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1) Iniciação à Filologia Portuguesa, de Gladstone Chaves de Melo 2) Elementos de Filologia Românica vol., de Bruno Bassetto 3) Orígenes de las lenguas neolatinas, de C. Tagliavini 4) Caminhos da Linguística Histórica, de Rosa Virgínia Mattos & Silva 5) O retorno da Filologia, de Ceila Martins 6) Estudos de Filologia Portuguesa, de Silveira Bueno Filologia Românica II – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • Conceitos de Filologia – Segundo Bruno Bassetto, antes de se falar em Filologia, cabe tecer alguns comentário sobre o termo mais antigo: filólogo, que teve suas primeiras ocorrências nos textos gregos, por volta dos séculos V e IV a.c. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • Nos séculos V e IV a. c., o termo filólogo apresenta a acepção de amigo da palavra, isto, é, aquele que gosta de falar ou ouvir a palavra. A maioria dos autores associa essa característica ao gosto pelo estudo, ao aprendizado (como o que se vê em Cícero) ou ainda, culto, refinado, sábio (como se pode ver em Aristóteles). Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Cícero Ele era um ator importante em muitos dos eventos políticos significativos de seu tempo (e seus escritos são hoje uma fonte valiosa de informações para nós sobre esses eventos). Ele foi, entre outras coisas, um orador, advogado, político e filósofo. http://www.iep.utm.edu/cicero/ Aristóteles Ele foi um grande filósofo grego e teve uma vasta produção literária,. Escreveu sobre todas as ciências, constituindo algumas desde os primeiros fundamentos http://www.mundodosfilosofos.com.br/aristoteles.htm#ixzz1oSI1ie4W Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Cícero distingue nobreza e cultura; os homens são nobres, mas não tem o refinamento intelectual requerido pelo ambiente acadêmico – não são filólogos, o que é denunciado pelo modo de falar. http://topub.unibuc.ro/bogdan-cristea-the-theatrical-dimension-of-oratorical-rhythm-in-ancient-rome/ Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • O filósofo Sêneca traça bem o perfil do gramático e do filólogo; o gramático se preocupa com problemas específicos de língua e de literatura, como expressões típicas, arcaísmos, influências literárias. O filólogo apresenta análises, deduções, inter-relacionamento de fatos, conhecimento dos livros de história... Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • Com Eratóstenes de Cirene (275-194 a.c), filólogo é sinônimo de sábio, pessoa de vasta cultura e conhecimentos em todos os ramos. Tratava-se, portanto, de uma espécie de título. O termo é encontrado nessas acepções em textos até o século VI, até desaparecer, vindo a retornar aos textos na segunda metade Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Eratóstenes nasceu em Cirene que é na actualidade conhecida como Líbia. Após ter estudado em Alexandria e em Atenas tornou-se no diretor da Livraria de Alexandria. Trabalhou em geometria e em números primos. É mais conhecido por ter inventado o primeiro algoritmo que nos fornece números primos, conhecido como o Crivo de Eratóstenes, http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2001/icm31/eratostenes.htm Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • Biblioteca de Alexandria Construída por Ptolomeu Filadelfo no início do terceiro século a.C. para "reunir os livros de todos os povos da Terra" e destruída mais de mil anos depois. http://joildo-alexandre.blogspot.com/2011/05/biblioteca-de-alexandria-curiosidades.html Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • O termo filólogo denota, quase sempre, uma ideia de refinamento intelectual, de amplos conhecimentos gerais ou específicos, de cultura em geral e de domínio da linguagem, em particular. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • A Interferência do Cristianismo: o termo filólogo sai de cena – – Quando o cristianismo se impõe, começa a rarear a ocorrência do termo. Não é encontrado em Santo Agostinho, por exemplo. http://romaparati.blogs.sapo.pt/9757.html Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti – Tudo indica que o termo filólogo deixou de ser corrente a partir do século VI no Ocidente. A nova mentalidade cristã levou os estudiosos a outra visão do mundo, a outra mentalidade dominada sobretudo por problemas religiosos; tentava-se suprimir tudo o que não se pudesse cristianizar. Também a cultura greco-latina passou por esse crivo; textos clássicos eram copiados por necessidade didática, servindo de modelo estilístico no aprendizado do latim. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • Com os primeiros indícios do Renascimento, na segunda metade do século XIV, volta-se a estudar novamente os clássicos na Itália e, depois, em toda a Europa. • Reaparecem, assim, os filólogos e fixa-se, com eles, a concepção moderna da filologia como a ciência do significado dos textos e, em sentido mais amplo, como a pesquisa científica do desenvolvimento e das características de um povo ou de uma cultura com base em sua língua ou em sua literatura. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • Nos séculos XV e XVI, as línguas nacionais se firmam e surgem gramáticas de todas elas, bem como dicionários e manuais. A grande preocupação é a origem das línguas, embora os primeiros estudos não tenham base científica nem filológica; assim, sob influência da Bíblia, alguns autores consideravam o hebraico como a língua primitiva. • Nessa época, ainda não se tinha descoberto o indo-europeu. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • Nesse período, aqueles que se denominam filólogos são assim considerados por se dedicarem a questões relacionadas com a linguagem ou com as línguas; fixa-se então o conteúdo semântico comumente atribuído ao filólogo: pesquisador da ciência da linguagem e da literatura a partir de textos. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • Na prática, o filólogo é o que se ocupa com o texto, especialmente antigo. Não se exige mais que tenha “conhecimentos amplos e variados”, ainda que se encontre quem os tenha; o recurso a outros ramos do conhecimento humano, como a geografia, a história, a filosofia, etc., se faz quando o conteúdo do texto assim o exigir. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • De acordo com Gladstone Chaves de Melo, a Filologia é uma ciência perfeitamente caracterizada, com seus métodos próprios, seguros e apurados, com suas conclusões definitivas. – O objeto da Filologia é a forma de língua atestada por documentos escritos. – É suficiente dizer que a especialização, uma das características da atividade científica contemporânea, restringiu e precisou o conceito de Filologia. • Estudo científico do tipo de língua e família de língua atestado por documentos escritos. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Com efeito, a Filologia possui um conjunto de verdades solidamente estabelecidas, tais como a origem românica das línguas, as etapas do processo de evolução da vogais e consoantes ao longo da história do idioma, o conceito e o como das transformações sintáticas. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Para Saussure, a Filologia é a ciênciaque estuda textos e tudo quanto for necessário para tornar esses textos acessíveis: a língua utilizada e todo o universo cultural que essa língua representa. Isso implica o conhecimento de uma série considerável de outras ciências. http://belleliteratura.blogspot.com/2011/07/semiologia-na-literatura.html Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • Ainda segundo Saussure, a língua não é o único objeto da Filologia, que pretende, antes de tudo, fixar, interpretar e comentar os textos; esse primeiro estudo faz com que se ocupe também com a história literária, costumes, instituições, etc.; em toda parte ela usa seu método próprio, que é a crítica. Se aborda as questões linguísticas, é especialmente para comparar textos de épocas diferentes, determinar a língua particular de cada autor, decifrar e explicar inscrições numa língua arcaica e obscura. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti FILÓLOGO SÁBIO, ERUDITO GRAMÁTICO AMIGO DA PALAVRA ESTUDIOSO DO TEXTO HISTORIADOR DA LÍNGUAS PESSOA DE MÚLTIPLOS SABERES Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti FILÓLOGO PESSOA DE MÚLTIPLOS CONHECIMENTOS • O lugar da interdisciplinaridade: a relação da filologia com as ciências afins Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Crítica textual: Campo do conhecimento que trata basicamente da restituição da forma genuína dos textos, isto é, de sua fixação ou estabelecimento. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • De posse do manuscrito, o filólogo tem de saber de que época é a letra, deve interpretar e desfazer abreviaturas, deve conhecer o estado da língua nos primeiros séculos, para, lendo o manuscrito, saber se se trata de um original, de uma cópia contemporânea ou de uma cópia posterior, se o copista foi fiel ou se inseriu modernismos no texto; deve conhecer a história, os usos e costumes, a cultura da época do manuscrito, para interpretar o texto, entender as alusões, as imagens. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Literatura Sobre a relação Filologia e Literatura, Gladstone Chaves de Melo diz que, o ângulo por que o filólogo examina os documentos escritos é bem diverso daquele por que os olha o historiador da literatura. O filólogo vê a língua, analisa a língua, as formas, as construções, acompanha, através de documentos cronologicamente sucessivos, a evolução de fonemas, das formas, do emprego das formas e da construção da frase. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • Ainda segundo o autor, o filólogo apresenta fatos documentados pelos textos criticamente selecionados e estabelecidos. • Para ele, o verdadeiro filólogo abona as suas afirmações com documentação e precisa a fonte desta. – Em outras palavras, declarará o livro, a edição e a página, tendo tido antes o cuidado de examinar e certificar-se de que a edição de que se serviu é fidedigna. É imprescindível esse rigor, para que seja possível a qualquer momento, por parte do leitor, a verificação, um dos requisitos da crítica. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Edótica: Ciência que estuda as regras fundamentais de preparação da edição de uma obra em todas as suas fases. Campo de conhecimento que engloba o estabelecimento de textos e a sua apresentação, isto é, sua edição. Auxilia a Filologia a descobrir as edições verdadeiras (princeps) e a relegar as falsas. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Paleografia Ciência das antigas escritas, da sua forma, decifração e toda a sua estrutura. A capacidade de ler e escrever textos antigos exige duas habilidades importantes: (1) saber transpor os caracteres do documento original para caracteres com os quais estamos mais familiarizados, e (2) saber identificar as abreviações usadas no texto do registro. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Epigrafia Ciência que estuda as inscrições gravadas em pedra ou outros materiais permanentes como o metal, por exemplo. Classifica essas inscrições no seu contexto cultural e data, explicando e vendo que conclusões se podem extrair delas. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • Segundo Silveira Bueno, as imperfeitas relíquias de certos povos, deixadas em pedra ou muros de templos, colunas de monumentos não pertencem ao domínio filológico, mas à epigrafia, à linguística. – O filólogo se preocupa exclusivamente com os documentos literários, produtos de civilização e, onde termina esta, termina aquele o seu trabalho; onde não existe nem documento escrito, nem civilização, não existe tampouco filologia. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Arqueologia Ciência que estuda os vestígios das antigas sociedades, vida e cultura dos povos antigos por meio de escavações, técnicas, métodos, documentos, monumentos, objetos, etc. Auxilia a Filologia reconstituindo os monumentos históricos e literários desaparecidos, como os pertencentes à civilização romana, por exemplo. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Estilística Disciplina linguística que estuda os recursos afetivo-expressivos da língua. Preocupa-se com o estudo da expressividade da língua, apresenta um caráter mais descritivo-interpretativo, sem considerações de natureza normativa. Essa preocupação fica reservada à gramática. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti História É o estudo da ação humana ao longo do tempo através concomitantemente do estudo dos processos e dos eventos ocorridos no passado. Ajuda o filólogo a apreender um sentido mais global do texto, na medida em que fornece a ele uma série de informações contextuais como fatos históricos, costumes da época, desenvolvimento da escrita, papel da escola, relações interpessoais, organização política, etc. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Geografia Ciência que estuda a produção do espaço geográfico através da interação entre sociedade e natureza. Ajuda a entender, por exemplo, o isolamento de uma determinada sociedade como conseqüência das condições físicas de seu território; práticas sociais influenciadas por características naturais; movimentos migratórios. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Numismática Ciência relacionada com a coleção de cédulas, moedas e medalhas, identificando, analisando a composição, catalogando pela cronologia, geografia, história, etc. Auxilia a Filologia a examinar as inscrições nas moedas e medalhas e a civilização dos povos que as cunharam. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Linguística O estudo da linguagem humana, considerada na base da sua manifestação como língua. Ciência desinteressada, que observa e interpreta os fenômenos lingüísticos a) numa dada língua, b) numa família ou bloco de línguas, c) nas línguas em geral, para depreender os princípios fundamentais que regem a organização e o funcionamento da faculdade da linguagem entre os homens. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • De acordo com Gladstone Chaves de Melo, a Linguística é uma ciência puramente especulativa. O seu objeto formal é a língua em si mesma, a língua como fato social da linguagem.– Leva, portanto, em conta sua estrutura, seu conteúdo, sua essência, seus processos, suas relações com o pensamento, com o sentimento, com a vontade, com a sociedade, com a cultura, sua evolução, estabilidade e desagregação, causas da estabilidade e fatores de diferenciação, interação linguística, etc. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Linguística histórica • De acordo com Mattos & Silva, é o campo da linguística que trata de interpretar mudanças — fônicas, mórficas, sintáticas e semântico-lexicais — ao longo do tempo histórico, em que uma língua ou uma família de línguas é utilizada pelos seus falantes, em determinável espaço geográfico e em determinável território, não necessariamente contínuo. – A autora propõe, assim, duas grandes vertentes na linguística histórica: lato sensu e stricto sensu. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti lato sensu trabalha com dados datados e localizados, como ocorre em qualquer trabalho de linguística baseado em corpora, que, necessariamente são datados e localizados, tal como os estudos descritivos, sobretudo do estruturalismo americano, que teve seguidores no Brasil stricto sensu é a que se debruça sobre o que muda e como muda nas línguas ao longo do tempo em que tais línguas são usadas. É essa a tradicional concepção da linguística histórica, que, no seu sentido estrito, pode ser trabalhada em duas orientações. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Assim, a autora entende que a Linguística histórica no sentido estrito depende, diretamente, da filologia, uma vez que tem como base de análise inscrições, manuscritos e textos impressos no passado, que, recuperados pelo trabalho filológico, tornam-se os corpora indispensáveis às análises das mudanças linguísticas de longa duração. O capítulo 1, que está na apostila, encontra-se disponível em: http://www.parabolaeditorial.com.br/cami nhosok.pdf Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti a) a linguística histórica sócio- histórica Considera fatores extralinguísticos ou sociais, também fatores intralinguísticos, como a sócio- história proposta por S. Romaine e as sociolinguísticas, que tratam da mudança linguística, como é o caso da teoria laboviana da variação e mudança. b) a linguística diacrônica associal Considera apenas fatores intralinguísticos, como é o caso dos estruturalismos diacrônicos, cujo exemplo maior é p de ª Martinet, e do gerativismo diacrônico, que tem como maior representante D. Lightfoot. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Todo tipo de linguística que trabalha com corpora datados e localizados A “ciência do texto”, base dos dados da linguística histórica. FILOLOGIA LINGUÍSTICA HISTÓRICA LINGUÍSTICA DIACRÔNICA associalLINGUÍSTICA HISTÓRICA sócio-histórica STRICTO SENSU Considera fatores extralinguísticos ou sociais Considera, sobretudo, fatores intralinguísticos LATO SENSU Cf. Mattos & Silva, Caminhos da Linguística Histórica Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti A Linguística Histórica no sentido estrito depende, diretamente, da Filologia, uma vez que tem como base de análise inscrições, manuscritos e textos impressos no passado, que, recuperados pelo trabalho filológico, tornam-se os corpora indispensáveis às análises das mudanças linguísticas de longa duração. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti A relação entre linguística histórica, que no seu sentido estrito deve estar relacionada, mesmo dependente, do trabalho da filologia e, ali, sinteticamente, digo que a filologia é a “ciência do texto”, isso na verdade diz muito pouco. Leite de Vasconcellos define com amplitude a Filologia: A filologia abrange pois: história da língua (glotologia, glótica, linguística e seus ramos) com a estilística e a métrica; história literária. Faz-se aplicação prática da filologia quando se edita criticamente um texto (1950: 8). Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Gladstone Chaves de Melo comenta que, do próprio conceito de Filologia se conclui que é ela uma ciência histórica, isto é, trabalha com documentos e tem como processo permanente a crítica, no sentido moderno e científico da palavra. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Mattoso Câmara Jr. restringe o campo de trabalho da filologia, pois diz que a filologia “pressupõe uma língua literária”. A Filologia, hoje, parece integrar-se melhor como uma das formas de abordar a documentação escrita, tanto literária como documental em sentido amplo, enriquecida pelas vias da crítica textual, tanto de textos antigos como modernos. Assim a filologia assume o seu lugar como a “ciência do texto”, herança benéfica semeada há quase vinte séculos Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Qual será então o trabalho do filólogo? Segundo Luciana Stegnano Picchio: Filólogo é quem, utilizando todos os instrumentos dos quais pode dispor, estudando todos os documentos, se esforça por penetrar no epistema [espaços sincrônicos ideologicamente unitários] que decidiu estudar, procurar a voz dos textos e de um passado que já não considera sufocado pelos estados sobrepostos (1979: 234). Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti No que se refere à metodologia, deve-se ressaltar que não se pode nem se deve utilizar qualquer edição de texto do passado para a análise histórico-diacrônica: a edição tem de ter sido feita com rigor filológico e com o objetivo claro de servir a estudos linguísticos; há edições úteis ao historiador ou ao estudioso da literatura ou ao chamado grande público, mas que, contudo, não devem ser usadas para estudos de história linguística. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Segundo Silveira Bueno, a Filologia Latina estudará os poetas e os prosadores de Roma e através dos seus escritos chegará a desvendar, em todo o seu esplendor, o estado e adiantamento a que haviam chegado, por exemplo, na época de Augusto. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti OCTAVIO AUGUSTO • Primeiro imperador romano. O seu nome completo é Caio Júlio César Octaviano Augusto. É sobrinho e herdeiro de Júlio César. • Augusto, já dono do poder, organiza a vida política de modo que o Senado compartilhe com o imperador o peso do poder. Restaura a religião e torna-se um sacerdote romano. Sob o seu império, florescem a paz e a prosperidade. As obras públicas, a reforma moral, a pacificação das fronteiras e os melhoramentos administrativos são algumas das suas iniciativas de êxito. • No que à política exterior se refere, com Augusto inicia-se uma nova era de paz e prosperidade. No plano cultural dá-se um florescimento de todas as artes. Em linhas gerais, o seu reinado é um dos mais benéficos para o Império. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti Gramática Sistematiza os fatos contemporâneos da língua, com vistas a uma aplicação pedagógico-escolar. Pode ser comparada, expositiva e prescritiva. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • De acordo com Gladstone Chaves de Melo, a sintaxe, por exemplo, tem de ser estudada historicamente, mostrando-se como o presente se explica pelo passado e opassado por um estágio linguístico mais remoto. • No estudo da morfologia, que se assenta em grande parte na fonética histórica, o professor se esforçará por fazer o aluno compreender a importância do sistema da língua. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • Para Silveira Bueno, a Filologia, no Brasil, é uma ciência eminentemente prática. Eminentemente utilitária, destinando-se a preparar professores de língua e literatura portuguesa. – Para bem ensinar nas classes não é suficiente saber o que se deve ensinar, nem saber mais daquilo que se deve ensinar. É preciso saber melhor, no sentido de ter descoberto ou, pelo menos, saber descobrir, encontrar as informações seguras, saber verificá- las, saber se são dignas de confiança, ainda que o autor seja de nome; saber formar a sua própria opinião sobre os assuntos controvertidos; saber esclarecer os pontos ainda obscuros; saber julgar os livros que vão ser dados aos alunos... Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • A partir daí, o autor faz uma crítica, diferenciando professor e filólogo. – Para ele, outra coisa é saber decifrar os manuscritos, não tanto para neles descobrir a melhor lição, em uma determinada passagem, mas sobretudo para ser capaz de preferir a melhor dentre as variantes dos manuscritos já decifrados ou de a conjecturar pelos vestígios deixados. É saber ler as inscrições não já para para publicar novas coleções, mas, ao menos, para saber tirar das já publicadas os necessários esclarecimentos sobre os textos clássicos. Introd. à Filologia Românica – Profas. Karen Sampaio & Érika Ilogti • Silveira Bueno, considera a seguinte divisão, para tratar das ciências afins à Filologia: I) Disciplinas Essenciais, como a gramática, a estilística, a história da literatura, etc. II) Disciplinas secundárias, como a geografia, a história, a mitologia, a religião, etc. III) Disciplinas Complementares. Como a epigrafia, a Arqueologia, a paleografia, a Numismática, etc.
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