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007. Termo Medicina Legal


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MEDICINA LEGAL 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 1 
 
Prof. Florestan Rodrigo do Prado 
E-mail: 
 
05/02/2016 
 CONCEITO DE MEDICINA LEGAL 
 “É a medicina a serviço das ciências jurídicas e sociais”. (Genival Veloso de França) 
 “Conjunto de conhecimentos médicos e paramédicos destinados a servir ao Direito, 
cooperando na elaboração, auxiliando na interpretação e colaborando na execução dos 
dispositivos legais, no seu campo de ação de medicina aplicada”. (Hélio Gomes) 
 “É a aplicação dos conhecimentos médicos-biológicos na elaboração e execução das 
leis que deles carecem” (Flamínio Fávero) 
 “É a ciência extrajurídica auxiliar, alicerçada em um conjunto de conhecimentos 
médios, paramédicos e biológicos, destinados a defender os direitos e os interesses dos 
homens e da sociedade” (Deldon Corce e Delton Croce Jr.) 
 “Medicina legal é o ramo da medicina vinculado ao Direito, consistente no emprego de 
técnicas e procedimentos científicos utilizados para o esclarecimento de casos do interesse da 
justiça”. (Florestan) 
 SINONÍMIAS 
 Medicina judiciária, medicina forense, medicina pericial, jurisprudência médica, 
medicina criminal, medicina jurídica. 
 Existem várias espécies de nomenclaturas. No Brasil, o termo mais empregado é 
Medicina Legal, que é a nomeclatura adotada pela “especialização médica”, ou seja, a área da 
medicina com determina particularidade que põe seus conhecimentos específicos a disposição 
da Justiça. 
 Atualmente existe, no Brasil, a ABML – Associação Brasileira de Medicina Legal, 
formada por “médicos legistas” com título de especialidade. 
 MEDICINA LEGAL É UMA CIÊNCIA AUTÔNOMA? 
 Existem divergências doutrinárias quanto a Medicina Legal ser ou não uma ciência 
autônoma. Havendo ainda uma discussão se ela ainda é uma parte da Medicina (ramo das 
Ciências Médicas). Surgiram três correntes a este respeito: 
 Corrente restritiva: Defende que ela não é uma ciência autônoma porque utiliza de 
conhecimentos das ciências médicas a favor do Direito. Sendo, portanto, um segmento da 
medicina. 
MEDICINA LEGAL 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 2 
 
 Corrente extensiva: Defende que ela é uma ciência autônoma porque é exercida por 
profissionais habilitados e capacitados para este fim, ou seja, os “médicos legistas”. 
 Corrente eclética ou mista: Possui um posicionamento intermediário, aceitando em 
parte a autonomia científica da Medicina Legal (por ser formada por profissionais capacitados 
e por possuir técnicas e metodologias próprias), mas, ao mesmo tempo não desvinculando 
esta disciplina do campo das “Ciências Médicas”. 
 No Brasil não há uma corrente predominante. No entanto, os maiores expoentes da 
literatura médico-legal adotam a corrente eclética (Flamínio Fávero, Hilário Veiga de Carvalho, 
etc.) 
 ESCORÇO HISTÓRICO DA MEDICINA LEGAL 
 Período antigo: a medicina era uma “arte”. Os médicos eram vinculados à religião 
(sacerdotes). O cadáver era sagrado, não podia ser estudado. Na China, haviam técnicas para 
estudar o cadáver e distinguir as lesões. 
 Período Romano: os cadáveres eram analisados externamente. (O corpo de Júlio César 
foi periciado externamente por Antístio, médico). Com a vigência do Código de Justiniano (483 
dC) a “mulher grávida” poderia ser submetida à perícia pela parteira para se constatar a 
gravidez. 
 Idade Média: prevaleceram a Ordálias até 1215 dC. Na França em 1278, criou-se a 
figura dos cirurgiões juramentados junto à coroa. Em casos de morte violenta, determinou-se a 
necessidade de perícia (1507). 
 Período Canônico: a partir do Decreto do Papa Inocêncio III, as perícias começaram a 
ser autorizadas. Em 1374, o Papa Gregório XI passou a autorizar necropsias em casos 
complexos. Somente em 1532, na Alemanha através de Carlos V, foi instituído o Código 
Criminal Carolina, onde as perícias criminais passaram a ser obrigatórias em caso de morte 
violenta. 
 Período Moderno ou Científico: inicia-se em 1575, através dos estudos do cirurgião 
francês Abróise Paré. Em 1602 foi lançado o primeiro tratado de Medicina Legal através do 
médico Fartunatus Fidelis tratando de questões médico legais (traumatologia, sexologia, 
dentre outras). Em 1621, Paulo Zacharias publica a obra “Questiones medico legales *...+” com 
três volumes expondo tudo que sabia sobre medicina legal. Este livro é considerado, pela 
maioria dos autores, como o verdadeiro “marco” da Medicina Legal moderna. 
 Medicina Legal no Brasil: no período colonial foi influenciada pelos franceses, italianos 
e alemães, sendo praticamente nula a participação portuguesa. Haviam apenas documentos 
médicos esparsos. Em 1832, com a regulamentação do Código de Processo Penal brasileiro, 
foram aplicadas várias regras sobre perícias criminais. 
 O ensino prático de Medicina Legal no Brasil foi iniciado por Souza Lima em 1818 e 
aplicada na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. A nacionalização da Medicina Legal 
MEDICINA LEGAL 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 3 
 
ocorreu pela criação da Escola Brasileira de Medicina Legal fundada por Raymundo Nina 
Rodrigues, na Bahia, no início do Séc. XX. Passou a ser disciplina obrigatória na USP em 1922. 
 Desde então, muitos cursos de Direito e de Medicina adotam a disciplina de Medicina 
Legal. Seus principais expoentes são: Alcântara Machado, Delton Croce, Flamínio Fávero, Hélio 
Gomes, Hilário Veiga de Carvalho, Oscar Freire, Genival França, dentre outros. 
 CLASSIFICAÇÃO HISTÓRICA DA MEDICINA LEGAL 
 Medicina legal pericial: abrangeria o surgimento da Medicina Legal voltada para as 
pericias médicas e a solução dos problemas afetos à Justiça. Para a comprovação dos fatos 
depende-se de perícia. 
 Medicina Legal Legislativa: envolveria aspectos legal, visando normatizar diversas 
condutas médico-legais com a criação de Leis compreendendo a Medicina Legal e o Direito. 
 Medicina Legal Doutrinária: pretende contribuir para a discussão e fundamentação 
científica de institutos jurídicos ligados às áreas médicas. 
 Medicina Legal Filosófica: discute assuntos ligados à ética do exercício da medicina, 
envolvendo assuntos relevantes no âmbito da reflexão filosófica, por exemplo: clonagem 
humana, emprego de células-tronco, relações entre médico e paciente, etc. 
 RELAÇÃO DA MEDICINA LEGAL COM OUTROS RAMOS DO DIREITO 
 Direito Penal e Direito Processual Penal: muitos crimes dependem de provas periciais 
realizadas sobre seus vestígios, como por exemplo, os crimes contra as pessoas (homicídio, 
infanticídio, aborto, lesões corporais, etc.) e os crimes contra a dignidade sexual (estupro, 
estupro de vulnerável, etc.) dentre outros. 
 Também são realizadas pericias em crimes contra o patrimônio que deixam vestígios 
(arrombamento, escalada, etc.), em crimes contra a fé pública (falsificação de moeda, de 
documentos em geral, etc.) 
 Obs: Na busca da solução de problemas judiciais, a Medicina Legal socorre-se de 
inúmeras fontes: Física (fotografia, radiografia, balística), Química (toxicologia, exames 
laboratoriais). Anatomia, Biologia, Parasitologia Psicologia, Psiquiatria, etc. 
 Direito Penitenciário: no âmbito da execução da pena privativa de liberdade são 
realizados vários tipos de perícias psiquiátricas previstas na Lei de Execuções Penais – Lei 
7.210/84. Existe o “Exame Criminológico” realizado como forma de individualização da pena e 
como instrumento para obtenção de benefícios legais (progressão de regimes, livramento 
condicional, etc.). Na execução das Medidas de Segurança são realizados os Exames de 
Cessação de Periculosidade. 
 Direito do Trabalho e Direito Previdenciário: a Medicina Legal investiga os acidentes 
de trabalho e as doenças ocupacionais. Devem ser periciadas as lesões decorrentesdo 
trabalho e as condições de segurança do trabalho. Existem as perícias realizadas nos processos 
trabalhistas, a exemplo das lesões por esforços repetitivos (LER). Além disso, temos uma série 
MEDICINA LEGAL 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 4 
 
de benefícios previdenciários que envolvem doenças que precisam ser submetidas à perícia 
médica (Ex: auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, etc.). 
 Direito Civil e Direito Processual Civil: A Medicina Legal atua no campo das capacidade 
civis. Em certos casos, é necessária a realização de perícia para se verificar se o indivíduo tem 
capacidade civil. (Ex. processo de interdição para verificar a existência de uma doença mental). 
Atua também no Direito de Família (exame de DNA no processo de investigação de 
paternidade), no âmbito da responsabilidade civil (perícia em acidentes, colisões de veículos, 
etc.). No processo civil, tais perícias podem ser determinadas pelo juiz ou a requerimento das 
partes. 
 Direito de Trânsito: a Medicina Legal influencia o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 
9.503/97), quando se refere a embriaguez e as consequências jurídicas provocadas por 
substâncias com efeitos análogos, como drogas. 
 DIVISÃO OU CLASSIFICAÇÃO ESTRUTURAL DA MEDICINA LEGAL 
 Parte Geral: envolve a introdução dos estudos de Medicina Legal. Abordando-se 
conceitos, importância, divisão, tipos de perícias e a forma de atuação dos peritos. Também 
visa o estudo dos deveres (Deontologia) e direitos (Diciologia) dos médicos (Ética médica, sigilo 
profissional, responsabilidade médica, etc.). 
 Parte Especial: envolve as especialidades da Medicina Legal, compreendendo as 
questões de identidade das pessoas, o estudo das doenças mentais, da sexualidade humana, 
das lesões corporais e dos agentes traumáticos, da morte e dos fenômenos que a 
acompanham, das asfixias mecânicas em razão de causas externas, etc. 
 DIVISÃO DIDÁTICA DA MEDICINA LEGAL 
 Antropologia Forense 
Preocupa-se com a identidade (características próprias e exclusivas) e identificação 
(processo que se atribui a identidade a alguém) das pessoas e todos os procedimentos e 
métodos aplicados para tal finalidade. Ex: sistema datiloscópico. 
 Traumatologia Forense 
Importa-se com o estudo das causas (traumas) e das consequências (lesões), 
provocadas a partir do emprego de determinados tipos de energia. Ex: lesões causados por 
instrumentos perfurantes, cortantes, contundentes, lesões causadas pelo calor, eletricidade, 
substâncias químicas, eletricidade, etc. 
 Sexologia Forense 
Estuda a sexualidade normal e anormal, procurando correlaciona-la com as diversas 
doenças e perturbações envolvendo o comportamento sexual humano. Ex: patologias sexuais, 
etc. 
 Asfixiologia Forense 
MEDICINA LEGAL 
 
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Preocupa-se com os mecanismos diversos da privação de oxigênio fornecido ao 
cérebro e demais tecidos do corpo humano, objetivando fazer uma ligação com a morte ou 
alterações deles decorrentes. Ex: enforcamento, esganadura, estrangulamento, etc. 
 Psicopatologia Forense 
Preocupa-se com o estudo da personalidade do ser humano e das doenças mentais 
que influenciam seu comportamento criminal. Ex: psicopatia, esquizofrenia, oligofrenia, 
neuroses, etc. 
 Tanatologia Forense 
Estuda-se a morte em seus diversos aspectos, buscando, sobretudo, desvendar-lhe a 
causa, o tempo estimado de ocorrência, os fenômenos cadavéricos, etc. 
 Toxicologia Forense 
Estuda-se os diversos casos de intoxicações exógenas (externas). Ex: envenenamentos, 
drogadições, alcoolismo, etc. 
MEDICINA LEGAL, CRIMINOLOGIA E CRIMINALÍSTICA 
Uma questão que sempre é levantada e que é muito comum em concursos públicos é 
aquele referente à diferença existente entre a Medicina Legal, Criminologia e Criminalística. 
MEDICINA LEGAL 
É a ciência ou o ramo da medicina aplicada ao Direito que emprega técnicas e 
procedimentos científicos, estudando alterações biopsicológicas do organismo humano (vivo 
ou morto) para a elucidação de casos do interesse da justiça. Objeto: corpo humano (vivo ou 
morto) e suas interações com o meio ambiente. 
CRIMINOLOGIA 
É a ciência multidisciplinar, não normativa, que estuda o crime como fenômeno social, 
o criminoso sob uma perspectiva objetiva e subjetiva, a vítima e sua participação no contexto 
do delito, bem como os mecanismos de controle social que operam em sociedade. 
 CRIMINALÍSTICA 
 É a ciência que estuda os vestígios deixados no local do crime, preocupa-se mais com a 
identificação do delinquente, com a produção de prova e coma dinâmica do evento criminoso. 
Ex: análise de secreções, fios de cabelo, impressões digitais, arma utilizada no crime, etc. 
 
19/02/2016 
 PERÍCIAS – PERITO – DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS 
 CONCEITO DE PERÍCIA 
MEDICINA LEGAL 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 6 
 
 As autoridades judiciárias não são obrigadas a conhecerem todos os campos científicos 
(economia, engenharia, medicina, etc.). 
 Assim, a Justiça se socorre das perícias para o esclarecimento de diversos temas de seu 
interesse. 
 Significado: do latim, “Peritia” que significa habilidade, destreza, conhecimento. 
 As perícias são os exames realizados pelos técnicos (peritos) nas diversas áreas do 
conhecimento. Quando realizada por médicos, são chamadas de perícias médicas ou de 
diligências médico-legais. 
 Perícia: é todo procedimento técnico-científico (Laboratorial, necroscópico, clínico, de 
exumação, etc.) realizado por pessoa qualificada para tal trabalho e sob solicitação exclusiva 
da Justiça, visando esclarecer fatos, dirimir dúvidas e fornecer provas concretas da 
materialidade de um fato delituoso. 
 Pode ser entendida como sendo “a capacidade teórica e prática de alguém, em 
determinado campo científico, objetivando sempre esclarecer fatos que interessa à Justiça”; 
ou ainda, “uma modalidade de prova que requer conhecimentos científicos, técnicos ou 
artísticos”. 
 A perícia é uma prova “Objetiva” ou “Matiral”. É o “visum et repertum” (ver e retratar). 
 CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS PERÍCIAS 
As perícias podem ser Médicas ou Não Médicas. 
Perícias médicas: envolvem psiquiatria, traumatologia, sexologia, tanatologia. Ex. 
laudo necroscópico. 
Perícias não médicas: envolvem áreas científicas diversas da medicina. Ex. perícia 
contábil, de engenharia, balística, documentoscópicas, etc. 
Perícias cíveis: são aquelas que refletem no âmbito civil. Ex: Exame de DNA para 
constatação da paternidade. 
Perícias trabalhistas: referem-se ao Direito do Trabalho. Ex: Laudo de caracterização e 
classificação da insalubridade e periculosidade do local de trabalho. 
Perícias Criminais: realizadas para a comprovação da materialidade do crime ou do 
fato que tenha importância no campo criminal. 
o CLASSIFICAÇÃO DAS PERÍCIAS NO ÂMBITO CRIMINAL 
Existem duas grandes vertentes pericias: 
Perícia de retratação (percipiendi): visa apenas a descrição pura e simples daquilo que 
foi observado pelo perito. É uma narração minuciosa daquilo que foi visto pelo perito. É a 
modalidade mais comum de exame pericial. Ex: Exame de local do crime. 
MEDICINA LEGAL 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 7 
 
Perícia interpretativa (deducendi): é a realizada através de um método de 
interpretação dos fatos, no qual o perito, após analisar os elementos encontrados, lança uma 
conclusão técnica. Ex: Laudo necroscópico em que o perito determina a “causa mortis”. 
Outras classificações: 
Direta: quando realizada sobre a própria coisa ou pessoa sempre que o evento tenha 
deixado vestígio. Ex: corpo da vítima (Exame de corpo de delito – Art. 158, CPP). 
Indireta: quando utiliza dados anteriormente registradosem outros órgãos, v.g. fichas 
hospitalares ou prontuários clínicos (Art. 167, CPP). 
Retrospectiva: trata-se de uma perícia confeccionada no presente, mas que versa 
sobre matéria do passado. Ex: laudo psicológico para avaliar a inimputabilidade ou sua 
situação psicológica à época da conduta. (Ex: averiguação de estado puerperal); 
Prospectiva: objetiva o exame de situações presentes cujos efeitos deverão ocorrer no 
futuro. Ex. Exame de cessação de periculosidade. 
Falsa perícia: é uma perícia onde o perito presta informações inverídicas, consistindo: 
a) na afirmação de uma inverdade; b) na negação da verdade; c) no silêncio sobre a verdade. A 
constatação da falsa perícia pode gerar consequências ao perito que responderá por crime de 
“falsa perícia” previsto no Art. 342 do CP, além de consequências no âmbito civil e 
administrativo. 
 Obs. Falsa perícia e Imperícia são coisas diferentes. Na “falsa perícia” o perito tem 
conhecimento sobre o assunto, mas dolosamente, nega a verdade. Já na “imperícia” o perito 
demonstra falta de conhecimentos técnicos-científicos para elaborar a perícia, ou seja, 
demonstra incapacidade técnica para a elaboração do laudo. Ambos podem sofrer penas 
administrativas. 
 Perícias Compulsórias ou Obrigatórias: São aquelas em que o Juiz, o Promotor de 
Justiça ou o Delegado de Polícia não podem deixar de requisitar sua realização, ou seja, são 
obrigatórias tanto no inquérito policial como no inquérito civil ou no processo. 
 Ocorrem nas seguintes hipóteses: a) quando a infração deixar vestígios; b) quando há 
dúvidas sobre a integridade mental do acusado, nesta hipótese, o juiz suspende o processo e o 
converte em diligências, a fim de submeter o réu a perícia psiquiátrica; c) quando a perícia é 
possível e tempestivamente requerida pela parte ou seu representante. 
 Perícia Contraditória: quando dois peritos, num mesmo caso, chegam a conclusões 
divergentes, ou seja, quando os peritos divergirem sobre a conclusão do “visum et repertum”, 
então será nomeado o 3° perito a fim de dirimir a dúvida, divergindo daqueles, poderão ser 
nomeados outros dois peritos que elaborarão um novo laudo, tudo a critério de quem deverá 
emitir o juízo de valores, ou seja, da autoridade requisitante (Art. 180, CPP). Se o perito 
desempatador não for oficial, deverá prestar compromisso. 
 
MEDICINA LEGAL 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 8 
 
 SOBRE QUEM OU SOBRE O QUÊ RECAI UMA PERÍCIA? 
 Todo crime material deixa vestígios de sua existência. As perícias são realizadas sobre 
esses vestígios. Os vestígios compõem o “Corpo de Delito”. 
 “Corpo de Delito é o conjunto dos elementos materiais deixados pela conduta 
criminosa”. Conforme o Art. 158 do CPP, “quando a infração deixar vestígio será 
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão 
do acusado”. 
 Obs.: não confundir “corpo de delito” com o “corpo da vítima”, pois são coisas 
diferentes. O “exame de corpo de delito” é a perícia que se realiza nos elementos materiais 
deixados pela infração. Esses vestígios deixados pelas infrações podem ser permanentes 
(delicta factis permanentis) ou transeuntes (delicta factis transeuntis). 
 Pessoas Vivas: visam determinar a identidade, idade, sexo, altura, doenças físicas ou 
mentais, gravidez, embriaguez, lesão corporal, estupro, etc. 
 Pessoas Mortas (Cadáveres): tem por objetivo diagnosticar o tempo da morte, a 
identificação do morto, diferenciar lesões causadas em vida “intra vitam” e causadas após a 
morte “post mortem”. Realizar exames toxicológicos das vísceras do morto, extrair projéteis do 
corpo, proceder a exumação, etc. 
 Objetos: tem por finalidade a pesquisa de impressões digitais, exames de armas e 
projéteis, instrumentos médicos (em caso de abortos) manchas de saliva, esperma, sangue, 
fezes, etc. 
 Animais: são perícias mais raras, mas podem ocorrer em alguns casos. Exemplo: tráfico 
de drogas com utilização de animais; ato libidinoso para esclarecer crimes sexuais envolvendo 
animais (zoofilia ou bestialismo); lesões nos animais (crueldade contra animais); e, exame 
bromatológico (alimentos deteriorados, envenenamento). O IML de São Paulo não realiza 
exames em animais, devendo a autoridade nomear veterinários como peritos louvados. 
 Obs: Há uma especialidade denominada Entomologia Forense em que se estuda 
insetos e ácaros em processos criminais para desvendar a prática de crimes. 
 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PERÍCIA 
 A quem interessa a perícia: a) Ao advogado, para a defesa de seu cliente; b) A 
autoridade policial, para a elaboração do inquérito; c) Ao Promotor de Justiça, para iniciar a 
ação penal; d) Ao juiz, na formação de seu convencimento para prolatar a sentença. 
 Quem determina a perícia: é determinada pela autoridade competente à frente do 
caso. Quem as requisita diretamente são os Delegados, os Juízes e os membros do Ministério 
Público. Os advogados podem requerem a realização de perícias, cabendo às autoridades 
determinarem ou não a sua realização (Art. 14, CPP). 
MEDICINA LEGAL 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 9 
 
 Formalização da perícia: a perícia é materializada em um documento (relatório) 
denominado “Laudo” ou “Auto” que pode ter natureza técnica, artística, científica, médico-
legal ou criminalística. 
 Limites da Perícia: embora seja prova técnica, objetiva e material, a perícia não tem 
valor absoluto, pois o Juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo rejeitá-lo no todo ou em parte 
(Art. 182, CPP), mesmo porque se aplica em matéria de Direito Penal, o princípio da Verdade 
Material ou Real. 
 Prazo: uma perícia pode ser realizada em qualquer lugar, a qualquer dia ou hora. A 
perícia pode ser realizada em qualquer fase, policial ou judiciária, o prazo para encaminhar o 
Laudo é de 10 dias podendo, em casos excepcionais o perito requerer à autoridade 
requisitante para prorroga-la (Art. 160, Parágrafo único, CPP). Já para os laudos de 
insanidade mental o prazo não será superior a 45 dias, salvo se os peritos demonstrarem 
necessidade de maior prazo (Art. 150, §1°, CPP). 
 Obs.: existem perícias complementares que podem ser realizadas quando o perito não 
puder concluir a natureza das lesões ou quando a lei determinar. Ex. para a constatação da 
lesão corporal grave a pericia é marcada para 30 dias após o fato lesivo. 
 A Necropsia será feita, em regra, depois de 6 (seis) horas do óbito, podendo, em razão 
das evidências tanatológicas, ser realizada antes daquele prazo, devendo constar no laudo o 
incidente (Art. 162 “caput”, CPP), nos casos de morte violenta de causa não criminosa ou as 
lesões externas permitam determinar a causa da morte e não necessitar de exames internos 
poderá a necropsia ser realizada a qualquer momento, como por exemplo, no 
politraumatizado (Art. 162, Parágrafo único do CPP). 
 Entende-se por cadáver quando as características que identificam o ser permanecem 
intactas; por esqueleto entende-se o conjunto completo de ossos que outrora fora de um ser 
humano, porém sem as suas características morfológicas; a ossada é parte incompleta de um 
esqueleto. 
 OS PERITOS 
 Perito: é a pessoa que tem conhecimentos técnicos e especializados em determinada 
ciência ou atividade que é convocado para intervir num certo processo. Ex: Médico-legista, 
perito forense ou perito criminal. 
O Perito pode ser Oficial; Nomeado (louvado) o Assistente Técnico. 
 Perito Oficial: são aqueles que atuam por dever de ofício, ou seja, são funcionários 
públicos de nível superior concursados para a exercer a função de perito em diversas áreas. 
(Ex: os peritos do IML – Instituto Médico Legal, são os “médicos legistas” e peritos do IC – 
Instituto de Criminalística,são os “peritos criminais”, envolvendo diversas áreas do 
conhecimento científico: fotógrafos, papiloscopistas, biólogos, químicos, peritos em balística, 
grafotecnia, etc. 
MEDICINA LEGAL 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 10 
 
 Perito Nomeado (louvado): são os peritos não oficiais (não concursado) que atuam 
geralmente na esfera cível ou trabalhista. Pela diversidade da matéria, normalmente os 
exames são realizados por especialistas nomeados pelo juiz (Art. 465, caput e 1° do NCPC e 
195 da CLT). Ex: perícia ser realizada por bioquímico especializado em medicina nuclear. Tais 
peritos devem prestar juramento e respondem por seus atos. 
 Obs: pode acontecer de inexistirem peritos oficiais ou não oficiais na localidade dos 
fatos (região distante, pequenos municípios sem estrutura). Neste caso, o juiz poderá nomear 
duas pessoas idôneas, de nível superior, de preferência na área técnica específica, para a 
realização da perícia (Art. 159, §1°, CPP). Tais peritos são chamados de Peritos Leigos ou 
Peritos “ad hoc” (para o ato). 
 Assistentes Técnicos: são os profissionais de confiança das partes, indicadas para 
acompanhar o exame do perito oficial (antes era possível apenas na área cível e trabalhista, 
agora é permitido também na área criminal – Art. 159, §3° e 5°, II do CPP). Aos assistentes 
técnicos não se aplicam as regras relativas à suspeição (Art. 466, §1° do NCPC). 
 NÚMERO DE PERITOS 
 Na esfera penal, o número de peritos sempre causou discussão ao longo do tempo. 
 A redação do Art. 159 do CPP, antigamente, falava em “peritos” no plural, gerando 
dúvidas se seriam um ou dois técnicos. Isto gerou a figura do “segundo signatário”, ou seja, 
aquele que, embora não tendo realizado o laudo, assinava a título de confiança, como mero 
subscritor do trabalho do perito alheio. 
 Em 1994 com a edição da Lei n° 8.862/94 a regra passou a ser mais clara, exigindo-se 
dois peritos obrigatoriamente. Na prática a determinação nunca foi cumprida, pois os exames 
continuaram a ser realizados por um único perito e assinado por um segundo. 
 Finalmente, com o advento da Lei 11.690/2008, a distorção foi corrigida, 
autorizando-se a pericia por um perito oficial (atual redação do Art. 159 do CPP). 
 Obs: Nada impede que, pela complexidade do laudo ou pelas várias áreas do 
conhecimento que envolvem o caso, dois peritos ou mais, oficiais venham a elaborar o laudo. 
No entanto, de regra um perito, excepcionalmente, dois ou mais. 
 Após o laudo pronto, em juízo, será facultado ao Ministério Público, ao assistente de 
acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos ou indicação de 
assistente técnico, que apresentarão pareceres (Art. 149, §§ 3° e 4° CPP) 
 O INSTITUTO MÉDICO LEGAL (IML) E O INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA (IC) 
 I.M.L.: o Instituto Médico Legal é o local onde estão lotados os peritos e todo o 
pessoal de apoio a estes (ex: auxiliar de necropsia, fotógrafos, etc.) tem por finalidade a 
elaboração das perícias médico-legais e toxicológicas. 
 Até pouco tempo atrás, o IML era subordinado à Polícia Civil do Estado, mas 
recentemente ocorreu a desvinculação, passando a ser um órgão autônomo dentro da 
MEDICINA LEGAL 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 11 
 
Secretaria de Segurança Pública ligado à Superintendência da Polícia Científica com postos na 
capital e interior do Estado. 
 São funções dos médicos legistas: exames de lesões corporais, exame de sanidade 
mental, necropsias, exumação, verificação de aborto recente, exame de conjunção carnal 
recente, perícias em ossos, dentes e pelos, pesquisas bacteriológicas, etc. 
 I.C.: o Instituto de Criminalística se divide em várias seções e setores, realizando tanto 
perícia no local do crime, como em documentos ou objetos. 
 São realizados inúmeros exames no I.C. atingindo a maioria das áreas do 
conhecimento humano. Ex: perícias em sons, imagens, balística, acidentes de trânsito, 
internet, engenharia, contabilidade, etc. 
 Obs.: Em São Paulo, as impressões digitopapilares, identificação datiloscópica e 
expedição de Carteiras de Identidade (RG) são realizadas pelo IIRGD – Instituto de 
Identificação “Ricardo Gumbleton Daunt” ligado à Delegacia Geral de Polícia. 
 LOCAL DO CRIME 
 No local do crime é onde se encontram os vestígios do fato ocorrido. O local do crime 
precisa ser isolado e conservado. Os objetos que tem relação com o crime são apreendidos e 
periciados. Tais determinações constam nos manuais internos do I.C., bem como nos Artigos 
6°, I, II, III e 169 do CPP. 
 É necessário que o mesmo seja preservado em sua totalidade, com a intenção de que 
não se perca uma só informação que seja acerca do crime que ali aconteceu. 
 É muito comum pessoas curiosas ou mesmo policiais despreparados realizarem a 
alteração do local de um crime dificultando as investigações. 
 O local do crime pode conter muitos vestígios: roupas íntimas com sangue ou 
esperma, fios de cabelo, “bitucas” de cigarro, copos ou outros objetos com impressões digitais, 
todos esses materiais compreendem o “corpo de delito”. 
 É realizado um registro pericial do local (descrição narrativa – relatório de tudo que o 
perito encontra no local) o local é fotografado e se elabora um “croqui”, ou seja, um desenho 
da cena do crime. Existem várias nomenclaturas para o Exame de local do crime: 
a) Exame perinecroscópico: vem de “peri”, que significa periferia. Consiste no exame 
realizado sobre a região periférica do cadáver (Art. 164 a 169 do CPP); 
 b) Exame do local do crime: é uma perícia genérica destinada a análise de um local, 
sempre que nele ocorrer um crime que tenha deixado vestígios – Ex: furto qualificado, roubo, 
incêndio, etc. (Art. 151 a 173, CPP) 
 c) Recognição visuográfica do local do crime: é um documento elaborado pelo 
Delegado de Polícia quando o mesmo comparece ao “local do crime”. O Delegado e o Escrivão 
de polícia anotam tudo que observam e realizam uma espécie de relatório, juntando todos os 
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dados no Inquérito Policial. Obs.: não é uma perícia, é um documento policial, pois não é 
confeccionado por um perito. Também não se confunde com a reconstituição do crime (Art. 
7°, CPP) que é uma perícia, onde os peritos reproduzem (de maneira simulada) todo o “iter 
criminis” desenvolvido pelo agente. 
 
26/02/2016 
 LAUDO PERICIAL 
 É uma espécie de Relatório Médico-Legal redigido pelo próprio perito, após as 
investigações, consultas, análises, discussões e conclusões acerca do fato que determinou a 
perícia. 
 É um documento médico-legal consistente na corporificação da perícia, onde é 
registrado, minuciosamente, tudo aquilo que se encontrou e analisou durante o ato pericial. 
 Os relatórios médicos podem ser: a) ditados diretamente ao escrivão, na presença de 
testemunha (neste caso, são chamados de AUTO – ex: Auto de Exumação de Cadáver. b) 
redigidos posteriormente pelos próprios peritos, nesta hipótese são denominados de LAUDO – 
ex: Laudo cadavérico (Necropcia). 
 No âmbito criminal os peritos oficiais, via de regra, elaboram o “Laudo Pericial” (eles 
mesmos produzem o laudo) e os peritos nomeados ou louvados participam do Auto, pois eles 
ditam suas conclusões ao escrivão (Art. 179 do CPP). 
 Um Laudo Pericial é composto de várias partes: preâmbulo, quesitos, histórico, 
descrição, discussão, conclusão, e reposta aos quesitos. 
Essencialmente o laudo pericial trata-se de um relatório médico, 
então, na verdade é um documento médico legal que constantemente 
é requisitado pelos juízes para esclarecer fatos do processo. 
Não podemos confundir o laudo pericial com o auto. O laudo é 
realizado pelo próprio perito, já o auto pericial é umdocumento onde 
há a presença de um escrevente, alguém que auxilia o perito na 
escrituração do documento. A diferença formal é praticamente essa, a 
participação ou não de uma pessoa que auxilia o perito. 
 ESTRUTURA DE UM LAUDO PERICIAL 
 Preâmbulo: é a parte do documento onde consta a data, a hora, o local da perícia, os 
dados de identificação do periciado, a autoridade que requisitou o exame, o perito designado 
e os quesitos formulados. 
 Histórico: são narrados dados relacionados com o fato, fornecidos pela autoridade 
solicitante e/ou pelo periciado. Deve ser sucinto e objetivo. É o relato, mais fiel possível dos 
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fatos acontecidos. É também chamado de “comemorativo”. Pode ser retirado do registro de 
ocorrência, da própria vítima, ou das informações descritas pela autoridade requisitante. 
 Descrição: também pode ser chamada de “Exposição”, contém o “visum et repertum” 
(visto e referido), sendo a parte mais relevante do Laudo. Trata-se do relato de tudo aquilo que 
foi encontrado no exame físico da vítima, com expressão minuciosa dos procedimentos e 
técnicas empregados para tal. É a parte onde é colocada a descrição das lesões encontradas de 
forma clara e em linguagem adequada. Não há, neste momento, indagações subjetivas e 
hipotéticas dos peritos. Esta parte fornece a materialidade dos fatos. Se for necessário, pode 
constar na descrição croquis, desenhos, fotos, gráficos, esquemas, filmagens ou qualquer 
outro recurso. 
 Discussão: nesta parte teremos a exteriorização da opinião dos peritos. Há uma 
reflexão e discussão dos dados colhidos durante a atuação. Gera-se um diagnóstico lógico, 
racionalmente embasado. Se realiza uma análise criteriosa dos dados encontrados, 
esclarecendo-se as controvérsias. Pode ser realizada a citação de bibliografia nesta parte. O 
laudo pode ou não ter a discussão em seu conteúdo (Ex. perícias de retratação não tem 
discussão). 
 Conclusão: trata-se do resultado da descrição e da discussão do perito, onde ele faz o 
“diagnóstico” de tudo que foi observado. É o fechamento lógico do raciocínio desenvolvido na 
discussão. O perito deve sintetizar com clareza os pontos principais da perícia realizada, 
concluindo seu estudo neste tópico do laudo. 
 Resposta aos quesitos: por fim, os peritos respondem aos questionamentos feitos 
pelas autoridades ou pelas partes no processo. São respostas específicas para cada tipo de 
laudo, devendo ser dadas de forma objetiva. Os quesitos não podem ficar sem responder, 
mesmo que as questões sejam indeterminadas. Os peritos podem dizer: “sim”, “não”, explicar 
sobre o instrumento que causou a lesão. Ex: “instrumento perfuro contuso”, ou pode dizer 
“sem elementos para responder”. No foro penal, os quesitos são previamente formulados (são 
chamados de quesitos oficiais). Nada impede do Juiz, Ministério Público, Delegado, advogado 
formularem quesitos antes da realização da perícia. 
 OUTROS DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS 
 Atestados: são certificados médicos que afirmam situações relacionadas com o estado 
de saúde de uma determinada pessoa, informando o fato que justifica e possíveis 
consequências. A falta da verdade na redação de um atestado médico pode configurar o crime 
previsto no Art. 302 do CP, além de infração do Código de Ética Médica. 
 O atestado pode conter ou não a menção do estado mórbido do paciente. Há posições 
no sentido de que isso viola o direito do paciente ao sigilo da doença (alguns são 
estigmatizantes: Aids, Hanseníase, etc.). É possível a citação do CID – Código Internacional de 
Classificação de Doenças. 
 Existe vários tipo de atestados médicos: a) Graciosos: são emitidos sem motivos reais 
que o justifiquem. É o atestado falso. O médico atesta que a pessoa está incapaz, por causa de 
uma doença e não está e nem possui tal enfermidade; b) Oficiosos: são os solicitados pelo 
MEDICINA LEGAL 
 
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paciente ao seu médico para que justifiquem faltas no trabalho, à escola, etc. Também é 
chamado de Atestado Clínico; c) Administrativos: são aqueles solicitados ao médico por 
repartições de trabalho ou pelo serviço público (ex. solicitação para fins de concessão de 
licença maternidade, aposentadoria, abonos por falta, etc.); d) Judiciários: são aqueles que 
interessam à Justiça, solicitados pelos Juízes, Tribunais, etc., para justificar ausência de 
testemunha, de réus, advogados, etc. 
 Obs: existem regras para emissão de certos tipos de atestados, a exemplo do Atestado 
de óbito, Disciplinado pelo Conselho Federal de Medicina (Resolução 1779/2005). O atestado 
de óbito, em caso de morte suspeita ou violeta, só pode ser emitido pelos peritos oficiais do 
IML – médicos legistas. O atestado de óbito clínico, envolvendo morte natural, pode ser 
emitido por qualquer médico. 
 Relatórios Médico-legais: são os registros minuciosos daquilo que se encontrou e 
analisou durante o ato pericial, sob requisição da autoridade competente à frente do caso. 
Existem dois tipos de relatórios médicos: 
 AUTO PERICIAL: ditado diretamente ao escrivão, com presença de testemunhas (Ex. 
Auto de exumação; Auto de constatação). 
 LAUDO PERICIAL: redigido pelos próprios peritos após observações, consultas, análises 
e discussões acerca do fato que determinou a perícia. 
 Na prática, os “relatórios médico-legais” são os mais requeridos pelas autoridades 
(Juiz, Ministério Público, Delegado). Via de regra, na esfera criminal, os modelos já são 
padronizados, com quesitos padronizados, elaborado de acordo com o tipo de exame pericial. 
São conhecidos como QUESITOS OFICIAIS onde os peritos respondem tais indagações ao final 
do laudo. Nada impede a formulação de quesitos adicionais ou complementares. 
 Principais laudos no âmbito penal: laudo de exame de corpo de delito; laudo de 
exame necroscópico; laudo de exame perinecroscópico; laudo de exame documentoscópico; 
etc. 
 Parecer Médico-legal: é um documento consistente em uma resposta a um 
esclarecimento a um perito oficial ou a uma junta médica sobre um tema específico, ligado ou 
não a uma perícia realizada. 
 É um documento que exprime a opinião técnica de um perito em resposta a eventuais 
dúvidas ou controvérsias presentes em um laudo. São requeridos pelas partes ou requisitado 
pelo Juiz. 
 Se o parecer for falso, o entendimento da jurisprudência é de que o perito responderá 
por falsidade ideológica – Art. 299, CP (não se trata de laudo pericial, assim, não se enquadra 
no Art. 342 do CP – falsa perícia), salvo se tratar de opinião pessoa do parecerista, onde não 
haverá tipificação penal (deve ficar comprovado a intenção criminosa do perito). 
Notificações: são comunicações compulsórias às autoridades competentes da 
constatação de um fato médico relevante, especificamente sobre a existência de moléstias 
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graves e contagiosas (Ex. cólera, dengue, difteria, hepatites virais, HIV, tuberculose, sarampo, 
etc. – Portaria 05/2006 – Ministério da Saúde). Caso o médico, injustificadamente, não realize 
a notificação, responderá pelo crime previsto no art. 269 do CP – Omissão de notificação de 
doença. 
ANTROPOLOGIA FORENSE 
CONCEITO 
Antropologia (do grego: “anthropos” *homem+ + “logia” *estudo/conhecimento]) é a 
ciência que está ligada a medicina, que tem como objeto de estudo o “homem” e a 
“humanidade”. 
Antropologia Forense é o ramo da medicina legal que, pautado nos conhecimentos de 
antropologia geral, ocupa-se principalmente com as questões que envolvem a IDENTIDADE e o 
processo de IDENTIFICAÇÃO das pessoas. 
IDENTIDADE 
É o conjunto de elementos que permitem individualizaruma pessoa, fazendo-a 
diferente das demais. 
São caracteres próprios e exclusivos de cada ser humano (pode envolver também 
animais, coisas, objetos, etc.), cuja soma de sinais, marcas e caracteres (positivos ou negativos) 
individualizam esta pessoa, distinguindo-a das demais. 
Pode-se dizer que é o conjunto de características pessoais que diferenciam o indivíduo 
dos outros que lhe confere um status social único. 
IDENTIFICAÇÃO 
É a determinação da identidade ou a demarcação da individualidade. É o processo 
através do qual se determina a identidade de uma pessoa. 
Para se realizar a identificação de uma pessoa é necessário um conjunto de técnicas 
científicas, métodos e sistemas utilizados para se determinar a identidade de alguém. Todos os 
pontos duvidosos devem ser afastados para se estabelecer a identidade. 
Obs. a identificação é um processo científico e não pode ser confundida com 
“reconhecimento”. O reconhecimento é um processo empírico, desprovido de cientificidade 
(não realizado por perito e com baixo grau de precisão). Ex: reconhecimento pessoa pela 
vítima. 
FUNDAMENTOS OU PRINCÍPIOS DOS MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO 
Os processos de identificação são baseados em sinais ou dados peculiares que cada 
indivíduo possui e que, somados, podem excluí-lo de todos os demais. 
Esses sinais e dados são chamados de “elementos sinaléticos”: cor e tipo dos cabelos, 
a cor dos olhos, a forma da orelha, a estatura, são elementos sinaléticos. Quando isolados, são 
MEDICINA LEGAL 
 
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de pouco valor (muitas pessoas tem características iguais), mas quando esses elementos são 
associados com outros elementos, passa a existir uma restrição do número de pessoas, o que 
pode possibilitar a identificação. 
A associação de vários elementos sinaléticos constitui a base de todo o processo de 
identificação. Os elementos sinal éticos devem preencher quatro requisitos que também são 
chamados de princípios de identificação: 
A) Unicidade: o conjunto destes elementos deve ser exclusivo do indivíduo, de modo 
a distingui-lo dos demais. O ser é único, ou seja, não pode haver duas pessoas com 
os mesmos caracteres; 
 
B) Imutabilidade: a característica não pode mudar ao longo da existência, ou seja, 
não se pode alterar enquanto o indivíduo existe. 
Obs. alguns elementos sinaléticos não podem ser considerados, porque são mutáveis. 
Ex: peso, espessura da derme (mãos calosas), idade, etc. (outros não mudam, ex: o desenho 
das saliências papilares se formam no sexto mês de vida intrauterina e permanecem mesmo 
após a morte, antes da putrefação destruir a pele). 
C) Praticidade: os caracteres devem ser de fácil registro e obtenção. Devem ser 
manuseáveis (fichas, arquivos, fotos, etc.) de rápida localização e de manuseio 
prático; 
 
D) Classificabilidade: os caracteres devem poder ser catalogados, ordenados e, 
sobretudo, classificados. As informações sobre a identificação dos indivíduos não 
podem ser feita ao acaso. Os processos de identificação devem valer-se de 
elementos e sinais de fácil classificação. A busca dos arquivos deve ser célere (a 
qualquer momento). 
Obs. Além das saliências papilares, a cicatriz umbilical, o vórtice capilar, a íris possuem 
os cinco requisitos científicos, ou seja, são una, variável, imutável e classificável, mas ainda não 
são absolutamente práticas. 
INDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL 
É o processo que utiliza de conhecimentos médicos legais para se estabelecer a 
identificação de alguém. 
Sua determinação pode ser feita em pessoas vivas, em cadáveres ou até mesmo em 
restos mortais ou ossadas (através de procedimentos científicos específicos). A identificação 
médico-legal inclui vários critérios: 
Identificação por raças: raças são subdivisões de uma mesma espécie (humana). 
Geneticamente, as populações se diferenciam na frequência de seus genes ou na estrutura de 
seus cromossomos. Há uma natural diversificação das populações (além de aspectos 
genéticos, também por fatores culturais ou ambientais). Este tipo de critério busca 
MEDICINA LEGAL 
 
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determinados traços comuns aos diversos grupos étnicos, com a finalidade de reuni-los, por 
semelhança para se estabelecer a identidade. 
Existem várias classificações de raças. A mais comum é a de Salvatore Ottolenghi 
(1861-1934), que aponta cinco tipos fundamentais: 
a) Tipo caucásico: pele branca ou trigueira (moreno claro), cabelos crespos ou lisos, 
louros ou castanhos, íris azul ou castanha, contorno crânio-facial ovóide (rosto 
ovalado). Trata-se do homem branco comum. 
b) Tipo mongólico: pelo amarela, cabelos lisos e castanhos, face achatada da frente 
para trás, nariz curto e largo, olhos amendoados e maxilares pequenos e salientes. 
c) Tipo negroide: pelo de tonalidade castanho-escuro ou negra, cabelos crespos e 
crânio alongado, fronte alta e saliente, íris castanhas, nariz pequeno e côncavo 
(largo). 
d) Tipo indiano: pele amarelada, tendendo ao avermelhado, estatura elevada, 
cabelos lisos e pretos, olhos castanhos, orelhas pequenas e nariz saliente, maxilar 
inferior desenvolvido. 
e) Tipo australoide: estatura alta, pele amarelada ou trigueira, cabelos pretos, 
ondulados e longos, nariz curto com maxilar inferior desenvolvido. 
Este critério não é um critério de identificação absoluto, mas secundário. Essas 
classificações de raças tem certo valor histórico e parcial valor antropológico, pois são 
pautadas em critérios trazidos pela ótica americana e europeia, não se levando em conta a 
miscigenação das raças em vários outros lugares do mundo (Ex: no Brasil não temos raça 
definida: mamelucos [índio e branco]). Além disso, após o sequenciamento do genoma 
humano, a definição de raça baseado apenas em traços físicos ficou ultrapassado. Hoje está 
comprovado que pessoas fisicamente semelhantes podem apresentar carga genética 
significativamente diversa. 
Identificação por sexo médico-legal: a determinação do sexo na pessoa viva e no 
cadáver recente e sem mutilações do aparelho reprodutor e dos caracteres sexuais 
secundários não oferece dificuldade, mas em alguns casos há certa complexidade, como por 
exemplo, no cadáver putrefeito ou carbonizado, bem como no esqueleto ou na ossada 
humana, além dos casos de anomalias congênitas (hermafroditismo). Dentre outros, pode-se 
destacar os seguinte métodos: 
a) Gonadal: Masculino: presença de testículos; Feminino: presença de ovários; 
b) Genitália externa: Masculino: presença de pênis e escroto; Feminino: presença de 
vulva e vagina; e 
c) Genético: Masculino: constituição cromossômica 46XY; Feminino: constituição 
cromossômica 46XX. 
Obs. O útero é um órgão extremamente resistente à carbonização e putrefação, sendo 
possível a distinção através deste órgão. 
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Obs. Na ausência da genitália externa ou de órgãos internos, a diferenciação é 
realizada através do “esqueleto”, dando-se especial atenção à bacia, que, anatomicamente, 
apresenta grandes diferenças entre o homem e a mulher. 
A bacia feminina tem constituição mais frágil que a do homem. Além disso, os 
diâmetros transversais são diferentes. O ângulo sacrovertebral do homem é mais fechado 
(107°) e o ângulo subpubiano da mulher é mais amplo (110°). 
Identificação por Idade: a determinação da idade também é de fundamental 
importância para a Medicina Legal. A determinação da idade é realizada principalmente, pelo 
tamanho e estado de desenvolvimento dos ossos. A calcificação óssea é um padrão para se 
estabelecer a idade. A dentição também é um item de reconhecimento da identidade, 
sobretudo em cadáveres e esqueletos encontrados. As vezes,sem impressões digitais ou na 
impossibilidade de obtenção de DNA para análise, restam os dentes e os ossos para a 
identificação do indivíduo. 
São várias as técnicas e inúmeras as maneiras de se estabelecer a idade através do 
estudo dos ossos e da dentição, lembrando o diagnóstico é sempre por “estimativa”, não 
sendo possível estabelecer, com exatidão precisa a idade de uma pessoa através deste critério. 
Exemplos: estudos radiológicos do sistema ósseo (punho, cotovelo, fêmur, joelho, 
vértebras, costelas, etc.); estudo dos ossos do crânio; análise dos dentes permanentes 
irrompidos; estudo do ângulo mandibular; etc. 
Fases da vida humana: 
 Da concepção até o 3° mês  embrião – vida intrauterina; 
 Do 3° mês até o parto  feto – vida intrauterina; 
 Nascido que não recebeu cuidados higiênicos  infante nascido; 
 Nascido que já recebeu cuidados higiênicos  recém-nascido; 
 Até os 7 anos  1° infância; 
 Dos 7 aos 12 anos  2° infância; 
 Dos 12 aos 18 anos  adolescência; 
 Dos 18 aos 21 anos  mocidade; 
 Dos 22 aos 59 anos  adulto; 
 Dos 60 aos 80 anos  velhice (aplica-se o Estatuto do Idoso); 
 Acima dos 80 anos  senilidade. 
Identificação por Estatura: também se pode determinar a identidade pela estatura (é 
mais um critério). Estatura diz respeito à medida de um ser humano em pé, tomando sua 
metragem do topo da cabeça até a planta do pé apoiada no solo. Não confundir com altura 
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que representa a medida do indivíduo também em pé e com os braços erguidos ao máximo 
que consiga. No caso da avaliação da estatura de um cadáver, a medida deverá ser tomada 
pelas linhas tangentes ao topo do crânio e da sola dos pés. Isto é feito através de uma régua 
métrica específica. 
Também é realizada a medição de ossos isolados para a constatação da estatura 
(Rádio, Tíbia, Fêmur, etc.). Existem várias tabelas para cálculos específicos da estatura à partir 
da medição dos ossos. 
Impressão Genética do DNA: 
O DNA é um aglomerado de moléculas que contém material genético. Esse material é 
determinante para o bom funcionamento dos seres vivos e da formação das características 
físicas (No Brasil é ADN em português: ácido desoxirribonucleico). 
Cada indivíduo possui o seu próprio DNA, que é único (são raras exceções com pessoas 
de DNA iguais – Ex: certas categorias de gêmeos). Com base neste princípio, na década de 80 
(1984), foi possível desenvolver uma técnica que visa identificar porções de DNA. Designa-se 
esta técnica por Impressões Digitais Genéticas ou “impressão genética do DNA”. 
No DNA encontram-se as zonas de restrição, isto é, sequências que se repetem ao 
longo da molécula, cujo número e tamanho variam de indivíduo para indivíduo. A partir de 
uma pequena amostra de material biológico que contenha material genético (Ex.: saliva ou 
mesmo um fio de cabelo) é possível se realizar a extração do DNA. O DNA é fragmentado em 
pequenos pedações, em pequenas porções de tamanhos diferentes, depois de ser submetido a 
um trabalho científico é possível se estabelecer uma identificação. 
A Lei 12.654 de 28 de Maio de 2012 dispõe sobre a colheita de material e 
estruturação do banco de dados do perfil genético dos criminosos no Brasil. 
 
04/03/2016 
 Identificação por Peso: existem tabelas teóricas de aproximação em quilos de acordo 
com a idade e altura. Como afirmado, são pesos teóricos em que se faz a equação e o cálculo 
com base na estatura e na idade da pessoa. Insta dizer que trata-se de uma “estimativa” não 
se levando em consideração a biotipologia dos diferentes indivíduos (magreza, adiposidade, 
etc.) 
 Identificação por tipos sanguíneos: grupos ABO e Rh podem servir de parâmetros de 
investigação. 
 Identificação por Malformações: os defeitos congênitos, como o lábio leporino, a 
sindactilia, a polidactilia, as malformações genitais, os vícios ósseos também são elementos 
valiosos para a identificação médico-legal. 
 Características Psíquicas: as características psíquicas de uma pessoa, desde que 
delimitadas, podem servir de elemento de identificação. Entretanto, tais características são 
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secundárias (por serem mutáveis) e não são seguras para estabelecer uma identificação 
absoluta. Ex: presença de doenças ou transtornos mentais (transtornos bipolares, 
esquizofrenias, oligofrenias, etc) 
 Identificação por Sinais Individuais: são sinais personalíssimos que todas pessoas 
possuem e que podem variar de um indivíduo para outro. Ex: forma e a disposição dos olhos, 
formato das orelhas, verrugas, desgastes na dentição, cáries, fraturas, amputações, cicatrizes, 
etc. 
 Dinâmica Funcional: refere-se a comportamento e hábitos de todos indivíduo, 
levando-se em conta seu gestual, postura física, tom de voz, escrita, atitude diante de certas 
situações, etc. 
 CARACTERÍSTICAS PARTICULARES FÍSICAS ADQUIRIDAS 
 As características que estudamos até o momento são “naturais” de cada indivíduo, 
envolvendo estatura, peso, marcas de nascimento, malformações genéticas, etc. 
 Ao lado destas, temos as características particulares adquiridas, que também são 
importantes para a identificação das pessoas. 
 Sinais profissionais: são os estigmas de uma determinada profissão. Ex: calosidades 
nas mãos dos trabalhadores braçais, vestígios de chumbo no organismo de operários de 
indústrias insalubres, mutilações por acidente de trabalho, etc. 
 Tatuagens: são adornos estéticos consistentes em pigmentos de tintas na derme. 
Podem ser: ornamentais, afetivas, religiosas, patrióticas, desportistas, etc. No âmbito da 
subcultura carcerária, as tatuagens representam códigos ou simbologia entre os detentos. 
 IDENTIFICAÇÃO POLICIAL OU JUDICIÁRIA 
 É o processo que utiliza de inúmeros métodos de identificação sem natureza médico-
legal, extraídos de outras áreas técnicas ou científicas, ou até mesmo da prática policial para 
identificar criminosos. Ex: fotografias, impressões digitais, etc. 
 Histórico: muitos sistemas remotos aplicavam a amputação de partes do corpo para 
identificar os criminosos (Código de Hamurabi) ou o Ferrete, que era a marcação de ferro em 
brasa (na testa). Muitos sistemas se aperfeiçoaram com o passar dos anos. 
 SISTEMAS POLICIAS/JUDICIÁRIOS 
 Assinalamento sucinto ou sumário: são as anotações das principais características do 
identificando, tais como raça, estatura, idade, cabelos, presença de tatuagens, sinais 
particulares, etc. Ainda é muito utilizado atualmente (temos o BIC – Boletim de Identificação 
Criminal); 
 Sistema dermográfico de Bentham: idealizado pelo jurista inglês Benjamim Bentham, 
consistia na identificação através de tatuagem de todas as pessoas no momento do 
nascimento, facilitando a identificação de todos. 
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 Sistema antropométrico de Bertillon: são medidas tomadas do corpo da pessoa com 
base na antropometria (medida dos braços, pernas, crânio, etc.) utilizando-se de técnicas 
desenvolvidas para fins de identificação (as medidas eram classificadas e arquivadas). 
 Sistema de Icard: previa a injeção de parafina em determinadas regiões do corpo, 
criando-se tumores perceptíveis ao tato. Se retirados, teríamos a presença da cicatriz. 
 Sistema otométrico de Frigério: consistia na identificação através dos desenhos dos 
pavilhões auriculares e suas medidas. 
 METODOS TRADICIONAIS E RECENTES: 
 Fotografia: ainda muito utilizada até os dias de hoje. Consiste em um dos principais 
meios de identificação policial (simples e prático). Entretanto, não é absolutamente seguro 
pois há a possibilidade de modificações decorrentesda idade, disfarces, sócias, etc. 
 Fotografia Sinaléptica: consiste na tomada de fotografias de frente e de perfil, sempre 
do mesmo tamanho, possibilitando a posterior comparação. Muitos países (inclusive o Brasil) 
utilizam este sistema. 
 Retrato Falado: é uma reprodução artística da face do criminoso, baseada nas 
descrições fornecidas pela vítima ou testemunha. Antes se realizavam os desenhos “a mão”, 
mas atualmente existem programas de computador que auxiliam o desenhista policial. 
 Prosopografia (descrição da face): é o reconhecimento que se faz através da imagem 
facial, seja por comparação ou por sobreposição fotográfica permitindo correlações e 
coincidências sobre pontos específicos de identidade buscada. Antes se fazia manualmente, 
hoje existem modernos recursos visuais e computadorizados que permitem o reconhecimento 
com exatidão. 
 A BIOMETRIA 
 Com o surgimento da computação e o aumento da capacidade e velocidade do 
processamento de dados, muitos métodos antigos de identificação (quase impraticáveis) 
passaram a ser reconsiderados. 
 O sistema de identificação biométrico é um método automatizado de reconhecimento 
de padrões que busca a identidade de uma pessoa por algumas de suas características físicas 
comparando os dados de uma pessoa com os arquivos anteriormente gravados no sistema. É 
realizada uma “varredura” em toda uma base de dados. 
 O método é comparativo, cuja finalidade é responder “quem é a pessoa pesquisada” 
partindo-se de “um” para “muitos”. A biometria detém sistemas de módulos informatizados, 
possuindo velocidade, aceitação e confiabilidade. 
 Os principais sistemas biométricos envolvem: reconhecimento das impressões digitais; 
reconhecimento da face; reconhecimento da voz; reconhecimento da íris; reconhecimento de 
assinatura; reconhecimento da geometria das mãos; reconhecimento de fundo de olho 
(retina); etc. 
MEDICINA LEGAL 
 
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 SISTEMA DATILOSCÓPICO 
 “Dactiloscopia” que do grego, Dakylos(dedos) e Scopein (examinar) é a técnica que 
estuda os desenhos das extremidades digitais (impressão digital). 
 Foi criado em 1891 por Juan Vacetih (1858 – 1925), o sistema datiloscópico estuda as 
impressões digitais ou os vestígios deixados pelas polpas dos dedos nos mais variados 
suportes. 
Juan Vucetich (1558 – 1925). Foi um antropólogo Croata que se naturalizou argentino 
e que criou em 1891 o notável sistema de identificação datiloscópico. 
 É também chamado de “Sistema Datiloscópico de Vucetich” e foi adotado no Brasil à 
partir de 1903. 
 Esse sistema foi considerado revolucionário uma vez que é extremamente prático, 
simples e eficiente, estabelecendo a identificação das pessoas de maneira absolutamente 
segura. 
 Obs: Outros países adotam outros sistemas datiloscópicos (EUA – Sistema Henry; 
França – Sistema Bertillon e Locard). 
 Os desenhos digitais dos dedos apresentam as seguintes características fundamentais: 
 São perenes e imutáveis: as cristas papilares se formam no sexto mês de vida 
intrauterina e perduram por toda a vida, mesmo após a morte (antes da destruição do tecido) 
com exceções dos cortes na polpa digital. Mesmo pela queimadura de até segundo grau, não 
desaparecem, recompondo-se sem qualquer alteração do desenho original, em curto período. 
 Há uma variedade e unicidade: cada desenho papilar é único. Não há duas impressões 
digitais idênticas, mesmo em gêmeos univitelinos são diferentes. 
 Obs: alguns autores modernos questionam a individualidade das impressões digitais, 
sustentando a teoria de que os desenhos papilares são únicos quando as características 
biológicas são distintas, mas, dependendo do método de comparação (grau de detalhamento 
do exame realizado) é possível que as impressões digitais sejam 95% similares. 
 Com o advento da informática, a característica da classificabilidade também permitiu 
difusão e a estruturação do método de Vucetich, tornando-o extremamente eficaz. 
 PAPILOSCOPIA E DATILOSCOPIA 
 De início, é necessário realizar uma diferenciação entre os termos Papiloscopia e 
Datiloscopia. 
 Não são apenas as pontas dos dedos que apresentam desenhos formados por linhas e 
sulcos. Outras partes do corpo também possuem, tais como as faces palmares (das mãos) e as 
faces plantares (dos pés), que possuem esses padrões de desenhos, que tem origem na derme 
e são perenes e imutáveis. 
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 Assim, as “impressões papilares” englobam, além das impressões digitais, também as 
impressões palmares e as plantares. 
 A “Papiloscopia” estuda o desenho de todas as impressões papilares (digito-papilares, 
das mãos e dos pés). 
 A “Datiloscopia” envolve o estudo mais aprimorado da face interna dos dedos, 
buscando a identificação humana, uma vez que a região digital é a que oferece maior 
variabilidade de padrões de desenhos, facilitando a coleta e o arquivo das informações. 
 O profissional especialista na área é o “Papiloscopista”. 
 GÊNESE DOS DESENHOS PAPILARES 
 A pele é o maior órgão do corpo humano, ela é uma espécie de “capa” para os órgãos 
internos. 
 A pele é composta por: 
 Epiderme: camada visível formada por células mortas ou prestes a morrer. Derme: fica 
logo abaixo da epiderme e contém a raiz dos pelos, terminações nervosas e vasos sanguíneos, 
além do colágeno, que dá elasticidade à pele. Hipoderme: onde ficam as gorduras, as veias e 
os músculos. 
 O local em que a derme e a epiderme se encontram é “irregular”, pois elas se 
interpenetram formando ondulações denominadas “papilas dérmicas”. Onde a pele é mais 
espessa, como a palma das mãos e a sola dos pés, elas se tornam visíveis e possuem 
configurações distintas, peculiar a cada indivíduo. 
 As papilas dérmicas são formadas por cristas papilares e sulcos interpapilares e se 
formam no sexto mês de gravidez, permanecendo imutáveis – aos olhos do perito 
papiloscópico – por toda a vida, até a putrefação. 
 A pele contém glândulas sudoríparas que exalam suor através dos poros, que existem 
na palma das mãos e na planta dos pés, sendo encontradas também em outras regiões (axilas 
e genitais). 
 É exatamente a secreção das glândulas sudoríparas que, depositadas sobre as cristas e 
sulcos papilares, irá criar a “tinta biológica” que permite sejam deixadas as impressões do 
desenho digital sobre vários objetos. 
 Terminologias: Na epiderme há um conjunto de sulcos e cristas, que assumem 
configurações variadas, ao qual denominamos desenho papilar. No caso das pontas dos dedos, 
o nome aplicado ao desenho papilar é Desenho Digital. 
 Esse “Desenho Digital” dos dedos formado pelas papilas dérmicas deixa a “Impressão 
Digital” onde as linhas negras são formadas pelas cristas papilares e os espaços em branco 
formados pelos sulcos interpapilares. 
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 A “impressão papilar” (digital, palmar ou plantar) é o reverso do desenho papilar (a 
impressão digital é o reverso do desenho digital). Ela pode estar inteira ou fragmentada e pode 
ser encontrada nos locais de crime, em objetos ou outros instrumentos relacionados. 
 O “papilograma” é o local físico (papel, objeto, suporte, etc) onde são encontradas as 
impressões papilares. 
“Albodatilograma”: as vezes é possível identificar linhas transversais que 
acompanham as cristas papilares. São chamadas de linhas albodatiloscópicas ou linhas 
brancas. São alterações patológicas do desenho digital causadas geralmente por atividades 
profissionais e podem desaparecer durante a vida. 
 IMPRESSÕES PAPILARES EM LOCAIS DE CRIMES 
 Impressões visíveis: são aquelas deixadas com tinta, graxa, sangue ou outros 
pigmentos eque podem ser observadas a olho nu. É possível fotografá-las diretamente pelo 
pesquisador. 
 Impressões moldadas: também são chamadas de modeladas são aquelas deixadas em 
suportes de consistência pastosa ou modelável, tais como sabão, cimento fresco, piche, resina, 
etc. Também podem ser fotografadas diretamente pelo pesquisador. 
 Impressões latentes: são as mais comuns na cena do crime. São deixadas por dedos, 
mãos ou pés limpos, e que não podem ser visualizadas a olho nu. Para visualizar essas 
impressões, é necessário um procedimento especial, realizado com materiais próprios para 
revelar as impressões latentes. 
 Impressões reveladas: são aquelas trazidas à visualização pela aplicação de materiais 
reveladores especiais. 
 Marca de dedos: não são impressões, são meros esfregaços produzidos com os dedos 
ou com as mãos. Não há como fazer a identificação neste caso, são inúteis para fins de 
investigação da identidade. 
 Suportes: são as superfícies que recebem as impressões papilares. Os melhores 
suportes são as superfícies lisas e polidas (vidro, metais, latas, plásticos objetos de louça, 
frutas de casca lisa, couro liso, papel, etc.). 
 Tomada de impressões dígito-papilares no local do crime: ao chegar no local do crime 
os peritos procuram, incialmente, as impressões visíveis ou moldadas, para depois procurar as 
impressões latentes. 
 Nas impressões latentes, ao ser localizado um possível suporte, sobre ele é aplicado 
um material “revelador” (pode ser pós magnéticos, grafites, materiais florescentes *antraceno, 
eosina, etc.], carbonatos de chumbo, etc.) que varia de acordo com a cor ou natureza do 
suporte. 
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 Os materiais são aplicados com pincéis próprios e, uma vez revelada a impressão, ela é 
fotografada no próprio local ou “levantada” para ser transportada até o Instituto de 
Identificação, através de fitas especiais. 
 Na sede do Instituto, as impressões serão estudadas pelos papiloscopistas que irão 
realizar uma busca nas fichas datiloscópicas, através de aparelhos e programas de computação 
próprios. 
Tomada de impressões dígito-papilares das pessoas: 
 A tomada de impressões digitais pode ocorrer na pessoa “viva” ou na pessoa “morta”. 
 Na pessoa viva, o procedimento mais comum é o “entintamento dos dedos”. Deve-se 
utilizar um equipamento correto (tinta, rolo, suporte e o impresso destinado ao recebimento 
das impressões. (Impresso para a Identificação Civil, utilizado ao retirar o RG e o BIC – Boletim 
de Identificação Criminal). Também é possível colher o material datiloscópico através do 
“digitofotograma” (chapas radiográficas dos dedos). 
 Na pessoa morta o procedimento de coleta do material depende muito do estado do 
cadáver. Se estiver em rigidez cadavérica não há tantos obstáculos, tornando-se apenas um 
pouco mais dificultosa a coleta. 
 Quando o cadáver está em início de estado de putrefação (com o amolecimento 
excessivos do tecido) é preciso aplicar uma injeção subdérmica de parafina ou glicerina para 
devolver a conformação da extremidade digita. 
 Nos corpos em estado de decomposição é necessária a retirada da “luva cadavérica”, 
onde, através de técnicas especiais se faz a retirada da pele que recobre os dedos da mão do 
cadáver. O pesquisador “veste” esta pele para fazer a tomada das impressões digitais. 
 O SISTEMA DE “VUCETICH” – CLASSIFICAÇÃO 
 O desenho digital é formado por cristas papilares (linhas pretas) e os sulcos (parte 
branca). 
 Essas linhas se desenvolvem paralelamente formando desenhos. Essas “cristas 
papilares” formam três grupos que são chamados de “sistemas” (sistemas principais de linhas 
de datilograma) que formam figuras que vão constituir a base da classificação. São três 
sistemas: Marginal, Nuclear e Basilar. 
 Sistema “Marginal” 
 É constituído pelo conjunto de cristas papilares que estão nas bordas e nas 
extremidades da falange (extremidade da ponta dos dedos). 
 Sistema Basilar ou “Basal” 
 É formado pelas cristas papilares horizontais que se encontram próximas ao sulco 
articular entre as duas últimas falantes (base da ponta dos dedos). 
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 Sistema “Nuclear ou Central” 
 Esta localizado na porção central do conjunto e limitado pelos outros dois sistemas 
(marginal e basilar). 
 Delta 
 Do encontro entre esses sistemas aparece o “Delta” que é um dos elementos mais 
importantes do desenho digital. O Delta é um pequeno ângulo formado pelo encontro dos três 
sistemas antes descritos (marginal, basal e nuclear). Assim, da junção de dois ou três sistemas 
lineares, forma-se o delta. 
 
 Tipos fundamentais 
 Com base na presença ou na ausência do Delta, sua posição no desenho digital e no 
sistema de linhas dos datilogramas, Vucetich classificou quatro tipos fundamentais: Verticilo, 
Presilha Externa; Presilha Interna e Arco. 
 
 Verticilo 
 Tem a presença de DOIS DELTAS (à direita e à esquerda do observador). O verticilo é 
designado pela letra “V” (polegar) e número “4” para os dedos das mãos (esquerda e direita) 
 Presilha Externa 
 Tem a presença de UM ÚNICO DELTA (à esquerda do observador). A presilha externa é 
designada pela letra “E” (polegar) e número “3” para os demais dedos das mãos (esquerda e 
direita) 
MEDICINA LEGAL 
 
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 Presilha Interna 
 Tem a presença de UM ÚNICO DELTA (à direita do observador). A presilha interna é 
designado pela letra “l” (polegar) e número “2” para os demais dedos das mãos (esquerda e 
direita). 
 Arco 
 É a figura que NÃO APRESENTA DELTA. É constituído de linhas paralelas que vão 
“arqueando” da base para o ápice. O arco é designado pela letra “A” (polegar) e número “1” 
para os demais dedos das mãos (esquerda e direita). 
Observações: 
 A indicação da posição do Delta é feita sempre com base na impressão digital e não 
diretamente no desenho digital do dedo considerado. 
 O Arco também é chamado de “figura adeltica” ou “Adelta”. 
 Percentuais: Arcos 5%; Presilhas (internas e externas) 60%; Verticilos 35%. 
 Os sistemas de arquivos dividem-se “Decadatilar” (Planilhas com os dez dedos, 
colhidos no momento de tirar o RG ou quando da Identificação Criminal) e “Monodatilar” 
impressões colhidas em locais de crimes, envolvendo um ou alguns dos dedos das mãos. 
 Fórmula Datiloscópica 
 Para as figuras fundamentais dos polegares associa-se uma LETRA e aos tipos dos 
demais dedos da mão um NÚMERO. 
 Polegares: Demais dedos: 
 Verticilo  “V” Verticilo  “4” 
 Presilha Externa  “E” Presília Externa  “3” 
 Presilha Interna  “I” Presilha Interna  “2” 
 Arco  “A” Arco  “1” 
 As amputações são indicadas com o número “0”. 
 E os dedos defeituosos ou com cicatrizes são representados pela letra “X” 
(inqualificável). 
 Assim, analisando os dedos de ambos as mãos e exprimindo os tipos fundamentais, 
Vucetich estabeleceu uma “fórmula” com a finalidade de agrupar os indivíduos de acordo com 
as combinações extraídas das impressões digitais, a “Formula Datiloscópica”. 
 A fórmula tem a seguinte sistemática: 
 Dedos da mão direita: SÉRIE 
MEDICINA LEGAL 
 
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 Dedos da mão esquerda: SEÇÃO 
 A fórmula é montada da seguinte maneira: 
 Série V 4313 
 Seção I 2241 
 Significa que este indivíduo: Na mão direita tem: polegar (verticilo); indicador 
(verticilo), médio (presilha externa); Anular (arco), mínimo (presilha externa). Na mão 
esquerda tem: polegar (presilha interna); indicador (presilha interna); médio (presilha interna); 
Anular (verticilo); mínimo (arco). 
 Série E 4441 
 SeçãoV 1112 
 Significa que este indivíduo: Na mão direita tem: polegar (presilha externa); indicador 
(verticilo), médio (verticilo); Anular (verticilo), mínimo (arco). Na mão esquerda tem: polegar 
(verticilo); indicador (arco); médio (arco); Anular (arco); mínimo (presilha interna). 
 
11/03/2016 
 Observações: 
 Existem muitas pessoas com a mesma fórmula datiloscópicas: segundo pesquisas, são 
1.048.576 (um milhão, quarenta e oito mil, quinhentos e setenta e seis combinações). 
 No entanto, à partir dai são realizadas outras SUBCLASSIFICAÇÕES de acordo com 
particularidades de cada tipo fundamental, que propiciam uma divisão ainda maior. Ex: 
Existem vários tipos de Arcos (plano, angular, bifurcado à direita, à esquerda, destro-
apresilhado, sinistro-apresilhado) Presilhas (normal, invadida, dupla, ganchosa), Verticilo 
(circular, espiral, ovoidal, sinuoso, ganchoso). 
 Fora essas circunstâncias, examinando as linhas dos desenhos papilares nota-se que 
umas são cheias, outras pontudas, outras interrompidas, bifurcadas, etc. 
 Esses sinais são chamados de PONTOS CARACTERÍSTICOS. Em uma impressão digital 
existem cerca de 20 à 25 pontos característicos que permitem a identificação perfeita do 
indivíduo. 
 Os principais pontos característicos são: o ponto, a ilhota, a cortada, a bifurcação, a 
Anastomose, o Encerro, etc. 
 PONTOS CARACTERÍSTICOS 
MEDICINA LEGAL 
 
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Ponto: é como se fosse um ponto final entre duas 
linhas. 
 
 
Ilhota: é maior que um ponto, sendo um pedaço 
de linha menor. 
 
 
Cortada: é um traço maior que a ilhota. 
 
 
Bifurcação: quando as linhas se separam em 
ângulo curvilíneo 
 
 
 
Anastomose: é uma ponte, quando duas linhas são 
ligadas por um segmento curto. 
 
 
Encerro: formado por uma abertura da linha e seu 
fechamento logo em seguida formando com isso 
uma espécie de “lago” na linha. 
 
 
 Poros: Os poros são aberturas dos canais sudoríparos, localizados sobre as cristas 
papilares. Existem inúmeros poros nas saliências papilares (94 poros por cm2 de pele). 
 Existe a possibilidade de, através de análise microscópica, estudar os poros da 
impressão digital. São analisados o tamanho dos poros, sua dimensão, sua forma, sua posição, 
etc. 
MEDICINA LEGAL 
 
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 Tal técnica é chamada de “Poroscopia” que auxilia o sistema datiloscópico, 
estabelecendo-se uma identificação certa e segura. 
 
 Anomalias 
 As anomalias são defeitos que atingem os dedos das mãos ou dos pés. Podem ser 
congênitas ou adquiridas. Ex: amputações, polidactilia, dermatopatias, etc. 
 As amputações são representadas pelo “0” e as anomalia que ocasionam a 
inqualificação, são representadas pela letra “X” na fórmula datiloscópica. 
 No caso de polidactilia, a anotação é realizada à margem do polegar da mesma mão, 
empregando a letra minúscula correspondente a esse tipo. 
 Na hipótese de ausência de impressões digitais em razão de Dermatopatias (Ex.: 
Síndrome de Naegeli-Francheschetti-Jadassohn), a pessoa deve ser individualizada por meio de 
outro métodos (ex. biometria). 
 
18/03/2016 
 TRAUMATOLOGIA FORENSE 
 Conceito de Traumatologia Forense 
“A traumatologia estuda as lesões e os estados patológicos imediatos ou tardios 
produzidos por violência sobre o corpo humano” (Genival França) 
“É o capítulo da Medicina Legal no qual se estudam as lesões corporais resultantes de 
traumatismos de ordem material ou moral, danosos ao corpo ou à saúde física ou mental” 
(Delton Groce) 
“É a área da Medicina Legal que estuda todas as formas de agressão à integridade 
física e à vida dos indivíduos. Por consequência, estuda os meios de atuação de todos os 
agentes lesivos, classificando-os e conhecendo seus efeitos” (Luís Renato Costa e Bruno 
Miranda Costa). 
 Lesão Corporal (sob o ponto de vista penal) 
MEDICINA LEGAL 
 
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No aspecto jurídico-penal “é qualquer ofensa à integridade corporal ou à saúde de 
outrem” – Espécies: Lesões leves (art. 129, caput, CP); Lesão Grave (art. 129, §1°, CP); Lesão 
Gravíssima (art. 129, §2°, CP); Lesão corporal seguida de morte (art. 129, §3°, CP). 
Nelson Hungria, conceituou como “todas as ofensas ocasionadas à normalidade 
funcional do corpo ou organismo humano, seja do ponto de vista anatômico , fisiológico ou 
psíquico”. 
Lesão Corporal e Trauma: trauma é sinônimo de ferimento ou lesão à integridade 
física (mais aplicado à Medicina Legal). Alguns autores (Del Campo) chamam de “energia”, uma 
vez que a energia gera a lesão corporal. O trauma seria a consequência da energia. 
 Energias causadoras das Lesões Corporais 
Os danos causados ao corpo humano podem ser decorrentes de ação de várias formas 
de energia. 
Na medicina legal, há uma certa multiplicidade de nomenclaturas quanto a este tema. 
Alguns autores chama as energias de “agentes lesivos” (ou vulnerantes) que consistem no 
conjunto de objetos e meios capazes de produzir dano à integridade física ou à saúde do 
homem. 
Assim, a palavra “agente” e “energia”, para a medicina legal são “sinônimas”, ou seja, 
significam aquilo que causou o trauma ou a lesão. 
Trauma: é a consequência (lesão/dano). 
Energia: o agente causador do trauma. 
Existem vários tipos de energia capazes de gerar lesões: Mecânica, Física, Química, 
Físico-química, Bioquímica, Mistas, etc. 
 Energias Mecânicas 
As energias mecânicas são aquelas que, incidindo sobre um corpo, são capazes de 
modificar o seu estado de repouso ou de movimento. (Del Campo) 
Existem vários tipos de agentes mecânicos. Alguns são materializados em forma de 
instrumentos (ex.: armas) outros são energias de qualquer natureza (ex.: desmoronamentos, 
terremotos, quedas, explosões, etc.). 
Poderá existir ou não a manipulação humana sobre a energia. 
A energia mecânica pode possuir um instrumento capaz de produzir o trauma. Assim, 
o instrumento é um agente mecânico manipulado pelo homem para causar uma lesão. 
O mesmo instrumento pode causar mais de um tipo de lesão. A faca pode ser 
empregada pelo homem em um crime e poderá produzir lesões cortantes ou perfurocortantes. 
MEDICINA LEGAL 
 
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Uma pedra, por exemplo, pode ou não ser um instrumento. Se a pedra for 
arremessada por uma pessoa contra a outra, teremos um instrumento contundente (energia 
ativa). 
Mas se a pessoa tropeçar e cair sobre uma pedra e bater sua cabeça nesta pedra 
(apoiada ao chão), a pedra funcionará como uma energia passiva (agente) e não será um 
instrumento. 
 Exemplos de energias Mecânicas: 
Armas naturais: socos, pontapés, tapas, arranhões, cabeçadas, cotoveladas, mordidas, 
etc. 
Armas próprias: armas de fogo (revólver, pistola, fuzil, espingarda, etc.), armas 
brancas (com lâminas: facas, punhais, adagas, espadas, etc.); Armas propriamente ditas: soco-
inglês, cassetete, tonfa, tacape, etc. 
Armas eventuais: foice, enxada, tijolo, garrafas, facas de cozinha, estiletes, barra de 
ferro, balaústre, etc. 
Animais: cães, cavalos, gado, cobras, macaco, onça, etc. 
Energias da natureza: desmoronamento, inundação, explosões naturais, queda de 
raios, incêndios não criminosos, terremotos, etc. 
Outras: quedas acidentais, acidentes automobilísticos, maquinismos e peças de 
máquinas, etc. 
 Classificação dos instrumentos Mecânicos 
Os instrumentos mecânicos podem ser classificados de várias maneiras. Depende da 
sua forma de atuação, ou até das suas próprias características, tais como forma, tamanho, 
peso, tipo de bordas, etc. 
A maneira como o instrumento é manejado também pode ser levada em conta: