Buscar

Resumo Direito Civil I

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS 
Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena 
 
GRAU A 
DIREITO: Conjunto de regras e princípios para reger a paz e o bem social; fenômeno, fato social; conjunto 
de disciplinas jurídicas; linguagem técnica; justiça; equilíbrio contratual; ordenamento jurídico; sistema de 
normas ou regras que traçam as orientações do comportamento humano; tipo de ciência que o estuda; 
impositividade ao homem. 
PRINCIPIOS DO DIREITO CIVIL 2002: 
1. Personalidade 
2. Autonomia da vontade 
3. Liberdade de estipulação negocial 
(contratar) 
4. Propriedade individual 
5. Intangibilidade familiar 
6. Legitimidade da herança 
DIREITOS ABRANGIDOS PELO CC 
ATUAL: 
1. Pessoais 
2. Obrigacionais 
3. Associativos 
4. Reais 
5. Família 
6. Sucessão 
ESTRUTURA DO CÓDIGO: 
Artigo (1º), parágrafo (§1º), inciso (II), alínea (a’), item (1). 
MUNDO FÁTICO X MUNDO JURÍDICO: 
O Estado -legislativo- valora fatos e, através das normas jurídicas que adota, os eleva a categoria de fato jurídico. Isso 
é, FATO JURÍDICO é aquilo que tem relevância para as relações humanas. Nem todo fato tem o mesmo valor para a 
sociedade, logo, nem todo fato é jurídico. 
CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS: 
• Eventos: Fatos da natureza independentemente da ação humana. 
• Condutas: Decorre de atos volitivos. 
O que determina se um fato é ou não jurídico? QUANDO HÁ INCIDÊNCIA DO SUPORTE FÁTICO. 
ABSTRAÇÃO: 
O Direito se interessa pela linguagem social que é regulada pelo Direito Positivo (norma). A norma jurídica se realiza 
com concreção do seu suporte fático (SP). Ocorrência dos fatos previstos. A norma jurídica é abstrata em parte já que 
cria uma hipótese em relação a qual se estima a ocorrência de determinado fato ou situação fática. QUAL O 
SUPORTE FÁTICO DO ARTIGO 2º DO CC? Nascimento com vida; concepção (nascituro). 
NORMA E O ORDENAMENTO JURÍDICO 
1. Explícitas: Artigo 402; 389, CC – descreve o direito 
As normas são típicas de ordenamentos escritos. Essa escrita se dá por meio de texto (CC). Nem sempre o 
Suporte Fático (SF) e o que se denomina preceitos (efeitos) estarão presentes em uma mesma norma. Em 
relação ao exemplo, se observa que o art. 402 não diz o que são as perdas e danos (menciona apenas o SF), 
precisa de um outro art. que complementará a explicação. 
2. Integrativas: Artigo 1196, CC; 1210 CC - conceitual 
3. Remissivas: Artigo 240, 239 CC; 436, parágrafo único CC – retorna a um artigo anterior 
4. Implícitas: lacunas 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS 
Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena 
 
ELEMENOTS DA ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA 
1. Suporte Fático (SF) 
1.1. Conceito 
Quando falamos em SF fazemos referência a um evento ou conduta que pode acontecer, e que por ser considerado 
relevante, tornou-se objeto de normatividade jurídica. O SF é um conceito do Mundo dos Fatos que só se vai tornar 
jurídico depois de ocorrer no plano da realidade os elementos previstos na hipótese de incidência. 
 Assim: quando tudo isso acontece, nós temos o que os civilistas chamam de experiência juridicizante. 
1.2. Espécies de SF 
Abstrato/hipótese de incidência: O SF será abstrato ou hipotético quando descrito apenas no enunciado (art. do CC) da 
norma jurídica. Ex.: Art. 2o CC: A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a 
concepção, os direitos do nascituro. 
Concreto: O SF concreto por sua vez ocorre quando aquilo que está previsto pela norma de incidência ocorre no 
mundo dos fatos. Ex.: a existência de um nascituro. 
1.3. Elementos do SF 
1.3.1. Relevância dos fatos 
1.3.2. Fatos da natureza/animal 
1.3.3. Atos 
Como elemento do SF interessam os atos que são de conhecimento das pessoas. A Norma Jurídica pode conceder 
determinado ato jurídico e qualifica-lo como lato senso ou considerar como ato avolitivo (resultado) 
1.3.4. Dados psíquicos 
Como elemento do SF dados psíquicos são manifestações que embora seja interna do ser humano são relevantes – ex. 
dolo x culpa 
1.3.5. Estimações valorativas 
São expressões que exprimem determinados valores 
1.3.6. Probabilidade 
Não apenas os acontecimentos concretos, mas as probabilidades podem ser objeto do SF –art.1281 CC: o proprietário ou o 
possuidor de um prédio, em que alguém tenha direito de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as necessárias 
garantias contra o prejuízo eventual. 
1.1.1. Tempo – art. 205, 206 – art. 205 CC: a prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. 
2. Preceito 
2.1. Conceito 
Corresponde à parte da norma jurídica onde são prescritos os efeitos atribuídos ao fato jurídico – ex. o preceito de um 
homicídio 
2.2. Classificação 
2.2.1. Preceito abstrato: como efeito que está previsto na norma. Ex.: Art. 186 CC: aquele que por ação ou omissão 
voluntária, negligência ou imprudência, violar o direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, cometa ato 
ilícito; art. 927 CC aquele que por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem fica obrigado a repará-lo. 
2.2.2. Preceito concreto: ocorre quando há a efetivação do preceito previsto na norma. Ex.: “Juiz concede 
indenização a funcionário da empresa X”. 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS 
Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena 
 
DOUTRINA versus NORMA JURÍDICA 
SANCIONISTAS (Kelsen) NÃO SANCIONISTAS (Pontes de Miranda) 
A NJ completa teria uma estrutura dúplice, 
constituída por uma norma primária e uma 
secundária; A coação, representada pela sanção é o 
elemento essencial caracterizador da NJ. As 
proposições jurídicas são incompletas; Se F então 
deve ser P. Se não P a conduta humana contrária ao 
preceito, isto é, o descumprimento da norma (SF) 
então S (sanção) pelo descumprimento. 
 A norma é uma proposição completa quando 
contém apenas a descrição do SP e a prescrição do 
preceito e lhe corresponde, independentemente de 
esse fazer referência ou não a uma sanção. 
 
Exercício: 
• Qual o preceito contido no artigo 186 CC? 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda 
que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
PRECEITO: o preceito está tipificado no art. 927 do CC. 
SF: violar direito/causar dano a outrem 
• Identifique o preceito abstrato previsto no artigo 927 CC. 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a 
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
PRECEITO: obrigação de reparar o dano. 
• Observe o artigo 927 CC e classifique nas normas jurídicas. 
Remissiva pois se refere aos atos ilícitos de art. 186 e 187 do CC. 
 
 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS 
Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena 
 
FENÔMENO DA JURIDICIZAÇÃO: 
 Essa fórmula demonstra que antes da incidência nem a NJ sozinha nem ao 
FJ é possível atribuir efeitos jurídicos e, portanto, efeitos vinculantes em relação ao homem. 
Por essa razão diz-se que o FJ cria, modifica e extingue direito na ordem jurídica. 
CARACTERÍSTICAS DA INCIDÊNCIA: 
1. Logicidade: a incidência não se dá num mundo sensível, fácil visualização, mas podes vislumbrar os efeitos 
que lhe são imputados na ordem civil. 
2. Incondicionalidade: a incidência não depende da adesão das pessoas. O que importa é que o SF da NJ se 
realize (materialização no mundo). 
3. Inesgotabilidade:a incidência não se esgota por ter ocorrido uma vez. Ao contrário, estando a norma vigente, 
toda vez que o SF ocorrer haverá incidência da NJ. 
4. Multiplicidade: a NJ incidirá tantas vezes for concretizado ao SF, independentemente da simultaneidade da 
ocorrência. Art. 2o CC (muitos nascimentos com vida). 
5. Obrigatoriedade: a incidência torna a norma obrigatória. Essa obrigatoriedade implica em coercibilidade 
(obrigação). 
OBS: Em suma, pode-se dizer que enquanto não ocorre a incidência não há FJ, e, portanto, não há que se falar em 
obrigatoriedade da NJ. 
CONSEQUÊNCIAS DA INCIDÊNCIA: 
1. Juridicização: a norma incide sobre os fatos da vida para juridicizar, ou seja, sua característica fundamental é a 
criação de FJ (criar FJ). 
2. Pré-exclusão de juridicidade: são normas que tem a finalidade de impedir que o SF seja juridicizado no 
sentido que tradicionalmente o seria. Art. 186 CC, 187 CC, 188 CC (contrariedade ao direito). 
3. Invalidação: quando infringidas/desrespeitadas as NJ podem ter a consequência de tornar inválido os FJ, 
tornando-os nulos ou anuláveis. Art. 48CC (autonomia da vontade) 
4. Deseficacização: São NJ que atuam no plano de existência. A incidência da NJ cria um FJ que tem um efeito 
de desfazer a incidência que outro FJ já produziu, sem, contudo, afetar sua existência ou validade (plano da 
eficácia). Ex.: prescrição (perda de pretensão), decadência (perda do direito) e preclusão (perda do prazo). 
5. Desjuridicização: são NJ que em vez de juridicizar criando um FJ acabam eliminando a juridicidade atribuída 
por outra norma à certo fato. Ex.: revogação, rescisão. 
VALIDADE DA NJ: Como sei que uma norma é compatível com o ordenamento jurídico? Observando as 
condicionantes formais e materiais de produção normativa estabelecidas pela CF. 
• Validade formal: proposição órgão competentes. Diz respeito ao atendimento do processo legislativo 
constitucional previsto na legislação. 
• Validade material: assunto a ser tratado. Está relacionada com a matéria passível de normatização por cada 
ente federado (União, DF, UF, Município). 
Uma vez publicada diz-se que a norma é vigente. Vigência é um termo técnico pelo qual se demarca o tempo de 
validade de uma norma, que vai até sua revogação. 
Para reconhecer a validade de uma NJ, precisamos que a norma esteja integrada ao ordenamento jurídico. Que tenha 
ocorrido o processo de elaboração normativa, de acordo com os requisitos do próprio ordenamento. Esse processo vai 
desde a propositura do PL, aprovação até a sanção, publicação. Feito isso – temos uma norma válida. 
OBS: vigência e validade não se confundem, uma norma pode ser válida sem ser vigente, mas uma norma não pode 
ser vigente sem ser válida. 
EFICÁCIA DA NJ: Uma NJ válida pode ser vigente, mas não ser eficaz, ou seja, não produzir efeitos. Vigência e 
eficácia são qualidades distintas. A primeira refere-se ao tempo de validade e a segunda aos efeitos. A eficácia da NJ 
pode ser social ou técnica. Diz-se que uma norma é eficaz do ponto de vista social com a produção concreta de seus 
efeitos pois a NJ encontra na realidade condições adequadas para produzir seus efeitos. 
NJ 
  FJ 
SF 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS 
Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena 
 
OBS: para a concretização da sua eficácia a NJ pode depender ou não de outras normas. Por essa razão existe uma 
classificação das NJ em termos de eficácia. 1a classificação  são as normas de eficácia plena (aquelas que não 
dependem de nenhuma outra norma para surgir efeitos) – CF; 2a classificação  são as normas de eficácia limitada 
(são aquelas que dependem de outras para produzir efeitos); 3a classificação  são as normas de eficácia contida (são 
as situações em que a NJ pode ser estendida. Uma previsão legislativa, mas a própria lei faz a exceção a regra). 
TEORIA DO FATO JURÍDICO 
• Cria, extinguem ou modifica relações jurídicas 
• Todo fato social juridicamente relevante que sofre a incidência da norma jurídica 
• Nos termos da teoria do fato jurídico, o que importa no plano da existência é saber se o SF suficiente se 
compôs, dando ensejo à incidência. Se houver falha no SF de elemento nuclear o fato não entra no plano da 
existência, o que significa que não há fato jurídico. 
Classificação de FATO – com base na participação humana voluntária 
1. Fato Material: sem repercussão para o direito 
2. Fato Jurídico Lato Sensu: repercussão para o direito 
3. Fato Jurídico Stricto Sensu: sem participação humana (nascimento, 
chuva sem interferência na sociedade, maioridade...) Art. 2o, 6o, 1248 CC 
4. Ato Fato Jurídico: norma exige que o fato seja realizado por uma 
pessoa (ATO), mas dispensa a vontade e a capacidade do agente, pois interessa apenas o resultado fático. Ato 
avolitivo – art. 205 CC. 
a. Atos reais 
b. Atos-fatos jurídicos indenizatórios (ausência de culpa) – ato de acordo com direito + dano de 
patrimônio 
c. Atos-fatos jurídicos caducificantes – a vontade quanto à omissão é irrelevante. 
5. Ato Jurídico Lato Sensu: com participação humana volitiva (voluntária); cria, modifica, extingue. 
a. Ato Jurídico Stricto Sensu: a vontade importa na prática do ato, mas não na sua consequência; efeitos 
determinados na lei; adoção – art. 5o CC. 
b. Negócio Jurídico: a vontade define a prática do negócio, bem como (a maioria) das suas 
consequências; compra e venda; previsões legais contratuais. 
i. Contratos – bilateral 
ii. Declarações unilaterais de vontade – testamento 
O SF contém um ato humano, o elemento principal é a vontade livre e consciente, dirigida à obtenção de um resultado lícito e possível, e as 
pessoas têm liberdade para escolher os seus efeitos. Trata-se da definição de negócio jurídico. 
6. Ato Ilícito: a vontade culposa ou dolosa de praticar um ato que o direito busca evitar; sanção; produz efeitos 
indesejáveis; contrário ao ordenamento; indenização – art. 186 CC. 
Suficiente: quando no mundo da vida tornam-se realidade (concretizam-se) os fatos descritos nos SF hipotéticos as 
normas incidem gerando FJ. A incidência da NJ exige como pressuposto lógico que todos os elementos que 
constituem o SF tenham se materializado. Quando isso ocorre dizemos que o SF é suficiente, quando não ocorre: 
insuficiente. A insuficiência do SF impede o surgimento do FJ e por consequência lhe atribuir qualquer efeito. Plano 
de Existência: nascimento do FJ, decorrente da incidência da NJ (fato hipotético) sobre o fato social (SF). O que 
importa neste plano é saber se o SF suficiente se compôs, dando ensejo à incidência. Se houver falha do SF não há F; 
fato que ocorreu de acordo com todos elementos que estavam previstos na norma hipotética – ordenamento jurídico. 
 
 
 
 
 
 
NJ 
  FJLS 
SF 
(suficiente) 
 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS 
Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena 
 
GRAU B 
PERSONALIDADE JURÍDICA – Art. 1o CC 
PESSOA: Pessoa é o ente físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações. (M. H. Diniz) 
PESSOA NATURAL: É o ser humano considerado como sujeito de direitos e obrigações. (M. H. Diniz) 
PERSONALIDADE JURÍDICA: Aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. A personalidade 
jurídica independe de qualquer coisa, basta apenas existir a VIDA, ou seja, quando alguém for considerado como 
pessoa, no âmbito legislativo, quer dizer que este há personalidade jurídica. 
Surgimento da personalidade jurídica – art. 2o CC: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; 
mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. 
A personalidade jurídica é a aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações. É um atributo para ser sujeito de 
direito. Adquirindo personalidade jurídica, a pessoa passaa atuar, podendo praticar atos e negócios jurídicos. 
NASCITURO: Direitos econômicos e patrimoniais. É o sujeito de direitos, deveres e obrigações que se encontra 
implantado no ventre materno (feto). Para o direito brasileiro, o embrião ainda não é considerado pessoa humana, pois 
não se separou do corpo da mãe; mas a lei já o confere determinados direitos dispersos pelo código. Ao nascer, se for 
verificado que a criança faleceu (parou de respirar), o feto precisará submeter-se a um exame pericial (exame de 
Galeno); e conforme o resultado, os efeitos sucessórios serão diferentes: 
• Se for constatado que o feto respirou: Se a criança respirou, mesmo que por instantes, ela se torna pessoa 
humana para o direito civil, e, portanto, possui a capacidade de herdar, transferindo sua parte a seus 
ascendentes vivos, no caso, os pais. 
• Se for constatado que o feto não respirou: Significa que a criança não respirou, e, portanto, não adquire 
herança, e por consequência o patrimônio irá para os demais herdeiros. 
NATALISTA/NATURALISTA CONDICIONAL CONCEPCIONISTA 
A personalidade da pessoa natural 
se inicia com o nascimento com 
vida: 
• Nascimento  separação do 
ventre da mãe. 
• Vida  1a troca oxicarbônica 
(ar nos pulmões). 
• Natimorto  caberá a família 
registrar ou não a criança. 
Grande parte da doutrina. 
Nascituro tem personalidade 
formal e após nascer com vida, 
passa a ter personalidade material. 
Ou seja, sua personalidade 
material está condicionada ao 
nascimento com vida. 
• Formal  direitos da 
personalidade como 
integridade física. 
• Material  direitos 
patrimoniais e obrigacionais. 
A personalidade e os direitos 
começam com o advento da 
concepção. 
Obs: Enunciado no. 1 do CJF 
aprovado na primeira jornada de 
direito civil se inclina para a 
teoria estendendo ao natimorto a 
proteção dada ao nascituro. 
 
Direitos do nascituro (TEORIA CONCEPCIONISTA) 
Direito de receber doação; direito de ser beneficiado por herança; ser sucessor testamentário (art. 1.799, cc); direito à 
vida (correlação com o crime de aborto); teste de DNA, para informação de sua antecedência; alimentos gravídicos. 
 Capacidade x Incapacidade 
• CAPACIDADE DE DIREITO, FATO, LEGITIMIDADE 
o Ter capacidade não significa ter legitimidade (direito tem que dizer que posso) 
• CAPACIDADE DIREITO <--> PESSOAL JURÍDICO 
o Quando a pessoa puder atuar pessoalmente em razão de não ter nenhuma limitação pessoal diz-se que 
a pessoa tem capacidade de fato. 
• CAPACIDADE DE FATO = AUSÊNCIA DE LIMITAÇÃO PARA ATUAR/AGIR 
o Capacidade de direito + capacidade de fato = plena capacidade da ordem jurídica. 
• LEGITIMAÇÃO DECORRE DA LEI – Art. 1.521 CC. Não podem casar: [...] 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS 
Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena 
 
INCAPACIDADE DE FATO 
Incapacidade absoluta (Art. 3o CC. São absolutamente 
incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os 
menores de 16 (dezesseis) anos.); 
a. Os menores de 16 anos. 
b. Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tiverem o necessário discernimento para a prática 
desses atos. 
c. Os que, mesmo por causa transitória, não puderem 
exprimir sua vontade. 
representação = pena nulidade 
Incapacidade relativa (Art. 4o CC São incapazes, 
relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: [...]); 
a. Os maiores de 16 e menores de 18 anos. 
b. Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, 
por deficiência mental, tenham o discernimento 
reduzido. 
c. Os excepcionais, sem desenvolvimento completo. 
d. Os pródigos 
assistência = pena anulabilidade. 
 
 EMANCIPAÇÃO – art. 5º CC 
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os 
atos da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente 
de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função 
deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. 
a. Voluntária: concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro. 
b. Judicial: concedida pelo juiz, ouvido o tutor se o menor contar com 16 anos incompletos. 
c. Legal: casamento, serviço público, colação de grau em ensino superior, economia própria. 
“A emancipação é ato irrevogável, mas os pais podem ser responsabilizados solidariamente pelos danos causados pelo 
filho que emanciparam.” (GAGLIANO, 2017, p.166) 
 FIM DA EXISTÊNCIA CIVIL – art 6o - 8o CC 
• Morte real (art. 6ºa); 
• Morte presumida com ausência (art. 6ºb); 
• Morte presumida sem decretação de ausência (art. 7º): 
o Morte extremamente provável de quem estava em perigo de vida; 
o Campanha ou prisioneiro de guerra - prazo de 2 anos; 
o É necessário o esgotamento das buscas; 
o Deve-se estabelecer a data provável do falecimento; 
• Comoriência (art. 8º): morte simultânea; 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS 
Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena 
 
 DIREITOS DE PERSONALIDADE – art 11 CC 
Os DP são direitos que têm por objeto atributos físicos, psíquicos e morais do indivíduo humano; o ser 
humano deve ser protegido não só em seu patrimônio, mas em sua essência; os DP não têm o traço patrimonial que 
prepondera no Direito Civil; em princípios, são reconhecidos como universais, mas há choque com a cultura; Vide 
Robert Alexy, "Teoria dos Direitos Fundamentais". 
NATUREZA JURÍDICA 
JUSNATURALISMO 
São inatos ao ser humano, não cabendo ao Estado 
dizer-lhes, mas apenas regulá-los ou reconhecê-los; 
O rol previsto na legislação é exemplificativo, pois 
os DPs não estão restritos ao que diz o Estado, mas 
são direitos inerentes ao ser humano, que apenas são 
reconhecidos ou revelados pelas normas jurídicas; 
(observação minha: não somente os jusnaturalistas 
irão defender isso, mas também os principiologistas). 
POSITIVISMO 
Os DPs precisam estar expressos em lei para 
existirem, ou seja, cabe ao Estado definir o que e 
quais são os DP; o rol é exaustivo, pois somente o 
que está na lei é DP 
 
CARACTERÍSTICA 
• Absolutos: são considerados erga omnes (oponível contra todos); 
• Gerais: são outorgados a qualquer pessoa simples fato de existir; 
• Extrapatrimoniais: relacionada à ausência de um conteúdo patrimonial direto, aferível objetivamente, ainda 
que sua lesão gere efeitos econômicos; isso significa, entretanto, que não possam ser mensurados em caso de 
violação; 
• Indisponíveis: diz respeito tanto à intransmissibilidade quanto à irrenunciabilidade (impossibilidade de 
reconhecimento jurídico de manifestação de vontade que renuncia ao direito); significa que nem pela vontade 
do indivíduo, o direito pode mudar de titular; agora, excepcionalmente, pode-se admitir a transferência de 
alguns poderes inerentes a certos direitos de personalidade (imagem admite cessão) 
o Inalienáveis 
o Irrenunciáveis 
• Imprescritíveis: não envolve um prazo 
CLASSIFICAÇÃO (tricotomia) 
• Corpo – quanto à vida (integridade física, corpo vivo, corpo morto, voz): abrange a questão dos limites do 
poder da vontade individual e, em contraposição, e.g., à necessidade de uma intervenção cirúrgica. 
o ADPF 54 
o Processos de fertilidade assistidos 
o Eutanásia e ortotanásia 
o Doação de órgãos (art. 199 CF, art. 14 CC, art. 9o lei n. 9.434/97)o Permissões para violação do corpo morto: indícios de crime; investigação de paternidade; transplante; 
exame de DNA. 
• Mente – quanto à integridade psíquica e criação do intelecto (liberdade, privacidade, segredo, autoral) 
• Espírito – quanto à integridade moral (honra, imagem, identidade) 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS 
Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena 
 
 PESSOA JURÍDICA 
É um grupo humano criado na lei dotado de personalidade jurídica para a realização de determinados fins. 
Existe uma exceção a esse conceito (ex. fundação e empresa ltda). A pessoa jurídica atuará na sociedade por meio de 
seus órgãos e representantes e, enquanto sujeito de direito, poderá praticar atos e negócios jurídicos em geral. A 
Natureza Jurídica da PJ é dividida em duas vertentes: 
NEGATIVISTA POSITIVISTA/AFIRMATIVISTA 
um conjunto de patrimônios destinado à um fim, sem 
possuir personalidade jurídica 
Teoria da Fixação: desenvolveu-se a partir do DS, 
Savigny é um defensor, não reconhece a existência 
real da PJ. Mas a considera uma criação da lei 
um conjunto de bens, objeto de personalidade 
comum mas, que não é sujeito de direito 
Teoria da Realidade Objetiva: a PJ é composta por 
“corpus” (patrimônio) e “animus” (intenção) 
representa mera aparência com o objetivo de facilitar 
relações mas os verdadeiros sujeitos de direito são os 
individuais 
Teoria da Realidade Técnica: a PJ tem existência 
real, sendo sua personalidade jurídica conferida em 
direito. 
PRESSUPOSTOS DA EXISTÊNCIA DA PJ: 
• Vontade humana criadora; 
• Observação das condições legais, sobretudo as previstas nos art. 45 CC; 
• Licitude. 
 SURGIMENTO DA PJ – art. 45 CC 
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no 
respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se 
no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por 
defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. 
ITENS DE REGISTRO – art. 46 CC. 
1. Denominação; 
2. Fins; 
3. Sede; 
4. Tempo de duração; 
5. Fundo social; 
6. Fundadores/instituidores; 
7. Diretores; 
8. Administração; 
9. Representação judicial; 
10. Representação extrajudicial; 
11. Reformabilidade do ato constitutivo; 
12. Modo de reforma do ato constitutivo; 
13. Responsabilidade dos membros pelas 
obrigações sociais; 
14. Destino do patrimônio em caso de extinção
 
REPRESENTAÇÃO DA PJ: 
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos 
no ato constitutivo. 
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos 
presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a 
lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS 
Parte Geral do Direito Civil I – Professora: Fernanda Damacena 
 
CLASSIFICAÇÃO DA PJ – ART. 40 CC As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. 
PJ DE DIREITO PÚBLICO INTERNO: 
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: 
I - a União; 
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III - os Municípios; 
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; 
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. 
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado 
estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. 
PJ DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO: 
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem 
regidas pelo direito internacional público. 
PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO – ART. 44 CC 
• Associações  44, I, c/c 53 CC 
Elas são PJ cujo fins não são econômicos. Seu ato constitutivo é o estatuto. A doutrina majoritária 
entende que o fato de a associação não ter fins econômicos não significa que a mesma não possa gerar renda. O que 
ocorre é que de regra essa renda deverá ser revertida para pagamento de estrutura/funcionários devendo o resto voltar 
para o caixa. 
• Sociedade  44, II, c/c 981 CC 
É instituída por meio de contrato, possui fins econômicos e partilha lucros. 
• Fundação 44, III, c/c 62 CC 
Diferente das demais PJ de Direito Privado não se dá pela união de pessoas, mas pela afetação de um 
determinado patrimônio. Seu ato constitutivo é um testamento ou escritura pública. 
• Empresa Individual de Responsabilidade LTDA 44, VI, c/c 980A CC 
RESPONSABILIDADE DA PJ – ART. 43 CC c/c ART. 37 §6o CF 
 DESCONSTITUIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA PJ – art. 50 CC. 
• Doutrina estadunidense: disregard doctrine. 
• É uma forma de desfazer a blindagem patrimonial em que a PJ se constitui para os sócios. 
• Permite que as obrigações cheguem aos patrimônios dos sócios. 
• Situações de abuso da personalidade jurídica: 
o Desvio de finalidade; 
o Confusão patrimonial; 
• É majoritário na doutrina civil brasileira que essa desconsideração da personalidade jurídica é uma exceção e 
deve ser interpretado de modo restritivo. 
PROTEÇÃO NA PJ: 
• Imagem, marca, nome, produtos. 
• Ações preventivas: fazer parar ato que prejudica a sua imagem. 
• Ações reparativas: indenizações por prejuízos efetivamente ocorridos.

Continue navegando