Buscar

pratica simuladaCASO 8

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL DO RIO DE JANEIRO/RJ 
 CLAUDIA sobrenome, brasileira, casada, profissão, inscrita no CPF número, RG número, e-mail, residente na rua número, bairro, CEP, Rio de Janeiro, RJ, por seu advogado abaixo subscrito com endereço profissional Rua Pedro Bunn, 1516 – Bloco 1 – Apto. 801 – Jardim Cidade de Florianópolis – São José – SC, com procuração em anexo, onde deverá ser intimada para dar andamento aos ato processuais, nos autos da AÇÃO DE COBRANÇA, por rito comum, movida por HOSPITAL CUIDAMOS DE VOCÊ LTDA., com sede no Rio de Janeiro, vem  a este juízo, oferecer/apresentar: 
 CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO,
 No incidente de ação de cobrança, pelos fatos e fundamentos que passa a expor 
 I – Das Preliminares Dilatórias 
Cabe incompetência relativa devido ao juízo tratar-se de natureza cível e não da fazenda, conforme informado em petição inicial. 
II – Do breve relato da ação proposta 
O autor propôs ação de cobrança em face da ré a quantia de R$ 60.000 (sessenta mil reais) através de cheque emitido pela mesma no dia 28 de setembro de 2013. O autor cobrou da ré, mesmo o plano de saúde cobrindo todos os gastos. 
Ocorre que a ré, no dia 17 de setembro de 2013, acompanhou o seu marido, Diego, ao hospital, pois o mesmo havia sofrido fratura exposta na perna direita, conforme diagnóstico médico, o que determinou a realização de uma cirurgia de emergência. Afirma ainda que todo o procedimento médico que Diego se submeteu foi custeado pelo Plano de Saúde Minha Vida, conveniado ao hospital.  
Ainda, mesmo após a autorização do plano de saúde para a realização do procedimento cirúrgico, a direção do hospital exigiu que ré emitisse um cheque no valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), como garantia de pagamento dos serviços médicos que seriam prestados ao marido da ré.   
III – Do mérito propriamente dito 
A ré, devido à situação de ter o companheiro em situação delicada, estava em estado de perigo. Diz o Art. 156 CC:  
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. 
O autor, aproveitando-se do extremo desconforto da ré, também não respeitou a Resolução Normativa 44 da ANS. Artigo 1º: 
Fica vedada, em qualquer situação a exigência, por parte dos prestadores de serviços contratados, credenciados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde e Seguradoras Especializadas em Saúde, de caução, depósito de qualquer natureza, nota promissória ou quaisquer outros títulos de crédito, no ato ou anteriormente à prestação do serviço. 
Devemos considerar que a saúde é um direito do cidadão, conforme Art. 6º. CRFB: 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação.... 
É cabível até de crime a medida adotada, conforme indica o artigo 135-A do Código Penal: 
Art. 135-A Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: 
Pena: detenção, de 3(três) meses a 1(um) ano, e multa. 
Sendo o hospital localizando no Rio de Janeiro, também existe a Lei Estadual 3.426/2000, a qual proíbe depósito prévio para internação em clínicas ou hospitais públicos e privados no Estado e dá outras providências. 
Por fim, de acordo com a advogada do Idec (Instituto Brasileiro da Defesa do Consumidor), Joana Cruz, a única exigência que o estabelecimento pode fazer em caso de atendimento de emergência é pedir qualquer documento de identificação do paciente ou, caso ele tenha um plano de saúde, a carteirinha da operadora.1 
Julgado do assunto foi realizado em 10/03/2015, pelo STJ: 
STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL AgRg no AREsp 644649 DF 2014/0341839-3 (STJ)  
Data de publicação: 10/03/2015  
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. EXIGÊNCIA DE CHEQUE CAUÇÃO PARA INTERNAÇÃO EM HOSPITAL. PRÁTICA ABUSIVA. DANO MORAL. REVISÃO DO VALOR. NÃO PROVIMENTO. 1. Se as questões trazidas à discussão foram dirimidas, pelo Tribunal de origem, de forma suficientemente ampla, fundamentada e sem omissões deve ser afastada a alegada violação ao art. 458 do Código de Processo Civil. 2. Admite a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, excepcionalmente, em recurso especial, reexaminar o valor fixado a título de indenização por danos morais, quando ínfimo ou exagerado. Hipótese, todavia, em que o valor foi estabelecido na instância ordinária, atendendo às circunstâncias de fato da causa, de forma condizente com os princípios da proporcionalidade e razoabilidade. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. 
IV – Da Reconvenção 
De acordo, com a lei 13.105/15, em seu art. 343, in verbis:  
Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. 
VI – Dos fundamentos da Reconvenção 
Houve uma situação em que a reconvinte questionou-se a respeito da consideração dada pelo reconvindo com relação à gravidade passada por ela. Tratava-se do bem maior do seu marido – sua vida. Sem importar-se da situação, fez exigência indevida. 
Diz o artigo 940 do Código Civil: 
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. 
Como se não bastasse a cobrança indevida, o reconvindo também causou prejuízo moral à reconvinda, uma vez que a mesma se viu em estado de desespero e stress causado pela situação. A mesma teve até que faltar no seu trabalho, conforme documento em anexo e também teve que remediar-se, conforme receita médica em anexo. 
Dizem os artigos 186, 187 e 927 do Código Civil: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
A medida da reconvinda também afeta o inciso VI do artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor: 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
... 
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; 
No mesmo código de defesa do consumidor, o artigo 42 fala da cobrança indevida, a qual a reconvinte expôs-se: 
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. 
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. 
Finalmente, o artigo 5º da CRFB, X diz: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
... 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
 VII – Dos Pedidos  
Diante do exposto,requer: 
1 – O acolhimento da preliminar dilatória com a consequente anulação de cobrança 
2 – O acolhimento da preliminar peremptória com a extinção do processo sem julgamento do mérito (preliminares peremptórias do art. 485 do CPC). 
3 – O reconhecimento da prejudicial de mérito e a extinção do processo com julgamento do mérito. 
4 – Intimação do autor para oferecer resposta à reconvenção 
5 – No mérito, a improcedência do pedido autoral. 
6 – Julgar procedente a reconvenção para  
7 – A condenação do autor aos ônus da sucumbência (custas judiciais e honorários de advogado). 
 VIII - Das provas 
 Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial documental, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do autor. 
 IX – Do valor da Causa 
 Dá-se à causa o valor de 20.000,00 (vinte mil) reais.  
  
Nestes termos, pede deferimento, 
São José, 18 de Novembro de 2016 
 
___________________________________ 
OAB/UF/número

Continue navegando