a NJ pode depender ou não de outras normas. Por essa razão existe uma classificação das NJ em termos de eficácia. 1a classificação são as normas de eficácia plena (aquelas que não dependem de nenhuma outra norma para surgir efeitos) – CF; 2a classificação são as normas de eficácia limitada (são aquelas que dependem de outras para produzir efeitos); 3a classificação são as normas de eficácia contida (são as situações em que a NJ pode ser estendida. Uma previsão legislativa, mas a própria lei faz a exceção a regra). TEORIA DO FATO JURÍDICO • Cria, extinguem ou modifica relações jurídicas • Todo fato social juridicamente relevante que sofre a incidência da norma jurídica • Nos termos da teoria do fato jurídico, o que importa no plano da existência é saber se o SF suficiente se compôs, dando ensejo à incidência. Se houver falha no SF de elemento nuclear o fato não entra no plano da existência, o que significa que não há fato jurídico. Classificação de FATO – com base na participação humana voluntária 1. Fato Material: sem repercussão para o direito 2. Fato Jurídico Lato Sensu: repercussão para o direito 3. Fato Jurídico Stricto Sensu: sem participação humana (nascimento, chuva sem interferência na sociedade, maioridade...) Art. 2o, 6o, 1248 CC 4. Ato Fato Jurídico: norma exige que o fato seja realizado por uma pessoa (ATO), mas dispensa a vontade e a capacidade do agente, pois interessa apenas o resultado fático. Ato avolitivo – art. 205 CC. a. Atos reais b. Atos-fatos jurídicos indenizatórios (ausência de culpa) – ato de acordo com direito + dano de patrimônio c. Atos-fatos jurídicos caducificantes – a vontade quanto à omissão é irrelevante. 5. Ato Jurídico Lato Sensu: com participação humana volitiva (voluntária); cria, modifica, extingue. a. Ato Jurídico Stricto Sensu: a vontade importa na prática do ato, mas não na sua consequência; efeitos determinados na lei; adoção – art. 5o CC. b. Negócio Jurídico: a vontade define a prática do negócio, bem como (a maioria) das suas consequências; compra e venda; previsões legais contratuais. i. Contratos – bilateral ii. Declarações unilaterais de vontade – testamento O SF contém um ato humano, o elemento principal é a vontade livre e consciente, dirigida à obtenção de um resultado lícito e possível, e as pessoas têm liberdade para escolher os seus efeitos. Trata-se da definição de negócio jurídico. 6. Ato Ilícito: a vontade culposa ou dolosa de praticar um ato que o direito busca evitar; sanção; produz efeitos indesejáveis; contrário ao ordenamento; indenização – art. 186 CC. Suficiente: quando no mundo da vida tornam-se realidade (concretizam-se) os fatos descritos nos SF hipotéticos as normas incidem gerando FJ. A incidência da NJ exige como pressuposto lógico que todos os elementos que constituem o SF tenham se materializado. Quando isso ocorre dizemos que o SF é suficiente, quando não ocorre: insuficiente. A insuficiência do SF impede o surgimento do FJ e por consequência lhe atribuir qualquer efeito. Plano de Existência: nascimento do FJ, decorrente da incidência da NJ (fato hipotético) sobre o fato social (SF). O que importa neste plano é saber se o SF suficiente se compôs, dando ensejo à incidência. Se houver falha do SF não há F; fato que ocorreu de acordo com todos elementos que estavam previstos na norma hipotética – ordenamento jurídico. NJ FJLS SF (suficiente) UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena GRAU B PERSONALIDADE JURÍDICA – Art. 1o CC PESSOA: Pessoa é o ente físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações. (M. H. Diniz) PESSOA NATURAL: É o ser humano considerado como sujeito de direitos e obrigações. (M. H. Diniz) PERSONALIDADE JURÍDICA: Aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. A personalidade jurídica independe de qualquer coisa, basta apenas existir a VIDA, ou seja, quando alguém for considerado como pessoa, no âmbito legislativo, quer dizer que este há personalidade jurídica. Surgimento da personalidade jurídica – art. 2o CC: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. A personalidade jurídica é a aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações. É um atributo para ser sujeito de direito. Adquirindo personalidade jurídica, a pessoa passaa atuar, podendo praticar atos e negócios jurídicos. NASCITURO: Direitos econômicos e patrimoniais. É o sujeito de direitos, deveres e obrigações que se encontra implantado no ventre materno (feto). Para o direito brasileiro, o embrião ainda não é considerado pessoa humana, pois não se separou do corpo da mãe; mas a lei já o confere determinados direitos dispersos pelo código. Ao nascer, se for verificado que a criança faleceu (parou de respirar), o feto precisará submeter-se a um exame pericial (exame de Galeno); e conforme o resultado, os efeitos sucessórios serão diferentes: • Se for constatado que o feto respirou: Se a criança respirou, mesmo que por instantes, ela se torna pessoa humana para o direito civil, e, portanto, possui a capacidade de herdar, transferindo sua parte a seus ascendentes vivos, no caso, os pais. • Se for constatado que o feto não respirou: Significa que a criança não respirou, e, portanto, não adquire herança, e por consequência o patrimônio irá para os demais herdeiros. NATALISTA/NATURALISTA CONDICIONAL CONCEPCIONISTA A personalidade da pessoa natural se inicia com o nascimento com vida: • Nascimento separação do ventre da mãe. • Vida 1a troca oxicarbônica (ar nos pulmões). • Natimorto caberá a família registrar ou não a criança. Grande parte da doutrina. Nascituro tem personalidade formal e após nascer com vida, passa a ter personalidade material. Ou seja, sua personalidade material está condicionada ao nascimento com vida. • Formal direitos da personalidade como integridade física. • Material direitos patrimoniais e obrigacionais. A personalidade e os direitos começam com o advento da concepção. Obs: Enunciado no. 1 do CJF aprovado na primeira jornada de direito civil se inclina para a teoria estendendo ao natimorto a proteção dada ao nascituro. Direitos do nascituro (TEORIA CONCEPCIONISTA) Direito de receber doação; direito de ser beneficiado por herança; ser sucessor testamentário (art. 1.799, cc); direito à vida (correlação com o crime de aborto); teste de DNA, para informação de sua antecedência; alimentos gravídicos. Capacidade x Incapacidade • CAPACIDADE DE DIREITO, FATO, LEGITIMIDADE o Ter capacidade não significa ter legitimidade (direito tem que dizer que posso) • CAPACIDADE DIREITO <--> PESSOAL JURÍDICO o Quando a pessoa puder atuar pessoalmente em razão de não ter nenhuma limitação pessoal diz-se que a pessoa tem capacidade de fato. • CAPACIDADE DE FATO = AUSÊNCIA DE LIMITAÇÃO PARA ATUAR/AGIR o Capacidade de direito + capacidade de fato = plena capacidade da ordem jurídica. • LEGITIMAÇÃO DECORRE DA LEI – Art. 1.521 CC. Não podem casar: [...] UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena INCAPACIDADE DE FATO Incapacidade absoluta (Art. 3o CC. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.); a. Os menores de 16 anos. b. Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos. c. Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. representação = pena nulidade Incapacidade relativa (Art. 4o CC São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: [...]); a. Os maiores de 16 e menores de 18 anos. b. Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido. c. Os excepcionais, sem desenvolvimento completo. d. Os pródigos assistência = pena anulabilidade. EMANCIPAÇÃO – art. 5º CC Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. a. Voluntária: concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro. b. Judicial: concedida pelo juiz, ouvido o tutor se o menor contar com 16 anos incompletos. c. Legal: casamento, serviço público, colação de grau em ensino superior, economia própria. “A emancipação é ato irrevogável, mas os pais podem ser responsabilizados solidariamente pelos danos causados pelo filho que emanciparam.” (GAGLIANO, 2017, p.166) FIM DA EXISTÊNCIA CIVIL – art 6o - 8o CC • Morte real (art. 6ºa); • Morte presumida com ausência (art. 6ºb); • Morte presumida sem decretação de ausência (art. 7º): o Morte extremamente provável de quem estava em perigo de vida; o Campanha ou prisioneiro de guerra - prazo de 2 anos; o É necessário o esgotamento das buscas; o Deve-se estabelecer a data provável do falecimento; • Comoriência (art. 8º): morte simultânea; UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena DIREITOS DE PERSONALIDADE – art 11 CC Os DP são direitos que têm por objeto atributos físicos, psíquicos e morais do indivíduo humano; o ser humano deve ser protegido não só em seu patrimônio, mas em sua essência; os DP não têm o traço patrimonial que prepondera no Direito Civil; em princípios, são reconhecidos como universais, mas há choque com a cultura; Vide Robert Alexy, "Teoria dos Direitos Fundamentais". NATUREZA JURÍDICA JUSNATURALISMO São inatos ao ser humano, não cabendo ao Estado dizer-lhes, mas apenas regulá-los ou reconhecê-los; O rol previsto na legislação é exemplificativo, pois os DPs não estão restritos ao que diz o Estado, mas são direitos inerentes ao ser humano, que apenas são reconhecidos ou revelados pelas normas jurídicas; (observação minha: não somente os jusnaturalistas irão defender isso, mas também os principiologistas). POSITIVISMO Os DPs precisam estar expressos em lei para existirem, ou seja, cabe ao Estado definir o que e quais são os DP; o rol é exaustivo, pois somente o que está na lei é DP CARACTERÍSTICA • Absolutos: são considerados erga omnes (oponível contra todos); • Gerais: são outorgados a qualquer pessoa simples fato de existir; • Extrapatrimoniais: relacionada à ausência de um conteúdo patrimonial direto, aferível objetivamente, ainda que sua lesão gere efeitos econômicos; isso significa, entretanto, que não possam ser mensurados em caso de violação; • Indisponíveis: diz respeito tanto à intransmissibilidade quanto à irrenunciabilidade (impossibilidade de reconhecimento jurídico de manifestação de vontade que renuncia ao direito); significa que nem pela vontade do indivíduo, o direito pode mudar de titular; agora, excepcionalmente, pode-se admitir a transferência de alguns poderes inerentes a certos direitos de personalidade (imagem admite cessão) o Inalienáveis o Irrenunciáveis • Imprescritíveis: não envolve um prazo CLASSIFICAÇÃO (tricotomia) • Corpo – quanto à vida (integridade física, corpo vivo, corpo morto, voz): abrange a questão dos limites do poder da vontade individual e, em contraposição, e.g., à necessidade de uma intervenção cirúrgica. o ADPF 54 o Processos de fertilidade assistidos o Eutanásia e ortotanásia o Doação de órgãos (art. 199 CF, art. 14 CC, art. 9o lei n. 9.434/97)o Permissões para violação do corpo morto: indícios de crime; investigação de paternidade; transplante; exame de DNA. • Mente – quanto à integridade psíquica e criação do intelecto (liberdade, privacidade, segredo, autoral) • Espírito – quanto à integridade moral (honra, imagem, identidade) UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena PESSOA JURÍDICA É um grupo humano criado na lei dotado de personalidade jurídica para a realização de determinados fins. Existe uma exceção a esse conceito (ex. fundação e empresa ltda). A pessoa jurídica atuará na sociedade por meio de seus órgãos e representantes e, enquanto sujeito de direito, poderá praticar atos e negócios jurídicos em geral. A Natureza Jurídica da PJ é dividida em duas vertentes: NEGATIVISTA POSITIVISTA/AFIRMATIVISTA um conjunto de patrimônios destinado à um fim, sem possuir personalidade jurídica Teoria da Fixação: desenvolveu-se a partir do DS, Savigny é um defensor, não reconhece a existência real da PJ. Mas a considera uma criação da lei um conjunto de bens, objeto de personalidade comum mas, que não é sujeito de direito Teoria da Realidade Objetiva: a PJ é composta por “corpus” (patrimônio) e “animus” (intenção) representa mera aparência com o objetivo de facilitar relações mas os verdadeiros sujeitos de direito são os individuais Teoria da Realidade Técnica: a PJ tem existência real, sendo sua personalidade jurídica conferida em direito. PRESSUPOSTOS DA EXISTÊNCIA DA PJ: • Vontade humana criadora; • Observação das condições legais, sobretudo as previstas nos art. 45 CC; • Licitude. SURGIMENTO DA PJ – art. 45 CC Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. ITENS DE REGISTRO – art. 46 CC. 1. Denominação; 2. Fins; 3. Sede; 4. Tempo de duração; 5. Fundo social; 6. Fundadores/instituidores; 7. Diretores; 8. Administração; 9. Representação judicial; 10. Representação extrajudicial; 11. Reformabilidade do ato constitutivo; 12. Modo de reforma do ato constitutivo; 13. Responsabilidade dos membros pelas obrigações sociais; 14. Destino do patrimônio em caso de extinção REPRESENTAÇÃO DA PJ: Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena CLASSIFICAÇÃO DA PJ – ART. 40 CC As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. PJ DE DIREITO PÚBLICO INTERNO: Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. PJ DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO: Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO – ART. 44 CC • Associações 44, I, c/c 53 CC Elas são PJ cujo fins não são econômicos. Seu ato constitutivo é o estatuto. A doutrina majoritária entende que o fato de a associação não ter fins econômicos não significa que a mesma não possa gerar renda. O que ocorre é que de regra essa renda deverá ser revertida para pagamento de estrutura/funcionários devendo o resto voltar para o caixa. • Sociedade 44, II, c/c 981 CC É instituída por meio de contrato, possui fins econômicos e partilha lucros. • Fundação 44, III, c/c 62 CC Diferente das demais PJ de Direito Privado não se dá pela união de pessoas, mas pela afetação de um determinado patrimônio. Seu ato constitutivo é um testamento ou escritura pública. • Empresa Individual de Responsabilidade LTDA 44, VI, c/c 980A CC RESPONSABILIDADE DA PJ – ART. 43 CC c/c ART. 37 §6o CF DESCONSTITUIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA PJ – art. 50 CC. • Doutrina estadunidense: disregard doctrine. • É uma forma de desfazer a blindagem patrimonial em que a PJ se constitui para os sócios. • Permite que as obrigações cheguem aos patrimônios dos sócios. • Situações de abuso da personalidade jurídica: o Desvio de finalidade; o Confusão patrimonial; • É majoritário na doutrina civil brasileira que essa desconsideração da personalidade jurídica é uma exceção e deve ser interpretado de modo restritivo. PROTEÇÃO NA PJ: • Imagem, marca, nome, produtos. • Ações preventivas: fazer parar ato que prejudica a sua imagem. • Ações reparativas: indenizações por prejuízos efetivamente ocorridos.
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