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GE703 – Geofísica Introdução à Sísmica Prof. Emilson Pereira Leite Instituto de Geociências - UNICAMP Conceitos básicos Uma onda é um perturbação periódica que transmite energia através de um meio, mas não causa deformação permanente no material. Há duas formas de visualizar a propagação da onda: Conceitos básicos • A propagação de ondas dentro da Terra pode ser analisada de duas formas: considerando frentes de onda (Princípio de Huygens) ou raios (Princípio de Fermat). Princípio de Huygens • O princípio de Huygens foi inicialmente estabelecido para propagação de ondas eletromagnéticas, porém pode ser generalizado para qualquer tipo de fenômeno ondulatório. • Todos os pontos de uma frente de onda se tornam fontes pontuais de produção de novas ondas esféricas; a nova frente de onda é a superfície que tangencia (ou o envelope) dessas ondas menores (wavelets) secundárias. Princípio de Huygens Princípio de Fermat • O princípio de Fermat é um princípio da óptica aplicado ao comportamento das ondas sísmicas. • Este princípio diz que, dos muitos caminhos possíveis entre dois pontos A e B, o raio sísmico segue o caminho que resulta no menor tempo de percurso entre os pontos. Propagação de ondas dentro da Terra • As ondas dentro da Terra podem ser divididas em duas categorias principais: • (a) Ondas de corpo. Viajam através do meio. • (b) Ondas de superfície. Se propagam na superfície terrestre. Ondas de corpo (a) Onda P: O movimento da partícula se dá na mesma direção da propagação da onda (ondas compressionais). (b) Onda S: O movimento da partícula se dá na direção perpendicular ao da propagação da onda (ondas de cizalhamento). Ondas de corpo Tensão x Deformação Módulos elásticos Velocidade das ondas de corpo • A velocidade das ondas de corpo pode ser calculada a partir dos módulos elásticos do material. Ondas de superfície • (a) Ondas Rayleigh: O movimento da partícula é retrógrado e a trajetória é uma elípse. • (b) Ondas Love: O movimento da partícula é análogo ao das ondas S, sendo paralelo à superfície livre e perpendicular à direção de propagação da onda. Ondas de superfície Ondas de superfície • A velocidade da onda Rayleigh (vR) é menor do que vs. • O chamado ground roll é uma onda Rayleigh que viaja interceptando diretamente os detectores. Velocidades típicas da onda P (km/s) Por quê vp aparentemente aumenta com a densidade? Velocidade vs. propriedades do material • Note que as ondas P sempre viajam mais rápido do que as ondas S. • No líquido µ = 0 e K é sempre diferente de zero. Portanto, somente ondas P podem se propagar em meios líquidos. Velocidade vs. propriedades do material • Note que os valores individuais de vp e vs dependem de vários parâmetros, além da densidade, agravando o problema da ambiguidade das soluções. A razão entre as duas velocidades pode ser utilizada para minimizar o problema: • Para rochas crustais consolidadas, tipicamente σ ~ 0,25 e vp/vs ~ 1,7. Um acréscimo na vp/vs e/ou na razão de Poisson pode ser indicativo da presença de fluídos. Velocidade vs. Densidade Velocidade vs. profundidade • Com o aumento da profundidade, a compactação aumenta a densidade da rocha pela redução do espaço poroso. • A rigidez da rocha também aumenta com a profundidade. • O efeito resultante é que a velocidade aumenta com a profundidade, mesmo quando a litologia não varia. Vp para rochas porosas Vp para rochas porosas • Se a matriz da rocha tem densidade ρm e o flúido no poro tem densidade ρf, então a densidade global (média) da rocha será • Em termos das velocidades, teremos Vp para rochas porosas • Exercício 1: uma rocha tem 30% de porosidade e as velocidades da onda P na matriz da rocha e no fluído dos poros são 2,9 e 1,5 km/s, respectivamente. Qual é a velocidade sísmica média da rocha? Vp para rochas porosas • Exercício 2: Considere um reservatório de gás como apresentado na figura seguinte. O reservatório de areia tem 10% de porosidade. A tabela mostra dados de velocidade obtidos em perfis sônicos de poços. Qual é a velocidade média no reservatório de água? E no reservatório de gás? Reflexão e Transmissão Incidência normal Aqui Z é a IMPEDÂNCIA ACÚSTICA do meio; A são as amplitudes da onda, R é coeficiente de reflexão e T é o coeficiente de transmissão; v são as velocidades e ρρρρ as densidades Coeficientes de reflexão Incidência normal • Exercício 3: considere um reservatório de gás com 10% de porosidade onde a matriz da rocha tem vp = 3000 m/s. A rocha acima tem vp = 2800 m/s (rocha não-porosa). Admita que a densidade é constante. – (a) Qual a velocidade média dentro do reservatório? – (b) Qual o valor esperado de R para uma reflexão no topo do reservatório? – (c) Qual o valor esperado de R na interface entre as camadas de 2800 m/s (fora da parte saturada com gás) e de 3000 m/s? Este é um exemplo de bright spot, que é uma reflexão com grande amplitude. Na Terra, valores típicos de R estão entre +/- 0,2 e +/- 0,5. Reflexão e Transmissão Incidência não-normal • No caso mais geral, a onda sísmica incidirá sobre uma interface com algum ângulo de incidência θi. Lei de Snell Reflexão e Transmissão Incidência não-normal • Quando v2 > v1 a onda é refratada para longe da normal (θt > θr). • Quando v2 < v1 a onda é refratada para perto da normal (θt < θr). • Note que se v2 > v1 haverá um ângulo θi que resulta em sen θt = 1, o que fornece θt = 90º e as ondas refratadas viajarão horizontalmente. Neste caso θi é chamado de ângulo crítico e denominado θc. Reflexão e Transmissão Incidência não-normal Ondas direta, refletida e refratada Ondas direta, refletida e refratada Créditos da figura: Rodrigo de Souza Portugal Conversão entre ondas P e S Fatores que causam atenuação na amplitude da ondas sísmicas • (a) Divergência esférica – Considere uma onda que se propaga a partir de uma fonte pontual. Se ela viajou uma distância r, então a frente de onda cobriu uma área igual a 4.π.r2. – O princípio da conservação de energia requer que esta permaneça constante conforme r aumenta. – Se a energia na fonte é E0 então a energia total a distância r da fonte é E(r) = E0 / 4.π.r2. – Este fenômeno é conhecido como divergência esférica ou espalhamento geométrico. Fatores que causam atenuação na amplitude da ondas sísmicas • (b) Absorção – Conforme a onda passa pela Terra, o movimento das partículas fazem com que o material seja distorcido e parte da energia da onda é convertida em calor. – Isto resulta em uma perda de amplitude descrita por um decaimento exponencial A(t) = A0 e-kr. (b) Absorção Difração • A energia sísmica pode viajar em regiões onde a teoria do raio (baseada na Lei de Snell) não prevê para onde ela irá. • No caso, a difração faz com que a energia se propague em todas as direções. Difração • Quando uma onda encontra uma “quina”, o Princípio de Huygens mostra que esta quina vai gerar ondas que se propagam em todas as direções. • Nos dados reais de sísmica de reflexão estas ondas podem ter amplitudes significativas e podem ser detectadas em uma grande área na superfície. Difração Difração • Um procedimento matemático chamado migração é usado para mapear o padrão de difração das ondas de volta para a fonte pontual de onde elas foram originadas. Fontes de energia sísmica • Requerimentos básicos para uma fonte sísmica eficiente: – Gerar energia suficiente dentro de uma banda de frequências apropriada – Sereconômica – Ser não-destrutiva – Permitir reprodutibilidade Fontes de energia em terra • Explorações rasas – Marrretas, queda de pesos, explosivos Fontes de energia em terra • Explorações rasas e profundas – Vibroseis: técnica mais utilizada em sísmica terrestre. Fontes de energia no mar • Armas de ar-comprimido Frequência das fontes sísmicas Detectores sísmicos terrestres • Geofones – A superfície se move quando uma onda P ou S a atinge. Geralmente os sinais refletidos chegam com ângulos de incidência menores. Portanto as ondas P produzem um movimento da superfície predominantemente vertical. Os geofones medem o movimento do solo através da conversão deste movimento em sinais elétricos. • Sismômetros – Estudos de terremotos necessitam de instalações mais permanentes. São registradas 3 componentes e os sensores são ajustados para detectarem as frequências mais baixas. O sismômetro é colocado numa cavidade rasa para minimizar o efeito do vento e outros ruídos. Detectores sísmicos terrestres • O tipo mais comum é um geofone que contém uma bobina móvel. • É necessário um bom acoplamento do geofone com o solo. • É usual a utilização de um conjunto de geofones para melhorar a razão sinal ruído após um processamento adequado dos dados registrados. • Para estudos rasos, o espaçamento pode ser de até 1 metro. Para estudos mais profundos, o espaçamento usual é de 10 a 50 metros. Detectores sísmicos terrestres Detectores sísmicos marinhos • Hidrofones – Em explorações marinhas, as ondas P são detectadas pela mudança na pressão da água conforme as ondas passam pelo detector. – Este tipo de sensor é chamado hidrofone e converte a variação de pressão em um sinal elétrico (efeito piezoelétrico). Detectores sísmicos marinhos Detectores sísmicos marinhos • Sismômetros de fundo oceânico (OBS - Ocean-Bottom Seismometers). – São como sismômetros terrestres, porém são colocados no assoalho oceânico. – O acoplamento com o assoalho oceânico permite que 3 componentes de movimento sejam medidas, ou seja, tanto ondas P quanto ondas S podem ser detectadas. – Como normalmente requerem longo tempo para implantação e utilização, são utilizados geralmente para pesquisas científicas (sem necessidade de resultados a curto prazo). Detectores sísmicos marinhos VSP – Vertical Seismic Profile Créditos da figura: Rodrigo de Souza Portugal VSP - Vertical Seismic Profile Créditos da figura: Rodrigo de Souza Portugal VSP – Vertical Seismic Profile Créditos da figura: Rodrigo de Souza Portugal
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